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Probabilidades
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Teoria das probabilidades
A tomada de decisões com base nos dados de uma amostra envolve um certo grau de
incerteza. É importante quantificar esse grau de incerteza. A probabilidade é uma medida
do grau de incerteza de um dado fenómeno aleatório, donde o estudo da teoria das
probabilidades estar na base da inferência estatística.
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A B ou A \ B Diferença de dois acontecimentos A e B, define um novo acontecimento
que se realiza se e só se A se realiza sem que se realize B. É traduzido por
A B : A B.
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Algumas propriedades das operações com acontecimentos
comutatividade de e :
A B B A
A B B A
associatividade de e :
A B C A B C
A B C A B C
distributividade de e :
A B C A B A C
A B C A B A C
leis de De Morgan
A B A B
A B A B
duplo complementar:
A A
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Definição clássica de probabilidade
Se a uma experiência aleatória se puderem classificar à priori s todos os resultados possíveis num
número finito n de casos mutuamente exclusivos e igualmente prováveis, então o cálculo da
probabilidade de um acontecimento A ocorrer resume-se à contagem do número de resultados
possíveis n e do número de resultados favoráveis a A, n A resultados.
só pode ser aplicada se o número de resultados possíveis da experiência aleatória for finito.
só pode ser aplicada se os resultados forem igualmente prováveis.
não permite dar resposta a questões do tipo:
Qual a probabilidade de um homem morrer antes dos 50 anos?
Qual a probabilidade de um jornal vender num dia 500 unidades?
Qual a probabilidade de sair uma face no lançamento de uma moeda não equilibrada?
Qual a probabilidade de uma pessoa selecionada ao acaso ser benfiquista?
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Definição frequencista de probabilidade
Uma determinada experiência aleatória é repetida n vezes em idênticas condições, tendo o
n
acontecimento A se realizado n A vezes. Seja f A A a sua frequência relativa. De acordo com a
n
definição frequencista de probabilidade, a probabilidade do acontecimento A ocorrer é o valor
para que tende f A quando se aumenta o número de provas n.
n
P A lim A lim f A
n n n
Exemplo: Uma seguradora não pode afirmar quem são as pessoas que terão acidentes com idades
compreendidas entre os 18 e os 30 anos, mas pelo número de observações do passado n A , e em
função do número de segurados n, pode prever a probabilidade de ocorrência de acidentes naquela
faixa etária.
Exemplo: O gestor de vendas de um concessionário de uma marca de automóveis precisa saber qual
a probabilidade do stand vender mais de 4 automóveis na próxima semana. Através dos registos da
empresa foi possível saber que somente em 6 semanas das últimas 50 semanas, o número de
automóveis vendidos foi superior a 4 automóveis. Logo a probabilidade será de 6 50 .
A probabilidade subjetiva é dada pelo grau de credibilidade ou de confiança que cada pessoa dá
à realização de um dado acontecimento aleatório. Daí que seja subjetiva porque para o mesmo
acontecimento diferentes pessoas podem dar diferentes probabilidades.
Exemplo: O Miguel acha que a probabilidade de o Benfica ganhar o campeonato é superior a 0.6, já
o António acha que essa probabilidade é inferior a 0.5.
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Medida de probabilidade
P 1
P 0 .
Nota: se P A 0 não se pode concluir que A , ou seja, não se pode concluir que A
seja necessariamente o acontecimento impossível. Do mesmo modo não se pode concluir
que se P A 1, A seja o acontecimento certo.
P A B P A P A B
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P A 1 P A
P A B P A P B P A B
P( A B) P( A) P( B) , A B
P A B P A P B
A B P A P B
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Probabilidades condicionadas
Definição: Dados 2 acontecimentos A e B, PB 0 , a probabilidade para que A se realize,
sabendo que B se realizou, designa-se por P A | B e define-se por:
P A B
P A | B , PB 0
P B
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P | B , para PB 0 é uma medida de probabilidade. Permite aplicar às probabilidades
condicionadas todos os resultados sobre probabilidades.
P A B P A | B P B , se PB 0
P A B P B | AP A, se P A 0
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Independência de acontecimentos
P A | B P A se PB 0 e P B | A P B se P A 0 .
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Partição de um espaço de resultados
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Teorema da probabilidade total
Seja E1 , E2 ,..., En uma partição sobre , PEi 0 , i 1,2,..., n .
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Teorema da Probabilidade Total
probabilidades
E1 E2 E3
probabilidades
condicionadas
A 𝐴̅ A 𝐴̅ A 𝐴̅
𝑃(𝑨) = 𝑃(𝐸1 )𝑃(𝐴|𝐸1 ) + 𝑃(𝐸2 )𝑃(𝐴|𝐸2 ) + 𝑃(𝐸3 )𝑃(𝐴|𝐸3 ) = 𝑃(𝐴 ∩ 𝐸1 ) + 𝑃(𝐴 ∩ 𝐸2 ) + 𝑃(𝐴 ∩ 𝐸2 )
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Exemplo:
População
P(D)=1% ̅ )=99%
P(𝑫
99% não
1% doente
doente
Teste Diagnóstico
P(T|D)=90% ̅ )=9%
P(T|𝑫
𝑃(𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜) = ?
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1000 pessoas
P(D)=1% ̅ )=99%
P(𝑫
990 não
10 doentes
doentes
Teste Diagnóstico
P(T|D)=90% ̅ )=9%
P(T|𝑫
9 1 89 901
positivo negativo positivo e negativo e
e doente e doente não doente não doente
𝑃(𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜) = ?
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Teorema de Bayes
P( A | Ei ) P( Ei ) P( A | Ei ) P( Ei )
P( Ei | A)
P( A) j P( A | E j ) P( E j )
Em particular, para B acontecimento tal que P( B) 0 :
P( A | B) P( A | B)
P( B | A) P( B) P( B)
P( A) P( A | B) P( B) P( A | B) P( B)
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Aplicações
𝑃 (𝐴 | 𝐵 )
𝑃 (𝐵 | 𝐴 ) = 𝑃(𝐵)
𝑃 (𝐴 )
𝑃 ( 𝐷 |𝐻 )
𝑃 (𝐻 | 𝐷 ) = 𝑃(𝐻)
𝑃 (𝐷 )
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Exemplo:
População
P(D)=1% ̅ )=99%
P(𝑫
99% não
1% doente
doente
Teste Diagnóstico
P(T|D)=90% ̅ )=9%
P(T|𝑫
𝑃(𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒|𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜) = ?
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1000 pessoas
P(D)=1% ̅ )=99%
P(𝑫
990 não
10 doentes
doentes
Teste Diagnóstico
P(T|D)=90% ̅ )=9%
P(T|𝑫
9 1 89 901
positivo negativo positivo e negativo e
e doente e doente não doente não doente
𝑃(𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒|𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜) = ?
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Exemplos
Caso 1
Um artigo na revista Look diz que um estudo mostra que em 2400 casos de mongolismo, mais de
metade das mães tinha 35 anos ou mais. Daqui se conclui (erradamente) que a idade está associada
ao mongolismo.
Razão:
Este exemplo traduz um erro comum que se traduz na confusão existente sobre probabilidades
condicionadas. Um valor elevado de 𝑃(𝐴|𝐵) conduz erradamente à conclusão de que 𝑃(𝐵|𝐴) é
também elevado e 𝑃(𝐵|𝐴) > 𝑃(𝐵).
O jornal ao verificar que a probabilidade 𝑃(𝑚ã𝑒 > 35|𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) > 0.5, conclui
erradamente que a probabilidade 𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜|𝑚ã𝑒 > 35) é também elevada e, em particular,
𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜|𝑚ã𝑒 > 35) > 𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜).
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Exemplo fictício:
Suponha que na população de todas as mães, 2000 tivessem menos de 35 anos (1100 mães com
filho mongolóide) e 5000 tivessem mais de 35 anos (1300 mães com filho mongolóide).
1300
𝑃(𝑚ã𝑒 > 35|𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) = = 0.54 > 0.5
2400
1300 2400
mas 𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜|𝑚ã𝑒 > 35) = = 0.26 < 𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) = = 0.34
5000 7000
1100 2400
e 𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜|𝑚ã𝑒 ≤ 35) = = 0.55 > 𝑃(𝑚𝑜𝑛𝑔𝑜𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜) = = 0.34
2000 7000
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Caso 2
Notícia no jornal de Notícias de 06-08-2014 intitulada ‘Quem mais trai as mulheres? Católicos e
benfiquistas’.
Um inquérito realizado pelo Secondlove permitiu traçar o perfil do típico traidor português:
benfiquista, cristão …
A totalidade dos 1120 inquiridos pelo site Secondlove admitiu que manteve contacto com a amante,
mesmo com a mulher ali ao lado. …
Aliás, o inquérito revela que estes homens, dos quais 45% disseram ser benfiquistas, estão sempre
à coca do que aparece, …
Apesar do seu cristianismo (54,7% assumiram que o são), o traidor não faz questão que a pessoa
com quem vai para a cama partilhe da sua religiosidade. …
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Razão:
A amostra é distorcida.
Este exemplo traduz um erro comum que se traduz na confusão existente sobre probabilidades
condicionadas. Um valor elevado de 𝑃(𝐴|𝐵) conduz erradamente à conclusão de que 𝑃(𝐵|𝐴) é
também elevado e 𝑃(𝐵|𝐴) > 𝑃(𝐵).
𝑃(𝑏𝑒𝑛𝑓𝑖𝑞𝑢𝑖𝑠𝑡𝑎|𝑡𝑟𝑎𝑖𝑟)
𝑃(𝑡𝑟𝑎𝑖𝑟|𝑏𝑒𝑛𝑓𝑖𝑞𝑢𝑖𝑠𝑡𝑎) = 𝑃(𝑡𝑟𝑎𝑖𝑟)
𝑃(𝑏𝑒𝑛𝑓𝑖𝑞𝑢𝑖𝑠𝑡𝑎)
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Caso 3
Títulos de jornais:
‘Cuidado com os turistas alemães’. De acordo com a revista Der Spiegel, a maioria dos turistas
estrangeiros envolvidos em acidentes a fazer ski numa estância suiça são alemães.
‘Rapazes têm um risco maior de acidente a andar de bicicleta’. De acordo com o jornal
Hannoversche Allgemeine Zeitung, entre as crianças envolvidas em acidentes de bicicleta a
maioria são rapazes.
‘Soccer é o desporto mais perigoso’, de acordo com uma pesquisa efetuada pela revista sobre
acidentes no desporto.
‘Pastor alemão é o cão mais perigoso das redondezas’, de acordo com o jornal Ruhr-Nachrichten
sobre uma estatística que reporta um record de 31% de todos os ataques por cães.
Em todos estes exemplos um valor elevado de 𝑃(𝐴|𝐵) conduziu à conclusão, possivelmente sem
fundamento, de que 𝑃(𝐵|𝐴) era também elevado e 𝑃(𝐵|𝐴) > 𝑃(𝐵).
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Caso 4
Conselho dado por Alan Dershowitz, professor de direito de Harvard à equipa de defesa de O. J.
Simpson. A acusação argumentou que a história de maus tratos à esposa refletia um motivo para o
homicídio, avançando com a premissa de que ‘uma bofetada era um prelúdio para o homicídio’
(Gigerenzer, 2002, páginas 142-145). Dershowitz, chamou a este argumento ‘um show de fraqueza’
e disse que se podia provar que somente uma infinitésima percentagem (menos de 1 em 2500) de
homens que batem ou esbofeteiam a sua mulher a assassinam. O argumento é de que
𝑃(𝑚𝑎𝑡𝑎𝑟|𝑏𝑎𝑡𝑒𝑢) < 1/2500.
Razão:
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