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MOBILIDADE URBANA
SUSTENTÁVEL -
PDMUS TERESINA/PI
RELATÓRIO DO DIAGNÓSTICO
Produto P-k
JUNHO, 2021
CONSÓRCIO
CONSÓRCIO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 6
1.1. Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana ....................................... 6
1.2. Contextualização do Plano Diretor de Mobilidade Urbana Sustentável – PDMUS ... 6
2. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS PARA ANÁLISE DA MOBILIDADE URBANA EM
TERESINA .......................................................................................................... 12
2.1. Demografia ............................................................................................ 12
2.2. Dinâmica Econômica, Trabalho e Renda ...................................................... 13
2.3. Educação ............................................................................................... 18
2.4. Saúde ................................................................................................... 20
3. CARACTERIZAÇÃO DOS ASPECTOS URBANÍSTICOS ...................................... 23
3.1. Principais Características Urbanas .............................................................. 23
3.2. Evolução Urbana ..................................................................................... 24
3.3. Tendências e Dinâmicas Urbanas Recentes .................................................. 27
3.4. Divisões Administrativas .......................................................................... 29
3.5. Zoneamento Urbano ................................................................................ 33
3.6. Sintaxe Espacial...................................................................................... 37
3.7. Equipamentos Relevantes ......................................................................... 46
4. CARACTERIZAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS .................................................... 49
4.1. Mobilidade e Imobilidade .......................................................................... 53
4.2. Viagens por modo ................................................................................... 55
4.3. Divisão Modal por faixa horária ................................................................. 58
4.4. Faixa etária na escolha modal ................................................................... 59
4.5. Viagens por motivo ................................................................................. 62
4.6. Viagem por modo e atividade principal ....................................................... 64
4.7. Duração das viagens (por modo e por motivo) ............................................. 67
4.8. Gênero .................................................................................................. 72
4.9. Viagens por faixa de renda ....................................................................... 76
4.10. Produção e atração ............................................................................... 83
4.11. Principais vetores de demanda ............................................................... 86
5. CARACTERIZAÇÃO DA MOBILIDADE DO TRÁFEGO GERAL ............................. 90
5.1. Características físicas e operacionais .......................................................... 90
5.1.1. Infraestrutura viária ........................................................................... 91
5.1.2. Sinalização ....................................................................................... 97
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APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, esse conceito é defendido na Lei nº 12.587 de 2012, que institui a Política
Nacional de Mobilidade Urbana. Inicialmente publicado em 2007, o Caderno de Referência
para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana passou por uma cuidadosa revisão técnica
do Ministério das Cidades e instituições parceiras, como o Instituto de Políticas de
Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), EMBARQ Brasil e Centro de Transporte
Sustentável do Instituo de Recursos Mundiais (WRI), incorporando na versão de 2015 os
novos elementos e diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, e apresenta
orientações, práticas e conceitos que as cidades devem considerar no processo de
construção do Plano.
Especialmente a partir do início do século XXI, percebe-se que as cidades brasileiras vêm
realizando esforços no sentido de incorporar essas diretrizes em suas ações e políticas
voltadas para sistemas de transportes. Assim, o conceito de Mobilidade Urbana
Sustentável é base fundamental para a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana
Sustentável de Teresina – PDMUS.
O Programa tem suas essências no Programa Cidades Sustentáveis, criado por iniciativa
da sociedade civil organizada, envolvendo entidades como o Instituto Ethos, a Rede Nossa
São Paulo e a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis. Esse Programa
visa oferecer ferramentas para que as cidades participantes se desenvolvam de forma
econômica, social e ambientalmente sustentável. Nele, os gestos municipais responsáveis
recebem uma agenda que aborda diretrizes de sustentabilidade urbana, além de
disponibilizar um conjunto de indicadores associados e um banco de boas práticas, com
referências nacionais e internacionais a serem perseguidas pelos municípios.
Figura 1.1. Eixos da Plataforma Cidades Sustentáveis. Fonte: Adaptada de Programa Cidades
Sustentáveis.
Teresina foi a 21ª capital brasileira a aderir ao Programa. Como estratégia de gestão,
essa participação veio como complementar às metas e diretrizes previstas no Plano
Plurianual (PPA) da cidade e do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, perpetuando as
boas práticas teresinenses.
Para o alcance desses objetivos, o Programa Teresina Sustentável está estruturado nos 6
componentes apresentados na Figura 1.2.
Assim, tem-se como horizonte uma mudança de paradigma, ao invés de intervenções que
somente reforcem tendências de mobilidade existentes centradas nos veículos
motorizados particulares. Seguindo as diretrizes da Política Nacional da Mobilidade Urbana
brasileira, o Plano irá contemplar os seguintes objetivos e propostas:
• Divisão Modal – devem ser definidos objetivos de divisão modal, como limitação de
viagens feitas por carro particular ou aumento da participação de viagens a pé e de
bicicleta;
2.1. Demografia
O acelerado processo de urbanização do Brasil, decorrente das migrações internas e
acompanhando tendências internacionais de mudança do campo para a cidade, é um
fenômeno relativamente recente e se articula com um conjunto de mudanças ocorridas
em diversos setores do país, como economia, sociedade e política. Esse fenômeno de
crescimento e desenvolvimento dos espaços urbanos, que ocorreu acompanhado de
intensos aumentos demográficos, deu-se, marcadamente, no século passado, em especial
na sua segunda metade, conforme mostra a Figura 2.1.
Os moradores de Teresina,
acompanhando o movimento nacional
de crescimento exponencial observado
entre as décadas de 50 e 90, segundo
informações censitárias, passaram a
concentrar-se mais na área urbana do
município, ao passo em que a
população rural, por sua vez,
apresentou um crescimento linear e
pouco significativo no mesmo período.
No Censo de 2010, constataram-se
814.230 habitantes na cidade.
Considerando a estimativa do IBGE
para o ano de 2020, Teresina
atualmente conta com 868.075
Figura 2.1. População rural e urbana no Brasil
e em Teresina (crescimento entre 1940 e habitantes, representando um
Quanto à idade da população, de acordo com a pirâmide etária de Teresina (IBGE), vista
na Figura 2.2, percebe-se que há uma predominância de jovens adultos, sendo mais
frequente a ocorrência de indivíduos que possuem entre 20 e 29 anos de idade. Em
termos de distribuição de gênero, nota-se uma certa predominância de homens.
Figura 2.3. Histórico do produto interno bruto a preços correntes de Teresina. Fonte: IBGE, 2021.
Sob a ótica da variação percentual (Figura 2.4), evidencia-se pico de crescimento
econômico entre os anos de 2013 e 2014, quando houve um aumento do PIB anual
representativo de 20,5%. Nos anos seguintes, houve alternância entre uma variação
negativa de -0,8% entre 2014 e 2015, recuperação entre 2015 e 2016 de 8,6%,
novamente uma leve queda com variação de -0,2% entre 2016 e 2017, mas recuperação
de 9,6% entre 2017 e 2018.
Figura 2.5. PIB das capitais nordestinas e respectivas posições no ranking nacional (2018). Fonte:
IBGE, 2021.
Considerando o PIB per capita, em 2018, Teresina encontrava-se em 12º lugar no Piauí,
com R$ 24.333,00 por habitante, e 1.853º no Brasil (em 2017, a capital estava em
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Figura 2.6. PIB per capita das capitais nordestinas e respectivas posições no ranking nacional
(2018). Fonte: IBGE, 2020.
De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS (2018), em Teresina,
registram-se 276.138 mil empregos formais. Em relação à atividade econômica, destaca-
se o setor de serviços, com 69,1% do total de empregos formais, seguido do comércio
(18,0%), indústria (7,8%), construção civil (4,7%), e, por fim, agropecuária (0,3%),
conforme apresenta a Figura 2.7.
Figura 2.7. Composição do emprego formal em Teresina, por atividade. Fonte: RAIS, 2018.
O emprego formal pode ser uma variável que auxilia no delineamento do panorama do
mercado de trabalho. Ao avaliar a evolução do saldo de empregos formais em Teresina,
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Figura 2.8. Saldo anual do emprego formal em Teresina. Fonte: AGED, 2020.
Figura 2.9. Empregos formais das capitais nordestinas. Fonte: CAGED, 2020.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD, referente
ao 4º trimestre de 2019, a renda média mensal em Teresina é de R$1.814,00.
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Ainda com dados da PNAD de 2019, em Teresina, há cerca de 70 mil pessoas de 14 anos
ou mais de idade desocupadas, o que corresponde uma taxa de desocupação de 15,2%
em relação à força de trabalho existente, o que leva a cidade ao quadro preocupante de
ocupar, juntamente com Salvador, a 3ª posição entre as taxas de desocupação das
capitais brasileiras, perdendo apenas para Manaus (16,9%) e Macapá (16%).
Entre as pessoas desocupadas em Teresina, a maioria são mulheres, com 55% do total
(Figura 2.10). A maioria dos desocupados (40%) têm entre 25 e 39 anos, de acordo com
a Figura 2.11.
Figura 2.10. Distribuição percentual de pessoas desocupadas por sexo. Fonte: PNAD Contínua 2019
- IBGE, 2020.
Figura 2.11. Distribuição percentual de pessoas desocupadas por idade. Fonte: PNAD Contínua
2019 – IBGE, 2020.
2.3. Educação
Segundo estudo realizado pelo IPEA a respeito do Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) dos estados e regiões metropolitanas brasileiros, o Piauí apresentou uma melhora
considerável no seu IDHM em Educação, subindo de 0,598 para 0,666 (3,7%) em cinco
anos (de 2012 a 2017); somente o estado do Amazonas teve uma evolução superior à do
Piauí (4,3%). Em Teresina, a evolução no índice aconteceu de forma expressiva ao longo
dos mesmos cinco anos, passando de 0,689 em 2012 para 0,751 em 2017.
De acordo com os dados do Censo Escolar de 2019, elaborado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, autarquia federal vinculada ao
Ministério da Educação, o ensino regular das redes municipal e estadual em Teresina é
composto por 326.736 matrículas. A Figura 2.12 apresenta o perfil das matrículas: 53%
referem-se ao ensino fundamental, 20% ao ensino infantil (creches e pré-escolas), 19%
ao ensino médio e 8% à educação de adultos e jovens, ou seja, pessoas que não deram
continuidade em seus estudos ou que não tiveram acesso à escola na idade apropriada.
Figura 2.12. Perfil do ensino regular em Teresina. Fonte: Censo Escolar 2019 – INEP, 2020.
Das matrículas do ensino regular, como apresenta a Figura 2.13, apenas 9% referem-se à
zona rural de Teresina. Esta proporção retrata uma situação de equivalência em relação
aos 6% da população do município que reside na zona rural, de acordo com o Censo 2010
do IBGE. Mesmo assim, vale a pena ressaltar o quadro acentuado de menor acessibilidade
à educação na zona rural em relação à zona urbana: devido à grande extensão territorial
da área rural, há maiores distâncias a serem percorridas e oferta de transporte mais
restrita, além da carência de equipamentos de educação privados.
Figura 2.13. Distribuição das matrículas do ensino regular municipal e estadual entre zona rural e
urbana. Fonte: Censo Escolar 2019 – INEP, 2020.
2.4. Saúde
De acordo com o Plano Municipal de Saúde de Teresina (2017), elaborado pela Fundação
Municipal de Saúde, desde a década de 1980, a cidade de Teresina vem se firmando como
centro de referência médico-hospitalar na região Meio Norte, constituída pelos Estados do
Piauí e Maranhão. Tal condição adveio da dimensão da atuação governamental, não
governamental e particular implantado, que é considerado importante em quantidade e
complexidade. Nos últimos anos, principalmente, os estabelecimentos médico-hospitalar e
laboratorial de Teresina evoluíram em dimensão, tecnologia e credibilidade a tal ponto
que, no setor, já se referem à Teresina com o status de Polo Regional de Saúde. Com
efeito, a capital piauiense atende a população estadual, grande parte da demanda do
vizinho, Estado do Maranhão, parte da demanda do Pará, da região oeste do Ceará e,
mais recentemente do Estado do Tocantins.
O Plano Municipal de Saúde de Teresina aponta que em 2017, a rede própria de serviços
de saúde da Fundação Municipal de Saúde de Teresina conta com 138 estabelecimentos,
sendo esses distribuídos em:
• 4 maternidades;
Nas últimas décadas, o forte crescimento habitacional, sobretudo nas franjas urbanas,
tem modificado a distribuição populacional em Teresina. A cidade vem passando pelo
fenômeno de espraiamento e periferização, estando a população morando mais afastada
dos centros de trabalho ou dos polos educacionais.
Figura 3.2. Densidade habitacional por setor censitário, segundo o IBGE (2010). Fonte: TC Urbes,
com dados do IBGE (Censo de 2010).
O Plano Saraiva previu a expansão da cidade, porém esse crescimento foi lento; nos
primeiros 50 anos, a cidade ainda não havia avançado além do traçado urbano inicial.
Apenas a partir dos anos 1990, o traçado da cidade passa a se configurar semelhante ao
atual, como pode ser visto na Figura 3.3.
Figura 3.3. Mapa da evolução urbana de Teresina de 1852 a 1995. Fonte: Medeiros et al. (2018).
A construção da ponte Juscelino Kubitschek sobre o rio Poti, em 1957, que ligava a
rodovia BR-343 à Av. Frei Serafim, foi outro acontecimento que condicionou a expansão
da cidade para a zona Leste. Essa zona foi consolidada como área de interesse da elite,
onde antes havia chácaras, e hoje corresponde a um subcentro desenvolvido com
atividades de comércio e serviços.
A Figura 3.4 mostra a evolução da mancha urbana de Teresina entre 1990 e 2019,
considerando as áreas com maior adensamento de pessoas no município. Mostra, ainda,
os vetores de tendência de crescimento de Teresina, evidenciando uma tendência de
periferização da população.
Figura 3.5. Densidade demográfica na área urbana de Teresina em 2000 e em 2010. Fonte:
Elaborada pelo Consórcio.
A cidade vive as consequências de uma onda de especulação imobiliária, que ao longo das
últimas décadas tem gerado significativos vazios na área urbana, e do espraiamento, que
divide o município e desloca as pessoas para regiões cada vez mais distantes.
IBGE para 2018), sendo a segunda RIDE mais populosa de todo o Brasil, atrás apenas de
Brasília.
Figura 3.6. Limites da Zona Urbana de Teresina. Fonte: elaborado pelo Consórcio.
Uma importante força concêntrica na formação das cidades são as interações espaciais e
os deslocamentos rotineiros de pessoas da residência para trabalho e/ou estudo. A atual
organização mundial do trabalho tem, no deslocamento pendular da população, um de
seus traços mais marcantes, ocorrendo na medida em que há uma segmentação entre os
locais de habitação e a produção/oferta de serviços. Nesse contexto, os Municípios de
Timon e Teresina limitam-se em perfeita conurbação, fenômeno que implica em pressões
demográficas que, por vezes, vai além da capacidade de resposta da infraestrutura do
Município.
A RIDE tem como objetivo articular e harmonizar as ações administrativas da União, dos
estados e dos municípios para a promoção de projetos que visem à dinamização
econômica e provisão de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento em escala
regional. Sua implementação foi instituída pelo mesmo decreto de criação do Conselho
Administrativo – COARIDE Teresina, com o intuito de coordenar as atividades a serem
desenvolvidas na Região Integrada. A Figura 3.7 mostra os municípios que compõem a
RIDE da Grande Teresina. Timon é a segunda maior cidade da RIDE, participando com
6,51% do PIB total, sendo precedido por Teresina que possui participação majoritária de
90,84% do total.
Figura 3.7. Municípios que compõem a RIDE Grande Teresina. Fonte: elaborada pelo Consórcio.
Com base na Lei Municipal Nº 4.423, de 16 de julho de 2013, a cidade está dividida em
123 bairros distribuídos em quatro administrações regionais, a saber: Centro/Norte,
Leste, Sul e Sudeste (Figura 3.8). A Zona Rural, por sua vez, é também dividida em
quatro zonas: Norte, Leste, Sudeste e Sul. Essas zonas são delimitadas por duas rodovias
(PI-112 e BR-343) e dois rios (Rio Poti e Rio Parnaíba).
Figura 3.8. Limites das SDUs em Teresina. Fonte: elaborado pelo Consórcio.
3.5. Zoneamento Urbano
No contexto do trabalho de revisão e atualização do Plano Diretor de Ordenamento
Territorial de Teresina, estão previstas algumas modificações no zoneamento do
município. Partindo de uma visão de futuro, o PDOT objetiva tornar Teresina uma cidade
compacta, conectada e coordenada. Compacta porque, como em outras cidades
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brasileiras, o desenvolvimento urbano nas últimas décadas fez da Capital uma cidade
dispersa e com vazios urbanos, conforme anteriormente discutido, que em nada
contribuem para a qualidade de vida da população, a conveniência nos deslocamentos
diários, o acesso às oportunidades e o uso eficiente dos recursos e infraestruturas,
demandando um esforço na contenção do espraiamento urbano.
Por fim, Coordenada porque o crescimento urbano tem de ser conduzido pelo poder
público, que depende de diretrizes, normativas e instrumentos para orientar a
transformação no uso do território e capturar a valorização imobiliária de áreas
beneficiadas pelo investimento público para realizar novos investimentos na qualificação
de outras áreas.
Para fins de definição das normas de uso e ocupação do solo, essas Macrozonas são
subdivididas em zonas, conforme vistas na Figura 3.10. O Modelo Territorial do PDOT
atualizado prevê, ainda, Zonas Especiais correspondentes às parcelas do território que
apresentam características peculiares que se sobressaem em relação às Zonas de Uso nas
quais se inserem e necessitam de regras específicas de ordenamento e uso do solo, bem
como estratégias de implantação em razão de: atributos culturais e/ou ambientais;
presença ou destinação à moradia das famílias de baixa renda; ou papel específico na
estrutura urbana. Serão estabelecidos cinco tipos de Zonas Especiais:
Figura 3.10. Zoneamento territorial proposto para a atualização do PDOT. Fonte: Minuta da
atualização do PDOT (Latus Consultoria, 2019).
Como esperado, observa-se baixa conectividade nas regiões mais periféricas, destacando
também o perímetro às margens do Rio Poty, onde há uma quebra de continuidade e a
divisão do município, ocasionando nas diferentes centralidades existentes em Teresina.
conectividade. É possível observar essa condição na Figura 3.12, onde nota-se a formação
de ilhas com alta conectividade circunscritas por essas vias principais, que possuem
menor conectividade.
Na Zona Leste, percebe-se uma maior conectividade nos bairros Fátima, Jóquei e Itararé,
Santa Isabel e Morada do Sol, seguindo o mesmo princípio apresentado anteriormente:
são regiões com uma malha mais ortogonal e adensada. As avenidas mais robustas, com
dois sentidos e canteiro central, apresentaram menor conectividade, como a Av. Dom
Severino e Av. Presidente Kennedy. A Figura 3.13 contém a representação aproximada à
Zona Leste do município. Ademais, ressalta-se a formação de algumas outras ilhas na
região sul, como o bairro Lourival Parente e residenciais localizados nessa região.
Os maiores valores de profundidade foram observados nas regiões centrais, onde há uma
malha mais labiríntica, com mais opções de rotas a serem realizadas. As regiões mais
periféricas e vias que interligam as zonas urbanas e rurais apresentam valores menores
de profundidade pelo fato de apresentarem um desenho mais linear. O mesmo é
observado nas vias localizadas às margens do Rio Poty e do Rio Parnaíba, onde percebe-
se as descontinuidades geradas.
Na Figura 3.15 e na Figura 3.16, é possível observar, com mais detalhes, as ilhas que se
formam em dadas regiões, gerando diferentes centralidades no município. Nota-se uma
centralidade principal no bairro Centro e outra na região leste, englobando os bairros
Fátima e Jóquei. Além disso, na região sul observa-se a formação de centros nos bairros
Lourival Parente, Itararé e Portal da Alegria. Essas centralidades comportam-se como
ilhas no município, possuindo alta permeabilidade em seu entorno, porém pouca facilidade
de locomoção para outras regiões.
Figura 3.15. Mapa de Profundidade, Norte. Figura 3.16. Mapa de Profundidade, Sul.
Na região central, nota-se um destaque das vias de maior capacidade como Av. Miguel
Rosa, Av. Joaquim Ribeiro, Av. Frei Serafim e Alameda Parnaíba. Essas duas últimas
integram-se com as vias Av. Dom Severino e Av. João XXIII, respectivamente, que
absorvem parte do fluxo Leste-Oeste da cidade. Destaca-se, no sentido Norte-Sul a Av.
Presidente Kennedy que se direciona para a zona rural ao Norte do município. A Figura
3.19 apresenta o mapa de integração aproximado à região central.
Figura 3.19. Mapa de integração de Teresina na região central. Fonte: Elaborado pelo Consórcio.
Por meio dos dados da Secretaria Municipal de Educação, verifica-se, de acordo com a
Figura 3.20 abaixo, que relativamente há poucas unidades públicas de educação na região
central e na região dos bairros de Fátima e Jóquei.
sistema de saúde torna Teresina um centro estratégico na região como polo atrator de
viagens por motivo saúde.
Figura 3.21. Localização dos equipamentos de saúde públicos. Fonte: PDCI-Teresina, 2015.
Analisando as áreas verdes, espaços de lazer e parques públicos, verifica-se que as hortas
comunitárias se concentram na periferia de Teresina (com menor frequência na região
leste) e a pequena quantidade de áreas verdes (praças e parques) nos extremos norte e
sul da cidade.
Figura 3.22. Localização de áreas verdes, espaços de lazer e parques públicos. Fonte: PDCI-
Teresina, 2015.
Inicialmente, foi percebido que 69% dos entrevistados não realizaram nenhuma viagem
no dia referido na pesquisa, considerando as entrevistas realizadas tanto em dias úteis
quanto em dias de fim de semana. Ressalta-se que essa porcentagem é um pouco mais
baixa quando se analisa apenas os dias se semana e um pouco mais alta quando é
considerado apenas os fins de semana.
As pessoas que não realizaram nenhum deslocamento foi, em 94% dos casos, por não
necessitarem sair de casa. Os demais 6% se dividem em outros motivos como dificuldade
de locomoção, estado de doença, falta de segurança ou falta de condições para
pagamento de passagem no transporte público.
Considerando apenas o conjunto da das pessoas que realizam algum tipo de viagem, foi
observada uma média de duas viagens por dia por pessoa – 87% das pessoas que
realizam alguma viagem, o fazem duas vezes. Parte dessa população (8%) afirmou
realizar apenas uma viagem diária, ou seja, não retornando para sua origem no mesmo
dia em que saiu. A quantidade de pessoas que realizam 3 ou mais viagens foi apenas 5%.
O gráfico representado na Figura 4.1 apresenta essas porcentagens mencionadas.
No que se refere aos principais motivos pelos quais as pessoas realizam algum
deslocamento, foi percebido que as viagens foram realizadas principalmente por motivo
de Trabalho (32% da amostra), sendo seguido pelos motivos Assuntos Pessoais (16%) e
Estudos (14%). Nesses dois últimos vale ressaltar que houve variações quando se analisa
os cenários construídos antes da pandemia de COVID-19 e pós pandemia, visto que as
pesquisas foram realizadas nessas duas situações. A seção “Viagens por motivo” mostra
de forma mais detalhada essas mudanças, mas, de modo geral, foi notado uma grande
redução nas viagens por motivo estudos, fazendo com que as pessoas realizassem seus
deslocamentos mais por conta de assuntos pessoais do que por estudos. As viagens a
trabalho foram, em todos os cenários a mais frequente. No entanto, ao se analisar apenas
o conjunto das viagens realizadas nos fins de semana é notado que o motivo lazer chega
a ficar em primeiro lugar, sendo o principal motivo dessas viagens.
A Figura 4.2 a seguir mostra os percentuais de viagens realizadas para cada motivo,
considerando as viagens realizadas na semana e no fim de semana.
compõem 18,5% das viagens realizadas, evidenciando que grande parte da população
realiza viagens a pé – em sua maioria, viagens de curta distância. Aqui, vale ressaltar que
o modo principal utilizado nas viagens sofre grandes oscilações de acordo com a classe de
renda do usuário. As classes mais altas chegam a utilizar transporte motorizado individual
em mais de 80% de suas viagens, enquanto as classes mais baixas optam mais pelos
transportes públicos e não motorizados.
A Figura 4.4 a seguir mostra mais detalhadamente o percentual de cada modo dentro da
população estudada.
Quanto à duração das viagens realizadas, foi observado, de modo geral, uma média de 35
minutos por viagem. De acordo com o histograma apresentado na Figura 4.5, percebe-se
que a maior parte das viagens se concentra em uma faixa de tempo de até 30 minutos.
As viagens com tempo acima de 1 horas representaram apenas 16% da amostra válida.
acordo com a classe de renda da população, sendo menor para as classes econômicas
mais altas.
Durante a semana, foi observado que 67% das pessoas não realizaram nenhuma viagem
e, dentre aquelas que realizam algum deslocamento, a média observada foi de duas
viagens por pessoa. O gráfico apresentado na Figura 4.6 apresenta de forma mais
detalhada a frequência da quantidade de viagens realizadas por pessoa. Além disso,
ressalta-se a diferença observada no cenário pré pandemia e pós pandemia, já que é
esperado que haja uma redução da mobilidade da população.
O ônibus urbano é o segundo modo mais utilizado, sendo responsável por 21% de todas
as viagens, os demais 3% que completam o modo motorizado coletivo se completam com
as viagens realizadas por ônibus intermunicipais, metrô, VLT, transporte fretados entre
outros.
Figura 4.10. Modo de transporte principal utilizado nas viagens do fim de semana.
A Figura 4.11 a seguir mostra a frequência de viagens que se iniciam em cada faixa de
horário para cada modo de transporte, considerando as viagens realizadas durante a
semana.
Sendo assim, esses dois modos passam a ter uma frequência menor de utilização entre as
03h e as 09h da manhã, fazendo com que o transporte motorizado coletivo passe a
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Figura 4.12. Escolha Modal por faixa horária (viagens realizadas nos fins de semana).
A Figura 4.13 apresenta um gráfico com a porcentagem de escolha de cada faixa etária
para os seguintes modos de transporte: motorizado individual, que engloba carros e
motocicletas, incluindo também os aplicativos, táxi e mototáxi; não motorizado, que
representa os ciclistas e pedestres e motorizado coletivo, que diz respeito aos ônibus,
metrô, VLT, transporte fretados entre outros.
Quanto à motorização da população, percebe-se que o transporte ativo faz parte de 49%
das viagens realizadas por crianças e adolescentes, sendo a modalidade a pé responsável
por 44% dessa categoria. A população que menos utiliza transportes não motorizados são
os adultos de 18 a 39 anos, que escolheram essa modalidade em apenas 16% de suas
viagens. Essa categoria apresentou a maior porcentagem de escolha da moto como modo
principal (28%) em comparação com a população das demais idades e, como apresentado
anteriormente, a população que faz uso desse modo é, em sua maioria, do gênero
masculino. A população que menos se utiliza desse modo são os idosos (acima de 60
anos), como pode ser observado mais detalhadamente na Figura 4.14.
Em comparação com viagens feitas no fim de semana, nota-se uma redução da escolha
por modos ativos e coletivos e a priorização dos modos motorizados individuais para
todas as faixas etárias. As escolhas pelo ônibus urbano reduziram em todas as faixas.
As maiores diferenças observadas foram na escolha pela modalidade ‘a pé’ pelas crianças
e adolescentes, que passou de 44% para 29% e no aumento do uso de automóvel por
essa mesma categoria, que chegou a ter um percentual de escolha de 39%. Ressalta-se
que o uso de modo não se restringe apenas aos motoristas e englobam também a
categoria de passageiros.
Através do gráfico representado na Figura 4.15, fica evidente que a maior parte das
viagens realizadas nos dias úteis se dão pelo motivo trabalho e estudo (49%), sendo o
motivo trabalho o mais frequente. Muitos deslocamentos também foram feitos por
motivos pessoais, que compõe 14% da amostra. No entanto, vale ressaltar aqui que os
motivos de deslocamento sofreram algumas alterações por conta do período de pesquisa
domiciliar.
Figura 4.16. Motivo dos deslocamentos em cenário pré pandemia e pós pandemia.
Durante o fim de semana, é perceptível um aumento das atividades por motivo lazer, que
passam a ser o principal motivo de deslocamento dos entrevistados (30%). Atividades
como trabalho e assuntos pessoais ainda continuam sendo motivos principais de
deslocamento, assim como nos dias úteis, apesar de sofrerem uma leve redução. O
ranking de motivos mais frequentes pode ser observado na Figura 4.17.
No que se refere aos cenários de pré pandemia e pós pandemia observados nas viagens
realizadas no fim de semana, as principais mudanças observadas foram a redução dos
deslocamentos por motivo lazer, passando de 32% para 24% após a pandemia, e
educação (que passou de 3% para apenas 1% após a pandemia) além do aumento da
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A Figura 4.18 mostra as três categorias de modo consideradas para cada atividade sendo
realizada durante os dias de semana. Nota-se que o motivo educação é o que mais possui
viagens realizadas através de meios não motorizados (41% das viagens, sendo 36%
realizadas a pé e 5% de bicicleta), sendo seguido do motivo lazer, que apresenta 34%
das viagens realizadas de forma não motorizada.
Figura 4.18. Escolha modal para cada motivo de viagem (viagens semanais).
De forma mais detalhada, percebe-se que, a moto se faz mais presente que o automóvel
na composição do modo motorizado individual que é utilizado para realizar viagens a
trabalho (Figura 4.19). As atividades que apresentaram maior percentual de uso de táxis
e aplicativos foram atividades relacionadas a compras e a saúde, 10% e 14%
respectivamente.
Figura 4.19. Escolha modal com base na atividade principal (viagens semanais).
Figura 4.20. Escolha modal para cada motivo de viagem realizada no fim de semana.
De modo geral, o tempo médio que a população leva para realizar uma viagem é de 35
minutos, tanto nas viagens semanais quanto nas viagens realizadas no fim de semana. No
entanto, nota-se que no fim de semana, há um aumento na frequência de viagens com
até 30 minutos de duração, como exposto no gráfico da Figura 4.21. Ainda assim, tanto
no fim de semana quanto nos dias úteis, a maior parte das viagens concentram-se na
faixa de duração entre 16 e 30 minutos.
Como exposto nas seções a seguir, o tempo médio sofre uma variação de acordo com a
classe de renda da população, quanto maior a renda, menor o tempo médio de
deslocamento. No que se refere às questões de gênero, não foi percebida grandes
diferenças de tempo entre homens e mulheres.
No que se refere aos modos de transportes utilizados para realizar as viagens, foram
observados os seguintes tempos médios apresentados na Tabela 4.2, sendo o modo a pé
o mais rápido e o ônibus intermunicipal o mais lento. Porém, vale ressaltar que as viagens
realizadas a pé foram, em grande parte das vezes por motivo de curta distância (87% das
viagens), enquanto os ônibus intermunicipais têm como origem/destino pontos fora do
município.
evidenciando que esse modo ainda é escolhido por uma parte da população, apesar das
longas distâncias.
Dentro dos modos motorizados individuais, nota-se que a moto foi a que apresentou
menor duração média, o que reforça a escolha por esse tipo de transporte. O automóvel
particular, que apresentou maior frequência na escolha modal, foi o modo motorizado
individual que apresentou maior duração de viagem (30 minutos).
Quanto às viagens realizadas por ônibus, percebe-se que, tanto para os ônibus urbanos
quanto para os intermunicipais, as frequências de duração permanecerem com valores
semelhantes entre 30 minutos e 1h30. Vale ressaltar que, apesar dos ônibus
intermunicipais apresentarem maior média de duração, a diferença entre esses e os
ônibus urbanos foram de apenas 5 minutos.
As Figuras a seguir mostram detalhadamente a duração das viagens das três principais
categorias consideradas.
No que se refere à duração das viagens de acordo com o motivo pelas quais elas estão
sendo realizadas, foram obtidos os tempos expostos na Tabela 4.3. Nota-se que o maior
tempo médio observado foi pelo motivo saúde, provocando certo destaque, já que nesse
motivo podem existir viagens emergenciais, que deveriam ser realizadas em tempos mais
curtos. Porém, assim como todos os demais motivos, a maior parte das viagens pelo
motivo saúde se concentraram entre 15 e 30 minutos. O motivo mais frequente das
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Tabela 4.3. Tempo de viagem de acordo com o motivo. Fonte: Elaborado pelo consórcio.
Tempo médio de viagem por motivo
Saúde 42 minutos
Assuntos Pessoais 37 minutos
Trabalho 37 minutos
Outros 36 minutos
Lazer 30 minutos
Educação 27 minutos
Compras 26 minutos
Servir Passageiro 24 minutos
Quanto à distribuição dessas viagens, percebe-se que em todos os motivos, a maior parte
das viagens foram de até 45 min, como é percebido no gráfico da Figura 4.25. Os motivos
que mais apresentaram viagens acima de 1h de duração foi Assuntos Pessoais, Trabalho e
Saúde, sendo esse último o que mais apresentou viagens acima de 1h30 de duração. As
viagens cima de 2h representam menos de 2% do total, em todos os motivos.
4.8. Gênero
A amostra de entrevistados nas pesquisas domiciliares foi composta por mulheres e
homens de diversas faixas etárias e faixas de renda. No geral a amostra contemplou bem
essas duas categorias, sendo finalizada com 45% de entrevistados que se identificam
como homens e 55% como mulheres. A seguir, apresentam-se as principais diferenças
observadas entre esses dois grupos no que se refere aos deslocamentos realizados e a
forma como são feitos.
No que se refere ao motivo das viagens, a principal diferença observada foi na questão
saúde, cuja parcela feminina corresponde a 70% das viagens realizadas durante a
semana por esse motivo, e na procura por emprego, onde a parcela de viagens realizadas
por homens se sobressai (67% das viagens semanais e 75% das viagens realizadas no
fim de semana). Outro ponto de destaque foi o motivo educação, que durante a semana
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No que se refere ao tempo de duração dessas viagens, observa-se uma média geral de 35
minutos e a diferença entre o tempo médio de deslocamento entre homens e mulheres foi
de apenas três minutos. As viagens realizadas por homens tiveram duração média de 33
minutos enquanto as viagens realizadas por mulheres tiveram uma duração média de 36
minutos. Como observa-se no gráfico da Figura 4.29, o percentual de mulheres que
realizam viagens com duração mais longa, acima de 45 minutos, é relativamente mais
alto do que o percentual de homens.
Nas viagens realizadas no fim de semana, a média de tempo manteve-se nos 35 minutos,
com diferença de poucos segundos entre homens e mulheres. O histograma também
apresentou poucas diferenças, com percentuais bem parecidos entre ambos os gêneros
em todas as categorias de duração.
Nas viagens realizadas no fim de semana, nota-se que as porcentagens dos modos de
transporte coletivo ficam com porcentagens mais equivalentes (58% de participação de
mulheres e 42% de participação de homens). O detalhamento da escolha modal manteve-
se relativamente igual à escolha observada nas viagens semanais.
e C foi observado que 64% e 65% dos entrevistados não realizaram deslocamentos nos
dias úteis.
Figura 4.33. Quantidade de viagens realizadas no fim de semana por classe de renda.
No que se refere ao motivo pelos quais as pessoas realizam seus deslocamentos, observa-
se que os motivos trabalho e educação são os principais durante a semana, para todas as
classes econômicas. A Classe A se sobressaiu no motivo lazer, mesmo em viagens
semanais. No motivo saúde, nota-se que as classes que tiveram maior porcentagem de
viagens foram as de maior e menor poder econômico. Vale destacar também o motivo
educação, que teve maior percentual de viagens realizadas por pessoas de Classe D-E. No
entanto, ressalta-se que esse motivo apresentou grandes reduções em suas viagens a
partir de março de 2020, quando iniciou-se as medidas preventivas contra a pandemia de
COVID-19. O gráfico exposto na Figura 4.34 mostra mais detalhadamente a divisão de
viagens por motivo em cada classe econômica.
Figura 4.34. Motivo das viagens domiciliares semanais por classe de renda.
Figura 4.35. Escolha modal por faixa de renda nas viagens semanais.
Outro aspecto que se mostra relevante é a duração das viagens realizadas pela
população. Tais durações sofrem certas variações de acordo com a faixa de renda da
população, como pode ser observado na Tabela 4.4. O tempo médio gasto em cada
viagem se mostrou inversamente proporcional ao poder econômico da população, sendo
maior nas classes mais baixas e maior para as classes mais altas. Entre as Classes A e B a
diferença na duração média foi de apenas 2 minutos, porém quando se compara as
Classes A e C essa diferença vai para 6 minutos e quando se compara as Classes A e D-E
a diferença de tempo médio torna-se 12 minutos.
No gráfico da Figura 4.36, pode-se observar com mais detalhe a frequência duração
dessas viagens em cada classe. No histograma fica mais evidenciado que a Classe A é a
que possui maiores porcentagens de viagens de curta duração, com até 30 minutos. As
demais classes também possuem grande parte de suas viagens com até 30 minutos,
porém, quando menor a classe, mais se observa viagens de maiores durações. Essa
observação vai de encontro ao fato das Classes C, D e E utilizarem mais o transporte
público, que, apresentou tempo de viagem mais alto (cerca de uma hora).
De modo geral, foi observado que os domicílios com padrão de renda mais alta tem maior
mobilidade, como já mencionado nas seções anteriores, possuindo, portanto, taxas de
produção de viagens maiores. Além disso, quanto mais moradores em um domicílio,
maiores serão as viagens produzidas por ele.
Sendo assim, o total de viagens de indivíduos para o dia útil típico, estimado a partir da
Pesquisa O-D Domiciliar, foi de 816.534 viagens para o ano-base de 2019. Na Tabela 4.5
abaixo, são apresentados os totais estimados de viagens produzidas, por motivo,
englobando apenas as viagens internas a Teresina.
A Figura 4.37 mostra a disposição espacial da produção de viagens por zona do motivo
Trabalho, que, motivo mais frequente das viagens realizadas. Ressalta-se que os mapas
para os demais motivos estão expostos no Relatório de Formulação do Modelo de Tráfego
(Produto P-i).
Na imagem, fica claro que as zonas mais adensadas acabam por produzir mais viagens.
Isso ocorre tanto para as viagens de motivo trabalho quanto educação, sendo as zonas 92
e 91 (localizadas na zona sul) e 11 e 15 (localizadas na zona norte) as mais com maiores
produções.
As zonas que apresentaram maiores valores de atração por motivo trabalho localizam-se
na região central, e na zona sul pelos bairros Saci, Distrito Industrial e Lourival Parente.
Quanto ao motivo educação, é evidenciado as regiões do centro, bairro Itararé e a zona
correspondente à Universidade Federal do Piauí.
Figura 4.37. Mapa temático das produções zonais de viagens por motivo Trabalho.
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Como exposto anteriormente, as principais zonas que produzem essas viagens referem-se
aos bairros residenciais mais adensados. Já as principais zonas de atração são as zonas
centrais e com grande quantidade de empreendimentos comerciais e de serviços, ou
ainda aquelas regiões que possuem grandes estabelecimentos e instituições como
universidades, grandes shoppings e indústrias.
Sendo assim, é comum que os principais vetores de demanda assumam uma forma radial
pela cidade, com linhas que se estendem do centro às regiões mais periféricas,
representando o deslocamento pendular casa-trabalho da população.
Figura 4.38. Principais origens e destinos das viagens por motivo Trabalho.
Figura 4.39. Principais origens e destinos das viagens por motivo Educação.
Quanto às viagens por motivo Educação, percebe-se que, além do centro de Teresina,
formam-se outras regiões de grande interesse. Sendo assim, o mapa de linha de desejo
apresenta alguns pontos principais com comportamento radial em seu entorno. Esses
principais pontos, como pode ser observado na Figura 4.41, localizam-se no Centro,
Parque Piauí, Mocambinho e Itararé.
Figura 4.40. Linhas de desejo de viagens por motivo Trabalho na porção mais adensada da área de
estudo.
Figura 4.41. Linha de desejo de viagens por motivo Educação na porção mais adensada da área de
estudo.
Durante a realização das sessões de Consultas Públicas, o tema Trânsito e Sistema Viário
foi o segundo com o maior número de participantes dentre as sessões conduzidas,
mostrando o interesse da população em discutir e avaliar a mobilidade do tráfego geral
em Teresina. Participaram da sessão 34 pessoas, das quais pouco mais da metade eram
mulheres (55%); destaca-se, ainda, a presença de 18 instituições representadas nas
consultas. Quanto às manifestações dos presentes, esse tema recebeu 20% do total de
manifestações, estando atrás somente do tema de Transporte Público Urbano (41%).
Nos tópicos a seguir, será caracterizada a situação atual do sistema de mobilidade urbana
de Teresina, levando em conta as pesquisas e levantamentos feitos, e as observações da
população, a qual mostrou profundo interesse de participação ativa nas decisões
relacionadas à mobilidade na cidade.
Figura 5.1. Principais corredores metropolitanos e hierarquização das vias urbanas. Fonte: PDT
(2018).
Além da infraestrutura viária, Teresina conta também com a possibilidade de utilizar a
infraestrutura navegável dos rios Poti e Parnaíba, conforme foi sugerido por diversos dos
participantes das Consultas Públicas como possibilidade para a melhoria da mobilidade
urbana da cidade.
Pavimento apresenta
patologias superficiais visíveis,
Médio mas que não prejudicam a
qualidade do conforto do fluxo
de veículos
Os resultados do levantamento indicam que 317,4km (47%) das vias inventariadas estão
com estado de conservação Bom, e 254,5km (38%) estão com estado Médio de
conservação e, 96,5km (14%) estão em estado de conservação Ruim. O mapa a seguir
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Figura 5.4. Condição de pavimentos nas vias inventariadas na zona urbana de Teresina.
Dos trechos com revestimento asfáltico, que compõem a maior parte da malha viária
levantada de Teresina, a qualidade de conservação dos trechos apresenta uma
predominância de vias com qualidade Boa, cerca de 316,5km (47%), e somente 87,2km
(13%) de vias asfaltadas com qualidade Ruim.
21% (138,8km) com 3 faixas; e o restante com 4 faixas (cerca de 2,8km), conforme
mostrado nas Figuras a seguir.
Figura 5.6. Número de faixas das vias inventariadas na zona urbana de Teresina.
5.1.2. Sinalização
5.1.2.1. Sinalização Horizontal
No levantamento feito, foi observado que, na maior parte dos cerca de 670km
inventariados, a sinalização horizontal é considerada Média ou Ruim– 32% e 31%,
respectivamente. Além destas, outros 17% dos trechos inventariados possuíam
sinalização horizontal inexistente. No restante dos trechos (21%), a sinalização horizontal
foi classificada como Boa, isto é, não apresenta desgastes severos na pintura sobre o
pavimento. A tabela abaixo contém a descrição ilustrada das referências de conservação
de sinalização horizontal.
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Sinalização totalmente
desgastada/ inexistente,
Ruim /
onde não é possível por
Inexistente
parte do condutor
identificar com facilidade.
Trecho inventariado da R. Dona
Amélia Rubim com sinalização
horizontal com qualidade
Ruim/Inexistente.
Os mapas das figuras a seguir trazem um panorama geral dos resultados obtidos.
Figura 5.8. Condição de sinalização horizontal das vias inventariadas na zona urbana.
5.1.2.2. Sinalização vertical
No inventário, foi observado que, dos 670km de vias levantadas, predominam trechos
com sinalização vertical Boa (44% ou 291,7km), nos quais as placas apresentam nitidez
na visualização das informações, sem danos e que as colunas de fixação estão eretas e
sem nenhum tipo de deformação. Por outro lado, 24% (ou 160,6km) dos trechos tiveram
sua sinalização vertical classificada como Média, nas quais as placas apresentam
pequenos danos e deformação, com visibilidade pouco afetada e colunas deformadas; ao
passo em que apenas 6% (ou 38,9km) foi classificado como ruim, as quais apresentam
Por fim, vale destacar que foi observada uma proporção considerável de vias com
sinalização vertical inexistente– 27% do total levantado, o equivalente a cerca de 177,
2km de vias.
Sinalização totalmente
Ruim desgastada, amassada e fora do
suporte.
Sobre a análise dos grupos focais, foi realizada a caracterização ao longo das interseções
semaforizadas nas vias estudadas com base no levantamento de informações via vídeo-
registro. Desse modo, foram analisadas o nível de conservação/manutenção,
posicionamento, quantidade de grupos focais, tipos de mensagens, qualidade da
refletividade e as condições de visibilidade do equipamento.
5.1.3.1. Conservação
Sobre as condições de conservação, foram levados em consideração aspectos como
pintura, fixação adequada ao poste, visibilidade e integridade do equipamento. Assim, o
nível de conservação dos semáforos variou entre:
(i) Bom – o semáforo apresenta bom estado conservação sob os aspectos de fixação e
visibilidade e pintura, não podendo estar pichado, torto ou com defeito de luminosidade;
(ii) Regular – Semáforo pode apresentar algum desgaste em níveis considerados leves ou
médios na pintura devido as intempéries; e
(iii) Ruim – Semáforo pode estar fixado de forma incorreta/torto ou pichado e/ou com
graves defeitos de luminosidade.
A Figura a seguir ilustra a distribuição espacial dos semáforos levantados, sendo esses
classificados de acordo com suas condições de conservação.
5.1.3.2. Refletividade
A refletividade diz respeito à capacidade dos semáforos de emitirem os sinais luminosos,
que devem ser bem identificados pelos condutores, ciclistas e pedestres sem que estes
estejam excessivamente próximos, que não se ofusquem pela luz solar em nenhum
período do dia e que haja boa diferenciação das indicações de vermelho, amarelo e verde.
Desse modo, foi realizada a caracterização com base informações de vídeo-registro nas
vias inventariadas, sendo classificadas como: (i) Bom– o semáforo estava bem
posicionado sobre a via, sem nenhum obstáculo que prejudicasse a visualização dos
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grupos focais luminosos por parte do condutor e pedestre; (ii) Regular– o semáforo
estava mal posicionado sobre a via, dificultando a visualização para o condutor; (iii)
Ruim– a visualização do equipamento estava comprometida por interferências laterais.
como postes ou árvores.
Os resultados apontaram que a maior parcela das interseções avaliadas possui boa
visualização do equipamento de sinalização semafórica, conforme mostra a Figura a
seguir.
5.1.4. Estacionamentos
Os resultados do levantamento feito no inventário indicaram que 90% das vias
inventariadas não possuem trechos com permissão para estacionamento; os 10%
restantes, equivalentes a cerca de 67,2km, nos quais é permitido estacionar, encontram-
se mais concentrados na porção central da zona urbana de Teresina, conforme mostrado
na Figura a seguir.
Figura 5.13. Mapa de estacionamentos permitidos nas vias inventariadas na zona urbana.
realizadas de moto e total de habitantes. A Figura 5.14 mostra a divisão de modos dentro
da categoria de modos motorizados individuais.
Quanto aos usuários desse tipo de transporte, nota-se a princípio um equilíbrio entre
gêneros. As mulheres representam 45% do total de usuários de transporte motorizado
individual e os homens representam 55%. No entanto, ao se analisar cada ator
individualmente, nota-se que as mulheres estão mais presentes como passageiras e
usuárias de táxis e aplicativos, enquanto os homens se sobressaem como condutores,
principalmente no uso da motocicleta como modo principal, onde os homens chegam a
representar mais de 80% do total de viagens realizadas. A Figura 5.15 expõe mais
detalhadamente essa disparidade.
Figura 5.15. Divisão de gênero no modo motorizado individual. Fonte: Elaborado pelo consórcio.
Outra discrepância que se nota quanto ao uso desse modo são as diferenças
socioeconômicas. A maior parte da população que opta pelo uso de automóveis
particulares possuem faixa de renda mais alta, enquanto a população mais pobre
representa uma baixa parcela desses usuários. Como já exposto anteriormente, é
evidente a priorização por transportes individuais nas classes sociais mais altas, a classe
A chega a realizar 87% das suas viagens de modo motorizado individual, enquanto as
Classes D-E realizam apenas 30% de suas viagens através desse modo. Na Classe C os
transportes motorizados individuais representam 55% do total de viagens dessa classe, e
nela é encontrado o maior percentual de escolha pela moto como modo principal.
Considerando todas as viagens de forma motorizada individual realizada por cada classe
econômica, percebe-se que as pessoas de classes mais baixas são, na maior parte das
vezes, usuárias de táxis, mototáxis e transporte por aplicativo. A Figura 5.16 a seguir
expõe mais detalhadamente esses dados.
Desde 2018, está em trâmite um Projeto de Lei que visa a regulamentação dessa
categoria de serviço. O projeto diz que "ficará a cargo da Strans (Superintendência de
Transportes e Trânsito) o acompanhamento, desenvolvimento deliberação dos
parâmetros, políticas públicas e fiscalização dos serviços estabelecidos na Lei". E ainda
que "o direito para a exploração do serviço será concedido a passageiros e motoristas
cadastrados nas OTTs e todas as informações deverão ser repassadas ao Poder Público
Municipal". Assim, a Strans irá definir os parâmetros de credenciamento das OTTs; definir
requisitos mínimos do curso a ser ministrado aos motoristas de transporte individual
remunerado; expedir portarias sobre a matéria; cadastrar os motoristas e veículos junto
às OTTs; e fiscalizar o cumprimento da Lei.
Comparando as durações das viagens realizas pelo modo motorizado individual, nota-se
que a moto foi a que apresentou menor duração média (25 minutos), o que reforça a
escolha por esse tipo de transporte. O carro, por sua vez, foi o modo motorizado
individual que apresentou maior duração de viagem (30 minutos), mesmo possuindo
maior frequência na escolha modal geral das viagens, como já exposto anteriormente. As
viagens realizadas por Taxi, Aplicativo e Mototáxi obtiveram durações médias de 26, 28 e
27 minutos, respectivamente.
A Figura 5.17 a seguir mostra o histograma com a frequência de duração das viagens
realizadas, dívidas entre os modos carro e moto.
Figura 5.17. Duração das viagens realizadas durante a semana por meio de carro e moto.
Percebe-se que essa demanda possui uma alta concentração no centro do município, com
linhas que se estendem em distâncias maiores no sentido norte-sul da cidade.
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Nas Figuras abaixo, as quais representa um mapa temático de acordo com faixas da
relação Volume/Capacidade, é possível identificar trechos nos quais as vias se encontram
mais saturadas. Esses trechos se localizam, em geral, nas vias que apresentam melhores
conexões e que são muito utilizadas pelo fluxo de passagem que circula no município.
Figura 5.20. Representação gráfica da alocação de tráfego na hora-pico da manhã, na porção mais
adensada da cidade.
Na Tabela 5.4 a seguir, estão listadas as vias que apresentaram os mais altos níveis de
congestionamento.
É notável que as pontes sobre o Rio Poty têm um papel essencial na conexão entre as
zonas do município. Por serem ligações únicas a vencerem a barreira hidrológica natural,
elas apresentam um grau de saturação elevado, chegando a ter sua relação
Volume/Capacidade superior a 1,0 no pico da manhã.
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Observa-se também que as rodovias, em especial as federais, têm alta taxa de ocupação
de tráfego. Além de serem vias municipais arteriais com grande atratividade por conta do
uso do solo, elas representam as principais rotas de tráfego de passagem em Teresina,
tanto para veículos particulares como de carga.
Ao analisar outros aspectos, é possível notar que as vagas de estacionamentos, onde foi
classificada como ruim em 77% dos casos, também representam um problema relevante
para esses atores, que também durante as consultas públicas relataram a falta de vagas
para idosos e deficientes. Os demais itens analisados seguem com uma proporção de
respostas bem semelhante entre eles. Destacando-se a sinalização vertical na cidade, que
foi classificada como boa ou muito boa por 36% dos entrevistados, sendo a característica
mais bem avaliada.
8% 14% 77%
Numa avaliação mais geral pode-se classificar os problemas com o pavimento, oferta de
estacionamento e drenagem como sendo os problemas de infraestrutura mais recorrentes
entre os usuários da via, causando-lhes transtornos, custos e viagens mais longas.
Tabela 6.1. Relação de terminais de ônibus em Teresina. Fonte: elaborado pelo Consórcio.
Terminais de Integração e Rural de Teresina
1 Terminal Bela Vista
2 Terminal Parque Piauí
3 Terminal Livramento
4 Terminal Itararé
5 Terminal Rural
6 Terminal Piçarreira (Zoobotânico)
7 Terminal Santa Isabel (Santa Lia)
8 Terminal Rui Barbosa
9 Terminal Buenos Aires
Tabela 6.2. Lotes de gerenciamento das linhas de ônibus que compõem o sistema de transporte
público coletivo urbano.
Lote Consórcio / Empresa Composição Área de Exploração
Viação Piauiense / Emvipi /
1 Poty Zona Norte
Teresinense
Cidade Verde / Asa Branca /
2 Urbanus Viação Santana / São Zona Leste
Cristóvão
Taguatur / Emtracol / Dois
3 Theresina Irmãos / Santa Cruz / Zona Sudeste
Transportes Therezina
4 Transcol Transcol Zona Sul
Como pode-se observar pelos mapas acima, as linhas existentes no município estão bem
distribuídas pela cidade, cobrindo praticamente todo o território urbano, com exceção de
alguns vazios, principalmente nas regiões mais periféricas. O mesmo é percebido na
Figura a seguir, que representa a abrangência dos pontos de parada na zona urbana do
município, considerando um raio de 500m como uma distância confortável de caminhada;
tomando por referência a base de domicílios georreferenciados de 2019, fornecida pela
empresa Equatorial de distribuição de energia elétrica na cidade, tem-se que
aproximadamente 90% dos domicílios de Teresina estão localizados a até 500m de um
ponto de acesso ao sistema de transporte público.
Avenida Frei Serafim, Rua Coelho Rodrigues, Praça da Bandeira, Praça João Luís Ferreira,
Avenida José dos Santos e Silva e Praça Conselheiro Saraiva.
Em relação ao movimento de passageiros nos terminais, este pôde ser caracterizado por
meio da realização das Pesquisas Origem-Destino in loco. A partir da amostra
entrevistada, identificou-se que 71% dos usuários chegam aos terminais por meio de
ônibus urbano municipal, 16% utilizam ônibus metropolitanos e 10% realizam esse
percurso a pé, sendo esses os principais modos utilizados. Dessa forma, pode-se inferir
que maioria dos passageiros que estão embarcando dentro dos terminais estão realizando
integração.
Já o percurso realizado após a saída do ônibus, do ponto de parada até o destino final do
usuário, é realizado a pé em 84% das vezes, e em 12% das vezes esses embarcam em
outro ônibus. A Figura a seguir apresenta mais detalhadamente esses deslocamentos
entre ponto de origem, terminal e ponto de destino.
Já com relação à frequência com a qual os usuários costumam realizar esse tipo de
deslocamento, no qual fazem uso dos terminais distribuídos no município, a Figura a
seguir mostra que cerca de 2/3 da população o faz pelo menos quatro vezes na semana.
Além disso, foram ranqueados os três bairros mais solicitados em cada terminal, tanto na
origem dos usuários quanto no destino. Nota-se que o Centro é o bairro mais recorrente,
sendo muito frequente como bairro de origem e de destino das viagens que passaram
pelos terminais. A Tabela a seguir expõe os resultados amostrais obtidos para cada
terminal.
Tabela 6.3. Bairros mais solicitados nos Terminais de integração.
TERMINAL PIÇARREIRA
RANKING ORIGEM DESTINO
1º CENTRO ININGA
2º SATÉLITE SATÉLITE
3º ININGA PEDRA MOLE
TERMINAL PRAÇA DA BANDEIRA
RANKING ORIGEM DESTINO
1º CENTRO CENTRO
2º SANTA MARIA ININGA
3º ANGELIM JÓQUEI
TERMINAL SANTA ISABEL
RANKING ORIGEM DESTINO
1º CENTRO CENTRO
2º VALE QUEM TEM URUGUAI
3º URUGUAI VALE QUEM TEM
As Figuras a seguir mostram as condições de alguns dos terminais visitados pela equipe
do Consórcio, bem como dos ônibus que estavam em operação.
Figura 6.12. Ônibus que opera nas Linhas Rurais. Fonte: acervo do Consórcio.
Assim sendo, quanto às linhas rurais do transporte público coletivo por ônibus, pode-se
elencar uma série de problemas dentre os identificados pelo Estudo de Demanda do
Sistema de Transporte Público de Passageiros das Linhas Rurais do Município de Teresina,
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realizado em 2015, muitos dos quais podem ainda fazer parte da realidade dos usuários
do sistema rural. A análise da oferta e distribuição espacial das linhas do sistema revelou
que diversas linhas possuem itinerários sinuosos e tortuosos, aumentando as distâncias
percorridas e, consequentemente, o tempo de viagem, levando ao que se denomina de
percurso negativo, prejudicando a eficiência e a qualidade do sistema.
Além disso, as linhas do sistema rural não possuem pontos de parada bem definidos nas
zonas rurais. Foi observado, in loco, que todas as linhas do sistema realizam paradas de
embarque/desembarque em qualquer ponto/local ao longo de seu itinerário, reduzindo
demasiadamente a velocidade operacional da linha e a eficiência do sistema. Aliado a isso,
observou-se que os itinerários das linhas de ônibus possuem fortes superposições das
áreas de influência, aspecto extremamente negativo à qualidade do sistema. Verificou-se,
ainda, que essa superposição das rotas dos sistemas de ônibus é agravada pela
ineficiência da infraestrutura viária de Teresina.
Figura 6.14. Ônibus de linha rural de Teresina trafegando em vias sem condições adequadas de
pavimentação de drenagem. Fonte: acervo do Consórcio.
Figura 6.18. Local da travessia realizada pelas embarcações do transporte complementar e motivos
das viagens por embarcação entre Teresina e Timon.
Quanto aos principais motivos dessas viagens, foi observado que os deslocamentos se
davam principalmente por motivo trabalho e compras, representando 22% e 30% da
amostra, respectivamente; uma pequena porcentagem, de apenas 10%, se deu por
motivos de saúde e lazer. Vale ressaltar que não houve nenhuma viagem com motivo
estudo, o que se justifica pelo fato de que, no momento da realização da pesquisa com os
usuários desse modo de transporte, ainda havia restrições no funcionamento de escolas e
universidades por conta da pandemia do novo coronavírus. A figura a seguir representa
essa distribuição de motivos identificados.
Quando questionados sobre a frequência das viagens, a maioria das pessoas afirmou se
tratar de viagens realizadas eventualmente (46%) e outra parcela afirmou realizar
viagens 2 ou mais vezes na semana (42%). A explicação para a concentração de
frequências nos extremos, ‘4 vezes ou mais’ e ‘Eventualmente’, reside no fato de que as
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viagens eventuais são predominantes para todos os motivos, com exceção do motivo
trabalho, que tem 70% das viagens sendo realizadas 4 ou mais vezes na semana. A
figura a seguir apresenta a distribuição de frequências com que são realizadas as viagens
nas embarcações.
A partir dessa pesquisa, foi possível, também, obter o entendimento quanto ao meio de
transporte utilizado pelos usuários de transporte público antes e após a utilização das
embarcações. Como pode-se observar na figura a seguir, foi identificado que 52% dos
usuários chegam ao ponto de embarque a pé e 28% utilizam motocicletas (considerando
condutores e passageiros) para realizar esse primeiro deslocamento. Usuários de carro e
bicicleta representaram 11% e 8%, respectivamente, e apenas 1% chega até esse ponto
utilizando o ônibus.
Após sair das embarcações, no município de destino, a maioria dos usuários (60%) segue
a pé até seu local final; as pessoas que utilizam motocicletas para ir do ponto de
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Foi observado que metade das viagens se destinavam ao centro dos municípios, tanto
Timon, quanto Teresina, e a outra metade se divide em todos os demais bairros. Sendo
assim, no que se refere ao tempo gasto pelos usuários em suas viagens, tem-se que a
maioria é realizada em até 30min (45% das observações). Nota-se, porém uma certa
quantidade deslocamentos que levam mais de 2h para serem concluídos (13%),
referentes àquelas viagens iniciadas e finalizadas em bairros mais distantes. A figura a
seguir mostra mais detalhadamente a distribuição de tempos dessas viagens.
questões bastante classificadas como ‘Ruim’ foram a estrutura dos pontos de espera e o
conforto das embarcações.
As Tarifas, no entanto, são consideradas muito satisfatórias pelo ponto de vista de 85%
dos usuários, que a classificaram como Boa ou Muito Boa. O mesmo ocorreu com o
atendimento dos motoristas, classificados como Bom ou Muito Bom em 91% das
entrevistas. A pontualidade das embarcações e o tempo de espera nos pontos de parada
também foram itens bem avaliados. As Figuras a seguir expõem, respectivamente, as
classificações para as 13 características das embarcações que foram avaliadas na
pesquisa e os principais pontos de reclamação por parte dos usuários.
6% 9% 78% 6%
10% 81% 7% 1%
8% 43% 41% 8%
Pode-se notar, também, como mostra a figura a seguir, que o principal motivo de escolha
desse modo pelos usuários se dá justamente por conta da tarifa e do tempo de viagem,
ambos considerados satisfatórios. Ressalta-se a importância da tarifa deste modo, devido
ao fato de que a maior parte desses usuários se enquadram na faixa de renda de, no
máximo, um salário mínimo.
Nas entrevistas, também foi perguntado a opinião dos usuários das embarcações sobre
um cenário hipotético de aumento nas tarifas para garantir a melhoria em alguns
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Como pode ser observado na figura a seguir, a maioria dos entrevistados respondeu que
estaria disposto a pagar R$1,00 a mais por este serviço. Percebe-se que a velocidade foi o
atributo menos atrativo, reforçando a satisfação dos usuários quanto a este aspecto. Por
outro lado, a segurança e o conforto despertaram maior interesse dos entrevistados,
tendo sido obtidas mais de 75% de respostas positivas para um cenário em cujo aumento
de tarifa resultaria na melhoria desses aspectos.
Além disso, o transporte coletivo também apresenta uma redução de utilização durante os
fins de semana, quando sua porcentagem em relação à quantidade total de viagens passa
de 24% para apenas 16% das viagens.
Outra diferença expressiva aparece quando se analise seu uso em cada classes de renda.
O modo motorizado coletivo apresenta uma utilização muito maior por parte das Classes
C, D e E, como já foi exposto anteriormente. O ônibus urbano apresenta-se como uma
das principais escolhas dessas classes, sendo escolhido mais de 30% das vezes. No
entanto, nota-se principalmente na Classe C, uma redução da utilização desse tipo de
transporte aos fins de semana, quando esse modo é substituído por outros,
principalmente pelos transportes motorizados individuais.
A Figura 6.31 apresenta a frequência com que cada motivo aprece considerando as
viagens feitas de modo motorizado coletivo durante a semana.
Quanto ao tempo de viagem, nota-se que os ônibus foram os que apresentaram maiores
tempos médios, sendo de uma hora para os ônibus urbanos e uma hora e meia para os
ônibus intermunicipais. Sendo assim, esse modo é o que apresenta maior discrepância em
relação à duração média das viagens obtida para o município como um todo (35minutos).
A Figura 6.32 a seguir mostra o histograma da frequência de duração que os ônibus
levam em suas viagens realizadas durante a semana.
No que se refere aos vetores de demanda desse modo, percebe-se, ao analisar a Figura
6.33, que esses modos são bastante demandados para viagens de longa distância, que
percorrem principalmente o eixo norte-sul do município, além das viagens que tem
origem e/ou destino para além da zona urbana de Teresina. Essas viagens são realizadas
principalmente por motivo trabalho e educação. Quem se utiliza do transporte coletivo
para outros fins, tende a permanecer dentro do centro urbano da cidade. Ademais,
também é percebido, dentro do centro urbano da cidade, um perfil radial das viagens,
assim como observado no modo motorizado individual, com a tendência da população de
viajar do centro às regiões mais periféricas e vice-versa.
Figura 6.33. Linhas de desejo do transporte coletivo. Fonte: Elaborado pelo consórcio.
compilado dos dados de bilhetagem do ano de 2019 das 102 linhas que compõem o
sistema. A tarifa das linhas urbanas atualmente é de R$ 4,00 – inteira – e de R$ 1,35 –
meia –, os quais entraram em vigência em 2020.
De acordo com o contrato vigente, o poder público municipal tem o condão de definir qual
tarifa será cobrada na catraca, porém pelas cláusulas do contrato licitatório, tem
obrigação de complementar mensalmente a diferença entre o que será cobrado e o custo
efetivo do sistema.
No total, foram feitas 1.092.969 viagens em 2019, considerando todas as linhas, as quais
transportaram cerca de 64,5 milhões de passageiros no ano. Mensalmente, tem-se um
índice de passageiros por quilômetro (IPK) de 2,39. Conforme mostra a curva de
demanda representada na Figura a seguir, tem-se que os meses de março a junho foram
os mais demandados do ano, somando aproximadamente 17,9 milhões de passageiros
transportados nesses 4 meses. O pico de demanda aconteceu no mês de maio, durante o
qual foram transportados em torno de 6,5 milhões de pessoas.
Figura 6.34. Total de passageiros transportados em 2019 nas linhas de ônibus urbanas, em
Teresina.
Essa queda pode estar associada a uma diversidade de fatores observados em Teresina,
como aumentos na tarifa dos ônibus que não acompanham o nível de renda de seus
usuários; a questão do espraiamento urbano, que pode desestimular usuários que
precisem cruzar distâncias maiores no transporte coletivo; insuficiência no atendimento
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da população pela rede de cobertura do sistema urbano; longos tempos de espera nas
paradas; veículos antigos e/ou desconfortáveis em circulação; dentre outros fatores
apontados como ruins nas pesquisas de opinião, que será discutida mais adiante.
Os veículos que compõem as linhas do sistema urbano de transporte público por ônibus,
em Teresina, estão equipados com tacógrafos, dispositivos empregados em veículos para
monitorar o tempo de uso, a
distância percorrida e a velocidade
que desenvolveu. Além de serem
importantes do ponto de vista
operacional, esses dados podem
fornecer informações que são de
interesse para o planejador de
transportes.
Figura 6.39. Velocidades máximas observadas para cada No geral, observou-se que os
grupo de dados. ônibus urbanos em Teresina
trafegam a uma velocidade média de 18,6 km/h, sendo as linhas que passam pelo
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Em termos de velocidade máxima desenvolvida nos trajetos das linhas analisadas, tem-se
uma média de 56,1 km/h. As maiores velocidades máximas foram desenvolvidas pelas
linhas que passaram pelo Terminal da Bela Vista, na Zona Sul, apesar de ter sido
identificada, também neste grupo, a menor velocidade média. Observou-se, ainda, que os
ônibus que passam pelo Terminal do Itararé foram aqueles com a menor velocidade
máxima, de, em média, 51,6 km/h; todavia, o fato de que essas mesmas linhas
apresentaram uma das maiores velocidades médias indica que estas linhas conseguiram
atingir velocidades mais altas com maior frequência. A Figura 6.39 mostra as velocidades
máximas desenvolvidas pelos veículos pertencentes a cada grupo.
5% 19% 75%
6% 13% 76%
11% 78% 8%
5% 10% 82%
94%
De acordo com o Relatório P-s - Consultas Públicas, 17,59% do total de pessoas que
compareceram ao evento fizeram-se presentes na reunião sobre Transporte Ativo, que foi
considerado como o terceiro mais relevante (16%) dentre as manifestações por tema,
antecedido apenas por Transporte Público Urbano (41%) e Trânsito e Sistema Viário
(20%).
Em relação a toda a matriz modal das viagens realizadas em dias úteis, os pedestres
correspondem a 19% do total de viagens realizadas no município enquanto os ciclistas
correspondem a apenas 5%. Além disso, ao serem consideradas as viagens per capita, foi
chegado a um valor de apenas 13% para pedestres (razão entre total de viagens
realizadas a pé e total de habitantes) e 3% para os ciclistas (razão entre total de viagens
realizadas de bicicleta e total de habitantes.
Aos fins de semana, essa diferença entre ciclistas e pedestres é ainda mais evidente. O
percentual de pedestres é mais expressivo (88%) que o de ciclistas (12%), conforme
demonstra a Figura 7.2. É importante destacar, ainda, que, durante a semana, o uso de
bicicletas compartilhadas é mais comum que no fim de semana. Naquele período, seu uso
representa 6% do total de viagens feitas por bicicleta, enquanto neste esse percentual
representa apenas 4%. Em relação a toda a matriz modal das viagens realizadas apenas
no fim de semana, os pedestres correspondem a 18% do total de viagens realizadas no
município enquanto os ciclistas correspondem a apenas 2%.
A partir das críticas feitas pelos participantes das consultas públicas, entende-se que as
demandas relacionadas ao deslocamento pedonal estão relacionadas, principalmente, à
ausência de guias rebaixadas e sinalização tátil, restringindo a circulação de pessoas com
deficiência motora e visual; e à obstrução das calçadas por automóveis estacionados,
paradas de ônibus e demais elementos de infraestrutura mal posicionados.
7.1. Pedestres
7.1.1. Sistema de Circulação para Pedestres
A calçada é muito mais que apenas uma linha divisória entre espaço público e privado. É
um importante elemento de integração da estrutura urbana da cidade. Como se não
bastasse ser espaço em potencial para encontros sociais, sua existência também integra e
valoriza as diferentes partes da estrutura urbana. Une lotes ao sistema viário e de
transportes, permite o acesso físico às atividades presentes na cidade (morar, trabalhar,
abastecer-se e divertir-se) e aos serviços urbanos (saúde, educação etc.), e muitas das
vezes se constitui em suporte para as redes infra estruturais (distribuição de energia,
abastecimento de água, coleta de resíduos etc.).
Além de ser vinculada ao funcionamento adequado das cidades, dada a sua relação com a
estrutura socioeconômica urbana, a calçada também exerce importante papel na
composição da paisagem urbana. O simples fato de existir, sua dimensão, características
topográficas, condições de uso e tipo de pavimento, por exemplo, são aspectos que, de
forma complexa e flexível, resultam em características que tendem a se refletir na
imagem da cidade e que, desta forma interferem na valorização do solo e influenciam
direta e indiretamente na qualificação da vida urbana (JACOBS, 2000).
Em 2014, foi sancionada a Lei de Calçadas (Lei no 4.522/2014), que regula a construção,
manutenção e conservação de calçadas e passeios públicos de Teresina. Este
disciplinamento é importante porque assegura a circulação no passeio de forma acessível,
autônoma e segura para todas as pessoas. Essa Lei alinha o município às diretrizes da
Política Nacional de Mobilidade Urbana ao priorizar o transporte não motorizado.
Vale ressaltar que, buscando tornar o caminhar mais agradável, amenizando o clima
urbano, a Prefeitura elaborou o Termo de Referência para o Plano Diretor de Arborização
Urbana – PDAU, que tem como objetivo fazer o inventário das árvores da cidade e, em
seguida, traçar as diretrizes de planejamento, produção, implantação, conservação e
administração das árvores públicas. Segundo informações da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente de fevereiro de 2021, o PDAU já está licitado para ser elaborado.
Figura 7.3. Exemplo de desnível de calçada em Teresina. Fonte: Portal O Dia, 2019.
A maior parte das vias levantadas apresenta calçadas com qualidade Média, cerca de
269,4km, que correspondem a 40% do total levantado, seguido por 129,7 km (19%) de
calçadas com qualidade Boa e 89,9 km (13%) de calçadas Ruins.
Foram detectados vários problemas durante a avaliação da qualidade das calçadas que
tiveram predominância de classificações Ruim e Média: ausência de pavimentação,
excesso de desníveis e piso com irregularidades, buracos e outros obstáculos. Tais
problemas dificultam a acessibilidade e a autonomia de mobilidade da população,
sobretudo de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Como exemplo de via com
calçadas com condições ruins de conservação, destaca-se a porção sul da Av. Maranhão.
Por outro lado, nos trechos com Boas condições para o deslocamento de pedestres,
observou-se uma qualidade aceitável para o fluxo de pedestres, com passeios regulares e
conservados. Como exemplo desses trechos com calçadas em bom estado de
conservação, destaca-se a Rua Barroso.
Figura 7.5. Trecho inventariado da Rua Barroso com calçadas em Bom estado de conservação.
As Figuras abaixo indicam o resultado da classificação das calçadas das vias inventariadas
em Teresina, como um todo e na porção urbana da cidade, respectivamente.
Figura 7.6. Mapa de condição das calçadas nas vias inventariadas de Teresina.
Figura 7.7. Mapa de condição das calçadas nas vias inventariadas na zona urbana de Teresina.
A definição das larguras das calçadas foi feita com base na análise visual dos vídeos
registrados, sendo dividida entre calçadas com larguras (i) menores que 1 metro; (ii)
entre 1 e 2 metros; e (iii) maiores que 2 metros; além de (iv) ausência de calçadas.
Os resultados apontaram que a maior parcela dos trechos apresenta calçadas com largura
entre 1 e 2m, o equivalente a 52% da extensão total levantada (cerca de 348,0km),
como indicado no gráfico abaixo.
De acordo com o Art. 8º da Lei de Calçadas de Teresina, as calçadas devem ser providas
de faixa livre, destinada à livre circulação de pessoas, desprovida de obstáculos
permanentes ou temporários, com superfície regular, firme, contínua e antiderrapante sob
qualquer condição, ficando fixada a largura mínima de 1,20 m (um metro e vinte
centímetros) e largura recomendada de 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros).
Figura 7.10. Mapa de largura de calçadas das vias inventariadas na zona urbana de Teresina.
Foram registrados como obstáculos não somente elementos estruturais, como buracos ou
desníveis nas calçadas, mas também elementos de mobiliário urbano – como árvores,
arbustos e outros elementos posicionados de forma incorreta – e depósitos excessivos de
entulhos ou lixo na calçada, que também prejudicam o fluxo de pedestres.
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Figura 7.11. Exemplo de elemento urbano mal posicionado na calçada, em trecho inventariado da
Rua Barroso.
Figura 7.12. Exemplo de elemento urbano mal posicionado na calçada, em trecho inventariado.
Os resultados apontam que 36% dos trechos levantados, o equivalente a 240,5 km, não
possuem obstáculos; praticamente na mesma proporção de trechos (37%, ou 249,6 km),
observou-se a presença de obstáculos que prejudicam o fluxo de pedestres, uma
quantidade expressiva. O gráfico da Figura 7.13 traz os resultados desse levantamento.
Figura 7.15. Presença de obstáculos nas calçadas das vias inventariadas na zona urbana de
Teresina.
Vale ressaltar que em 2019, a 12ª infração mais cometida em Teresina foi o
estacionamento de veículos em passeios, um reflexo de que os condutores da cidade
insistem no hábito de obstruir os espaços reservados para fluxo livre de pedestres. De
acordo com a STRANS, naquele ano, registraram-se 4.268 infrações referentes à
Figura 7.16. Calçada completamente obstruída por automóveis estacionados. Fonte: STRANS,
2020.
c) Travessia de pedestres
A Figura 7.17 apresenta o mapa com todas as observações, tanto na área urbana quando
na área rural, e a Figura 7.18 mostra, mais detalhadamente, a localização das travessias
elevadas na região mais central do município.
Vale ressaltar que o Código de Trânsito Brasileiro estabelece que o pedestre tem sempre
prioridade sobre os demais usuários da via. Além disso, o art. 214 define como infração
de trânsito gravíssima, sujeita à penalidade de multa, deixar de dar preferência ao
pedestre que estiver atravessando a pista na faixa a ele destinada.
Figura 7.19. Travessia convencional com boa qualidade de conservação, em trecho inventariado da
Av. Presidente Wall Ferraz.
Figura 7.20. Travessia convencional com qualidade de conservação média, com falhas na pintura,
em trecho inventariado da Av. Miguel Rosa.
Figura 7.21. Travessia elevada com boa qualidade de conservação em trecho inventariado da Av.
Pedro Freitas.
d) Arborização
De acordo com VARGAS (2015), o conceito de caminhabilidade pode ser traduzido como a
edida em que as características do ambiente urbano favorecem sua utilização para
deslocamentos a pé. O Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento – ITDP
(2018) cita que a caminhabilidade compreende aspectos como as condições e dimensões
das calçadas e cruzamentos, a atratividade e densidade da vizinhança, a percepção de
segurança pública, as condições de segurança viária e quaisquer outras características do
ambiente urbano que tenham influência na motivação para as pessoas andarem com mais
frequência e utilizarem o espaço urbano.
Os indicadores para a obtenção do iCam foram construídos a partir de uma reflexão sobre
características concretas do espaço urbano de uma cidade específica, sendo necessário
sempre avaliar sua aplicação em função do contexto. O detalhamento da metodologia
aplicada pode ser observado no Pg - Relatório de Resultados Finais das Pesquisas e
Levantamentos.
O Índice de Caminhabilidade foi aplicado à Av. Frei Serafim, entre a Av. Antônio Freire e a
Rua Acre, contemplando a análise de 37 segmentos de calçada. A amostra foi definida
junto com a STRANS, devido à sua grande relevância para cidade de Teresina, sob as
óticas histórica, urbanística e de conectividade.
Nas calçadas de paver, dificilmente ocorrem problemas com rachaduras ou, até mesmo,
drenagem, graças aos pequenos espaços que há entre cada peça. E quando surgem esses
tipos de problemas, normalmente é por falhas na instalação. Ao implantar esta
pavimentação, é importante dar atenção especial ao preparo da superfície (deve ser
nivelada e compactada com camadas de areia ou pó de brita de acordo com as
recomendações do fabricante), porém, muitas vezes não ocorre, o que resulta em blocos
que facilmente se desencaixam, comprometendo a regularidade da superfície.
A pavimentação por pedra portuguesa é muito comum nas cidades brasileiras devido a
sua popularidade no paisagismo do século XIX, mas nas últimas décadas tem sido
substituída por outros pavimentos considerados mais estáveis, devido a suas frequentes
irregularidades ocasionadas pelo deslocamento das peças e à falta de aderência de sua
superfície quando molhada, o que pode ocasionar queda de pedestres. Conforme mostra a
Figura 7.27, as calçadas com pedra portuguesa possuem padrões/estampas com
contrastes de cores, que, por vezes, podem causar a impressão de tridimensionalidade,
trazendo insegurança a pessoas com baixa visão ao circularem por estas calçadas.
Em 11% dos segmentos, encontrou-se pavimentação por ladrilhos, que, quando be