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Unidade II
5 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
A utilização de recursos de tecnologia é uma das melhores formas de administrar os custos, além de
ser um meio de proporcionar valor agregado a um produto (MANDARINI, 2005).
Nos dias de hoje, é quase impossível imaginar uma operação de negócio sem o emprego da TI.
Seu emprego tem sido fator de sucesso na manufatura, nos serviços e nas atividades comerciais
(BORSCHIVER; SILVA, 2016).
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E a obra:
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Ranzzolini Filho (2007) cita que, com a evolução da TI, ocorreu a diminuição dos custos relativos à
apropriação e à manutenção de informações. A TI auxilia todos os sistemas de gerenciamento empresarial
e, especificamente no caso dos transportes, além da maximização de lucros, traz confiabilidade e
segurança a todas as atividades de recebimento, entrega e armazenagem das mercadorias.
Podemos afirmar que foi na segunda metade do século XX, com o desenvolvimento dos computadores,
que a TI começou a mudar de fato a vida das pessoas. Eleuterio (2015) chama esse fenômeno de
revolução da informação.
Devemos ressaltar que o objetivo inicial desses sistemas era monitorar o veículo, desviando-o de
congestionamentos e das zonas de restrição veicular nos centros urbanos. No estágio atual, é possível
obter muitas informações, como velocidade de deslocamento, tempo de paradas, previsão de chegada etc.
Lembrete
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Unidade II
São encontrados no mercado alguns STI, como, por exemplo, o Control Loc®, que é indicado para
o monitoramento on-line e o rastreamento em tempo real de veículos. Esse tipo de sistema permite a
gestão e o total controle da frota por meio do acompanhamento das operações de distribuição.
Todos esses sistemas utilizam a rastreabilidade veicular, via satélite, representado na figura a seguir.
A localização pode ser feita por um GPS (e sua rede composta de 32 satélites), por um GPRS ou por
radiofrequência (RF).
32 satélites Central de
servidores
Antena receptora
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Lembrete
O GPS funciona pela leitura da geolocalização por meio da rede mundial de 32 satélites que orbitam
a Terra. Com isso, é possível obter a localização em qualquer lugar do mundo a todo momento.
Já o GPRS é uma tecnologia de transmissão de dados por pacotes (comutação por pacotes) que
utiliza um chip semelhante àquele dos celulares para fazer o rastreamento. Esse rastreador recebe todas
as informações via satélite utilizando as tecnologias GPS/GPRS e, em seguida, transmite os dados para
os servidores, que disponibilizam via computador, ou celular, a posição da carga em tempo real.
Enquanto isso, o rastreamento por radiofrequência (RF) é um sistema de monitoramento via rádio.
Trata-se também de um recurso indicado para proteger veículos pesados de forma mais eficiente, pois
esse tipo de tecnologia possibilita a visualização da posição geográfica com menor interferência de áreas
de sombras. O problema é que o veículo precisa estar próximo a áreas com antenas receptoras de rádio. Tal
sistema é muito requisitado pelas seguradoras caso a empresa não tenha uma central de monitoramento
e/ou de gerenciamento de carga ou frota. Eleuterio (2015) informa que tal sistema entrou em uso em
1978 graças a um programa conjunto entre quatro países colaboradores (atualmente, são 36).
O uso dos sistemas de radiofrequência foi, inicialmente, limitado às forças armadas, mas, com a
percepção do benefício que essa tecnologia trouxe à sociedade, ela foi incorporada ao uso civil e, hoje,
está amplamente difundida em nossas vidas.
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Com o emprego desses sistemas, é possível estabelecer parâmetros para o transporte das cargas
e a movimentação dos veículos. Pode-se alertar o motorista e a empresa transportadora sobre
comportamentos que não sigam a programação estabelecida ou que impliquem outras intervenções.
Como exemplos, temos alertas:
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Unidade II
• da necessidade de manutenção.
Os alertas devem ser programados de forma que sejam respeitados os períodos de descanso e
de alimentação dos condutores. Isso significa que o sistema precisa ser alimentado com dados que
informem a programação da viagem, os interstícios, o itinerário, os locais para a manutenção preventiva,
as paradas de descanso, os locais de alto risco etc.
Observação
Existem sistemas que conseguem impedir o deslocamento do veículo para quaisquer atividades que
excedam o roteiro predeterminado. Nessas situações, o motorista deve entrar em contato com a central,
justificar a saída da rota e aguardar a liberação para a viagem.
Observação
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Wolf (2018) cita que o computador de bordo ajuda a melhorar a manutenção preventiva, o treinamento
de motoristas, a atenção no desenvolvimento de todas as ações a serem realizadas e o controle da frota.
Por meio dele, também pode-se detectar qualquer alteração no desempenho do veículo em termos de
pressão de óleo ou do funcionamento dos freios, da suspensão etc.
Os registros do computador de bordo podem ser comparados aos das caixas-pretas de aeronaves,
que apontam de forma abrangente todas as atividades realizadas no trajeto da operação em que o
veículo está envolvido.
Observação
Uma empresa que possui computador de bordo em todos os veículos pode utilizar a comunicação
de rádio não apenas para o rastreamento dos meios de transportes, mas para o envio e o recebimento de
dados sobre o embarque, o desembarque e a localização do transporte.
Lembrete
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Unidade II
5.1.1 Roteirizadores
Os roteirizadores são programas de computador que auxiliam na definição de rotas com o objetivo
de reduzir o tempo, a distância percorrida e os custos logísticos do transporte.
No mercado, existe um número cada vez maior de softwares destinados à roteirização, que ajudam
as empresas a planejarem e a programarem os serviços de distribuição de mercadorias.
Observação
Borschiver e Silva (2016) explicam que um sistema mal implantado e mal gerenciado gera vários
custos e despesas inerentes à sua utilização e administração. Algumas questões devem ser analisadas
antes da aquisição de um sistema de roteirização, como as destacadas a seguir.
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Observação
Existe no mercado uma enorme gama de empresas que trabalham com sistemas de roteirização,
conhecidos como softwares para o transporte logístico e a manutenção de frota. Cabe a elas buscá-los
de acordo com suas necessidades. Esses sistemas oferecem:
• possibilidade de rastreamento;
• monitoramento de viagens;
• rastreabilidade da carga;
Observação
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Unidade II
A TI é fundamental para a troca de informações entre empresas. Essa prática pode ser realizada por
meio do Electronic Data Interchange (EDI), também conhecido como intercâmbio eletrônico de dados.
Ele auxilia a troca eletrônica de documentos padronizados entre parceiros que estão dentro de uma
cadeia de suprimentos ou entre unidades de uma mesma empresa que estão separadas fisicamente.
Além do EDI, encontramos os sistemas de resposta eficiente ao consumidor (ECR), que trocam
informações relevantes entre todos os participantes da cadeia, a fim de criar valor ao cliente. Esses
sistemas envolvem o contato entre fabricantes, atacadistas, varejistas etc., e se baseiam no intercâmbio
de informações entre eles.
A ideia é que, por meio do compartilhamento de dados, seja possível criar uma cadeia de valor contínua.
Por exemplo, suponha que um fornecedor programe a entrega de uma mercadoria e use o EDI para
o envio de uma cópia eletrônica da nota fiscal. Conhecendo a nota fiscal do fornecedor, o transportador
faz a emissão do conhecimento de expedição e envia uma cópia eletrônica aos demais parceiros.
O cliente recebe as cópias eletrônicas dos documentos mencionados e com isso ele tem as informações
referentes às mercadorias, transportador, data de entrega, valor etc.
Ranzzolini Filho (2007) afirma que o EDI é uma ferramenta eficiente no gerenciamento de transporte
de valores: ele auxilia o processo de emissão de pedido de serviço, a emissão de conhecimento da carga
e o seu manifesto do recebimento, a emissão da nota fiscal que irá acompanhar a carga, a nota fiscal da
prestação de serviço e a identificação do pagamento da mercadoria e da prestação de serviço.
Outra TI que vale a pena citar é a dos portais corporativos, ou portais de informação empresarial (EIP,
Enterprise Information Portal), que fornece conteúdos das mais variadas fontes e organizações. Trata-se
de um instrumento importante para que as empresas compartilhem informações.
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A fim de conhecer alguns dos sites de portais das transportadoras e
observar como elas funcionam, acesse:
Disponível em: https://portaldastransportadoras.com.br/. Acesso em:
30 ago. 2021.
Disponível em: https://guiadotransporte.com.br/. Acesso em: 30 ago. 2021.
Há, ainda, o endereço da Secretaria da Segurança Pública do Estado de
São Paulo (SSP/SP):
Disponível em: https://www.ssp.sp.gov.br/. Acesso em: 30 ago. 2021.
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Vários são os tipos de softwares que podem ser empregados no sistema de transporte. Entre eles,
podemos citar os que seguem.
Uma das ferramentas mais utilizadas pelas empresas em suas atividades logísticas, com a meta de
melhorar as práticas de transporte, é o TMS (MARTEL; VIEIRA, 2010). Os objetivos de um TMS incluem a
rastreabilidade do pedido e a produtividade em todo o processo de distribuição.
As características de funcionamento dos TMS são particulares de cada software e variam de acordo
com o ramo de atuação da empresa transportadora. Em geral, suas soluções são compostas de módulos
que podem ser adaptados e particularizados para cada cliente.
Os módulos mais comuns encontrados no software TMS são: a gestão de frotas, a gestão de fretes, a
roteirização, a programação de cargas, o controle de rastreamento e tráfego e o módulo de atendimento
aos clientes.
A figura a seguir é um exemplo de uma planilha usada no controle de frota, que é um dos módulos
encontrados nos TMS.
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Os objetivos dos softwares de TMS são: o controle de gastos com manutenção, o controle de
abastecimentos, a determinação dos valores gastos em viagens, a avaliação da evolução dos gastos e a
determinação dos dados referentes a cada veículo.
• Cadastro de veículos: são inseridas as informações referentes a cada veículo da frota, como, por
exemplo, licenciamento, taxas, boletins de ocorrência e comprovantes de pagamentos.
• Viagens: são inseridas informações sobre a data, o veículo, o local de destino e o consumo.
• Pneus e câmaras: são inseridas informações sobre pneus e câmaras, que são essenciais e devem
ser controlados de acordo com a quilometragem percorrida.
Exemplo de aplicação
Após 30.000 km rodados, os veículos da empresa Bransk estão programados para realizar a
manutenção periódica de troca de lubrificante e de outros componentes veiculares. Como a companhia
possui um software de gerenciamento de frota, ela sinalizará ao gestor de transporte quais são os
veículos que deverão passar por manutenção nos próximos dias.
Com essa programação, antes de os veículos chegarem à empresa, eles serão retirados da programação
e encaminhados para a área de manutenção ou para as oficinas de apoio. Nesse caso, os motoristas
responsáveis pelos veículos, ao chegarem à instituição, depois da expedição, serão notificados de que
deverão levar seus automóveis para a manutenção e, depois, serão direcionados para outras atividades
ou veículos.
Observe, no exemplo anterior, que o planejamento e o controle das operações foram realizados
antes mesmo de o motorista chegar à empresa. Caso haja urgência na disponibilidade do veículo,
a manutenção poderá ser realizada durante o período de descanso do motorista, deixando assim a
possibilidade de ele viajar à noite.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
A TI auxilia na gestão das transportadoras, sendo que a gestão das entregas e dos pagamentos
(fretes) permitem controlar esses processos, o que contribui para entregas eficientes e ágeis.
Lembrete
A figura a seguir é uma planilha de gestão de fretes destinada a empresas que terceirizam serviços de
transporte de carga. Trata-se de um módulo muito usado atualmente pelas transportadoras de valores.
Com relação à gestão de fretes, qualquer que seja o sistema utilizado, é importante destacar
o que segue.
• Controle por meio de um cadastro geral: nesse cadastro são inseridas as informações sobre
transportadoras, rotas e taxas, entre outras.
• Tabelas de fretes: elas devem ser separadas por categorias de produtos, características particulares
e/ou desempenho de transportadoras.
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• Análises e cálculo de fretes: trata-se de análises que possibilitam que a empresa tome a melhor
decisão sobre futuros colaboradores terceirizados.
• Comparações de fretes: nessa etapa é feita a análise e avaliação dos diferentes preços ofertados
pelos fornecedores.
• Comparações de modais: nesse tópico deve ser feita a comparação entre os preços dos diferentes
modais de transporte.
• Rotas: aqui as rotas devem ser sugeridas tendo como base as informações existentes no banco de
dados e no histórico de viagens.
• Fluxo de informações: é preciso verificar como fazer o fluxo de informações para evitar a falta
ou a perda de elementos.
• Pagamentos: refere-se à verificação dos pagamentos e dos recebimentos em função dos serviços
contratados e realizados.
Observação
• Rotas: armazena o histórico das rotas que são usadas para cada cliente e identifica os melhores
percursos disponíveis.
• Cargas: auxilia na distribuição dos materiais e dos valores a serem transportados em função da
carga, da rota e dos índices de ocupação dos veículos.
• Distribuição: analisa a distribuição a partir dos CD existentes e estabelece o melhor arranjo para
esse fim de acordo com o sistema.
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Na figura a seguir, observaremos 5 programações de rotas que podem ser realizadas simultaneamente,
com todas as entregas demarcadas, tornando o processo mais eficaz. Nela há concentrações de entregas
e recebimentos dentro de uma mesma área, com a identificação de quilômetros rodados por rota.
Essa roteirização foi feita usando o método de Clarke e Wright, que tem como premissa a redução
da distância total a ser percorrida e do número total de veículos utilizados.
Vale ressaltar que, na figura a seguir, foi usado o sistema Geoinfomap para executar a roteirização.
Figura 20 – Roteirização
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Unidade II
Outro módulo encontrado nos TMS é o de controle de cargas, que permite o planejamento e o
controle da operação. Nele, são encontradas informações sobre:
• Autorizações: com o planejamento e o controle das autorizações necessárias para que o veículo
preste o serviço.
Os TMS devem ser alimentados continuamente com informações úteis ao processo decisório de
planejamento, execução e controle de atividades previstas no SIL (Sistema Integrado de Logística). Eles
permitem o compartilhamento de dados com OMS e WMS, sobretudo no que diz respeito aos conteúdos
dos pedidos transportados, às quantidades, ao peso e ao volume dos bens, à programação do embarque
e desembarque das mercadorias e às datas previstas de entregas.
Observação
Accioly, Ayres e Sucupira (2019) sugerem que as informações do SIL sejam compartilhadas com o
SGI, que é responsável pelo gerenciamento da área de acordo com o SGR. Este, por sua vez, leva em
consideração o grau de risco e a escala de criticidade.
Exemplo de aplicação
A distribuidora Guarda Tudo recebeu cinco lotes de produtos farmacêuticos, um tipo de carga
muito visado pelo crime organizado, com criticidade grau 5. Além do acesso restrito, o espaço possui
monitoramento com câmeras e equipes de trabalho.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
O sistema WMS é compartilhado com o SGI e o SGR, que rastreiam e monitoram qualquer
movimentação que algum material ou que alguma pessoa possa ter nas áreas restritas. A instalação do
equipamento smart label é muito usada para o tipo de material referenciado por causa das facilidades
de rastreamento do produto.
Nesse caso, apenas com a ordem emitida pelo OMS o item poderá sair da área restritiva.
Com relação aos custos, deve-se levar em consideração não somente o valor do sistema propriamente
dito, mas custos indiretos irão compor os gastos na implantação dessa estrutura.
Um bom sistema de administração de transportes deve ser capaz de realizar diversas tarefas,
entre as quais:
• escolha de modal;
• processamento de reclamações;
• consolidação de fretes;
• rastreamento de embarques;
• roteirização;
• avaliação de desempenho;
• programação de embarques.
Exemplo de aplicação
Uma transportadora recebe, pela OMS, uma ordem de serviço de retirada de bens de valores. Ela verifica
em seu WMS se há lugar para a guarda da mercadoria e, posteriormente à confirmação, emite uma OS
para uma equipe de trabalho, que irá acompanhar a carga. Na sequência, a transportadora programa
o TMS com o roteiro da atividade que será realizada e compartilha os dados de execução do serviço
via EDI para a empresa requisitante.
A empresa requisitante recebe, pelo EDI, o compartilhamento das informações de chegada do VETC
e, com 30 minutos de antecedência à chegada desse veículo, prepara a carga em recipiente adequado.
Discussão e resolução
Como as informações do uso do TMS estão sendo compartilhadas pelo EDI, quando o transporte
estacionar na empresa requisitante, devem ser disponibilizadas as mercadorias para a retirada, pois todos
os documentos físicos e digitais já foram separados para serem entregues. Além disso, os documentos
foram compartilhados no EDI.
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Unidade II
O motorista não precisa saber sobre as peculiaridades da carga, como quantidade e tipo de mercadoria
a ser transportado, pois o sigilo diminui a probabilidade de compartilhamento de informações com
terceiros, e isso é uma função restrita ao SGR.
A nota fiscal da mercadoria fica disponível em códigos tecnológicos, por exemplo, código de barra ou
QR code, e a nota fiscal de prestação de serviço, emitida pelo EDI ao responsável pela carga, será cobrada
na confirmação do desembarque.
Lembrete
Ordem de serviço (OS) é emitida por uma equipe técnica que seleciona
os profissionais de segurança patrimonial ou executiva, levando em
consideração o perfil para a execução de determinados serviços.
Accioly, Ayres e Sucupira (2019) citam alguns dos principais softwares e hardwares utilizados na área
de gerenciamento de transporte e que se completam, como os listados a seguir.
• E-commerce e E-procurement.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• Coletores de dados.
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Unidade II
Ranzzolini Filho (2007) destaca que o SIL deve estar inserido nos sistemas ERP, que são sistemas de
gestão integrados.
Como já estudado, o SIL é um conjunto de programas usados na gestão da cadeia logística, cujo
objetivo é aliar tecnologia da informação e da comunicação à infraestrutura de transportes e veículos.
Um dos seus grandes alvos é o gerenciamento de fatores como tempo de deslocamento, consumo de
combustíveis e rotas de carga e descarga de mercadorias.
O conceito de SIL/STI foi desenvolvido nos Estados Unidos na década de 1920 com o objetivo de
agilizar a gestão da migração e gerar maior controle quanto à urbanização da época. Foi uma maneira
encontrada para minimizar os efeitos do crescimento das grandes cidades, facilitando a vida do cidadão.
Nas metrópoles, esse conceito é aplicado no monitoramento de vias expressas, grandes avenidas, com
o objetivo de facilitar o ir e vir do cidadão. Essas vias são conhecidas como vias inteligentes, cujas
informações tramitam quase em tempo real. Tais dados auxiliam na escolha do trajeto mais rápido, livre
de congestionamentos.
Observação
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• computadores de bordo;
• roteirizadores;
• internet;
• código de barras;
Ainda, Ranzzolini Filho (2007) cita que a utilização do SIL possibilita à empresa obter controle total
sobre a cadeia de informação nos sistemas de transporte. Dessa forma, os operadores de transporte
assumem um papel que vai além da coleta e da entrega de bens; as corporações realizam o gerenciamento
de riscos logístico e estabelecem medidas preventivas por meio de análises de riscos e ameaças.
No Brasil, os roubos e os furtos de cargas sempre estiveram presentes na realidade das estradas
(ALVES; ALVES; ALVES, 2017). Todavia, a partir da década de 1980, a questão dos ataques aos veículos
transportadores de carga constituiu-se em apreensão às empresas brasileiras em face do crescimento
volumoso das ocorrências nas rodovias, o que trouxe impacto significativo ao aumento dos custos
logísticos e contribuiu para a diminuição do desempenho do transporte e da distribuição de produtos
(MOREIRA; CARVALHO, 2011 apud ALVES; ALVES; ALVES, 2017; NTC & LOGÍSTICA, 2019).
Em especial nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, vimos um crescente e sistemático aumento
nos índices de criminalidade. Os roubos de carga representam uma parcela considerável no total de
roubos e furtos praticados no país.
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Unidade II
Por essa razão, muitas empresas têm se afastado desses estados ou investido em segurança privada,
o que gera um custo adicional a ser absorvido pelas instituições. Assim, conhecer e controlar os custos
com a segurança privada pode ser um grande aliado às tomadas de decisões gerenciais (ARAÚJO et al.,
2017; FERREIRA FILHO et al., 2015; SILVA et al., 2016 apud NASCIMENTO et al., 2018).
Segundo a NTC & Logística (2019), os sinistros acontecem normalmente em áreas urbanas, rodovias,
depósitos de cargas, postos de combustível, enfim, em qualquer lugar e etapa do ciclo da atividade de
transporte de mercadorias.
Lembrete
Em muitas regiões, a ação dos criminosos é facilitada pela baixa velocidade de deslocamento
dos veículos transportadores. Os grandes centros urbanos e as regiões metropolitanas sofrem com
congestionamentos, limitações de velocidade e restrições de circulação. Por esse motivo, várias
tecnologias, tais quais a inteligência geográfica, são utilizadas como ferramentas de auxílio para as
tomadas de decisões nos assuntos referentes ao transporte de carga e de valores.
Observação
A inteligência geográfica permite verificar, por exemplo, qual é o tempo médio de deslocamento
entre dois locais. Além disso, é possível saber em quais horários ele é menor ou maior. Essas informações
auxiliam os gestores das empresas de distribuição de mercadorias a selecionar os horários mais propícios
para a execução da tarefa de transportar mercadorias entre diferentes locais no menor tempo, evitando
a exposição do transporte e das cargas a congestionamentos e a outros riscos indevidos.
A figura a seguir foi retirada de um mapa interativo que ilustra o tempo médio de deslocamento
entre a casa e o trabalho dos brasileiros.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
A figura 21 mostra que, na Região Metropolitana de São Paulo, o tempo de deslocamento da casa
para o trabalho varia de 10,2 a 84,8 minutos. Essas informações, segundo Loureiro (2017), servem de
base para o gestor municipal controlar a distribuição dos transportes e intervir no fluxo por meio
de alteração das mãos de direção das ruas, planejamento de vias etc.
Saiba mais
GUEDES, P.; LOUREIRO, B.; MAIA, R. Medida SP. Mapa interativo: tempo
médio de deslocamento. ANTP, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3g24Lrp.
Acesso em: 30 ago. 2021.
Observação
Assim, de acordo com a carga, a descrição de valores das mercadorias e o uso da inteligência
geográfica para identificar as áreas com maior índice de roubos, furtos ou extravio de cargas, foi feita
uma classificação das áreas e a cada uma delas foi estabelecido um grau de risco.
Observação
O setor de segurança privada é constituído por uma ampla variedade de trabalhadores independentes,
por pequenas e grandes empresas que oferecem serviços e materiais de segurança, investigação,
prevenção criminal, manutenção da ordem e paz social, consultoria técnica e design de segurança, entre
outros (NASCIMENTO et al., 2018).
Com o passar do tempo, surgiu uma infinidade de equipamentos de prevenção que complementam
os serviços e os materiais de segurança usados pelas empresas. Esses equipamentos, que em sua maioria
estão associados à TI, são, por exemplo, produtos de segurança eletrônica, blindagem e rastreamento de
veículos (NASCIMENTO et al., 2018).
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
sejam eles patrimoniais ou materiais (WAARD, 1999; OCQUETEAU, 1997 apud NASCIMENTO et al., 2018;
CAETANO; SAMPAIO, 2016; MANDARINI, 2005).
O grau de risco está vinculado a uma escala numérica de 1 a 4, definida pela NR-4, que mostra a
intensidade de exposição a riscos associada a trabalhadores de cada tipo de empresa.
Esse valor, além de indicar a periculosidade da atividade, serve para definir quais obrigações a
empresa deve cumprir a fim de manter sua operação segura. Na classificação, quanto maior o número
que representa o grau de risco, mais perigosa a prática.
Nos transportes o grau de risco depende do local e da atividade de trabalho. A tabela 5 mostra
algumas atividades e o grau de risco a elas associado.
Jorion (2000) apud Padoveze e Bertolucci (2013) classifica os riscos em operacionais (business risk),
estratégicos e financeiros.
Os riscos operacionais são aqueles assumidos voluntariamente, a fim de criar vantagens competitivas
e valorizar a empresa perante seus acionistas (PADOVEZ; BERTOLUCCI, 2013). Eles incluem itens como
inovações tecnológicas, desenhos de produtos e marketing, além de ações relacionadas à diminuição
dos custos operacionais.
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Unidade II
Observação
Por fim, os riscos financeiros estão ligados às perdas dos ativos da empresa, assim como a prejuízos
referentes ao aumento das taxas de juros e às oscilações do câmbio. Vale destacar que os riscos financeiros
são classificados em risco de mercado, risco de crédito, risco de liquidez e risco legal.
Observação
Os riscos operacionais podem ser internos e externos. Os riscos internos acontecem quando há o
envolvimento de algum departamento da organização em uma determinada ação. Os riscos externos
são os associados aos parceiros ou às situações nos limites externos da empresa.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Os riscos operacionais decorrentes de fatores externos são aqueles ligados ao ambiente externo à
empresa e oriundos de pessoas que não pertencem ao quadro de colaboradores, desde a origem até o
destino do transporte.
O ciclo operacional do TRC (transporte rodoviário de carga) inicia no instante em que o embarcador
entrega a mercadoria ao transportador e acaba quando esse último realiza a entrega ao destinatário
(NTC & LOGÍSTICA, 2019).
Moreira e Carvalho (2016) apud Alves, Alves e Alves (2017) citam que a relação comercial estabelecida
entre embarcador e transportador confere ao transportador a total responsabilidade pela aplicação
de medidas que visem à segurança da mercadoria que será movimentada do ponto de origem ao
ponto de destino.
• atua na prevenção;
• mitiga as causas que possam causar perdas ou danos pessoais, materiais, financeiros, ao meio
ambiente e à imagem da empresa;
• envolve planejamento, investimento, tecnologia e busca por solução de problemas mesmo sendo
uma opção estratégica;
• mostra soluções integradas, medidas preventivas e corretivas que envolvem mudanças tecnológicas,
operacionais e comerciais na empresa e em atividades ligadas ao produto;
O objetivo principal da utilização do SGR no TRC é proteger pessoas, materiais, veículos e o meio
envolvido. Um SGR deve prever ações que:
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Unidade II
• garantam que os produtos estarão no lugar certo e na hora adequada, conforme o acordo
determinado, ao menor custo possível;
O SGR tem uma vasta abrangência e deve considerar as estruturas organizacional e operacional de
uma empresa de transporte rodoviário de cargas.
Em função das taxas de criminalidade existentes, para minimizar os impactos das elevadas perdas
a que as empresas vêm sendo submetidas, as seguradoras começaram a exigir que os embarcadores e
transportadores façam uso de uma modalidade de gerenciamento de riscos específica para o transporte
de carga. O objetivo deles é a redução a níveis aceitáveis do total de perdas e avarias de carga.
Mandarini (2005) cita que um plano de prevenção de perdas (lost prevention) estabelece ações para
administrar e/ou reduzir a frequência de danos ou falhas, com o intuito de gerar menores impactos
patrimoniais, financeiros ou de recursos humanos.
• garantia de abastecimento;
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Embora os maiores prejuízos no transporte de carga sejam originados pelo crime de roubo, outros
riscos ou ameaças têm se revelado importantes. Alguns deles incluem a apropriação indevida e os
acidentes (colisões, tombamentos, abalroamentos e deslizamentos de carga).
Lembrete
Pelo fato de as seguradoras terem se especializado na gestão de riscos e ameaças, tais instituições
estão sendo procuradas para o transporte de diversas mercadorias com alto valor e características
visadas por roubos. Essas instituições possuem caminhões blindados com maior capacidade de volume
e peso, dotados de portas traseiras amplas e plataformas hidráulicas que facilitam a carga e a descarga
de mercadorias, uma equipe de vigilantes armados e treinados que acompanha todas as atividades de
um serviço de monitoramento feito por uma central de operações e gestão de riscos.
Observação
Saiba mais
A existência de um SGR não assegura que perigos sejam eliminados nem que acidentes não
aconteçam. É por meio de um programa de prevenção que são estudadas as medidas necessárias para
administrar e/ou reduzir a frequência e abrandar a severidade dos danos causados.
O uso de um SGR proporciona redução sustentável do risco (HEINRICH, 2004). Taylor (1994) apud
Heinrich (2004) cita que a análise de riscos é um processo composto das seguintes 8 etapas:
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Unidade II
• cálculo das consequências dos acidentes, como, por exemplo, danos, ferimentos e fatalidades;
• Operação presença: quando a gestão de riscos é feita por empresas contratadas, trata-se da
instalação de uma célula da gestora de riscos nas dependências da contratante.
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GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• Formação de comboio: diz respeito à formação de uma coluna de marcha composta de veículos
transportadores que possuem o mesmo ponto de partida e destino. A formação de comboios
busca inibir os ataques aos veículos com vistas a subtrair as cargas transportadas.
• Serviço de investigação: é uma atividade preventiva e corretiva que tem por objetivo a
interceptação e a identificação dos envolvidos em práticas criminosas.
Essas ferramentas, muitas vezes, são utilizadas em conjunto, combinando as tecnologias disponíveis
com as normas e os procedimentos adotados para cada operação. Para sua aplicação, é preciso levar em
consideração a estrutura disponível na empresa embarcadora e na transportadora de carga.
Exemplo de aplicação
A Transportadora D’Ouro utiliza o sistema comboio para os caminhões que saem do Porto de Santos
com destino à capital, especialmente durante o trajeto na Via Anchieta. É uma boa atitude?
Resolução
Sabe-se que o trecho de serra da Via Anchieta é uma região onde há grande incidência de assaltos e
a formação de comboios visa à inibição deles com o consequente aumento da segurança da carga e das
pessoas que executam o transporte.
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Unidade II
Um fator a mais de risco é a ocorrência de neblina no trecho de serra, pois ela aumenta o risco de
um acidente rodoviário, o que coloca em risco a segurança das pessoas (que executam o transporte e
de outros veículos) e da carga.
Em geral, os riscos têm sido relacionados aos roubos de cargas, que se tornaram mais comuns a partir
da década de 1980. Por isso, na época, foi criada a taxa adicional de emergência (Ademe), com caráter
provisório, por se acreditar que o aumento dos roubos de cargas seria uma situação passageira. Ocorre
que o número de roubos de carga aumentou (ALVES; ALVES; ALVES, 2017) e, por isso, os transportadores
que, antes, tinham apenas a preocupação de escolher a melhor rota, para que a mercadoria chegasse
ao seu destino no menor prazo possível, passaram a ter que levar em conta outras variáveis, como rotas
alternativas, escoltas e rastreamento, a fim de prevenir e minimizar os riscos.
O SGR no TRC consiste na busca por soluções integradas, com a aplicação de medidas preventivas e
corretivas, que empreguem novas tecnologias e modernas técnicas operacionais e comerciais que visem
ao aumento da segurança (SOUZA, 2006 apud ALVES; ALVES; ALVES, 2017).
A gerência de risco no contexto do software é considerada uma atividade contínua que deve ser
executada durante todo o ciclo de vida de uma empresa (SANDERS; WANGENHEIM, 2006).
104
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Observação
Segundo Figueira e Nohara (2016), as mercadorias com mais facilidade de venda e lucratividade
no mercado paralelo são as mais roubadas. Entre elas, destacam-se: produtos eletroeletrônicos, itens
alimentícios, cargas fracionadas, produtos farmacêuticos, têxteis, metalúrgicos, autopeças, produtos
químicos, cigarros/fumo, combustíveis, bebidas, cosméticos e artigos agrícolas.
Para que o deslocamento de produtos seja efetuado pelo TRC, são necessárias as seguintes atividades:
• preparação do veículo;
• definição de rotas;
• carregamento;
• monitoramento do veículo/frota;
• descarregamento.
Os custos do transporte e o risco dependem do tipo de operação a ser feita no transporte. Basicamente,
existem dois tipos de operação: a de transferência e a de distribuição.
105
Unidade II
O risco envolvido nas operações de transferência está vinculado, principalmente, ao tipo de mercadoria
transportada e aos locais de carregamento e descarregamento. Nas operações de distribuição, além do
local de carregamento e dos locais de descarregamento, existem os riscos devidos ao grande número
de paradas, de pessoas envolvidas etc. No quadro a seguir estão listadas as atividades no transporte nas
operações de transferência e de distribuição e as características de cada operação.
Transferência Distribuição
Distância entre o centro de distribuição e o bolsão de entrega e
Distância entre origem e destino divisão da região a ser atendida em zonas ou bolsões de entrega
Velocidade operacional Velocidades operacionais médias
Tempo de carga/descarga Tempo de parada em cada cliente
Tempo porta a porta Tempo de ciclo (para completar um roteiro e voltar ao depósito)
Quantidade ou volume de carregamento Frequência das visitas às lojas
Disponibilidade de carga de retorno Quantidade de mercadoria
Densidade da carga Densidade da carga
Dimensões e morfologia das unidades Dimensões e morfologia das unidades transportadas
transportadas
Valor unitário Valor unitário
Acondicionamento Acondicionamento
Grau de fragilidade Grau de fragilidade
Grau de periculosidade Grau de periculosidade
Compatibilidade entre produtos de natureza Compatibilidade entre produtos de natureza diversa
diversa
Custo global Custo global
Exemplo de aplicação
A empresa Guarda Tudo irá fazer a distribuição de celulares para as lojas de venda na região central
da capital paulista. Como o transporte se refere a um único tipo de produto, com risco de grau 4, por
causa de seu alto valor e pelo fato de ser lançamento, há a necessidade de um carro de apoio para
106
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
acompanhar a carga, bem como o gerenciamento de riscos de toda a operação de descarga. Uma vez
que a principal característica da operação é a entrega de pouca quantidade, em vários pontos de venda,
o tempo de descarga deve ser o menor possível.
Com relação ao tempo de transporte, são 40 minutos na ida e 40 minutos na volta, gastos no
percurso entre o ponto de distribuição e o bolsão de entregas (centro da capital paulista), e serão usados
15 minutos para a entrega em cada um dos 5 clientes que receberão as encomendas.
Como pode ser feito o controle da operação?
Análise da situação
Nesse caso, o controle da operação pode ser feito pelo tempo esperado em cada fase da operação.
Para que a operação tenha sucesso, é interessante que os ajustes de tempos sejam realizados a cada
etapa e sejam anotados os motivos das não conformidades com o planejado.
Finda a operação, a empresa emitirá um relatório de prestação de serviço com os dados das entregas
em cada cliente. A análise do relatório e as conclusões obtidas a partir dela servirão de insumos para a
tomada de decisão a operações futuras de mesma natureza.
107
Unidade II
Como pôde ser visto no quadro anterior, a escolha e a preparação do veículo estão muito
relacionadas com o carregamento e o descarregamento, pois várias informações sobre as atividades
envolvidas são interligadas. A escolha do motorista acontece de acordo com a rota definida. O tempo
de porta a porta e de carga/descarga são importantes para identificar o melhor sistema de informação
a ser levado em consideração.
Uma maneira de minimizar os riscos de operação é manter os registros das operações anteriores
atualizados, isto é, o banco de dados do sistema de informação precisa estar atualizado. Esse banco
deve conter informações atualizadas sobre locais de carregamento e descarregamento, cadastro de
clientes, horários de entrega, cadastro histórico dos riscos geográficos, cadastro histórico dos produtos
transportados e outros dados que sejam úteis como parâmetros para análises operacionais.
Isso significa que é possível, também, reduzir os riscos por ações que atuem sobre elementos que
podem não estar diretamente ligados às operações. O quadro 10 apresenta essas ações e alguns de
seus efeitos.
Ações Efeito
Reduzir riscos por meio de projeto
Controle da engenharia Diminuir riscos por meio de seleção ou substituição de materiais
Avaliar quando a técnica é economicamente viável
Reduzir riscos por meio de medidas que podem consistir em provisões de alarmes,
marcações, cartazes, sinalizações e avisos adequados
Controles administrativos Estabelecer normas, programas, instruções e procedimentos padronizados
Treinar pessoal na identificação dos perigos e da adoção de medidas de precaução
Limitar a exposição de determinado perigo
Identificar o equipamento que atua como barreira entre o indivíduo e um
Equipamentos de proteção determinado perigo
individual
Associar EPI e EPC de acordo com o risco identificado
108
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Observação
EPI refere-se aos equipamentos de proteção individual, como capacetes,
luvas e óculos, entre outros.
EPC indica os equipamentos de proteção coletiva, como áreas com
acesso restrito, redes de proteção, cartazes identificadores de riscos,
extintores de incêndio e chuveiros de segurança, entre outros.
Exemplo de aplicação
Uma transportadora fez a transferência de mercadorias da sede da empresa em São Paulo para
uma nova filial em Rondônia. Pelo fato de os transportadores chegarem tarde ao local de destino,
a recomendação era dormir em um hotel específico e na primeira hora, antes do horário comercial,
realizar o desembarque de todas as mercadorias. Durante o descanso noturno dos motoristas ocorreu o
furto da mercadoria, fato que foi comunicado à transportadora. Ela acionou a seguradora e informou
ao dono da carga.
A seguradora do transporte cobriu apenas as perdas das mercadorias que tinham notas fiscais em
poder do motorista, no valor de R$ 12.000,00, não ressarcindo outros itens descritos pelo dono da carga,
no valor de R$ 46.876,43.
Processo judicial publicado no Diário Oficial de Rondônia do dia 11 de maio de 2020 sobre o pedido
de indenização de mercadoria em relação à transportadora, para cobrir os demais valores descritos
no contrato de transporte terrestre de mercadoria. No processo (DJRO, 2020), constava a descrição da
responsabilidade do transportador de acordo com o art. 102 do Código Comercial, Lei n. 556 de 25 de
junho de 1850. Trata-se de uma descrição objetiva, ou seja, em que se responde independentemente
da culpa pelo evento danoso, contudo, põe-se a salvo a perda por vício próprio, força maior ou caso
fortuito. Analisando a questão que está disponível com mais detalhes no processo, alguns itens chamam
a atenção, conforme indicados a seguir.
• A transportadora não contratou escolta armada, apesar de o requerente alegar (mas não provou
que contratou o referido serviço).
Apesar de a transportadora ser responsável por ações de terceiros, a seguradora não a responsabilizou
pela ocorrência de o motorista sair da rota nem de não possuir GRIS, pois a empresa declarou mercadorias
diversas e cobriu o valor da carga que foi comprovada por meio de notas fiscais.
O pedido de indenização por danos materiais do processo foi impugnado com a alegação de não
estarem devidamente comprovadas nos autos, em especial o valor das mercadorias no importe de
R$ 46.876,43, por ausência de nota fiscal, uma vez que parte delas pode ser proveniente de contrabando e
foram agrupadas pela requerente, com outras mercadorias, no intuito de fraudar o fisco e a requerida.
No mérito, houve improcedência dos pedidos, condenando os requerentes ao ônus de sucumbência.
Análise da situação
Está claro que algumas orientações não foram seguidas pelos motoristas. Essa infração está explícita
nos autos. Outro problema está na ausência da escolta armada, que deveria ser contratada pela
transportadora.
O principal problema está na documentação que acompanhava a mercadoria e que não retratava
com fidelidade o conteúdo transportado.
Como resultado, embora a companhia de seguros tenha ressarcido o dono da mercadoria com os
valores especificados na nota fiscal, houve o prejuízo institucional da transportadora, pelos fatos de
não contratar a escolta armada, de o motorista ter dormido em local diferente do especificado pela
seguradora e de o dono da mercadoria não declarar nos documentos o conteúdo real transportado.
A Lei do Código Comercial (Lei n. 556, art. 102 de 1850) ainda está vigente em alguns contratos de
transportes, mas foi revogada e substituída pela Lei do Código Civil (Lei n. 10.406, art. 149 de 2002).
A Lei do Código do Transporte Rodoviário de Carga (Lei n. 11.442, art. 6-8 de 2007) diz o que segue.
110
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Embora a Lei n. 556, art. 102, de 1850, tenha sido revogada, ela continua sendo aplicada em alguns
contratos de transporte de carga, como foi apresentado no exemplo, em um processo de 2020. Quando
ocorre a reclamação em autos, ela é analisada pela legislação vigente.
Atualmente, “no caso de dano ou avaria, será assegurado às partes interessadas o direito de vistoria,
de acordo com a legislação aplicável, sem prejuízo da observância das cláusulas do contrato de seguro,
quando houver” (BRASIL, 2007). Desobrigou-se o transportador de indenizar o contratante pelo fato
de ele não estar munido de todas as notas fiscais da carga, ferindo o art. 6 da mesma legislação, pois
o contratado tem que estar ciente da carga que está transportando e assim fazer a gestão de riscos
cabíveis durante o trajeto.
Saiba mais
A eliminação do risco deve acontecer quando a exposição a ele faz com que o negócio perca as
oportunidades de lucro e, consequentemente, a possibilidade de atingir seus objetivos.
A mitigação do risco, conforme Marshall (2002) apud Hori (2003), significa reduzir o risco até um
nível aceitável para a organização. Segundo Vaughan (1997) apud Hori (2003), isso pode ser feito por
111
Unidade II
meio da prevenção contra perdas, reduzindo-se o impacto e a probabilidade de ocorrência. São exemplos
de meios para a atenuação do risco: brigada de incêndio, segurança física e patrimonial, sistemas de
alarmes, GRIS e outros.
Observação
GRIS é uma taxa de gerenciamento de risco, cobrada sobre o valor da
mercadoria, que tem o objetivo de cobrir o custo do seguro enquanto ela
estiver sob a responsabilidade da transportadora.
Outra forma de mitigar o risco é diluí-lo em grandes volumes, desde que se tenha um bom controle
sobre as probabilidades de ocorrência. Por exemplo, uma seguradora pode assumir a possibilidade de
perda da exposição de um lote de carga e, ainda assim, não afetar sua rentabilidade.
A retenção do risco é aquela em que o risco existe e ninguém faz nada a respeito. Existem quatro
tipos de retenção de risco: a consciente, a inconsciente, a voluntária e a involuntária, conforme
detalhado a seguir.
• Retenção consciente: é aquela em que a organização identifica o risco, mas não toma nenhuma
atitude em relação a ele.
• Retenção inconsciente: é aquela em que a instituição não consegue identificar o risco.
• Retenção voluntária: é aquela em que a empresa identifica o risco, sabe que é possível evitá-lo,
mitigá-lo ou transferi-lo, mas prefere nada fazer, assumindo os possíveis prejuízos e as demais
consequências.
• Retenção involuntária: é aquela em que a companhia retém o risco inconscientemente ou
quando ele não pode ser evitado, mitigado ou transferido.
A retenção do risco é um método legítimo e, em muitos casos, a melhor solução. De forma genérica,
podem ser retidos os riscos que representem perda relativamente insignificante para a organização.
A transferência do risco deve ser feita quando o seu tomador não pode arcar com ele; nessa situação,
transfere-o para outro que seja capaz de fazê-lo. A transferência de risco serve tanto para riscos especulativos
quanto para riscos puros. O exemplo apresentado no subtítulo anterior é uma situação desse tipo de risco.
Nele, o transportador alega não possuir bens para cobrir a carga roubada e transferiu o ônus do risco ao
contratante, que não apresentou todas as notas fiscais da carga para ser indenizado pela seguradora.
O melhor exemplo de transferência de risco puro é a realização do seguro de algum bem patrimonial.
Nesses casos, o ônus do risco é transferido para a seguradora.
Com relação à divisão do risco, essa é uma situação em que existem transferência e retenção. Quando
o risco é dividido, a possibilidade de perda é passada de um indivíduo para um grupo, que de certa forma
retém tal risco.
112
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
7 SEGURANÇA CORPORATIVA
A segurança corporativa abrange toda a instituição, sob quaisquer aspectos, sejam eles humanos,
materiais, tecnológicos, informacionais, administrativos ou financeiros. Ela é composta de segurança
empresarial e governança corporativa.
Na figura a seguir, está representada a ação da segurança corporativa (SCorp) em uma organização.
Segurança dos
planejamentos
Recursos humanos
Segurança dos
insumos
Segurança da
gestão das pessoas
Por meio da figura anterior, é possível observar que a segurança corporativa deve propiciar segurança
para as áreas e os processos da empresa.
113
Unidade II
O controle das áreas e das instalações da companhia utiliza o Sistema de Gestão da Segurança
das Áreas e Instalações (SGAI). A segurança da administração dos processos depende do Sistema de
Segurança das Operações (SSO), do Sistema de Segurança dos Planejamentos (SSP) e da Segurança
dos Insumos (ERP). O sistema de controle de acesso das pessoas necessita do Sistema de Segurança da
Gestão de Pessoas (SGP).
Devemos destacar que o objetivo principal das corporações especializadas em segurança corporativa
é resguardar a integridade das pessoas, das informações, dos ativos físicos e financeiros e da imagem da
empresa. Caetano e Sampaio (2016) citam que, no processo de gestão de segurança, devem ser levados
em consideração os itens a seguir.
• Valores da empresa, que são os “objetos” da proteção: representam tudo o que deve ser
protegido para assegurar a continuidade dos negócios e contribuir com o resultado financeiro
da companhia.
• Imagem da empresa: qualquer vinculação do nome da instituição e/ou de seus funcionários com
fatos ou notícias de caráter negativo que possam provocar sérios danos à instituição (trata-se de
um ativo intangível) necessita de mecanismos eficientes de proteção.
• Informações: merecem alto nível de proteção, pois a perda delas é capaz de gerar prejuízos
incalculáveis às organizações. Podem ser citados como exemplos de informações cujo vazamento
geram, direta ou indiretamente, transtornos às instituições: os dados pessoais de funcionários
e clientes, as informações sigilosas sobre clientes, os assuntos estratégicos (projetos, negócios,
valores e plano de segurança), as rotinas de serviços e as funções específicas de colaboradores.
O sistema de Segurança das Áreas e Instalações (SGAI) é utilizado pela SCorp para o monitoramento
da empresa por meio do gerenciamento das instalações e das áreas físicas da corporação. Ele está
integrado à Segurança da Gestão de Pessoas (SGP).
• a escolha da localização;
114
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Após as análises indicadas anteriormente, devem ser feitos estudos sobre os aspectos econômicos
envolvidos e a legislação local para verificação da viabilidade da instalação.
Exemplo de aplicação
Análise do exemplo
Para a transportadora de valores, vários clientes próximos entre si permitem que o transporte seja
otimizado, já que é possível fazer o transporte para mais do que um cliente por um único veículo.
115
Unidade II
Em alguns casos, dependendo do mercado, torna-se necessária a existência de mais de uma unidade
de instalação da empresa transportadora. Isso evita que o tempo e os custos relacionados à prestação
do serviço se tornem fatores limitadores ao sucesso do negócio.
Além disso, no entorno do local escolhido, deve existir a infraestrutura necessária para que a operação
da transportadora ocorra sem problemas. Algumas das características da infraestrutura do entorno são:
De acordo com o item V do art. 20, da Subseção I, da Seção II, da Portaria n. 3.233, que trata dos
requisitos de autorização do transporte de valores, a empresa transportadora de valores deve atender
ao que segue.
116
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Art. 22º Além do disposto no art. 7º, as outras instalações das empresas
transportadoras de valores poderão guardar em seu interior, em local seguro,
até dois veículos especiais com seu respectivo armamento (BRASIL, 2012).
Com relação à legislação local, é importante checar se o imóvel pretendido se encontra em situação
legal com a prefeitura. Devemos verificar se:
• as atividades a serem desenvolvidas no local respeitam o plano diretor e a Lei de Uso e Ocupação
do Solo do município;
• o que é determinado pela legislação local acerca do licenciamento de placas de identificação está
sendo seguido.
Chopra e Meindl (2011) sugerem que a decisão do local de instalação da empresa passa pelo papel
que as instalações exercerão na operação e pela capacidade de armazenamento necessária.
Com relação à capacidade de armazenamento, as instalações podem ser classificadas em dois tipos:
as de capacidade flexível e as de capacidade dedicada.
117
Unidade II
Uma instalação de capacidade flexível pode ser usada para muitos tipos de produtos. Normalmente,
são menos eficientes e usadas por empresas que não estocam carga.
Já uma instalação com capacidade dedicada foi projetada para um número limitado de tipos de
produtos. Trata-se de instalações de alta eficiência.
Existe, também, um tipo de instalação que pode ser considerado como híbrido entre os dois anteriores.
Ela é classificada como instalação com capacidade flexível e dedicada. O armazenamento em instalações
com capacidade flexível e dedicada é destinado a um número limitado de produtos cujos volumes de
estocagem são predeterminados.
Observação
Uma instalação que tem alta taxa de ocupação é inflexível se não responde de maneira adequada ao
aumento de demanda em determinadas épocas do ano. Nessa situação, há a necessidade de terceirização
de serviços que poderiam ser prestados pela empresa.
Para os distribuidores, é preciso tomar a seguinte decisão: as instalações serão próprias ou alugadas
e o produto transportado será item em trânsito ou passível de estocagem. Apenas depois de decidir o
tipo de funcionamento da empresa é que a definição acerca da localização deve ser feita.
Exemplo de aplicação
Outro fator a ser considerado na escolha do local de instalação da empresa refere-se à forma de
operação. Em uma corporação em que existe a centralização das operações, ocorre a economia de escala
e pode existir lentidão nas respostas às demandas de serviço.
118
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
A descentralização de operações pode oferecer uma resposta rápida ao cliente, mas ela implica custo
maior quando comparada à operação centralizada.
Os itens a serem analisados para a decisão da localização das instalações estão listados no
quadro a seguir.
Tempo de fluxo Tempo médio real em todas as etapas de armazenagem até a saída da
unidade para determinado tipo de produto
Eficiência de fluxo de Diferença entre o fluxo real e o tempo de fluxo teórico, isto quer dizer o
tempo tempo de fluxo lançado no sistema
Roubos, perdas ou avarias Fração do número do que foi entregue menos as devolutivas pelo total
de pedidos
Tamanho médio de lote Mede a quantidade média de operação por determinado tempo de
processamento
Nível de serviço de Refere-se à porcentagem de atendimentos realizados no tempo
produção esperado, tanto de ordens de operação (OP) quanto de serviços (OS)
O dilema responsividade versus eficiência, enfrentado por alguns gestores na tomada de decisão do
gerenciamento das instalações, ocorre em função dos custos, da capacidade, do tipo de instalação,
da segurança do local, do acesso ao local e da satisfação dos clientes.
Sabemos que os bens patrimoniais fixos devem ser priorizados no contexto do gerenciamento
de riscos, e, como dedução lógica, quanto mais importante ou sensível for determinada área, maior
deve ser a atenção em relação a ela. Preservar o bem da empresa engloba ainda cuidar de todas as
pessoas envolvidas.
119
Unidade II
Em uma transportadora, nas instalações e áreas da empresa, podemos visualizar, como regra geral,
os seguintes alvos a proteger:
• as instalações e as edificações;
• a sede;
• os armazéns;
Ainda com relação às questões da proteção, existem setores da companhia considerados sensíveis
e restritos. São departamentos que requerem proteção, por exemplo, o setor financeiro, a central de
informática e a central de comunicações.
Devido à questão cultural de cada empresa, as formas e os setores a serem protegidos devem ser
selecionados por meio da decisão da diretoria e de seus colaboradores.
Uma das melhores maneiras existentes para a execução de uma proteção é a prevenção. Com relação
às instalações, a prevenção atua para:
• as barreiras estruturais, como muros, cercas, trancas, cadeados, portaria e guarita que existem
na empresa;
Lembre-se de que toda e qualquer segurança a ser adotada por uma instituição deve levar em
consideração:
• a questão custo-benefício;
• o fator de investimento;
Muitas vezes, a questão de segurança em massa cria um sentimento de preocupação para as pessoas
que visitam e trabalham na instituição. Logo, é necessário que ela aconteça de forma bem discreta.
Para Mandarini (2005), a segurança corporativa desenvolve-se com base na previsão de medidas e
nos procedimentos necessários que envolvem os níveis de planejamento, apresentados a seguir.
• Nível departamental ou tático: relacionado à otimização dos recursos estabelecidos pelos níveis
intermediários que decidem os meios necessários para a implantação do sistema de segurança
integrado; ele detalha condições, prazos e responsabilidades.
• Nível executivo ou técnico: trata da descrição técnica e detalhada do sistema integrado, assim
como dos equipamentos, da manutenção, das instalações e das equipes de reparo e operação.
121
Unidade II
Saiba mais
Transação comercial/
Estratégico Alto nível Longo tempo de Poucos detalhes de operacional altamente
organizacional resposta baixa complexidade detalhado
É possível observar que, quanto maior o tempo de resposta, menores são os detalhes, o que não quer
dizer que a informação não seja complexa. De modo inverso, isso se aplica ao baixo nível organizacional
no qual muitos detalhes devem ser disponibilizados, em um curto tempo de resposta, facilitando as
medidas de segurança envolvidas na atividade que em geral, nesse nível, referem-se às operações
diretamente relacionadas ao transporte da carga.
Nas empresas, o departamento de Recursos Humanos (RH) atua na gestão das pessoas que trabalham
na organização. Ele tem papel essencial no que tange à questão do gerenciamento de risco, pois é a
primeira instância da relação entre a empresa e seus colaboradores.
122
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Na contratação da função de carreteiro, fora o próprio condutor, deve existir atenção especial à
análise do veículo que estará envolvido na atividade profissional. Com relação ao automóvel, é necessário
observar a situação legal, o histórico de multas etc.
Observação
No que diz respeito ao comportamento geral das pessoas, o RH deve envidar esforços para que
o corpo de funcionários fique permanentemente alerta quanto aos riscos potenciais que a atividade
oferece e à conduta adequada a cada situação. Ou seja, ele precisa criar um sistema contínuo de
segurança corporativa, com treinamentos, palestras e outras formas para conscientizar os colaboradores
da empresa de que a situação de risco poderá acontecer para qualquer pessoa envolvida no processo a
qualquer momento.
123
Unidade II
Saiba mais
Mandarini (2005) cita que a formação militar ou policial auxilia na habilitação técnica do
profissional de segurança, mas ela não é obrigatória. Diz, também, que os cursos de reciclagem
e de atualização de pessoal, em razão da evolução técnica, operacional e material, esbarram nos
elevados níveis de investimentos que a empresa deve fazer.
A seleção de pessoal para as empresas de transporte de valores, segundo Heinrich (2004), deve ser
constituída de quatro etapas:
• pré-seleção;
• análise de antecedentes;
• treinamento de integração.
Cada etapa deve apresentar um filtro de escolha, de maneira a permitir que prossigam no processo
de seleção apenas os candidatos aprovados anteriormente.
124
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Etapas mal estruturadas e mal conduzidas podem levar a empresa a contratar pessoas inabilitadas
para a função. O quadro 13 apresenta as etapas de seleção, as funções de cada uma delas no processo
seletivo, as falhas que podem ocorrer e os efeitos desses equívocos.
Efeito em outras
Identificação Função Modos de falha unidades do Efeito no sistema
sistema
Análise curricular Análise incorreta (quando Pode permitir
verificando a o currículo do candidato a aprovação
Pré-seleção experiência na contém informações de candidatos
atividade, estabilidade incorretas) ou incompleta incapacitados para
em outros empregos e pouco exigente o cargo
Testes psicológicos e Pode permitir
Análise incorreta (quando
Análise psicológica e situacionais, análise do a aprovação de
o candidato simula um A empresa pode
perfil comportamental candidatos que não
entrevista comportamento a fim de estar admitindo um
e análise de se enquadram no
garantir a vaga) funcionário não idôneo
desempenho perfil da empresa
que terá informações
Verificação, pela importantes a respeito
seguradora, de de rotas e valores de
Não detectar
antecedentes cargas, comprometendo
Análise de Verificação incorreta ou situações financeiras
criminais, situação assim a segurança da
antecedentes incompleta ou antecedentes
financeira, situação no operação de transporte
comprometedores
Serasa, sindicância em
empregos anteriores
Treinar o motorista
quanto a informações Falta de integração
Treinamento de Treinamento incompleto
administrativas, do motorista com os
integração ou malfeito
comportamentais e objetivos da empresa
operacionais
Heinrich (2004) deixa claro que modos de falha na admissão de pessoal de operação são percebidos
no transporte como um todo e estão relacionados com a ocorrência de roubos e acidentes envolvendo
veículos da empresa.
Exemplo de aplicação
Uma empresa de transporte de valores ganhou uma licitação pública e precisa ampliar sua frota em
2 veículos, que devem ser operados por 5 profissionais cada. A corporação resolveu fazer uma seleção
de candidatos de fora da companhia para aumentar seu quadro de funcionários.
Foi decidido, então, que a seleção será interna, pois todos os funcionários da empresa já passaram
pela fase de análise de antecedentes. Aos interessados e selecionados será oferecido um treinamento
completo para a função, e a eles será ofertada uma compensação financeira pela mudança de
função na empresa.
Análise da situação
Observando as etapas constantes do quadro 13, verificamos que a primeira fase da seleção impediu
que fosse deflagrado um processo, que muitas vezes pode ser longo e dispendioso, cujas chances de
sucesso eram baixas.
A mudança para a seleção interna permitiu que fossem eliminadas as três primeiras etapas do
processo de seleção, possibilitando, assim, que os recursos destinados a elas fossem incorporados à fase
de treinamento. Com isso, a empresa tem em seu quadro pessoas que conhecem o funcionamento da
companhia e que podem contribuir com o crescimento da operação.
Cabe ao RH orientar e informar sobre os direitos e os deveres citados vinculados aos seguintes itens:
• remuneração e salário;
• EPI;
• insalubridade e periculosidade.
126
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Para Mesquita (2018), um sistema de informação tem como elemento fundamental a informação
e, por isso, sua finalidade é tratar, armazenar e fornecer dados que apoiem os processos e funções
realizados na empresa e que subsidiem as decisões tomadas nos processos gerenciais.
O sistema de informação de uma empresa corresponde aos suportes disponíveis para armazenagem
de dados e aos meios de enviá-los aos destinatários. Podemos dizer que ele é composto de documentos
comuns da empresa, sistemas digitais e meios de comunicação e de transmissão da informação usados
pela companhia.
Em muitas empresas, existem verdadeiros espiões que passam informações para pessoas de fora da
companhia. Assim como em qualquer situação de risco, a prevenção é a maior aliada para evitar que
problemas aconteçam.
• proteger os dados contra ações imprevistas ou imprevisíveis como, por exemplo, fenômenos
naturais e acidentes;
O sigilo das informações depende do tipo de dados e da atividade da instituição. Assim, em função
da informação e da atividade, as informações foram classificadas em 5 níveis de sigilo: ultrassecreto,
secreto, confidencial, reservado e ostensivo.
O quadro 14 a seguir apresenta os níveis de sigilo e as características das informações de cada etapa.
127
Unidade II
Níveis de
classificação Característica da classificação sigilosa
sigilosa
Assuntos que requeiram excepcionais medidas de segurança e cujo teor só deva ser do
Ultrassecreto conhecimento de pessoas intimamente ligadas ao seu assunto ou manuseio
Assuntos que requeiram elevadas medidas de segurança e cujo teor possa ser do conhecimento
Secreto de pessoas que, sem estarem intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio, sejam
autorizadas a tomar conhecimento por necessidades funcionais
Assuntos que requeiram medianas medidas de segurança e cujo conhecimento do teor
Confidencial por pessoas não autorizadas possa ser prejudicial para os interesses da instituição ou criar
embaraços
Assuntos que requeiram medidas de segurança rotineiras e que não devam ser do conhecimento
Reservado do público em geral
Assuntos que não requeiram medidas de segurança e cujo teor possa ser do conhecimento
Ostensivo do público em geral. Os suportes cujos conteúdos sejam considerados ostensivos dispensam a
marcação da classificação em seu corpo
Os dados a serem protegidos pela segurança corporativa são os documentos em papel ou em meio
digital, as informações digitais e os meios de comunicação.
O papel tem um ciclo de vida curto por ser de fácil destruição. Ele pode ser utilizado para informações
que devem ser transmitidas com urgência, sem deixar rastro, e que, na sequência, sejam destruídas. Esse
tipo de informação, normalmente, é classificado como secreto ou ultrassecreto.
As pessoas que manuseiam tal tipo de documento devem assinar um termo de responsabilidade da
guarda da informação e do conhecimento sobre a proibição de sua reprodução e de repasse.
Observação
Para Hori (2003), as medidas de proteção a serem adotadas para os meios de transmissão de
dados passam:
128
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Segundo Mandarini (2005), o conteúdo das mensagens enviadas pode ser salvaguardado por
criptografia e através da escolha do veículo de comunicação mais adequado ao tipo de mensagem de
informações internas.
Observação
Saiba mais
Stallings (2008) cita que as medidas de segurança necessárias à proteção dos sistemas de informação
são sustentadas por três pilares:
Mandarini (2005) sugere que o nível de sigilo deve ser identificado por quem emite a informação,
sendo ele o responsável pela estrutura do conteúdo e pela forma de compartilhamento. Ainda, segundo o
autor, a estrutura do documento precisa ter classificação do sigilo, da numeração sequencial, do cabeçalho
e do texto com o conteúdo, do teor do documento ou do suporte do desenvolvimento do assunto.
Saiba mais
129
Unidade II
Atualmente, para que as empresas transportadoras de valores possam trabalhar com eficiência e
eficácia, é necessário que elas estejam apoiadas na disponibilidade da informação correta e no controle
das atividades do modal de transporte utilizado. A complexidade e a escala do transporte tornam a TI
área de excelência. O uso de software para a determinação de rotas tem sido a aplicação mais comum
(e importante) nas transportadoras de valores.
Chopra e Meindl (2011) informam que os dados de entrada dos softwares de gerenciamento de
transporte são a localização dos clientes, o tamanho da remessa, o tempo de entrega desejado, as
informações sobre a infraestrutura de transporte (como distâncias entre pontos) e a capacidade do veículo.
Uma comunicação eficiente entre os motoristas e a empresa de transporte é fator de sucesso para as
transportadoras de valores. Isso torna a segurança das telecomunicações muito importante para que
as operações ocorram de maneira segura.
• Segurança dos componentes: que trata da segurança dos diversos itens que participam ou
emanam das transmissões.
130
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• Da escolha do local de instalação: que deve evitar a ação das intempéries (chuva, vento e poeira)
ou das condições que prejudiquem o desempenho e possibilitem o implemento dos controles
desejáveis, como acesso, utilização, manutenção e monitoramento.
Observação
Os graus de sigilo de informação, criticidade, gestão de área e precedência devem ser atribuídos por
quem os produz.
Observação
131
Unidade II
• U – Urgente: atribuída aos conhecimentos que devem ser transmitidos tão logo considerados
oportunos em um curto tempo.
Com relação ao aspecto de sigilo das operações de uma empresa, a segurança das instalações deve
classificá-lo em função das necessidades de segurança e propiciar que os locais sejam acessados apenas
pelas pessoas autorizadas.
Segurança
periférica
Segurança
rotineira
Segurança
mediana
Segurança
elevada
Segurança
excepcional
No modelo dos círculos concêntricos, também conhecido como teoria dos círculos concêntricos,
constam as seguintes gradações acerca da segurança:
132
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• A segurança rotineira refere-se aos locais com baixa sensibilidade, cujo acesso é restrito a pessoas
de trato funcional ou de negócios com atividades envolvidas no ambiente que não são tratados
como sendo de conhecimento de domínio público. Normalmente, exige credencial de reservado.
Empregando essa teoria e a disciplina da ordem de comunicação, identifica-se que uma pessoa
que invade a área excepcional tem uma UU a ser encaminhada aos departamentos de controle. Diante
disso, as áreas devem ser separadas por cores, em que cada uma delas representa o grau de controle que
precisa ser feito no local.
São usadas cinco cores para identificar o grau de controle, conforme segue.
Quadro 15
Segurança excepcional: utilizada para acesso gravíssimo restrito. Toda pessoa não
Vermelha autorizada deverá ter a criticidade da operação em 5 graus, o que quer dizer que o sistema
de comunicação terá de ser UU (Ultra Urgentíssimo), identificando que se trata de uma causa
gravíssima que traz danos às pessoas, aos equipamentos ou ao meio ambiente
Segurança elevada: utilizada para acesso grave restrito. Toda pessoa não autorizada deverá ter
Laranja a criticidade da operação em 4 graus, o que quer dizer que o sistema de comunicação terá de
ser U (Urgentíssimo), identificando que se trata de uma causa grave que traz danos às pessoas,
aos equipamentos ou ao meio ambiente
Segurança mediana: utilizada para acesso médio restrito. Toda pessoa não autorizada deverá
Amarela ter a criticidade da operação em 3 graus, o que quer dizer que o sistema de comunicação terá
de ser P (Prioridade), identificando que se trata de uma causa grave média que traz prioridades
ao processo operacional, à instituição, às pessoas, aos equipamentos ou ao meio ambiente
Segurança rotineira: utilizada para acesso de leves danos. Toda pessoa não autorizada deverá
Azul ter a criticidade da operação em 2 graus, o que quer dizer que o sistema de comunicação
terá de ser R (Rotineiro), identificando que se trata de uma causa leve ao processo rotineiro
operacional que traz danos às pessoas, aos equipamentos ou ao meio ambiente
Segurança periférica: utilizada para acesso de leves danos. Toda pessoa não autorizada deverá
ter a criticidade da operação em 1 grau, o que quer dizer que o sistema de comunicação terá
Verde de ser P (Periférica), identificando que a área ou a pessoa não dificultam o processo operacional
da instituição. Trata-se de local utilizado para concentração de visitantes e de pessoas não
integradas às operações da instituição, aos equipamentos ou ao meio ambiente
133
Unidade II
A figura 24 mostra a inter-relação da teoria dos círculos concêntricos com o grau de controle da
área de acesso.
Segurança
periférica
Segurança
rotineira
Segurança
mediana
Segurança
elevada
Segurança
excepcional
A atribuição numérica e de cor sugerida a cada nível permite que o aspecto visual auxilie a
comunicação entre os profissionais da área de segurança e favoreça as análises rápidas e eficientes,
fazendo com que seja possível priorizar procedimentos e medidas para a dar solução de continuidade à
irregularidade ou à interrupção de uma operação.
Cor de
Sistema de Criticidade identificação
SGAI Periculosidade Sensibilidade de fato da
comunicação operação do evento
Pessoa, equipamentos
Área de visitantes que não
Segurança e área não integrados Verde
Não necessita causa danos a pessoas 1
periférica às operações da
e/ou meio ambiente instituição
Área, pessoas ou
Áreas, pessoas ou equipamentos que
equipamentos que estão
Segurança causam leves danos à Azul
R – Rotineiro em operação de rotina na 2
rotineira instituição e estão em
instituição e causam leves operação de rotina na
danos à empresa companhia
Pessoas, áreas ou
Área, pessoa ou equipamentos que
Segurança equipamento que causa Amarelo
P – Prioridade médios causam média 3
mediana danos a pessoas ou dificuldade ao processo
empresa operacional da empresa
134
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Cor de
Sistema de Criticidade identificação
SGAI Periculosidade Sensibilidade de fato da
comunicação operação do evento
Exemplo de aplicação
O retorno aos jogos sem a presença de torcedores no estádio em meio à pandemia do novo coronavírus,
após 4 meses de suspensão, com a partida entre Corinthians e Palmeiras, no dia 22/07/2020, trouxe
a necessidade da implantação do controle de acesso ao estádio pela SCorp, pois o comparecimento
dos torcedores e a ocorrência de aglomeração estavam proibidos pelo Ministério da Saúde Pública,
conforme o Uol (2020).
Foi montado o modelo da figura a seguir, que relacionou a teoria dos círculos concêntricos com o
grau de controle da área de acesso.
Figura 25 – Ilustração da explicação aplicada sobre o controle de acesso de identificação por cor de
acordo com o grau de criticidade
Nesse exemplo, o SCorp do estádio classificou as áreas de risco e implantou controles de acesso
mediante a capacidade do local, que ficou da forma mostrada a seguir.
135
Unidade II
• A área azul foi determinada aos jogadores em campo e no vestiário. Foi considerada área com
atividade de rotina, pois os jogadores e os técnicos estão em operação e normalmente ninguém
possui acesso a esses espaços durante o jogo.
• A área vermelha foi destinada às áreas de controles de manutenção e imprensa. Nelas, estão
localizadas as instalações da imprensa e de telecomunicações. A área recebeu tal grau de criticidade
pois somente pessoas envolvidas nas operações de imprensa e da manutenção poderiam circular
no ambiente. Outro fator é que esses indivíduos possuíam acessos limitados e apenas poderiam
circular nas demais dependências com autorização prévia.
• A área laranja (arquibancadas), destinada ao público, estava vazia. Qualquer acesso seria de grau
de urgência, pois deveria ser autorizado pelas autoridades públicas.
• A área amarela foi destinada à Polícia Militar, que controlou o acesso ao estádio.
• A área verde foi destinada aos espaços localizados acima de 100 m do local do jogo, com livre
acesso de circulação de pessoas, não havendo necessidade de controle.
Ao programar o caminho escolhido, Ranzzolini Filho (2007) cita que os veículos transportadores
devem seguir uma rota predeterminada, que deverá ser monitorada via GPS.
Observação
No Brasil, o STI foi baseado em sistemas desenvolvidos em território
americano, cujo objetivo principal era direcionar o veículo no trajeto mais
rápido e com menor trânsito. Podemos citar como aplicativos desse tipo
Google Maps e Waze.
Aqui, ambos deveriam ser adaptados às necessidades locais, que
envolvem não apenas chegar o mais rápido possível, mas em segurança,
evitando áreas consideradas perigosas à vida e à carga.
Para isso, os aplicativos precisariam ter acesso aos bancos de dados da
polícia pública em relação aos boletins de ocorrência de delitos, roubos,
assaltos e mortes a fim de realizar a sugestão da rota mais rápida e segura.
Embora essas informações fossem de domínio público, parece que não
houve interesse dos proprietários dos aplicativos em usar seus dados.
136
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Sampaio (2014) descreve que o gerenciamento de riscos no transporte surge mediante a aceitação do
risco pela seguradora e, por esse motivo, a mitigação dele torna-se um desafio. Isto é, o risco é conhecido,
mas não há meios de as seguradoras eliminá-los, por isso procuramos diminuir as probabilidades de
acontecerem problemas.
• controle logístico;
• gestão de horário;
Quando se fala em segurança, é necessário diferenciar dois tipos que, embora sejam correlatos, têm
objetivos e processamentos distintos. Um deles é o relacionado à segurança das pessoas físicas, chamado
de segurança privada, que trata de ações voltadas à proteção da pessoa. O outro refere-se à segurança
corporativa, que diz respeito às seguranças tomadas no ambiente das empresas (MANDARINI, 2005).
Observação
Wagner (2020) cita que o gerenciamento do risco corporativo é constituído por oito componentes,
segundo a metodologia COSO-ERM (Enterprise Risk Management):
• fixação de objetivos;
• identificação de eventos;
• avaliação de riscos;
• resposta a risco;
• atividades de controle;
• informações e comunicações;
• monitoramento.
Saiba mais
Para que a proteção das operações móveis de transporte esteja alinhada ao sistema de risco, serão
necessárias algumas ações. Entre elas, destacamos:
• selecionar de modo rigoroso o pessoal, inclusive motoristas, agregados, terceiros e ajudantes, além
dos funcionários dos setores de expedição e tráfego, ou seja, do setor de transporte da empresa;
138
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• organizar um Centro de Controle Operacional, conhecido como CCO, que funcione 24 horas por
dia ou quando necessário;
• estipular a programação dos horários de parada, respeitando o descanso interstício (que pode
variar em função das necessidades do cliente);
• montar um plano de contingência para alternar rotas e horários de partida em função das
características de recebimento do cliente;
• gerar a formação de comboios quando necessário (isso pode garantir maior segurança da carga);
Vemos que não é simples desenvolver medidas de gerenciamento de riscos em uma organização de
transportes. Por isso, para serem viáveis, elas devem ser de interesse da direção da empresa. Isso significa
que precisam ser decorrentes de um planejamento eficaz em função dos resultados futuros, compatíveis
com o custo e culturalmente aceitas.
139
Unidade II
No caso de a gestão de risco ser administrada por um terceiro, é importante conhecer seu portfólio
de clientes e os casos de violação de segurança (se houver) em que ela esteve envolvida.
Essas empresas oferecem vasta gama de serviços, como pode ser observado na figura a seguir.
Monitoramento de
frotas através de uma
central
Na figura anterior, fica explícito que uma empresa que faz o gerenciamento de transporte de valores
pode oferecer:
• o monitoramento do transporte;
140
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
No caso de uma empresa de gerenciamento de transporte de valores, a segurança deve ser feita em
todos os setores da organização. As instalações e a área física precisam proporcionar segurança em todo
o perímetro que possa estar sujeito a uma eventualidade de risco. Fazem parte desses locais: garagem,
depósito, caixa de força, caixa de água, sede e outros.
A escolta de cargas é uma medida administrativa cujo foco é a proteção da carga e dos responsáveis
pelo transporte. Goulart e Campos (2018) citam que, para a movimentação de cargas e veículos especiais,
superdimensionados, indivisíveis, excedentes em peso, excedentes em dimensões e outras cargas com
alto grau de periculosidade, são necessárias a autorização e a escolta especial a fim de se transitar nas
rodovias e estradas federais.
Observação
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) é o órgão responsável pela
regulamentação e fiscalização das empresas que realizam os serviços de
escolta em rodovias.
Saiba mais
A autorização da escolta somente é fornecida mediante a aprovação feita pela PRF, que deve ser
solicitada por meio de um formulário de vistoria da carga, um formulário de solicitação de escolta e um
pedido para acompanhamento da carga.
141
Unidade II
No MPO-017, encontram-se formulários e orientações que devem ser seguidos pelas empresas
autorizadas a fazerem escoltas. Esses formulários são os seguintes:
• Termo de responsabilidade.
• Modelo de credencial.
142
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Qualquer empresa que deseje ser credenciada para a escolta deverá entrar em contato com a
Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, no estado correspondente, a fim de iniciar o processo de
credenciamento e protocolar a documentação necessária para o serviço de escolta para cargas especiais.
Saiba mais
• Escolta conjunta.
• Execução do serviço de escolta com uma escolta credenciada e uma escolta dedicada da PRF.
• Execução do serviço de escolta com duas escoltas credenciadas e uma escolta dedicada da PRF.
• Procedimento de percurso.
143
Unidade II
Cabe salientar que a utilização de equipes de motociclistas em escoltas será sempre na forma de
apoio à equipe de escolta dedicada. O número mínimo de motocicletas é dois.
Outro manual importante para empresas credenciadas e autorizadas para escolta de cargas especiais
superdimensionadas é o MPA-021 (PRF, 2016a), que
• Procedimentos para requisitar os serviços de escolta dedicada da PRF aos veículos transportadores
de cargas superdimensionadas.
144
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
Resumo
145
Unidade II
Exercícios
A gestão de transportes pode ser definida como o controle da movimentação física de cargas do
ponto de origem até o destino. Em outras palavras, trata do controle dos produtos desde o momento em
que os veículos são carregados até a efetivação da entrega para o cliente.
Dentro dessa área, são acompanhados processos importantes, como planejamento de rotas,
rastreamento de veículos, gestão de documentos, controle de custos e acompanhamento de ocorrências
(atrasos, avarias, extravios, entre outros).
LABRE, E. Gestão de transportes: tudo que você precisa saber para melhorá-la.
Disponível em: https://bit.ly/2WJsEg9. Acesso em: 30 ago. Adaptado.
Muitas são as ferramentas oriundas da Tecnologia da Informação (TI) usadas no auxílio da gestão
dos transportes. Algumas delas são softwares utilizados em sistemas conhecidos como:
Análise da questão
As alternativas apresentam seis possíveis sistemas de informação para auxílio no gerenciamento dos
transportes: TMS, WMS, SMS, OMS, sistemas de roteirização e sistemas de controles de carregadores,
cujas descrições são as que seguem.
146
GERENCIAMENTO E TRANSPORTE DE VALORES
• SMS (Short Message Service): serviço de mensagens curtas. Usado para a troca de mensagens
de textos por meio de um aparelho celular.
• Sistema de roteirização: programa que auxilia na definição de trajetos (rotas), para que as
entregas ou as coletas sejam realizadas e os serviços sejam prestados no tempo previsto.
• Riscos estratégicos: são aqueles que envolvem as estratégias da empresa em função de mudanças
no cenário econômico ou político.
• Riscos financeiros: são aqueles que estão ligados às perdas dos ativos da empresa e àquelas
referentes ao aumento das taxas de juros e oscilações do câmbio.
III – No transporte o risco não depende do tipo de operação a ser feita, seja uma operação de
transferência ou uma operação de distribuição.
A) I, apenas.
B) I e III, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
147
Unidade II
I – Afirmativa correta.
Justificativa: os riscos operacionais podem ser internos ou externos. Os riscos internos incluem a
infraestrutura, o pessoal, o processo e a tecnologia utilizada. Já os riscos externos são aqueles aos quais
a operação está sujeita fora das dependências da empresa e derivam de pessoas, locais e sistemas que
não pertencem à companhia.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a existência de um Sistema de Gerenciamento de Risco (SGR) não assegura que perigos
sejam eliminados nem que acidentes deixem de acontecer. No programa de prevenção é que são estudadas
medidas para administrar e/ou reduzir a frequência e abrandar a severidade dos danos causados
pelos problemas.
148
REFERÊNCIAS
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UM ASSALTO genial. Direção: Howard Franklin e Bill Murray. Estados Unidos da América: Warner Bros.
Pictures, 1990. 89 min.
ATRAÇÃO PERIGOSA. Direção: Ben Affleck. Estados Unidos da América: Warner Bros., 2010. 125 min.
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1991. 123 min.
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157
ANEXO
Acidente: evento não programado, que gera consequência(s) indesejável(is) tal(is) como: vítimas,
danos, ou prejuízo e/ou todos estes efeitos combinados.
Análise de risco: processo de identificação e registro escrito de riscos, análise do impacto e balanço
das consequências destes riscos em caso de ocorrência de evento não programado.
Área segregada: local físico, reservado, sinalizado e identificado para fim específico e de acordo
com o controle utilizado.
Arranjo: termo relacionado a arranjo de carga, forma como os produtos são estivados sobre a
carroceria do veículo, respeitando critérios de balanceamento sobre eixos, forma das embalagens e seu
intertravamento de forma que permaneçam intactas durante o transporte.
Carga a granel: quando a mercadoria é transportada sem qualquer embalagem ou recipiente, sendo
contido pelo próprio tanque, vaso, bags de valores, caçamba, contentor de granéis, instalado ao veículo
ou em contêiner ou tanque.
Carregamento: ação de transferir produtos embalados da loja, terminal, armazém, depósito ou local
de embarque, para veículos de transporte, por meio manual ou mecanizado.
158
Checklist: aplicação de uma lista de verificação no veículo, para verificar conformidade com as
condições de segurança: veículo, carroceria, documentação, carregamento, devendo ser aplicado antes
que o veículo inicie a viagem, após o carregamento e durante a viagem.
Cofres de carga: “são caixas com fechos para acondicionamento de carga geral perigosa ou não
com a finalidade de unitizar durante o transporte de produtos incompatíveis” (Res. 5232/16 – 1.2.1).
Condições descritas numa autorização: alvará ou licença cujo atendimento é obrigatório para
que o documento/permissão/alvará, licença ou dispensa, seja considerado válido, além do aspecto de
prazo de validade do documento.
Embalagem composta: “são embalagens que consistem numa embalagem externa e num recipiente
interno construídos de tal modo que formam uma embalagem única. Uma vez montada passa a ser uma
unidade integrada, que é enchida, armazenada, transportada e esvaziada como tal” (Res. 5232/16 1.2.1).
Embalagens: “São recipientes e quaisquer outros componentes ou materiais necessários para que o
recipiente desempenhe sua função de contenção” (Res. 5232/16 1.2.1).
Embalagens de resgate: “são embalagens especiais que atendem às disposições aplicáveis deste
regulamento, nas quais se colocam para fins de transporte, recuperação ou disposição, embalagens de
produtos perigosos danificados, defeituosos ou com vazamento, ou produtos perigosos que tenham
derramado ou vazado” (Res. 5232/16 1.2.1).
159
Embalagens grandes: embalagens com capacidade acima de 450 L/400 kg e até 3000 L
(Res. 5232/16- parte 6).
Embalagens pequenas: embalagens com capacidade para até 450 L/400 kg. (Res. 5232/16 – parte 4).
Emergência: situação que requer uma ação imediata de corte e cessação de seus efeitos, mas que
deve ser planejada para que não desencadeie eventos subsequentes.
Equipamento de transporte: toda a parte não rodante do veículo que contém o carregamento
fracionado/embalado ou granel, como carrocerias (aberta, sider, baú, dry container, container open top,
outros) tanques, isotanques e contêiner tanque.
Expedidor: “é a qualquer pessoa, organização ou governo que prepara uma expedição para
transporte” (Res. 5232/16 1.2.1).
Ficha de emergência: emitida em folha única, padronizada pela norma ABNT-NBR 7503. A ficha de
emergência orienta os procedimentos a serem adotados em caso de acidentes rodoviários com produtos
químicos. Deve ser adotada a versão vigente da norma na época da expedição do produto.
Gerenciamento: processo de controlar, planejar e monitorar uma atividade, bem como medir
seus resultados.
GPR: Plano de Contingência de Segurança aplicado de acordo com o grau de risco envolvido em
uma operação de prestação de serviço.
Interstício: intervalo de descanso (pelo menos 11 horas, podendo ser de 8 + 3 horas) do empregado
entre uma jornada e outra (Lei do motorista n. 13.103/15).
Itinerário: rota principal e todas as ramificações programadas para trajeto de um veículo entre o
ponto de expedição da carga e o ponto de destino.
Manutenção preventiva de frota: manutenção feita de forma proativa, de modo a prevenir que
o veículo se quebre em viagem.
Otimização de retorno: condição mais favorável para a utilização de um veículo em seu retorno
para a empresa.
Paradas para descanso: pequenos intervalos de paradas ao longo da viagem, a cada 2 ou 3 horas
de direção, com duração de 15 a 30 minutos (Lei do motorista n. 13.103/15).
161
Perigo: fonte, situação ou ato com potencial para provocar danos ao ser humano em termos de
lesão ou doença, ou uma combinação destas (BS OHSAS 18001:2007).
Permissão de Trabalho (PT) ou Ordem de Serviço (OS) para trabalhos de risco: documento
que mediante condições de trabalho preestabelecidas por um profissional de formação técnica, autoriza
outro profissional a executar uma tarefa, conforme descrito na PT/S ou OS. Deve ser precedido de uma
APR (Análise Preliminar de Risco). No transporte, por exemplo, trabalhos em altura exigem cursos de
Capacitação na Normativa NR 35.
Peso sobre eixo: arranjo da carga sobre os eixos, respeitando o limite de peso para cada eixo, porte
e configuração do equipamento de transporte.
PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais): Norma Regulamentadora (NR 09) que visa
à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio de antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir
no ambiente de trabalho.
Produtos perigosos: produtos que, nos termos da Res. 5232/16, durante as operações de transporte,
podem causar reação.
Resíduo: “para efeito de transporte são substâncias, soluções, misturas ou artigos que contêm
ou estão contaminados por um ou mais produtos sujeitos às disposições deste regulamento e suas
instruções complementares, para os quais não seja prevista utilização direta, mas que são transportados
para fins de despejo, incineração ou qualquer outro processo de disposição final” (Res. 5232/16 1.2.1).
RNTRC (Registro Nacional de Transportador Rodoviário de Cargas): pode ser obtido nas
categorias: ETC, TAC ou CTC (Lei n. 11.442/07 da Casa Civil).
TAC (Transportador autônomo de cargas): proprietário do próprio veículo que é remunerado por
frete e por entrega.
TCP (Transportador de carga própria): dono do comércio que entrega os produtos que vende com
veículos pertencentes à sua empresa, mas não tem como atividade comercial o transporte de cargas ou
não é remunerado por fretes para essas entregas, portanto não é considerado transportador de cargas e
é incluído em ETC no caso da cobrança do frete.
162
Transportador: “é qualquer pessoa, organização ou governo que efetua o transporte de cargas ou
mercadorias, por qualquer modalidade de transporte, como atividade comercial. O termo inclui tanto os
transportadores comerciais quanto os de carga própria” (Res. 5232/16 1.2.1).
163
164
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000