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INSTITUTO DE MEDICINA ORIENTAL

Yin Yang e
Os Cinco Elementos
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INTRODUÇÃO

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) possui registros de seu emprego desde


5000 a.C. É denominada tradicional porque, mesmo possuindo um desenvolvimento
contínuo, do tempo histórico e havendo incorporado, sucessivamente as mais recentes
tecnologias da área de saúde, rege-se ainda por seus milenares princípios de ação. O
fundamento básico da Medicina Chinesa apóia-se sobre a existência de duas forças
opostas e complementares, denominadas Yin e Yang. Estes dois princípios são
responsáveis não apenas pela existência de todas as formas de vida como, igualmente, a
manifestação dos demais fenômenos do Universo, sejam eles físicos ou não.
Tais fenômenos dão origem às manifestações da natureza através de seus cinco
elementos fundamentais, que desde a Antigüidade eram os seguintes: madeira, fogo,
terra, metal e água. Existe uma seqüência lógica para a fluência destes cinco elementos
fundamentais, que atende as funções de criação e destruição. Desta forma, na concepção
chinesa, todas as coisas e seres, conforme suas características, podem ser agrupados
em cinco categorias ligadas aos cinco elementos. Este princípio ocupa lugar
preponderante na MTC pela sua íntima correlação com a natureza humana que,
conseqüentemente, está ligada à teoria Yin/Yang.
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2 Yin-Yang

O conceito de Yin-Yang é, provavelmente, o mais importante distintivo da MTC.


Pode-se dizer que toda fisiologia, patologia e tratamento médico chinês podem,
eventualmente, ser reduzido ao Yin-Yang, que representam qualidades opostas, mas
também complementares.
A natureza do conceito Yin-Yang está na observação de uma montanha: ao lado
ensolarado relacionaram o Yang e ao lado escuro o Yin. Daí a Lei Única: “O universo é a
oscilação das duas atividades Yin e Yang e suas manifestações”.
Todo fenômeno, ser vivo, objeto, etc, ocorre a partir da inter-relação constante de
Yin e Yang. Estes dois aspectos antagônicos e complementares de Qi formam um
número infinito de combinações que constituem o Universo, a diversificação da Unidade.
Os chineses dão grande importância a esta oposição, regulando a sua filosofia e
medicina nesta polaridade. O que permite a vida desenrolar-se com boa saúde é o
perfeito acordo com as leis da natureza e o equilíbrio com a polaridade Yin e Yang.
Exemplos dessa polaridade:

- O céu se forma pelo acúmulo de Yang, a terra pelo acúmulo de Yin.


- Yin está sempre calmo, Yang sempre agitado.
- Yang se transforma em energia e Yin cria a vida natural.
- O Sol e as estrelas são Yang. A Lua e os planetas Yin.

Princípios e teoremas sobre Yin e Yang:

1. Todas as coisas são diferentes manifestações da Unidade Infinita.


2. Nada é estático, tudo muda.
3. Todos os antagonismos são complementares.
4. Não há dois entes iguais.
5. Tudo que tem verso tem reverso.
6. Tudo que tem começo tem fim.
7. Quanto maior o verso, maior o reverso.
8. Yin e Yang são os dois pólos da pura expansão infinita.
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9. Yin e Yang surgem continuamente da pura expansão infinita.


10. Yin é centrífugo e Yang centrípeto.
11. Yin atrai Yang. Yang atrai Yin.
12. Yin repele Yin. Yang repele Yang.
13. A força de atração e repulsão entre as coisas é diretamente proporcional
à diferença de seus componentes Yin e Yang.
14. Todo fenômeno é produzido por Yin e Yang em combinações, em
variadas proporções.
15. Todos os fenômenos são efêmeros devido às constantes alterações das
agregações dos componentes Yin e Yang.
16. Nada é exclusivamente Yin ou Yang. Tudo encerra polarizando.
17. Não existe nada neutro. Yin e Yang estão em excesso em qualquer
concorrência.
18. Grande Yin atrai pequeno Yin, grande Yang atrai pequeno Yang.
19. No extremo, Yin produz Yang e Yang produz Yin.
20. Todas as concreções físicas são Yang no centro e Yin na periferia.

FIGURA 1: Caminho Yin-Yang.

Yin e Yang enquanto polaridades são interdependentes, ou seja, além de


complementares, embora opostos formam uma unidade em que um não existe sem o
outro, nada é exclusivamente Yin ou Yang. Todos os fenômenos ou coisas comportam os
dois em diferentes proporções.
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Fases do movimento cíclico e transformação do Yang e do Yin.

Yang Yin
Luminosidade Escuridão
Sol Lua
Brilho Sombra
Atividade Descanso
Céu Terra
Redondo Plano
Tempo Espaço
Leste Oeste
Esquerda Direita
Imaterial Material
Produz energia Produz forma
Geração Crescimento
Energia Matéria
Expansão Contração
Ascendência Descendência
Acima Abaixo
Fogo Água
Superfície Interior
Verão Inverno
Quente Frio
Exteriorização interiorização

Tanto no corpo como um todo, como em cada órgão, o Yin rege as superfícies
internas, regiões inferiores e frente, enquanto Yang controla as superfícies, regiões
superiores e partes posteriores. Deste modo, o corpo humano pode ser Yin ou Yang d
acordo com sai localização e função: as costas, parte superior e o lado direito são Yang; a
região ventral, inferior e esquerda são Yin; e podemos mesclar as regiões classificando-as
como mais ou menos Yin ou Yang.
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Os Canais Energéticos, cujos trajetos acompanham os membros em sua porção


medial são conhecidos como Canais de natureza Yin, enquanto os Canais Yang
percorrem os membros lateralmente.
No âmbito da saúde, aplicações práticas e tratamento Yin e Yang podem ser
resumidos em quatro aspectos de relacionamento.

1. Oposição
Yin e Yang são tanto estágios opostos de um ciclo como estados de agregação. A
oposição é relativa e não absoluta, assim como nada é totalmente Yin ou Yang.
Embora tudo contenha Yin e Yang, nunca haverá uma proporção estatística e sim
um equilíbrio dinâmico e constantemente variável.
Características, sinais e sintomas diversos em termos da oposição Yang e Yin.

Yang Yin
Fogo Água
Quente Frio
Agitação Quietude
Extroversão Introversão
Tensão Relaxamento
Rapidez Lentidão
Secura Umidade
Dureza Maciez
Mudança Conservação
Doença aguda Doença crônica
Sensação de calor Sensação de frio
Corpo ou membros quentes Corpo ou membros frios
Agitação, euforia ou insônia. Letargia, apatia ou sonolência.
Estados maníacos Estados depressivos
Face com rubor e brilhante Face pálida e opaca
Sede e preferência de líquidos frios Ausência de sede e líquidos quentes
Taquipinéia Bradipinéia
Taquicardia Bradicardia
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Constipação Diarréia
Oligúria e urina escura Poliúria e urina muito clara
Fala incessante e alta Fala pouca e fraca

2. Interdependência
Um não pode existir sem o outro. Tudo contém as forças opostas que são
mutuamente exclusivas, mas ao mesmo tempo, dependem uma da outra. Yin é base
material que fornece a capacidade funcional, ou o Yang é a manifestação da
movimentação da matéria. Em relação à Anatomia e Fisiologia Humanas, do ponto de
vista chinês, as estruturas e funções do organismo, abrangendo os Órgãos/Vísceras ou
Sistemas Internos são conseqüências dessa relação interdependente e oposta entre o Yin
e o Yang e, conseqüentemente, as alterações patológicas são, também reflexos de
interdependências, por exemplo, a Deficiência do Yin, causada por perda abundante de
Sangue pode levar a alteração da circulação periférica que é função Yang.
Aspectos gerais, anatômicos e fisiológicos humanos na interação Yang-Yin:

Yang Yin
Fisiologia Anatomia
Função Estrutura
Espírito/ mente (Shen) Corpo
Energia Matéria
Parte superior Parte inferior
Acima da cintura Abaixo da cintura
Cabeça Corpo
Exterior (pele e músculos) Interior (órgãos e ossos)
Superficial Profundo
Superfície anterior ou ventral Superfície posterior ou dorsal
Antero medial Póstero medial
Costas Frente
Órgãos ocos ou Fu Órgãos sólidos ou Zang
Sistema nervoso periférico Sistema nervoso central
S.N. autônomo simpático S.N. autônomo parassimpático
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Qi (energia vital) Shue (sangue)


Jin Ye (fluídos corpóreos) Jing (essência)
Wei Qi (Qi defensivo) Ying Qi (Qi nutritivo)

3. Consumo Mútuo
Yin e Yang estão num estado constante de e4quilíbrio dinâmico que é mantido por
meio de um ajuste contínuo dos níveis relativos do Yin e Yang. Quando estão em
desequilíbrio, afetam-se mutuamente. Este estado de equilíbrio pode surgir de quatro
maneiras possíveis:
 Preponderância (excesso) do Yin.
 Preponderância (excesso) do Yang.
 Debilidade (deficiência) do Yin.
 Debilidade (deficiência) do Yang.

É importante perceber a diferença entre a Preponderância do Yin e a Debilidade do


Yang, que podem parecer semelhantes, mas não são a mesma coisa. É uma questão de
compreender o que é primário e o que é secundário. No caso da Preponderância do Yin,
ela é primária e, como conseqüência, o excesso de Yin consome o Yang. Em casos de
Debilidade do Yang, ela é primária e, como conseqüência, o yin aparenta estar em
excesso, mas na verdade isso ocorre somente em relação à Deficiência do Yang. O
mesmo se aplica à Preponderância do Yang e Deficiência do Yin.
Sucintamente, na Medicina Chinesa, doença é separação ou desequilíbrio
entre Yin e Yang. Tratar significa requilibrar, harmonizar o Yin e o Yang, através dos
seguintes conceitos:

 Ao Yang Excessivo, deve-se diminuí-lo ou sedar o Yang.


 Ao Yin Deficiente, deve-se aumentá-lo ou tonificar o Yin.
 Ao Yang Deficiente, deve-se aumentá-lo ou tonificar o Yang.
 Ao Yin Excessivo, deve-se diminuí-lo ou sedar o Yin.
No primeiro caso, Yang Excessivo, podemos exemplificar em algumas condições
de Calor, em certas doenças infecciosas que apresentam sintomas de febre e
transpiração intensa ou quando uma pessoa tem um acesso de raiva, frente a uma
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frustração afetiva e apresenta comportamento agressivo ou violento. O princípio de


tratamento é primariamente acalmar, dispersar ou sedar o Yang, através de intervenções
nesse sentido.
No segundo caso, Yin Deficiente, as condições dessa Deficiência são geralmente
de natureza crônica. Um indivíduo com estresse de trabalho, e consumido pelos excessos
de emoções, fica irritado, com insônia, pesadelos, gosto amargo na boca. Além de não
procurar tratamento, acrescenta em seus hábitos vida sexual exuberante, então,
apresenta-se com lombalgia, dor nos joelhos, tinido, visão borrada, além dos sintomas
referidos anteriormente, que refletem Deficiência do Yin do Rim e do Fígado. Um outro
exemplo, uma pessoa que fuma cigarro (Yang) durante muitos anos, pode desenvolver
uma série de distúrbios, entre os quais no sistema respiratório, o enfisema pulmonar
(infecção e destruição progressiva dos alvéolos pulmonares). O sujeito pode apresentar
“aparentemente” sintomas de Excesso relativo de Yang, como taquipnéia e taquicardia ou
rápidas freqüências respiratórias ou das batidas do coração, entretanto, tem um aspecto
preponderante de saúde debilitada, pele ressecada, etc. Condições como estas são mais
difíceis de tratar, envolve medidas de Tonificação do Yin, entre as quais, obviamente a
abstinência do fumo, que leva progressivamente ao consumo do Yin.
No terceiro caso, Yang Deficiente, apresenta-se também em situações crônicas ou
quando o Yang no organismo torna-se deficiente. Relembrando o fenômeno da digestão,
uma determinada pessoa, pelas razões das mais diversas, começa a exagerar muito sua
dieta alimentar e tem a vida sedentária (Yin); após algum tempo, torna-se obesa
(Deficiência de Yang), pois a ingestão calórica excessiva debilita a própria função (Yang)
de absorção do sistema digestivo. Tais circunstâncias requisitam a tonificação do Yang,
como a realização de exercícios físicos e modificação da dieta alimentar nesta direção.
Na condição de Yin excessivo, em contraste com o primeiro caso, em geral,
causada pela invasão de Frio ou Vento-Frio no organismo que provoca sintomas de Frio
no organismo, calafrios e tremores intensos, com os membros e corpo frios, mesmo se
agasalhando, não consegue se esquentar. Nessas ocorrências, deve-se, primariamente
dispersar ou sedar o Yin.
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4. Inter-relacionamento do Yin e Yang


Yin e Yang são estáticos, mas transforma-se um no outro. Esta mudança não
ocorre a esmo, mas na forma de determinada, sob condições externas ou internas aos
fenômenos e de acordo com o desenvolvimento intrínseco destes.
“Se estivermos conscientes de como uma coisa se transforma em seu oposto,
poderemos prevenir isto e alcançar o Equilíbrio que é a Essência (Ying) da Medicina
Chinesa”.
“O princípio fundamental da harmonia Yin-Yang é que o Yang Qi deve ser
conservado forte e denso para que o Yin Qi possa permanecer tranqüilo e suave”
(CHUNCAI-Zhou, 1999 – pág. 37).
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3 APLICAÇÃO YIN-YANG NA MTC

A Medicina Chinesa como um todo, (filosofia, patologia, diagnóstico e tratamento),


é baseada na compreensão sobre a aplicação da Teoria do Yin-Yang.

YIN-YANG E A ESTRUTURA CORPÓREA

Cada parte do corpo humano apresenta um caráter preponderantemente Yin ou


Yang, importante na prática clínica, porém, este caráter é somente relativo.
Alguns caracteres como regra geral:

Yang Yin
Superior Inferior
Exterior Interior
Superfície póstero-lateral Superfície ântero-medial
Costas Frente
Função Estrutura

Caracteres específicos:

Yang Yin
Costas – proteção Frente – nutrição
Cabeça –calor, fogo. Corpo – frio, umidade.
Exterior – pele, músculos. Interior – sistemas internos

SISTEMAS YIN-YANG

Uns sistemas pertencem ao Yang e outros ao Yin. Os sistemas Yang transformam,


digerem e excretam substâncias impuras dos alimentos e fluídos.
Os sistemas Yin estocam substâncias puras elaboradas pelos sistemas Yang.
Todo sistema, independente de pertencer ao Yang ou Yin, tem seu aspecto
contrário dentro de si mesmo. Assim, a função do sistema representa seu aspecto Yang e
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a estrutura do sistema (Sangue, Essência ou Fluídos Corpóreos) representam o aspecto


Yin.

YIN-YANG NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Sabemos que a causa fundamental do aparecimento das doenças é o desequilíbrio


Yin-Yang.
Na elaboração do diagnóstico, os aspectos Yin-Yang e todas as características que
distinguem:

Fora Dentro
Frio Yang Calor Yin
Vazio Plenitude

Pulso Yang: Flutuante (Fu)


Forte (Da)
Deslizante (Hua)
Cheio (Shi)

Pulso Yin: Profundo (Chen)


Atrasado (Chi)
Pequeno (Xiao)
Rugoso (Se)
Vazio (Xu)

Regularizar o Yin e o Yang, restaurar o equilíbrio entre elas, são os princípios do


tratamento, que se encontram no Su Wen.
O uso do Yin-Yang permite igualmente uma classificação de medicamentos
conforme a natureza e o valor.
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 Natureza: medicamentos cuja função é conter, fazer descer,


pertencem ao Yin. Os que têm a função de fazer subir e dispersar, pertencem ao
Yang.
 Sabor: acre, doce, sudorífero, insípido e diurético é o Yang. Ácido,
amargo, evacuante, purgativo e salgado é Yin.

Finalmente, é preciso levar em conta o percurso que as energias Yin-Yang


percorrem, fluindo dos meridianos Yin para Yang e de Yang para Yin. Observando o
quadro a seguir, verificaremos que as energias percorrem o corpo por inteiro, seguindo
um trajeto bem definido, do tronco para as mãos, das mãos para a cabeça, da cabeça
para os pés e, finalmente, dos pés para o tronco. O conhecimento deste percurso é
importante para o tratamento na MTC, pois é assim que a energia de m meridiano
influencia e é influenciado pela energia do outro.

FIGURA 2: Caminho dos Meridianos


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4 TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS

Assim como a Teoria do Yin-Yang, a Teoria dos Cinco Elementos também constitui
a base da MTC.
Wu Xing é o termo chinês perpetuado através dos anos. Wu significa “cinco” e Xing
significa “movimento”, “processo”, “ir” ou ainda, “conduta”, “comportamento”.
Durante a História da MTC, a Teoria dos Cinco Elementos teve seis períodos de
ascendência e decadência em diversas dinastias.
Os Cinco Elementos são os constituintes básicos da Natureza, porém, no sentido
da metamorfose dos fenômenos, por eles provocada.
Este esquema de metamorfose só pode partir da Terra, que absorveria as
qualidades de produzir e mudar. Nela estão os Metais, as Águas e a vegetação (Madeira),
que serve de controle à Luz do Sol (Fogo), permitindo que todos exerçam suas funções.
A partir da Teoria dos Cinco Elementos, a MTC passou a observar a Natureza e
procurar nela as causas das patologias, e a partir destas observações criaram os
diferentes padrões de relações.
Citação do SHANG SHU, em MACIOCIA (1996, pág 24):

“Os Cinco Elementos são: Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra. A Água umedece em descendência,
o Fogo chameja em ascendência, a Madeira pode ser dobrada e esticada, o Metal pode ser
moldado e endurecido, a Terra permite a disseminação, o crescimento e a colheita. Aquilo que
absorve e descende (Água) é salgado, o que chameja em ascendência (Fogo) é amargo, o que
pode ser dobrado e esticado (Madeira) é azedo, o que pode ser moldado e enrijecido (Metal) é
picante, o que permite disseminar, crescer e colher (Terra) é doce”.

A partir desta citação pode se relacionar os Cinco Elementos a vários fenômenos


naturais e qualidades a eles inerentes, tais como:

- Cinco movimentos:
Madeira – expansão em todas as direções
Metal – contração (interior)
Água – descendência
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Fogo – ascendência
Terra – estabilidade (neutra)
- Estágios sazonais:
Madeira – primavera (nascimento)
Fogo – verão (crescimento)
Metal – outono (colheita)
Água – inverno (armazenamento)
Terra – estágio anterior a cada estação (transformação)

Segundo ZHANG ZHONG JING, “durante o último período de cada estação, o


Baço (Pi) é forte o suficiente para resistir aos fatores patogênicos” (MACIOCIA, 1996 –
pág 25). Portanto, a Terra pertence a toas as estações, promovendo a estabilidade na
mudança de uma para a outra.

FIGURA 3: Relação dos Cinco Elementos com as “cinco” estações.


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Estas relações, como já foi dito, se estendem as várias qualidades


e mudanças da natureza e, conseqüentemente ao corpo humano (Ver
quadro a seguir).
Meia-
Tempo Manhã Meio-dia Tarde Noite
noite
Direção Leste Sul Centro Oeste Norte
Gosto Azedo Amargo Doce Picante Salgado
NATUREZA

Clima Vento Calor Umidade Secura Frio


Processos de
Nascer Crescer Transformar-se Colher Armazenar
desenvolvimento
Início e fim de
Estação Primavera Verão Outono Inverno
verão
Cor Verde Vermelho Amarelo Branco Preto
Cinco Elementos Árvore Fogo Terra Metal Água
Órgãos Fígado Coração Pâncreas Pulmão Rim
Vesícula Intestino Intestino
Vísceras Estômago Bexiga
biliar delgado grosso
CORPO HUMANO

Sentidos Olhos Língua Boca Nariz Ouvido


Músculos
Tecidos Pulsos Membrana Pele Ossos
(ligamentos)
Emoções Raiva Alegria Preocupação Tristeza Medo
Som Grito Riso Canto Choro Gemido
Movimentos Aperto Suspiro Arroto Tosse Arrepio
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5 A INTER-RELAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS

Observando-se a ligação dos cinco elementos com os movimentos observa-se a


produção mútua destes favorecendo o crescimento respectivo.
Estes movimentos são:
Ciclo SHENG – geração
Ciclo KE – dominação
Ciclo CHENG – agressão
Ciclo WU – contra-dominação
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FIGURA 4: Ciclos de movimentos dos Cinco Elementos

Ciclo da Geração (SHENG)


Neste ciclo cada elemento gera ou produz o elemento subseqüente, promovendo
sua potencialização. Assim a Madeira produz o Fogo, o Fogo produz a Terra, a Terra
produz o Metal, o Metal produz a Água, a Água produz a Madeira. Há geração sucessiva
num círculo ininterrupto.
Neste ciclo há a relação Mãe-Filho. O Elemento que o produz é denominado Mãe e
o que ele produz é denominado Filho.
Assim: - Fortalecendo a Terra, crescerá o Metal;
- Aumentando a Água, molhará a Madeira;
- Ajudando a Terra, controlará a Madeira;
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- Aumentando a Água, apagará o Fogo;


- Auxiliando o Metal controlará a Madeira;
- Ajudando o Fogo, aumentará mais a Terra.
Estes princípios vão servir no diagnóstico e no tratamento das patologias.

Ciclo da Dominação (KE)


Aqui cada elemento inibe ou absorve o Elemento subseqüente, tentando
demonstrar que na Natureza há um controle, um equilíbrio entre os elementos. A
dominância mantém a mudança gerada prejudicando o desenvolvimento e a harmonia.
Segundo o LEI JING TU YI, “Na natureza, a existência e as mudanças não se
podem realizar sem produção e sem restrição. Sem criação nada há que possa crescer e
dar frutos, sem restrição, há desenvolvimento excessivo, o que é nocivo”.(AUTEROCHE,
1992, PAG. 26).
Portanto, é graças a estes dois ciclos que existe o movimento perpétuo.
A lei de dominância pode ser chamada de Vencido-Vencedor.

Ciclo da Agressão (CHENG)


É uma relação anormal de crescimento e transformação. Neste ciclo o elemento
dominante atua tão fortemente que agride o dominado. É a manifestação de uma falta de
coordenação normal na relação entre os Elementos.

Ciclo da contra-dominação (WU)


Neste caso a dominação mútua faz-se em direção contrária. É o reverso do
controle. É uma forma de demonstrar a falta de coordenação normal nas relações entre
elementos.
SU WEN descreve essas relações: “O Qi aumentado invade aquele sobre o qual
prevalece, e ultraja aquele que prevalece sobre ele”. “O Qi insuficiente é oprimido por
aquele que prevalece sobre ele, e é desprezado por aquele sobre o qual prevalece”.
Aquele que ultraja é perverso pelo fato de se revoltar.
Aquele que é ultrajado é perverso pelo fato de que o temor o diminui.
(AUTEROCHE, 1992, Pág. 26).
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Numa relação entre o ciclo da dominação e da contra-agressão podemos


relacionar às cinco emoções.

FIGURA 5: Diagrama das emoções, dos órgãos e dos Cinco Elementos.


Podemos estabelecer um paralelo:
- A raiva prejudica o fígado;
- A tristeza domina a raiva;
- A alegria fere o coração;
- O medo domina a alegria;
- A preocupação fere o baço;
- A raiva domina a preocupação;
- A tristeza fere os pulmões;
- A alegria conquista a tristeza;
- O medo fere os rins;
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- A preocupação neutraliza o medo.

Este paralelo é de grande valia no diagnóstico e tratamento das patologias uma vez
que há relação entre as emoções e as patologias, relacionando inclusive com
características como, cor, cheiro, sabor, alimentação, etc.

6 APLICAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS NO DIAGNÓSTICO E NO


TRATAMENTO

A relação dos Cinco elementos com a fisiologia humana e os fenômenos


patológicos constitui um guia para a elaboração do diagnóstico e do tratamento.
Cada órgão do corpo pertence a um elemento, e graças às propriedades de
cada um pode-se explicar as peculiaridades fisiológicas e a atividade de cada órgão.
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FIGURA 6: Cinco Elementos


Mesmo os órgãos do corpo possuindo funções específicas estão mutuamente
interligados. É uma combinação orgânica admirável que estabelece uma co-relação
fisiológica e uma realização equilibrada das atividades vitais do corpo humano.

Triplo aquecedor
Cinco órgãos Fígado Coração Baço Pulmões Rins
- incluindo baço
Intestino Intestino Triplo aquecedor
Cinco vísceras Vesícula Estômago Bexiga
delgado grosso e três vísceras
Cinco Cinco elementos
Madeira Fogo Terra Metal Água
caracteres da natureza
Filho de Filho de Filho de Filho de
Cinco relações Filho de fogo Relação mútua
água madeira terra metal
Cinco órgãos Olhos Língua Boca e lábios Nariz Ouvidos Órgãos sexuais e
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sensoriais ânus – rins


Nervos e Pulsos e Nutrição dos
Cinco ligações Membranas Pele Osso
ligamentos veias órgãos
Local de
Cinco Vias
Unhas Pêlos Seios Cabelo revelação e
extremidades respiratórias
energias
Cinco Início e fim de Divisão de
Primavera Verão Outono Inverno
estações verão estações
Cor de órgãos ou
Cinco cores Verde Vermelho Amarelo Branco Preto
busca de cores
De Cheiro do corpo e
Cinco cheiros De carne Bom De peixe De podre
queimado hálito
Gostos
Cinco sabores Azedo Amargo Doce Picante Salgado relacionados com
órgãos
Cinco Desgostos dos
Vento Quente Úmido Seco Frio
desgostos órgãos pelo clima
Cinco Demonstração de
Raiva Alegria Preocupação Tristeza Medo
emoções emoções
Variedade de
Cinco espíritos Alma Mente Idéia Espírito Convicção espíritos dos
órgãos
Cinco Secreções do
Lágrima Suor Saliva Coriza nasal Muco
secreções corpo
Mudança de
Cinco
Aperto Depressão Soluço Tosse Arrepio fenômenos nos
fenômenos
órgãos
Cinco vozes Variedade de
Grito Fala Canto Choro Gemido
(sons) vozes do corpo
Cereais
Cinco cereais Aveia Sorgo Painço Arroz Feijão preferidos pelos
órgãos
Folhas de Verduras
Cebolinha
Cinco verduras Nira Mostarda Malva feijão e preferidas pelos
verde
gergelim órgãos
Frutas preferidas
Cinco frutas Pêra Amêndoa Jujuba Pêssego Castanha
pelos órgãos
JONG SUK YUM em Natureza laboratório da Vida:
Funções do fígado e da vesícula biliar

Na Teoria dos Cinco Elementos, o Fígado e Vesícula biliar são considerados


Madeira. Pelo sinergismo, a Água é Mãe e Madeira é Filho. Ao mesmo tempo, Madeira é
Mãe de Fogo. Como Mãe, por seu caráter, controla o antagonismo pelo Metal.
O fígado e a Vesícula controlam os olhos e comandam os nervos e os ligamentos.
Por isso, doenças nos olhos e problemas de nervos, tais como, afrouxamento ou
atrofiamentos, ainda, hipermetropia, miostite, conjuntivite e outras perturbações de ordem
visual, advém das más funções do fígado e da vesícula biliar.
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Na Primavera, o fígado e a vesícula enfraquecem. Sua cor preferida é o verde.


Quando suas atividades são atingidas, o rosto mostra um leve halo esverdeado, assim
como o corpo. Mas comendo produto de cor verde as funções melhoram e a cor
desaparece.
Entre os cinco sabores, o azedo é-lhes preferido. No entanto, o excesso ou a falta
lhe é igualmente prejudicial.
Se o fígado e a vesícula estiverem em desequilíbrio funcional, a pessoa não
suporta o vento e, ainda, mostra-se facilmente zangada e irritada (emoções).
Convulsões infantis ou histeria em adultos originam-se da falta ou da excessiva
função do fígado e da vesícula.
Dentre as cinco secreções, a lágrima é denotativa das disfunções dos órgãos em
menção. As lágrimas podem surgir várias circunstâncias, tais como: sob o efeito do vento,
do calor, de episódios tristes e outros.
Ainda em conseqüência das disfunções dos órgãos aqui mencionados, o indivíduo
gosta de fazer provocações e chamamentos com voz gritada. Retém as pessoas pela
mão; pega roupas ou até dinheiro.
Doenças do fígado e vesícula, como câncer ou cirrose hepática, podem,
inconscientemente, denotar problemas de ordem financeira.
Para tratar o fígado e a vesícula, deve-se estimular as relações de sinergismo e
antagonismo e evitar a subjugação de outros quaisquer órgãos. Outrossim, deve-se
aplicar medicamentos ou dietas cujos efeitos, conduzidos pelos meridianos do fígado e da
vesícula, possam restituir-lhes boas qualidades funcionais.
Funções do coração e do Intestino Delgado

O coração e o intestino delgado, na Teoria dos cinco Elementos, são considerados


Fogo. A relação existente entre Fogo e Madeira é relação “Filho-Mãe” e é controlada pela
Água (apaga Fogo). Tem como característica e função própria controlar o antagonismo do
Metal.
Madeira criar Fogo e Fogo gerar Metal é normal. São relações sinérgicas normais,
tal como a relação fisiológica (saúde); mas Fogo queimar Madeira, Terra cobrir Fogo e
Fogo esquentar Água é subjugação, ou seja, destruição. O fato provoca um fenômeno
patológico (doença).
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O coração e o intestino delgado controlam a língua. Conseqüentemente, qualquer


tipo de doença na língua demonstra funções anormais no coração e no intestino delgado.
Sob o efeito da emoção, o sabor (gosto) toma conotações diversas.
Entre as cinco vozes, (sons), a fala relaciona-se com a língua. Tanto mudez como
afonia podem estar relacionadas com disfunções do coração e intestino delgado.
É congênita a causa que leva um, a criança retardar a fala. Certamente, a mãe,
durante a gravidez, sofreu prisão de ventre grave, ocasionando fenômenos patológicos. O
Metal (intestino) subjugou o Fogo (coração).
Quem tem o intestino delgado fraco não gosta de falar. A maioria das pessoas que
apresenta esse fenômeno é magra e sofre de diarréia, porque o intestino delgado não
está processando a absorção da nutrição.
Câncer na língua significa câncer no intestino delgado, porque é raro que ocorra
câncer neste órgão. O intestino delgado está interligado com a língua.
Veias e pulsos se relacionam com o intestino delgado e o coração. As más funções
desses órgãos atribuem-se a causa da hipotensão e hipertensão arterial, da
arteriosclerose, da pleurite, etc.
O intestino delgado e o coração têm relação Yin e Yang, formando um par.
No verão tais órgãos enfraquecem. Eles não toleram o calor (comida e banhos
quentes), mas suportam bem o frio.
Rubor na face demonstra más funções do coração e do intestino. Contudo,
ingerindo alimentos de cor vermelha e melhorando suas funções, o rubor desaparece.
O sabor amargo é-lhes preferido. O amargo é um sabor que auxilia a absorção.
Abusar do sabor doce é provocar doenças cardíacas e hipertensão arterial. Para o caso,
uma boa dieta consistirá em diminuir o consumo do sabor doce e aumentar o uso do
sabor amargo.
Na Teoria dos cinco Elementos, Fogo (coração e intestino delgado) deve colaborar
com Terra (baço e estômago). É relação natural sinérgica (fisiológica). Porém, pelo doce,
Terra fortalece (baço pâncreas e estômago), mas subjuga sua Mãe, o Fogo. Quer dizer, a
Terra domina o fogo e provoca relação patológica.
Quando ocorrem febres ou infecções, ingerindo-se doces ou calorias, provoca-se o
fenômeno de subjugação do fogo pela Terra. Isto também agrava o fenômeno patológico.
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No entanto, se o sabor doce for preferido, ou seja, se adicionarmos febre ao corpo,


equivale a seguir a teoria de o fogo apagar o fogo.
Tentar eliminar a febre, esfriando o corpo com álcool é normal, porque Água apaga
o fogo. Mas deve-se considerar que, se Água tem a capacidade de gerar Madeira e se
Madeira ajuda Fogo, então não tem capacidade de produzir efeito definitivo porque é algo
contraditório. No caso o álcool pode apenas amenizar, mas não solucionar a situação.
A febre faz perder o apetite. No entanto, se for ingerido algo de sabor amargo, o
apetite aumenta, porque tal sabor colabora com o estômago, isto é, com o elemento
Terra. Ao mesmo tempo, a evacuação será facilitada, já que o fogo controla Metal.
Enfraquecer a força do Metal significa evitar que ele subjugue o fogo.
Por outras palavras se houver acúmulo de fezes e forças anormais no intestino,
estaremos indo contra a Mãe Terra que subjugará o fogo. Então a febre tornar-se-á
persistente.
Dentre as cinco secreções o suor relaciona-se com o coração e intestino delgado.
A peculiaridade de quem sofre de tais órgãos é a transpiração exagerada nos pés, nas
mãos, nas axilas e na testa.
Para tratar as várias doenças do coração e do intestino delgado recomenda-se
observar no quadro da Teoria dos Cinco elementos, estimular o sinergismo e
antagonismo, e evitar a subjugação de outros órgãos. Para tanto é necessário tomar
medicamentos que possuam característica, sabor e cor condizentes com tais órgãos e
seus respectivos meridianos.

Funções do Baço-Pâncreas e do Estômago


Na Teoria dos cinco elementos o pâncreas e o estômago são considerados Terra.
A relação entre terra e Fogo é de Filho e Mãe sob controle da Madeira. A Terra tem como
característica e função controlar o antagonismo da Água.
Terra criar Metal e Metal gerar Água é normal e tem relação de sinergismo. É
também relação fisiológica normal (saúde). Mas terra dominar fogo e Água dominar Terra
é subjugação (dar-se-ia enchente) e provoca fenômeno patológico (doença).
Entre os cinco órgãos sensoriais, a boca e os lábios são controlados pelo pâncreas
e estômago.
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Portanto, herpes, aftas, cor dos lábios, lábios secos como na diabete, halitose, etc.
provém das más funções do pâncreas e do estômago.
O meridiano do estômago circula pelos lábios e pela boca. O ramal colateral do
meridiano do coração passa na raiz da língua.
Entre estômago e Pâncreas há relação Yin e Yang.
Entre as cinco ligações, as membranas são dominadas pelo pâncreas e pelo
estômago. Por tal razão, problemas com membranas tais como, inflamação na boca,
amidalite, asma, bronquite, problemas nos olhos, uterite, etc. estão intimamente ligados
às más funções daqueles órgãos.
O pâncreas e o estômago são os maiores órgãos constituídos por membranas. Se
considerarmos bem isso, entenderemos a razão de a comida ser tão importante par ao
corpo.
Entre as cinco emoções e as cinco fontes espirituais, o pâncreas e o estômago
controlam o pensamento e as idéias. Por isso, de acordo com as emoções aumenta e
diminui o apetite e a quantidade ou a qualidade do aleitamento materno.
A cor amarela é preferida por tais órgãos e o sabor doce com eles se relaciona.
O excesso de doce enfraquece o pâncreas e o estômago. Diabete e úlceras são
demonstrações conseqüentes. Na mulher, o doce excessivo impede o desenvolvimento
dos seios. Caso de desenvolverem, torna-se flácido. A mãe que abusa do doce no
puerpério terá menos leite e de qualidade inferior. Deve-se observar que os meridianos do
pâncreas e do estômago circulam nos seios.
Entre os cinco desgostos e as cinco secreções, a umidade e a salivação, o enjôo, a
degustação e o soluço são demonstrações do estado funcional do estômago e pâncreas.
Para o tratamento de várias doenças do pâncreas e do estômago, observar o
quadro da Teoria dos Cinco elementos e as funções dos órgãos internos; estimular
também o sinergismo e o antagonismo e evitar a subjugação dos demais órgãos. Por
isso, deve-se escolher medicamentos que tenham características, sabor e cor
condizentes com tais órgãos e respectivos meridianos.

Funções dos Pulmões e do Intestino Grosso


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Na Teoria dos Cinco elementos os pulmões e o intestino grosso são considerados


Metal. A relação entre Metal e Terra é de Filho e Mãe, controlada pelo fogo. Tem
característica e função de controlar o antagonismo da Madeira.
Metal criar Água e Água criar ‘Madeira é normal em sua relação de sinergismo. É
norma também como relação fisiológica (saúde); mas Metal dominar Terra e Madeira
dominar Metal é subjugação, ou seja, um desastre, e provoca fenômeno patológico
(doença).
Por outras palavras, a função satisfatória ou insatisfatória que o Metal apresenta
depende da função da Terra.
Se o Metal enfraquecer, sua função será totalmente controlada pelo Fogo
(coração); mas, se for provocado o desgaste do fogo (coração), não poderá colaborar
com Água (rins) e dificilmente controlará Madeira (fígado).
Se o Metal tiver função excessiva (intestino delgado e pulmões), para manter a
autodefesa, subjuga a Mãe Terra (pâncreas e est6omago) e volta-se contra fogo, na
perspectiva de proteger a Mãe Terra. Assim, cada um dos Cinco Elementos possui
relação própria e triangular.
Entre os cinco órgãos, o nariz, entre as cinco ligações, apele, entre as cinco
secreções, a coriza nasal e entre os cinco fenômenos, a tosse, todos sofrem a influência
da boa ou má função dos pulmões e do intestino grosso. Deles também depende,
fisiologicamente falando, a secreção de impurezas.
As impurezas do corpo humano se apresentam sob estado sólido, líquido e gasoso.
As impurezas sólidas são eliminadas pelas fezes, as líquidas pela urina (bexiga), pela
pele (suor) ou pelo nariz (coriza nasal); as gasosas pelo nariz, pela troca de gases e pela
respiração da pele.
Observando-se a pele, o nariz e o fenômeno da tosse poder-se-á estabelecer a
relação que há entre eles e os pulmões ou o intestino grosso.
A pele espelha os órgãos internos. As anormalidades dos órgãos internos,
especialmente dos pulmões e intestino grosso, manifestam-se através da pele e sobre
vários sintomas.
As doenças da pele são inúmeras, mas têm uma causa só: a normalidade das
funções dos pulmões e do intestino grosso.
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O outono é uma estação pouco favorável aos pulmões e intestino grosso. A cor
branca e os sabores picante e ardente lhes são preferidos. Os sabores mencionados são
excitantes e apresentam efeito antibiótico na estimulação do movimento peristáltico dos
intestinos. Evitam a proliferação de vírus e bactérias nos intestinos e pulmões.
Os pulmões são os órgãos mais limpos do corpo. Para que os pulmões mantenham
tal estado de limpeza e possam distribuir oxigênio ao corpo inteiro, é necessário fazer uso
dos sabores picantes ou ardentes.
Para manter a saúde e prevenir ou tratar doenças, a função do intestino é
importantíssima. Diz um provérbio: “Fezes ressequidas provocam mil doenças”. outro diz:
“Não há doenças com intestino limpo.”
Pulmões e intestino apresentam relação Yin e Yang, interna e externa.
Para o tratamento das diversas doenças dos pulmões e intestino grosso, observar
o quadro dos Cinco elementos, estimular também as relações sinérgicas e antagônicas e
evitar a subjugação dos demais órgãos. Na escolha de medicamentos, observar sempre
as características, sabor e cor condizentes com os órgãos em questão e seus respectivos
meridianos.

Funções dos rins e da bexiga

Na Teoria dos cinco elementos, os rins e a bexiga são considerados Água. A


relação existente entre Água e Metal é de Filho-Mãe, sendo controlada pela Terra. Tem a
característica e a função própria de controlar o antagonismo do Fogo.
Água gera Madeira e Madeira gera Fogo. É relação sinérgica e normal, se
considerada como relação fisiológica (saúde). Mas, se Água conseguir dominar Metal e se
Fogo conseguir ferver a Água, essa perderá seu valor. Assim a vida desapareceria. É
exemplo de fenômeno patológico (doença).
Portanto, a função dos rins e da bexiga depende dos pulmões e do intestino grosso
(Metal). Sem Água é difícil também que a Madeira cresça (fígado e vesícula).
O fígado é a fábrica química do corpo humano e Água é-lhe essencial. É
necessário evitar a contaminação de impurezas oriundas do Metal (pulmões e intestino
grosso).
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Entre os cinco órgãos sensoriais, o ouvido sofre as boas ou más influências dos
rins e da bexiga. Portanto, além de outras causas externas, as más funções dos rins e da
bexiga provocam deficiências de audição. Em pessoas idosas, a dificuldade de audição,
por exemplo, é devida ao enfraquecimento dos rins e da bexiga. Em particular, a
intoxicação medicamentosa e o uso excessivo de medicamentos provocam zumbidos e
dificuldades de audição.
Quando uma pessoa jovem, sem uma razão maior, apresenta dificuldades de
audição, pode-se dizer que a causa é a mesma, ou seja, a intoxicação por medicamentos
com conseqüente afetação das funções dos rins e da bexiga.
Sexo praticado excessivamente origina zumbidos nos ouvidos. Impotência sexual e
doenças ginecológicas também partem de disfunções renais ou de bexiga.
Entre as cinco ligações, os ossos sofrem a boa ou má influência dos rins e da
bexiga. Doenças de ossos, tais como mieloma (tumor formado por células da medula
óssea), mielite, periosteite (inflamação do periósteo) e osteoporose (aumento anormal da
porosidade dos ossos) etc. relacionam-se com as funções dos rins e da bexiga.
Entre as cinco cores e sabores; a cor preta e o sabor salgado são preferidos pelos
órgãos em questão.
Os rins e a bexiga filtram e excretam impurezas.
Sob o ponto de vista da Medicina oriental, os rins são importantes porque
armazenam a Essência, a energia ancestral que, no dizer de Ted Kaptchuk, é “a
substância mais diretamente associada à vida em si; é a fonte da vida e do
desenvolvimento individual”.
Alimentos de cor preta, tais como feijão e gergelim preto (a maior parte das
sementes é de cor preta) são, de modo especial, indicados para os órgãos genitais.
Hemorragias estancam se nelas colocarmos qualquer coisa preta. Quando
ocorrerem hemorragias internas, convém ingerir substâncias de cor preta ou ingerir cinza.
Sal ou substância salgada acalmam a dor das queimaduras. Usa-se aqui o mesmo
princípio da Teoria dos Cinco Elementos, ou seja, Água apaga o fogo.
Os cinco sabores e as cinco cores são muito importantes para a fisiologia (saúde).
Infelizmente, no preparo de alimentos, não raro são aquecidos. Na nutrição não se deve
observar somente o uso adequado de calorias ou proteínas. Os cinco sabores, as cinco
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cores e os cinco caracteres são princípios de nutrição que, bem observados, contribuem
para o fortalecimento dos órgãos do corpo e para a lucidez da mente.
Entre as cinco emoções, o medo denota o mau estado dos rins e da bexiga. O
cachorro, quando assustado, urina. No homem, o fato se repete.
Disfunções da bexiga ou disfunções renais provocam medo e falta de coragem.
Tais emoções, por sua vez, prejudicam os órgãos mencionados.
Para o tratamento das várias doenças dos rins e da bexiga convém observa o
diagrama dos Cinco elementos. Estimular também as relações de sinergismo e
antagonismo e evitar a subjugação de outros órgãos.
Para tanto se deve usar medicamentos que tenham caráter, cor e sabor
condizentes com os órgãos em questão e seus respectivos meridianos.
Na Natureza nada é absoluto, conforme somos inclinados a pensar. Assim como
não existem estratégias de guerra absolutas, também nada há de absolutamente
definitivo na Medicina.
No Oriente, embora computadorizados, os diagnósticos de tratamentos com base
na Teoria dos Cinco elementos e funções dos órgãos internos não apresentam certeza
absoluta. Isso ocorre porque os homens desconhecem a natureza e sua plenitude.
A Teoria dos cinco elementos é respeitada porque é a soma de experiências feitas
pelos ancestrais durante quatro mil anos.
Embora se possa encontrar o verdadeiro caminho da saúde, temos que admitir que
a Ciência ainda não o descobriu inteiramente.

7. CONCLUSÃO

Conforme podemos observar a natureza mantém regras e ordens próprias, mas


nada é absoluto.
No tratamento de Deficiências e na recuperação da saúde, o não absolutismo deve
ser observado já que o vento, o calor, a umidade, a secura ou o frio, bem como os vários
períodos do dia atuam de formas diferentes sobre o organismo.
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Todas as características da natureza e individuais sofrem processos e as tornam


únicas e, portanto, devem ser assim consideradas. Não se podem generalizar as
patologias para indicar o tratamento.
Finalmente, concluindo o estudo sobre as Teorias do Yin e Yang e dos Cinco
Elementos nota-se que Yin-Yang explica o desenvolvimento e a transformação de todos
os aspectos e fenômenos da natureza a partir de dos princípios fundamentais, enquanto a
Teoria dos Cinco Elementos explica as propriedades dos objetos e as relações entre eles.
Na prática da MTC não é possível separar as duas teorias, pois uma leva a outra
no momento do diagnóstico e na prescrição do tratamento.
JONG SUK; Na natureza nada falta. O Homem é o grande incompleto. Não é
puramente através da observação microscópica que completaremos nosso
conhecimento.Talvez seja melhor fechar os olhos e meditar. É necessário criar
capacidade para meditar. Quem, em observações microscópicas, tem a capacidade de
fechar o olho, deve também ter a capacidade de meditar.(YUM, 1992, pág. 458).

BIBLIOGRAFIA:

1. MACIOCIA, Giovani. Os fundamentos da Medicina Chinesa: Um texto


abrangente para acupunturistas e fisioterapeutas. São Paulo: Editora Roca, 1996.
2. MARTINS, Edenéa Iara Souza. Do-In, shiatsu e acupuntura: Uma visão
chinesa do toque terapêutico/ Edenéa Iara Souza Martins-Luiz Bernardo Leonelli. São
32

Paulo: Editora roca, 1998.


3. MERCATI, Maria. Tui-Ná: massagem para estimular o corpo e a mente. São
Paulo: Editora Manole, 1992.
4. AUSTREGÉSILO, Armando s.b. Curso de massagem oriental: A linguagem
do tato. Rio de Janeiro; Editora Ediouro, 1998.
5. AUTEROCHE, B. O diagnóstico na Medicina Chinesa/ B. Auteroche – P.
Navailh. São Paulo: Editora Organização Andrei, 1992.
6. YUM, Jong Suk. Natureza: Laboratório da vida. Porto Alegre: Editora Pallotti,
1992.
7. CHUNCAI, Zhou. Clássico de Medicina do Imperador Amarelo: Tratado
sobre a saúde e vida Longa. São Paulo: Editora roca, 1999.
8. WONG, Ming. Ling-Shu: Base da Acupuntura Tradicional chinês. São Paulo:
Editora Organização Andrei, 1995.

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