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Transporte de Valores
Autora: Profa. Simone Quedas Moreno
Colaboradores: Prof. Fabio Ricardo Brandão dos Santos
Profa. Christiane Mazur Doi
Prof. José Carlos Morilla
Prof. Mauro Kiehn
Professora conteudista: Simone Quedas Moreno
Graduada em Zootecnia pela Unesp (1994), com especialização em Licenciatura do Ensino Profissionalizante pela
Unimes (1998). Possui mestrado em Engenharia da Produção pela UNIP (2005).
Após alguns anos de carreira, aperfeiçoou-se em Gestão e Negócios, fazendo uma segunda graduação de Ensino
Superior Tecnológico em Logística, pela Universidade de Santo Amaro (2012). Atualmente é coordenadora dos cursos
superiores tecnológicos e de pós-graduação da UNIP na Baixada Santista, além de possuir uma empresa de treinamento,
assessoria e desenvolvimento de software.
CDU 658.5
U512.85 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Unip Interativa
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Kleber Souza
Vitor Andrade
Sumário
Gerenciamento e Transporte de Valores
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 TRANSPORTE DE CARGAS................................................................................................................................9
1.1 Evolução do transporte na humanidade........................................................................................9
1.2 Gerenciamento de transporte na era da globalização........................................................... 12
1.2.1 Eficiência, eficácia e geração de lucro em uma empresa de transporte de valores...............15
1.2.2 Custos da criminalidade........................................................................................................................ 16
2 VANTAGEM COMPETITIVA ATRAVÉS DOS TRANSPORTES................................................................ 18
2.1 Transporte de cargas e de valores.................................................................................................. 21
2.2 Transporte de valores........................................................................................................................... 29
3 PLANEJAMENTO DO NEGÓCIO.................................................................................................................... 35
3.1 Planejamento estratégico das operações.................................................................................... 41
3.1.1 Análise de risco nas operações de transporte de valor............................................................ 41
3.1.2 Prevenção ao risco.................................................................................................................................. 43
3.2 O papel do gestor de transporte..................................................................................................... 44
3.3 Segurança (ou falta de) no transporte de valores e de cargas de valor......................... 46
3.4 Características dos bens transportados....................................................................................... 49
3.5 Roteiros, movimentação de cargas e administração de frota............................................ 50
4 ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO DE VALORES.................................................................................. 53
4.1 Armazenagem de carga em geral e de valores numerários................................................. 53
4.1.1 Armazenagem no fornecedor com remessa direta.................................................................... 54
4.1.2 Armazenagem em fornecedor com remessa direta e consolidação de carga
em trânsito............................................................................................................................................................ 57
4.1.3 Armazenagem no distribuidor próprio com remessa indireta por
encomenda expressa......................................................................................................................................... 59
4.1.4 Armazenagem na transportadora com remessa indireta e entrega expressa.......................61
4.1.5 Armazenagem no distribuidor com remessa indireta pura.................................................... 64
4.2 Operação e acondicionamento do produto............................................................................... 68
Unidade II
5 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO........................................................................................................................ 74
5.1 Sistemas e tecnologias da informação nos transportes........................................................ 74
5.1.1 Roteirizadores........................................................................................................................................... 80
5.1.2 A troca de informação em uma cadeia de suprimentos......................................................... 82
5.1.3 Tipos de softwares usados no gerenciamento de transportes.............................................. 83
5.2 Sistema de roteirização de frotas e cobrança de fretes........................................................ 85
6 GERENCIAMENTO DE RISCOS NOS TRANSPORTES............................................................................. 93
6.1 Gerenciamento de riscos da entrega da encomenda............................................................. 93
6.2 Graus de risco......................................................................................................................................... 97
6.3 Riscos e sua classificação................................................................................................................... 97
6.3.1 Riscos operacionais................................................................................................................................. 98
6.4 Aplicação do Sistema de Gerenciamento de Risco (SGR)...................................................101
6.5 Risco, segurança e tipo de operação...........................................................................................106
6.5.1 Ações frente ao risco.............................................................................................................................111
7 SEGURANÇA CORPORATIVA......................................................................................................................113
7.1 Segurança corporativa no transporte de valores...................................................................113
7.2 Segurança da Gestão das Áreas e Instalações (SGAI)...........................................................114
7.2.1 Escolha do local das instalações da empresa............................................................................. 115
8 SEGURANÇA CORPORATIVA NO TRANSPORTE..................................................................................121
8.1 Segurança de gestão de pessoas..................................................................................................122
8.1.1 Seleção de pessoal nas empresas de transporte de valores................................................ 124
8.2 Segurança dos sistemas de informação.....................................................................................127
8.3 Segurança nas telecomunicações................................................................................................130
8.4 Segurança nas instalações...............................................................................................................132
8.5 Segurança de rotas.............................................................................................................................136
8.6 Segurança das empresas com segurança corporativa.........................................................137
8.7 Serviço de escolta para cargas e veículos especiais..............................................................141
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto trata do transporte de valores, no qual se discutem aspectos básicos dessa atividade
e se mostra sua importância operacional, tática e estratégica para o cotidiano das pessoas.
Nosso principal objetivo é introduzir os conceitos básicos que norteiam a atividade de gestor
profissional da área. A proposta é apresentar os tipos de veículos adequados ao transporte de valores,
o sistema de gerenciamento de transporte, bem como a legislação relativa à operação do segmento.
Nosso intuito é despertar no aluno o interesse em se aprofundar no estudo desse assunto.
O presente material exibe os tipos de transporte de valores, os cuidados relacionados a essa operação,
os sistemas de roteirização e de rastreamento existentes, as tecnologias envolvidas, os riscos pertinentes
à atividade e o seu gerenciamento, as principais áreas existentes em uma empresa transportadora de
valores, a importância da capacitação e do treinamento do pessoal envolvido e a legislação pertinente
ao campo de segurança privada.
Espera-se, assim, que o aluno vivencie o cotidiano de um gestor de transporte de valores. Essa gestão
é uma atividade que exige disciplina, capacitação periódica e, acima de tudo, acompanhamento dos
procedimentos utilizados, que variam de acordo com a natureza da carga transportada, o valor dela e a
rota utilizada.
As unidades são desenvolvidas para atender aos objetivos da disciplina. É feita uma síntese sobre a
história dos transportes de carga de valor e são apresentados os conceitos, a legislação e os instrumentos
de planejamento do negócio e da operação de transporte.
O que se pode ressaltar é que o gerenciamento e o transporte de valores devem ser eficientes
e eficazes.
INTRODUÇÃO
Esta introdução pretende dar ao leitor uma visão ampla dos assuntos aqui abordados. É conveniente,
antes de tudo, fazermos uma observação quanto ao uso dos termos “valores”, “carga de valores” e
“carga de alto valor”, que são muito presentes nesse campo de atuação. O uso incorreto deles provoca
incompreensão dos fatos, causando confusões. Por isso, é dada ênfase nas formas e nos costumes do
emprego deles.
Utilizamos “valores” para fazer referência a bens, haveres e riquezas. “Carga de valores” é um termo
relativo às cargas de numerários em moedas. Finalmente, usamos “carga de alto valor” para fazermos
alusão às cargas de grande valor para o mercado consumidor comercial. Essas cargas podem ser
transportadas tanto em carro-forte quanto em outro tipo de transporte.
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Reforçamos que, quando for feita referência às cargas de alto valor, os bens transportados são de
grande interesse para o mercado consumidor, e isso indica que o transporte exige mais cuidados do que
aqueles normalmente usados para o transporte de mercadorias comuns, pois se trata de cargas visadas
para roubos ou furtos.
No quesito segurança, há dois aspectos a serem observados: a segurança do ponto de vista da carga
e a segurança do ponto de vista das pessoas. Por isso, a segurança corporativa, na área da segurança
patrimonial, é algo a ser bem trabalhado, a fim de que os colaboradores permaneçam seguros e protegidos
das adversidades oriundas de riscos previstos.
Assim, para que o estudante tenha acesso a esses assuntos, o presente livro-texto foi estruturado
em duas unidades.
Bom estudo!
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Unidade I
1 TRANSPORTE DE CARGAS
A história dos transportes é antiga, podemos dizer que ela iniciou-se nos primórdios da humanidade,
quando todos os pesos (mercadorias) eram transportados pelo homem. Nessa época, a capacidade de
transporte estava vinculada, de modo preponderante, à sua força física. Isso restringia o comércio
às trocas de pequenas quantidades de mercadorias, que eram feitas em locais próximos às regiões
de obtenção.
As cargas comuns somente começaram a ser transportadas a longas distâncias com a evolução dos
meios de transporte, a partir de 1760, quando ocorreu a Primeira Revolução Industrial.
O transporte de valores começou a ser diferente das cargas comuns com a corrida do ouro na
América, em meados do século XIX.
Observação
Saiba mais
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Unidade I
Durante a corrida pelo ouro, a procura por proteção no transporte de lingotes e de pepitas de ouro
fez com que Henry Wells e William G. Fargo, em 1852, se reunissem para realizar tal tipo de transporte,
fundando a Wells Fargo & Company, primeira transportadora de valores americana que, além de prover
um meio de transporte seguro, oferecia um local para a guarda deles.
Com o passar do tempo, o local para a guarda de valores passou a se chamar banco.
De acordo com Anderson (1981), em seus relatos sobre a história do carro-forte, o veículo utilizado
para o transporte de valores em 1850 era uma carroça. Os numerários ou as cargas de alto valor eram
levados em caixas com cadeados, no formato de cofres, sendo que nem todo transporte tinha uma
salvaguarda para proteger os valores. A figura a seguir mostra como era feito o procedimento na época.
Na figura 1, podemos ver uma charrete, que era o veículo de transporte para o responsável levar os
valores. Podemos observar que o “cofre” com os valores está sendo carregado pelo responsável.
Ainda para Anderson (1981), Henry Wells e William G. Fargo perceberam que era necessário um
serviço de proteção ao transporte de valores e, por isso, decidiram investir na contratação de pessoas
habilitadas para lidar com as contingências durante o trajeto. Na época, esse serviço era chamado
de salvaguarda.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Anderson (1981) cita que a empresa Wells & Fargo enfrentou competição em diversos campos, mas
que foi precursora no desenvolvimento dos transportes de valores. Sua grande concorrente era a Brink’s
City Express, fundada em 1850, na cidade de Chicago, que iniciou suas atividades como transportadora
de carga em geral.
Desde então, o serviço de transporte de valores difunde-se por todo o território dos Estados Unidos,
e novos veículos são desenvolvidos para atender à demanda e às novas necessidades de transporte.
A figura 3 mostra um carro-forte de 1923, usado pela Brink’s City Express.
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Unidade I
Comparando as duas últimas figuras, observa-se o grau de evolução nos veículos de transporte de
valores, o que demonstra claramente como os prestadores de serviços desejavam aperfeiçoar as práticas
ao produzir carrocerias diferenciadas. A substituição da madeira por aço possibilitou a construção
de carrocerias maiores e mais seguras. Com isso, houve diminuição de perdas e avarias e aumento
da segurança.
Observação
Conforme Sugawara (2016, p. 8), “cofres de carga são caixas com fechos
para acondicionamento de carga geral, perigosa ou não, com a finalidade
de segregar durante o transporte produtos incompatíveis”.
Saiba mais
Castro (2003) explica que, até o final da Segunda Guerra Mundial, o gerenciamento dos transportes
esteve associado apenas às atividades militares e às operações de guerra. Após o referido período, o
avanço tecnológico e a necessidade de suprir os locais destruídos pelas guerras, que eram de difícil
acesso e estavam privados de suprimentos, auxiliaram nas melhorias das estratégias operacionais.
Observação
12
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Saiba mais
Bertaglia (2009) afirma que os meios de transporte e as atividades a eles associadas têm efeitos
na infraestrutura e no desenvolvimento da economia de uma região. O fator gerador de lucro é
a eficiência do sistema produtivo, que está associada à eficiência logística de distribuição e de
armazenagem de mercadorias.
Levando em consideração que o transporte aproxima os centros produtores dos centros consumidores,
ele é parte importante no desenvolvimento das empresas de um país, na evolução econômica e na
expansão de mercados.
Observação
Além dos transportes, conforme já citado, aproximarem os centros produtores dos centros
consumidores, eles integram regiões produtivas dos mais variados tipos de mercadorias e valores,
proporcionando melhor escoamento da produção e acesso superior aos bens oriundos de locais distantes.
Para Marques (1996), a importância dos transportes como função social pode ser observada em
diversos momentos. Isso pode ser verificado quando estudamos, por exemplo, o período 1980-1994,
caracterizado pela redução do sistema ferroviário no Brasil. Nessa época, muitas cidades que antes eram
economicamente ativas tiveram o seu desenvolvimento econômico estagnado devido à dificuldade de
13
Unidade I
mobilidade das pessoas, uma vez que as empresas que compraram as linhas férreas não tinham interesse
em transportar passageiros, pois elas eram de transporte de carga.
É importante ressaltar que, no Brasil, o modal mais utilizado para o transporte de cargas é o rodoviário
e que, nele, deve-se estar atento à rota que será percorrida nas entregas em virtude da precariedade na
conservação da malha rodoviária. Isso mostra que a prevenção de riscos é uma vantagem competitiva.
Observação
As condições de risco associadas à logística podem ser monitoradas pela resposta a algumas questões
expostas a seguir.
• Quais são os pontos de abastecimento e quanto tempo leva para a execução do serviço?
Conhecer as respostas a essas indagações é de importância vital para o sucesso dos negócios de
transporte, principalmente para o transporte de valores, pois se trata de uma operação que envolve
grandes riscos, independentemente da quantia a ser transportada e do cliente que contratou o serviço.
14
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Atualmente, existem empresas especializadas nos mais variados tipos de transportes de mercadorias.
As empresas de transporte de valores pertencem a uma categoria de corporações que permite programar
práticas de gerenciamento de frete e de frota com tecnologias de ponta.
Deve-se levar em conta, entretanto, que os serviços oferecidos precisam estar de acordo com as
necessidades do cliente e as metas de obtenção de lucro da empresa transportadora. À medida que
o ponto de equilíbrio em custos e benefícios sofre alterações, a posição da instituição também o faz.
Vejamos, por exemplo, as situações a seguir.
De acordo com a figura a seguir, a eficácia de uma empresa está atrelada ao seu lucro e ao seu
valor de mercado.
Valor da empresa
Segundo Ludovico (2013), se a empresa que atua em um mercado competitivo não identificar
claramente as necessidades básicas de sua operação, não tiver como objetivo prioritário a eliminação
das dificuldades para que uma mercadoria possa ser entregue no destino e não implantar estratégias
que somente o gerenciamento pode oferecer, estará oferecendo um serviço comum, sem valor agregado
para o cliente.
Observação
15
Unidade I
As estratégias, os planos, as metas e as ações que a empresa implementa devem objetivar, em última
instância, a otimização do lucro (CATELLI; GUERREIRO, 1993). Logo, pode-se dizer que o lucro é a melhor
e a mais consistente medida da eficácia da organização (PADOVEZ; BERTOLUCCI, 2013). Portanto, para
que uma companhia se torne eficaz, observar a relação entre os custos e os lucros é a melhor estratégia.
Observação
Essa informação é confirmada nos relatórios anuais da Febraban (2017), nos quais estão publicados
os dados do setor bancário de 2015, que são comentados por Nascimento et al. (2018, p. 3), que
citam o seguinte:
Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP (2017), foram registrados
1.750 roubos a instituições financeiras no ano de 2015, um acréscimo de 9,92% em relação ao ano
anterior, o que mostra a necessidade de investimentos crescentes em segurança privada.
Diante desses dados, observa-se que a contratação de uma empresa prestadora de serviços em
segurança patrimonial justifica-se não apenas pela análise de seu resultado global, mas pelo estudo de
sua composição.
É pertinente para a sociedade conhecer quais são as principais formas de perda econômica que a
violência lhe impõe.
Cabe ressaltar que os gastos públicos e privados destinados à provisão da segurança estão associados
ao nível de criminalidade de uma sociedade (RONDON; ANDRADE, 2003 apud NASCIMENTO et al., 2018).
Esses custos podem ser agrupados em duas grandes categorias, mostradas a seguir.
16
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• Custos exógenos: gastos feitos diretamente por governantes, famílias e empresas. Trata-se das
despesas com segurança pública, segurança privada, equipamentos e seguros etc.
Para Nascimento et al. (2018), os custos da violência podem ser classificados em:
• Preventivos e curativos.
• Diretos e indiretos.
• Tangíveis e intangíveis.
• Econômicos e financeiros.
Os custos com segurança privada e transporte de valores podem ser entendidos como provenientes
da contratação de prestadores de serviços privados de segurança e, também, oriundos da aquisição de
materiais e equipamentos utilizados para a garantia da segurança e do bem-estar individual e coletivo.
Após perceber quais procedimentos apresentam maior grau de impacto e risco, algumas decisões
estratégicas têm de ser tomadas pelo gestor (CAETANO; SAMPAIO, 2016). Elas envolvem:
• comunicar às instâncias decisórias da organização para aprovação das ações a serem tomadas.
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Unidade I
Para os processos de maior grau de impacto e risco aos negócios da empresa, as estratégias mais
apropriadas dependem de uma série de fatores, como:
Em cada caso, o gestor deve evitar programar uma solução de continuidade que possa ser afetada
pelo mesmo incidente que causou a interrupção no procedimento anterior do negócio.
Segundo o Council of Logistics Management – CLM (2000) apud Chopra e Meindl (2011), das muitas
mudanças que ocorreram no pensamento gerencial nos últimos 20 anos, talvez a mais significativa tenha
sido a ênfase dada à procura de estratégias que proporcionassem um valor superior aos olhos do cliente.
De acordo com Padoveze e Bertolucci (2013), a vantagem competitiva deriva das muitas atividades
discretas que uma organização desempenha projetando, produzindo, comercializando, entregando e
apoiando seu produto. Cada uma dessas práticas pode contribuir para a posição de custo relativo baixo
da instituição e para criar a base para a diferenciação. A vantagem competitiva surge da maneira como
as empresas desempenham as atividades discretas dentro da cadeia de valor.
A importância estratégica da gestão empresarial não permite que um bom serviço se venda somente
por si nem que o sucesso de hoje seja a garantia para que ele ocorra amanhã. A qualidade na prestação
de serviço, que no passado constituía um instrumento de competitividade, atualmente é um pressuposto
assumido e exigido e deve ser mantida a cada serviço, com a melhoria em sua execução.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Pode-se citar a vantagem de custo como fonte de diferencial competitivo duradouro; ela pode
ser obtida por meio da administração estratégica, que permite a racionalização e a otimização dos
custos operacionais e administrativos, o aumento de produtividade por diversos meios e a elevação da
economia em escala, que leva à diluição dos custos fixos.
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Comprei uma câmera digital em uma loja virtual da China. De acordo com a previsão de entrega,
ela chegaria a tempo de ser utilizada em uma conferência virtual. Próximo à data da conferência, fui
verificar a entrega e o prazo para recebimento e não obtive resposta, pois a rastreabilidade da carga
sinalizava que ela estava em trânsito.
A conferência ocorreu e tive que comprar uma câmera digital às pressas. Após 15 dias da realização
da conferência, a câmera da China chegou e tive que pagar os custos de alfândega, os quais não
estavam previstos no ato da compra.
Liguei para a empresa e reclamei, dizendo que iria devolver o produto e queria meu reembolso.
A atendente alegou que houve imprevistos com a carga e, por isso, ocorreu o atraso na entrega.
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Unidade I
Conclusão
Houve a devolução, o reembolso e a perda para o cliente. Isso ocorreu pela ausência de comunicação
entre a empresa e o cliente. Caso alguém da companhia tivesse ligado e comunicado o evento, o cliente
poderia ter cancelado a compra da câmera, trocado por outra mercadoria e mantido a confiança na
instituição. Agora, ele não confia nessa loja.
Reflita a respeito!
Essas atitudes constituem um diferencial competitivo, que pode ser obtido por meio do gerenciamento
da entrega da mercadoria e da otimização da estrutura física, administrativa e operacional da empresa.
Pode-se afirmar que o gerenciamento de transporte de carga tem grande potencial para auxiliar a
organização a alcançar tanto a vantagem em custo e produtividade quanto em valor.
Mandarini (2005) diz que a segurança no transporte está intimamente relacionada ao suporte
estratégico utilizado antes da operação. Esse planejamento consiste no planejamento e no controle
de todas as etapas e na escolha da forma de transmissão das mensagens (transmissões feitas com
equipamentos especiais e aquelas que são criptografadas ou por fio permitem maior controle e
prevenção de interceptações).
As formas eficazes de transmissão das mensagens podem conferir níveis excepcionais de segurança
na fase de transporte, em especial quando aliadas a medidas de controle, como as sugeridas a seguir.
20
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Quando nos referimos à definição de transportador, recorremos à descrição feita pela Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) (2016), que explica que o termo inclui tanto os transportadores
comerciais quanto os transportadores de carga própria. A partir daí, pode-se concluir que, no universo
de distribuição de bens e mercadorias, o que não é comércio é transporte.
O transporte de carga de valor tem regulamentação específica, que segue normativas descritas em
resoluções da ANTT.
É importante ressaltar que carregar um veículo e transitar em uma via pública é caracterizado
como uma atividade de transporte. Quando se trata de um veículo utilizado na atividade de
transporte em vias públicas, com qualquer mercadoria, o art. 6º da Resolução n. 5.832 (2016), atualizado
pela ANTT 5.849 (2019b), preceitua o que segue:
O transporte de carga configura-se como um serviço fundamental, que contribui para todos os
demais setores da economia. Sem ele, produtos não chegariam aos consumidores finais, as indústrias
não produziriam e os fornecedores não entregariam.
Almeida (2020) disponibiliza um manual sobre o serviço de transporte de pequenas cargas e fretes.
Esse serviço é realizado por meio de veículos de pequeno porte, como motos, utilitários e pequenos
caminhões. Geralmente, eles movimentam cargas fracionadas dos mais diversos tipos de mercadorias,
sejam elas perecíveis ou de outros tipos, como dinheiro em espécie ou documentos.
21
Unidade I
Saiba mais
Conforme Almeida (2020), no contexto de cargas urbanas, os principais diferenciais são a rapidez da
entrega e a segurança do transporte. Isso, muitas vezes, corresponde a características de empresas que
fazem o transporte conhecido como entrega expressa.
Entrega expressa refere-se à prestação de serviço realizada por empresas que movimentam cargas
fracionadas, ou seja, mercadorias divididas em pequenas partes. Tais instituições diferenciam-se das
outras do setor em decorrência do baixo volume transportado, das variadas distâncias percorridas e da
rapidez na operação.
Exemplo de aplicação
Imagine que a Rede Magazine necessite retirar uma grande quantia de numerários de uma agência
bancária e realizar a distribuição deles em trocos para seis filiais no centro de São Paulo. Sabe-se que
o estacionamento no local é complicado, o trânsito é intenso e o cliente precisa de um transporte ágil
para as cargas de valores.
Análise da situação
A empresa D’Ouro tem o moto express, que pode auxiliar na distribuição dos numerários fracionados,
além de prestar o serviço de recolhimento dos valores totais, na agência bancária, com o carro-forte.
22
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
O exemplo anterior mostra que a empresa de transporte de valores deve disponibilizar diversos
modelos de meios de transportes, adequando-se às cargas e necessidades do cliente.
A atividade econômica do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), que é realizado em vias públicas,
no território nacional, por conta de terceiros e mediante remuneração, exercido por pessoa física ou
jurídica em regime de livre concorrência, conforme estabelecido na Lei n. 11.442 (BRASIL, 2007), depende
de prévia inscrição no RNTRC (Registro Nacional de Transporte de Carga).
Para se tornar uma transportadora de carga, de acordo com a Lei n. 11.442, de 2007, a empresa
precisa obter o RNTC e dispor de motoristas profissionais em seu quadro de funcionários, conforme
indica a Lei n. 13.103 (BRASIL, 2015a).
Observação
A tabela 1 mostra a evolução do número de registros nas três categorias entre 2010 e 2019.
23
Unidade I
Saiba mais
Quando se analisa o histórico de registro da RNTC na tabela anterior, percebe-se que, entre 2010
e 2019, houve declínio nos números de registros nas três categorias. Ocorreu decréscimo de 49% no
número de TAC, redução de 25% em ETC e diminuição de 53% nos registros de CTC.
Conclui-se, daí, que os profissionais autônomos migraram para as empresas ou cooperativas. Veja a
tabela 2 a seguir.
24
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Saiba mais
Observação
Saiba mais
25
Unidade I
Observação
De acordo com dados da tabela 2, existiam no país, em 2019, por volta de 1.950.000 veículos
transportadores de carga registrados, dos quais 63% eram veículos que pertenciam às ETC, 36% eram de
TAC e apenas 1% constituía o conjunto de veículos de CTC.
A figura 5 é um gráfico que mostra a participação percentual dos veículos registrados na ANTT.
CTC
26.265
1%
TAC
704.053
36%
ETC
1.212.898
63%
Observa-se hoje no Brasil a oferta de serviços com pouca diferenciação e distribuída por um grande
número de empresas de micro e de pequeno porte, o que resulta em um mercado desconcentrado.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
O transporte de cargas de pequenos volumes é feito em utilitários comuns, com capacidade de carga
inferior a 1,49 T, em reboques com até 3,4 T de capacidade ou em caminhões leves com capacidade entre
3,5 T e 7,9 T. As empresas de transporte que operam nesse mercado possuem como clientes principais as
pessoas físicas e jurídicas que desejam fazer mudanças residenciais ou comerciais e transportes de bens
e de valores monetários.
As pessoas jurídicas desse universo normalmente incluem empresas do setor varejista, distribuidores,
indústrias de autopeças, confecções, distribuidores de pneus, indústria farmacêutica e de cosméticos,
lojas de materiais de construção, bancos monetários, companhias que operam caixas eletrônicos e
agências financeiras, entre outros. Esses tipos de instituição frequentemente não têm veículos próprios
para a operação de transporte e necessitam fazer entregas localizadas com rapidez e segurança.
O mercado de transporte de carga é caracterizado por apresentar baixa barreira de entrada para
novas empresas. Basicamente, exige-se do prestador de serviços um veículo adequado, os registros
necessários e a carteira de habilitação específica para o tipo de veículo e carga.
É importante salientar que, qualquer que seja a modalidade de registro – TAC, ETC ou CTC, a idade
média da frota não deve ultrapassar 10 anos. A razão para isso é que, a partir desse tempo de uso, há
aumento nos problemas mecânicos dos veículos e elevação no valor do seguro veicular. O objetivo é
evitar que tal patrimônio se torne economicamente inviável.
Lembrete
Na tabela 3 encontramos a idade média dos veículos registrados até abril de 2020.
27
Unidade I
Observando a tabela anterior, podemos verificar que a idade média dos veículos dos prestadores
autônomos é muito maior do que aquela dos automóveis das empresas e cooperativas. Talvez, as baixas
rentabilidades de operação e os elevados valores dos veículos justifiquem a redução do número de
registros ao longo dos anos e o fato de a idade média de autos ser tão alta.
Com relação à frota dos veículos utilizados em operações de apoio (escolta), segundo o Instituto
Modal (2019), a idade média fica em torno de 23 anos. Trata-se de um fator preocupante, pois ele se refere
aos profissionais que acompanham a carga para proporcionar a segurança na operação de transporte.
A idade da frota de veículos furgão (1,5 T a 3,49 T), que são os mais utilizados no transporte de cargas
de valores, é, em média, 6,2 anos nas empresas transportadoras. Esse fato decorre da preocupação das
empresas de que os veículos estejam em bom estado, o que evita transtornos no transporte da carga.
Para a análise de uma frota, é necessário avaliar as seguintes cinco características essenciais:
28
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Somente após analisar esses pontos é que se deve levar em consideração a idade da frota.
Todo estabelecimento deve seguir um plano de segurança definido no item IV do art. 2º, que precisa
conter a documentação das informações que detalham os elementos e as condições de segurança dos
estabelecimentos referidos no capítulo V.
O curso exigido para formação dos profissionais de apoio é o Curso de Formação de Vigilante (CFV).
Para os profissionais em exercício da atividade de transporte de valores, solicita-se o Curso de Extensão
em Transporte de Valores (CTV), que tem o objetivo de dotar o aluno de conhecimentos, técnicas,
habilidades e atitudes que o capacitem para o exercício da prática de transporte de valores, adotando
medidas preventivas e repressivas, antecedendo possíveis ataques ao transporte e à carga. O CTV somente
pode ser realizado após a formação no CFV.
Observação
30
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Ainda de acordo com o art. 49, a autorização e o funcionamento das empresas de transporte de
valores devem respeitar as determinações indicadas a seguir:
O transporte de valores, como já visto, é caracterizado pelo tipo de carga a ser transportada, sendo
enquadrado como transporte específico. Com relação às condições dos veículos usados e à forma de
movimentação das cargas, existe regulamentação própria, conforme se vê a seguir.
Ou seja, dependendo do valor e da carga transportada, as empresas podem utilizar veículos comuns
ou veículos especiais adaptados ao transporte de valores (VETV). Isso está regulamento no art. 51,
reproduzido a seguir.
§ 1º Nos casos em que o numerário a ser transportado for maior que 7.000
(sete mil) e inferior a 20.000 (vinte mil) UFIR, poderá ser utilizado veículo
comum, de posse ou propriedade das empresas de transporte de valores,
sempre com a presença de, no mínimo, dois vigilantes especialmente
habilitados (BRASIL, 2012).
31
Unidade I
32
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Saiba mais
• Tem de ser totalmente blindado e passar por testes de manutenção e de segurança em períodos
determinados, em órgãos públicos, de acordo com a portaria vigente.
Saiba mais
A construção dos VETV, de acordo com a Portaria n. 3.233, não garante que o veículo esteja apto
a ser usado no transporte de valores. O veículo deve ser vistoriado regularmente a fim de que seja
verificado se ele está em condições de atender às necessidades de segurança dos ocupantes e da carga.
33
Unidade I
Os VETV não podem ser usados em atividades que não as de transporte de valores. Além disso, eles
somente devem ser adquiridos por empresas cujas práticas estão ligadas à segurança privada.
Da mesma forma que os VETV, as empresas de transporte de valores não podem desenvolver
atividades econômicas distintas daquelas para as quais estão autorizadas.
Saiba mais
34
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Lembrete
A empresa que realiza o transporte de valores pode ser a mesma que abastece os caixas eletrônicos,
sendo a segunda uma das atividades da vigilância privada na qual há mais riscos em função da violência
nos casos de tentativas de roubo ou assalto. Por esse motivo, os profissionais da área têm que estar
treinados e capacitados.
3 PLANEJAMENTO DO NEGÓCIO
Cabe aos administradores de uma empresa a função de elaborar toda a estrutura organizacional e
mostrar como será o funcionamento dela, bem como organizar e alocar o trabalho. Nessa estrutura,
um gerente pode delegar autoridade e compartilhar responsabilidades desde que isso tenha sido
planejado previamente.
Observação
A administração da empresa tem como tarefa fazer com que a companhia atinja seus objetivos
com maior eficiência. Uma das formas de fazê-lo é por meio do uso do ciclo PODC (Planejamento,
Organização, Direção e Controle), que foi proposto por Henri Fayol, no final da década de 1910. Nele, as
quatro funções administrativas básicas são: planejar, organizar, comandar/coordenar e controlar (FAYOL,
1978 apud BERTAGLIA, 2009).
35
Unidade I
Planejar Organizar
Controlar Dirigir
Observação
O ciclo PODC, também conhecido como ciclo das funções do administrador, inicia com o planejamento,
em que são definidas as metas e as estratégias da organização e são elaborados os planos de integração
das atividades.
Na etapa da organização, são determinadas as formas com que devem ser realizadas as
tarefas planejadas.
O ato de dirigir e/ou coordenar as pessoas para o alcance dos objetivos organizacionais é realizado
para verificar se são necessárias correções de eventuais desvios.
Em seguida, temos o controle, etapa de monitoramento de tudo que está sendo feito para verificar
se os objetivos foram alcançados com sucesso ou se são necessários ajustes.
36
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Saiba mais
O administrador tem de ser eficiente e eficaz nas suas atitudes e nos seus procedimentos, buscando
sempre capacitar seus colaboradores de forma que as operações sejam executadas corretamente, a fim
de atingir os objetivos propostos.
Um ponto importante é saber diferenciar eficiência de eficácia. Para Toncovitch (2020), a eficiência
consiste basicamente em fazer algo utilizando a menor quantidade de recursos possível, já a eficácia
está ligada a alcançar os objetivos sem poupar recursos.
Eficiência Eficácia
Ênfase nos meios Ênfase nos resultados
Realização de tarefas Atingimento dos objetivos
Solução de problemas Acerto na solução proposta
Treinamento Operações corretas
Observação
37
Unidade I
A busca constante por eficiência e eficácia em cada atividade executada é sempre necessária.
Devemos lembrar que as tarefas executadas precisam propiciar os resultados que foram planejados.
Chiavenato (2015) afirma que para planejar é necessário idealizar o desejado e tomar as decisões
adequadas que levem ao efeito esperado. Planejar é projetar no presente um futuro diferente do que
foi o passado.
Para planejar, é preciso entender como a consideração conjunta da situação atual e da visão do
futuro influenciam as decisões tomadas no presente, a fim de que se atinjam determinados objetivos
no futuro. Consequentemente, o processo de planejamento depende de uma visão adequada do futuro,
alinhado à realidade da organização.
Enfim, para planejar, é necessário o entendimento da situação em que a empresa se encontra, a fim
de que possam ser adotadas as medidas cabíveis para a obtenção dos resultados esperados no futuro.
A partir desse referencial, estabelece-se como e onde os esforços devem ser concentrados para que os
objetivos sejam alcançados.
• Estudo sucinto dos objetivos, dos métodos, das responsabilidades, dos recursos e dos meios
(recursos humanos e materiais, inclusive os orçamentos).
Ao final do planejamento estratégico, deve ser possível responder às indagações colocadas a seguir.
• Houve o planejamento das necessidades de capacidade futura da organização?
• Houve o planejamento dos equipamentos necessários para a capacidade atual e para a
capacidade futura?
• Houve o planejamento dos níveis de estoques de acordo com os tipos de produtos da empresa
tanto para a situação atual quanto para a futura?
• Houve o planejamento das atividades e dos procedimentos para diversos tipos de produtos e
prioridades tanto para a situação atual quanto para a futura?
• Houve a informação correta dos recursos, das pessoas, dos equipamentos, da capacidade da
instalação, dos materiais e de outros envolvidos, bem como as ordens de entrada e de saída
de todos os produtos?
• Houve o planejamento de como mensurar os menores tempos de execução de serviços de acordo
com cada cliente?
• Houve o planejamento da capacidade de resposta rápida a qualquer imprevisto na organização?
O planejamento estratégico faz parte do planejamento empresarial, sendo composto de:
• Planejamento estratégico.
• Planejamento tático.
• Planejamento operacional.
A figura 7 é um diagrama em que é possível observarmos a composição de um planejamento empresarial.
Planejamento empresarial
Plano de serviços
Plano de clientes agregado com diferencial
Planejamento operacional
39
Unidade I
Conforme a figura anterior, a partir do planejamento estratégico do negócio, devem ser desenvolvidos
o plano de desenvolvimento de novos serviços e o plano financeiro. Esses novos serviços visam agregar
valor ao cliente por meio do oferecimento de serviços diferenciados, que são detalhados no plano de
clientes e no plano de serviços com valor agregado. Tais atitudes permitem que a empresa possa ser
reconhecida como possuidora de um diferencial.
Todo o processo de coordenar, planejar e implementar segue um fluxo de informações e de materiais
que busca atender às necessidades dos clientes com o máximo de eficiência e eficácia.
A figura 8 é um diagrama que mostra a relação entre as necessidades dos clientes, o fluxo de
informações e de materiais e o processo de coordenar, planejar e implementar.
Processo de coordenar,
planejar e implementar
Fluxo
Fornecedor material Consumidor final
e de
informações
De acordo com as
Eficiente e eficaz necessidades dos
clientes
No caso da programação na prestação de serviço, assim como durante a operação de sua realização,
os resultados operacionais devem ser alinhados com os planos da organização. Para o gerenciamento
de transporte, destacam-se:
• a visão integrada e sistêmica de todos os processos da empresa;
• a consideração de toda a cadeia de suprimentos como parte importante do seu processo;
• o estabelecimento de constante avaliação de desempenho, por meio de indicadores, nos
planejamentos estratégico, tático e operacional;
• a utilização do sistema de informação para fornecimento de suporte às decisões;
• a colaboração entre fornecedores e consumidores, que precisa ser vista como item estratégico.
Diante dos pontos apresentados, observa-se que o planejamento tem que verificar os aspectos
internos da empresa (como calendários, recursos humanos e materiais), bem como as circunstâncias
externas inerentes à operação da corporação.
40
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
No caso dos transportes de valores, quando se deseja implementar modelos de gestão para um
planejamento de longo prazo, deve-se conhecer em detalhes os clientes, a execução do transporte
(se é próprio e/ou terceirizado) e como são feitos o recebimento, a movimentação interna e a
distribuição da carga.
A fase inicial do planejamento estratégico das operações é constituída pela análise prévia da situação
atual e da situação pretendida. Para isso, usamos ferramentas administrativas que possibilitam traçar
o caminho mais provável para se chegar a determinado resultado, como o diagrama de causa e efeito.
O diagrama de causa e efeito, criado na década de 1960 por Kaoru Ishikawa, procura abarcar todos
os aspectos que possam ter levado à ocorrência de um problema.
Mandarini (2005) sugere que o referido diagrama seja utilizado no planejamento estratégico das
operações, de forma que permita o estabelecimento das relações entre os efeitos dos eventos e todo
o espectro de suas causas prováveis. Essa ferramenta possibilita o agrupamento das causas em várias
categorias, o que facilita o processo de levantamento dos motivos. O diagrama de causa e efeito também
é conhecido como diagrama espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa.
Moura e Banzato (1998) sugerem a utilização do diagrama citado para minimizar o tempo de
operação, já Mandarini (2005) recomenda-o para a análise de riscos, enquanto Padoveze e Bertolucci
(2013) propõem seu emprego na seleção de recursos para determinada operação. Entretanto, a técnica
inicial do diagrama é efetuar a análise a partir de um dado evento.
A figura a seguir é um diagrama de causa e efeito usado na análise de risco de transporte de valores.
Diagrama de espinha de peixe
6 macrofatores de causas de riscos
Causas Efeito
Recursos
Meios técnicos Meios
humanos de
passivos operacionais
segurança
Perigo
41
Unidade I
A figura anterior mostra que, na análise de risco, o perigo é a consequência de falha em um dos seis
macrofatores: meios técnicos passivos, meios técnicos ativos, recursos humanos de segurança, meios
operacionais, ambiente externo e ambiente interno.
A seguir, são apresentados exemplos de falha nos macrofatores que podem originar situações
de risco.
• Meios técnicos passivos: locais sem a presença de meios que representem barreiras físicas, isto
é, trata-se dos recursos presentes no local 24 horas por dia, independentemente da presença do
homem. Como exemplo, temos a não existência de muros, salas, resistência de paredes, layout da
portaria, estruturas metálicas, concreto, vidros e ofendículos (lanças, arame farpado e vidros).
• Meios técnicos ativos: locais que não contêm meios eletrônicos de segurança que auxiliem o
homem no desenvolvimento da segurança. Como exemplos, temos a não existência de sistemas
eletrônicos, a ausência de controle de frota de transporte de valores (CFTV), a falta de controle de
acesso e a carência de sensoriamento, sistemas de rastreamento e centrais de segurança.
Somente após a análise dos efeitos oriundos de cada uma das causas possíveis em cada operação o
objetivo será alcançado, buscando minimizar os perigos e os riscos da atividade.
Observação
Exemplo de aplicação
Uma empresa de transporte de valores faz a retirada de mercadorias consideradas de alto valor e
precisa verificar a necessidade de uso de escolta armada. Como proceder para saber quais os profissionais
e os veículos que devem ser selecionados para a operação?
Resposta
Com o objetivo de saber quais os profissionais e os veículos que serão usados na operação, o gestor
de transporte reúne a equipe de gerenciamento e realiza um brainstorming para verificar os efeitos de
cada ação tomada. Assim, ele pode montar um diagrama de causa e efeito com base nas respostas
da equipe antes da tomada de decisão.
Quando se trata de transporte de valores em maletas de numerários ou de produtos com alto valor,
o mercado oferece alguns itens de segurança específicos para tal finalidade. Existem as maletas-cofre
transportáveis com dois ou mais compartimentos, que apresentam um sistema de segurança de trava
com segredo e permitem a instalação de algemas que prendem a carga a uma pessoa.
Há, também, a maleta-cofre, muito utilizada para o transporte de joias ou de relíquias de valor, que
dispõe de um sistema de segurança digital com identificação numérica ou digital.
43
Unidade I
Quanto maior a operação, maior o grau de risco. Assim, o planejamento da operação deve ser feito
com a análise minuciosa de todas as variáveis existentes. Bertaglia (2009) cita algumas dessas variáveis:
• quantidade de clientes;
• especificações diferenciadas dos produtos em termos de quantidade, volume, peso, valor, densidade
e formato;
O papel do gestor de transporte envolve o planejamento de toda a ação com antecedência à operação.
Ele deve conhecer as necessidades do cliente, as características da operação, as possíveis dificuldades, os
recursos necessários e os recursos disponíveis.
Para o planejamento de carga/descarga de valores em uma área urbana, por exemplo, há a necessidade
de se fazer, por exemplo, as seguintes indagações:
• Quais são os horários permitidos para a circulação dos veículos que farão o transporte?
44
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
As respostas a essas questões devem servir de base para o planejamento do transporte até o cliente,
é a partir delas que os profissionais escalados são preparados para a operação.
Assim, para verificar a possibilidade de transporte em um centro urbano, deve-se, por exemplo, observar:
Na cidade de São Paulo, por exemplo, existem restrições para a circulação de caminhões em locais
como o centro da cidade, grandes avenidas etc. Além disso, há um rodízio que impede a circulação de
veículos em função do algarismo final da placa de licenciamento.
Observação
A questão do transporte em áreas urbanas deve ser tratada pelo gestor de transportes como
uma situação de cunho estratégico, especialmente nos casos de carga de alto valor. Ela merece um
tratamento diferenciado e planejado dada a sua complexidade, pois perdas ou roubos devido a assaltos
ou a desvios de mercadorias tendem a aumentar em decorrência do crescimento do comércio eletrônico
e das compras feitas pela internet.
Lembrete
A NTC & Logística (2019) descreve que, apesar de apenas 5% do trânsito urbano ser de caminhões de
distribuição, muitas restrições são aplicadas para esse tipo de transporte, desconsiderando que a função
do modal rodoviário é realizar a entrega das mercadorias na modalidade porta a porta.
Lembrete
Os dados da tabela 4, divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo,
mostram a distribuição de ocorrências de roubo no primeiro semestre de 2020.
Total acumulado
Tipo de Jan. Fev. Mar. Abr. Maio até maio de
ocorrência 2020
A transeunte 26,70% 26,60% 21,10% 14,70% 16,00% 22,00%
De veículo 13,80% 12,80% 14,10% 13,90% 12,30% 13,40%
A estabelecimento comercial 4,60% 4,10% 4,70% 5,60% 4,80% 4,70%
Em interior de veículo 3,70% 3,30% 2,80% 2,70% 2,90% 3,10%
De carga 2,20% 2,00% 2,40% 2,50% 2,60% 2,30%
A residência 1,90% 1,60% 1,70% 2,20% 1,90% 1,80%
Coletivo 0,90% 0,90% 0,80% 0,70% 0,60% 0,80%
A estabelecimento - outros 0,30% 0,30% 0,30% 0,40% 0,30% 0,30%
A/Em estabelecimento bancário 0,30% 0,30% 0,30% 0,40% 0,50% 0,40%
Estabelecimento de ensino 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Joalheria 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Outros 45,60% 48,00% 51,70% 56,70% 58,00% 51,10%
Total 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
A tabela anterior mostra os dados relevantes de roubos de carga, roubos de veículos, roubos a
agências financeiras ou bancárias e roubos de interior de veículo.
46
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Saiba mais
Pelos dados da tabela 4, nota-se que os índices de roubos nos estabelecimentos bancários são
baixos perante os demais. Isso pode ser atribuído ao investimento feito em segurança patrimonial e ao
gerenciamento de riscos que esses locais realizam.
Ainda, segundo dados do CAP/SSP (2020), existe um aumento no índice de roubos em períodos
próximos a datas festivas.
Embora tenha ocorrido queda no roubo de cargas a partir de 2018, de acordo com pesquisa realizada
pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC & Logística (2019), o número de
roubos em 2019 foi de 18.382. A figura 10 apresenta o número de roubos de carga entre 2014 e 2019.
2019 18.400
2018 22.200
2017 25.950
2016 24.550
2015 19.250
2014 17.500
A figura prévia mostra que o número de roubos de carga vem diminuindo desde 2017. Esse fato, de
acordo com a NTC & Logística (2019), pode ser atribuído aos investimentos realizados em tecnologias
de rastreabilidade e em monitoramento de cargas.
A distribuição do número de roubos não é uniforme pelo país. A figura 11 exibe a divisão deles de
acordo com as regiões brasileiras.
47
Unidade I
Região Centro-Oeste
1,69%
Região Sudeste
84,26%
A concentração do montante de roubos de cargas do Brasil, de acordo com a figura anterior, está
na região Sudeste, com mais de 80% de ocorrências, sendo 39,85% das ocorrências registradas em
São Paulo e 40,56% no Rio de Janeiro.
Segundo Cerqueira (2020), os roubos de carga pelo país causaram um prejuízo de aproximadamente
R$ 1,4 bilhão à indústria no ano de 2019.
As cargas mais visadas em roubos são as de alto valor, como itens farmacêuticos, produtos
alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos, combustíveis, bebidas, autopeças, defensivos agrícolas e
produtos têxteis.
Observação
Em muitos casos, nas áreas urbanas, a maior incidência de roubo de carga ocorre no período
da manhã. O conhecimento desse dado permite o estabelecimento de ações que possam inibir as
tentativas de assalto.
Lembrete
Todo plano de transporte deve levar em consideração as características do bem a ser transportado.
Conhecer as propriedades desse bem, como, por exemplo, tamanho, valor, fragilidade e massa, é muito
importante para o estabelecimento do veículo de transporte, da forma de manuseio e dos atributos
de segurança.
Assim, para definir as condições de transporte, deve-se responder aos questionamentos mostrados
a seguir.
• Qual é o peso do carregamento e a forma da embalagem da carga? Cabe em bags, caixas, malas,
contêineres ou tambores?
49
Unidade I
Somente após responder a essas questões é que se deve planejar os procedimentos de transporte
da carga.
Existem três tópicos considerados essenciais para que essa atividade ocorra de forma eficiente e
eficaz (CAIXETA FILHO; GAMEIRO, 2001):
• Ter um processo de distribuição física das áreas urbanas que compreenda as várias formas de
como esse processo pode ser realizado desde o ponto de origem até o ponto de destino.
• Conhecer os participantes do processo: quem fará o carregamento, quem fará a expedição, quais
as empresas transportadoras e qual o pessoal envolvido no processo.
• Verificar a natureza das cargas como, por exemplo, suas características e influência nos
negócios do cliente.
Exemplo de aplicação
Uma empresa de transporte de valores recebe uma ligação sobre a retirada de um carregamento
de produtos em ouro de um colecionador de relíquias. Entre as peças, há uma estátua com esmeraldas
incrustadas. Essa estátua, que representa Buda sentado no chão de pernas cruzadas, tem 3 m de altura
e pesa por volta de 5,5 t. O objeto está segurado e exige escolta.
Análise da situação
Cabe ao gestor de transporte avaliar se terceiriza o serviço de transporte, fazendo uma seleção
com os parceiros para a escolta ao transportador, ou se a própria empresa tem condição de realizar o
transporte da carga e disponibilizar a escolta. Cabe ainda verificar se a companhia tem condições de
realizar o serviço na sua integralidade.
Montebeller Júnior, Tardelli e Wanke (2009) apontam que, além dos aspectos relacionados aos
produtos e ao entorno da origem e do descarregamento da carga, é preciso observar as vias em que os
caminhões circulam, ou seja, qual é a rota que eles devem percorrer. Assim, as especificações das rotas
devem ter como premissas:
50
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• as restrições ou as proibições específicas, como as que se referem à altura, ao peso, aos tipos de
equipamentos de movimentação de carga e aos estacionamentos;
Uma característica da área urbana é a presença de veículos que transportam pessoas para a execução
de serviços, tais como eletricistas, pintores, técnicos de computação e servidores domésticos. Além disso,
são encontrados muitos veículos que fazem entregas de alimentos.
Ainda, nas áreas urbanas temos veículos que fazem a distribuição, por exemplo, de combustíveis,
de mercadorias destinadas aos supermercados e de peças de vestuário, que são bens necessários à
manutenção do modus vivendi.
Observação
O gestor de transporte que lida com VETC precisa criar meios e formas
para que esses veículos possam realizar as suas atividades com segurança
e em curto período.
Além das informações relacionadas aos bens transportados e às rotas a serem percorridas, há a
necessidade de conhecer aquelas referentes ao local de armazenamento (LUDOVICO, 2013; BORSCHIVER;
SILVA, 2016; BERTAGLIA, 2009). Dessa forma, precisamos saber:
51
Unidade I
Lembrete
Alguns aspectos sugeridos por Bertaglia (2009) para a definição dos processos e estratégias da
empresa estão expostos a seguir.
• Custos operacionais. Trata-se de identificar todos os custos envolvidos, inclusive aqueles que
podem não ser visíveis, denominados custos escondidos.
• Eficiência da frota. Trata-se de haver indicadores que meçam a eficiência da frota, o que é
condição sine qua non para a sobrevivência da sociedade.
• Determinação da frota ótima. Trata-se de determinar a frota ótima que deve ser destinada
à prestação de serviços de determinado cliente. Isso mostra profissionalismo, capacidade de
gerenciamento e de operação.
Para a determinação da frota ótima, o profissional da área necessita conhecer alguns aspectos
importantes sobre essa administração. Por exemplo: a equipe de trabalho, o consumo de combustível da
frota e a situação da manutenção da frota.
Ainda com relação à frota, é importante que estejam em dia os serviços de manutenção preventiva,
as trocas de óleo dos veículos, os seguros, os contratos com fornecedores de peças, os contratos com
prestadores de serviços (quando há terceirização) e a documentação dos veículos.
52
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Uma gestão eficiente da frota é apoiada em serviços de Tecnologia de Informação (TI), que fornecem
softwares para programação, roteiro de viagens, acompanhamento de cargas, sistemas de comunicação
e softwares que calculam e apresentam indicadores de desempenho.
Um sistema informatizado para o gerenciamento de rotas traz benefícios que envolvem a redução
de custos e melhorias no desempenho de entregas. A consolidação de cargas fracionadas e a
otimização de retornos são algumas das características que também podem ser favorecidas pelos
sistemas informatizados.
A Tecnologia da Informação (TI) tem sido uma das principais aliadas na busca por eficácia e reduções
de custos nas atividades de gerenciamento logístico das empresas. Trata-se da forma possível de as
companhias controlarem os fluxos das mercadorias, em todo o processo de carga e descarga, garantindo
que os itens estejam nas mãos dos clientes da maneira programada.
Observação
A função de uma transportadora é levar a mercadoria de um lugar ao outro, muitas vezes utilizando
o veículo como armazenagem até a conclusão da entrega. Entretanto, em função das características da
carga, quando lidamos com algo de valor, o veículo não pode servir como local de armazenagem e não
poderá ficar estacionado em qualquer lugar. Assim, caso seja necessária a armazenagem da carga antes
de ser executada a entrega, cabe ao gestor de transportes estabelecer parcerias para a guarda da carga
e do veículo até a entrega.
Os locais onde ficam as cargas são chamados de armazéns, depósitos e/ou centros de distribuição,
que embora sejam palavras usuais na logística significam coisas diferentes.
Chopra e Meindl (2011) chamam a atenção para o fato de que entre o fornecedor e o cliente podem
existir instâncias intermediárias. Assim, duas perguntas-chave devem ser respondidas para a projeção
da rede de distribuição.
53
Unidade I
Assim, para que o produto saia do fornecedor e chegue ao cliente podem ocorrer as situações a seguir.
• Armazenagem no fornecedor com remessa direta pura. Nessa situação, o fornecedor faz envios
diretamente ao cliente.
• Armazenagem em distribuidor próprio com remessa indireta por encomenda expressa. Nessa
situação, a mercadoria sai do fornecedor e é armazenada em um distribuidor que providencia a
entrega ao cliente.
Normalmente, as transportadoras de valores trabalham com remessa direta ou remessa indireta, mas
há outras formas que serão abordadas mais à frente.
Observação
Esse tipo de distribuição se refere à forma de transporte em que o produto é transportado diretamente
do fabricante para o cliente final, sem passar por uma armazenagem intermediária.
Na remessa direta pura, a transportadora não tem estoque nem área de armazenagem, as entregas
devem ser todas no mesmo dia ou no dia seguinte. A mercadoria é retirada no fornecedor e levada
diretamente ao cliente. Não há custos com manuseios ou instalação, pois os itens já vêm separados
pelo fornecedor.
54
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Observação
Exemplo de aplicação
Uma empresa chamada Magazine, que tem várias filiais em locais próximos, mas distintos, necessita
distribuir numerários para suas filiais de forma segura.
55
Unidade I
Para fazê-lo, a Magazine contrata uma instituição bancária que efetua a retirada do montante,
faz a separação dos numerários para as filiais, de acordo com o pedido do cliente, e os entrega à
transportadora de valores, que irá realizar a expedição para todas as filiais.
Banco Transporte
de valores
Clientes
Vale ressaltar que o manuseio e a consolidação das cargas são realizados no fornecedor, não havendo
a necessidade de movimentação de carga para outro local a fim da realização de tal procedimento.
56
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Saiba mais
57
Unidade I
Observação
Consolidar a carga é uma nomenclatura utilizada no ramo da logística
que significa juntar a carga em recipientes específicos e identificados.
Desconsolidar a carga é o inverso disso: trata-se da separação da carga em
partes menores, condição também conhecida como desagregação da carga.
Exemplo de aplicação
Uma empresa chamada Magazine, que tem várias filiais em locais próximos, mas distintos, necessita
realizar a distribuição dos numerários para as filiais de forma segura. A empresa transportadora recebe
a autorização para fazer a retirada de um alto montante da agência bancária. Executa a operação de
retirada e faz a separação dos numerários na parte interna do veículo durante o trajeto para as entregas
e distribui em cada loja o valor predeterminado pelo cliente.
Banco Transporte
de valores
Clientes
58
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Chopra e Meindl (2011) destacam que, diferentemente do que ocorre na remessa direta pura, em que
cada produto pedido é enviado diretamente de seu fornecedor para o cliente final, na desconsolidação
em trânsito ocorre um único recebimento, sendo que a divisão nos pedidos fracionados é feita ao longo
do percurso.
Para o exemplo anterior, os fluxos de informação e de produto são da central da empresa para o
cliente e do banco para a transportadora e, dessa, ao cliente final. Cabe à central do cliente passar a descrição
da operação de forma predeterminada. Assim, a empresa de transporte desenvolverá um plano de ação
com cálculos de tempo de operação e de entrega conforme o esperado.
Com relação aos custos de instalações e de processamento, eles são semelhantes àqueles existentes
na remessa direta. O custo referente à desconsolidação é transferido do fornecedor para o transportador.
A desconsolidação é feita em trânsito.
É necessário que o planejamento seja muito bem executado para permitir que todos os tempos
exigidos sejam cumpridos e que não existam paradas para desconsolidação da carga antes da entrega.
O tempo de resposta, a variedade de produtos, a disponibilidade e o tempo de entrega ao cliente final da
remessa direta e a desconsolidação em trânsito são semelhantes àqueles da remessa direta.
A desconsolidação em trânsito é uma operação mais flexível do que a remessa direta pura, pois,
nesse tipo de operação, o cliente pode modificar o pedido durante o trajeto.
4.1.3 Armazenagem no distribuidor próprio com remessa indireta por encomenda expressa
No caso da armazenagem no distribuidor próprio com remessa indireta por encomenda expressa,
a operação de transporte de valores é realizada em dois momentos. O primeiro ocorre quando um
montante de alto valor é retirado para a distribuição e é levado para uma central a fim de que a carga
seja desconsolidada. O segundo deles acontece quando a carga desconsolidada é retirada da central e é
executado o transporte de distribuição para os clientes.
59
Unidade I
A empresa de rede de lojas Magazine requisita o transporte de valores para retirar de um banco
um montante de numerários e entregá-lo em sua sede. A princípio, ela reserva 5 motos express para o
transporte às filiais.
A figura a seguir é uma representação gráfica da operação.
Fluxo de informação
Filiais do cliente
Esse exemplo retrata a operação de armazenagem no distribuidor próprio com remessa indireta por
encomenda expressa.
60
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Observação
Uma ressalva a ser feita a essa forma de operação está relacionada à segurança de apoio no período
em que a mercadoria ficar na sede da empresa requisitante para posterior distribuição. Durante esse
intervalo, serão necessários a presença de uma equipe de segurança de apoio e o controle apurado no
sistema de segurança interno.
Uma característica importante desse sistema é a flexibilidade para as entregas, já que elas não
precisam ser executadas todas no mesmo dia.
Essa forma de distribuição é muito utilizada, pois, normalmente, as empresas de grandes redes
necessitam do serviço de entrega expressa por causa do compartilhamento de documentos ou de
mercadorias de pequenos volumes com suas filiais (por isso, acabam usando tais serviços para a entrega
de numerários).
A remessa indireta pode ser entregue de forma expressa quando a empresa transportadora de valores
oferece o serviço de desconsolidação da carga a fim de que a mercadoria seja entregue em outro dia.
Nesse caso, a transportadora passa a ser uma distribuidora de mercadorias de valores por pouco tempo,
havendo a necessidade de investimento em instalações e em sistemas de segurança e de gerenciamento
de riscos do local.
61
Unidade I
Ainda, nesse tipo de operação, a localização do estoque ocorre nas instalações da transportadora, que
tem de possuir um sistema de segurança e de gerenciamento de riscos já implantado. Nessas operações,
o local da empresa transportadora funciona como um transit point.
Salientamos que se trata de uma prestação de serviço de possível execução, visto que a instalação
deve ser apropriada para a guarda de bens e de quantias de alto valor e, nela, precisa existir uma área
destinada ao manuseio e à consolidação de carga. Note que o tamanho do local tem de ser adequado
às necessidades da operação.
Lembrete
Exemplo de aplicação
O cliente Rede Magazine entra em contato com a transportadora para realizar a entrega de
diferentes valores para as filiais que estão localizadas longe dos centros comerciais e da própria sede.
Nessa operação, a transportadora retirou o montante no banco, levou-o para a sua sede, consolidou
a carga com as informações que o cliente deseja, colocou-a em maletas específicas para transporte
de valores com trava de segurança, guardou as maletas e, no dia seguinte, entregou-as para as motos
express fazerem a distribuição.
Filiais do cliente
Esse é um caso típico de armazenagem na transportadora com remessa indireta e entrega expressa.
A remessa indireta com entrega expressa e consolidação da carga no distribuidor difere da remessa
direta com consolidação em trânsito pelo fato de que a consolidação da carga será realizada na
transportadora e a entrega será individual em outro dia, como encomenda expressa.
63
Unidade I
A remessa indireta com entrega expressa e armazenagem no distribuidor próprio, que, no caso
de transporte de valores, ocorre na sede da transportadora, inicia quando, autorizada pelo cliente, a
transportadora retira os valores no banco e leva-os para a sede de sua empresa. O segundo passo é a
separação dos numerários de acordo com a requisição do cliente, em que são separados e embalados em
embalagens específicas, que podem ser maletas-cofre, envelopes plásticos lacrados etc.
Ressalva-se que, devido à atuação do crime organizado em transporte de valores ser cada vez maior,
orienta-se que a consolidação de valores em numerários somente seja realizada na própria empresa em
necessidades esporádicas.
Na armazenagem no distribuidor com remessa indireta pura, existe centralização de estoque pelo
fabricante, o que provê alta disponibilidade de produtos e baixo nível de estoque.
Essa forma de distribuição não é utilizada para a guarda de numerários, em função da característica
peculiar do produto. Ela é empregada para outros tipos de mercadorias de alto valor, como produtos
farmacêuticos, eletroeletrônicos, minerais, químicos, têxteis ou calçados.
Tal tipo de projeto de distribuição é comum para as cargas com volumes grandes e alto valor, que
são bens muito visados nos tempos atuais pelo crime organizado, o que gera elevado valor de seguro e
perda da confiabilidade, caso a acurácia seja baixa.
Lembrete
Na distribuição por remessa indireta, os custos de manuseios ocorrem por conta do distribuidor e
são mais baixos do que aqueles na distribuição de remessa direta. Tal estratégia de distribuição necessita
de armazenagem próxima ao local do mercado consumidor.
64
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• O estoque, o tempo de armazenagem e as variedades dos produtos são maiores do que ocorre em
todos os outros tipos de distribuição, justamente porque trabalham com o estoque de terceiros
propriamente dito.
• Quaisquer responsabilidades com recebimento e entregas (roubos, perdas, avarias e extravios etc.)
são de responsabilidade do fornecedor, bem como a contratação do transporte, caso não tenha
frota própria.
65
Unidade I
Exemplo de aplicação
A área de armazenagem da distribuidora Guarda Tudo passa por conferência dos volumes com alto
valor a cada semana. Eles são apurados mensalmente para gerar o índice da acurácia do estabelecimento
em produtos com alto valor.
No último mês, o índice de acurácia foi de 98% e, como a meta desejada é de 100%, foi feita uma
auditoria (verificação) acerca de quando e de qual produto gerou perdas ou roubo.
Por meio da auditoria, identificou-se que não houve perdas, mas falha do operador logístico, que
não lançou a saída do produto no sistema, fato que originou a incompatibilidade de valores. Após o
lançamento correto, o índice de acurácia foi atualizado em 100% nos produtos de alto valor no mês.
A remessa indireta pura é uma forma de a empresa de transporte de valores diversificar serviços,
uma vez que agrega uma distribuidora no caso da gestão dos riscos de transporte de valores e escolta
armada perante terceiros. Nesse sentido, observe a figura a seguir.
Fluxo de informação
Transporte
de carga com Filiais do
serviço de cliente
apoio
66
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Exemplo de aplicação
A distribuidora Oceano vai abastecer com celulares de última geração 5 lojas da rede Magazine,
utilizando frota própria. Por causa do valor alto da carga, a seguradora exige que haja serviço de apoio
e gestão de riscos da viagem. A distribuidora contrata os serviços de gerenciamento de riscos de carga
e descarga e de acompanhamento da carga com equipes de apoio de uma transportadora de valores.
Existem três modelos de distribuição que podem ser usados por um distribuidor que trabalha com
produtos de alto valor e que estão prontos para serem consumidos (CHOPRA; MEINDL, 2011), conforme
exposto a seguir.
• Transit point: o produto fica armazenado por um período de guarda inferior a 10 dias. Isso quer
dizer que o local é considerado de trânsito da mercadoria. Trata-se de um modelo muito utilizado
pelos terminais de importação e exportação que operam com alta variedade de produtos.
• Cross docking: a mercadoria é expedida quase imediatamente após a sua entrada no centro
de distribuição. Trata-se de um modelo em que se busca um tempo de permanência do item no
armazém próximo a zero.
67
Unidade I
A fase de controle da operação envolve tudo o que foi planejado a priori e desenvolvido a posteriori,
e é ela que dará suporte a todas as tomadas de decisões. Cabe ao gestor de transporte, na prestação
dos serviços de carregamento e de descarregamento, analisar o tempo de operação, determinar os
responsáveis pela ação e estabelecer as atividades que cada um deverá realizar.
No decorrer da operação, a quantificação de cada ação e as atividades in loco são primordiais para
que, no caso de imprevistos, existam respostas rápidas para sanar os problemas.
• o recebimento do produto;
• o armazenamento do produto;
• a expedição do produto.
Lembrando que o estoquista, responsável pela guarda do material, não pode se responsabilizar
por qualquer divergência no procedimento, deve existir um profissional da área administrativa para
responder pelos documentos recebidos e pelas eventuais discordâncias surgidas entre o informado no
documento e o encontrado na conferência.
De acordo com Bertaglia (2009), os recebimentos, quanto à origem, podem ser classificados em
importação, transferência entre fábricas, lojas, armazéns ou CD, transferências provenientes de terceiros
e devolução de clientes.
68
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Exemplo de aplicação
A rede de lojas Santo Antônio contratou uma empresa para recolher os numerários dos caixas de suas
filiais de determinada região antes de um feriado prolongado. Parte do recolhimento seria depositada
no Banco Central, enquanto outra seria separada e guardada para redistribuição nas horas iniciais do
primeiro dia útil.
Resolução
Para isso, temos a conferência dos valores recolhidos, a emissão de relatórios de recebimento, a
conferência dos valores separados, a emissão dos relatórios das separações e o envio desses relatórios
para a rede Santo Antônio e suas filiais e para o Banco Central.
De acordo com o exemplo, houve vários serviços realizados, além do transporte de numerários, pois
se tratava de uma distribuição indireta com a armazenagem na empresa transportadora de valores.
Ocorreu a separação a priori, com o recolhimento, a conferência e a guarda dos numerários, e a posteriori,
com a separação de numerários a serem distribuídos às filiais, bem como a entrega a terceiros (depósito
realizado no banco).
Como podemos verificar, no caso das filiais da rede de lojas Santo Antônio, houve transferência para
terceiros durante o depósito de uma parte do recolhimento ao Banco Central, além de transferências de
numerários quando ocorreram a retirada e a devolução dos valores para as filiais.
Todos esses procedimentos da empresa transportadora de valores fazem parte das operações de
acondicionamento do produto, desde o recebimento, a conferência, a guarda e a expedição para
a distribuição.
Lembrete
69
Unidade I
Messias (1989) apud Borschiver e Silva (2016) ressalta que o controle de transporte consiste em
acompanhar, mediante as notas de conhecimento, o percurso dos bens, desde a saída do fornecedor
até a recepção na empresa, considerando o cumprimento de datas de entrega e a segurança dos bens
materiais adquiridos.
O desembarque deve ser feito de maneira correta, com a remoção do veículo somente dos produtos
que se destinam à empresa (assim, o risco de internalização de bens não adquiridos pelo comprador
é menor). O acompanhamento desde o faturamento e o agendamento da empresa fornecedora até o
momento de entrega na empresa receptora é importante, pois auxilia a preparação do recebimento e
da internacionalização da carga.
Resumo
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Exercícios
Questão 1. Um sistema de gerenciamento de transporte é uma solução na gestão do processo de
transporte que permite ao usuário visualizar e gerir toda a operação de transporte de forma integrada.
Entre os objetivos desse tipo de sistema, temos:
Tal classe de sistemas auxilia no dimensionamento de frota e, por meio de interfaces externas,
permite o gerenciamento dos veículos da frota com o uso de GPS (Global Positioning System ou Sistema
de Posicionamento Global).
Com base no exposto e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa que apresenta uma função
que não pertence ao gerenciamento de transportes.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a seleção do modal do transporte é uma das funções de um sistema de gerenciamento
de transportes. Ela deve levar em conta alguns aspectos, como tipo de produto, prazo de entrega, local do
destino, segurança da rota, parceiros logísticos e peso e tamanho de carga.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a consolidação de fretes é uma das funções de um sistema de gerenciamento de
transportes. Ela refere-se ao agrupamento de pequenos conjuntos de mercadorias que formam uma
carga, que será transportada de uma vez.
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Unidade I
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
II – Cross docking é um sistema de distribuição no qual as cargas são consolidadas em um local fixo,
sem que exista a armazenagem do produto.
III – A remessa direta existe para evitar os depósitos e os centros de distribuição (CD). Com ela,
o fabricante (ou o fornecedor) entrega os bens diretamente para os estabelecimentos a varejo ou
para os clientes finais, dependendo do caso, sem haver um processo de estocagem em algum centro
de distribuição.
IV – A remessa direta com consolidação em trânsito é aquela na qual várias partes são enviadas de
diversas origens e consolidadas em determinado destino antes de serem enviadas ao consumidor final.
A) I e II, apenas.
B) I e IV, apenas.
C) II e III, apenas.
D) II e IV, apenas.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: no dropshipping, o vendedor envia uma ordem de embarque para o fornecedor, que faz
a remessa direta para o cliente.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: no cross docking, as cargas chegam ao armazém dos fornecedores e são redistribuídas
para serem entregues aos clientes. A ideia é que não exista armazenamento de mercadoria nos armazéns.
Justificativa: na remessa direta, o fabricante envia os produtos diretamente aos clientes sem que
exista qualquer tipo de estocagem em algum centro de distribuição.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: na remessa direta com consolidação em trânsito, várias partes de uma carga, oriundas
de várias origens, são agrupadas (consolidadas) em determinado local antes de serem enviadas para o
cliente final.
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