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Os Burgueses de Calais

De August Rodin

História da Cultura das Artes


Ana Rita Garcia nº4
11ºK
Prof. João Faria
Índice:

1. Introdução
1.1. Breve apresentação da obra
2. Desenvolvimento
2.1. Biografia de Auguste Rodin
2.2. Temas e História por detrás da obra
2.3. Características técnico-formais da obra
3. Conclusão
3.1. Conclusão final da apreciação da obra
3.2. Bibliografia
Os burgueses de Calais é uma escultura da autoria de August
Rodin, encomendada em 1884 pela cidade de Calais e terminada
em 1889.
É uma das obras mais famosas do escultor devido à sua
importância histórica e ao seu rigor único através do qual somos
capazes de sentir exatamente o que os seis burgueses
representados sentiram ao caminhar para a sua morte.

Vista frontal para a estátua

Neste trabalho vão ser discutidos os aspetos temáticos que


rodeiam esta obra de arte, a história por detrás das suas
personagens e a difícil jornada pelo mundo da arte e da fama do
seu autor, Auguste Rodin.
Biografia do autor:
François-Auguste-René Rodin, mais conhecido como Auguste
Rodin, nasceu a 12 de novembro de 1840 em Paris e foi
considerado o progenitor da escultura moderna.
Foi educado de forma tradicional numa família da classe
operária de Paris e estudou, dos 14 aos 17 anos de idade na Petite
École, uma escola especializada nas artes e em matemática, onde
viria a ser ensinado por Horace Lecoq de Boisbaudran, que foi
depois uma grande influência em todas as suas futuras obras.
Interessou-se e estudou também, por conta própria, anatomia
humana para utilizar os conhecimentos na elaboração de suas
esculturas.
Após deixar a Petite École, Rodin começou a tentar ganhar uma
entrada para a Grand École, porém não teve muito sucesso com
um total de três tentativas falhadas e, tendo em conta que os
requisitos de entrada na escola não eram particularmente altos,
chegou à conclusão que a única razão para ter tamanha
dificuldade em ser aceite era provavelmente devido ao gosto
neoclássico dos responsáveis pelas candidaturas, que era oposto à
escultura do século XVIII que Rodin tinha aprendido.
Após a morte da sua irmã mais velha - Maria, Rodin decide
afastar-se da arte durante alguém tempo, juntando-se assim, a uma
ordem católica onde foi incentivado pelo fundador e chefe da
congregação - S. Pedro Julião Eymard, a regressar à sua escultura
e dessa forma, Rodin volta a trabalhar como decorador.
Em 1864 Rodin começa a viver com uma jovem costureira, Rose
Beuret com quem ficaria para o resto da sua vida e o casal tem um
filho, Auguste-Eugène Beuret.
Até 1870, Auguste trabalha como assistente chefe de Carrier-
Belleuse, um produtor em massa bem-sucedido de objectos de
arte, até ser chamado para servir na Guarda Nacional durante a
Guerra Franco-Prussiana. Este serviço foi, no entanto, curto
devido à sua miopia. Porém, devido a esta guerra, os trabalhos de
decoradores diminuíram drasticamente, forçando assim Rodin e a
sua família a viver na pobreza até aos seus 30 anos de idade,
altura em que lhe foi oferecido um trabalho na Bélgica por
Carrier-Belleuse, onde acabou por passar 6 anos adquirindo aí
experiência como artesão.
Após visitar Itália durante dois meses, Rodin apaixona-se pelos
trabalhos de Michelangelo, voltando para Bélgica para começar a
trabalhar em A Idade do Bronze, uma figura masculina em
tamanho natural cujo realismo trouxe fama a Rodin.
Em 1877 Rodin volta a Paris com Rose, que se havia juntado a
ele na Bélgica. Mudam-se para um pequeno apartamento com o
filho de onze anos que sofria de atraso de desenvolvimento e com
o pai de Rodin que já se encontrava cego e senil, os dois sendo
deixados ao cuidado de Rose enquanto Auguste passou um
período conturbado devido a acusações de falsidade em torno de
A Idade do Bronze e acabou por se perder em devaneios com
amantes.
Rodin foi ganhando a
vida colaborando com
outros escultores
essencialmente em
memoriais e peças
arquitetónicas neo-
barrocas e a seu próprio
tempo começou a
trabalhar na sua próxima
obra, São João Batista
Pregando.
Em 1880 Carrier-
Belleuse oferece-lhe
uma posição como
designer na Fábrica

August Rodin em 1891


Nacional de Porcelana de Sèvres, esta oferta foi um gesto de
reconciliação após deixarem de se dar um com o outro ainda
enquanto estavam na Bélgica. Assim, com uma nova ocupação
que lhe despertara o gosto pelas obras do século XVIII, Rodin
mergulha em novos projetos que viriam a trazer fama à Fábrica
por toda a Europa.
Esta fama proporcionou-lhe várias oportunidades de trabalho e
encomendas das quais se
destacam A Porta do Inferno
cujo tema fora A divina
comédia de Dante e cujos
motivos foram aproveitados
em outras esculturas, entre
elas As Três Sombras, O
Pensador e numa das suas
obras mais famosas, O Beijo.
O Beijo de Auguste Rodin
Em 1884 recebe a
encomenda de uma escultura que o viria a ocupar durante 11 anos
- assim começa a construção de Os Burgueses de Calais para a
exposição de Monet-Rodin em 1889.
A sua fama é reconhecida praticamente no final da sua vida,
após 60 anos de trabalho, sendo-lhe destinado em 1900, o
Pavilhão das Almas da Exposição Universal, local onde viria
então a expor cerca de 150 obras.
Em 1916 o artista oferece todas as suas obras ao estado com a
condição do Hotel Biron se vir a tornar no Museu Rodin, deixa
também, um arquivo com cerca de 7000 imagens onde é seguido,
passo a passo, o processo de todas as suas obras.
Em Janeiro de 1917 Rodin casa-se finalmente com Rose, porém,
esta morre duas semanas depois e Rodin acaba também por
morrer no dia 17 de novembro do mesmo ano. Ambos foram
enterrados no parque de Villa des Brillants, em Meudon, França
onde era localizado o atelier de August.
Tema e História por detrás da Obra:
A obra Os Burgueses de Calais foi encomendada a Auguste
Rodin em 1884 e evoca um episódio da Guerra dos Cem anos,
vivido na Cidade de Calais.
Após invadir o Reino de França e derrotar as forças francesas
nas Batalhas de Sluyis em 1340 e de Crécy em 1346, Eduardo III
necessitava de um porto de águas profundas para poder garantir o
transporte dos abastecimentos que vinham de Inglaterra.
A cidade de Calais, situada no estreito de Dover, tornava-a
perfeita para a função e assim ficou na mira das tropas de
Inglaterra. No entanto, a cidade tinha boas defesas, um duplo
fosso e muralhas que haviam sido erguidas 100 anos antes
fizeram com que, apesar da imensa desvantagem do número de
tropas, os franceses fossem capazes de resistir heroicamente
durante cerca de um ano aos ataques de Eduardo III que,
impaciente com a demora, decidiu mandar executar todos os
cidadãos da cidade. Somente a atitude de entrega voluntária de
seis corajosos homens, que se apresentaram descalços, apenas em
roupa interior e de baraço ao pescoço, convenceram o rei a
cancelar a ordem de execução. Foram estes seis heróis que foram
retratados na escultura de August Rodin.
Eustache de Saint-Pierre era o mais velho e rico dos seis, e fora
o primeiro a entregar-se, seguiu-se Jean d'Aire que levava a chave
do castelo, Pierre Wissant, Jacques de Wissant, Andrieu d’Andres
e Jean de Fiennes. Os seis estariam preparados para a sua
execução quando Philippa de Hainaut, rainha e esposa de Eduardo
III, que se encontrava grávida na altura, se ajoelhou aos pés do
marido pedindo misericórdia pelos pobres homens. Este ato,
surpreendeu o rei, que movido pela bondade da mulher decidiu
libertá-los.
Características técnico-formais da obra:
Ao planear esta obra, Rodin não pretende representar um
burguês de Calais, mas sim seis homens na sua lenta marcha até à
morte. Quis representar ao máximo as suas emoções enquanto
caminham em torno de si, sem nunca se tocarem, apenas vestidos
em camisas sem distinção da hierarquia.
As mãos e pés das figuras são exageradamente grandes para
destacar ainda mais as emoções por detrás dos seus gestos. Assim,
Eustache de Saint-Pierre, que está no centro do grupo, encontra-se
inclinado para a frente com as mãos caídas. Jean d'Aire anda de
forma confiante com a sua cabeça erguida e leva nas mãos uma
chave. Andrieu d'Andres leva as mãos à cabeça, em desespero.
Jean de Fiennes, o mais novo, caminha com os braços abertos,
tendo ao seu lado Pierre Wissant com a mão direita levantada e o
indicador apontado para si mesmo como quem diz “Porquê eu?”
Por fim, Jacques Wissant protesta com a mão levantada.
A cena passa-se ao ar livre, uma característica comum para a
maior parte das restantes obras de Rodin e comum no
Impressionismo, tal como a retratação de cenas de movimento. A
escultura tem um tema histórico dando enfase ao valor emotivo,
devido à expressividade demonstrada pelas figuras.

O desespero de Andrieu
d’Andres representado por
August Rodin
O material escolhido para esta obra foi o bronze, e Rodin decidiu
apresentar as personagens sobre um apoio para que fossem vistas
como deuses, porém este apoio tornou a vista das personagens
mais difícil do que ele planeara, por isso, fez uma versão da
estátua sem o apoio, a estátua também foi polida para que ficasse
com o seu efeito reluzente e para que fossem destacados todos os
seus detalhes.
Várias cópias da estátua foram espalhadas pelo mundo, a
original tendo sido exposta no porto de Calais e a segunda versão
no Musee Rodin em França. Foram também feitas pelo autor
outras versões da estátua para que pudessem ser expostas em mais
locais como por exemplo a cópia em gesso que se encontra em
exposição no Victoria Tower Garden em Londres.

O produto final de Os Burgueses de


Calais, exposto no Porto de Calais
Conclusão, Os burgueses de Calais é uma obra de extrema
complexidade emocional e prática devido a todo o detalhe que
nela foi posto por Rodin, e que o mesmo, apesar do demorado
reconhecimento, merece de facto, o seu título como progenitor da
escultura moderna.

Outra perspetiva
é visível toda a e
expressada
Bibliografia:
https://www.ebiografia.com/auguste_ro
https://pt.m.wikipedia.org/din/wiki/Auguste_Rodin
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Os_Burgueses_de_Calais
https://www.khanacademy.org/humanities/ap-art-history/later-
europe-and-americas/modernity-ap/a/rodin-the-burghers-of-calais
http://obaudahistoria.blogspot.com/2015/08/os-burgueses-de-
calais.html?m=1
https://www.nortonsimon.org/art/detail/M.1968.04.S
https://ru.m.wikipedia.org/wiki/Роден,_Огюст
https://es.m.wikipedia.org/wiki/Los_burgueses_de_Calais
https://www.royalparks.org.uk/parks/victoria-tower-gardens/
things-to-see-and-do/burghers-of-calais
http://www.musee-rodin.fr/en/collections/sculptures/monument-
burghers-calais
https://www.metmuseum.org/art/collection/search/207812

PIJOAN, J. – História da Arte volume 8. Lisboa: Alfa, 1987

Manual, História da Cultura das Artes 11

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