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Rio Tinto – PB
2018
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Rio Tinto – PB
2018
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AGRADECIMENTOS
(Paul Halmos)
6
RESUMO
Neste trabalho realizamos um estudo de formas bilineares e formas quadráticas para
classificar cônicas e quádricas por suas equações, quando estas curvas e
superfícies têm eixos inclinados em relação aos eixos cartesianos. Nestes casos,
quando essas curvas e superfícies são apresentadas desta forma, a sua
classificação não é tão simples. Por esta razão, apresentamos as definições de
formas bilineares e formas quadráticas, bem como alguns exemplos e resultados
importantes que nos ajudarão no processo de classificação. Nesse sentido,
apresentamos as equações de cada curva e superfície que estamos interessados
em classificar e apresentamos algumas aplicações que podem ser feitas com elas
em nosso cotidiano. Então, a partir do estudo das formas quadráticas, mostramos
que as equações das cônicas e das quádricas envolvem uma forma quadrática, uma
forma linear e um termo constante. Desta forma, estas equações podem ser
colocadas em forma matricial, onde uma das matrizes envolvidas é a matriz da
forma quadrática, que pode sempre ser diagonalizável. Uma base ortonormal de
autovetores dessa matriz da forma quadrática nos leva à mudança de coordenadas
que desejamos para a identificação da cônica ou da quádrica em questão, uma vez
que a equação com um novo referencial faz com que facilite a identificação.
ABSTRACT
In this paper we perform a study of bilinear forms and quadratic forms in order to
classify conic and quadric by their equations, when these curves and surfaces have
inclined axes in relation to the cartesian axes. In this cases, when these curves and
surfaces are presented in this way their classification does not it's so simple. For this
reason, we present the definitions of bilinear forms and quadratic forms, as well as
some examples and important results that will help us in the classification process. In
this sense, we present the equations of each curve and surface that we are
interested in classifying and we presenting applications that can be made with them
in our daily life. Then, from the study of quadratic forms, we show that the conic and
quadric equations involve a quadratic form, a linear form, and a constant term. In this
way, these equations can be placed in matrix form, where one of the matrices
involved is the matrix of the quadratic form, which can always be diagonalizable. An
orthonormal basis of eigenvectors of this matrix of the quadratic form takes us to the
change of coordinates that we wish for the identification of the conic or the quadric in
question, since the equation with a new reference makes it easier to classify.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Seções cônicas …………………………………………………………………23
Figura 4: Hiperbolóide de duas folhas com eixo y como eixo de simetria …………..27
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolos Significados
Produto cartesiano
, - Matriz de B na base
Somatório
Transposta da matriz
Inversa da matriz
Matriz identidade
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1............................................................................................................ 13
1.1 Formas bilineares ........................................................................................... 13
1.2 Formas quadráticas ........................................................................................ 18
CAPÍTULO 2............................................................................................................ 23
2.1 Cônicas ........................................................................................................... 23
2.2 Quádricas ....................................................................................................... 25
2.3 Aplicações de cônicas e quádricas ................................................................. 30
CAPÍTULO 3............................................................................................................ 34
3.1 Classificação de cônicas ................................................................................. 34
3.2 Classificação de quádricas ............................................................................. 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 47
11
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
( ) .
Essa função é uma transformação linear, conforme a definição seguinte.
Definição 1.1.1: Sejam e espaços vetoriais e uma função. Diz-se que
é uma transformação linear se as condições seguintes são satisfeitas, para
quaisquer e qualquer
) ( ) ( ) ( )
) ( ) ( )
( )
* + , - * +.
( ) ( )
é uma forma bilinear. De fato,
i) ( ) ( ) ( ) ( )
ii) ( ) ( ) ( ) ( )
( ( ) ( )( )) (( ) ( )( ))
(( )( )) ( ) ( )
15
(( )( )) (( )( )).
( ) ( )
( ) ( )
( ) ( )
(( )( )) , -[ ][ ]
(( )( )) , -* +[ ]
.
Vamos ver agora que qualquer forma bilinear pode ser associada a uma
matriz.
16
( ) ( ) ∑ ( )
( ) ( )
, -[ ][ ].
( ) ( )
( ) ( )
Tomamos , - [ ]. Com esta notação temos que
( ) ( )
( ) , - , - , - .
Exemplo 1.1.6: Seja a forma bilinear dada por
( ) , onde ( )e ( ).
Então se * + é a base canônica de , temos
( ) ( )
, - [ ]
( ) ( )
Os elementos desta matriz são calculados da seguinte maneira:
( ) (( )( ))
( ) (( )( ))
( ) (( )( ))
( ) (( )( ))
Assim, podemos escrever a forma bilinear dada na forma matricial
( ) , -0 1 0 1. Observe que , - 0 1.
, - , - , - , - .
( )( )( , - , - ) , - ( , - , - )
( ) , - (, - ) , - , - , -
, - , - , - , - (, - ) , - , - , -
Temos então , - 0 1
Seja agora a outra base de tal que a matriz de mudança da base para a base
, - (, - ) , - , - 0 10 10 1 0 1.
Observe que a matriz da forma bilinear acima com relação à base canônica é 0 1,
que é uma matriz simétrica. O teorema seguinte garante que este fato sempre
ocorre.
Teorema 1.1.2: Uma forma bilinear é simétrica se, e somente se, , -
é uma matriz simétrica para qualquer base .
Demonstração: Suponhamos que é uma forma bilinear simétrica e
seja * + uma base qualquer de . Então por definição
( ) ( ) ( )
( ) ( )
Daí, a matriz associada a será da forma , - [ ].
( ) ( )
Observe que por ( ), ( ) ( ), . Logo, , - é uma matriz
simétrica.
( ) ( )
Reciprocamente, suponhamos que , - [ ] é uma matriz
( ) ( )
simétrica. Então ( ) ( ) * +. Daí segue que ( )
( ) . Logo, é uma forma bilinear simétrica.
(( )( )) .
Considerando a função definida por
( ) (( )( )) temos que
( ) , -0 1 0 1.
, -0 10 1 . Então,
Substituindo, temos ( ) , -0 1 0 1.
( ) , -0 10 1
Esse exemplo ilustra uma situação particular do caso geral. Dada uma forma
quadrática definida por ( ) , é escrita
matricialmente por ( ) , - 0 1 0 1.
( ) , -[ ] * +.
Este fato pode ser generalizado. Dada uma forma quadrática associada a
( ) , -[ ]* + .
* +* +
[ ] * +
os elementos de que estão fora da diagonal principal são todos iguais a zero,
isso significa que o produto interno entre [ ]e[ ] é nulo quando , ou seja,
os vetores coluna de são dois a dois ortogonais. Logo, os vetores colunas formam
uma base ortonormal.
coluna formam uma base ortonormal, ou seja, são unitários e ortogonais dois a dois.
Temos que * +* +
[ ].
[ ] [ ] .
Além disso, como os vetores coluna são ortogonais dois a dois, então o produto
interno entre [ ]e[ ] é nulo quando . Daí segue que todos os elementos de
[ ] * +e é
( ) .
Demonstração: Seja uma base ortonormal de . Temos que ( ) ( )
, - , - , - . Como, a matriz , - é simétrica portanto, é a matriz de um operador
autoadjunto , ou seja,, - , - . Como um operador autoadjunto é
diagonalizável, existe uma base ortonormal de autovetores. Então, se
são os autovalores associados a esses autovetores, temos que
, - , - , - [ ], -
(, - ) [ ], -
(, - ) [ ], -
( ) , - (, - ) [ ], - , -
(, - , - ) [ ] (, - , - )
, - [ ], -
, -[ ][ ]
.
Exemplo 1.2.4: Seja a forma quadrática definida por:
( ) , -0 1 0 1.
( ) 0 1
√ e √
Logo, existe uma base de autovetores associados a esses autovalores, tal que se
, - 0 1 então ( ) , -[ √ ] 0 1, isto é,
√
( ) ( √ ) ( √ ) .
Boldrini (1980) destaca que essa diagonalização que fizemos possui muitas
aplicações e uma delas é na classificação de cônicas. Veremos no capítulo 3 que
além da classificação de cônicas iremos também utilizar desta diagonalização para
classificar quádricas.
23
CAPÍTULO 2
2.1 Cônicas
sistema de eixos no qual a cônica tenha eixo paralelo a um dos eixos coordenados,
o que permite uma fácil identificação da mesma.
Podem ocorrer alguns casos degenerados, como:
2.2 Quádricas
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk1IAC/superficies-quadricas.
uma folha, que está ao longo dos eixos coordenados ou paralelos a eles. Veja como
exemplo a Figura 3.
Figura 3: Hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo z.
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk1IAC/superficies-quadricas?part=2.
( ) ( ) ( )
A quádrica descrita por uma das equações ,
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
ou é um hiperbolóide de
duas folhas, com seus eixos paralelos aos eixos cartesianos. (Veja a Figura 4)
27
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgWAAAE/quadricas
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk1IAC/superficies-quadricas?part=2.
28
( ) ( )
A quádrica descrita por uma das equações ( ) ,
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ou ( ) é um parabolóide
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk1IAC/superficies-quadricas?part=2.
( ) ( ) ( )
A quádrica descrita por uma das equações ,
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
ou é um cone, conforme
ilustração na Figura 7.
Figura 7: Cone.
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk1IAC/superficies-quadricas?part=2.
29
Seja uma curva plana e uma reta fixa não paralela ao plano que contém
. A superfície gerada por uma reta que se move paralelamente à reta fixa em
contato permanente com a curva é chamada superfície cilíndrica. A reta que se
move é denominada geratriz e a curva é a diretriz da superfície cilíndrica.
Tomando como caso particular em que a diretriz do cilindro é uma das
cônicas citadas na seção anterior, ou seja, uma elipse, uma hipérbole ou uma
parábola, o cilindro é dito, respectivamente, elíptico, hiperbólico ou parabólico. Os
exemplos a seguir são cilindros com geratriz paralela ao eixo .
( ) ( )
i) Cilindro elíptico (ver Figura 8), cuja equação é .
( ) ( )
ii) Cilindro hiperbólico, cuja equação será .
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAk1IAC/superficies-quadricas?Part=2.
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/leis-movimento-planetario.htm
Fonte: http://www.fisicainvertida.com/optica_aulas/aula_11/optica_aula_11.html
Como a esfera, a parábola é uma curva que possui uma aplicabilidade muito
grande em nosso cotidiano em construções civis. Uma dessas construções que mais
usam esse conceito são as pontes suspensas por cabos ou tirantes de suspensão,
onde cada cabo ou tirante forma uma curva parabólica (veja a Figura 11). Além da
construção de uma ponte a propriedade refletora da parábola permite a construção
de antenas, radares e faróis.
Figura 11: Ponte suspensa.
Fonte: http://awacomercial.com.br/blog/tipos-estruturas-de-pontes/
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfxCEAG/quadricas-marlon
No caso de uma antena parabólica, elas captam as ondas eletromagnéticas
dos satélites em órbita ao redor da terra. Isso é possível devido à propriedade da
parábola de refletir os raios recebidos em um único ponto, o foco, onde se encontra
o receptor de ondas que é responsável por enviar o sinal recebido para o conversor.
Este codifica e envia essas ondas para o receptor de televisão. Por esse motivo as
antenas parabólicas são usadas para receber sinais eletromagnéticos (veja a Figura
13).
Figura 13: Antena parabólica.
Fonte: https://sites.unicentro.br/wp/petfisica/2016/03/30/parabolas-as-curvas-misteriosas/
14) que tem dois espelhos: um espelho maior chamado primário, este é parabólico,
e outro espelho menor, que é hiperbólico.
Fonte: http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/geotri/modulo4/prob_aplicas2.html
34
CAPÍTULO 3
, -0 10 1 , -0 1 .( )
, -[ ]0 1 , -, - 0 1 .
, -, - .
5º passo: Por meio de completamento de quadrados eliminamos os termos
lineares das coordenadas cujos autovalores são não-nulos. Temos três casos:
) No caso em que e são diferentes de zero, temos que a equação ( )
é da forma . Então, por meio de um completamento
, onde
) e . (similar ao anterior)
Exemplo 3.1.1: Consideremos a equação na base canônica do
, -0 10 1 , -0 1 .
( ) 0 1 ( ) .
√ √
0 10 1 0 1, e . /.
forma , -0 10 1 , -[ ]0 1
√ √
√ √ √ √
( ) ( )
√ √ √ √ √ √
.
√ √ √
. / Fazendo e , obtemos
√
. Esta é a equação de uma parábola, no novo referencial, que
foi obtido por meio de uma rotação de eixos. Portanto, a cônica representada pela
equação é uma parábola.
Estamos interessados apenas em classificar cônicas dadas por equação do
tipo . Nesse sentido vamos apresentar um
método mais rápido de solucionar esse problema realizando uma análise dos sinais
dos autovalores associados à forma quadrática e verificando as possibilidades que
temos.
Nesse caso temos que está equação representará um ponto, pois temos a soma de
dois números positivos resultando em zero. Se então
. Nesse caso temos a soma de dois números positivos dando
negativo, logo temos um conjunto vazio.
) e . Se temos uma elipse; se temos um ponto e,
se um conjunto vazio. Os procedimentos para comprovarem estes casos são
análogos aos do caso anterior, basta multiplicar as equações por .
38
) . Se , então ,
temos que está equação representa uma hipérbole e se temos
, -[ ]0 1 , √ -0 1 .
são e .
√ √
Para , temos [ ]0 1 0 1, daí . / e para , temos
√ √
[ ]0 1 0 1, onde . /.
39
0 1.
autovetores * + Assim, 0 1 [ ] 0 1.
√ √
obtemos
( ) ( )
Observe que encontramos uma nova equação a partir de uma rotação de eixos
e que e . Neste caso, por (( ) )) está equação representa uma elipse.
Exemplo 3.1.3: Dada a equação √ √ vamos
classificar a cônica representada por ela. Para isto, basta observar os sinais dos
autovalores da forma quadrática e também do termo constante.
Assim, colocamos esta equação na forma matricial.
, -0 10 1 , √ √ -0 1 e determinando os
( ) 0 1 ( )( ) .
√ √
para , temos 0 10 1 0 1, onde . /.
40
. / . / .
, -[ ]* + , -* + .
, -[ ][ ] , -, - [ ] .
temos . / . / . Tornando
, e a equação é , onde
) , e (análogo ao caso ))
) , e (análogo ao caso ))
Exemplo 3.2.1: Seja √ a equação
, -[ ]* + , √ -* +
( ) [ ]
√ √
Para , temos [ ]* + [ ], e . /,
√ √ √
para , temos [ ]* + [ ], e . /e
√ √ √
para , temos [ ]* + [ ], onde . /.
43
( ) , -[ ] [ ], onde ,( )- [ ].
√ √ √
√ √
Assim, * + [ ].
√ √ √
[ ]
4º passo: Substituindo a forma quadrática já diagonalizada e feito a mudança
de base, a equação será da forma
√ √ √
, -[ ][ ] , - √ √ [ ]
√
√ √ √
[ ]
√ .
, -[ ]* + , -* + .
, -[ ][ ] , -[ ][ ]
, -[ ]* + , -* + .
( ) [ ]
√ √
Para , temos [ ]* + [ ], e . /,
45
√ √ √
para , temos [ ]* + [ ], e . /e
√ √ √
para , temos [ ]* + [ ], e . /.
√ √
matriz de mudança da base para a base , , - , onde
√ √ √
[ ]
* + e é a base canônica. Assim, seja ( ) um ponto na base
canônica e seja ( ) o mesmo ponto com relação a base , onde ,( )-
√ √ √
√ √
[ ], temos que , * + [ ].
√ √ √
[ ]
Logo, a equação após a rotação de eixos será da forma
√ √ √
, -[ ][ ] , - √ √ [ ]
√ √ √
[ ]
√
e escrevendo essa equação convenientemente
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS