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Violent Offenders; Quinsey; Harris; Rice; Cormier; 1998; American Psychological

Association; Washington DC
Incendiários

Fogo posto é um grave problema ao nível mundial. Quer seja vivido no


Canadá ou nos Estados Unidos da América ambos têm severos problemas
per capita ao nível do fogo posto (Geller, 1992a).
O crime de fogo posto, apresenta uma baixa taxa de apreensão
comparativamente com outros crimes (Boudreau, Kwan, Faragher, Denault,
1977).
O incêndio como lucro, inclui a fraude à seguradora, o lucro, a
bancarrota e outras actividades fraudulentas, perfazem apenas, metade dos
danos contra a propriedade nos Estados Unidos (Geller, 1992a). A maioria
das ofensas cometidas pelos incendiários é feita com o objectivo de esconder
outros crimes. O trabalho dos criminosos profissionais raramente chama a
atenção dos profissionais de saúde mental. Contudo um número significativo
de incendiários ateia fogos por razões que têm pouco ou nada a haver com
ganhos monetários, no entanto, são muitas vezes tipificados como sofrendo
de desordens mentais.

Ponto de Vista Histórico

Segundo Geller (1992 b), o fogo posto é considerado como uma


desordem mental desde o início do século XIX.
Esquirol (1845/1965) usou os termos monomania e pirómania para
caracterizar os impulsos dos incendiários que ocorrem sem qualquer razão.
Desde os primórdios que os escritores alemães consideram patológico os
incendiários, especialmente comum entre raparigas adolescentes (Geller,
1992b).
Na última metade do século XIX nos Estados Unidos, ocorreu o debate
acerca do status dos pirómanos e as especificidades das suas desordens
mentais. (Geller, Erlen & Pinkus, 1986). Algumas autoridades concordam
com a visão Europeia, em que a pirómania é considerada uma desordem
específica, contudo outros autores argumentam que não é mais do que uma
etiqueta psiquiátrica usada frequentemente para crimes de menor
envergadura (importância).

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A literatura de grande parte do século XX, acerca dos incendiários, é
dominada por psicodinâmicas clínicas, onde o termo piromania é associado a
uma desordem específica.
Stekel (1924) acreditava que a piromania tinha um cariz sexual, ou
seja, era usada como evidência às reivindicações de estudos realizados
previamente, em que os indivíduos despertavam para uma sexualidade não
gratificante, levando-os a cometerem estes actos. Este autor indica
igualmente que “O facto de muitos dos pirómanos, sofrerem de incontinência
urinária”. Freud (1932) formulou a psicodinâmica dos incendiários centrando-
a no desvio sexual, impelidos pelo seu estado de desenvolvimento como a
fixação ou a regressão fálica-uretal.
Simmel (1949) descreveu um caso com detalhe considerável.
Descreveu o acto de incendiar como, uma tentativa não consciente para
descobrir uma gratificação substituta para despertar (acordar) e reprimir o
impulso da masturbação infantil. Reprimindo o impulso genital da libido, o
impulso regressou ao nível do auto-eurotísmo uretal infantil. London & Caprio
(1950) associaram enurese à piromania, estes apresentaram um caso
histórico em que conciliaram os indivíduos sádicos e os que têm tendências
homossexuais, estando associados aos incendiários.
Schmideberg (1953), segue a linha de pensamento do autor anterior,
associando os comportamentos sexuais anómalos e as tendências sádicas
aos incendiários.
Fenichel (1945) e Reinhardt (1957), reforçaram as mesmas ideias dos
autores referidos.
Grinstein (1952), discutiu os temos da masturbação e do prazer
homossexual, inseridos nos incendiários, sugerindo que a componente oral e
anal estariam envolvidos no acto incendiário. Kaufman, Heims e Reiser
(1961) argumentam que as dificuldades básicas da fase oral do
desenvolvimento, estavam mais envolvidos com a psicodinâmica do
incendiário do que se pensara até então. Gold (1962) concluiu que na base
do incendiário, estaria a sua personalidade, bem como os distúrbios sexuais
e urinários. Macht e Mach (1968) reportam para quatro casos históricos de
incendiários adolescentes, na qual se enfatiza a componente sexual do seu
comportamento.

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Scoot (1978) salienta que o fogo para estes indivíduos funciona com
uma gratificação a nível sexual e que o fetiche da observação do fogo
equipara-se ao da masturbação. Mavromatis e Lion ( 1977) reviram a
literatura sobre piromania, concluindo que esta suporta-se em interpretações
psicodinâmicas com símbologia sexual, como a masturbação, a disfunção
sexual e a enurese. Macdonald (1977) descreveu que a maioria dos
piromanos, mulheres e homens obtêm excitação sexual enquanto observam
as chamas, alguns masturbam-se durante o incêndio/fogo. A obsessão por
literatura obscena ou por roupa interior de mulher, pode servir de indicador
clínico, bem como uma associação entre a psicopatologia sexual e os actos
incendiários.
Barracato (1979) estudou casos em que os piromanos exibem severos
comportamentos fora padrão normal/comum. Estes indivíduos ateiam sem
que apresentem razões plausíveis para tal comportamento, contudo alguns
estudos indicam-nos que estes obtêm uma gratificação sexual quando ateiam
(incêndios) e que a maioria dos pirómanos têm um historial de eunerese.
Estes indivíduos na sua infância são extremamente cruéis para com os
animais. Na base da literatura sobre psiquiatria, os investigadores que se
dedicam a esta temática, acompanharam e escoltaram os incendiários
suspeitos enquanto estes estavam na casa de banho porque urinar é uma
forma psicológica de obter gratificação sexual para o pirómano tornando-se
impossível para ele poder urinar na frente de uma outra pessoa.
Contudo o debate sobre o termo da piromania persiste (e.g. Geller et
al., 1986; Robbins & Robbins, 1967) o conceito continua a ter impacto na
psiquiatria contemporânea.

Estudos Empíricos: Características do Incendiário


Lewis e Yarnell (1951) desenvolveram o primeiro grande estudo
empírico sobre fogo posto. Os autores em cima referidos estudaram as
características de mais de 1.500 incendiários, 1.145 dos quais eram homens.
Segundo este estudo os incendiários masculinos comparativamente com os
femininos apresentam uma proporção é de 6 para 1. Estes autores
concluíram que apenas 40 ou 3,5% dos 1.145 homens incendiários tiveram

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uma motivação sexual para o seu acto. Os mesmos classificaram que
metade da amostra seria pirómana.
Lewis e Yarnell concluíram ainda que os factores urinários estiveram
em larga escala associados ao acto incendiário. Assim mesmo que os seus
dados não suportasse muitas das explicações psicodinâmicas do acto este
pouco veio alterar. Os mesmos autores já mencionados tiveram sérias
limitações porque numa primeira fase porque a amostra nem era aleatória
nem estava completa.
Os incendiários utilizado neste estudo foram escolhidos dos ficheiros
do National Board of Underwrites (trazidos pelos investigadores de incêndios
e pelas instituições psiquiátricas). Os dados não tiveram fidelidade, ao nível
metodológico, sendo as irregularidade suavizadas pela amostra obtida.
Muitas das conclusões retiradas deste estudo foram posteriormente
replicadas.
O autor Oak Ridge desenvolveu 4 estudos usando amostras de
controlo, comparou-as com amostras de indivíduos incendiários (Bradford,
1982; Hill et al, 1982; Hurley & Monahan, 1969; McKetracher & Dacre, 1966).
O número de incendiários utilizados em dois estudos era insuficientemente,
variando de 30 (McKetracher & Dacre, 1966) a 50 (Hurley e Monahan, 1969),
levando a que estes estudos não fossem inteiramente consistentes quer ao
nível da motivação sexual psicodinâmica bem como ao nível da enurese.
McKerracher e Dacre (1966) estudaram 30 homens incendiários
admitidos num hospital britânico de alta segurança e compararam-nos a 147
pacientes admitidos no hospital por outros motivos. Hurley e Monahan (1969)
estudaram 50 incendiários masculinos reclusos numa prisão psiquiátrica
britânica e compararam-nos de forma aleatória com 100 indivíduos que
estavam dentro da instituição por outras razões.
Bradford (1982) estudou 26 homens e 8 mulheres, considerados como
incendiários os quais foram avaliados psiquiatricamente e posteriormente
comparados com a um grupo de controlo composto por 50 indivíduos. Hill et
al (1982) estudaram também 38 incendiários e comparam-nos a 30 homens
invasores de propriedade e a 24 homens acusados de terem cometido crimes
violentos. Bradford foi o único autor que abordou sobre esta temática não

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encontrando diferenças entre os que tinham problemas de eunerese e a
ausência de controlo para o acto.
Hurley; Monahan; Bradford e Hill et al observaram a motivação sexual
para o acto incendiário, acabaram por descobrir que de 0% (Bradford et al) a
8% (Hill et al) do fogo posto, tinha como finalidade a gratificação sexual.
Nestes estudos existiam certas dúvidas quanto ao conceito de piromania.
Bradford no seu estudo só reportou um único caso. Por outro lado em
estudos desenvolvidos por Hurley e Monahan e por Hill et al com valores de
20% e 42% respectivamente, os incendiários não apresentavam qualquer
motivação para o acto. Outros autores por sua vez não utilizaram no grupo de
controlo, indivíduos não incendiários. Na generalidade estes estudos
confirmaram que a motivação sexual era rara ou nula bem como a piromania
(Geller, Erlen, & Pinkus, 1986). Outro tópico facilmente encontrado em
diversos estudos empíricos sobre a temática, foi a elevada percentagem
cometida por vingança. Os alvos destes indivíduos são muitas vezes os
empregadores, esposos, os proprietários de terrenos, pais, parentes e
amigos do incendiário.
Rice & Harris, em 1991 estudaram 243 incendiários masculinos
compararam-nos com 100 homens utilizados no estudo de Oak Ridge. Os
primeiros autores concluíram que os incendiários de uma forma geral era
mais novos (com uma média de idade de 29 anos) tinham um baixo QI,
sendo a média de 93% comparativamente com 99 % do grupo de controlo)
eram fisicamente pouco atractivos e viviam mais isolados com menos
passatempos e interesses sociais, exibiam com mais dificuldade
comportamento fisicamente agressivo. Não surpreendentemente tiveram
diversos exemplos de acto incendiário nas suas famílias e possivelmente
tiveram interesse pelo fogo desde crianças. Segundo os estudos
anteriormente mencionados, não existia qualquer diferença significativa entre
os dois grupos examinados ao nível da história educacional, ocupacional,
sócio-económica ou ao nível do consumo de estupefacientes. A frequência
da “tríade de infância” com o acto incendiário, com a cama molhada/enurese
e com a crueldade para com os animais era muito baixa em ambos os grupos
não se destacando entre os incendiários. Os autores utilizaram análises
discriminantes para determinarem como uma combinação de variáveis de

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modo a descriminarem dois grupos. Concluíram que utilizando uma
combinação de variáveis, os dois grupos poderiam ser diferenciados com um
grau de elevada exatidão (r=66), confirmando que os incendiários que sofrem
de perturbações mentais, apresentam um relato clínico completamente
diferente daquele que é apresentado por ofensores com desordens mentais.
Como regra geral os incendiários demonstram maior isolamento social e
passividade proporcionalmente com outros ofensores portadores de
desordens mentais que exibem uma abertura ao estilo de vida criminal.
Com estes estudos concluiu-se que na maioria do casos, a vingança e
a raiva eram a motivação preliminar para o acto. Enquanto que a motivação
sexual foi somente detectada em 6 indivíduos incendiários, de 243 indivíduos
apenas 4 tiveram essa motivação como principal.
Num outro estudo, (Quinsey, Chaplin, & Upfold, 1989) examinaram os
padrões sexuais dos incendiários e dos indivíduos não incendiários
concluíram que os dois grupos possuíam um desvio similar aos
sequestradores e aos abusadores de crianças (Harris, Rice, Quinsey, Chaplin
& Earls, 1992).
O estímulo de incendiar incluiu duas histórias, aproximadamente com
200 palavras cada, ilustrando as motivações para o acto incendiário com a
fraude ao seguro, a vingança, o heroísmo, o controlo e uma excitação secreta
não específica e ainda uma excitação sexual. A grande diferença entre
despertar para o estímulo/acto do incendiar (fogo/posto) consentido pela
categoria sexo da história de cada indivíduo, associada à categoria do relato
do fogo, calculada para cada indivíduo. As histórias relatadas sobre o fogo
foram responsáveis pelas diferenças existentes entre os incendiários e pela
excitação não específica bem como pela história de excitação sexual. Estas
conclusões são intrigantes e fornecem um grau de sustentação empírica para
algumas das explicações psicodinâmicas do acto incendiário. As conclusões
oferecem ainda uma sustentação de que o despertar do desejo sexual pode
trazer um importante papel no acto incendiário, mesmo que o ofensor seja
considerado como improvável de ser qualificado no critério da pirómania,
podendo haver dificuldade em verificar-se uma motivação sexual.
Segundo Lande (1980) os tratamentos
behavioristas/comportamentalistas foram projectados com a finalidade de

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alterar os testes padrões da motivação sexual dos incendiários para a
temática incêndios. Uma outra intrigante investigação fez uma confrontação
entre um grupo incendiários e um grupo de controlo concluindo que os
primeiros (8,5%) tinham maior tendência para a homossexualidade
comparativamente com a amostra de controlo (2,0%). Providenciando
novamente um suporte empírico para as conclusões reportadas pela
literatura sobre o estudo de caso.

Um Estudo Sobre as Competências Sociais dos Incendiários

Os autores deste artigo compararam um estudo a um outro


desenvolvido por Oak Ridge (G.T. Harris & Rice, 1984). Foi então verificada a
competência social de 13 incendiários bem como de outros 13 indivíduos
ofensores, para tal apenas combinaram a idade e o nível de inteligência dos
indivíduos.
Como motivação básica encontraram a vingança como móbil para o
seu acto (incendiário), os autores criaram um hipótese que os incendiários
eram indivíduos pouco ou nada assertivos e que ateavam fogos por serem
incapazes de expressar a sua raiva para com as vítimas de uma maneira
mais aceitável. Os participantes desta investigação em questão, participaram
em duas avaliações behaviorista/comportamental de competências sobre
afirmação, habilidade social e auto-estima. As medidas behavioristas
requerem da parte do paciente que os seus direitos sejam respeitados para
que se consiga um resultado justo. Foram ainda analisados as esposas dos
pacientes, os proprietários dos terrenos, os empregadores, os membros da
família, o companheiro do paciente bem como a equipa de funcionários do
hospital.
No geral estes resultados suportaram a hipótese que os incendiários
eram menos assertivos paralelamente aos outros ofensores hospitalizados.
Os incendiários descreveram-se como tendo pouco controlo sobre as suas
vidas e comportaram-se menos assertivamente em testes behavioristas. Foi
contudo interessante perceber que as diferentes competências de habilidade
social e de afirmação entre os participantes, não eram uma constante da

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rotina hospitalar quotidiana. Os investigadores não avaliaram os grupos sobre
a interacção social ou o isolamento social dos mesmos, como foi sugerido por
um outro autor (Quinsey et al., 1983; Rice & Josefowitz, 1983), o
comportamento assertivo dos pacientes, não foi avalidado positivamente pelo
staff do hospital/instituição.
Os resultados dos seus estudos mostra-nos que os incendiários exibem
défices significativos ao nível da assertividade, onde a vingança é o motivo
comum para atear fogos deixando-nos crer que as aptidões sociais e que os
déficies representam importantes metas de tratamento para os incendiários
portadores de desordens mentais.
Assim, Oak Ridge em dois outros estudos, desenvolveram e avaliaram
um programa para incendiários hospitalizados. No primeiro estudo de Rice &
Chaplin, 1979; utilizaram 10 incendiários, que receberam oito sessões de
treino de afirmação, com o tratamento à base de placebo, bem como oito
sessões não directivas de psicoterapia em grupo. Metade receberam um
primeiro treino de afirmação, e a outra metade recebeu primeiramente o
treino à base de placebo. A “avaliação cega” demonstrou um aumento das
competênciais sociais no papel da afirmação depois do treino de afirmação
mas não depois do treino à base de placebo.
Mais recentemente os autores (G.T. Harris & Rice, 1992) conduziram
outro estudo no qual 22 incendiários receberam um treino de afirmação e 14
pacientes receberam um treino de competências vivenciais. Os mesmos
autores recolheram uma variedade de medidas terapêutica de pré e pós
tratamento como as medidas de “role-play”, questionários de escolha múltipla
e a avaliação comportamental efectuada aos pacientes pelo staff do hospital.
Os resultados mostram que comparando o treino sobre as competências de
vida e o treino sobre assertividade aumentava as habilidades dos pacientes
de forma assertiva. Por contradição o tratamento de controlo produziu
significativamente grandes melhorias ao nível da avaliação feita em
papel/lapís sobre as competências vivenciais. Este é pior quando comparado
com o tratamento de controlo, treino de assertividade estava associado com
aumentos nas taxas (“agressividade e não conformidade”). Assim, outro
aspecto importante dos programas de treino, envolve comportamento
assertivo apropriado.

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Subtipos de incendiários

Num outro estudo realizado por Oak Ridge sobre a mesma matéria
(G.T. Harris & Rice, 1996), os autores utilizaram 243 incendiários dum estudo
anteriormente descrito (Rice & Harris, 1991), onde desenvolveram uma
tipologia das desordens mentais dos incendiários. Usaram para tal clusters,
na sua análise e descobriram quatro subtipos com consistência interna
distinguirando-a dos outros. O grupo mais alargado (33%) foi catalogado
como psicótico, os homens que tinham motivação ilusória. Eles incendiariam
algumas vezes e também tinham história criminal ou comportamento
agressivo, mas não pareciam ser pouco assertivos. Na maioria das vezes
tinham diagnóstico de esquizofrenia e algumas vezes problemas
relacionados com o álcool. Eles também tinham maior predisposição para
crimes violentos e não violentos, bem como para cometerem ofensas ao
incendiarem relativamente semelhantes para todo o grupo (no seu conjunto).
O segundo grande grupo com 28%, ficou conhecido como os não assertivos,
onde os homens tiveram as melhores histórias antes de cometerem o acto
incendiário, este acto que os terá trazido até à nossa instituição, também
tiveram taxas de reincidência. Tiveram poucas historias de aggressão em
crianças ou já na vida adulta, bem como uma fraca actividade criminal no seu
meio envolvente, foram mais inteligentes que os demais e tiveram os
melhores empregos. Eram contudo os menos assertivos (tinham valores mais
altos de hostilidade, descrita no capítulo 4), e na maioria das vezes
incendiavam por raiva ou por vingança. Os incendiários reincidentes são 23%
da totalidade. Estes indivíduos tiveram a pior história ao nível da infância,
provinham de lares instáveis. Tiveram a pior adaptação ao meio escolar, altos
níveis de agressividade. Contudo tiveram escassos problemas ao nível
criminal e incendiaram por diversas vezes enquanto crianças e adultos.
Possuem igualmente um baixo coeficiente de inteligência e obtêm
similarmente os piores resultados académicos. Estão igualmente mais
predispostos a poderem sofrer de patologias mentais e a serem
institucionalizadas enquanto crianças, os pais destes indivíduos também têm
maior tendência a sofrerem de problemas psicológicos.

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Estes indivíduos por norma perderam muito tempo em instituições
psiquiátricas contudo o diagnóstico de esquizófrenia para este tipo de
incendiários relativamente baixo. Casavam-se com menor regularidade e
eram não assertivos.
Estes indivíduos tinham maior tendência para incêndiar quando
estavam internados nas instituições confessando mais facilmente quando
confrontados, estes indivíduos apresentavam uma faixa etária mais baixa
comparativamente com os indivíduos de outros grupos e por norma
incendiavam durante o dia. Este grupo é também aquele que comete um
crime de outra natureza tendo as maiores taxas de reincidência. A análise
deste grupo sugere ser o menos homogéneo dos 4 e que numa solução dos
5 grupos em conjunto, este grupo foi referido por estar dividido em dois ou
mais grupos homogéneos, no qual os membros de um dos grupos foram
motivados primeiramente pela raiva e depois pela vingança, obtendo taxas
elevados de reincidência (incendiária). Um segundo grupo (menor)
compreendeu ofensores que estavam motivados pela excitação ou pela
procura de atenção. Finalmente, os criminosos constituem o subtipo menor
(16%). Estes sujeitos tiveram histórias criminais graves, infâncias com pobres
suportes marcadas por pais abusadores, sendo provável que na vida adulta
cometessem agressões. Era-lhes diagnosticado com maior regularidade
desordem da personalidade, havendo uma menor probabilidade de
conhecerem a vítima de um incêndio e maior probabilidade de incendiar à
noite, bem como uma menor probabilidade de confessar um incêndio naquele
momento pela activação de um alarme. É considerado o grupo mais assertivo
e que provavelmente cometerá novos incêndios e ofensas após a sua
restituição à liberdade.
Embora fosse tentado pelos autores o desenvolvimento de uma
tipologia de incendiários, utilizando os métodos já praticados, os resultados
obtidos não foram os melhores. Usando somente informação, os
investigadores avaliam antes de terem um suspeito em mente, resultando
num grande grupo de incêndios com pouca gravidade e uma pequena
amostra de incêndios severos. Contudo apenas algumas características do
incendiário foram relatadas nesta amostra. Assim sendo este estudo deu aos
investigadores poucas informações sobre o incendiário. As implicações mais

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importantes são aquelas que pertencem ao tratamento. Foram observados
pelos investigadores deste estudo dois tipos de incendiários os reincidentes e
os não assertivos. Ao observarem reincidentes e não assertivos, (estes em
conjunto fazem parte da metade da amostra), eram extremamente não
assertivos comparativamente com a população geral e com a populção com
perturbações psiquiátricas. Contudo em ambas as amostras os ofensores
tiveram como motivações comuns a raiva e a vingança. Para estes ofensores
o treino de assertividade dá-nos uma permissa considerável na redução de
uma possivel tentativa de atear fogos.
Surpreendentemente, o grupo que tem maior propabilidade de cometer
o acto incendiário é chamado criminoso, porque cometem actos criminais
bem como ofensas violentas. Os membros deste grupo, (longe de serem
pouco assertivos), eram considerados demasiadamente assertivos. As estes
ofensores/agressores, também lhes era diagnosticado com maior frequência
desordens da personalidade. Os tratamentos para aumentar o nível de
assertividade não eram os mais indicados, contudo o modelo cognitivo-
behaviorista da raiva tenha sido desenhado como forma de redução da
agressividade.
Para os incendiários contidos na amostra psicótica, os tratamentos
prescritos servem para reduzir os sintomas (psicóticos), possibilitando uma
menor tendência para passar ao acto incendiário, porque a motivação era na
maioria das vezes ilusória.
Como resumo, os resultados deste estudo revelaram quatro subtipos
de incendiários com diferentes características e probabilidades de incendiar
no futuro, podendo o acto de reincidir, ser muito ou pouco violento.
A examinação dos quatro subgrupos rendeu ao autor a informação
que poderá ser útil na criação de programas eficazes, de tratamento dos
incendiários com desordens mentais.

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Percentagem de Risco Entre os incendiários

Os incendiários para se libertarem do cenário de risco de forma segura


irão incendiar, colocando em perigo as vidas de outros cidadãos. A literatura
psiquiátrica sobre incendiários contribuiu para a seguinte crença de que os
incendiários faziam parte de um grupo perigoso com um prognóstico
empobrecido (baixo) (e.g., N. Lewis, 1965; Mavromatis & Lion, 1977;
Schmideberg, 1953). Por exemplo afirmou-se que os incendiários estariam
predispostos a incendiar enquanto confinados ou depois de serem
encarcerados sem nenhuma possibilidade de escaparem (Macdonald, 1977).
Os poucos dados sobre o incendiário reincidente fornecem um fraco suporte
para a disputa de que os incendiários estariam mais predispostos a atear
fogos após a libertação. Soothill e Pope em 1973 examinaram as
subsequentes ofensas incendiárias de 67 homens e mulheres em Inglaterra e
no País de Gales que teriam sucedido em 1951.
Vinte anos depois, somente 3 indivíduos cometeram incêndios.
Num outro estudo realizado (Sapsford, Banks, & Smith,1978), os autores
recorreram a uma amostra constituída por 147 homens ex-reclusos que
tivessem cometido actos incendiários. Estes foram seguidos durante 5 anos,
embora metade da amostra escolhida, tivesse cometido alguma ofensa de
outro tipo, somente 5% cometeram crimes de incêndios. Interessantemente
os melhores predictores de futuras convicções, de passagem ao acto são as
convicções anteriormente vivenciadas. Stewart & Culver (1982), seguiram
mais de 32 crianças, que estavam a ser acompanhados por psiquiatras, por
terem cometido actos incendiários. Após 1 a 5 anos de acompanhamento, 7
crianças, todos rapazes, ainda continuavam a incendiar. Estas crianças
reincidentes, provinham de lares instáveis, tinham igualmente maior
tendência para comportamentos anti-sociais.
O’ Sullivan & Kellerher (1987) estudou 54 indivíduos incendiários (num
hospital prisional), encontraram uma taxa mais elevada de reincidentes
(fogo), comparativamente com outros investigadores, com 35% a cometeram
outros incêndios ao longo de 10 anos após o episódio inicial.
Geller, Fisher e Bertsch (1992), realizaram um estudo onde seguiram
durante 7 anos 50 pacientes psiquiátricos, que tiveram historial de incêndios

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ou comportamentos incendiários, combinaram também um grupo de controlo
com 50 indivíduos pacientes que não tinham comportamentos incendiários.
Aqueles pacientes que tiveram historial prévio de comportamento incendiário,
estariam mais predispostos a cometer um incêndio durante o tempo que
estivessem a ser observados. Geller (1992ª) reviu a literatura sobre
incendiários enfatizando a necessidade do desenvolvimento de instrumentos
para fazer face ao comportamento de risco destes sujeitos. Os investigadores
debateram facto de considerar o incêndio como crime violento ou um crime
(contra a propriedade) e se os incendiários deveriam ser vistos como
ofensores violentos ou apenas como ofensores contra a propriedade.
Hill et al (1982) compararam incendiários de propriedade a ofensores
violentos, num número de medidas clínicas. Tiveram todos que passar por
uma triagem num Hospital Psiquiátrico. Embora os incendiários fossem um
tanto similares a outros grupos, acabam por se assemelharem com os
ofensores de propriedade, por se distanciarem dos ofensores violentos nos
termos de diagnóstico, no que diz respeito à personalidade, história do
comportamento criminal e violento, ao suporte familiar e abuso de
substâncias. Jackson, Hope & Glass (1987), descobriram que os incendiários
se assemelham a agressores violentos nas variáveis demográficas,
demonstrando menor agressividade interpessoal, e menor assertividade. Um
determinado número de estudos, demonstrou que os incendiários enviados
para avaliação forense, são bioquimicamente similares aos agressores
violentos, no qual ambos os grupos mostraram um baixo nível de fluidos
“cérebro- espinal de serotonina, ácido metabolite 5- Ácido Hidróxido indo
lácteo”, comparativamente com os não agressores/ofensores (Linnoila,
DeJong, & Virkkunen, 1989; Virkkunen, DeJong, Barko, Goodwin, & Linnoila,
1987). Sapsford et al (1978), estudaram igualmente a similaridade entre
incendiários e outros agressores, examinando os subsequentes incêndios, as
agressões violentas, sexuais bem como as ofensas à propriedade (na qual se
excluíram ofensas sexuais e de incêndio). Assim, a evidência não foi
conclusiva sobre o relacionamento entre incendiários e outros tipos de
ofensores criminais violentos e não violentos.

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Estudo de Oak Ridge sobre o risco das avaliações em incendiários

Rice & Harris em 1996, concluíram um estudo sobre reincidentes. Os


incendiários contemplados neste estudo, eram os mesmos 243 indivíduos
adultos, todos do sexo masculino, utilizados anteriormente nos estudos
descritos por (G.T. Harris & Rice, 1996b; Rice & Harris, 1991). Todas as
variáveis presentes neste estudo, com excepção das que pertenciam ao
resultado, foram retrospectivamente codificadas dos ficheiros clínicos dos
pacientes. As variáveis foram organizadas em diversas categorias:
- Características do ofensor;
- Infância;
- História social/suporte social;
- Variáveis da ofensa;

Para além das variáveis utilizadas nos estudos foram aplicadas, outras
variáveis similares para diferentes crimes/ofensas (por exemplo: Cadastro
criminal do sujeito, Hospitalização psiquiátrica, problemas relacionados com
álcool na altura do acto incendiário, avaliação sobre agressão interpessoal,
estatuto sócio-económico, QI, Historial psiquiátrico e o estado civil. Diversos
indivíduos tiveram como motivação os factores acima mencionados segundo
a literatura que retracta a temática. Por exemplo denotam-se as histórias de
enurese infantil, crueldade para com os animais, assim como tendência para
a timidez e homossexualidade entre outras. Para os actos/incidentes
considerados como graves ocorridos com o fogo (levou à admissão de
especialistas na temática), fez com que diversos detalhes fossem codificados
incluíndo a localização, o método incendiário e mais de três motivos. Todos
os incendiários foram codificados em variáveis e média das populações
obtidas de observações em falta era de .025.
Os métodos utilizados nesta investigação, foram similares aos usados
num outro estudo, realizado pelos mesmos autores, o resultado deste estudo
foi codificado pelos resultados cedidos pelo Centro de Informação da Polícia
Canadiana e pelos registos institucionais onde foram
pesquisados/procurados indivíduos, que voltaram a ser reincidentes.

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Violent Offenders; Quinsey; Harris; Rice; Cormier; 1998; American Psychological
Association; Washington DC
Foram utilizados pelos autores do estudo diferentes definições de
reincidência. Fogo posto que garante uma pena criminal, incendiários,
substância que provoca dano (onde a documentação, indicava que os
incendiários estariam envolvidos. Os danos associados ao falso alarme ou
ameaças de bombas não foram incluídas nesta categoria, reincidência
violenta (que leva a uma conduta criminal) para alguma ofensa/agressão
contra outro indivíduo (ex: homicídio, assalto, violação e assalto à mão
armada), foram excluídos do acto incendiário. Reincidência não violenta com
alguma conduta criminal.
O período de tempo ocorrido entre um primeiro acto e uma nova reincidência
foi calculado pela oportunidade do sujeito para fazê-lo (sendo libertado, ou
quando se encontra numa prisão ou instituição psiquiátrica com regime
aberto virado para o exterior).
(Qualquer indivíduo podia qualificar-se para cada um dos três tipos de
reincidência, e dois qualificaram para os três).

Resultados:

Dos 243 dos incendiários, 208 tiveram uma nova oportunidade para
cometerem uma nova ofensa desde a última codificação. Em média, os 208
incendiários, tiveram 93.6 meses (SD=87.8 meses) de oportunidade para
reincidir. Destes, 33 (16%) colocaram um novo foco de incêndio, 118 (57%)
cometeram uma ofensa não violenta e 64 (31%) cometeram um
crime/ofensa/agressão violenta (dos quais 20 ou 10% dos 208 cometeram
ofensas sexuais). No total, 137 (66%), exibiram alguma forma de
reincidência. O tempo médio de reincidência para os incendiários foi de 36.2
meses (SD=64.4 meses). Para indivíduos que voltaram a cometer agressões
violentas, o tempo médio para nova reincidência foi de 54.9 meses (SD=50.0
meses); relativamente a reincidências de agressões não violentas a média foi
de 83.3 meses (SD=64.4 meses). As curvas de subrevivência do gráfico 6.1
ilustram individualmente para cada tipo de reincidência. Este gráfico Kaplan-
Maier demonstra o comportamento de 208 incendiários para os três tipos de
reincidência punida por lei (incendiários. violentos e não violentos). O gráfico
ilustra também a taxa relativamente baixa de reincidência para os

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Violent Offenders; Quinsey; Harris; Rice; Cormier; 1998; American Psychological
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incendiários, após 10 anos. Contudo, as subsequentes taxas de conduta
violenta e anti-social eram elevadas e permaneciam após 10 anos. As taxas e
o tempo decorrido de uma reincidência, concluíram que poucas taxas de
conduta violenta e anti-social eram elevadas e permaneciam após 10 anos.
As taxas e o tempo decorrido de uma reincidência violenta foi um tanto mais
baixo, do que aquele que foi exibido pelos homens estudados em liberdade
de uma outra instituição (não seleccionando o tipo de ofensa) no mesmo
período de tempo (G.T. Harris, Rice & Quinsey, 1993). Entretanto a taxa de
reincidência não violenta era instavelmente constante e linear durante um
período de 20 anos em que estiveram a ser seguidos, sugerindo que
virtualmente nenhum indivíduo com aquela oportunidade permaneceria livre
do comportamento anti-social. Quando os autores examinaram o
relacionamento entre cada variável e as três definições de reincidência,
concluíram que poucas variáveis eram comuns aos três tipos de reincidência.
Somente o acto incendiário em criança e o facto de não ser e nunca ter sido
casado estava relativamente correlacionado com os três tipos de
reincidência. Embora a agressão na fase adulta e as histórias de agressão
violenta, foram também significativamente correlacionados a reincidentes
violentos e incendiários, estes eram positivamente correlacionados a um
futuro acto incendiário violento mas negativamente relacionado a um futuro
acto incendiário. O comportamento incendiário na infância e o facto de nunca,
terem sido casados, relacionava-se similarmente e significativamente com o
número de incêndios relatados, bem como a futuras reincidências não
violentas e actos incendiários. A idade do primeiro acto incendiário e de ter
um comportamento penalizado criminalmente estava significativamente
relatada a ambos, mas em direcções opostas, atearam muitas vezes fogos
não tendo nenhuma pena criminal, estavam positivamente relacionados a um
futuro acto incendiário mas negativamente relacionados a uma presumível
futura reincidência violenta e não violenta (Rice & Harris, 1996).
As três equações individuais de regressão múltipla derivam: uma para
cada acto de reincidência, acto incendiário, violento e não violento. Com
análises múltiplas individuais descriminantes (α= .05 potencial preditor das
variáveis para ambos no início e no fim), as variáveis conduzidas para cada

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estudo foram (história da infância e da vida adulta e também as
características/contornos do agressor e da agressão), considerando somente
aquelas com correlações significativas univariadas. As variáveis
seleccionadas de acordo com a análise para cada estudo, eram incluídas na
análise final (Rice & Harris, 1996). As pontuações nas três equações foram
significativamente inter correlacionados mas identicamente: acto incendiário e
de violência apresentam um r(208)= .16, p< .05; acto incendiário e não
violento, r(208)= .58, p< . 0001; e actos reincidência violenta e não violenta,
r= .32, p< . 001. Porque os dados da regressão são computarizados e seriam
sujeitos a reduções consideráveis e porque tais dados/medidas são difíceis
de se aplicarem a novos casos, foi utilizado o método descrito por Nuffield
(1982), para computarizar as medidas/dados, para um instrumento final que
prediz o acto incendiário reincidente descrito no 8º capítulo.

Discussão
Os resultados deste estudo fornecem o ponto inicial do
comportamento incendiário para o desenvolvimento dos comportamentos de
risco. As variáveis que predizem um futuro acto incendiário (neste estudo)
são consistentes com as poucas investigações/literatura realizada sobre a
reincidência entre os incendiários. As futuras taxas de incêndio entre estudos
sobre incendiários estavam no meio da escala, das taxas relatadas em
estudos posteriores (16%, sendo seguidos por 7,8 anos). As variáveis que
contribuíram maioritariamente para um futuro incêndio tiveram como base a
idade do primeiro incêndio (os mais novos, maior probabilidade de incendiar)
e o historial incendiário (quanto mais fogos cometerem no passado, têm
maiores probabilidades de voltarem a fazê-lo no futuro). Além disso, outras
variáveis que predizem o futuro incêndio são consistentes com o que já é
conhecido sobre como os incendiários diferem de outros ofensores com
desordens mentais (Rice & Harris, 1991). Especialmente, aqueles que ateiam
fogos são de modo geral menos inteligentes e possivelmente teriam mais
história em adultos comparativamente com aqueles que não eram
incendiários.

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É interessante perceber que as variáveis que predizem um novo fogo
posto tendem a ser muito diferentes do que aquelas que predizem
reincidência violência. Uma função de descriminação múltipla prediz que o
acto incendiário parte de uma pequena e comum variância com uma função
discriminante para o acto reincidente violento, com 3%, mas com uma
variação/mudança considerável com predição para reincidência discriminante
não violenta (34%). Estes resultados suportam a ideia que o fogo posto é um
acto diferente para ambos os crimes violento e não violento mas
especialmente para o crime violento.
Embora os autores não tivessem sido capazes de recolher informação
detalhada sobre actos ofensivos reincidentes dos indivíduos neste estudo, os
autores não tiveram informação detalhada sobre o tipo de ofensa/agressão
que os trouxe até à nossa instituição. No geral o comportamento incendiário
destes homens era muito reduzido, causando ferimentos não fatais (9%) e a
morte a pouco indivíduos (5%). No seguimento destes indivíduos, os autores
puderam constatar que nenhum acto incendiário envolvia morte, sendo visível
que apenas uma pequena proporção envolveu ofensas humanas. Assim, os
autores crêem especialmente que o pior prognóstico atribuído aos
incendiários portadores de desordens mentais é imerecido/injusto.
Por outro lado, o risco de ocorrer uma nova ofensa entre estes
homens foi substancial (31% de excesso com uma média de 7,8 anos). Esta
taxa era idêntica para reincidentes violento (31%), este grupo estava
misturado com ofensores portadores de desordens mentais (somente 3% dos
quais cometeram uma ofensa relacionado com o acto incendiário), dentro da
mesma instituição, o grupo foi seguido por 6,8 anos (G.T. Harris, Rice,
Quinsey, 1993). Assim os autores, acreditaram que a avaliação do risco de
futuros comportamentos violentos, não é menos importante do que avaliação
do risco para cometer novos actos incendiários.

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