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Volume 1 • 2ª Edição
Pedro do Nascimento Nobrega
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
www.cederj.edu.br
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
Vice-presidente
Marilvia Dansa de Alencar
Coordenação do Curso de Matemática
UFF - Marcelo da Silva Corrêa
Material Didático
Elaboração de Conteúdo Diretoria de Material Impresso Diagramação
Pedro do Nascimento Nobrega Ulisses Schnaider Nilda Helena Lopes da Silva
Diretoria de Material Didático Supervisão Produção Gráfica
Bruno José Peixoto Marcelo Freitas Fábio Rapello Alencar
Biblioteca Revisão
Simone da Cruz Correa de Souza Eliane Amiune Camargo
Vera Vani Alves de Pinho
Capa
Morvan de Araujo Neto
N754e
Nobrega, Pedro do Nascimento.
Equações diferenciais. Volume 1 / Pedro do Nascimento
Nobrega. – 2. ed. – Rio de Janeiro : Fundação Cecierj, 2019.
236p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-458-0208-2
1. Matemática. 2. Equações diferenciais. I. Título.
CDD: 515.35
Instituições Consorciadas
CEFET/RJ - Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
Diretor-geral: Carlos Henrique Figueiredo Alves
Aula 1
D EFINIÇ ÕES E E XEMPLOS
Objetivos
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
Pré-requisito: Os
cursos de Cálculo I I NTRODUÇÃO
a III.
O BSERVAÇ ÕES H IST ÓRICAS
8 CEDERJ
✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
“Somente por volta de 1730, o matemático suiço Leonhard Euler
começa a utilizar equações diferenciais para tratar de problemas
de Dinâmica. Hoje em dia, elas aparecem em quase todos os
domı́nios das ciências e tecnologia (matemática, fı́sica, quı́mica,
biologia, engenharia, economia, etc.). Elas se prestam à tradu-
zir as leis que regulam as variações de tal ou qual grandeza,
AULA
da posição de uma nave espacial, à carga de um condensador
elétrico, concentração de substâncias numa reação quı́mica, à
avaliação de populações. As equações diferenciais estão entre as
principais ferramentas matemáticas utilizadas tanto no processo
de modelagem de diversos fenômenos, quanto na resolução con-
creta de inúmeras questões.”
!
Atenção!
Modelagem matemática
Modelagem Matemática talvez possa ser entendida como a
arte de transformar situações da realidade em problemas ma-
temáticos, a serem resolvidos com as técnicas matemáticas, e
cujas soluções devem ser posteriormente interpretadas na lin-
guagem usual. Frequentemente a modelagem é uma forma
de abstração e generalização com a finalidade de previsão
de tendências. Isso significa que, de algum modo, o tempo
é uma das variáveis relevantes no processo de modelagem.
Mais geralmente, a matemática é utilizada para codificar
fenômenos e procurar padrões e/ou regularidades que possam
ser expressos usando suas ferrramentas. Exemplos de ferra-
mentas matemáticas são equações, tabelas e gráficos, dentre
outros.
CEDERJ 9
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Neste curso, todos os modelos tratados envolverão equações
diferenciais. Em muitas delas o tempo, t, é uma variável re-
levante, mas nem sempre.
Apresentamos, em seguida alguns exemplos, cuja modela-
gem pode ser feita com equações diferenciais. Observamos
que nem sempre o tempo é uma das variáveis envolvidas.
10 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
1 1 MÓDULO 1
✝
Exemplo 1.1. ✆
blablabl
AULA
Figura 1.2: Um Circuito RL
C E D E R J 11
✐ ✐
✐ ✐
i. T0 6= Ta .
12 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
As hipóteses fı́sicas são resumidas matematicamene por meio da
fórmula
dT
= −k(T (t) − Ta)
dt
onde k é uma constante positiva que depende das propriedades
fisico-quı́micas do corpo.
AULA
!
Atenção!
O sinal negativo se deve ao fato de o calor fluir do ambi-
ente mais quente para o mais frio. Assim, se T > Ta então
dT
T − Ta > 0 e portanto −k(T (t) − Ta) < 0. Isto é < 0, e
dt
portanto a temperatura do corpo está diminuindo. Isso é con-
sistente com o fato de o corpo estar perdendo calor para o
meio ambiente. Analogamente, se T < Ta então T − Ta < 0 e
dT
portanto −k(T (t) −Ta) > 0. De onde > 0, o que significa
dt
que o corpo está ganhando calor do meio ambiente.
O crime da secretária
Ao chegar ao trabalho, a secretária de um importante empresá-
rio encontra-o morto.Ela telefona imediatamente para a polı́cia,
que chega ao local 2hs. depois da chamada. O detetive encar-
regado examina o ambiente e o corpo. Uma hora mais tarde ele
repete o exame. Então decide prender a secretária. Por que?
C E D E R J 13
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 1.4. blablabl
✆
−
→ d 2−
→r
F = m−
→
a =m 2
dt
Substituindo a expressão da Lei de Gravitação na última equação
obtemos a equação diferencial
d 2−
→r GMm −
m 2 =− 3 → r,
dt r
14 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
→
−
a qual, decompondo a força F , a aceleração −
→
a e a posição −
→
1 1 MÓDULO 1
r
em componentes segundo os eixos coordenados, fornece o se-
guinte sistema de equações de segunda ordem
d 2x GM x
= −
dt 2 (x2 + y2 + z2 )3/2
AULA
2
d y GM y
2
=− 2
dt
(x + y2 + z2 )3/2
d 2z GM z
2
=− 2
dt (x + y2 + z2 )3/2
!
Atenção!
Para trabalhar com modelos matemáticos de forma sis-
temática, é conveniente estabelecer alguns princı́pios gerais
e classificações, que servirão de guias nessa tarefa.
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✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 1.5. blablabl
✆
∂ 2u ∂ 2u ∂u
2
(x, y) + 3 (x, y) − x (x, y) = 0, (1.5)
∂x ∂ y∂ x ∂y
utt = k uxx + g(t, x), (1.6)
sendo g uma função conhecida de (x,t).
Na mecânica quântica, a equação de Schrödinger é uma e-
quação diferencial parcial que descreve como o estado quântico
de um sistema fı́sico muda com o tempo. Foi formulada no fi-
nal de 1925, e publicado em 1926, pelo fı́sico austrı́aco Erwin
Schrödinger.
Na mecânica de ondas não-relativistica, a função de onda
ψ (r,t) de uma partı́cula satisfaz a Equação de Onda de Schrödin-
ger
∂ ψ −h̄2 ∂ 2 ∂2 ∂2
ih̄ = + + ψ +V ψ .
∂t 2m ∂ x2 ∂ y2 ∂ z2
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✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Neste curso, a ênfase recairá nas equações diferenciais or-
dinárias. Quando utilizarmos a denominação equações dife-
renciais, sem outra qualificação, estaremos nos referindo a
AULA
equações diferenciais ordinárias
C E D E R J 17
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
No primeiro módulo do curso só serão estudadas equações
diferenciais de primeira ordem. Nos módulos seguintes, al-
guns aspectos fundamentais de certos tipos de equações de
ordem maior do que um serão trabalhados.
✞ ☎
✝
Exemplo 1.9. ✆
blablabl
2
b. ϕ (x) = c e−x é solução da equação diferencial
y′ + 2xy = 0 no intervalo I = (−∞, +∞), pois
ϕ ′ (x) = −2cx e−x e
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✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
O próximo exemplo introduz novos conceitos: parâmetros
e parametrizações.
✞ ☎
✝
Exemplo 1.10. blablabl
✆
AULA
f : R −→ R, f (x) = 3x2 + 1 ,
y(x) = x3 + x + c (1.9)
C E D E R J 19
✐ ✐
✐ ✐
As funções
c
ϕ (x) = x3 + (1.10)
x3
e
c2
ψ (x) = + cx + x2 (1.11)
4
são soluções gerais das equações
e
(y′ )2 = 4y (1.13)
respectivamente. Observe que ϕ (x) está definida em qualquer
intervalo que não contenha o númeror 0, ψ (x) está definida em
Nota R.
A solução ζ (x) ✞ ☎
contém apenas um Exemplo 1.12. blablabl
parâmetro, embora ✝ ✆
a equação seja de
segunda ordem.
A função
Repare também 2x 2
que ζ (x) impôe ζ (x) = − 2 ln(1 + cx) (1.14)
c c
restrições ao
é uma solução geral da equação
parâmetro c (que
deve ser diferente 2x2 y′′ − (y′ )2 = 0. (1.15)
de zero) e também
à variável
independente x , a A função g(x) = x3 é uma solução da equação (1.12) que se
saber 1 + cx > 0. obtém fazendo c = 0 na solução geral (1.8).
20 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
Note que a função h(x) = x2 é uma solução de (1.15) que não
pode ser obtida simplesmente escolhendo um valor apropriado
para o parâmetro c na solução geral (1.14).
Portanto h(x) não é uma solucão particular, no sentido defi-
nido acima. Esta solução “extra” chama-se solução singular
de (1.15).
AULA
Quando se fala em solução geral, a palavra ”geral”nem sem-
pre pode ser interpretada como indicando uma expressão que
contém a totalidade das soluções de uma equação diferencial.
Chama-se solução completa à totalidade das soluções de uma
equação diferencial.
✞ ☎
✝
Exemplo 1.13. blablabl
✆
G(x, y, c1 , c2 , · · · , cm ) = 0,
✞ ☎
✝
Exemplo 1.14. blablabl
✆
yy′ + x = 0.
C E D E R J 21
✐ ✐
✐ ✐
obtém-se:
2x + 2yy′ = 0.
Simpificando os dois lados (dividindo por 2) chega-se a
x + yy′ = 0; que é a equação diferencial de partida.
✞ ☎
✝
Exemplo 1.15. blablabl
✆
22 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
Às vezes um problema exige que se escolha uma função espe-
cial no conjunto de todas as funções que são soluções de uma
equação diferencial. Uma das formas mais comuns de especifi-
car uma solução é fazer a exigência de que ela e suas derivadas
até a de ordem imediatamente inferior à ordem da equação as-
sumam valores estabelecidos previamente, num ponto dado.
AULA
A tarefa de resolver uma equação diferencial dada que satisfaz,
junto com suas derivadas valores especificados em um ponto é
chamado de resolução de um problema de valor inicial.
✞ ☎
✝
Exemplo 1.16. blablabl
✆
C E D E R J 23
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 1.17. ✆
blablabl
Solução:
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✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
Atividade de auto-avaliação 1.1
AULA
d 3u √ du ∂z ∂z
a. + 3 t = t2 d. + = 0.
dt 3 dt ∂x ∂y
dy
b. y′′ + 4y1/3 = 0 e. y + y2 = sent.
dt
3 2 10
∂ 4w f.
d z
= z
dz
.
c. = w−1
∂ 2 z∂ t ∂ u dt 3 dt
dy
a. + 2y = 0; y = c e−2t
dt
(
xy′′ − y′ = 0
b. y = −10 x2 + 2
y(1) = −8, y′ (1) = 4
c. y′′ − y = t; y = c1 et + c2 e−t − t
é dada por:
(
y = c x − ln c. que é uma solução geral,
y = 1 + ln x que é uma solução singular.
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✐ ✐
Resumo
Nesta aula, aprendemos que:
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✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
S OLUÇÕES COMENTADAS DAS
ATIVIDADES DESTA AULA :
Solução comentada da atividade 1.1
d 3u √ du
1. a. A equação 3 + 3 t = t 2 é uma equação di-
AULA
dt dt
ferencial ordinária (não contém derivadas parciais),
linear (está na forma geral das equações lineares), de
terceira ordem, e não homogênea (o segundo mem-
bro não é nulo);
b. A equação y′′ + 4y1/3 = 0 é uma equação diferencial
ordinária (não contém derivadas parciais), não linear
(devido à parcela 4y1/3 ), de segunda ordem;
∂ 4w
c. A equação 2 = w − 1 é uma equação dife-
∂ z∂ t ∂ u
rencial parcial (contém derivadas parciais), de quarta
ordem;
∂z ∂z
d. A equação + = 0 é uma equação diferencial
∂x ∂y
parcial (contém derivadas parciais), de primeira or-
dem;
dy
e. A equação y + y2 = sent é uma equação diferen-
dt
cial ordinária (não contém derivadas parciais), não
linear (devido ao fator y na primeira parcela, e tam-
bém à parcela y2 ). É uma equação de primeira or-
dem;
3 2 10
d z dz
f. A equação 3
=z . é uma equação di-
dt dt
ferencial ordinária (não contém derivadas parciais),
não linear (pois equações lineares não contêm potên-
cias das derivadas da variável independente). É uma
equação de terceira ordem.
2.
dy
a. + 2y = 0; y = c e−2t .
dt
y = c e−2t =⇒ y′ = −2c e−2t ; daı́
C E D E R J 27
✐ ✐
✐ ✐
(
xy′′ − y′ = 0
b.
y(1) = −8, y′ (1) = 4; y = −10 x2 + 2.
y = −10 x2 + 2 =⇒ y′ = −20 x e y′′ = −20.
Portanto xy′′ − y′ = −20 x + 20 x = 0, o que mostra
que y(x) é solução da equação diferencial do pro-
blema.
Entretanto, y(1) = −10 x2 + 2|x=1 = −8, mas
y′ (1) = −20 x|x=1 = −20 6= 4; e então y = −10 x2 +2
não é a solução do PVI proposto.
c. y′′ − y = t; y = c1 et + c2 e−t − t;
y = c1 et + c2 e−t − t =⇒ y′ = c1 et − c2 e−t − 1 e
y′′ = c1 et + c2 e−t .
Portanto
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✐ ✐
✐ ✐
1 1 MÓDULO 1
solução; inclusive sendo uma dessas escolhas impossı́vel)
Resumindo, y = 1 + ln é uma solução singular.
Dada uma função contı́nua, f : I −→ R, t 7→ f (t) definida em
um intervalo I, determinar todas as funções y : I −→ R tais que
AULA
A equação (1.18) nada mais é do que uma equção diferencial. As
soluções desta equação são exatamente as primitivas da função
f (t). Em outras palavras, uma função y(t) é solução da equação
diferencial (1.18) se sua derivada é a função f (t). Do que co-
nhecemos do Cálculo,
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✐ ✐
30 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula 2
E QUAÇ ÕES D IFERENCIAIS F UNDAMENTAIS
E QUAÇ ÕES D IFERENCIAIS L INEARES
Objetivos
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
I NTRODUÇÃO
Pré-requisito: Os
cursos de Cálculo I Nesta aula, vamos rever algumas equações diferenciais que
a III. já foram estudadas, com maior ou menor grau de detalhamento,
nos curso de Cálculo. O princı́pio que vai nortear esta aula, e
todo o restante do curso, é, iniciar com exemplos ou proble-
mas simples e, progressivamente, considerar casos mais com-
plexos, procurarando estabelecer uma transição natural entre os
dois contextos.
A E QUAÇ ÃO D IFERENCIAL F UNDAMENTAL
A primeira equação diferencial de que vamos rever é uma co-
nhecida nossa desde o primeiro curso de Cálculo. Com efeito, a
parte do Cálculo chamada de Cálculo de Primitivas se ocupa da
determinação de soluções y(x) da equação diferencial
dy
= f (x),
dx
sendo f uma função real de variável real conhecida. Vamos ad-
mitir que f é contı́nua, definida num intervalo aberto I ⊂ R.
32 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
✞ ☎
✝
Exemplo 2.1. ✆
blablabl
xn+1
Para cada n 6= −1, as funções ϕn (x) = +c são soluções
n+1
das equações y′ (x) = xn , n ∈ R.
AULA
✞ ☎
✝
Exemplo 2.2. ✆
blablabl
!
Atenção!
Uma equação diferencial fundamental, definida num inter-
valo aberto I, possui um número infinito de soluções. Qual-
quer solução da equação determina todas as outras soluções.
De fato, se y0 (x) é uma solução de
dy
= f (x),
dx
então qualquer outra solução ϕ (x) é obtida de y0 (x) adicio-
nando a ela uma número real adequado c. Basta observar que
ϕ ′ (x) = y′0 (x). Portanto se y0 (x) é solução, ϕ (x) também é.
Além disso todas as soluções são obtidas dessa maneira.
Todas as soluções da equação diferencial dy/dx =Z f (x) po-
dem ser representadas pela “integral indefinida” f (x) dx.
Dizemos que y(x) é a solução geral da equação.
No caso da equação fundamental, a solução geral contém
efetivamente todas as soluções da equação no intervalo espe-
cificado.
Lembramos também que qualquer solução obtida da solução
geral pela especificação de um valor para o parâmetro de
integração é chamada de solução particular.
C E D E R J 33
✐ ✐
✐ ✐
F ′ (c) = f (c).
✞ ☎
✝
Exemplo 2.3. ✆
blablabl
34 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Se o subconjunto aberto A ⊂ R onde uma equação diferen-
cial fundamental está definida não é um intervalo, então a
equação pode ter duas soluções distintas que não diferem por
AULA
um parâmetro.
✞ ☎
✝
Exemplo 2.4. blablabl
✆
As funções
( (
1, se t > 0, 2, se t < 0,
ϕ1 (t) = e ϕ2 (t) = ;
2, se t < 0 1, se t > 0
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Vamos chamar de partı́cula um qualquer, cujas dimensões,
forma e estrutura interna são irrelevantes para o problema
em consideração. Uma partı́cula pode ser idealizada como
um ponto material (ao qual se pode, entretanto, atribuir uma
massa, ou carga elétrica, etc.)
(2) Newton provou que a força com que duas partı́culas se
atraem mutuamente tem intensidade inversamente proporci-
oal ao quadrado da distância que as separa.
T = F ×r
36 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
AULA
Figura 2.2: Corpo aquecido trocando calor
Solução:
Para r ≥ r1 denotemos por T (r) o trabalho necessário para mover a
segunda partı́cula da distância r1 até a distância r da primeira partı́cula.
(Estamos introduzindo a função que soluciona o problema. A resposta que
procuramos é T (r).)
Portanto
T (r + h) − T (r) Gmm′
lim = (2.2)
h→0+ h r2
Se h for negativo teremos as estimativas
de onde
T (r + h) − T (r)
F(r + h) ≤ ≤ F(r)
h
isto é
Gmm′ T (r + h) − T (r) Gmm′
≤ ≤
(r + h)2 h r2
Daı́
T (r + h) − T (r) Gmm′
lim = . (2.3)
h→0− h r2
C E D E R J 37
✐ ✐
✐ ✐
De (2.2) e (2.3):
dT T (r + h) − T (r) Gmm′
= lim = .
dr h→0 h r2
O problema se reduziu ao de descobrir uma função, conhecida a sua
derivada. Ou, dizendo de outro modo, é preciso resolver a “equação
diferencial ”
dT Gmm′
= .
dr r2
Qualquer função da forma
Repare o papel
fundamental da Gmm′
condição inicial na T (r) = − +c
resolução do
r
problema. é uma solução da equação.
Sem o dado inicial, O valor apropriado de c pode ser determinado a partir da condição
de nada serviria
todo o trabalho Gmm′
0 = T (r1 ) = − +c
efetuado. r1
1 1
T (r2 ) = Gmm′ − .
r1 r2
dy
= ex − 3x2 ,
dx
sabendo que seu gráfico no plano R2 contém o ponto (0,-1)
38 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
E QUAÇÕES D IFERENCIAIS L INEARES DE
P RIMEIRA O RDEM
Nos cursos iniciais de Cálculo, foram estudadas diversas
“técnicas de integração” para a resolução de integrais indefini-
das. Dependendo da função f usava-se substituições, integração
AULA
por partes, integração de funções racionais, etc.
De todas as técnicas de solução, as substituições, mais preci-
samente chamadas de mudanças de variáveis consituem a técnica
mais geral. Indo um pouco além, na próxima seção vamos ver
como substituições convenientes muitas vezes permitem trans-
fomar equações mais complicadas em equações fundamentais.
Começaremos esta seção examinando um outro modelo inte-
ressante, envolvendo a lei de atração universal. A lei de atração
universal é, de fato, uma questão muito fértil. Desde o Exemplo
1.4 da Aula 1, temos tratado de problemas de atração entre cor-
pos. E ainda vamos voltar a eles. Para alguns, conseguimos cal-
cular soluções explı́citas, para outros não está muito claro nem
mesmo se existem soluções.
✞ ☎
✝
Exemplo 2.6. blablabl
✆
C E D E R J 39
✐ ✐
✐ ✐
11111111111
00000000000
00000000000
11111111111
00000000000
11111111111 A
s(t) B
Ou seja,
v = k · s(t) (2.4)
40 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
da posição s(t) com relação ao tempo t, escrevemos
ds
v= .
dt
Levando em conta a equação 2.4 acima, concluimos que
AULA
ds
= ks .
dt
Esta é a equação diferencial que modela o fenômeno que esta-
mos estudando.
Indo além, vamos agregar à equação diferencial encontrada as
condições iniciais. A posição A da figura indica o inı́cio da con-
tagem do tempo e o corpo não se deslocou ainda. Isto corres-
ponde a s = 0 e t = 0. Assim, encontramos o modelo matemático
para o fenômeno:
ds = ks, k = cte
dt
s(0) = 0
ds ds/dt d
= ks ⇐⇒ = k ⇐⇒ [ln(s(t))] = k ⇐⇒
dt s dt
0 = s(0) = ce0 = c =⇒ c = 0 .
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✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 2.7. ✆
blablabl
✞ ☎
✝
Exemplo 2.8. ✆
blablabl
dy
a. + sen(2x)y = 0 e
dx
b. y′ − 3xy = 0.
42 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
se segue vamos procurar soluções y : I −→ R da equação 2.5,
com a condição que y(x) 6= 0, para todo x ∈ I.
Suponhamos então y(x) 6= 0, para todo x ∈ I. Partindo da
equação 2.5, calculamos:
dy
dy d
AULA
+ p(x)y = 0 ⇐⇒ dx = −p(x) ⇐⇒ ln[y(x)] = −p(x) .
dx y dx
Z
d
ln[y(x)] = −p(x) ⇐⇒ ln[y(x)] = − p(x) dx ⇐⇒
dx
R
⇐⇒ y(x) = e− p(x) dx
.
y(x) = e−P(x)+c .
y(x) = k e−P(x)
ou, simplesmente R
y(x) = k e− p(x) dx
(2.6)
é a solução geral da equação (2.5) .
A solução (2.6) é a solução geral; e, neste caso, engloba todas
as possı́veis soluções da equacão 2.5 .
C E D E R J 43
✐ ✐
✐ ✐
dy
+ p(x)y = 0
dx
y(x ) = y
0 0
✞ ☎
✝
Exemplo 2.9. blablabl
✆
dy 1
− y = 0, x > 0,
dx x
tal que y(1) = 2.
Solução:
R
A solução geral da equação acima é y(x) = k e− 1/x dx = k |x|−1 .
O problema informa que estamos procurando soluções definidas em
intervalos onde x > 0. Assim, a solução geral é y(x) = k/x, x > 0.
Impondo a condição inicial y(1) = 2, obtém-se 2 = k/1, de modo
que a solução do problema, no intervalo (0, +∞) é y(x) = 2/x.
✞ ☎
✝
Exemplo 2.10. blablabl
✆
Resolva
dy 4
= −ex y
dx
y(1) = 2
44 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
Para determinar a constante k, impomos que y(1) = 2. Assim
R 1 t4
2 = y(1) = ke− 1 e dt
= k · 1 =⇒ k = 2
Portanto
AULA
Z x
4
− et dt
y(x) = 2e x0
é a solução procurada.
!
Atenção!
Observe que as equações diferenciais não homogêneas que
acabamos de definir, a rigor,deveriam ser chamadas de
equações diferenciais afins de primeira ordem. Todavia a
denominação linear não homogênea é universalmente ado-
tada para essas equações, e será mantida ao longo do nosso
curso.
C E D E R J 45
✐ ✐
✐ ✐
d µ (x)
= p(x)µ (x) (2.9)
dx
então (2.8) se converte em
dy d µ (x)
µ (x) + y = µ (x)q(x) .
dx dx
Ou seja, (2.8) assume a forma
d
µ (x)y = µ (x)q(x) (2.10)
dx
que é uma função do tipo fundamental.
A pergunta importante é:
Existe alguma solução µ (x) de 2.9?
Observando que dy/dx = p(x)y é uma equação diferencial linear
homogênea, sabemos que ela tem solução. Por exemplo:
Z
p(x) dx
µ (x) = e .
Z
p(x) dx
Substituindo e em 2.10 obtemos:
d R p(x) dx R
e · y = e p(x) dx · q(x).
dx
46 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
Integrando:
R Z R
p(x) dx p(x) dx
e ·y = e · q(x) dx + c.
Portanto
Z Z
AULA
− p(x) dx Z p(x) dx
y=e e q(x) dx + c (2.11)
C E D E R J 47
✐ ✐
✐ ✐
Solução:
2
Os dados do exemplo são: p(x) = −1, q(x) = 2ex . Aplicando as
fórmulas acima, obtemos µ (x) = e−x , e
n Z x o
2
x
y = e 1·1+ e−t 2et dt
0
Isto é, Z x
2
y = ex 1 + 2 et −t dt
0
48 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
2 1 MÓDULO 1
✝
Exemplo 2.12. blablabl
✆
AULA
é chamada de função erro. Mostre que
2 1 2√
y(x) = ex + ex π Erf(x)
2
é a solução de
dy
= 2xy + 1
dx
y(0) = 1
Solução:
Por um lado
2 √ 2 1 2√ 2 2
y′ (x) = 2xex + xex π Erf(x) + ex π √ e−x
2 π
2 2√
= 2xex + xex π Er f (x) + 1
x21 x2 √ 2 1 2√
= e0 + e0 π Erf(0) = 1
e + e π Erf(x)
2 x=0 2
o que conclui o exemplo.
C E D E R J 49
✐ ✐
✐ ✐
• T0 6= Ta .
Solução:
Seja ∆T a variação da temperatura do corpo devida à troca de calor
através da superfı́cie no intervalo de tempo ∆t.
∆t ∆T
1 x
De onde
∆T
x=
∆t
50 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
Assim a variação instantânea da emperatura do corpo é dada por
∆T dT
lim =
∆t→0 ∆t dt
As informações fı́sicas das hipóteses feitas podem ser resumidas ma-
tematicamene por meio da fórmula
AULA
dT
= −k(T (t) − Ta )
dt
onde k é uma constante positiva que depende das propriedades fisico-
quı́micas do corpo.
!
Atenção!
O sinal negativo se deve ao fato de o calor fluir do ambiente
mais quente para o mais frio.
Assim, se T > Ta então T − Ta > 0 e portanto
dT
−k(T (t) − Ta) < 0. Isto é < 0, e portanto a temperatura
dt
do corpo está diminuindo. Isso é consistente com o fato de o
corpo estar perdendo calor para o meio ambiente.
Analogamente, se T < Ta então T − Ta < 0 e portanto
dT
−k(T (t) − Ta) > 0. De onde > 0, o que significa que o
dt
corpo está ganhando calor do meio ambiente.
dT
= −k(T (t) − Ta)
dt
T (t ) = T
0 0
T (t) − Ta = Ce−kt
C E D E R J 51
✐ ✐
✐ ✐
C = ekt0 (T0 − Ta )
Assim
Aplicação
O crime da secretária
Ao chegar ao trabalho, a secretária de um importante empresá-
rio encontra-o morto.Ela telefona imediatamente para a polı́cia,
que chega ao local 2hs. depois da chamada. O detetive encar-
regado examina o ambiente e o corpo. Uma hora mais tarde ele
repete o exame. Então decide prender a secretária. Por que?
Resolução:
A secretária chegou na delagacia protestando inocência, re-
clamando da arbitrariedade policial e ameaçando convocar a im-
prensa. O delegado de plantão então requisitou o relatório do
detetive, no qual encontrou apenas os seguintes dados:
1) t∗ 20oC 35oC
t∗ + 1 20oC 34,2oC
52 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
Então ele concordou com o detetive.
De fato,
para cada t > 0 seja T (t) a temperatura do corpo no instante t; e
seja t0 = 0 o instante da morte. Então:
AULA
(t ∗ = instante da chegada da polı́cia, t ∗ − 2 instante em
que a secretária telefonou)
ii. T (t0 ) = 36,5oC
iii. T (t ∗) = 35oC
iv. T (t ∗ + 1)= 34,2oC
De onde, ( ∗
e−kt = 15/16, 5
∗
e−k(t +1) = 14, 2/16, 5.
Portanto (trabalhando com 4 decimais):
∗ +1) ∗
e−k(t /e−kt = 14, 2/15
C E D E R J 53
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 2.14. blablabl
✆
Solução:
A cada segundo entram no reservatório α litros de água salgada,
com c quilos de sal por litro; ou seja, a quantidade de sal aumenta
α c quilos por segundo.Podemos escrever que a taxa de aumento da
concentração de sal é dada por dy/dt = α c Mas, ao mesmo tempo o
reservatório perde α litros de solução, com (y/V) kg. de sal por litro.
Ou seja dy/dt diminui de α y/V quilos de sal por segundo.
54 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
*variação ins-+ *variação ins-+ *variação ins-+
tantânea da tantânea da tantânea da
= -
quantidade total quantidade de quantidade de
de sal sal que entra sal que sai
dy y
= αc − α
dt V
AULA
Assim o modelo matemático para o problema acima é
dy = α c − α y
dt V
y(0) = 0;
Aplicação
Despoluição de lagoas
Alguns paı́ses, por falta legislação especı́fica, ou de recursos
suficientes, ou mesmo por negligência na fiscalização do go-
verno, estão sujeitas à constante poluição do ar e da água. Nos
restringiremos neste modelo às formas de despoluição de la-
gos e lagoas uma vez que no caso dos rios, quando a poluição
ainda não causou danos extremos, eles próprios podem se auto-
reparar, bastando para tanto que se tenha uma diminuição no
lançamento de poluentes em suas águas. Já no caso de la-
goas (ou lagos) o processo de despoluição é mais lento, po-
dendo ser efetivado caso ainda não estejam “mortas”. Tal me-
canismo de limpeza consiste em substituir sua água gradual-
C E D E R J 55
✐ ✐
✐ ✐
Solução:
Consideremos primeiramente o caso em que a indústria cessa to-
talmente a poluição da lagoa, colocando filtros especiais. Seja P0 a
quantidade de detritos quı́micos existentes na lagoa no instante em
que cessou a poluição, t = O; seja P = P(t) a quantidade de poluentes
dissolvida na água no tempo t. Como o volume da lagoa é constante e
as vazões dos riachos também, então é razoável supor que a variação
da quantidade de poluentes por unidade de tempo seja proporcional à
quantidade total existente na lagoa em cada instante, de modo que
dP rP
=− (2.14)
dt V
onde r > 0 é a vazão de cada rio.
P(t) = P0 e−rt/V
56 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
sideremos Q = Q(t) a quantidade total de poluentes acumulados na
lagoa pela indústria desde o instante t = 0 até o tempo t.
dQ
Então, Pi (t) = é sua variação por unidade de tempo.
dt
A equação 2.14 anterior deve ser modificada para
dP r
AULA
= Pi (t) − P(t) com r > 0 e P(0) = P0 (2.15)
dt V
(2.15) é um problema de valor inicial com uma equação diferencial
linear de primeira ordem não homogênea.
dP r
= Pi0 − P(t), (2.16)
dt V
dP r
que pode ser reescrita como + P(t) = Pi0 (linear com coe-
dt V
ficientes constantes). Sua solução será
V Pi0
P(t) = P0 e−rt/V + (1 − e−r/Vt ) =
r
V Pi0 −r/V t V
= P0 − e + Pi0 ;
r r
e quando t cresce, P(t) tende a se estabilizar no ponto de equilı́-
V Pi0
brio .
r
C E D E R J 57
✐ ✐
✐ ✐
V Pi0
Se P0 = , a quantidade de poluentes no lago permanece inal-
r
terada.
V Pi0 V Pi0
Se P0 < , a quantidade P(t) cresce até o valor limite .
r r
V Pi0
Se P0 > , a quantidade P(t) diminui com o tempo, ainda
r
V Pi0
tendendo a ; neste caso se a vida aquática for compatı́vel
r
V Pi0
com o nı́vel , ela poderá ser restaurada depois de algum
r
tempo.
✞ ☎
✝
Exemplo 2.15. ✆
blablabl
58 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
Determinar a corrente I em um instante t > 0 qualquer.
AULA
Figura 2.7: Um Circuito RL
Solução:
A primeira etapa da resolução consiste em formular um problema
de valor inicial que “retrate” o circuito acima. Podemos proceder da
seguinte maneira:
L dI + IR = E
dt
I(0) = 0
dI R E
=− I−
dt L R
E
Em seguida fazemos a mudança de variáveis y = I −
R
C E D E R J 59
✐ ✐
✐ ✐
dy dI
∴ =
dt dt
e a equação fica
dy R
=− y
dt L
Se y 6= 0
(dy/dt) R
=−
y L
Isto é
dn o R
ln[y(t)] = −
dt L
Fazendo ln[y(t)] = z ainda podemos escrever
dz R
=−
dt L
que é uma equção do “tipo” das que estudamos no Cálculo I. A solução
é Z
R R
z(t) = − dt = − t +C1
L L
onde C1 é uma constante arbitrária. Assim
R
ln[y(t)] = − t +C1
L
Aplicando a exponencial aos dois lados
R R R
y(t) = e− L t+C1 = eC1 e− L t = Ce− L t
Voltando à variável I:
E R
I− = Ce− L t
R
E
E finalmente, já que I(0) = 0, obtemos C = −
R
Assim a solução (única OK?) do PVI acima é
E
I(t) = 1 − e(−R/L)t
R
60 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
E
lim I(t) = ,
t→+∞ R
indicando que a corrente tende a se estabilizar à medida que o tempo
passa.
AULA
Figura 2.8: Comportamento da corrente
✞ ☎
✝
Exemplo 2.16. blablabl
✆
Q = P + r P = (1 + r) P·
✐ ✐
✐ ✐
Q = P er reais.
62 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Existe muitos outros modelos matemáticos com equações di-
ferenciais fundamentais e equações diferenciais lineares de
primeira ordem:
AULA
KITCHEN Jr. J.W.; - Calculus of One Variable, Addison-
Wesley Publishing Company, 1968.
Neste livro, são desenvolvidos muitos modelos com a
equação diferencial fundamental, usando a técnica que
aplicamos no Exemplo 2.5.
C E D E R J 63
✐ ✐
✐ ✐
Resumo
Nesta aula, aprendemos
64 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
2 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
O estudo especı́fico de equações diferenciais lineares será re-
tomado, e ampliado, a partir da Aula 9.
AULA
Nossa jornada prossegue! E de forma cada vez mais interes-
sante.
S OLUÇÕES COMENTADAS DAS
ATIVIDADES DESTA AULA :
Solução comentada da atividade 2.1
y(x) = ex − x3 + c (2.17)
x = 0 =⇒ y = 1 .
−1 = y(0) = e0 − 03 + c =⇒ c = −2 .
C E D E R J 65
✐ ✐
✐ ✐
dy1
+ p(x)y1 = 0 ,
dx
dy2
+ p(x)y2 = 0 ,
dx
então, para todo x ∈ I,
d(y1 + y2 ) dy1
+ p(x)(y1 + y2 ) = + p(x)y1 +
dx dx
dy2
+ + p(x)y2 = 0 + 0 = 0 ,
dx
e, para qualquer número real α , e todo x ∈ I,
d(α · y) dy
+ p(x)(α · y) = α · + p(x)y = α · 0 = 0 ,
dx dx
66 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula 3
E QUAÇ ÕES N ÃO LINEARES :
B ERNOULLI , R ICCATI E S EPAR ÁVEIS
Objetivos
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
Pré-requisito:
Equações I NTRODUÇÃO
diferenciais
fundamentais; Nesta aula, iniciamos o estudo sistemático de equações di-
Equações ferenciais não lineares. Já estudamos equações diferenciais fun-
diferenciais damentais, que, excetuando a equação trivial y′ = 0, são essen-
lineares de cialmente não lineares. Agora começaremos o estudo de outras
primeira ordem. equações não lineares, que também surgiram logo nos primeiros
tempos do Cálculo, e tem sido, desde então, muito importantes
para desenvolvimento da Matemática e de suas aplicações. São
as equações de Bernoulli, de Riccati e as separáveis.
Introduziremos primeiramente a equação de Bernoulli e calcu-
laremos uma solução geral para ela. Em seguida, estudaremos a
equação de Riccati e um método para resolvê-la, baseados no es-
A “filosofia” deste
tudo anterior de equações de Bernoulli. Mesmo sendo equações
curso é ir
diferenciais não lineares, vamos poder calcular suas soluções
aumentando
por meio de equações lineares associadas, que sabemos resolver.
gradativamente a
A partir das soluções das equações diferenciais lineares associ-
complexidade das
adas, poderemos recuperar as soluções das equações originais.
equacões A última parte desta aula, tratará das equações diferenciais se-
diferenciais paráveis. Elas também são generalizações da equação diferen-
tratadas; reduzindo, cial fundamental, mas, em geral, suas soluções não são obtidas
se possı́vel, as mais por meio de equações lineares auxiliares.
complicadas a
outras equações
que já aprendemos É interessante notar que tanto a equação de Bernoulli
a resolver. quanto a de Riccati foram propostas, inicialmente, como
equações para as quais se procurava um modo de sepa-
rar variáveis (ou resolver por quadraturas, o que signi-
fica transformar em equações diferenciais fundamentais, e
calcular as soluções dessas últimas, usando primitivas ou
o (primeiro) teorema fundamental do cálculo). As “con-
versões” das equações de Bernoulli e de Riccati em equa-
ções diferenciais lineares só aconteceram posteriormente.
68 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
A E QUAÇ ÃO DE B ERNOULLI
Definição 3.1. blablabla
AULA
dy
+ p(x)y = q(x)yn ,
dx
sendo p(x) e q(x) funções contı́nuas num intervalo I, e n ∈ R
um parâmetro tal que n 6= 0 e n 6= 1.
✞ ☎
✝
Exemplo 3.1. ✆
blablabl
dy
1. x + y = x3 y−3
dx
dy
2. + xy = x3 y3
dx
dy
3. 2xy − y2 + x = 0
dx
∂ 2z ∂ 2z ∂ z
4. + = ;
∂ x2 ∂ y2 ∂ t
dy
5. y + y2 = sent.
dt
Solução:
dy
1. A equação x + y = x3 y−3 pode ser posta na forma
dx
dy/dx + (1/x)y = x2 y−3 , e portanto é uma equação de Bernoulli
em qualquer intervalo que não contenha x = 0;
C E D E R J 69
✐ ✐
✐ ✐
dy
2. a equação + xy = x3 y3 é uma equaçãoi de Bernoulli definida
dx
no intervalo (−∞, +∞);
dy
3. a equação 2xy − y2 + x = 0 pode ser escrita sob a forma
dx
dy/dx−(1/2x)y = −(1/2)y−1 , e é identificável como uma equação
de Bernoulli em qualquer intervalo que não contenha x = 0.
Esta equação não admite soluções que assumam o valor 0;
∂ 2z ∂ 2z ∂ z
4. a equação + = é uma equação diferencial parcial.
∂ x2 ∂ y2 ∂t
Não é uma equação de Bernoulli;
dy
5. a equação y + y2 = sent se escreve também como
dt
dy/dt + y = sent y−1 e então é reconhecı́vel como uma equação
de Bernoulli.
y′ + p(x)y = q(x)yn .
z = y1−n ,
e observando que
z′ = (1 − n)y−n y′ ,
70 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
obtemos (substituindo as expressões de z e z′ em (3.1)) uma nova
equação, agora na variável z, equivalente à original:
z′
+ p(x)z = q(x).
1−n
Esta nova equação é uma equação linear de primeira ordem não
AULA
homogênea, que já aprendemos a resolver.
Depois de calcular as soluções z(x) da equacão diferencial li-
near, soluções y(x) da equação original por meio da substituição
inversa √
y = z1/(1−n) = 1−n z.
✞ ☎
✝
Exemplo 3.2. ✆
blablabl
dy y
− 2 = 3xy2 , x > 0
dx x
Solução: Temos uma equação de Bernoulli, com
2
p(x) = − , q(x) = 3x, e n = 2.
x
A substituição z = y1−2 = y−1 transforma a equação original na equação
de primeira ordem não-homogênea
dz z
− − 2 = 3x,
dx x
cuja solução geral é
1 3x4 4c − 3x4
z= 2 − +c = , onde c é um parâmetro real.
x 4 4x2
4x2
y= .
k − 3x4
C E D E R J 71
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 3.3. ✆
blablabl
72 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
ou seja,
dz
− 2 y2 z = 2y5 . (3.4)
dy
Resolvendo (3.4), obtemos
R
Z R
− −2y2 dy −2y2 dy 5
z(y) = e e · 2y dy + c .
AULA
Ou seja,
Z
2y3 /3 −2y3 /3 5
z(y) = e e · 2y dy + c .
R 3 /3
A integral e−2y ·2y5 dy pode ser calculada da seguinte forma:
Z Z
−2y3 /3 3
e · 2y dy =5
y3 · e−2y /3 · 2y2 dy .
|{z} | {z }
u dv
C E D E R J 73
✐ ✐
✐ ✐
Determinar a equação da curva que passa por (0, 1), tal que o
quadrado da distância de qualquer ponto P = (x, y) à origem seja
igual ao comprimento da subnormal naquele ponto.
!
Atenção!
A equação de Bernoulli é um daqueles modelos “férteis”,
cuja utilização ultrapassa, de longe, o problema inicialmente
abordado. O problema inicial, isto é, o problema com o
qual J. Bernoulli introduziu a equação diferencial era um pro-
blema geométrico; entretanto atualmente diversos problemas
de outras áreas: Economia, Engenharia, Biomatemática, para
citar apenas algumas, são modelados com equações diferen-
ciais de Bernoulli.
✞ ☎
✝
Exemplo 3.4. ✆
blablabl
1. dx/dt = α x2 + β t m , α , β constantes;
dy
2. + (2x − 1)y − xy2 = x − 1;
dx
74 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
∂z
3. + z2 + x z − 7 cos x = 0;
∂x
4. dy/dx + y2 − 4y + 4 = 0;
dx
5. − α x2 + β t + γ t 2 = 0 α , β e γ constantes.
dt
AULA
Solução:
dy
2. a equação + (2x − 1)y − xy2 = x − 1 já está na forma de uma
dx
equação de Riccati. Logo é uma equação de Riccati;
∂z
3. a equação + z2 + x z − 7 cos x = 0 é uma equação diferencial
∂x
parcial. Apesar da forma bem parecida, não é uma equação de
Riccati;
Demonstração
De fato,
C E D E R J 75
✐ ✐
✐ ✐
isto é,
y2 + y1 = y2 − y1 + 2y1 = z + 2y1 ,
Ou seja,
z′ − [a1 (x) + 2y1 a2 (x)] z = a2 (x)z2 ,
CQD
CQD
76 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Conhecida uma solucão particular y1 da equação de Riccati
dy
= a2 (x)y2 + a1 (x)y + a0 (x),
dx
AULA
Qualquer outra solução y da equação de Riccati tem-se que
v = y − y1 é solução da equação de Bernoulli
z = 1/v.
✞ ☎
✝
Exemplo 3.5. ✆
blablabl
C E D E R J 77
✐ ✐
✐ ✐
isto é,
z′ x x 2x 1
− 2
− x − 2 − 2 + 2x + − 1 − = x − 1.
z z z z z
Multiplicando por z2 ,
ou seja,
z(x) = e−x (−xex + ex + c) = −x + ce−x .
Portanto uma solução geral da equação de Riccati
y′ − xy2 + (2x − 1)y = x − 1 é
1 1
y(x) = 1 + = 1+ .
z(x) 1 − x + ce−x
✞ ☎
✝
Exemplo 3.6. ✆
blablabl
dy y
a. = x2 + − y2 .
dx x
dy
b. = (1 + xy)P(x) + y2 .
dx
78 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
1 dy 1 dz
y = x + . Daı́, = 1 − 2 . Assim, nossa equação fica
z dx z dx
1 dz 2 1 1 1 2
1− 2 =x + x+ − x+
z dx x z z
1 x 1
= 1+ −2 − 2.
xz z z
AULA
Da expressão acima, segue que
dz 1
+ − 2x z = 1.
dx x
1 1 dy 1 1 dz
b. Seja y = − + , segue que = 2 − 2 . Assim, obtemos
x z dx x z dx
1 1 dz 1 1 1 1 2
− = 1 + x − + P(x) + − +
x2 z2 dx x z x z
x 1 2 1
= P(x) + 2 − + 2 .
z x xz z
Daı́, obtemos
dz 2
+ xP(x) + z = −1.
dx x
C E D E R J 79
✐ ✐
✐ ✐
R
Z R
z(x) = e − (xP(x)+ 2x )dx
e (xP(x)+ 2x )dx
(−1)dx + c
R
Z R
− xP(x)dx−ln x2 xP(x)dx+ln x2
= −e e dx + c
Z R
− xP(x)dx 1
R
xP(x)dx 2
= −e e x dx + c .
x2
1 1
Como y = − + , temos
x z
R
1 x2 e xP(x)dx
y(x) = − − R R xP(x)dx 2 .
x e x dx + c
80 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
E QUAÇ ÕES DE VARI ÁVEIS S EPAR ÁVEIS
Definição 3.3. blablabla
AULA
Uma equação diferencial que pode ser posta na forma
dy f (x)
= (3.9)
dx g(y)
✞ ☎
✝
Exemplo 3.7. blablabl
✆
A equação diferencial
y′ = (1 + y2 )/xy x > 0,
Neste caso
1 y
f (x) = e g(y) = .
x 1 + y2
✞ ☎
✝
Exemplo 3.8. blablabl
✆
C E D E R J 81
✐ ✐
✐ ✐
dy
g(y) = f (x) (3.10)
dx
82 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
fundamental (3.11), cuja solução é obtida “integrando” os dois
membros de (3.11) com relação a x no intervalo I. Temos
Z
G[y(x)] = f (x) dx.
AULA
G[y(x)] = F(x) + c (3.12)
onde c um parâmetro arbitrário.
!
Atenção!
As definições (3.3) e (3.4), assim como a fórmula de solução
(3.12), exigem que tenhamos g(y) 6= 0 e y′ 6= 0 .
De fato, o Teorema da Função Implı́cita garante que (3.12)
define a solucão y(x) implicitamente na vizinhança de um
ponto (x0 , y0 ), se
∂ h i
G(y(x)) − F(x) 6= 0.
∂y (x0 .y0 )
Isto é, se
g(y) · y′ 6= 0.
Entretanto, na prática é comum adotar o ponto de vista dos
fundadores do Cálculo, e considerar uma equação diferencial
como sendo a equação que define um conjunto de curvas.
Diz-se que (3.12) define o conjunto de curvas que são
soluções de (3.9). De modo abusivo, é comum dizer que
(3.12) é o conjunto das soluções, ou mesmo a solução geral
da equação (3.9).
✞ ☎
✝
Exemplo 3.10. ✆
blablabl
x
Calcule a solução geral de y′ = − , x ∈ R, y 6= 0.
y
Obtenha também, duas soluções distintas, tais que y > 0.
Solução: Identificando as funções que aparecem na equação com as
C E D E R J 83
✐ ✐
✐ ✐
f (x = −x) e g(y) = y.
yy′ = −x;
ou ainda
1 ′ 1 d
2yy = [y(x)2 ] = −x
2 2 dx
Integrando os dois lados com relação a x:
y(x)2 = −x2 + c
x2 + y(x)2 = c
é a solução geral.
A natureza da resposta impõe que a constante c seja positiva.
Para cada c > 0, a fórmula acima define de soluções y(x), contı́nuas
em intervalos abertos convenientes. Por exemplo, a Figura 3.2 exibe
x
três soluções distintas (y = y(x)) de y′ = − .
y
84 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
respostas obtidas, para verificar a compatibilidade com
os dados iniciais da equação diferencial.
AULA
dy f (x)
= ,
dx g(y)
C E D E R J 85
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
O que justifica (segundo os padrões atuais de rigor
em Matemática) o método utilizado é a teoria de for-
mas diferenciais, um assunto avançado que foge aos
nossos objetivos. Nessa teoria, expressões do tipo
g(y) dy = f (x)dx, ou, mais geralmente, do tipo
M(x, y) dx + N(x, y) dy
!
Atenção!
REGRA PRÁTICA: Para resolver uma equação separável,
primeiro precisamos escrevê-la na forma separada:
f (x) dx = g(y) dy, e depois integrar os dois lados indepen-
dentemente, i.e, tratando x e y como variáveis independentes
entre si.
86 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
3 1 MÓDULO 1
✝
Exemplo 3.11. blablabl
✆
AULA
agora reescrita na forma diferencial
x dx + y dy = 0
Solução:
Z Z
x dx + y dy = 0 ⇐⇒ x dx = −y dy ⇐⇒ x dx = − y dy
(integrando independentemente
com relação a x e a y)
x2 y2 x2 y2
⇐⇒ = − + c ⇐⇒ + = c
2 2 2 2
dy 1 + y2
=
dx xy(1 + x2 )
C E D E R J 87
✐ ✐
✐ ✐
1 A Bx +C (A + B)x2 +Cx + A
= + 2 = , A, B,C ∈ R
x(1 + x2 ) x x +1 x(1 + x2 )
Igualando os numeradores:
A + B = 0, C=0 e A=1
A = 1, B = −1 e C = 0,
e
1 1 x
= −
x(1 + x2 ) x 1 + x2
Portanto,
Z Z Z
1 dx x 1
dx = − = ln(x) − ln(1 + x2 ) + c1 ,
x(1 + x2 ) x 1+x2 2
88 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
s
cx2
y=± −1
x2 + 1
AULA
possamos escolher qual das duas possibilidades representa a solução
procurada.
C E D E R J 89
✐ ✐
✐ ✐
Resumo
Nesta aula, aprendemos
90 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
O QUE VEM POR A Í :
Na próxima aula, apresentaremos alguns modelos matemáticos
envolvendo as equações diferenciais de Bernoulli, de Riccati e
separáveis. Alguns modelos serão bem concretos, outros um
pouco mais teóricos, mas igualmente importantes, pois provoca-
ram avanços da própria Matemática. Outros serão de especial in-
AULA
teresse para as Engenharia de Controle, Engenharia de Produção
(equação logı́stica), Geofı́sica, para mencionar apenas algumas.
E segue a jornada.
x2 + y2 = yy′ ;
y′ − y = x2 y−1 .
C E D E R J 91
✐ ✐
✐ ✐
z′ − 2zx = x2 ,
Portanto,
Z
1
e−2x 2x2 dx + c = −x2 e−2x − xe−2x − e−2x + c.
2
Consequentemente,
1
z = −x2 − x − + ce2x ;
2
e, finalmente, como z = y2 ,
1
y2 = −x2 − x − + ce2x .
2
Usando o fato de que a curva passa por (0, 1), encontramos c =
3/2. Então, a princı́pio a resposta do problema é a curva 2y2 +
2x2 + 2x + 1 − 3e2x = 0.
92 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
AULA
Figura 3.3: Representação gráfica da equação
2y2 + 2x2 + 2x + 1 − 3e2x = 0.
C E D E R J 93
✐ ✐
✐ ✐
y′ = a2 y2 + a1 y + a0 . (3.14)
y′ − y′1
= a2 (y + y1 ) + a1 . (3.19)
y − y1
Dividindo a equação (3.18) por y − y2 :
y′ − y′2
= a2 (y + y2 ) + a1 . (3.20)
y − y2
Subtraindo (3.20) de (3.19):
y′ − y′1 y′ − y′2
− = a2 (y1 − y2 ). (3.21)
y − y1 y − y2
94 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
3 1 MÓDULO 1
Finalmente, integrando (3.21):
Z
y − y1
ln
= k a2 (x)(y1 − y2 )dx,
y − y2
isto é,
y − y1 R
= ke a2 (x)(y1 −y2 )dx .
AULA
y − y
2
Permitindo que o parâmetro de integração assuma quaisquer va-
lores reais, (k = ±c), obtemos a expressão desejada:
y − y1 R
= ce a2 (x)(y1 −y2 )dx .
y − y2
x′ − λ x + γ x2 = 0 ⇐⇒ x′ = λ x − γ x2
dx
⇐⇒ = dt
λ x − γ x2
( usando o método de frações parciais)
1/λ γ /λ
⇐⇒ + = dt
x λ − γx
Z
1 γ 1
⇐⇒ ln |x| + dx = dt
λ λ λ − γx
(fazendo a mudança de variáveis u = λ − γ x)
Z
1 γ 1 du
⇐⇒ ln |x| + − = dt
λ λ γ u
1 1
⇐⇒ ln |x| − ln |λ − γ x| = t + c1
λ λ
x
⇐⇒ ln = λ t + c2
λ − γx
x
⇐⇒ = c eλ t ; c = ±ec2
λ − γx
⇐⇒ x = λ ceλ t − γ xceλ t
⇐⇒ x(1 + γ ceλ t ) = λ ceλ t
λ ceλ t
⇐⇒ x(t) = .
1 + γ ceλ t
C E D E R J 95
✐ ✐
✐ ✐
96 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula
M ODELOS
4
COM EQUAÇ ÕES DE P RIMEIRA
O RDEM
Objetivo
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
Pré-requisito:
Equações I NTRODUÇÃO
diferenciais
fundamentais; Esta extensa aula contém apenas uma amostra minúscula de
Equações problemas que podem ser modelados com o auxı́lio das equações
diferenciais de diferenciais que temos estudamos até agora, focando nos proble-
Bernoulli, de mas modelados por equações diferenciais de Bernoulli, Riccati
Riccati e e separáveis.
separáveis.
O número de modelos envolvendo equações diferenciais or-
dinárias e parciais, bem como as equações de diferenças finitas,
não para de aumentar, sugerimos que, numa primeira leitura, se-
jam selecionados alguns para exame. Preferencialmente, siga as
recomendações do professor coordenador da disciplina. Posteri-
ormente, você pode explorar os modelos que faltam, e também
procurar novos modelos, na Internet, por exemplo.
98 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Então seja p(t) a função que mede o tamanho de uma de-
terminada população de seres vivos no instante t. Os modelos
serão obtidos considerando-se a taxa de variação da população
com relação ao tempo:
dp
= nascimentos − mortes + migrações (4.1)
dt
AULA
às vezes chamada de equação de conservação da população.
Frequentemente é útil considerar a taxa de crescimento (ou taxa
de crescimento relativa, ou especı́fica) da população, definida
pela quantidade
d p/dt
. (4.2)
p
O MODELO DE M ALTHUS
C E D E R J 99
✐ ✐
✐ ✐
Para t = 1970,
p(1970) ∼ 3 109 e0,2 ,
um número aproximadamentae igual a três bilhões e seiscentos e ses-
senta e cinco milhões de habitantes.
100 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
O MODELO DE V ERHULST
AULA
Figura 4.2: Pierre Verhulst ( 1804-1849)
f (p) = c1 p + c2 .
C E D E R J 101
✐ ✐
✐ ✐
dp p
= r p(1 − ) p > 0, (4.4)
dt K
sendo conhecida como equação do modelo de Verhulst.
102 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
C ÁLCULO DE S OLUÇ ÕES DA
E QUAÇ ÃO L OG ÍSTICA
Solução: Observe que as constantes p = 0 e p = 1 são soluções da
equação logı́stica.
AULA
1
d p = rdt
p(1 − p)
i.e,
p
ln
= rt + c.
p − 1
Portanto
p rt+c
p − 1 = e ;
ou
p
= ±ert ec .
p−1
Como 0 < p < 1, devemos escolher o sinal negativo, pois, caso contrário,
o lado esquerdo seria negativo e o lado direito seria positivo.
Assim, a solução geral da equação logı́stica é
p
= −ec ert .
p−1
Ou ainda
p
= ec ert (4.6)
1− p
Da fórmula (4.6) obtemos:
C E D E R J 103
✐ ✐
✐ ✐
ou
p(t)[1 + ec ert ] = ec ert .
De onde
λ ert
p(t) = , com λ = ec .
1 + λ ert
Podemos escrever então que a solução geral da equação logı́stica (4.5),
é
λ
p(t) = , sendo λ um parâmetro positivo.
[1 + λ ert ] e−rt
λ
p0 = .
1+λ
Então
p0 + λ p0 = λ ;
e consequentemente, como estamos supondo p0 6= 0 e p0 6= 1:
p0
λ= .
1 − p0
104 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Resumindo, a solução do PVI
d p = r p(1 − p) com 0 ≤ p ≤ 1
dt
AULA
p(0) = p
0
é
p0
p(t) =
p0 + (1 − p0 )e−rt
✞ ☎
✝
Exemplo 4.2. blablabl
✆
Solução:
Temos:
C E D E R J 105
✐ ✐
✐ ✐
p=2
p0 = 1
106 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
b) Desenhe agora o gráfico de g(p) = rp(1 − p), pode con-
siderar r = 1, para simnplificar e conclua que d p/dt > 0
para 0 < p < 1/2, e que d p/dt < 0 se p > 1/2.
dg d 2 p
c) Observando que = 2 , mostre então que p = 1/2 é
dt dt
ponto de inflexão do gráfico da solução da equação logı́s-
AULA
tica (no intervalo onde o ambiente consegue sustentar a
população).
dg dg d p dg
Sugestão: = = rp(1 − p) = rp(1 − p)(1 − 2p) .
dt d p dt dp
✞ ☎
✝
Exemplo 4.3. ✆
blablabl
C E D E R J 107
✐ ✐
✐ ✐
dx
= 2 x(t)[1 − x(t)].
UMC = unidade de dt
medida de
cardume. Uma
UMC = 10.000 Diante dessa solicitacão, os engenheiros efetuaram foram feitas
peixes. Trata-se de estimativas, levando em conta a população inicial x0 :
uma unidade
Uma medida inicial indicou x0 = 0, 25 UMCs, isto é, a primeira
inventada para este
medição indicou o número de 2.500 peixes.
exemplo
Se a = 2, d = 1/2 (a fração de pesca seria igual à metade da
população, em cada instante. Parece um “chute” razoável).
Sendo assim, o modelo para a quantidade de peixes é
dx = 2 x(1 − x),
dt .
x(0) = 0, 025
!
Atenção!
Para poder tomar decisões polı́ticas, para o prefeito é impor-
tante saber se a produção máxima vai acontecer num tempo
eleitoralmente útil. Em outras palavras,“t −→ +∞” não é
uma informação muito completa: x(t) talvez só aumente sig-
nificativamente para um valor de t muito grande.
E até lá, o prefeito já poderia ter sido “detonado”.
108 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
É preciso analisar a questão mais a fundo.
Como o valor limite x = 1 U MC só seria alcançado em t = +∞,e
isso não faz sentido concretamente, os biocientistas e engenhei-
ros se propuseram calcular o tempo necessário para alcançar
uma produção inferior, porém que atendesse as ambições em
jogo. Por exemplo 0, 8U MCs.
AULA
Chamando de t1 o tempo necessário para a população alcançar
o valor 0, 8U MCs, eles precisavam resolver a seguinte questão:
Se x(t1 ) = 0, 8 então t1 =?
1
A solução da equação 0, 8 = é
1 + 3 e−2t1
ln 12
t1 = ∼ 1, 242343325.
2
Tendo em vista que o mandato duraria quatro anos, os assessores
se declararam satisfeito. Em pouco mais de um ano, a população
estaria próxima do limite máximo.
Eles expuseram seus resultados ao prefeito por meio do gráfico
da solução do problema de valor inicial com equacnao logı́stica,
que tinham desenvolvido:
Estratégia
Atividade de auto-avaliação 4.2 Plano, método,
manobras ou
estratagemas
Entusiasmado, o prefeito sugeriu alterar o valor x0 , comprando, usados para
se necessário, mais peixes, de tal modo que, ao fim de quatro alcançar um
anos, a produção alcançasse o “valor- limite” 10.000. Sua es- objetivo ou
tratégia dará bom resultado? resultado
especı́fico.
C E D E R J 109
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 4.4. blablabl
✆
am2 + bm + c = 0.
110 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Demonstração
x(t) = m é solução de
dx dm
+ ax2 + bx + c = 0 ⇐⇒ + am2 + bm + c = 0
dt dt
⇐⇒ am2 + bm + c = 0
AULA
⇐⇒ m é solução de
am2 + bm + c = 0.
dx
A equação = 2x(1 − x) − c admite soluções reais constantes
dt
se, e somente se,
∆ = 4 − 8c ≥ 0. (4.7)
C E D E R J 111
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 4.5. ✆
blablabl
112 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
tinha conversado com amigos biólogos e professores de ma-
temática, e aprendido que:
AULA
dp
= α p2/3 − β p.
dt
C E D E R J 113
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Anabolismo e catabolismo são processos que descrevem
se o corpo está construindo ou perdendo tecido muscular.
Quando você está tentando ganhar peso, você deve maximi-
zar o tempo em que seu corpo fica no estado de construção
muscular, de forma que seus resultados sejam mais satis-
fatórios. A maneira que você come, treina e descansa in-
fluencia diretamente nesse processo.
CATABOLISMO
Catabolismo é o estado do seu corpo que degenera o te-
cido muscular. Sempre que você treina, seja cardio ou
musculação, você está fadigando os músculos. Quanto mais
longo e difı́cil for seu treino, mais dano você causa ao te-
cido muscular. Outros fatores podem contribuir para que seu
corpo fique em estado catabólico, como a má alimentação e
a falta de descanso.
ANABOLISMO
Anabolismo é o estado em que seu corpo constrói tecido
muscular. Quando você descansa, seu corpo começa a re-
parar o tecido muscular danificado. Dessa forma, é durante
o repouso, e não no exercı́cio, que seu corpo desenvolve a
massa muscular.
Solução:
114 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
α cβ − β t
z= 1+ e 3 .
β α
E como z = p(1/3) , então p = z3 .
Ou seja,
3
α cβ − β t 3
AULA
p(t) = · 1+ e 3 ,
β α
conforme querı́amos demonstrar.
Observe que a solução tem a mesma forma qualquer que seja a
espécie considerada. As constantes α e β é que diferenciam os
pesos dos peixes de cada tipo.
ou seja,
3
cβ
1+ = 0,
α
o que equivale a
cβ
1+ = 0.
α
Assim,
α
c=− .
β
iii. Utilizando o valor de c calculado no item (ii), sob a hipótese
de que o peso de cada peixinho no instante em que é posto no
tanque é desprezı́vel, o seu peso num instante posterior t é
3 3
α β
p(t) = 1 − e− 3 t .
β
Então 3
α
lim p(t) = ,
t→+∞ β
porque
β β
e− 3 t → 0, e, portanto, 1 − e− 3 t → 1
quando t → +∞.
3
α
O peso ideal para comercialização é β .
C E D E R J 115
✐ ✐
✐ ✐
iv. Temos
3
′ α − β3 t
2
−β t β
p (t) = ·3 1−e · (−e ) · −
β 3
α3 β
2 β
= 2 1 − e− 3 t · e− 3 t ,
β
!
Atenção!
Segundo os cálculos, seria necessário um tempo infinito para
que cada peixe chegasse ao peso ideal. Na prática, o peso
é atingido num tempo finito. Só esta observação já mostra
que o modelo é uma aproximação. Uma outra razão para que
o modelo não seja considerado exato é que ele não leva em
conta que a taxa de produção de novos membros da espécie
depende da idade dos pais, i.é, membros recém-nascidos não
contribuem de imediato para o aumento da espécie. Existem
outros modelos que levam em conta esses fatores, mas não
vamos considerá-los neste estudo.
116 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Reações Quı́micas de Segunda Ordem
Um composto C é formado pela combinação de duas substâncias
quı́micas A e B. suponha que a gramas de A sejam combinadas
com b gramas de B. Se x(t) é o número de gramas de C no ins-
tante t, sendo cada grama de C constituı́da por M partes de A e N
partes de B, introduzindo as quantidades relativas de substâncias
AULA
A e B em cada grama de mistura C por
M N
e ,
M +N M +N
respectivamente, em x gramas do composto C teremos
M N
·a e ·b
M +N M +N
gramas das substâncias A e B.
C E D E R J 117
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 4.6. ✆
blablabl
dx
= k(α − x)(β − x).
dt
Como em cada grama de C temos uma parte de A e 4 partes de B, então
(com a notação acima), M = 1 e N = 4. Assim,
M 1 N 4
= e = ,
M+n 5 M+N 5
de sorte que
M+N 5 M+N 5
α= a = · 50 = 250 e b = · 32 = 40.
M 1 N 4
A equação do problema fica
dx
= k(250 − x)(40 − x) (4.9)
dt
(uma equação separável).
A esta equação devemos acrescentar as condições
118 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Tomando exponenciais dos dois lados:
250 − x
= c2 e210 kt . (4.10)
40 − x
e como x(0) = 0, tiramos c2 = 25/4, de modo que
250 − x 25 210 kt
AULA
= e
40 − x 4
E finalmente como x(10) = 30, substituindo na última equação, e usando
uma calculadora, obtemos (com quatro decimais significativas)
k = 0, 1258
1 − e−0,1258 t
x(t) = 100
25 − 4e−0,1258 t
que é a resposta da primeira parte do problema.
C E D E R J 119
✐ ✐
✐ ✐
Curvas de perseguição
OQ − y
(b) Mostre que y′ = − . E como OQ = vt, conclua que
x
Z q
v a
1 + [y′ (x)]2 dx = y − y′ x. (4.11)
ω x
Derive a equação (4.11) e mostre que
q
′′
xy = c 1 + [y′ (x)]2 ,
com c = v/ω .
(c) Fazendo a mudança de variável p = y′ obtenha uma equação
diferencial separável, e resolva-a.
(d) Determine então y = y(x)
(e) Determine em que condições o gato alcança o rato. Calcule
em que ponto do eixo y o encontro ocorre.
✞ ☎
✝
Exemplo 4.7. ✆
blablabl
A equação diferencial
p
dy −x + x2 + y2
= (4.12)
dx y
120 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
é satisfeita pela(s) curva(s) plana(s) C que verifica(m) a seguinte
propriedade:
Todas as retas paralelas ao eixo 0x que incidem sobre C por um
dos lados de C , são refletidas por C e passam por um mesmo
ponto F, conforme a Figura 4.8:
AULA
Figura 4.8: Espelho parabólico
Solução:
a)
dy du
u = y/x =⇒ y = ux =⇒ = u+x
dx dx
Substituindo y e dy/dx respectivamente por ux e u + x du/dx na equa-
ção (4.12): √
du −x + x2 + x2 u2
u+x =
dx ux
Simplificando x no lado direito:
√
du −1 + 1 + u2
u+x =
dx u
ou seja √
du −1 + 1 + u2
x = −u
dx u
C E D E R J 121
✐ ✐
✐ ✐
ou ainda
u du dx
√ = (equação separável)
1 + u2 − (1 + u2 ) x
u′ = 2x + 2yy′ (4.13)
Como p
′ −x + x2 + y2
y =
y
então p
yy′ = −x + x2 + y2 (4.14)
de (4.13);
u′ − 2x
yy′ =
2
Substituindo em (4.14):
u′ − 2x √
= −x + u
2
Portanto . . √
u′ − 2x = −2x + 2 u.
Assim
u′
√ =1
2 u
de onde √
u=x=c
p
e como u = x2 + y2 , obtemos x2 + y2 = x + c, ou,
x2 + y2 = x2 + 2cx + c2
I.é,
y2 = 2cx + c2
122 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
4 1 MÓDULO 1
✝
Exemplo 4.8. ✆
blablabl
A equação
dA √
= A 4 − 2A
dx
fornece um modelo simplificado para a altura A(x) > 0 de um
AULA
ponto a x quilômetros da costa, situado sobre um tsunami (onda
gigantesca, provocada por um maremoto ou tempestade).
Solução:
(
dA A=0
• Observe que A(x) = 0 ↔ dx =0↔ .
A=2
A = 0 corresponde a uma onde de 0 unidades de altura em todos
os pontos. Então, na verdade, não há onda neste caso.
A = 2 corresponde a uma onda de altura constante 2 unidades.
Não é uma onda; é uma elevação do nı́vel do mar.
• Temos:
dA √ dA
= A 4 − 2A ⇐⇒ √ = dx.
dx A 4 − 2A
e
dA = 4 sen u cos u du.
Então
Z Z Z
dA 4 sen u cos u du
√ = = dx;
A 4 − 2A 2 sen2 u 2 cos u
i.é, Z Z
du
= dx.
sen u
C E D E R J 123
✐ ✐
✐ ✐
Portanto
ln |cossec u + cotg u| = x + c.
q q
como sen2 u = A/2 então sen u = A2 e cos u = 1 − A2 . Por-
tanto, a solução geral da equação do tsunami é
r
2 r2
ln + − 1 = x + c.
A A
A
2
124 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Atividade de auto-avaliação 4.4
d 2y dy
2
+ Q(x) + P(x)y = 0
dx dx
AULA
é equivalente a um sistema de duas equações diferenciais de pri-
meira ordem, uma das quais é a equação de Riccati (numa nova
variável u)
du
= −P(x) − Q(x)u − u2 .
dx
✞ ☎
✝
Exemplo 4.9. ✆
blablabl
xy′′ − y′ − x3 y = 0, x > 0.
Resumo
Nesta aula você estudou alguns modelos matemáticos de
fenômenos fı́sicos utilizando equações diferenciais. Foi ape-
nas uma amostra irrisória dos problemas que podemos resol-
ver com o auxı́lio das equações diferenciais, problemas estes
que se desviaram um pouquinho do caráter geométrico que
vinha motivando a teoria das aulas anteriores.
C E D E R J 125
✐ ✐
✐ ✐
126 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
g(p) = d p/dt, segue a afirmação. Vale uma obs análoga para o
intervalo [1/2, 1].
d 2 p dg
c) fazendo uma tabela de variação do sinal de = , temos
dt 2 dp
AULA
(0, 1/2) (1/2, 1)
p + +
1− p + +
p(1 − p) + +
(1 − 2p) + −
dg/d p + −
!
Atenção!
• Conclui-se de b), que se a população inicial fosse
maior do que UM (a capacidade de suporte máxima),
então d p/dt < 0.
C E D E R J 127
✐ ✐
✐ ✐
p0 > 1
p=1
p0 < 1
i.e,
1 − x1
x1 = x1 + ,
e8
ou ainda
1 − x1
= 0.
e8
A solução desta última equação é x1 = 1.
Portanto, para que ao fim de 4 anos tenhamos 1 UMC quanti-
dade de peixes, a única possibilidade é que a população inicial
já seja igual a 1 UMC. Só reforça o fato, que já sabı́amos, de
que a função constante igual a UM é solução da equação do mo-
delo.
Não adianta aumentar a populacão inicial. A estratégia do pre-
feito é “furada”.
128 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Solução comentada da atividade 4.3
(a) Decorrido um certo intevalo de tempo t, o gato se encontra
no ponto
P = (x, y), e o rato no ponto Q = (0, vt). Mostre que
Z q
1 a
t= 1 + [y′ (x)]2 dx.
AULA
t x
OQ − y
(b) Mostre que y′ = − . E como OQ = vt, conclua que
x
Z q
v a
1 + [y′ (x)]2 dx = y − y′ x. (4.15)
ω x
com c = v/ω .
(c) Fazendo a mudança de variável p = y′ obtenha uma equação
diferencial separável, e resolva-a.
(d) Determine então y = y(x)
(e) Determine em que condições o gato alcança o rato. Calcule
em que ponto do eixo y o encontro ocorre.
Solução:
(a) No instante t após o inı́cio da perseguição, o gato está no ponto
(x, y) da curva de perseguiç ão C , que vamos supor ser o gráfico de
uma função y = y(x); e o rato, no mesmo instante se deslocou até a
posição (0, vR t) sobre o eixo OY . A distância percorrida pelo gato é o
comprimento do arco desde (a, 0) até (x, y):
Z xq
ℓ(C ) = 1 + [y′ (x)]2 . (4.16)
a
C E D E R J 129
✐ ✐
✐ ✐
(b) Por outro lado, seja θ = θ (t) a medida do menor ângulo que a reta
tangente ao gráfico de C , reta segundo a qual o gato deve se deslocar
no instante t, para estar sempre apontando na direção do rato, faz com
o eixo horizontal.
OQ − y vRt − y
Acompanhando pela figura, temos tg (π − θ ) = =
x x
vRt − y
Ou seja, −tg (θ ) = .
x
′
Mas tg (θ ) = −y (x). Assim
vRt − y
−y′ = ;
x
e portanto (tirando o valor de t):
−xy′ + y
t= (4.19)
vR .
−xy′ + y
Z xq
1
1 + [y′ (x)]2 =
ω a vR .
130 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
Daı́, Z q
′ v x
xy − y = − 1 + [y′ (x)]2 ;
ω a
e então, derivando com respeito a t (usando o Teorema Fundamental
do Cálculo), obtemos (depois de simplificar):
q
xy′′ = c 1 + [y′ (x)]2 , (4.20)
AULA
com c = v/ω . com querı́amos.
dp dx
p =c . (4.21)
1+ p2 x
p
ln( 1 + p2 − p) = c [ln (a) − ln (x)]
a
= c ln
a xc
= ln .
x
Ou seja a c
p
1 + p2 − p = . (4.22)
x
p
Mas xp′ = c 1 + p2 . Portanto
p xp′
1 + p2 = .
c
Substituindo em (4.22):
xp′ a c
−p= ,
c x
C E D E R J 131
✐ ✐
✐ ✐
ou ainda
x c a c
p′ − p = . ,
c x x
que é uma equação diferencial linear não homogênea de primeira or-
dem para p = p(x). Sua solução geral é
1 a c
p(x) = − + k c ac xc .
2 x
Para x = a, y = 0, de modo que
1
0= + k a2c .
2
1
Logo k = e assim
2a2c
1 a c 1 x c
p(x) = − + .
2 x 2 a
Retornando à variável y:
1 h x c a c i
y′ (x) = − (4.23)
2 a x
Se c 6= 1, obtemos a solucão
1 xc+1 1 ac x−c+1
y(x) = − + k̃.
2 ac (c + 1) 2 1−c
Isto é,
1 1 x c+1 1 a c−1
y(x) = a + + k̃.
2 c+1 a c−1 x
132 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
4 1 MÓDULO 1
cuja solução geral é
1 x2
y(x) = − a ln x + k̃˜
2 2a
1 a
y(a) = 0 =⇒ k̃˜ = − − a ln a , e a solução correspondente é
AULA
2 2
1 x2 1 a
y(x) = − a ln x − − a ln a . (4.25)
2 2a 2 2
(d) Para o gato alcançar o rato duas condições devem ser satisfeitas:
Segunda A ordenada que dá a posição do rato tem de ser igual à or-
denada da curva de perseguição em x = 0.
Caso c = 1, y(x) é dada por (4.25), e vemos que y(0) não está definida.
c < 1. Aı́ y(0) > 0 e o gato alcançará o rato, sendo que o encontro
ac
ocorrerá quando vt = − 2 isto é, quando
c −1
ac
t=− ·
v(c2 − 1)
C E D E R J 133
✐ ✐
✐ ✐
dy d2 y
Substituindo as expressões de y, dx e dx2
em (1) segue que
R
R
2
u(x)dx du u(x)dx
R
0 = e u (x) + + Q(x) e u(x) + P(x)e u(x)dx
dx
R
u(x)dx 2 du
= e u (x) + + Q(x)u(x) + P(x)
dx
du
= + u2 (x) + Q(x)u(x) + P(x).
dx
Da última igualdade acima, segue que
du
= −P(x) − Q(x)u − u2 .
dx
Reciprocamente,
R Z
u(x)dx
y=e
⇒ u(x)dx = ln y
1 dy du 1 dy 2 1 d 2 y
⇒ u(x) = ⇒ =− 2 + .
y dx dx y dx y dx2
du
Substituindo as expressões de u(x) e na equação de Riccati
dx
du
dx = −P(x) − Q(x)u − u2 ., temos
2 2
1 dy 1 d2y 1 dy 1 dy
− 2 + 2
= −P(x) − Q(x) · −
y dx y dx y dx y2 dx
Daı́,
d2y dy
2
= −P(x)y − Q(x) .
dx dx
Logo,
d 2y dy
+ Q(x) + P(x)y = 0.
dx2 dx
134 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula
T RAJET ÓRIAS
5
ORTOGONAIS ;
EQUAÇ ÕES HOMOG ÊNEAS .
Objetivos
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
I NTRODUÇÃO
Pré-requisito:
Equações Nesta aula, vamos começar a resgatar um pouco a ordem
diferenciais histórica, e estudar problemas que surgiram logo no inı́cio do
fundamentais; Cálculo. Trata-se de problemas de determinar as “trajetórias”
Equações (curvas) que cortam todas as curvas de uma coleção segundo
diferenciais um ângulo pré-estabelecido; problemas cuja solução já se sa-
lineares de primeira bia obter (em determinados casos particulares) com os recursos
ordem, equações geometria euclidiana tradicional.
diferenciais de
Inicialmente, por ser tecnicamente mais simples, vamos abor-
Bernoulli, de
dar o problema de obter as trajetórias que intersectam uma curva,
Riccati e
ou uma famı́lia de curvas,segundo um ângulo reto, as famosas
separáveis.
trajetórias ortogonais; e, completando o estudo, obter as tra-
jetórias que intersectam uma curva, ou uma famı́lia de curvas,
segundo um ângulo agudo ou obtuso.
Cuidado!
A palavra “curva”
está sendo
empregada no Todas as curvas serão consideradas como gráficos de fun-
sentido geral. Uma ções, ou figuras que podem ser decompostas em pedaços
linha reta é uma de gráficos.
curva. Não estamos
exigindo que
curvas sejam linhas
”encurvadas”. Em 1692, apenas oito anos após sua O conceito já tinha se manifestado
primeira publicação a respeito do pelo menos desde 1644 nos estudos
Cálculo Diferencial, Leibniz publi- de Torricelli a respeito de balı́stica.
cou um pequeno artigo na Acta Eru- Torricelli tinha demonstrado que to-
ditorum (um periódico especiali- das as parábolas balı́sticas que são
zado da época, com o tı́tulo interes- as trajetórias de balas de canhão
sante de “Ações dos Eruditos”). O atiradas segundo diferentes ângulos
artigo prometia uma nova aplicação de elevação com a mesma veloci-
e uso da análise do infinito (leia- dade inicial e segundo um mesmo
se do Cálculo Diferencial). Dois plano vertical) tangenciavam uma
anos mais tarde ele deu seqüência parábola fixa. Essa parábola é a
àquele artigo com mais uma “nova “parábola de segurança”, pois ela
aplicação e uso do cálculo diferen- define o alcance do canhão. Trata-se
cial”. Os dois artigos eram devo- da envoltória da famı́lia de parábolas
tados ao mesmo problema, a saber: balı́sticas. Também Huygens, em
obter um algoritmo para calcular a sua teoria da luz, tinha feito uso ex-
curva que em cada um de seus pon- tensivo das envoltórias. Assim, o
tos tangenciava uma das curvas de conceito não era realmente novo. O
uma dada famı́lia: a assim chamada que era novidade era o emprego do
envoltória. Não era a primeira vez Cálculo Diferencial (o “algoritmo
que as envoltórias apareciam. de Leibniz”) nesse problema a res-
peito de famı́lias de curvas.
136 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
Gottfried W Leibniz com a idade de vinte
anos entrou para o serviço polı́tico do
Eelitor de Mainz. Seu estudo “à sério” de
Matemática não começou senão aos vinte e
seis anos quando foi enviado a Paris numa
AULA
missão diplomática. Durante sua estadia
(quatro anos) em Paris, ele concebeu as
principais caracterı́sticas a respeito do
Cálculo. Apesar de sua careira profissional
ter sido devotada principalmente à Lei e à
Diplomacia, o alcance de suas
contribuições fundamentais - em áreas tão
diversas quanto Matemática, Filosofia, e
Gottfried Leibniz Ciência - provavelmente nunca foi
1646 - 1716 igualado por nenhum sábio posterior.
!
Atenção!
O problema das trajetórias ortogonais foi proposto, pela primeira vez,
por Johann Bernoulli, no ano de 1694, quando ele pediu a Leibniz que
considerasse a seguinte questão:
“Conhecidas as posições de um número infinito de cur-
vas dadas, ache a curva que intersecta todas elas segundo
ângulos retos.”
Bernoulli afirmou que o problema lhe era familiar há
muito tempo, e comentou que tinha recomeçado a pen-
sar nele ao deparar com um artigo de Leibniz, de 1694, a
respeito da envoltória de famı́lias de curvas. Ele motivou
o problema das trajetórias ortogonais referindo-se à teoria
ondulatória da luz de Huygens proposta no livro Traité de
la lumiére (1690); lá os raios de luz são vistos como as
trajetórias ortogonais às frentes de onda, e assim, Johann
Bernoulli sugeria que métodos de calcular trajetórias orto-
gonais a famı́lias de curvas seriam importantes para deter-
minar os raios de luz. Bernoulli só tinha conseguido resol-
ver o problema para alguns casos particulares, como por
exemplo o de certas famı́lias de parábolas, e assim ele es-
tava pedindo a Leibniz que descobrisse uma regra analı́tica
geral para calcular tais trajetórias, análoga à que ele havia
obtido para cálculo das envoltórias.
C E D E R J 137
✐ ✐
✐ ✐
Duas curvas que se cortam num ponto P, e que possuem retas tangentes
em P, são perpendiculares , ou ortogonais, quando essas retas tangentes
fazem um ângulo reto.
m1 · m2 = −1
✄
✂
Exemplo 5.1. blablabl
✁
138 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
AULA
√ √
Figura 5.2: Curvas ortogonais no ponto ( 2/2, 2/2).
✄
✂
Exemplo 5.2.
✁
blablabl
x2 y2
+ = 1.
a2 b2
A figura abaixo exibe uma elipse genérica da famı́lia.
C E D E R J 139
✐ ✐
✐ ✐
2 2
2
x + 2 y y′ = 0.
a b
O que nos dá
′ b2 x
y =− 2 (5.1)
a y
A equação (5.1) é a equação diferencial da famı́lia que contém a elipse
dada.
140 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
AULA
Figura 5.5: Trajetórias ortogonais, caso a > b.
!
Atenção!
Os exemplos a seguir, mostram como o procedimento sistemático para
calcular as trajetórias ortogonais a uma curva, se estendem, de maneira
natural, ao cálculo de trajetórias ortogonais a todas as curvas de uma
famı́lia, indexada por um parâmetro
✄
✂
Exemplo 5.3.
✁
blablabl
C E D E R J 141
✐ ✐
✐ ✐
142 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
✂
Exemplo 5.4.
✁
blablabl
y = cex =⇒ y′ = cex
AULA
y y
=⇒ y′ = x ex , pois c = x
e e
=⇒ y′ = y
1
=⇒ − ′ = y
y
1
=⇒ y′ = −
y
dy 1
=⇒ =−
dx y
=⇒ y dy = −dx
Z Z
=⇒ ydy = − dx
y2
=⇒ = −x + c
2
=⇒ y2 + 2x = c,
x2 + y2 = R 2 R ∈ R − {0} ortogonalmente.
C E D E R J 143
✐ ✐
✐ ✐
✄
✂
Exemplo 5.5. blablabl
✁
x2 y2
+ =1
a2 + λ b2 + λ
onde a e b são contantes dadas, é “auto-ortogonal”. Tais curvas são denomi-
nadas curvas confocais.
x2 y2
+ = 1. (5.3)
a2 + λ b2 + λ
A equação acima é equivalente a
x2 y2
+ = 1.
a2 + λ (a2 + λ ) + (b2 − a2 )
x2 y2
+ =1
a2 + λ (a2 + λ ) + (b2 − a2 )
2x 2yy′
⇒ + =0
a2 + λ (a2 + λ ) + (b2 − a2 )
x yy′
⇒ = −
a2 + λ (a2 + λ ) + (b2 − a2 )
a2 + λ a2 + λ + b2 − a2
⇒ =−
x yy′
a2 + λ a2 + λ a2 − b2
⇒ + =
x yy′ yy′
1 1 a2 − b2
⇒ a2 + λ + ′ =
x yy yy′
x + yy′ a2 − b2
⇒ a2 + λ =
xyy′ yy′
a2 − b2 x
⇒ a2 + λ =
x + yy′
Segue disso que
2 2
2 a2 − b2 x
2
b +λ = a +λ + b −a = ′
+ b2 − a2
x + yy
a − b x + b − a (x + yy′ )
2 2 2 2 b2 − a2 yy′
= = .
x + yy′ x + yy′
144 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
Substituindo as expressões de a2 + λ e b2 + λ em (5.3), segue
x2 (x + yy′ ) y2 (x + yy′ )
+ =1
(a2 − b2 ) x (b2 − a2 ) yy′
x (x + yy′ ) y (x + yy′ )
⇒ + 2 =1
(a − b ) (b − a2 ) y′
2 2
AULA
′
x y
⇒ x + yy + =1
a2 − b2 (a2 − b2 ) y′
xy′ − y
⇒ x + yy′ = 1.
(a2 − b2 ) y′
1
Substituindo y′ por − ′ , segue
y
y x 2 2
1
x− ′ − ′ −y = a −b − ′
y y y
(y′ x − y) −x − yy′ 2 2
1
= a −b − ′
y′ y′ y
y′ x − y x + yy′ = a2 − b2 y′
que é precisamente a equação (5.4). Portanto, a equação (5.4) repre-
senta sua própria famı́lia de trajetórias ortogonais.
✄
✂
Exemplo 5.6.
✁
blablabl
C E D E R J 145
✐ ✐
✐ ✐
y (y′ )2 + 2x y′ − y = 0. (5.5)
Temos:
y (y′ )2 + 2x y′ − y = 0. (5.6)
146 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
E QUAÇ ÕES D IFERENCIAIS H OMOG ÊNEAS
Definição 5.2 (Equações diferenciais homogêneas). blablabla
dy y
=F (5.7)
AULA
dx x
onde F é uma função definida em U ⊂ R2 −→ R e x 6= 0 em todos os
pontos de U.
✄
✂
Exemplo 5.7. blablabl
✁
y
dy y − x cos2
A equação = x é uma equação homogênea em
dx x
U= R2 − (0, x).
y
dy y − x cos2 y y y
De fato, observamos que = x = − cos2 =f .
dx x x x x
A mudança de variáveis
y
v= ,
x
definida em qualquer região onde x 6= 0,transforma a equação homogênea
(5.7) em uma equação fundamental, ou numa equação de variáveis separadas.
Demonstração
y
v= =⇒ y′ = v + xv′. Substituindo em (5.7), obtemos xv′ = F(v) − v.
x
Se ∀ v F(v) = v então a equação xv′ = F(v) − v se reduz a xv′ = 0. Como
estamos supondo x 6= 0, a equação se torna v′ = 0, uma equação fundamental,
cujas soluções são v = c; ou seja y = cx.
Se ∃v0 tal que F(v0 ) 6= v0 , então, por continuidade F(v) 6= v para todo v numa
dv dx
vizinhança W de v0 . Para todo v ∈ W xv′ = F(v) − v ⇐⇒ = ;
F(v) − v x
que é uma equação separada .
CQD
✄
✂
Exemplo 5.8. blablabl
✁
x+y
1. y′ =
x
C E D E R J 147
✐ ✐
✐ ✐
2. 2y − xy′ = 0
dy 4y − 3x
3. =
dx 2x − y
Solução:
x+y
1. y′ = .
x
y
• Forma padrão: y′ = 1 + ;
x
′
• v = y/x; y = v + xv ; ′
• equação separável/separada:
v′ = 1/x;
v = ln (cx);
• Solução geral em y:
y = x ln cx.
2. 2y − xy′ = 0.
y
• Forma padrão: 2 − y′ = 0;
x
• v = y/x; y = v + xv′ ;
′
148 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
• equação separável/separada:
v′ 1
= ;
v x
• solução geral da equação, em v:
AULA
v = cx;
• Solução geral em y:
y = cx2 .
dy 4y − 3x
3. = .
dx 2x − y
(verifique cuidadosamente as contas e simplificações)
dy 4y/x − 3
• Forma padrão : = ;
dx 2 − y/x
• v = y/x; y′ = v + xv′ ;
• equação separável/separada:
2−v 1
dv = dx;
v2 + 2v − 3 x
• Solução geral em y:
r
4
y−x
= cx.
y + 3x
Mais uma vez vamos aplicar nosso método de calcular trajetórias ortogonais:
C E D E R J 149
✐ ✐
✐ ✐
• b = 0 ⇐⇒ ac = 0
- Suponha que a = 0 e c 6= 0. Então a equação (5.8) se reescreve
como
cy + e
y′ = ,
d
que é uma equação diferencial linear não-homogênea de pri-
meira ordem para y como função de x.
- Suponha que a 6= 0 e c = 0. (5.8) se reescreve como
e
y′ = ,
ax + d
que é uma equação diferencial fundamental.
- Suponha agora a = c = 0, de modo que (5.8) se reduz a
e
y′ = ,
d
que é uma equação trivial.
• Suponha b 6= 0. Lembremos que isto equivale a
b c
= = k.
a b
. Portanto b = ka e c = kb e a equação (5.8) toma a forma
kax + kby + e
y′ = ,
ax + by + d
150 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
ou seja
k(ax + by) + e
y′ = . (5.9)
ax + by + d
A equação (5.9) sugere a mudança de variáveis
z = ax + by,
AULA
1
de maneira que y = (z − ax),
b
dy 1 dz
= −a .
dx b dx
Substituindo na equação (5.8)
1 dz kz + e
−a =
b dx z+d
isto é kz + e
dz
=b +a
dx z+d
| {z }
G1 (z)
x0 = H, y0 = K
X = x − H, Y = y − K, (5.10)
dY b(X + H) + c(Y + K) + e
=
dX a(X + H) + b(Y + K) + d
isto é
bX + cY + bH + cK + e
| {z }
dY 0
= .
dX aX + bY + aH + bK + d
| {z }
0
C E D E R J 151
✐ ✐
✐ ✐
dV 1/X
= .
dX 1/(−abV 2 + (c − a)V + b)
✄
✂
Exemplo 5.10. blablabl
✁
Resolva
dy 2x + 3y − 1
=
dx 4x + 6y + 4
Solução:
Temos
2 3
det = 12 − 12 = 0
4 6
Substituindo na equação
152 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
1 dt t −1
−2 =
3 dx 2t + 4
dt 3t − 3 7t + 5
= +2 =
dx 2t + 4 2t + 4
2t + 4
dt = dx
AULA
7t + 5
2 18/7
+ dt = dx
7 7t + 5
Integrando
2 18
t+ ln(7t + 5) = x + c
7 49
ou
2t + 18 ln(7t + 5) = 49x + k
e como t = 2x + 3y,
C E D E R J 153
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Um dos fundadores do estudo moderno de aerodinâmica foi o matemático
Nikolai E. Zhukovskii, nascido em 1847. Em sua tese de mestrado (Mos-
cou - 1876), entitulada “Cinemática de um Fluido”, ao estudar o pro-
blema das trajetórias de um fluxo bidimensinal em uma vizinhança de
um ponto onde as componentes da velocidade se anulam, Zhukovskii se
deparou com o problema de estudar o comportamento das curvas inte-
grais da equação
dy ax + by
= (ad − bc 6= 0),
dx cx + dy
em vizinhanças da origem, e deu uma classificação dos pontos crı́ticos de
tais equações.
Equações do tipo acima, e outras mais gerais cujos coeficientes são
funções racionais de x e y, foram estudadas por Poincaré em seus arti-
gos fundamentais, dos anos de 1881 a 1886, que inauguraram um novo
campo de estudo de equações diferenciais: a chamada teoria qualitativa
de equações diferenciais.
Não vamos, neste curso, penetrar nesta vasta área da Matemática. O co-
mentário acima serve apenas para chamar a atenção sobre a importância
das equações que são funções racionais (i.e, quocientes de polinômios)
nas variáveis x e y. Poincaré, na verdade, considerou primeiramente
equações lineares (com coeficientes racionais e/ou algébricos), e depois
equações não-lineares, para as quais - via de regra - não sabemos calcular
soluções explı́citas.
154 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
Resumo
Nesta aula, aprendemos que:
• As trajetórias ortogonais (perpendiculares) a uma famı́lia de cur-
vas cuja equação diferencial é
y′ = f (x, y)
AULA
é a famı́lia de curvas que satisfazem à equação diferencial
y′ = −1/ f (x, y);
• As equacões homogêneas são as equações que estão, ou podem
ser reduzidas à forma y
y′ = f ;
x
• A mudança de variáveis v = y/x transorma uma equacão ho-
mogênea numa equação fundamental, ou numa equação separada.
• As equações da forma
ax + by + c
y′ = ,
dx + ey + f
C E D E R J 155
✐ ✐
✐ ✐
seja P(x, y) = (x, f (x)) um ponto genérico de um dos cı́rculos da famı́lia, que
não seja um dos pontos (±R, 0) em cujas vizinhanças não podemos pensar
no cı́rculo como definindo uma função y = f (x).
Seja m o coeficiente angular da reta tangente ao cı́rculo em P. Claramente
m = y′ .
x2 + y2 = R 2 =⇒ 2x + 2y y′ = 0
x
=⇒ y′ = − .
y
Então os coeficientes angulares das curvas ortogonais são dados por
1 y
m′ = − = .
x x
−
y
Com exceção dos pontos (−R, 0) e (R, 0), qualquer outro ponto do cı́rculo
pode ser√considerado como um ponto do gráfico de uma funcão derivável:
x 7−→ ± R2 − x2 . Para fixar idéias, consideremos a raiz quadrada positiva:
√
A inclinação da reta tangente no ponto P de cooordenadas (x, R2 − x2 ) é
d p 2 x
dada por R − x2 = − √ .
dx R − x2
2
dy
= −(x/y) (5.11)
dx
156 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
Temos
dy
= y/x ⇐⇒ dy/y = dx/x
dx
↔ ln y = ln x + k
↔ lny = ln x + ln c = ln cx
AULA
y = cx,
a coleção de todas as semi-retas partindo da origem, com a exceção das con-
tidas no eixo das ordenadas (que na equação das curvas perpendiculares cor-
respondem a x = 0). Uma análise à parte, permite que incluamos o eixo
vertical na coleção de “trajetórias ortogonais”, e o problema está resolvido.
Y − y0 = y′ (x0 )(X − x0 ),
i.e,
y′ (x0 )X − Y + [y0 − y′ (x0 )x0 ] = 0.
A distância do ponto (0, 0) à reta tangente em P é
C E D E R J 157
✐ ✐
✐ ✐
x2 − y2 + 2x y y′ (x) = 0;
Ou seja,
(y/x)2 − 1
y′ = (5.13)
2(y/x)
Usando a mudança de variáveis v = y/x em (5.13), temos uma nova equação
na variável v:
v2 − 1
v + xv′ = .
2v
Simplificando,
2v dv dx
=− .
1 + v2 x
Esta última equação é de variáveis separáveis.
Assim, Z Z
2v dx
2
dv = −
1+v x
Daı́,
158 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
5 1 MÓDULO 1
y2 k
1+ = .
x2 x
Finalmente, escrevemos a equação da curva solução na forma
x2 + y2 = kx,
AULA
tros nos pontos (k/2, 0) e raios = k/2.
C E D E R J 159
✐ ✐
✐ ✐
160 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula 6
T RAJET ÓRIAS TANGENCIAIS ;
E QUAÇ ÕES E SPECIAIS .
Objetivos
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
Pré-requisitos:
Aulas de 1 a 4; I NTRODUÇÃO
cursos de Cálculo I
Nesta aula introduzimos as trajetórias tangenciais e nos propomos a se-
e II. guinte questão: calcular a curva (ou famı́lia de curvas) que é tangente às
curvas-soluções de uma equação diferencial. Este problema leva às noções
de solução singular e de solução completa, como definidos na aula 1. As
soluções singulares de uma equação diferencial são curvas que intersectam
tangencialmente (em oposição a ortogonalmente) todas as trajetórias que
compôem solução geral da equação.
✄
✂
Exemplo 6.1.
✁
blablabl
1 − (1)2
y′ = 0 = .
(1)2
y = [1 − (x + c)2]1/2 =⇒ y2 + (x + c)2 = 1
⇐⇒ (x + c)2 = 1 − y2 (6.2)
′
=⇒ derivando implicitamente 2yy = −2(x + c)
(x + c)2
=⇒ (y′ )2 = e, usando(6.2) :
y2
1 − y2
=⇒ (y′ )2 = .
y2
162 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
y ≡ 1 é uma solução singular da equação diferencial (6.1).
AULA
Figura 6.1: Figura do Exemplo 6.2.
Duas curvas que passam por um ponto P, e que possuem retas tangentes
concidentes em P, são ditas curvas tangentes em P. Neste caso, também
podemos dizer que as retas respectivas tangentes fazem um ângulo
α = 0 rd. ou α = π rd.
C E D E R J 163
✐ ✐
✐ ✐
Atenção!
Observe que, na
Definição 6.2 (Envoltórias). blablabla
definição ao lado, o
parâmetro p está Seja Λ ⊂ R, um intervalo; e G : R2 × Λ −→ R uma famı́lia de curvas
sendo usado para planas indexada por p; Isto é, para cada p = p0 ∈ Λ, fixado, a equação
de f
distinguir as curvas G p0 (x, y) = 0 = G(x, y, p0 ) define uma curva plana.
da famı́lia C ; e ao Também escrevemos G(x(p0 ), y(p0 )) = 0.
Agora deixemos p variar, e suponhamos que, para cada p, a curva
mesmo tempo está
G p (x, y) = 0 é suave, no sentido de que ∇G(p) 6= 0. Isso significa que a
sendo usado para curva definida por G p (x, y) = 0 tem um vetor tangente não nulo em cada
designar um ponto ponto.
sobre a envoltória. Uma envoltória γ da famı́lia de curvas G, dependente do parâmetro p,
é uma curva γ : Λ −→ R2 , p 7→ γ (p), que não pertence à famı́lia, e que
satisfaz às seguintes condições:
i) ∀ p, oponto γ (p) ∈ G p ;
ii) γ e G p têm a mesma reta tangente no ponto γ (p).
✄
✂
Exemplo 6.2.
✁
blablabl
164 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
como soluções singulares de equações diferenciais. Essa existência
tinha sido observada em [pelo menos] dois trabalhos que surgiram em
1736, um dos quais era a sua Mechanica sive Motus Scientia Analy-
tice Exposita - A Mecânica Exposta como Ciência Analı́tica do Movi-
mento [Euler 1736].No segundo volume dessa obra, Euler não só dá
dois exemplos de equações com soluções singulares, como também
AULA
dá uma regra para calcular tais soluções . O outro trabalho publicado
em 1736 que menciona soluções singulares é do matemático Clairaut,
que trata da solução de vários problemas geométricos sobre curvas
que satisfazem certas relações expressas por meio de equações dadas
a priori.” Ver a referência [5].
Demonstração
Note que a segunda condição da definição (6.2) informa que o vetor tangente
à envoltória, γ ′ (p) = (x′ (p), y′ (p)) não é nulo. Caso contrário γ não teria
C E D E R J 165
✐ ✐
✐ ✐
d d
G(x(p)y(p), p) = [0] = 0.
dp dp
Ou seja
∂ G dx ∂ G dy ∂ G d p
. + . + . = 0. (6.4)
∂x dp ∂y dp ∂ p dp
No ponto comum de tangência, devemos ter:
∂G
= 0. (6.5)
∂p
A equação (6.5) fornece uma segunda condição que deve ser satisfeita por
todos os pontos de tangência.
O sistema
G(x, y, p) =0
∂G (6.6)
= 0,
∂p
tem duas equações e três incógnitas x, y e p. Se pudermos expressar as duas
primeiras em termos de p teremos exatamente um sistema de equações pa-
ramétricas para a envoltória γ . Então já sabemos o que fazer para determinar,
caso seja possı́vel, a envoltória de uma famı́lia.
E quem nos dá garantias nessa parte da história é o Teorema das Funções
Implı́citas: poderemos expressar x e y em termos de p no sistema (6.6) se o
determinante de derivadas parciais
Gx Gy
G G
px py
166 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
✂
Exemplo 6.3.
✁
blablabl
AULA
p2
(x − p)2 + y2
=
2
2
∂ (x − p)2 + y2 − p
= 0.
∂p 2
A segunda equação nos dá
−2(x − p) − p = 0,
de onde
p = 2x.
Substituindo na primeira equação
(x − 2x)2 + y2 = 2x2 .
De onde tiramos
y2 = x2 ,
que identificamos imediatamente como o par de retas y = ±x.
C E D E R J 167
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Dada a famı́lia de curvas (deriváveis) G(x, y, p) = 0, se
Gx · G py − Gy · G px 6= 0 para todos x, y, p, então a famı́lia possui en-
voltória(s) e o sistema
G(x, y, p) = 0
∂G
=0
∂p
✄
✂
Exemplo 6.4.
✁
blablabl
1 − y2
(y′ )2 = , y 6= 0.
y2
Então a famı́lia possui envoltórias, cujas equações são dadas pelo sistema
(x + c)2 + y2 − 1 =0
∂
[(x + c)2 + y2 − 1] = 0,
∂c
isto é,
(x + c)2 + y2 − 1 = 0
2(x + c) = 0.
Então, (x+ c)2 = 0 e, portanto, (substituindo na primeira equação) y2 − 1 = 0.
168 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Famı́lias de curvas possuindo envoltórias já tinham “marcado presença”,
e vinham sendo exploradas desde a pré-história do Cálculo.
AULA
procure na Internet artigos relacionados às histórias de:
• A parábola de segurança de Torricelli;
• o relógio solar isoclı́nico;
• frentes de onda luminosas, de Huygens;
• o pêndulo isócrono (Huygens de novo)
C E D E R J 169
✐ ✐
✐ ✐
Y − y0 = f ′ (x0 )(X − x0 ).
x0 f ′ (x0 ) − y0
A:Y =0 −y0 = f ′ (x0 )(XA − x0) XA = ,
f ′ (x0 )
Efetuando as contas:
′ 2 1
(y0 − x0 f (x0 )) +1 = 1
f ′ (x0 )2
f ′ (x0 )2
(y0 − x0 f ′ (x0 ))2 =
1 + f ′(x0 )2
Assim, s
′ f ′ (x0 )2
y0 = x0 f (x0 ) + .
1 + f ′ (x0 )2
Essa é uma relação que deve ser satisfeita em cada ponto de tangência (x0 , y0 )
pelas cordenadas do ponto e pelo coeficiente angular da tangente da curva
y = f (x) naquele ponto. Podemos abandonar o ı́ndice inferior “0”:
s
f ′ (x)2
y = x f ′ (x) + .
1 + f ′ (x)2
Ou ainda
s
[y′ ]2
y = xy′ + . (6.7)
1 + [y′]2
y = xy′ + g(y′ )
170 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
✄
✂
Exemplo 6.6.
✁
blablabl
AULA
A questão agora é: Calcular as soluções de uma equação de Clairaut.
Temos:
dy dy
y(x) = x +g (6.8)
dx dx
Derivando (6.8) conm relação a x:
dy dy d 2y dy d2y
= + x 2 + g′ ;
dx dx dx dx dx2
d2y
= 0, (6.9)
dx2
ou
′ dy
x+g = 0. (6.10)
dx
A possibilidade (6.9) implica que
dy
= c. (6.11)
dx
Substituindo (6.11) em (6.8), obtemos uma solução geral da equação de
Clairaut:
y(x) = c x + g(c). (6.12)
Identificamos (6.12) como uma famı́lia a um parâmetro de retas.
C E D E R J 171
✐ ✐
✐ ✐
Gx Gy
6= 0,
G Gcy
cx
temos:
−c 1
= 1 6= 0,
−1 0
Vamos resumir:
y(x) = cx + g(c).
Para completar, observamos que a curva envoltória “é” uma solução singular
da equação de Clairaut, pois não pode ser obtida atribuindo-se um valor ao
parâmetro que ocorre na solução geral.
✄
✂
Exemplo 6.7. blablabl
✁
x(y′ )3 − y(y′ )2 + 1 = 0.
y = y′ x + [y′ ]−2 ;
172 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
que identificamos como uma equação de Clairaut.
AULA
y = cx + ,
c2
e a solução singular, de equações paramétricas:
(
x(c) = 2c−3
y(c) = 2c c−3 + c−2 = 3c−2 .
C E D E R J 173
✐ ✐
✐ ✐
dp dp
y′ = p = f (p) + x f ′ (p) + g′ (p) .
dx dx
Ou seja,
dp
(x f ′ (p) + g′(p)) = p − f (p)
dx
dp p − f (p)
= ′ .
dx x f (p) + g′ (p)
174 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
dp
Suponha que ∀ p, p 6= f (p) então 6= 0; e o Teorema da Função Inversa
dx
garante que podemos definir x como função de p, e que essa inversa é de-
rivável, com derivada dada por
dx 1 f ′ (p) g′ (p)
= dp = x+ , (6.16)
dp p − f (p) p − f (p)
dx
AULA
uma equação linear para x em termos de p.
✄
✂
Exemplo 6.8.
✁
blablabl
Calcule a solução de
2
dy dy
y = x 1+ + .
dx dx
Solução:
dy
Seja = p. A equação apresentada é uma equação de Lagrange
dx
com f (p) = 1+ p e g(p) = p2 . Temos p− f (p) = p− 1− p = −1 6= 0.
dx f ′ (p) g′ (p)
= x+ ,
dp p − f (p) p − f (p)
isto é,
dx
= −1 · x − 2p.
dp
Uma solução desta linear é
x(p) = ce−p − 2p + 2.
C E D E R J 175
✐ ✐
✐ ✐
y = x [y′ ]2 /2 + 2 y′.
176 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
A P ÊNDICE
C AMPOS DE DIREÇ ÕES . C AMPOS DE VETORES .
Lembrando que dy/dx é interpretado como inclinação da reta tangente
ao gráfico da função y=y(x), nesta seção começaremos a discutir mais sis-
tematicamente a “interpretação geométrica” das equações diferenciais nor-
AULA
mais de primeira ordem, estendendo esta interpretação para o caso em que
y(x) é solução da equação y′ = f (x, y), mesmo que não tenhamos resolvido
explicitamente a equação. E também quando a tangente à curva que de-
fine implicitamente as soluções é uma reta vertical. Diremos genericamente,
que a função f (x, y) mede, em cada ponto (x, y), a inclinação da reta tan-
gente ao gráfico da solução que passa por aquele ponto. Calculando o valor
f (x, y) em vários pontos no domı́nio U ⊂ R2 onde está definida a função f ,
e desenhando em cada ponto (x, y) um pequeno segmento de reta, ou um ve-
tor unitário, que chamaremos de o elemento linear, e cuja reta suporte tem
inclinação f (x, y), a figura resultante será chamada de campo de direções da
equação diferencial dy/dx = f (x, y).
O ponto chave da interpretação é que cada curva integral que passa por
um ponto deve ser tangente ao segmento desenhado naquele ponto. Atual-
mente, o uso de calculadoras e/ou sistemas computacionais é praticamente
indispensável para efetuar as construções de campos de direções.
C E D E R J 177
✐ ✐
✐ ✐
✄
✂
Exemplo 6.9.
✁
blablabl
Solução:
Na Figura 6.7 desenhamos algumas curvas solução e os corresponden-
tes campos de direções para a equacão diferencial
dy/dx = 2x2 .
Note que, neste exemplo, podemos integrar a equação diferencial, ob-
tendo a solução geral
2
y(x) = x3 + c.
3
Se traçarmos retas perpendiculares ao eixo-x, cada uma delas intercep-
tará todas as curvas da famı́lia de soluções segundo um mesmo ángulo.
Mas, cuidado! O ângulo mudará de acordo com a reta vertical.
y
4
−1
−2
−3
−4 x
−4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4
178 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
y
2
1.5
0.5
−0.5
AULA
−1
−1.5
−2 x
−2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2
y
1
0.8
0.6
0.4
0.2
−0.2
−0.4
−0.6
−0.8
−1 x
−1 −0.8 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Uma outra noção que merece destaque na análise geométrica das soluções de
equações diferenciais é a de solução de equilı́brio de uma equação autônoma:
y′ = f (y),
C E D E R J 179
✐ ✐
✐ ✐
✄
✂
Exemplo 6.10.
✁
blablabl
y′ − y2 + y + 2 = 0.
Solução:
Temos f (y) = y2 − y − 2 de modo que f (y) = 0 ⇔ y = −1, e y = 2.
Vemos assim que as soluções de equilı́brio da equação proposta são as
funções constantes y = 1 e y = 2.
Resumo
Nesta aula você aprendeu alguns métodos geométricos muito úteis na
visualiação de soluções de equações diferenciais. Merecem destaque:
• as trajetórias de inclinação nula;
• envoltória de uma famı́lia de curvas a um parâmetro;
.
• solução singular de uma equação diferencial de primeira ordem
(a solução associada à envoltória da famı́lia de curvas que define
uma solução geral da equação)
Você aprendedeu, em particular, a reconhecer e obter solucões para as
equações de Clairaut e de Lagrange, que nos introduziram o método de
substituições e derivações como forma de calcular soluções de equações.
180 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
6 1 MÓDULO 1
S OLUÇÕES COMENTADAS DAS
ATIVIDADES DESTA AULA :
AULA
Figura 6.11: Figura do exemplo 6.7
−2(x − p) − 2p = 0,
C E D E R J 181
✐ ✐
✐ ✐
dx p 2
− .x =
d p p − p2 p − p2
2
2
cuja solução é
1
x(p) = .[4 ln(p2 ) − 4p + k], k ∈ R;
(p − 2)2
e
y(p) = p2 /2.x(p) + 2p.
182 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula 7
M ÉTODOS N UM ÉRICOS ;
T EOREMA DE E XIST ÊNCIA E U NICIDADE
Objetivos
Ao final desta aula, você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
Pré-requisitos:
Aulas de 1 a 6; I NTRODUÇ ÃO - U MA AULA F UNDAMENTAL
cursos de Cálculo I
e II e III. !
Atenção!
Nesta aula, apresentaremos o teorema mais importante de todo este curso
de Equações Diferenciais: o Teorema de Existência e Unicidade de
Soluções de Equações normais de primeira ordem, brevemente T.E.U.
Vamos abordá-lo aos poucos. Na verdade, tudo o que fizemos até agora
culmina neste teorema.
Existem muitas versões e generalizações desse resultado fundamental.
As demonstrações dessas versões não fazem parte do programa deste
curso,entretanto é essencial conhecer o enunciado, e os principais passos
da demonstração de (pelo menos) uma delas, além de saber empregá-la
adequadamente. Trabalharemos com a versão que o matemático francês
Charles Émile Picard, propôs em 1890.
Este estudo é apenas uma primeira abordagem, necessariamente simpli-
ficada e incompleta. Entretanto ele nos ajudará a ter uma visão mais
unificada do material estudado.
Figura 7.1:
184 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
conjunto de equações separáveis, ou que o conjunto das equações se-
paráveis é disjunto do das lineares de primeira ordem. Isso não é
verdade. Existem exemplos de equações que podem ser classificadas
de vários modos. Basta lembrar das equações de Bernoulli de coefi-
cientes constantes.
AULA
Nesta aula, começamos a abordagem de questões mais gerais; isto é, não es-
pecı́ficas de tipos particulares de equações diferenciais.
Note que ausências notáveis, no quadro-resumo acima, são as equações de
Clairaut e de Lagrange. Nos desenvolvimentos que seguem, apresentare-
mos outros exemplos de equações que não são de nenhum dos tipos vistos,
mas que podem ser resolvidas utilizando o mesmo método usado para obter
soluções das equações de Clairaut e de Lagrange.
É muito importante observar que o processo utilizado para construção de
soluções ds equações especiais, de Clairaut e Lagrange, será usado para,
sob hipóteses razoáveis, “reduzir” o estudo da equação diferencial de pri-
meira ordem geral:
F(x, y, y′ ) = 0, (7.1)
ao das equacões normais; onde é possı́vel “tirar o valor de” y′ em função de
x e de y na equação (7.1):
y′ = f (x, y), (7.2)
!
Atenção!
Nesta e nas próximas aulas, examinaremos mais cuidadosamente as se-
guintes questões:
1. “Ao considerar as equações normais,(7.2), estamos restringindo
demasiadamente a teoria de equações diferenciais de primeira or-
dem?
2. É possı́vel calcular soluções (completas) para quaisquer equações
diferenciais normais, ou equivalentes a equações normais?
y′ = f (x, y) (I)
✒
F(x, y, y′ ) = 0 ✲ y = f (x, y′ ) (II)
❅
❅❅
❘
x = f (y, y′ ) (III)
Observação
Repare
C Eque
D EasR J 185
equações de tipo
(I) são exatamente
✐
as equações
diferenciais
✐ ✐
normais.
✐ ✐
y = f (x, p) (7.3)
∂ f ∂ f dp
y′ = p = + , (7.4)
∂ x ∂ p dx
a qual é uma equação diferencial de primeira ordem para a variável p.
✄
✂
Exemplo 7.1.
✁
blablabl
dp dp
p = 2p − x − p + x;
dx dx
isto é,
dp
(2p − x) = 2p − x.
dx
Daı́,
dp
=1
dx
ou
2p − x = 0.
186 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
Suponha que d p/dx = 1. Temos
dp
= 1 ⇒ p = x+c
dx
dy
⇔ = x+c
dx
x2
⇒ y = + cx + c1 .
AULA
2
x2 c2
y= + cx + (7.9)
2 2
para a equação (7.7).
x2
y= + c2 . (7.10)
4
Todavia (7.10) só é solução de (7.7) se c2 = 0.
Partindo de
x = f (y, y′ ),
fazemos a mesma mudança de variáveis y′ = p, produzindo a famı́lia a um
parâmetro
x = f (y, p) (7.11)
dx 1
Derivando (7.11) com relação a y, e substituindo por obtemos uma
dy p
C E D E R J 187
✐ ✐
✐ ✐
dx 1 ∂ f ∂ f d p
= = + . (7.12)
dy p ∂ y ∂ p dy
Observe que (7.12) é uma equação diferencial de primeira ordem para p como
função de y.
p = ψ (y, c) (7.13)
✄
✂
Exemplo 7.2. blablabl
✁
Resolva 3
dy
− y = x. (7.15)
dx
dy
Solução: Façamos p = . A equação se reescreve como
dx
x = p3 − y.
dp
1 = 3p2 − y′ ,
dx
isto é,
dp
3p2 − p = 1. (7.16)
dx
3p3
d p = dy, (7.17)
p+1
que é uma equação separável.
188 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
Uma solução de (7.17) é
3p2
y = p3 − + 3p − 3 ln (p + 1) + c. (7.18)
2
E como x = p3 − y, então
AULA
3 3 3 2
x = p − p − p + 3p − 3 ln (p + 1) + c .
2
Isto é,
3 2
x= p − 3p + 3 ln (p + 1) − c. (7.19)
2
C E D E R J 189
✐ ✐
✐ ✐
dp
Neste caso, podemos tirar o valor de em (7.4):
dx
dp 1 ∂f
= · p− . (7.21)
dx d f /d p ∂x
dp
= g(x, p), (7.22)
dx
que é precisamente uma equação do tipo (I) . Escreva y no lugar de p, e f no
lugar de g.
1 ∂ f ∂ f dp
= +
p ∂ y ∂ p dy
pode ser reescrita como
∂f 1 ∂ f dp
− + = 0.
∂y p ∂ p dy
| {z } |{z}
M(y,p) N(y,p)
dy
M(x, y) + N(x, y) = 0. (7.23)
dx
Na Aula 8 vamos nos dedicar às equações desse tipo.
Observe, em particular, que toda equação normal y′ = f (x, y) pode ser posta
na forma (7.23):
dy
− f (x, y) + |{z}
1 = 0.
| {z } dx
M(x,y) N(x,y)
dy M(x, y)
=− .
dx N(x, y)
190 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
!
Atenção!
Nosso estudo das soluções de equações de tipos (II) e (III) colocou em
realce a necessidade de garantir a existência de soluções de equações
normais.
Isso, de certa forma, já é uma pista do porquê a maioria dos textos de
AULA
Equações Diferenciais iniciam o estudo de equações diferenciais apre-
sentando - de cara - as equações normais. E tratando de garantir que elas
possuem soluções.
Ao longo do século XVIII, a atenção dos matemáticos foi se concen-
trando nas questões mais gerais, procurando resolver e obter resutados
para classes de equações, ou então investigando sob quais condições uma
equação um determinado tipo de solução, ou propriedade. O estudo de
equacões particulares de modelos especı́ficos não foi deixado de lado.
Muito pleo contrário: questões altamente especializadas têm origem na-
que perı́odo.
As questões especı́ficas que começamos a tratar são relacionadas com a
busca de soluções gerais, e o processo de investigação de existência de
soluções singulares.
C E D E R J 191
✐ ✐
✐ ✐
Em seguida, pelo ponto (x1 , y˜1 ) desenhamos a reta com inclinação f (x1 , y1 ),
que é a inclinação da solução exata no ponto de abcissa x1 . O valor exato
da solução no ponto x2 , isto é, o valor y(x2 ), é substituı́do pela ordenada, y˜2 ,
do ponto de interseção da vertical passando por x2 e a reta tangente traçada a
partir de (x1 , y˜1 ). Temos que
192 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
aproximado da solução no ponto xk é calculado por
✄
✂
Exemplo 7.3. blablabl
✁
AULA
Determine a solução exata do problema de valor inicial
(
y′ = xy
y(0) = 1
no intervalo [0, 1]. Use o método de Euler, com h = 0, 1 para calcular uma
solução aproximada para o mesmo problema e compare os resultados.
y1 = x0 + 0, 1x0 y0 = 1 + 0, 1.0.1 = 1.
Para x2 = x0 + 2h,
xk yk
xk yk
0, 5 1, 10355
0 1
0, 6 1, 15873
0, 1 1
0, 7 1, 22825
0, 2 1, 01
08 1, 31423
0, 3 1, 0302
0, 9 1, 41937
0, 4 1, 06111
1 1, 54711
C E D E R J 193
✐ ✐
✐ ✐
✄
✂
Exemplo 7.4.
✁
blablabl
xk yk
0, 45 1, 09348
xk yk
0, 5 1, 11809
0 1
0, 55 1, 14604
0, 05 1
0, 6 1, 17756
0, 1 1, 0025
0, 65 1, 21288
0, 15 1, 00751
0, 7 1, 2523
0, 2 1, 01507
0, 75 1, 29613
0, 25 1, 02522
0, 8 1, 34474
0, 3 1, 03803
0, 85 1, 39853
0, 35 1, 05361
0, 9 1, 45796
0, 4 1, 07204
0, 95 1, 52357
1 1, 59594
194 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
Utilizando os dados da tabela, podemos esboçar a seguinte figura:
AULA
Figura 7.2: Comparação entre resultados do método do Euler e a solução
exata para a o PVI y′ = xy; y(0) = 1; h = 0, 05.
O M ÉTODO DE H EUN
Este método utiliza os valores médios de duas inclinações em cada subinter-
valo da partição.
Para simplificar, vamos supor a particão regular de passo h.
Esse valor é
h
y˜1 = x0 + [ f (x0 , y0 ) + f (x1 , y1 )].
2
Observe que essa última expressão é problemática: para calcular o valor
aproximado ỹ1 precisamos conhecer o valor exato y1 . O problema é que
não conhecemos esse valor exato. E, se conhecêssemos, então não haveria
necessidade de calcular um valor aproximado.
C E D E R J 195
✐ ✐
✐ ✐
h
y˜2 = x1 + [ f (x1 , ỹ1 ) + f (x2 , ye2 )].
2
E assim por diante. No subintervalo [xk , xk+1 ], o valor aproximado referente
ao ponto xk+1 = xk + h dado por
h
ỹk+1 = xk + [ f (xk , ỹk ) + f (xk+1 , ye(k+1) )].
2
Vamos ilustrar o método com o mesmo exemplo, (7.3):
(
y′ = xy
y(0) = 1
196 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
O T EOREMA DE C AUCHY /P ICARD
Cauchy (±1820′s/30′ s) foi o primeiro matemático a dar uma “demonstração”
existência de soluções para equacões normais, uma vez fixados os dados
iniciais: um ponto do domı́nio da solução e o valor da solução no ponto.
A exposição de Cauchy não era muito clara. Ele procurou um método de
garantir a existência de soluções numéricas aproximadas, que convergissem
para uma soluçnao exata, a partir de considerações sobre a continuidade e
AULA
continuidade das derivadas parciais da função f (x, y), que definia a equação
diferencial. Entretanto Cauchy identificava os conceitos de continuidade e
continuidade uniforme; os quais são equivalentes apenas sobre conjuntos
compactos. Este resultado não existia na época em que Cauchy publicou
suas pesquisas ( por volta de 1835).
C E D E R J 197
✐ ✐
✐ ✐
de onde Z x
y(x) = y0 + f (s, y(s)) ds. (7.25)
x0
✄
✂
Exemplo 7.5.
✁
blablabl
Solução:
Temos: f (x, y) = x2 + y2 . Daı́,
198 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
y0 (x) = y0 = 1
Z x Z x
x3
y1 (x) = 1 + s2 + 12 ds = + x + 1
f (s, y0 (s)) ds = 1 +
0 0 3
Z x Z x 3 2
2 s
y2 (x) = y0 + f (s, y1 (s)) ds = 1 + s + + s + 1 ds
AULA
0 0 3
2x3 s4 s5 s7
= 1 + x + x2 + + + + .
3 12 30 49
✄
✂
Exemplo 7.6.
✁
blablabl
t2 t3 tn
∀ t ∈ R, et = 1 + t + + + ···+ + ···
2! 3! n!
Solução:
y0 (x) = y0 = 1
Z x
y1 (x) = 1 + ds = 1 + x
0
Z x Z x
x2
y2 (x) = y0 + (1 + s) ds = 1 + x +
f (s, y1 (s)) ds = 1 +
0 0 2
Z x Z x
s2 x2 x3
y3 (x) = y0 + f (s, y2 (s)) ds = 1 + 1+s+ ds = 1 + x + +
0 0 2 2 6
Z x Z x 2 3
s s
y4 (x) = y0 + f (s, y3 (s)) ds = 1 + 1+s+ + ds =
0 0 2 6
x2 x3 x4
= 1+x+ + +
2 6 24
..
.
x2 x3 x4 xn
yn (x) = 1 + x + + + + ···+
2 6 24 n!
C E D E R J 199
✐ ✐
✐ ✐
x2 x3 x4 xn
1+x+ + + + · · · + −→ ex .
2 3! 4! n!
O significa que a sequência de iteradas yn (x) converge para a função
x 7→ ex ; que é a solução do PVI proposto.
Encerraremos a discussão do teorema fundamental de existência de so-
luções com uma observação
✄
✂
Exemplo 7.7.
✁
blablabl
Considere o PVI:
y′ = y − y2 , y(x0 ) = y0 . (7.26)
1. Mostre, sem calcular a solução geeral, que para todo par (x0 , y0 ) ∈ R2 ,
(7.26) possui uma única solução.
2. Resolva explicitamente o PVI, quando x0 = 0 e y0 − 1/3.
3. Determine o domı́nio da solução do PVI do item 2.
4. Podemos concluir que de um PVI tem soluções para quaisquer esco-
lhas de x0 ∈ R e de y0 ∈ R, isto não significa que os domı́nios de todas
as soluções seja R.
Solução:
dy
= y(1 − y)
dx
Tanto f (x, y) = y − y2 quanto ∂ f /∂ y = 1 − 2y são contı́nuas em todos
os pontos de R2
200 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
Resolvendo a equação diferencial do problema como equação de
Bernoulli, chegamos facilmente à solução
1
y=
1 + ce−x
Substituindo agora x0 = 0 e y0 = −1/3,
AULA
1
−1/3 =
1 + ce0
ou seja,
1 1
− = ;
3 1+c
de onde tiramos facilmente c = −4.
Solução:
x2
(1 + y3 )y′ = x2 ⇐⇒ y′ = .
1 + y3
x2
A função f (x, y) = é contı́nua em todos os pontos (x, y) tais que
1 + y3
1 + y3 6= 0. Ou seja f (x, y) é contı́nua em todos os pontos (x, y) tais
que y3 + 1 6= 0. Observe que y3 + 1 = 0 ⇐⇒ y = −1.
C E D E R J 201
✐ ✐
✐ ✐
y′ = x2
1 + y3
y(x0 ) = y0
tem um única solução.
t2 t3 tn
∀ t ∈ R, et = 1 + t + + + ···+ + ···
2! 3! n!
202 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
Resumo
Nesta aula, você aprendeu que:
1. Os métodos utilizados para obter soluções de equações de Clairaut
e de Lagrange se aplicam a muitas outras equações diferenciais
especiais;
2. O estudo das equações diferenciais y = f (x, y′ ) e x = f (y, y′ ), pode
AULA
ser reduzido, sob condições bem gerais, ao estudo de equações
diferenciais normais y′ = f (x, y).
3. no século XVIII, Euler apresentou um método iterativo para cons-
truir valores aproximados de soluções de equações diferenciais
normais, admitindo que tais soluções existiam.
4. No século XIX Cauchy, sem admitir previamente a existência de
soluções, tentou estabelecer condições suficientes para garantir a
existência de soluções, e de convergência da sequência numérica
de aproximações.
5. Vários matemáticos aperfeiçoaram o resultado de Cauchy, e
forneceram condições suficientes para garantir de antemão a
existência e/ou unicidade de soluções de equações diferenci-
ais normais de primeira ordem. Dentre eles, foi destacado o
método construtivo de Picard (apresentado por volta de 1890), das
aproximações sucessivas por sequências de funções que tendem
para a solução exata.
C E D E R J 203
✐ ✐
✐ ✐
y0 (x) = y0 = 0
Z x Z x
y1 (x) = y0 + 2s(y0 (s) + 1) ds = 0 + 2s ds = x2
0 0
Z x Z x
x4
y2 (x) = y0 + 2s(y1 (s) + 1) ds = 0 +2s(s2 ) + 1 ds = x2 +
0 0 2
Z x 4
x4 x6
Z x
s
y3 (x) = y0 + 2s(y2 (s) + 1) ds = 0 + 2s + 1 ds = x2 + +
0 0 2 2 6
Z x Z x 6 4
s s
y4 (x) = y0 + 2s(y3 (s) + 1) ds = 0 + 2s + + s2 + 1 ds =
0 0 6 2
x4 x6 x8
= x2 + + +
2 6 24
..
.
x4 x6 x8 x2n
yn (x) = x2 + + + + ···+
2 6 24 n!
Observe que
t2 t3 t4 tn
1+t + + + + · · · + −→ et .
2 3! 4! n!
204 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
7 1 MÓDULO 1
Logo
t2 t3 t4 tn
t+ + + + · · · + −→ et − 1.
2 3! 4! n!
Substituindo t por x2 :
AULA
Isto é:
x4 x6 x8 x2n 2
x2 + + + + ···+ + · · · −→ ex − 1.
2 6 24 n!
Mas isto significa que a sequência de iteradas yn (x) converge para a função
2
x 7→ ex − 1; que é a solução do PVI proposto.
C E D E R J 205
✐ ✐
✐ ✐
206 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
Aula 8
E QUAÇ ÕES E XATAS E E QUAÇ ÕES F ECHADAS ;
FATORES I NTEGRANTES
Objetivos
Ao terminar de estudar esta aula você será capaz de:
✐ ✐
✐ ✐
E QUAÇÕES E XATAS E
Pré-requisitos:
E QUAÇÕES F ECHADAS
Aula 7; cursos de
Cálculo I e II e III. I NTRODUÇ ÃO
Na aula anterior, motivados pela questão de obter resultados gerais para
equações diferenciais ordinárias de primeira ordem:
F(x, y, y′ ) = 0
y′ = f (x, y).
• y′ = f (x, y),
• y = f (x, y′ ) e
• x = f (y, y′ )
∂ f ∂ f dfp
p= + · ,
∂ x ∂ p dx
i.e,
∂f ∂ f dp
p− + · = 0;
∂x ∂ p dx
que é uma equação da forma
dp
M(x, p) + N(x, p) . (∗)
dx
Procedendo de maneira análoga com relação à equação x = f (y, y′ ), fazendo
a substituicão y′ = p , e derivando em relação a x, obtivemos a equação
1 ∂ f ∂ f dp
= + · ,
p ∂ y ∂ p dy
i.e,
1 ∂f ∂ f dp
− + · = 0;
p ∂y ∂ p dy
208 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
que é uma equação da forma
dp
M(y, p) + N(y, p) = 0. (∗∗)
dy
AULA
N(x, p) 6= 0 e, respectivamente, N(y, p) 6= 0,
ϕ : U ⊂ R2 → R
a fórmula
ϕ (x, y) = c
define as curvas de nı́vel c da função ϕ ,
C E D E R J 209
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Resolver a equação (8.1) é construir um mapa de contorno tal
que (8.1) seja a equação diferencial das curvas daquele mapa
de contorno.
Equivalentemente, resolver (8.1) é descobrir uma função ϕ :
U ⊂ R2 → R, tal que a equação diferencial da famı́lia de
curvas ϕ (x, y) = c seja exatamente (8.1).
210 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
Definição 8.1 (Funções Potenciais). blablabla
M + Ny′ = 0
AULA
U onde M e N estão definidas.
dy
Se M(x, y) + N(x, y) = 0 é exata em U e ϕ (x, y) é uma
dx
função potencial para esta equação, então a famı́lia de curvas a
um parâmetro ϕ (x, y) = c define implicitamente soluções
dy
M(x, y) + N(x, y) = 0.
dx
A equação
C E D E R J 211
✐ ✐
✐ ✐
Se uma equação
Demonstração
Usando o teorema de Schwarz sobre a igualdade de deri-
vadas parciais mistas de funções duas vezes continuamente de-
riváveis, sempre que as soluções são dadas por ϕ (x, y) = c valem
ϕx = M e ϕy = N,e como a função ϕ é duas vezes continua-
mente diferenciável, então
My = ϕxy = ϕyx = Nx .
Se uma equação
212 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
Pois bem, fixado um ponto qualquer (x0 , y0 ) ∈ U , para
→
−
cada outro ponto (x, y) ∈ U se a integral de linha de F
ao longo de qualquer curva ligando (x0 , y0 ) a (x, y):
Z (x,y)
→
−
F · ds
(x0 ,y0 )
AULA
não depender da curva escolhida para ligar (x0 , y0 ) a (x, y),
podemos definir uma função ϕ (x, y) por
Z (x,y)
→
−
ϕ (x, y) = F · ds
(x0 ,y0 )
C E D E R J 213
✐ ✐
✐ ✐
Demonstração
Observamos que as funções ϕ (x, y) definidas por
Z (x,y) Z (x,y)
→
−
ϕ (x, y) = F · ds = M(t, s) dt + N(t, s) ds (8.2)
(x0 ,y0 ) (x0 ,y0 )
→
−
1 - Calculamos a integral de F ao longo do segmento horizon-
tal unido (x0 , y0 ) a(x, y0 ).Neste segmento a segunda coor-
denada, s, não varia, (ds = 0) e a integral (8.2) se reduz
a Z x
M(t, y0) dt; (8.3)
x0
→
−
2 - Calculamos depois a integral de F ao longo do segmento
vertical unido (x, y0 ) a (x, y).
Neste segmento, a primeira coordenada, t, não varia,
(dt = 0) e a integral se reduz a
Z x
N(x0 , s) ds; (8.4)
x0
214 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
Com relação a soluções gerais, observe o seguinte:
∂ϕ
M(t, y0) = (t, y0)
∂t
⇓
Z x Z x
∂ϕ
M(t, y0) dt = (t, y0) dt.
∂t
AULA
x0 x0
ϕ (x, y0 ) + g(y)
C E D E R J 215
✐ ✐
✐ ✐
A segunda igualdade:
∂ ϕ (x, y)
+ g′ (y) = N(x, y)
∂y
dy x−y
=
dx x − y2
Solução: M(x, y) = −(x − y), N(x, y) = x − y2 .
Então
My = 1 = Nx
de modo que a equação é fechada em R2 . Portanto é exata.
Z
ϕx = M = −x + y =⇒ ϕ (x, y) = [−x + y] dx + h(y)
x2
⇐⇒ ϕ (x, y) = − + yx + h(y)
2
Ora, ϕy = N = x − y2 .
d h x2 i
Isto é − + yx + h(y) é igual a x − y2 . Assim,
dy 2
x + h′ (y) = x − y2
de onde concluı́mos que h′ (y) = −y2 e portanto
y3
h(y) = − + c1
3
Então
x2 y3
ϕ (x, y) = − + yx − + c1
2 3
216 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
x2 y3
− + yx − + c1 = c2
2 3
AULA
2 3
✞ ☎
✝
Exemplo 8.2. blablabl
✆
Resolva
Solução:
M(x, y) = 2x sen y + ex cos y e N(x, y) = x2 cos y − ex sen y
My = 2x cos y − ex sen y = Nx , portanto a equação é fechada em R2 ,
logo é exata.
Existe uma ϕ (x, y) tal que ϕx = M e ϕy = N.
Z
ϕy = N = x2 cos y−ex sen y =⇒ ϕ (x, y) = [x2 cos y−ex sen y] dy+g(x)
C E D E R J 217
✐ ✐
✐ ✐
g(x) = C1
x2 sen y + ex cos y = c
02 sen π /4 + e0 cos π /4 = c
√
logo c = 2/ 2 E assim as soluções são definidas pela equação
√
x2 sen y + ex cos y = 2/ 2.
!
Atenção!
No primeiro exemplo partimos de ϕx = M e integramos com
relação a x. No segundo, partimos de ϕy = N e integramos
com relação a y. Os dois procedimentos são equivalentes.
M(x, y) + N(x, y) y′ = 0
218 C E D E R J
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✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
com M(x, y) e N(x, y) definidos numa certa região U ⊂ R2 , que
contém lacunas, sendo que a condição My = Nx vale em todos
os pontos de U , mas não é possı́vel definir uma solução em todo
U.
✞ ☎
Exemplo 8.3. blablabl
AULA
✝ ✆
−y x
Seja a equação + y′ = 0
x2 + y2 x2 + y2
Sob condições apropriadas, para cada ponto (x0 , y0 ) ∈ U , existe
uma região R0 ⊂ U contendo (x0 , y0 ), tal que a equação
dy
M(x, y) + N(x, y) = 0 é exata em R0 . Portanto existe uma
dx
função ϕ0 , definida em R0 , que é solução da equação.
Dado um outro ponto (x1 , y1 ) ∈ U , existe uma sub-região
R1 ⊂ U , contendo (x1 , y1 ), tal que a equação
dy
M(x, y) + N(x, y) = 0 é exata em R1 ; e então, existe uma
dx
função ϕ1 definida em R1 que também é solução da equação.
Nada obriga que ϕ0 seja igual a ϕ1 , isto é:
1 ·y′ = 0
[ f (x)y − g(x)] + |{z} (8.8)
| {z }
M N
C E D E R J 219
✐ ✐
✐ ✐
Temos
My = f (x) ao passo que Nx = 0
e a equação não é exata.
Multiplicando (8.8) por
R
f (x) dx
µ (x) = e
que é exata.
e R
f (x) dx
ϕy = e (8.10)
Daı́ ,
Z R
f (x) dx
ϕ (x, y) = e [ f (x)y − g(x)] dx + h(y)
Z R Z R
f (x) dx f (x)dx
= y e f (x) dx − e g(x) dx + h(y)
| {z
R
}
d f (x)dx
dx e
R Z R
f (x)dx f (x)dx
= ye − e g(x) dx + h(y)
Logo
Z
dh R f (x)dx
R
f (x)dx
i R
f (x)dx
ye − e g(x) dx + h(y) = e + h′ (y)
dy
220 C E D E R J
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8 1 MÓDULO 1
E como, de acordo com a eq. (8.7), ϕy = e f (x) dx , então
h′ (y) = 0.
Assim
R Z R
f (x)dx f (x)dx
ϕ (x, y) = ye − e g(x)dx +C1
AULA
e as soluções são dadas por
R Z R
f (x)dx f (x)dx
ϕ (x, y) = ye − e g(x)dx = C,
isto é
R
Z R
− f (x)dx f (x)dx
y=e · e g(x)dx +C
M(x, y) + N(x, y) y′ = 0
seja exata em R?
C E D E R J 221
✐ ✐
✐ ✐
1
N µx − M µy = My − Nx (8.11)
µ
222 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
8 1 MÓDULO 1
✝
Exemplo 8.4. blablabl
✆
AULA
µ
Daı́
µx My − Nx
= (8.12)
µ N
o que nos mostra que o lado direito é função só de x.
My − Nx
Reciprocamente, se é função somente de x Então a
N
equação M(x, y) + N(x, y)y′ = 0 tem fator integrante dependente
só de x, dado por
R My −Nx
dx
µ (x) = e N
C E D E R J 223
✐ ✐
✐ ✐
✞ ☎
✝
Exemplo 8.5. blablabl
✆
Considere a equação
(x2 y − x)y′ + y = 0
✞ ☎
✝
Exemplo 8.6. blablabl
✆
Nx − My
Se é função somente de y, a equação
M ′
M(x, y) + N(x, y)y = 0 tem um fator integrante função somente
de y, dado por
R Nx −My
dy
µ (y) = e M .
✞ ☎
✝
Exemplo 8.7. blablabl
✆
224 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
dy
b) y + (yey x − y2 ) =0
dx
dy
c) [y cos x − tg x] + sen x dx =0
AULA
Solução:
a) (x3 y − x2 ) + x y′ = 0
Portanto My = x3 e Nx = 1, e assim
My − Nx x3 − 1 1
= = x2 − .
N x x
Z
1
x2 − dx 3
ex /3
A função µ (x) = e x =ex3 /3−ln x
= é um fator de
x
integração.
dy
b) y + (yey x − y2 ) =0
dx
Nx − My y ey − 1 1
= = ey − ;
M y y
que é função só da variável y.
Assim,
y
R
(ey −1/y) dy e(e )
e =
y
é um fator de integração.
dy
c) [y cos x − tg x] + sen x =0
dx
C E D E R J 225
✐ ✐
✐ ✐
!
Atenção!
Vamos insistir um pouco mais , e tentar um fator integrante
de um dos “tipos conhecidos”:
My = x3 e Nx = 1, e assim
My − Nx 0 − 0
= = 0.
N N
R
A função µ (x) = e 0 dx = e0 = 1 é um fator de integração.
✞ ☎
✝
Exemplo 8.8. ✆
blablabl
Resolva:
dy 3x2 ln x + x2 − y
= y(1) = 5
dx x
Solução:
Multiplicando a equação (pelo fator de integração µ (x) = x),obtemos
dy
3x2 ln x + x2 − y + |{z}
−x = 0.
| {z } dx
M N
Vemos que
My = −1 = Nx ,
e portanto a equação multiplicada é exata.
∂φ ∂φ
Existe φ (x, y) tal que = 3x2 ln x + x2 − y e = −x.
∂x ∂y
226 C E D E R J
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✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
Z
∂φ
= −x ⇒ φ (x, y) = −x dy + h(x)
∂y
⇐⇒ φ (x, y) = −xy + h(x).
∂φ
⇒ = −y + h′ (x) = 3x2 ln x + x2 − y
∂x
AULA
⇒ h′ (x) = 3x2 ln x + x2
⇒ h(x) = x3 ln x
x3 ln x + 5
y= .
x
✞ ☎
✝
Exemplo 8.9. ✆
blablabl
My = −2x e Nx = 6x.
Nx − My 6x + 2x 4
Então = =− .
M −2xy y
R
Então µ (y) = e− (4/y) dy = y−4 é um fator integrante.
C E D E R J 227
✐ ✐
✐ ✐
para y 6= 0)
1 1
Logo g′ (y) = − 2
; e consequentemente g(y) = .
y y
1
Então a expressão −x2 y−3 + = c define uma solução geral de
y
(3x2 − y2 )y′ − 2xy = 0.
b) Temos:
M(x, y) = xy − 1 e N(x, y) = x2 − xy
My = x e Nx = 2x − y.
My − Nx −x + y 1
Daı́ = =− .
N x(x − y) x
R
Então µ (x) = e− (1/x) dx = x−1 é um fator integrante.
y2
ϕ (x, y) = xy − + h(x).
2
1
Derivando ϕ com relação a x e igualando o resultado a y − , obtemos
x
228 C E D E R J
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✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
1
ϕx = y + h′ (x) = y −
x
1
Logo h′ (x) = − ; e consequentemente h(x) = ln x.
x
Então a expressão
y2
AULA
xy − + ln x = c
2
define uma solução geral de (x2 − xy)y′ + (xy − 1) = 0.
A P ÊNDICE
A F ÓRMULA DE E ULER
∂G ∂G
∀ (x, y) ∈ U , x +y = k G(x, y)
∂x ∂y
Demonstração
Figura 8.3: Seja m : (0, +∞)× U −→ U definida por m(t, (x, y)) = (tx,ty)
C E D E R J 229
✐ ✐
✐ ✐
Condideremos a composição
m G
(0, +∞) × U −→ U −→ R
(t, (x, y)) 7→ (tx,ty) 7→ G(tx,ty)
(
u = tx
Faça . De acordo com a regra da cadeia:
v = ty
∂ (G o m) ∂ G ∂ u ∂ G ∂ v
= · + ·
∂t (t,x,y) ∂ u (u,v) ∂ t t ∂ v (u,v) ∂ t t
∂ (G o m) ∂G ∂G
= ·x+ ·y (8.13)
∂t (1,x,y) ∂x ∂y
∂ (G o m) ∂ ∂
= [t k G(x, y)] =
= G(tx,ty)
∂t (1,x,y) ∂t (1,x,y) ∂t
= kt k−1 G(x, y)
= k G(x, y) (8.14)
(1,x,y)
✞ ☎
✝
Exemplo 8.10. ✆
blablabl
230 C E D E R J
✐ ✐
✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
Solução:
AULA
xMx + yMy = pM (8.17)
M N
+ y′ = 0 (8.19)
xM + yN xM + yN
Devemos mostrar que (8.19) é uma equação exata, i.é
∂ M ∂ N
=
∂ y xM + yN ∂ x xM + yN
Temos:
∂ M (xM + yN)My − M(xMy + N + yNy
=
∂ y xM + yN (xM + yN)2
. .
xMMy + yNMy − xMMy − MN − yMNy
=
(xM + yN)2
Portanto
∂ M yNMy − yMNy − MN
= (8.20)
∂y xM + yN (xM + yN)2
De maneira análoga
∂ N xMNx − xNMx − MN
= (8.21)
∂ x xM + yN (xM + yN)2
C E D E R J 231
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i.é
N (yMy + xMx ) − M (xNx + yNy )
| {z } | {z }
k (eq (8.17)) k (eq(8.18))
pM pN
ou ainda
pMN − pNM = 0,
conforme querı́amos provar.
✄
✂
Exemplo 8.11. blablabl
✁
é exata se e só se
µz yN + µ Nx = µz xM + µ My
ou seja
µz My − Nx
=
µ yN − xM
o que mostra que o lado direito é função de z = xy.
revertendo o raciocı́nio:
My − Nx
Se é função de z = xy a equação M(x, y) + N(x, y)y′ = 0 tem um
yN − xM
fator integrante função de z, dado por
R My −Nx
dz
µ (z) = e yN−xM .
232 C E D E R J
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✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
Resumo
Nesta aula, você estudou as equações diferenciais da forma
dy
M(x, y) + N(x, y) = 0; onde M, N : U ⊂ R2 → R, sendo U é
dx
uma região, isto é um conjunto aberto e conexo de R2 . Você viu que:
dy
• Uma equação M(x, y) + N(x, y) = 0 é chamada de exata
AULA
dx
quando existe uma função ϕ (x, y), definida em U, chamada de
função potencial da equação, tal que
em todos os pontos de U;
• Uma condição necessária e suficiente para que uma equação
dy
M(x, y) + N(x, y) = 0 seja exata num retângulo é que
dx
My (x, y) = Nx (x, y) em todos os pontos do retângulo;
• Se vale a condição My (x, y) = Nx (x, y) em todos os pontos de um
conjunto aberto U, a equação é dita ser fechada;
• Toda equação exata é fechada. Entretanto uma equação pode ser
fechada em uma região U e não ser exata em U. Se a região
contém lacunas, a equação é dita ser apenas localmente exata;
• Existem procedimentos padronizados para construir funções po-
tenciais para equações exatas;
• Em muitos casos, multiplicando uma equação que não é fechada
por uma função conveniente µ (x, y), ela se torna uma equação
fechada. Além dissso, se a região é um retângulo (ou uma bola
aberta, ou o plano todo) a equação multiplicada não é somente
fechada, mas sim exata.
C E D E R J 233
✐ ✐
✐ ✐
dy
x2 y3 + x(1 + y2)y′ = 0 ⇒ x2 y3 + (1 + y2)x = 0.
dx
Como
∂ 2 3 ∂
x y = 3x2 y2 6= 1 + y2 = (1 + y2)x ,
∂y ∂x
a equação não é exata. Porém, se multiplicarmos a equação por
µ (x, y) = 1/xy3 , encontramos
1 + y2 dy
x+ = 0.
y3 dx
Daı́,
∂ ∂ 1 + y2
(x) = 0 = .
∂y ∂x y3
∂φ ∂φ 1 + y2
Agora a equação é exata. Assim, existe φ (x, y) tal que =xe = .
∂x ∂y y3
Daı́,
Z
∂φ
= x ⇒ φ (x, y) = xdx
∂x
x2
⇒ φ (x, y) = + h(y).
2
Segue daı́,
∂φ 1 + y2 1 + y2
= ⇒ h′ (y) =
∂y y3 y3
1 + y2
Z
⇒ h′ (y) = dy
y3
Z Z
dy dy
⇒ h(y) = 3
+
y y
1
⇒ h(y) = − 2 + ln y.
2y
x2 1
Logo, φ (x, y) = − + lny. Portanto, a solução da equação diferencial
2 2y2
é dada implicitamente por
x2 1
− + lny = C.
2 2y2
234 C E D E R J
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✐ ✐
8 1 MÓDULO 1
b) Como
∂ seny y cos y − senx
− 2e−xsenx =
∂y y y2
2e−x (cos x + senx) ∂ cos y + 2e−x cos x
6= − = ,
y ∂x y
AULA
encontramos
dy
(ex seny − 2ysenx) + (ex cos y + 2 cos x) = 0.
dx
Daı́,
∂ x ∂ x
(e seny − 2y senx) = ex cos y − 2senx = (e cos y + 2 cos x) .
∂y ∂x
∂φ
Agora a equação é exata. Assim, existe φ (x, y) tal que = ex seny − 2y senx
∂x
∂φ
e = ex cos y + 2 cos x. Daı́,
∂y
Z
∂φ
= ex seny − 2y senx ⇒ φ (x, y) = (ex seny − 2y senx) dx
∂x Z Z
⇒ φ (x, y) = seny ex dx − 2y senxdx
x
⇒ φ (x, y) = e seny + 2y cosx + h(y).
Então
∂φ
= ex cos y + 2 cosx ⇒ ex cosy + 2 cosx + h′(y) = ex cos y + 2 cosy
∂y
⇒ h′ (y) = 0
⇒ h(y) = C.
ex seny + 2y cosx = C.
C E D E R J 235
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