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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A busca por formas mais simples e práticas para gerenciar uma rede ferroviária é uma meta
para qualquer engenheiro ferroviário, sobretudo no Brasil, onde a existência de trens
movidos a diesel e a outros minérios, ainda é uma realidade em grande parte do país. Por
essa razão, a contribuição do SIG para o gerenciamento dos dispositivos necessários para a
manutenção ferroviária, é ainda mais relevante no tocante à obtenção de uma maior
sustentabilidade da rede ferroviária (Hegyi e Mookerjee, 2009).
A malha ferroviária brasileira teve sua origem em meados do século XIX com a construção
de estradas ferro conectando as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo a diversas
províncias. Atualmente é composta por mais 30.000 quilômetros de extensão nas mais
diversas regiões brasileiras. No entanto, após a década de 50 do século XX, uma série de
decisões governamentais de estímulo ao uso do carro fez com que a rede ferroviária
brasileira ficasse em segundo plano, tornando-se defasada em relação a outras nações
(Massarani, 1992).
As estradas de ferro construídas no Brasil não possuem conectividades por terem sido
implantadas de formas dispersas e isoladas, sem o conceito de um sistema que faria
conexões com outras regiões do país. Além disso, grande parte da rede ferroviária ainda é
composta por veículos movidos a diesel, principalmente, em função de poucos trechos
ferroviários possuírem redes de alimentação elétrica (DNIT, 2018).
O fato do Brasil não possuir uma rede ferroviária mais ampla faz com que grande parte do
sistema, principalmente nos grandes centros urbanos, tenha o seu uso compartilhado para
transportes de cargas e de passageiros. Assim, quando se realiza qualquer ação de
manutenção em algum trecho de ferrovia, uma área significativa do país deixa de ter a
opção do uso do modal ferroviário como forma do deslocamento de pessoas e,
principalmente, de produtos (Couto e Giacaglia, 2011).
Grande parte da malha ferroviária brasileira encontra-se sob jurisdição federal que, através
de contratos de concessão, foram transferidas para a iniciativa privada. A outra
significativa parcela da rede, sobretudo a malha ferroviária urbana de passageiros,
encontra-se sob jurisdição estadual (Charlier e Quintale junior, 2004).
Nos últimos anos, foram adotadas diversas ações visando proporcionar melhores condições
operacionais em diversos trechos da malha ferroviária brasileira. Ao invés de se ter uma
diretriz nacional através de algum órgão regulador, uma sortida gama de novas aplicações
foi implantada por empresas que surgiram em função das concessões privadas realizadas
nos últimos anos com o objetivo de se ter um melhor aproveitamento da rede existente.
Uma das funções do SIG em uma rede ferroviária é no auxílio à gestão patrimonial de
todos os bens pertencentes a uma rede de transportes. Esse auxílio é de extrema relevância,
sobretudo pelo fato das redes ferroviárias possuírem uma gama de equipamentos
operacionais e de manutenção (Couto e Giacaglia, 2011). Também contribui para que
sejam adotadas decisões estratégicas na malha ferroviária no tocante às ações de
manutenção, ou seja, onde ocorrem as maiores demandas, que tipo de ação deve ser
priorizada, qual a localização ideal dos equipamentos de manutenção etc.. Assim, o
transporte ferroviário encontra na utilização do SIG uma grande utilidade para gerir as
informações relacionadas com as suas operações, manutenção, gestão de ativos, além de
ser um sistema de apoio à decisão (Guler e Jovanovic, 2004).
Quando se tem um sistema de gestão ferroviária verticalizado, com mais de uma empresa
envolvida, o SIG mostra-se ainda mais funcional por dar agilidade na difusão das
informações, garantindo exatidão nas mesmas. Em um sistema de redes ferroviárias, o
gerenciamento da malha muitas vezes envolve uma instituição pública, uma concessão
privada, além de outras empresas (Kurosaki e Kobayashi, 2015). No Brasil é comum o uso
compartilhado para transportes de cargas e passageiros, principalmente nos grandes centros
urbanos. Nestes casos o uso de um SIG torna-se relevante para a gestão de patrimônios,
pois surge uma maior diversidade de falhas e menos tempo para ações de manutenção
(Couto e Giacaglia, 2011).
Para ter uma melhor gestão operacional das ações de manutenção de uma rede ferroviária
com o uso do SIG é necessário saber quais tipos de informações devem ser coletadas e
como georreferenciá-las.
Baseado nos mais diversos tipos de informações que são necessárias para se desenvolver
uma rede ferroviária georreferenciada com o foco em aprimoramento das ações de
manutenção, pode-se separá-las em três grupos de informações distintos no tocante ao tipo
de objetivo inicial:
Georreferenciar a via
Aplicar o SIG para manutenção ferroviária
Usar o SIG para decisões estratégicas
A tabela 1 apresenta quais informações são necessárias para se implantar um SIG para
redes ferroviárias com o foco em cada um dos três objetivos que são complementares entre
si criando-se, assim, níveis de implantação através de módulos.
Se o objetivo inicial for somente criar um SIG de uma rede ferroviária, apenas os dados
referentes às informações do módulo 1, tais como dados da via permanente, tipo de bitola,
passagens de nível, pontes, túneis, bueiros e os entroncamentos viários são o suficiente. No
entanto, para se ter uma rede ferroviária georreferenciada com o objetivo de aprimorar suas
ações de manutenção, é necessário atingir o módulo 2 com as informações de rede de
alimentação elétrica, dispositivos de sinalização e comunicação, veículos, equipamentos de
manutenção e os sistemas de bilhetagem.
Uma rede ferroviária é composta por bens móveis como: veículos e equipamentos de
manutenção, além de bens imóveis como: vias permanentes, rede de alimentação elétrica,
dispositivos de sinalização e comunicação, sistemas de bilhetagem, entre outros. As
informações da localização desses bens devem ser inseridas somente uma única vez em
algum software de georreferenciamento para alimentar o sistema, pois seus
posicionamentos são fixos. Como fonte de coleta dos dados, devem ser utilizadas fichas de
vistorias, fotografias, produtos de sensoriamento remoto e levantamentos fotogramétricos,
além de plantas e desenhos técnicos existentes. Cada uma dessas fontes de informação
deverá passar por processos de ortofoto e/ou ortoimagem dentro dos conceitos da
geomática, a fim de se obter as coordenadas exatas de suas localizações.
Os bens móveis devem ter o seu posicionamento coletado através de algum dispositivo que
permite a captura de sua localização, uma vez que o seu posicionamento varia conforme as
demandas operacionais e ações estratégicas. Qualquer dispositivo que coleta o
posicionamento através da triangulação de redes de telecomunicação ou que possua o
GNSS integrado a ele permitirá a obtenção da localização dos bens móveis em tempo real.
Como obter a
Informações necessárias Fonte de informação
informação
Veículos Coletar o Dispositivo GNSS
Bens posicionamento em
Móveis Equipamentos de Redes de telecomunicação
Manutenção tempo real
Vias permanentes Plantas, projeto "as built"
Rede de alimentação elétrica Fichas de vistorias
Bens Inserir dado uma Produtos de
Dispositivos de sensoriamento remoto
Imóveis sinalização/comunicação única vez no SIG
Levantamentos
Sistema de bilhetagem
fotogramétricos
Diversos bens móveis que fazem parte de uma rede ferroviária, como os veículos
operacionais (trens) e os veículos de inspeção de via (VIV), podem ser georreferenciados
utilizando algum dispositivo acoplado aos mesmos. No entanto, ainda não se observou o
uso dessa ferramenta na rede ferroviária brasileira. Uma das razões pode ser pela ausência
do georreferenciamento de suas vias permanentes, ou pelo fato de, em alguns casos,
encontrarem uma dificuldade de envio dessas informações em tempo real para uma central
de controle, em função da existência de alguns trechos das vias que possuem a falta de
abrangência de redes de comunicação, sobretudo em áreas despovoadas.
Após a inserção de todo esse conjunto de informações apontadas como necessárias para
alimentar o sistema, o SIG auxiliará a definir qual a localização ideal dos equipamentos de
manutenção, em função das regiões do uso recorrente (ou não) de cada dispositivo, além
do tempo médio de uso de cada um deles. Assim, o SIG contribuirá para a redução no
tempo médio de atendimento às ações de manutenção da rede ferroviária.
4 CONCLUSÃO
Para o futuro, é recomendável que se aprimore as formas de comunicação dos bens móveis
ao longo de uma ferrovia com seus respectivos centros de controle, difundindo ainda mais
a implantação de dispositivos de captura dos seus posicionamentos em tempo real.
REFERÊNCIAS
Charlier, F. e Quintale Junior, C. (2004) O SIG como ferramenta para a gestão ambiental
em uma ferrovia, ENGEVISTA, v.6, n.3, p.25-35.
Couto, R, A. e Giacaglia, M. E. (2011) Sispat – Sistema informatizado de gestão
patrimonial em base georreferenciada, 18° Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito,
Rio de Janeiro.
Guler, H. (2013) Decision Support System for Railway Track Maintenance and Renewal
Management. Journal of computing in civil engineering.
Guler, H., Akad, M. e Ergun, M. (2004) Railway Asset Management System in Turkey: A
SIG Application. FIG Working Week 2004. Atenas, Grécia.
Hegyi F. e Mookerjee A.K. (2009) GIS and GPS Based Asset Management for Road and
Railway Transportation Systems in India; Geospatial World.
Massarani E. V. L. (Coord.) (1992) 120 anos de Ferrovia Paulista. São Paulo: IMESP.
Tecnologia a todo vapor na operação ferroviária. (2017) Revista Ferroviária. São Paulo.
Abril 2017.