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CHÃO URBANO ANO XIX – nº 6 NOVEMBRO / DEZEMBRO DE 2019

Editor
Mauro Kleiman
Publicação On-line
Bimestral
Comitê Editorial
Mauro Kleiman (Prof. Dr. IPPUR UFRJ)
Márcia Oliveira Kauffmann Leivas (Dra. Em Planejamento Urbano e Regional)
Maria Alice Chaves Nunes Costa (Dra. Em Planejamento Urbano e Regional) – UFF
Viviani de Moraes Freitas Ribeiro (Dra. Planejamento Urbano e Regional IPPUR/UFRJ)
Luciene Pimentel da Silva (Profa. Dra. – UERJ)
Hermes Magalhães Tavares (Prof. Dr. IPPUR UFRJ)
Hugo Pinto (Dr. Em Governação, Conhecimento e Inovação, Universidade de Coimbra –
Portugal)
Editores Assistentes Júnior
Beatriz Mesquita Angelo e Julia Paresque
IPPUR / UFRJ
Apoio CNPq
LABORATÓRIO REDES URBANAS LABORATÓRIO DAS REGIÕES METROPOLITANAS
Coordenador
Mauro Kleiman
Equipe
Beatriz Mesquita Angelo e Julia Paresque
Pesquisadores associados
André Luiz Bezerra da Silva, Audrey Seon, Humberto Ferreira da Silva, Márcia Oliveira
Kauffmann Leivas, Maria Alice Chaves Nunes Costa, Viviane de Moraes Freitas Ribeiro,
Vinícius Fernandes da Silva, Pricila Loretti Tavares
Índice
Integração intermodal entre a bicicleta e o Sistema Metroviário de Salvador: o caso
das Estações Lapa e Campo da Pólvora..3

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Integração intermodal entre a bicicleta e o Sistema
Metroviário de Salvador: o caso das Estações Lapa e
Campo da Pólvora

Kaíc Fernando Ferreira Lopes¹


Adriana Marques Rossetto²

RESUMO: Este artigo tem como objetivo identificar a infraestrutura que


atende à integração da bicicleta com o sistema metroviário em Salvador.
O estudo aborda a ocupação e uso do solo como característica
fundamental para a escolha de um modo de transporte, avalia também as
estações por através de equipamentos de apoio que atendem à
integração eficiente– avaliando as estações de metrô, rede cicloviária e a
opinião dos usuários – para descobrir o potencial de integração das
estações também é utilizado o método de Dixon (1996) e a pesquisa com
os usuários realizada.

PALAVRAS-CHAVE: Integração intermodal. Mobilidade urbana. Sistema


metroviário.

1 INTRODUÇÃO

A rápida urbanização das cidades brasileiras, principalmente as


capitais, gerou cidades com grande número populacional e
consequentemente maior demanda pelo uso de transportes. A partir desta
necessidade, as cidades precisam se reinventar, planejar e gerir sistemas
de transportes que sejam capazes de atender à população que necessita
realizar os deslocamentos diários para realizar suas atividades.

Nesse sentido, a integração intermodal constitui-se como uma


alternativa eficiente na utilização dos meios de transportes e pode ser

¹ Mestre em Engenharia de Transportes pela UFSC, Brasil


kaicfernando@outlook.com
² Professora Doutora, UFSC, Brasil
arossetto@ufsc.br

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definida pelo uso de dois (ou mais) modos de transportes diferentes em
um só deslocamento, podendo ser realizada através da bicicleta e
integrada aos transportes coletivos. No Brasil, por exemplo, a eficácia da
integração pode ser uma forte aliada para aumentar a mobilidade,
sobretudo de pessoas que residem afastadas do centro e com menor
renda, sobretudo pela necessidade de transporte eficiente e muitas vezes
pela incapacidade de arcar com altos custos e longas distâncias de
deslocamentos.

Assim, este artigopretendeavaliar a bicicleta como meio de


transporte potencialmente viável para contribuir na integração com o
sistema metroviário, o recorte espacial são duas estações do Sistema
Metroviário de Salvador – Estações Lapa e Campo da Pólvora,
localizadas na Área Central.

2 INTEGRAÇÃO FÍSICA ENTRE MODOS DE TRANSPORTES

A mobilidade urbana pode ser entendida como a facilidade de


deslocamento de pessoas e bens nas cidades e não se limita apenas ao
ponto de vista quantitativo – oferta e demanda -, mas também às
características dos meios de transportes e à organização das cidades, se
relaciona com a distribuição dos serviços no território e das áreas de
trabalho e moradia no espaço urbano (MINISTÉRIO DAS CIDADES,
2004).

Entre as características dos sistemas de transportes, é


determinante a acessibilidade, que pode ser entendida como a facilidade
de deslocamento, que pode ser afetada diretamente pela localização das
atividades. Nesse sentido, considerando o planejamento das cidades
brasileiras e os modelos econômicos adotados, alternativas devem ser
pensadas, uma vez que a maioria das cidades as atividades são
concentradas e os habitantes necessitam realizar longos deslocamentos
para cumprir as atividades diárias.

No Brasil, a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU),


define que a prioridade é dos transportes não motorizados sobre os

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motorizados, logo, é necessário que o planejamento e a gestão das
cidades sejam voltados para tal política. A PNMU, é a Lei de nº 12.587 do
ano de 2012 e dá diretrizes, entre as principais está a redução das
desigualdades socioespaciais e a definição da integração entre modos de
transportes.

Ao falar em integração, geralmente o que se pensa é que só pode


ser realizada entre os modos de transportes motorizados, como por
exemplo: ônibus – ônibus, ônibus – metrô, ônibus – vlt – metrô – trem,
ônibus – trem, mas a intermodalidade também pode e deve incluir os
modos não motorizados, como o transporte a pé e por bicicleta.

Um modo de transporte não motorizado quando bem integrado


pode gerar viagens confortáveis e seguras, uma bicicleta pode ser útil
para distâncias de 6km, sendo possível viabilizar a chegada até um
terminal de integração, mas é preciso reforçar que a infraestrutura
destinada aos modos não motorizados bem como sua integração eficiente
com os transportes coletivos dos centros urbanos facilita a vida das
pessoas, gera benefícios como redução da poluição e ajuda na eficiência
e dinâmica das cidades, obviamente quando bem planejado e executado,
ações como estas devem visar a melhoria da qualidade de vida das
pessoas, sobretudo.

3 SISTEMA METROVIÁRIO DE SALVADOR

O Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas (SMSL),


possui 20 estações e funciona totalmente integrado aos transportes
urbanos e metropolitanos, servindo à cidade de Salvador a sua Região
Metropolitana. O sistema conta com 20 estações na capital, e possui
projetos para ampliação que prevê mais estações. Conforme mostra a
Figura 01.

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Figura 01: Linhas 1 e 2 do metrô de Salvador

Fonte: CCR Metrô Bahia, 2019.

3.1 ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO DA BICICLETA COM

A Estação Metroviária Lapa está situada noCentro de Salvador,


ondea maioria dos bairros de ocupação antiga da cidade estão
localizados. É uma estação subterrânea, sendo que no SMSL existem
apenas duas, as demais são de superfície ou elevadas, a Estação Campo
da Pólvora está localizada num raio de 1km.

Na avaliação através do Método de Dixon, as


Estaçõesforamclassificadas como “Requer cuidado redobrado até para
ciclistas do grupo A”, o que possibilita a circulação da bicicleta, mas é
necessário que o usuário esteja atento por conta do alto índice de
interação com veículos motorizados, apesar de possuir boas condições
de pavimentos na maioria dos trechos, são inadequadas para ciclistas
menos experientes. Em relação ao Nível de Serviço pelo Método de Dixon
as estações foram classificadas como nível “E”.
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Figura 02: Acesso Lateral à Estação Metroviária Lapa

Fonte: O autor, 2018.


Figura 02: Acesso Lateral à Estação Metroviária Lapa

Fonte: O autor, 2018.

Figura 03: Acesso à Estação Campo da Pólvora 01

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Fonte: O autor, 2018.

Figura 04: Acesso à Estação Campo da Pólvora

Fonte: O autor, 2018.

A baixa avaliação pelo Método de Dixon, deve-se pela alta


velocidade das vias de acesso à estação, onde foi possível constatar a
velocidade máxima de 70km/h e a falta de espaços para a circulação da
bicicleta. A avaliação foi realizada relacionando os dados de infraestrutura
com a opinião dos usuários.
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Na entrevista, de acordo com os usuários, 27% respondeu que o
motivo para não integrar a bicicleta com o sistema metroviário era a falta
de espaço destinado à circulação da bicicleta, seguindo de 20% para a
falta de bicicletário e pela impossibilidade de levar a bicicleta dentro dos
carros do sistema.

Gráfico 01: Entrevista realizada com os usuários

Você viria de bicicleta da sua casa até a Estação de Metrô?

Sim, existe 7%
ciclovia/ciclofaixa/ciclorota
27%
Não, não existe
ciclovias/ciclofaixa/ciclorot
20%
a
Não sei andar de bicicleta

Não tenho bicicleta

11%
Na estação não tem
bicicletário 20%

Sim, mas não pode levar a 15%


bicicleta no metrô

Moro muito longe da


estação de metrô

Fonte: O autor, 2018.

Apesar de as estações possuírem boa infraestrutura, a pesquisa


com os usuários revela que os fatores que impedem a integração além da
estrutura física dos espaços, é a impossibilidade d elevar a estação
dentro do metrô, além disto, não há bicicletários nas estações localizadas
na área central de Salvador.

5 CONCLUSÃO

A dificuldade encontrada na integração da bicicleta com modos de


transporte de alta capacidade é perceptível em Salvador, cidade onde o
automóvel impera mesmo com os investimentos em transporte coletivo.

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É evidente a fala de prioridade exigida por lei. Os espaços para os
carros ocupam vias alargada em sua capacidade máxima, já os espaços
para bicicletas são escassos, e a situação é agravada pela falta de
equipamentos de apoio ao modo de transporte, como os bicicletários e a
possibilidade de transportar a bicicleta dentro dos carros do metrô.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 10.257, de 2001. Estatuto das Cidades. Brasília, 10 jan.


2001. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>.
Acesso em: 02 abr 2019.

BRASIL. Lei nº 12.587, de 2012. Política Nacional de Mobilidade


Urbana. Brasília, 03 jan. 2012. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12587.htm>. Acesso em: 02 abr 2019.

CCR Metrô Bahia. Conheça as Estações e Terminais. Disponível em


<http://www.ccrmetrobahia.com.br/linha-2/> Acesso em 02 mar. 2018.

CERVERO, R.; CALDWELL, B.; CUELLAR, J. Bike-and-Ride: Buid It


andThey Will Come. JournalofPublicTransportation, v. 16, n. 4, p. 83–
105, 2013.

DIXON, L. BicycleandPedestrianLevel-of-Service Performance


Measuresand Standards for Congestion Management
Systems.TransportationResearch Record, v. 1538, n. 1, p. 1–9, 1996.

LOPES, K. F. F. Mobilidade urbana através da integração do


transporte por bicicleta com o sistema metroviário. Florianópolis.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Transportes e Gestão Territorial. Universidade Federal de Santa Catarina,
2019.

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