Você está na página 1de 17

Desigualdade e Imposto

Eduardo Mariot
José Alemar
Paulo Calluf
Vitor Ribeiro
Tributação
● Transferência compulsória de recursos dos entes privados para o setor público
● Intervém diretamente na alocação dos recursos e sua distribuição na sociedade
● Pode reduzir as desigualdades na riqueza, na renda e no consumo
● Premissas de um sistema tributário moderno:
○ Cada indivíduo deve ser taxado de acordo com a sua habilidade para pagar;
○ Os tributos devem ser universais, sem distinção a indivíduos em condições similares;
○ Os tributos devem ser escolhidos de forma a minimizar sua interferência no sistema de mercado,
para não torná-lo mais ineficiente.
● Princípios da tributação:
○ Princípio do benefício x Princípio da habilidade de pagamento
● Teorias da tributação:
○ Teoria da Tributação Equitativa (TTE): proporcional, progressiva ou regressiva
○ Teoria da Tributação Ótima (TTO)
Tributação no Brasil
● A Constituição Federal de 1988: ampliação e universalização dos direitos sociais da
população => Tributação em consonância com a TTE;
● O Sistema Tributário Brasileiro prevê impostos, taxas, empréstimos compulsórios,
contribuições de melhoria e contribuições sociais, que podem ser arrecadados
pelos governos federal, estaduais e municipais;
● Emaranhado complexo de normas;
● Os impostos incidem sobre três bases: o consumo, a renda e o patrimônio dos
cidadãos e das empresas.
Como se divide a tributação no Brasil e em outros países (2020)
O peso dos tributos (Salário mínimo vigente em 2021)
Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)

● Rendas de capital: tributadas exclusivamente na fonte a alíquotas lineares ou


simplesmente isentas, como o caso da distribuição de lucros e dividendos.
● Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF) nunca foi implementado por falta lei
específica que defina o que é uma grande fortuna e qual o valor do imposto a ser
cobrado.
● Heranças e Doações x Renda
A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil de 2006 a 2012
Medeiros, Souza e Castro (2015) elaboraram um estudo com o objetivo de calcular o
nível de desigualdade, seu comportamento ao longo dos anos e a parcela do
crescimento da renda apropriada por diferentes grupos sociais.

Mesmo em um período de crescimento de renda (calculado em 52% com base nos


dados das DIRPF, 33% com base no PIB e 34% com base nos dados da PNAD), os
pesquisadores encontraram evidência de que a desigualdade de renda no Brasil é mais
alta do que se imaginava e permaneceu estável entre 2006 e 2012.
A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil de 2006 a 2012
● Existem vários fatores concorrendo para que o Brasil
seja um dos países mais desiguais do mundo, a
concentração de renda é uma das mais importantes.

● Deixa para trás metade da população brasileira, que


divide apenas 10% do total da renda do país. Enquanto
os 10% mais ricos ocupam 60% do total da renda.

● Barreiras estruturais que perpetuam a desigualdade


por meio do sistema tributário. “Tal concentração de
recursos acaba por definir uma assimetria de poder
que afeta todas as relações, desde a distribuição das
oportunidades, à sobreposição do poder econômico
sobre o poder político, afetando o próprio
funcionamento da democracia e do sistema tributário,
que passa a reproduzir a desigualdade do sistema.”
Curva de Lorenz: Segundo o artigo de referência, 90% da população possui 40% da renda.
Medida a partir de dados tributários que indica estabilidade do índice.
A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil de 2006 a 2012
● Metodologia: Foram combinados dados da PNAD de 2006 a
2012 a dados da DIRPF de 2006 a 2012 para se produzirem
distribuições completas de rendimentos. Os 90% mais pobres são
representados por meio do PNAD e os 10% mais ricos por meio
da DIRPF.

● Estudos preliminares Neri e Souza (2012) a partir da análise dos


dados da PNAD entre 2001 e 2011, defende a redução da
desigualdade em uma perspectiva histórica. Os resultados desta
pesquisa foram celebrados pela sociedade brasileira, ganhando
amplo destaque na mídia nacional.

● Quando se considera a análise dos dados provenientes da


Receita Federal, os resultados são distintos daqueles
provenientes da PNAD, e apontam que a desigualdade
permaneceu estável entre 2006 e 2012.

● Combinando dados da PNAD com dados tributários pretende-se


alcançar a classe de renda mais alta, que tende a ocultar a renda
na pesquisa por domicílio. Recusa dos ricos em participar da
Fonte: Neri e Souza (2012) e Medeiros e Souza (2016)
pesquisa e não mensuração dos ganhos de capital.
IDH e combate à pobreza
● IBGE: Índice Gini não deve ser utilizado isoladamente;
● IDH (1990, PNUD) 3 variáveis importantes para avaliação do Desenvolvimento:
○ Expectativa de vida ao nascer, Anos de Estudo e PIB per capita
● Segundo os autores do texto proposto, recalculando o Gini pelas DIRPF e PNAD, o
Brasil cai nove posições no ranking de Desigualdade, ficando em último lugar, com
índices de 0,697 (2006), 0,699 (2009) e 0,689 (2012).
● O foco deve ser no combate da pobreza através de:
○ Investimentos em infraestrutura (estradas, portos, ferrovias, aeroportos, etc..);
○ Maior abertura econômica;
○ Maior cooperação entre governo, empresários e trabalhadores;
○ Fortalecimento do consumo interno e do bem-estar social (previdência, saúde, educação e outras
transferências de renda);
○ Investimentos em pesquisa e inovação.
Reflexões para uma reforma tributária
● Comparada a outros países, que também oferecem saúde e educação gratuitas, a
carga tributária no Brasil não seria elevada, mas sim desigual (elevada para os
mais pobres).
● Reforma tributária mais alinhada à TTE: redução dos tributos sobre o consumo
(aliviando a cobrança dos pobres) e elevação dos tributos da renda e do
patrimônio (exigindo mais dos ricos).
● Estudo do Cedeplar-UFMG (2016) estima que a tributação sobre os lucros e
dividendos nas modalidades linear (alíquota de 15%) e progressiva (entre 15% e
27,5%) elevaria consideravelmente a arrecadação (entre R$ 22 bilhões e R$ 39
bilhões) e causaria a redução de 2,23% e 2,67% no Índice Gini, respectivamente.
Reflexões para uma reforma tributária
● Outra visão, herdada da TTO e da Escola Austríaca de Economia defende uma
reforma que busque a eficiência econômica.
● Resgata os princípios da Isonomia (alíquota igual para todos), Base larga de
contribuintes, Incidência em face de uma demanda inelástica, Alíquota
não-progressiva, Regras simples (segurança jurídica) e Fácil arrecadação.
● Critica a tributação sobre a Renda e o Consumo como instrumento redistributivo
por diminuir a produção e o poder aquisitivo, evocando os seguintes argumentos:
○ Gera perda de qualidade de vida (Hoppe);
○ Reduz a criação de novas riquezas e impede a melhoria no padrão de vida (Hayek);
○ Gera distorções no sistema de preços = peso morto (Mises);
○ Impostos sobre Capital, Herança e Propriedade são autodestrutivos se levados a extremos
(Rothbard);
○ Justiça social orienta ações políticas que aproximam o Estado de um Sistema Totalitário.
Reflexões para uma reforma tributária
● Criação de um Imposto Sobre Movimentações Financeiras, como imposto único, substituindo 13
impostos: ISS, IPTU, ITBI, ICMS, IPVA, ITCMD, INSS, IR, ITR, IPI, II, IE e IOF.
● Segundo a Revista IstoÉ Dinheiro (ed. 1183, de 07/08/2020) a movimentação financeira anual no
Brasil é de cerca de R$ 62 trilhões.
● IBGE: PIB (2021) foi de R$ 8,7 tri, e a arrecadação total de impostos foi de R$ 3,13 tri, sendo R$
1,9 tri federais e R$ 1,23 tri estaduais e municipais.
● Este no Imposto, com alíquota de 6,% teria capacidade de arrecadar R$ 3,72 tri, ou seja, 16% a
mais do que toda a arrecadação tributária atual.
● Efeitos imediatos:
○ Redução de 13 impostos Federais, Estaduais e Municipais (listados acima);
○ Redução dos preços de todos bens e serviços entre 30 e 40% - aumentando o poder aquisitivo;
○ Fim de discussões como tributação sobre dividendos, herança, grandes fortunas, capital estrangeiro, guerra fiscal,
isenções - Aumento da Segurança Jurídica;
○ Redução da máquina pública, custo Brasil;
○ Inclusão no rol de contribuintes de parcela significativa de não-contribuintes e alcance a movimentações
não-declaradas;
○ Estabilidade Econômica, Desburocratização e Incentivo ao Empreendedorismo;
○ Ficariam mantidas as demais espécies de tributos: Taxas, Contribuições e Multas.
Referências
MEDEIROS, M.; SOUZA, P. H. G. F. Texto para discussão 2170: A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, 2006 a 2012:
resultados adicionais. Brasília: Ipea, 2016.
ARAUJO, F.P. Imposto sobre grandes fortunas no Brasil: arrecadação e concentração de riqueza. Monografia de graduação em
Ciências Econômicas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2019.
BRASIL cai cinco posições e agora é o 84º no ranking de IDH da ONU. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/brasil-cai-cinco-posicoes-e-agora-e-o-84-no-ranking-de-idh-da-onu. Acessado em 20
mar 2022.
BRETAS, G. Q. Análise Econômica Austríaca do Direito Tributário - Uma Visão Crítica da Justiça Social. In: Revista de Finanças
Públicas, Tributação e Desenvolvimento. Rio de Janeiro. v. 5, n. 5, 2017. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rfptd/article/view/16453/19710>. Acesso em: 20 mar 2022.
FAGNANI, E. A Reforma Tributária Necessária – Diagnósticos e Premissas. São Paulo: FENAFISCO, 2018.
FERNANDES, R. C.; CAMPOLINA, B.; SILVEIRA, F. G. Texto para discussão 2449: Imposto de renda e distribuição de renda no
Brasil. Brasília: Ipea, 2019.
IBDT. Reforma Tributária e a Contribuição da Teoria da Tributação Ótima – Revista Direito Tributário Atual. Disponível em
https://ibdt.org.br/RDTA/reforma-tributaria-e-a-contribuicao-da-teoria-da-tributacao-otima. Acesso em 20 mar 2022.
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. p. 51. Rio de Janeiro: 2020.
Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101760.pdf. Acesso em: 30 mar 2022.
GUTIERREZ, M. D. Imposto de renda: princípios da generalidade, da universalidade e da progressividade – Série doutrina
tributária. v. XI. São Paulo: Quartier Latin, 2014.
MEDEIROS, M.; SOUZA, P. H. G. F.; CASTRO, F. A. A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, 2006 a 2012: estimativa com
dados do imposto de renda e pesquisas domiciliares. Ciência & Saúde Coletiva, v. 4, n. 20, p. 971-986, 2015 a.
NERI, M. C.; SOUZA, P. H. C. F. Comunicados do Ipea Nº 155: A década inclusiva (2001-2011): desigualdade, pobreza e políticas de
renda. Brasília: Ipea, 2012.
NETO, L. G. L. Reforma tributária e a contribuição da teoria da tributação ótima. Disponível em: Reforma Tributária e a
Contribuição da Teoria da Tributação Ótima – Revista Direito Tributário Atual (ibdt.org.br), n. 45 - 2020. Acesso em: 18 mar 2022.
Por que a fórmula de cobrança de impostos do Brasil piora a desigualdade social. Agência Senado. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/05/por-que-a-formula-de-cobranca-de-impostos-do-brasil-piora-a-desiguald
ade-social. Acesso em: 26 fev. 2022.
REVISTA IstoÉ Dinheiro. Prepara-se para pagar mais um imposto. ed. 1183, de 07/08/2020. Disponível em:
https://www.istoedinheiro.com.br/prepare-se-para-pagar-mais-um-imposto. Acesso em: 20 mar 2022.
RIANI, F. Economia do setor público: uma abordagem introdutória. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC,2013.
SILVA, C. R. P.; MARQUES, N. Texto para discussão 1649: Movimentação financeira.
UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development Index (HDI) Ranking from the 2020 Human
Development Report. Disponível em: Latest Human Development Index Ranking | Human Development Reports (undp.org).
Acesso em: 20 mar 2022.
Obrigado!

Você também pode gostar