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De onde vem os sentimentos?

Bom, eu acredito que eles não “vêm”, eles já estavam lá o tempo todo... como se fossem
caixinhas de música... dentro de nós. Caixinhas que pertencem a nós, mas que mesmo assim,
por vezes, deixamos que o mundo exterior as controle. Mas elas são nossas, quem decide qual
caixinha tocará sua música somos nós. Há uma frase de Carlos Drummond (talvez seja de
Haruki Murakami) que consiste no seguinte: “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.

Acontecerão coisas na nossa vida que tentarão abrir algumas caixinhas para que sua música
tome o ambiente. Se não quisermos isso, não precisamos aceitar. As caixinhas são nossas.

E como toda música, a nossa pode soar com volume alto ou baixo. Com volume baixo, talvez as
pessoas nem percebam. Mas se o volume for muito alto, pode até contagiar outras pessoas. Se
elas não gostarem, vão abrir as caixinhas delas e virará uma completa algazarra de sons... Mas
a música da alegria é tão boa que todos gostam dela. Menos aqueles que preferem escutar
permanentemente o som do mau-humor. Para eles, a felicidade é como mosquitos que não
nos deixam dormir.

Eu estava pensando esses dias em o que aconteceria depois que realizássemos todos os nossos
sonhos.

Hoje eu estava pensando em algo que vi em algum lugar: “não há sentido para a vida. Tudo
nasce sem motivo, se prolonga na fraqueza e morre por acaso.” E isso me deixou atribulada.
Tive que dar um tom de cores mais vibrantes a isso. E cheguei à conclusão de que realmente
não há sentido para a vida. E isso é ótimo. Se, quando nascêssemos, toda a nossa vida já
tivesse um propósito, seríamos fadados a seguir esse destino e não poderíamos mudar. Mas se
a vida não tem sentido, nós podemos dar um sentido a ela. A partir disso, não nascemos sem
motivo. A razão de termos nascido é termos enxergado um horizonte e tentar alcança-lo.
Quando caminhamos em direção aos nossos sonhos, não estamos nos prolongando na
fraqueza. Fraco seria aquele que apenas existe, que não vê nada de proveitoso em sua vida.
Quem tem um objetivo, mesmo que contestado pela sociedade, não está mais se prolongando
na fraqueza. E depois vem a morte. A morte não é um acaso. É apenas a última etapa da vida.
Quando morremos, significa que já passamos por 100% das coisas que deveríamos passar. A
morte tem um motivo. Mas nem sempre podemos enxerga-lo. Isso não anula o fato de ela ter
um motivo (nota nada a ver: ouça Sunlight Sonata. É muuuito lindooo). A morte não é algo que
nos tira o direito de ver as coisas que não vimos. É apenas uma voz que nos sussurra: “você
venceu a batalha que lhe foi dada. Tudo o que viu, era tudo o que tinha para ver. Sua cota de
dias não pode ser ultrapassada. O mundo agradece sua existência. Mas não se preocupe, esse
não é o fim. Ficarás eternamente na memória daqueles que conheceste. ”

Enfim, tudo o que precisamos é dar um sentido para a vida e viver isso. Não buscar
desesperadamente apenas sobreviver, saciar nossas necessidades básicas. Devemos buscar
aquilo que ainda não foi encontrado, fazer perguntas e responde-las, sentir o que é a vida...
pena que a maioria das pessoas está vivendo uma vida de comparações, acreditando que isso
é algo que valha a pena, quando na verdade é estupendamente ridículo que competições e
comparações estejam presentes em nós, uma vez que cada indivíduo, por ser único e singular,
não deve ser comparado.

Nossos dias devem ser preenchidos com as músicas de nossas caixinhas de som, não apenas as
músicas felizes. Devemos ouvir todas as músicas. Mas é claro que temos que ter nossa trilha
sonora. Pode ser a felicidade. Haverá dias em que vamos querer apenas ouvir o lúgubre som
da nossa caixinha de melancolia. Mas não tem problema. Ela é essencial, também.

No fim, somos todos gotas de água salgada em meio a um mar gigantesco... pode ser que não
façamos muita diferença nesse mar. Mas cada gota carrega em si um outro grande mar. E é
nesses mares que fazemos diferença.

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