Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por último, a nostalgia de um estado inocente em que o “eu” ainda não se tinha
desejo sem esperança: “O que me dói não é/O que há no coração/Mas essas coisas
“Outros terão/um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo,/A inteira, negra e fria
solidão/Está comigo.”
Oh, o passado morto que eu trago comigo e nunca esteve senão comigo! As
flores do jardim da pequena casa de campo e que nunca existiu senão para mim. As
viligiaturas supostas, os meus passeios por um campo que nunca existiu! As árvores de
à beira da estrada, os atalhos, as pedras, os camponeses que passaram... tudo isto, que
nunca passou de um sonho, está guardado em minha memória a fazer de dor e eu, que
passei horas a sonhá-los, passo horas depois a recordar tê-los sonhado e é, na verdade,
saudade que eu tenho, um passado que eu choro, uma vida real morta que fito, solene,
no seu caixão.
1
“(...) opera-se com frequência no “tempo interno” do Poeta uma inversão de
Alfredo Antunes
Pesa-me como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho
esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje – tantas
vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara -, que posso presumir da minha vida
de amanhã, senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de
fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre
com o desejo inútil de o repetir. nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O
Tudo é ilusão
todas as forças do seu espírito, a aceitar o mundo tal como as suas percepções lho
interroga para satisfazer de certeza uma razão exigente. Toda a sua obra exprime a