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Poesia trovadoresca

Síntese da unidade
Retoma de conteúdos

Encontros – Português
10º e 12º anos
Poesia trovadoresca| Síntese da unidade ● Retoma de conteúdos

Contextualização histórico-literária

Espaços medievais, protagonistas e circunstâncias

Géneros da poesia trovadoresca


• Cantigas de amigo
• Cantigas de amor
• Cantigas de escárnio e maldizer

Em síntese
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

Friso cronológico
IDADE MÉDIA RENASCIMENTO
Século XII Século XIII Século XIV Século XV Século XV Século XVI

Poesia trovadoresca
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

PRODUÇÃO
DA POESIA
TROVADORESCA

Em que séculos foi produzida


a poesia trovadoresca?

Desde Até
finais do século XII meados do século XIV

Época do nascimento das nacionalidades


ibéricas e da Reconquista Cristã
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA

Produção da
poesia • Reinos de Galiza e Leão
trovadoresca • Reino de Portugal
• Reino de Castela
Em que reinos da Galiza e Leão
Península Ibérica foi
produzida poesia Portugal Castela

trovadoresca?
ESPAÇOS MEDIEVAIS, PROTAGONISTAS E CIRCUNSTÂNCIAS

Trovadores e jograis
Produção da (reis, filhos de reis, nobres,
poesia burgueses, clérigos,
trovadoresca elementos do povo).

Quem foram os
principais agentes
da poesia
trovadoresca?

Representação de jogral
e flautista, século XI.
ESPAÇOS MEDIEVAIS, PROTAGONISTAS E CIRCUNSTÂNCIAS

Produção Não se pode dizer que a língua


da poesia dos trovadores fosse diferente
da língua dos notários, mas a
trovadoresca
especificidade da produção
poética permite uma diferente
Em que língua foi
utilização da língua: a língua dos
produzida a poesia
trovadores consubstancia uma
trovadoresca?
estilização da língua falada nos
dois lados do rio Minho e
galego-português perpetua arcaísmos e
convencionalismos literários.
Esperança Cardeira, História do
Português. Lisboa, Caminho, 2006 [p. 47]
ESPAÇOS MEDIEVAIS, PROTAGONISTAS E CIRCUNSTÂNCIAS

Transmissão
da poesia
trovadoresca
Transmissão Transmissão
oral escrita

Agentes
Cancioneiros
Trovadores, jograis,
– Cancioneiro da Ajuda.
soldadeiras (dançarinas).
– Cancioneiro da
Biblioteca Nacional.
Modalidade
– Cancioneiro da Vaticana.
Cantiga (poesia cantada).
GÉNEROS DA POESIA TROVADORESCA

Géneros da
poesia trovadoresca

Cantigas de amigo Cantigas de amor Cantigas de escárnio e


maldizer

Género de carácter satírico,


Género autóctone, Género de matriz
em que se faz uma crítica
cujas origens parecem provençal, de
direta e ostensiva,
remontar a uma vasta registo
identificando-se o alvo visado
e arcaica tradição aristocrático;
(cantiga de maldizer), ou
da canção canção
subtil, sem explicitar a
em voz feminina. em voz
identidade de quem se critica
masculina.
(cantiga de escárnio); canção
em voz masculina.
CANTIGAS DE AMIGO

Sujeito Em geral, voz feminina (donzela), que se refere ao


poético “amigo” (namorado).

Caracterização Representação de afetos e emoções


temática • Variedade do sentimento amoroso: amor,
alegria/orgulho de amar e de ser amada, ansiedade,
saudade, tristeza, raiva, etc.
• Confidência amorosa à natureza, à mãe, às amigas.
• Relação com a natureza:
– natureza humanizada/personificada, com o
papel de confidente;
– elementos naturais com valor simbólico.

Edward Burne-Jones,
Sarça Ardente, 1882-1898
CANTIGAS DE AMIGO

Caracterização Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)


temática Ambiente doméstico e familiar, marcado pela
(cont.) presença feminina (ausência do chefe de família;
autoridade materna):
– tarefas domésticas – ida à fonte;
– vida coletiva – baile, romaria.

Caracterização Paralelismo (princípio da repetição e da simetria):


formal – repetição de palavras, versos inteiros,
construções ou conceitos;
– leixa-pren – processo de encadeamento de
estrofes que consiste na retoma de versos.
Refrão:
Repetição de um ou mais versos no final das estrofes.

Edward Burne-Jones,
Sarça Ardente, 1882-1898
CANTIGAS DE AMIGO

O anel do meu amigo,


perdi-o sô-lo verde pino, Paralelismo
e chor’eu bela. Princípio da
LEIXA-PREN
repetição e da
O anel do meu amado,
perdi-o sô-lo verde ramo,
simetria
e chor’eu bela.

Perdi-o sô-lo verde pino: REFRÃO


por én chor’eu dona virgo,
e chor’eu bela.

Perdi-o sô-lo verde ramo:


por én chor’eu dona d’algo,
e chor’eu bela.

Pero Gonçalves de Portocarreiro


in Stephen Reckert, Helder Macedo, Do Cancioneiro de
Amigo (3ª ed.), Lisboa, Assírio & Alvim, 1996 [p. 99]
CANTIGAS DE AMIGO

Na Idade Média, sensivelmente entre os séculos XII e XIV, desenvolve-se,


a partir do Sul de França, uma literatura que influenciará os modelos e os
padrões artísticos nas principais cortes europeias. Uma das temáticas
mais cantadas pelos trovadores provençais é o Amor.

Apesar da forte influência provençal, a arte trovadoresca


galego-portuguesa assume características muito próprias, desde logo pela
criação de um género novo – a cantiga de amigo. Assim, o sujeito poético
das cantigas de amigo é uma voz feminina que invoca o seu amado
(amigo, na terminologia medieval).

Estas cantigas, em grande parte contemporâneas da reconquista cristã,


expressam representações do sentimento amoroso que pode oscilar
entre o orgulho e a vaidade da donzela de ser amada e cortejada e a
saudade do amigo ausente, a ansiedade, a tristeza ou a raiva.
CANTIGAS DE AMOR

Sujeito • Voz masculina (trovador), que se dirige à mulher


poético amada (“senhor”), elogiando-a e/ou expressando a
sua “coita de amor”.

Caracterização Representação de afetos e emoções:


temática • “Coita de amor”: sofrimento amoroso provocado
pela não correspondência amorosa e que conduz à
“morte de amor”.
• Elogio cortês: panegírico da “senhor”, modelo de
beleza e de virtude.

Ambiente (espaços, protagonistas e


circunstâncias):
• espaço aristocrático/ambiente palaciano
(corte);
• vassalagem amorosa; obediência ao código
da mesura (não revelação da identidade da
“senhor”).
CANTIGAS DE AMOR

As cantigas de amor manifestam um sujeito


poético masculino que se dirige à mulher
amada; as temáticas presentes neste género
de cantigas de registo aristocrático variam
entre o elogio cortês, com a enumeração das
virtudes (mesura, prez, fermosura, riqueza) e a
expressão do sofrimento provocado pela não
correspondência amorosa (coita de amor),
que conduz à morte de amor.
CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER

Sujeito poético • Voz masculina (trovador), que


faz uma crítica, de forma direta
ou velada.

Caracterização Representação de afetos e


temática emoções
• Dimensão satírica:
– paródia do amor cortês
(crítica das regras do amor
cortês de matriz provençal);
– crítica de costumes (deserção;
cobardia de vassalos nobres em
campo de batalha; falta de
dotes poéticos dos jograis).
CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER

As cantigas de escárnio e maldizer distinguiam-se entre si pela alusão


mais ou menos direta ao destinatário, mas tinham em comum os seus
alvos: a paródia do amor cortês e a crítica dos costumes.

As cantigas de escárnio utilizam uma linguagem trabalhada com o


propósito de criar uma ambiguidade (evitando que a pessoa satirizada
fosse diretamente nomeada, mas permitindo que fosse reconhecida
pelos ouvintes), enquanto as cantigas de maldizer faziam uso de uma
linguagem direta, agressiva e frequentemente obscena, com a
nomeação direta do alvo.

Além de ridicularizar as regras do amor (que eram idealizadas nas


cantigas de amigo e de amor, não correspondendo à realidade), as
cantigas de escárnio e maldizer oferecem-nos, através da crítica
social, um testemunho da sociedade medieval e de alguns
acontecimentos históricos, como a referência às deserções e traições
dos nobres em batalhas. As cantigas satirizavam tipos sociais e não
tipos psicológicos, como o clero pouco edificante, os nobres com atos
cobardes e empobrecidos, os vários ofícios ou os vilãos.
EM SÍNTESE

Poesia trovadoresca
✔ Contextualização histórico-literária.
✔ Representações de afetos e emoções:
• variedade do sentimento amoroso (cantiga de amigo);
• confidência amorosa (cantiga de amigo);
• relação com a Natureza (cantiga de amigo);
• a coita de amor e o elogio cortês (cantiga de amor);
• a dimensão satírica: a paródia do amor cortês e a crítica de
costumes (cantigas de escárnio e maldizer).
✔ Espaços medievais, protagonistas e circunstâncias.
✔ Linguagem, estilo e estrutura:
• cantiga de amigo: caracterização temática e formal
(paralelismo e refrão);
• cantiga de amor: caracterização temática;
• cantiga de escárnio e maldizer: caracterização temática.

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