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Unidade III
5 MUDANÇAS ESPERADAS E OBSERVADAS NA GESTÃO 4.0: RECURSOS
HUMANOS, LOGÍSTICA, MARKETING E FINANÇAS
Conhecido o contexto geral da indústria 4.0, nesta unidade estudaremos áreas específicas,
sugerindo diferentes estratégias para usar novas tecnologias e adaptá-las de uma área para outra em
sinergia. Não devemos nos prender ao conhecimento de uma única área, pois é comum a migração
de profissionais de mercados distintos. Dada a alta competitividade do mercado atual, é necessário
estar cada vez mais preparado.
De acordo com Migliori (2020), gestões tradicionais estão ultrapassadas para o novo mundo, que
cresce com a transformação digital. Portanto, cabe a questão: Como conduzir as organizações para essa
passagem? Como transformá-las para uma nova era na economia, nos negócios e na sociedade? Uma
boa estratégia é reciclar o modelo tradicional, e não necessariamente recomeçá-lo.
Presidente
Assistente da
presidência
Clientes Personagem
principal
As mudanças do mercado também alteram nossa forma de trabalhar. Bancos virtuais, por
exemplo, apontam tendências importantes: o bancário tradicional mantinha um relacionamento
pessoal com o cliente, sabia seu nome, conhecia suas características pessoais e necessidades,
baseadas no relacionamento diário. A tecnologia hoje, por permitir transferências virtuais e menos
contato físico, dispensou a cumplicidade pessoal entre profissional e cliente (ÁRTICO, 2020). Este já
não precisa ir ao banco resolver pendências; basta utilizar ferramentas como internet banking ou
aplicativos de celular.
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Mas como atender novos clientes com diferencial? O bancário foi obrigado a mudar a forma de
trabalhar e a aprimorar competências para o novo cenário. A digitalização passou milhões de clientes
para o atendimento virtual, o que melhorou muito a condição deles, dada a oportunidade de administrar
a própria conta de forma rápida e prática. Com a facilidade da tecnologia, sobra mais tempo para ficar
com a família, aproveitar o dia de sol, fazer academia, enfim, viver com mais qualidade.
O banco ainda precisa conhecer o cliente e analisar suas características para oferecer serviços
direcionados, mas como fica a relação pessoal? Hoje é comum ter o telefone pessoal e o perfil do
WhatsApp do gerente; o que parecia um absurdo agora aproxima dois extremos. Portanto, mudança é
uma realidade para todos – empresas, funcionários e clientes. Organizações mudam porque precisam
sobreviver, o cliente muda porque a tecnologia facilita sua vida, e o funcionário muda porque quer
continuar empregado.
Observação
Vamos iniciar pela área de recursos humanos. A ordem das áreas não está atrelada à importância;
todas são necessárias para o bom funcionamento de uma organização.
A gestão de pessoas há muito tempo vem se transformando, valorizando cada vez mais o ativo mais
importante da empresa: o colaborador. É com esse pensamento que uma empresa consegue evoluir e
criar um ambiente propício para a inovação.
Funções fundamentais serão criadas, relacionadas com o apoio aos colaboradores para lidar com
a indústria 4.0 implementada. Apoio psicológico será essencial para colaboradores se adaptarem ao
novo ambiente de trabalho, assim como treinamentos que fomentem as competências necessárias para
trabalhar com novas tecnologias (LIMA; MANZELA, 2020).
Ao valorizar o capital humano, o gestor de pessoas torna-se um gestor de talentos, pois lida com
o desenvolvimento humano e de projetos. A gestão de pessoas na indústria 4.0 deve se tornar ainda
mais participativa e humanista, de forma que os colaboradores se motivem e cumpram suas tarefas,
contribuindo tanto para o crescimento empresarial quanto profissional (LIMA; MANZELA, 2020).
A tecnologia também impõe mudanças nas habilidades profissionais, e algumas delas devem ser
desenvolvidas para o colaborador se tornar cada vez mais eficaz.
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• elasticidade mental;
• negociação;
• pensamento crítico;
• orientação de serviço;
• criatividade;
• gestão de pessoas;
• inteligência emocional;
• conhecimento interdisciplinar;
• coordenação de colaboradores.
A maioria dessas habilidades não pode ser adquirida por robôs, pois são intrínsecas ao ser humano,
e devem contribuir com o profissional do futuro. O sucesso depende de como as usamos.
Lembrete
É uma tecnologia da inteligência artificial em recursos humanos que pode criar planos de carreira,
contratações, demissões, promoções e outras atribuições, aprimorando a compreensão de perfis e sua
influência no local de trabalho.
Uma atividade muito desgastante para os recursos humanos é selecionar e contratar profissionais,
tanto para o departamento quanto para o próprio profissional avaliado. A inteligência artificial
pode analisar dados, otimizar tarefas e reduzir os custos, detectando com mais facilidade o perfil do
candidato ideal.
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Também chamado de teletrabalho, é outra mudança significativa nos recursos humanos. Em vez
de controlar o funcionário segundo horas trabalhadas, hora de almoço, produtividade, atraso, falta,
afastamento, entre outros, a indústria 4.0 aplica software e hardware adequados a cada situação,
incluindo ferramentas de KPI.
Ainda há muito a desenvolver para o home office ser de fato eficaz, e essa mudança precisa ocorrer
no comportamento dos profissionais, principalmente dos líderes do futuro. Veja os desafios dos recursos
humanos na aplicação do home office:
Portanto, a indústria 4.0 é uma grande aliada dos dilemas e das mudanças nos recursos humanos 4.0.
5.2 Logística
Por ser uma área percebida tanto pelo cliente interno (colaborador) quanto externo, é mais fácil
enxergar suas mudanças, como na união de tecnologias integradoras, com sistemas de gestão que
centralizam uma alta quantidade de dados ricos, otimizam o ecossistema e conquistam os seguintes
resultados (O QUE É TECNOLOGIA…, 2021):
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Unidade III
Uma dessas tecnologias é a realidade aumentada, que eleva a quantidade e diminui o tempo de
resposta a defeitos de manutenção em equipamentos, com um ótimo nível de confiabilidade. Ela também
pode gerar participação dos clientes durante a fabricação, corrigindo pontos de qualidade e interagindo
com eles sobre a personalização do produto.
Figura 32 – Drone
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Internet das coisas é uma importante tecnologia na logística, pois conecta equipamentos do dia
a dia à internet. Alguns deles já são automatizados e seguem apenas as orientações estipuladas pelos
sistemas, aumentando a produtividade e reduzindo custos operacionais e riscos com profissionais.
A computação em nuvem também aperfeiçoa serviços logísticos, pois permite o acesso a dados
em diferentes localidades, coletando, armazenando e disponibilizando‑os rapidamente, facilitando
seu gerenciamento.
Eles podem ser usados em diversas aplicações ao longo de toda a cadeia logística, como na gestão
de redes de contentores, ao monitorar embarques ou elaborar sistemas de logística. Sensores da internet
das coisas em contentores individuais, por exemplo, mostram sua localização e monitoram eventuais
danos e contaminações. Esses dados fluem para um gêmeo digital da rede de contentores, que usa
machine learning para garantir que se movimentem da forma mais eficiente possível (MESQUITA, 2019).
Gêmeos digitais podem ser aplicados não apenas para ativos individuais, mas também para redes
e ecossistemas inteiros, como locais de armazenamento, combinando um modelo 3D das instalações
físicas com dados operacionais e de estoque. Assim o sistema é capaz de fornecer uma visão geral do
estado das máquinas e da disponibilidade dos produtos, além de prever problemas e tomar decisões
autônomas com relação ao estoque e às entregas. O mesmo princípio se aplica aos centros logísticos de
grande porte ou às redes globais de logística (MESQUITA, 2019).
5.3 Marketing
O mercado está em constante evolução, assim como as exigências dos consumidores. Marketing
é a área que busca aumentar a demanda de compra, e hoje o marketing digital assume uma posição
estratégica na organização, com a finalidade de atrair clientes a uma marca, seguindo estratégias
específicas, em busca de uma comunicação mais intensa com o consumidor.
Alguns exemplos:
• Search engine marketing (SEM): coloca em evidência anúncios pagos para buscas relacionadas
ao produto.
Para essas estratégias funcionarem, é necessária uma tecnologia que colete, filtre dados e
transforme‑os em informação – ela é chamada de big data analytics.
Um relatório chamado Digital 2020: Brazil, elaborado pelas agências We Are Social e Hootsuite
(KEMP, 2022), revela o panorama digital no mundo e no Brasil, incluindo quanto tempo os brasileiros
passam online, aplicativos mais acessados, hábitos de consumo no e-commerce e muito mais.
O documento registra uma população mundial de 7,93 bilhões de pessoas (abril de 2022), e 57% delas
residem em área urbana. Usuários móveis totalizam cerca de 5,32 bilhões de pessoas, o que equivale
a 67% da população global. Smartphones representam 4 em cada 5 aparelhos móveis em uso hoje.
Apesar do aumento constante (quase 200 milhões de novos usuários em relação ao ano anterior), ainda
existem diferenças notáveis na qualidade do acesso à internet, com graves disparidades a depender dos
países analisados.
Usuários de mídia social totalizam 4,65 bilhões, o que equivale a 58,7% da população global; no
entanto, se filtrarmos apenas o público elegível (13 anos ou mais), os dados sugerem que cerca de três
quartos de todas as pessoas capacitadas para usar mídias sociais já o fazem.
De acordo com o relatório, o Brasil detém 165,3 milhões de usuários de internet, indicando um
aumento de 5,3 milhões (3,3%) em relação ao ano anterior.
De acordo com Volpato (2022), as 10 redes sociais mais usadas no Brasil em 2022 são:
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
O relatório aponta que brasileiros passam em média 3 horas e 47 minutos por dia nas redes sociais,
ficando atrás apenas de nigerianos, filipinos e sul‑africanos, mas por poucos minutos; a tendência é que
esse tempo aumente ainda mais. Temos outras consolidações no cenário, como a adoção generalizada
do TikTok, que conquistou de vez celebridades e jovens no país.
O uso de aplicativos tem aumentado muito nos últimos anos e mudado o comportamento do
consumidor, o que deve ser considerado por empresas, principalmente de marketing.
Lembrete
Saiba mais
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Unidade III
A quantidade de informações tratadas pelo marketing é enorme, por isso o big data é essencial para
o sucesso. O site Totvs exemplifica sete modelos de big data utilizados no marketing:
[...]
Uma companhia norte-americana de serviços de cartão de crédito utiliza o big data para
gerar informações sobre os cancelamentos dos clientes. O objetivo é identificar as principais
causas e encontrar maneiras de reduzir esses índices.
Para tanto, a empresa desenvolveu ferramentas com modelos preditivos. Elas fazem o
registro dos históricos de transações dos consumidores e utilizam mais de 115 variáveis para
verificar potenciais cancelamentos do serviço. Essa é uma forma de gestão encontrada para
prever as tendências dos clientes e utilizar opções para reverter a saída deles da empresa. […]
Os dados coletados pelas ferramentas que utilizam big data são determinantes para
avaliar a interação dos consumidores com a empresa. A tecnologia é capaz de coletar dados
pessoais dos clientes, como nome, idade e gênero, e fazer uma conexão deles com o perfil
de compra, as preferências e a frequência das visitas.
Por exemplo: se uma mulher está grávida, a ferramenta faz essa identificação pelo
padrão de compra na loja (roupas, adereços, fraldas) e a comparação com a sua idade. Assim,
a equipe de marketing consegue desenvolver estratégias para fazê-la retornar mais vezes
para aproveitar promoções específicas, enviando ofertas para o e-mail e as mídias sociais.
Essa é uma das estratégias que podem ser aplicadas para obter a fidelização de clientes.
O big data também permite integrar as informações do cliente com as suas mídias
sociais para identificar o comportamento e o sentimento dele em relação à marca. Essa
aplicabilidade gera insights valiosos para o time de marketing desenvolver campanhas
específicas para atrair e reter os consumidores com o perfil do estabelecimento.
3. Otimização do e-commerce
As grandes redes de lojas virtuais do Brasil e do mundo já utilizam o big data para
ampliar as oportunidades de vendas e direcionar alguns produtos baseados no perfil de
busca do consumidor.
Isso pode ser observado quando a empresa mostra informações como “o que os outros
também compraram”, “esses materiais também podem interessar”. A Amazon, por exemplo,
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Os dados de sensores e do código de barras podem ser usados para rastrear o tráfego
de visitantes na loja e os hábitos de compra a cada período do mês. Dessa maneira, a loja
consegue criar promoções mais atrativas para os períodos de menor volume de vendas,
além de otimizar os seus espaços para chamar a atenção do consumidor.
Um supermercado, por exemplo, utiliza essas informações para realizar ofertas mais
expressivas nos períodos em que o cliente não tem muito dinheiro disponível. Ele também
expõe placas maiores para identificar os preços diferenciados e estimular a compra por
impulso. A ferramenta ainda contribui para verificar quais são os produtos que não têm
bom índice de vendas e que podem ser retirados das prateleiras. […]
5. Personalização da oferta
A Netflix é um exemplo de empresa que sabe usar o big data a favor do usuário. Com base
nos filmes e nas séries vistas por ele e na sua avaliação (curtiu ou não curtiu), a plataforma
faz novas indicações de conteúdos similares. Assim, o consumidor não precisa perder muito
tempo para procurar programas que sejam de seu interesse.
6. Redução de custos
A United Parcel Service usa o big data para otimizar as suas operações logísticas. A
frota da empresa conta com telemetria e rastreamento por satélite para coletar dados. Eles
são interpretados e usados para evitar a ociosidade dos veículos e também para realizar o
agendamento preventivo das frotas. Essa é uma maneira de reduzir custos e aperfeiçoar as
atividades da empresa.
Um hotel pode ampliar ou reduzir o seu número de reservas de acordo com a previsão
do tempo, as condições do trânsito e outros fatores que influenciam o turismo.
O Red Roof Inn conseguiu utilizar os dados do big data a seu favor. A rede de hotéis
acompanha os cancelamentos de voos e a gravidade do clima e identifica um potencial de
clientes que precisam de um lugar para dormir entre uma ponte aérea e outra. Dessa forma,
ela realiza anúncios em plataformas mobile para atrair os viajantes e facilitar a reserva de
um hotel mais próximo. […]
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5.4 Finanças
Como todas as áreas, as finanças têm suas particularidades e sua importância dentro da organização,
ainda mais por tratar de questões monetárias. É comum essa área ter foco somente operacional,
passando dados do que acontece dentro da empresa. O ideal é que seja uma área consultiva, que
resolva demandas e possibilite melhores oportunidades, agindo rapidamente e conhecendo o negócio
e suas necessidades para analisar todas as formas de agregar valor ao cliente, utilizando, entre outras
ferramentas, sua massa de dados.
Podemos adaptar às finanças algumas reflexões da contabilidade. De acordo com Álvaro Ricardino.
Não sei se algum país no mundo passou por experiência similar, mas tais
situações servem para demonstrar a competência e a versatilidade dos
profissionais da contabilidade brasileiros. A cada troca de moeda, novas
regras foram estabelecidas, e nossos profissionais superaram cada uma
dessas etapas e seguiram em frente. Não é de surpreender. Uma “simples”
troca de moeda chega a ser nada para aqueles profissionais que, quase que
diariamente, têm que se adequar às alterações das regras fiscais e tributárias
que ocorrem em nosso país (apud PRADO; PEDRONI, 2016, p. 39).
Portanto, não é de hoje que presenciamos períodos de mudança no trato do dinheiro e dos
profissionais envolvidos nessa gestão. A figura 35, por exemplo, aponta a cronologia da moeda
brasileira, desde 1500.
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
A evolução que por séculos foi física, hoje, é digital; e precisamos nos adaptar a ela. Atualmente é
impossível profissionais e empresas serem competentes sem o auxílio de novas tecnologias. O mundo
é outro, e as informações são outras e enormes. O big data pode cruzar informações financeiras e
demais dados relevantes da empresa, transparecendo o processo e aprimorando decisões, mesmo que
num mercado estável como o financeiro.
• Inteligência artificial: pode ser aplicada por softwares de gestão financeira, realizando desde
operações repetitivas até simular a capacidade humana, aliada à consultoria de profissionais
capacitados. A inteligência artificial estabelece padrões, identifica falhas e projeta estimativas,
entre outras aplicações.
• Blockchain: conhecida há pouco mais de 10 anos, é uma espécie de livro contábil digital
que registra transações por blocos de dados interligados, protegidos por complexas provas
criptográficas. Seu sistema descentralizado permite negociações mais ágeis e confiáveis entre
parceiros comerciais.
Uma empresa com finanças estáveis e transparência nos processos aumenta a confiança dos
funcionários e presta um serviço de excelência, sem precisar intervir em situações como aumento na
capacidade de processar dados ou número de pessoas envolvidas.
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Para Cohene (2021), o ano de 1993 para exportação e o de 1997 para importação marcaram o Brasil
como pioneiro na tecnologia, quando o país lançou, em 1992, o Sistema Integrado de Comércio Exterior
(Siscomex) para integrar etapas operacionais muito burocráticas. Até 2012, era offline e deveria ser
instalado localmente; hoje é possível acessá-lo com uma versão online, e os players aguardam ainda
mais mudanças na desburocratização da área.
A mesma autora aponta diversos benefícios em utilizar novas tecnologias no comércio exterior.
Por exemplo:
Antes de 1992, o comércio exterior não era integrado, o que dificultava negócios não só no Brasil,
mas em outros países também. Assim, o Siscomex trouxe mais informações e tecnologia para o setor.
Em 2014 foi criado o Portal Único Siscomex, com o objetivo de diminuir burocracia, reduzir custos e
tempo para importar e exportar.
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O Portal Siscomex tem formato de central eletrônica e mostra processos e controles de importadores,
exportadores, transportadores, depositários, despachantes aduaneiros, terminais portuários, entre
outros, contemplando as principais ações de importação e exportação, como autorizações, certificações
e licenças.
Mas a plataforma e o portal não são suficientes para as empresas brasileiras competirem
internacionalmente; é necessário inovar, e a indústria 4.0 trouxe algumas possibilidades:
• Big data: o comércio exterior precisa aderir à inteligência de dados, com coletas, administração,
organizações e interpretação, transformando-os em informação estratégica e aperfeiçoando decisões.
• Automação: é essencial no comércio exterior, pois reduz serviços manuais e elimina tarefas que a
máquina pode fazer sozinha. Com a velocidade de dados e a grande quantidade de intervenientes
em uma operação logística, a administração manual de informações é inviável. Atualmente,
muitos portos, aeroportos e terminais de países desenvolvidos já são autônomos e eliminaram
grande parte da interação humana.
• Inteligência artificial: pode identificar erros, por exemplo, numa documentação, na tomada de
decisão, na escolha de uma rota, na armazenagem de uma carga, na necessidade de redestinar um
produto para outro terminal, na precificação de frete internacional etc.
• Internet das coisas: rede de sistemas que podem interagir entre si e com o mundo real
para fornecer dados úteis ao controle e à gestão. Em 2019 o Porto de Roterdã embarcou um
equipamento com essa tecnologia, chamado Container 42, equipado com sensores capazes
de identificar e coletar dados das condições do ambiente dentro e fora dele. Mas por que 42?
É uma referência ao livro de Douglas Adams, O guia do mochileiro das galáxias, considerado um
dos maiores clássicos da literatura de ficção científica, cujo capítulo 42 seria a resposta para o
“significado da vida, ou o universo e tudo o que ele faz”.
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Unidade III
Saiba mais
Comércio exterior é um mercado muito competitivo, porém uma das grandes mudanças que a
Quarta Revolução Industrial promete são economias mais colaborativas, com parcerias em vez de
concorrências agressivas, objetivando o sucesso de todos os envolvidos.
Partindo da premissa de que o consumidor pode mudar e tem poder de escolha, o comércio precisa
de todos os meios possíveis para satisfazê-lo, oferecendo tantas facilidades quanto possível para ele
adquirir o bem ofertado (QUEIROZ, 2008). Por isso é necessário planejar ações e programações, controlar
e monitorar áreas comerciais, garantindo a qualidade do serviço, proporcionando entrega rápida, com
flexibilidade e sempre conferindo a eficácia do serviço (SOUZA; TABAH; BITTAR, 2020).
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Observação
A estrutura organizacional mudou: o nível mais importante dentro de uma empresa hoje é o
cliente. É a partir dele – suas decisões, comportamentos e atitudes – que se estrutura o atendimento.
A figura 37 retrata a organização com foco no cliente.
Organograma
Foco no cliente
Cliente
Comercial
Dupla de atendimento
Técnica/sinistros
Diretoria
O consumidor está mudando, seja no modo de comprar, vender, negociar, transferir dinheiro e até de
pagar. A gestão comercial precisa entender essas mudanças e se adaptar para atendê-lo.
Buscar dados sobre o cliente ou mercado é uma tarefa relativamente simples, que não exige
muitos recursos nem expertise; basta transformar dados em informação. Para isso, é necessário
utilizar a tecnologia certa para customizar informações e transformá-las em decisões customizadas
ou otimizadas, ou seja, direcionadas a cada grupo de consumidores.
Big data analytics é uma ferramenta que proporciona essa customização, aliada ao customer
relationship management (CRM), que cruza e analisa dados. Se bem analisados, aperfeiçoam decisões
de forma rápida e eficaz, uma vez que são reais, atualizados em tempo real e confiáveis, sendo mais
prático planejar e tirar do papel estratégias eficientes para vender mais.
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Unidade III
Quanto mais dados e fontes disponíveis para coleta, mais informações são extraídas pela inteligência
artificial. Somados ao histórico de vendas, são capazes de estabelecer relações, padrões e identificar
gargalos, abrindo vantagem competitiva. Além de implementar esses processos, é papel dos gestores
garantir que as equipes utilizem os sistemas da melhor forma possível e trabalhem integradas.
É visível, portanto, a relevância das novas tecnologias para a gestão comercial, monitorando clientes
já fidelizados e outros em potencial.
Exemplo de aplicação
Para concluir o assunto, leia a crônica a seguir, de Luiz Fernando Verissimo, disponível em:
https://cutt.ly/0XdwFeo.
Já passamos de 2020, mas o que Verissimo previu de fato aconteceu? Talvez estejamos no
caminho desse atendimento e relacionamento. Hoje alguns comportamentos da crônica já podem ser
identificados. E você, o que acha?
6.3 Qualidade
Assim como outras áreas da organização, a qualidade tem suas peculiaridades e sua importância.
Talvez seja uma das áreas que revelem com mais clareza acertos e erros, por ser responsável pela análise
final de um produto, cuja falha pode custar caro. Portanto, ferramentas e estratégias que busquem
qualidade podem e devem passar por reformulações com as novas tecnologias – progressão que pode
ser resumida em quatro temas (QUALIDADE…, [s.d.]):
• Qualidade como inspeção: por muito tempo o avanço da qualidade de um produto dependia da
má qualidade de itens produzidos anteriormente, mas métodos inovadores de controle estatístico
de processos ajudaram operadores a determinar se a variação se devia a causas aleatórias
ou especiais.
• Qualidade como empoderamento: total quality management (TQM) e six sigma defendem
uma abordagem holística da qualidade, tornando-a responsabilidade de todos e capacitando
colaboradores em nome da melhoria contínua.
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Ainda que as necessidades da indústria 4.0 sejam outras, empresas que não implementarem essas
mudanças dificilmente conseguirão competir no mercado. A seguir, outras características com as quais
é possível potencializar a qualidade de um projeto:
Para isso, ferramentas típicas da indústria 4.0 precisam ser usadas, mas agora aplicadas a processos
que busquem aumentar a qualidade:
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Unidade III
Todas as áreas são importantes dentro de uma organização, mas muitas infelizmente não têm
departamentos específicos de processos gerenciais, ainda que estes estejam fortemente presentes em
inúmeros processos. O profissional dessa área deve ter postura empreendedora, saber lidar com plano de
negócios, ter visão sistêmica e estratégica, e tomar as melhores decisões diante das novas tecnologias.
É o responsável por planejar, organizar, dirigir e controlar recursos, visando maximizá-los e alcançar
objetivos organizacionais, como o melhor custo-benefício em todos os setores, podendo atuar com
planejamento estratégico, marketing, finanças, comercial e logística.
A indústria 4.0 contribui muito com o avanço das empresas, reduzindo custos de produção e de
transporte, aumentando a conectividade, fomentando decisões em tempo real, entre outros benefícios.
Além disso, torna os processos mais previsíveis, gerando menos erros na cadeia produtiva. Portanto, o
profissional de processos gerenciais deve se atentar às mudanças da organização e principalmente às
novas propostas em voga no mercado.
A maioria das áreas empresariais que se beneficiariam com a indústria 4.0 já foi abordada, e a
necessidade de atualização constante já foi reforçada tanto por parte das organizações quanto
dos profissionais. Todavia, cabe mencionar algumas outras áreas que também podem usufruir das
novas tecnologias:
• ciência de dados;
• design de interiores;
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
• estética e cosmética;
• gestão ambiental;
• gestão pública.
Saiba mais
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Unidade III
Resumo
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Exercícios
Transformação digital precisa ser entendida como evolução digital pelas empresas
Figura 38
A transformação digital já deixou de ser só ideia há alguns anos. Aliás, já deixou até de ser novidade
há algum tempo. O brasileiro gasta, em média, 3 horas e 39 minutos nas redes sociais todos os dias,
segundo relatório da We Are Social. O mesmo relatório mostra que 45% da população compra online,
com 66% de penetração da internet, e os números crescem a cada ano.
Apesar disso, ainda não são todas as empresas que conseguiram inserir com sucesso o
mindset de transformação digital em suas operações de negócios diárias. O grande desafio da
transformação digital é o menos tangível e também o mais complicado de vencer: a mentalidade
dos gestores na hora de aplicar os conceitos. Deve-se começar a pensar essa transformação
como evolução digital.
Aplicar a transformação digital não é opcional para as empresas que pretendem estar ativas daqui
a 5, 10 ou 20 anos. O mundo mudou, os hábitos das pessoas se adaptaram e, hoje, o digital é parte
da vida de todos.
Essa mudança é parte de um ciclo infinito. O ser humano sempre vai buscar soluções novas para seus
problemas e encontrar formas diferentes de conduzir sua vida.
Na prática, isso quer dizer que todas as áreas do cotidiano estão em constante mudança. Primeiro,
essas mudanças são incrementais, depois, exponenciais. É do segundo caso que surgem os fenômenos
como a transformação digital.
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Unidade III
Eles são avassaladores e sem volta: é adaptar-se ou sair de cena. E quem busca se fortalecer no
mercado precisa se adaptar mais rápido do que nunca. Para isso, é vital dar atenção a problemas
como os descritos a seguir.
O primeiro problema que precisa ser resolvido vem de um entendimento distorcido do que a
transformação digital deve ser. Para muitas empresas, as pessoas precisam sair para dar lugar às máquinas.
É verdade que, em tarefas manuais e repetitivas, como em linhas de montagem, isso faz todo sentido.
Mas não se trata de eliminar os seres humanos do processo produtivo inteiro e, sim, de mudar onde eles
atuarão e de que forma.
De nada adianta aplicar os sistemas tecnológicos mais eficazes se não houver pessoas qualificadas
para usá-los dentro de uma estratégia que funciona.
Na mente de alguns gestores, é só aplicar uma dose alta o suficiente de tecnologia na empresa, por
meio da adoção de sistemas e processos eletrônicos, para ver o crescimento aumentar em ritmo acelerado.
Mas o que realmente faria o efeito desejado é um programa de treinamento intensivo. Além dos
suplementos corretos, também entram em cena o treino pesado, a alimentação regrada e o descanso
apropriado – e tudo isso depende mais do atleta do que dos suplementos em si.
O mesmo vale para o ambiente dos negócios. Não se trata de substituir pessoas por máquinas e sistemas
avançados, mas de equipar e qualificar os colaboradores para que usem esses sistemas da melhor maneira.
A segunda dificuldade das empresas é a cultura equivocada que ainda as permeia. A transformação
digital não favorece exclusivamente quem tem maior verba ou ferramentas mais novas. Aliás, o mercado
é tão dinâmico que novas ferramentas surgem a cada dia. Entrar nessa batalha é praticamente uma
guerra fria com a concorrência. Antes, o segredo está na cultura empresarial.
Enquanto muitas empresas se orgulham de difundir uma cultura digital, a verdade é que nem todas
compreendem o escopo real disso. Por exemplo, se a empresa não tem uma ideia clara de como os
clientes usam o mundo digital e de como pode se relacionar com eles nesses canais, é pouco provável
que tenha uma cultura digital tão forte quanto pensa.
Nesse sentido, não tem outra solução senão deixar para trás os conceitos superficiais e se aprofundar
na pesquisa sobre os clientes e o mercado em que atua. Só assim será possível mapear as reais
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
oportunidades inexploradas e montar planos de ação práticos para dominar seu respectivo segmento
com força total no digital.
Não se trata de injetar tecnologia para implementar essa transformação e, sim, de mudar a maneira
como encaramos a relação dos humanos com essa tecnologia. Quando pensamos em transformar algo,
podemos imaginar um processo que tem começo, meio e fim. Mas a transformação digital não é um
evento pontual, e sim um esforço contínuo.
Adaptado de: MORAES, D. Transformação digital precisa ser entendida como evolução digital pelas empresas.
Rock Content, 17 nov. 2019. Disponível em: https://cutt.ly/TZoUjYc. Acesso em: 25 maio 2022.
I – Embora uma parcela significativa da população brasileira faça compras online, há empresas que
não introduziram, de modo eficaz, a transformação digital nos seus processos rotineiros de negociações.
III – Empresas que têm verbas vultosas são sempre as mais favorecidas pela transformação digital,
pois elas tendem a adquirir ferramentas de tecnologia da informação (TI) que não envelhecem.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
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Unidade III
I – Afirmativa correta.
Justificativa: de acordo com o texto, segundo relatório da We Are Social, quando a reportagem
foi publicada, cerca de 45% da população comprava online. No entanto, “ainda não são todas as
empresas que conseguiram inserir com sucesso o mindset de transformação digital em suas operações
de negócios diárias”. Além disso, alerta-se para o fato de que “o grande desafio da transformação digital
é o menos tangível e, também, o mais complicado de vencer: a mentalidade dos gestores na hora de
aplicar os conceitos”.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: de acordo com o texto, “não se trata de substituir pessoas por máquinas e sistemas
avançados, mas de equipar e qualificar os colaboradores para que usem esses sistemas da melhor
maneira”. Além disso, “o principal componente para uma transformação saudável e bem‑sucedida
refere-se a pessoas qualificadas operando tecnologia de ponta dentro de uma estratégia completa, e é
deixado de lado por gestores que pensam só em robôs substituindo pessoas”.
Justificativa: de acordo com o texto, “a transformação digital não favorece exclusivamente quem tem
maior verba ou ferramentas mais novas”. Além disso, “o mercado é tão dinâmico que novas ferramentas
surgem a cada dia”.
O que é SEO?
Então, toda vez que uma página é publicada na internet, o Google (e outros buscadores) procuram
indexá-la de modo que seja encontrada por quem a procura.
Mas existem milhares de páginas sendo publicadas todos os dias na internet, e isso faz com que haja
bastante concorrência. Portanto, como fazer com que uma página fique à frente de outras?
É aí que entra o SEO (search engine optimization). Como a própria tradução já sugere, SEO é uma
otimização para os motores de busca, isto é, um conjunto de técnicas que influenciam os algoritmos dos
buscadores a definir o ranking de uma página para determinada palavra-chave pesquisada.
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INDÚSTRIA 4.0 E TECNOLOGIAS
Já parou para pensar em tudo o que acontece entre você digitar a sua pesquisa e clicar nos
resultados do Google? O que acontece nesse período é o segredo do sucesso do gigante das buscas. A
qualidade e a velocidade da sua classificação transformaram a empresa no maior buscador do mundo,
massacrando os concorrentes, mesmo com a participação somada.
Para se ter uma ideia, o domínio é tão grande que, nos Estados Unidos, existe o verbo to google,
usado em frases como “He googled you” (ele pesquisou a respeito de você no Google).
A seguir, entenda melhor o trabalho por trás das páginas de resultados mais acessadas do mundo.
Algoritmo e atualizações
Mesmo que você nunca tenha trabalhado com SEO, provavelmente já ouviu falar do algoritmo do
Google ou de redes sociais como Facebook e Instagram.
Esses algoritmos são responsáveis por filtrar o que é mais relevante para você, e não simplesmente
jogar todo o conteúdo disponível na página, sem nenhum critério de classificação.
O Google usa mais de 200 fatores de ranqueamento para definir a ordem das páginas apresentadas
ao usuário para cada busca realizada. Para melhorar cada vez mais as informações apresentadas ao
usuário e sua relevância, esse algoritmo está em constante atualização.
Adaptado de: SILVA, E. SEO: tudo sobre search engine optimization. Resultados Digitais, 19 fev. 2021.
Disponível em: https://cutt.ly/PZoFPfx. Acesso em: 26 jul. 2022
.
Com base na leitura e no seu conhecimento, avalie as afirmativas.
I – SEO opera com um conjunto de técnicas que objetivam posicionar uma página nos primeiros
resultados gerados por ferramentas de buscas online, como o Google.
II – A qualidade e a velocidade com que o Google executa a classificação dos termos de busca
fizeram dessa empresa o maior buscador do mundo. Sua participação nesse mercado supera a soma
dos concorrentes.
III – Visto que o Google utiliza mais de 200 fatores de ranqueamento para definir a ordem com
que o usuário visualiza as páginas a cada busca que faz, o algoritmo usado não necessita de tantas
atualizações quanto as realizadas por outros buscadores.
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Unidade III
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: de acordo com o texto, “toda vez que uma página é publicada na internet, o Google
(e outros buscadores) procuram indexá-la de modo que seja encontrada por quem a procura”. Nesse
contexto, o SEO faz com que “uma página fique à frente de outras”.
Além disso, o “SEO é uma otimização para os motores de busca, isto é, um conjunto de técnicas
que influenciam os algoritmos dos buscadores a definir o ranking de uma página para determinada
palavra‑chave pesquisada”.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: de acordo com o texto, “o Google usa mais de 200 fatores de ranqueamento para
definir a ordem das páginas apresentadas ao usuário para cada busca realizada”. No entanto, é dito que,
“para melhorar cada vez mais as informações apresentadas ao usuário e sua relevância, esse algoritmo
está em constante atualização”.
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