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RESUMO

Refletindo sobre o mistério da poesia, Jorge Luis Borges (2000) cita o bispo
Berkeley dizendo que uma maçã não se prova nem no próprio paladar nem ao comê-la na
boca. É preciso haver uma conexão entre eles. O mesmo vale para os livros da biblioteca.
De sua parte, ele é um objeto físico em um mundo de objetos físicos, mas quando o leitor
certo aparece, as palavras, ou melhor, os poemas nelas, "tornam-se à vida, e temos uma
ressurreição da palavra". O escritor argentino também destacou que a poesia é antes de
tudo "uma paixão e um prazer" e que não podemos defini-la mais do que podemos definir o
sabor do café, a vermelhidão, o pôr do sol. O objetivo desta proposta de intercâmbio é
divulgar o projeto de leitura de poesia para os alunos do 2º ano do ensino fundamental,
intitulado "Como Tirar Poemas dos Livros". Este projeto parte da intenção de Borges de
"reavivar a palavra poética" retirando-a da estante e fazendo-a "saltar", embora o ponto de
partida inicial tenha se limitado ao ambiente escolar. E entender a poesia como paixão e
alegria não é absorver textos palatáveis e ler por ler, mas, nesse sentido, quanto mais os
alunos possuem os textos poéticos e participam da construção de seu sentido como
coautores, mais rica é a estética .experiência, mais crítica, criativa e expressiva a prática da
linguagem é facilitada.

-O projeto de pesquisa não foi formulado como projeto. Na contratação, pensava


que estaria tudo vinculado, e não precisaria nem montar a estrutura.
-A temática tem o mesmo assunto que o TCC, porém está fora do autor, e do
que foi pedido, não encontrei nenhuma citação ou conceito do autor no projeto.
- A temática do projeto está totalmente voltada para uma questão fora do livro de
base: Valentin Volóchinov e a filosofia da linguagem, e o Circulo de Bakhtin A palavra
na vida e a palavra na poesia.
- Encontrei dificuldades para entender como expressarei a pesquisa de
campo citada na atividade.
Steiner (1988) disse: “A leitura é uma forma de performance quando não é mais
o devaneio da indiferença produzida pelo tédio” (p. 28), porque o som dos livros na poesia,
romances, jogos, nos penetra profundamente, exerce um reino estranho e poderoso sobre
nossas imaginações, nossos desejos, nossas ambições, nossos sonhos e nossa
consciência. Acrescentou que quem lê as Metamorfoses de Kafka e “pode se olhar no
espelho sem se abalar pode, do ponto de vista técnico, saber ler palavras impressas, mas é
analfabeto no único sentido importante” (1988, p. 29).
O único sentimento, inferido, é o de se ver como um ser humano, com
necessidades, fraquezas, forças, coragem, medos. Os críticos, portanto, pediram um
restabelecimento da importância e urgência da "arte da leitura, a verdadeira alfabetização"
(1988, p. 28). Embora o tom de descrença de Steiner em sua proposta de alfabetização
humanística tenha eco em Candido (2004), quando defende a literatura como um direito
humano irrestrito: “Em nossa sociedade, a literatura sempre foi uma poderosa ferramenta de
ensino e educação” (p. 175).
acrescentando que “desenvolveu em nós a nossa parte humana, à medida que
as coisas são mais compreensíveis e abertas” (2008, p. 180). O papel humanizador da
literatura na vida dos alunos é indiscutível e, por conta desse preconceito, a prática da
leitura de literatura nas escolas está, inclusive, em consonância com a LDBEN (nº 9394/96),
que coloca em seu artigo 35 nº III um dos objetivos a serem alcançados na escola é
"melhorar as habilidades dos alunos como seres humanos", incluindo formação moral,
autonomia intelectual e pensamento crítico. Se ler e escrever é um grande desafio para os
professores, principalmente em literatura, tendo em vista que os alunos, embora
alfabetizados, não estão integrados às práticas sociais que envolvem o ato de ler e
escrever, esse desafio passa a ser o desafio de quando textos literários são designados
como Leitura, e ainda mais importante, quando o texto literário de interesse é poético.
Paz (1982) fala especificamente da poesia como uma "ação capaz de mudar o
mundo" (p. 15), a atividade da poesia é revolucionária por natureza, através da qual se pode
adquirir mais consciência do que um único parágrafo. Os gêneros poéticos são desafiadores
quando se pensa na formação de leitores literários, principalmente os jovens. A razão
desafiadora é que, embora seja a origem de todas as coisas e, junto com outras formas de
expressão, exista no cotidiano das comunidades mais primitivas, a poesia está tão distante
de nosso tempo, especialmente em um tempo turbulento como o nosso . . Leitores
regulares, e muitas vezes marginalizados em ambientes escolares, até por causa de seus
personagens inacabados, são mais circulares do que prosa. Tais considerações nos levam
a uma questão inquietante: como a leitura de poesia pode ser efetivamente mediada em
sala de aula? A partir dessa questão e do desafio de aproximar alunos leitores e poesia,
como o projeto da Universidade Federal de Goiás (UFG) tira um poema de um livro?
Aplicada à Educação (CEPAE). O título do projeto foi inspirado no título do livro Poesia fora
da estante - um dos motes da proposta - e em Borges (2000). Refletindo sobre o mistério da
poesia, o autor argentino citou o bispo Berkeley dizendo que quando uma maçã é provada,
ela não tem gosto em si mesma nem na boca que a come.
É preciso haver uma conexão entre eles. O mesmo vale para os livros da
biblioteca. Ele mesmo é um objeto físico em um mundo de objetos físicos, mas quando o
leitor certo aparece, a palavra, ou melhor, a poesia nela, "salta para a vida, e temos a
ressurreição da palavra". é antes de tudo "uma paixão e um prazer" e não podemos defini-lo
mais do que podemos definir o sabor do café, tinto, pôr do sol. Assim, este Projeto de
Leitura de Poesia foi estabelecido para encontrar os “leitores certos” que possam “despertar
o poema”, retirá-lo da estante e trazê-lo “à vida”, mesmo que o ponto de partida inicial tenha
se limitado ao ambiente escolar.
Nesse sentido, o objetivo principal é sensibilizar os alunos para a aceitação e
exploração de todo o potencial do texto poético por meio de uma leitura corpo-a-corpo da
poesia; promover a apropriação da poesia a partir de uma experiência estética; contribuir
para a formação de mais Um leitor de literatura autónomo e mais humano; divulgação da
poesia, desde a leitura de colecções de poesia de vários poetas modernos e
contemporâneos, até momentos de integração cultural envolvendo toda a comunidade
escolar. Ao apresentar o projeto “Como tirar um poema da estante”, buscou-se também
familiarizar os alunos com a poesia para que pudessem relacioná-la com as diferentes
linguagens das demais disciplinas que compõem a série, que também podem trabalhar nas
situações mais cotidianas Identifique-o e vivencie-o como uma linguagem. Mas, como
Borges (1980, p. 124) coloca, “Na verdade, a poesia não é um livro em uma biblioteca (...).
No encontro do leitor com o livro, temos poesia – no livro da descoberta”. Por
isso, os alunos são aconselhados a ler Poesia fora da estante, uma coletânea de poesias de
autores modernos e contemporâneos organizada por Vera Aguiar, Simone Assumpção e
Sissa Jacoby. O livro sugere que esse foi o pretexto original para facilitar o que Borges dizia
ser esse encontro entre o leitor e o livro. Durante a indicação de livros, a turma foi dividida
em grupos, e cada grupo foi convidado a inventar alguma atividade para tirar o poema da
estante e trazê-lo de alguma forma para outros leitores dentro e fora da escola (incluindo
colegas, família, comunidade). Com a criatividade inerente aos 11-12 anos, cada grupo fez
um pequeno projeto de promoção da poesia (usando poemas não listados no livro, o que os
obrigaria a estudar e ler outros textos poéticos): alguns fizeram cartazes, varal, pílula de
poemas , galhardete, recital, palhaço, caixa de poemas, capa de caderno.
Nessa fase, ora desenvolvem atividades mais divertidas e ora mais práticas.
Após a leitura do livro atribuído, a turma é dividida em grupos e cada grupo fica responsável
por um dos dez poetas da série, a saber: Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana,
Henriqueta Lisboa, Paulo Leminski, Roseana Murray, Mario de Andrade, Jose Paul Pace,
Sergio Caparelli, Vinicius de Moras, Elias Jose. Como o trabalho foi feito na aula de
português, foram utilizados outros tipos de textos complementares orais e escritos, como
biografia, entrevista, depoimento, dramaturgo, dramatização, recital, carta/e-mail, verbete,
comentário.
Portanto, cada grupo deveria ter selecionado poetas de uma série de atividades.
Na primeira etapa, eles pesquisam a biografia do poeta selecionado; com base nisso,
espera-se que os alunos do grupo representem o poeta dramaticamente e façam um
depoimento, falando sobre suas atividades e sua vida; outros entrevistarão o poeta e ator, E
homenageá-lo com recitais e palhaços. Paralelamente à atividade, o professor atua como
intermediário, criando momentos de leitura corpo a corpo do texto poético, estimulando os
alunos a construir o sentido do texto por meio de seus próprios mecanismos; às vezes
apenas por fruição estética (significando na posse do texto pelo leitor e permitindo que o
texto alcance sua subjetividade no sentido de gozo).
Nesses momentos de leitura orientada, um aspecto muito importante é que os
alunos sintam a "surpresa com a súbita emergência de uma realidade cotidiana inédita"
(PAZ, 1982, p.55) e a alegria dessa surpresa. Nesse sentido, pode-se dizer que, como
apontou Borges (2000), entender a poesia como paixão e prazer não é absorver textos
palatáveis, ler por ler, mas ler poesia por causa dos alunos. é utilizada e engajada na
construção de seu sentido, mais rica é a experiência estética e mais promove a prática
crítica, criativa e expressiva da linguagem. A segunda fase do trabalho incluiu a promoção
do I FESTIVAL DE PIPOESIA nas escolas. Ainda com o objetivo de "literalmente" tirar a
poesia da estante e deixá-la "voar" ou "saltar", os alunos fizeram pipas, nelas inscreveram
seus poemas favoritos e soltaram pipas no caso de.
Essa etapa é interdisciplinar no sentido de que envolve a educação física, em
que a construção de brinquedos está prevista em seu currículo, sendo o brinquedo de
escolha uma pipa; a matemática, cujos professores são responsáveis pelas medidas e
conceitos geométricos que compõem a construção de pipas e teatros, cujos professores são
responsáveis pelo trabalho com A professora de português colaborou para a realização de
uma noite de poesia com os alunos durante o evento, nesta fase, a chamada foi justamente
o verso "Vamos Jogos de Poesia" do poema "Convidar" de José Paulo Paes (apareceu em
Poesia fora da estante e leu com os alunos), assim é possível verificar quantos poemas, de
fato, convidam a tocar. Embora esse aspecto da brincadeira não seja um elemento
importante, certamente desempenha um papel importante, se não fundamental, no
estreitamento da linha entre um aluno e a poesia ao escrever poesia em sala de aula,
especialmente quando esse aluno está na infância e no limite da adolescência. A fase final
do projeto inclui atividades de escrita. São feitas sugestões para produção de texto.
Primeiramente, por meio da leitura de algumas definições poéticas de Mario Quintana,
retiradas do Caderno H e do Sapato Florido, os alunos deveriam criar um minidicionário
poético com verbetes coletados do cotidiano. Na segunda parte, lemos Classificados
Poéticos, Roseana Murray e classificados de jornais. Após essas leituras, os alunos
produziram sua própria classificação de poesia.
Na terceira atividade, os alunos leram o livro A cor da ternura de Geni
Guimarães, e após discutirem a obra e o assunto envolvido - preconceito racial - foi proposto
aos alunos a criação de um slogan contra o preconceito. Nessas atividades, o objetivo
principal não é fazer com que os alunos escrevam como poetas, mas fazê-los perceber o
significado e as possibilidades interessantes de trabalhar com as palavras. Como pode ser
visto pelos resultados dessas atividades, os alunos em seus exercícios de escrita
potencializam as possibilidades de exploração criativa, crítica e expressiva da linguagem,
pois são capazes de escrever rítmica, metafórica, ambígua, abstrata, apesar de ignorar
textos poéticos. "teoria". De modo geral, com base na experiência deste projeto, pode-se
dizer que a eficácia da formação de um leitor de poesia é familiarizar o leitor com o texto
poético, enquanto na sala de aula cabe ao professor desempenhar esse papel, não ensinar
(sobre) poesia, mas é mediar a leitura, e como estado de saúde, o professor deve
fundamentalmente tornar-se um leitor de poesia.
Na verdade, para formar um leitor de poesia ou qualquer outro tipo de texto
literário, deve haver uma regra básica: ler e ler com certa sensibilidade. Esta pode ser a
maneira de expor os alunos à poesia. Borges (1980) corrobora isso, dizendo que, como
professor de literatura inglesa da Universidade de Buenos Aires, quando os alunos
perguntavam quais títulos estudar, ele sempre respondia: "Por que você não estuda textos?
Diretamente? (p.125). ) e acrescentou: Algumas pessoas sentem que a poesia é difícil,
então se dedicam ao ensino da poesia.
Acho que senti poesia e não ensinei. Nunca ensinei meus alunos a gostarem das
palavras de uma forma ou de outra, mas a literatura como uma espécie de felicidade (1980,
p. 126) Ainda, Carlos Felipe Moisés diz: "Gostar de poesia é fundamental para conviver
constantemente. Familiaridade com textos poéticos baseia-se em constantes tentativas de
ler e compreender" (1996, p. 11). E, se a sensibilidade é uma forma eficaz de abordar a
poesia, os alunos devem estar atentos ao sabor da leitura da poesia na perspectiva de
abordar o texto da poesia, e inseri-lo em sua prática de leitura, e que poesia, leitura,
pressupostos e exercícios, são um recurso para tornar esses alunos mais familiarizados
com sua própria subjetividade, mais sintonizados com suas próprias emoções, mais
capazes de ler textos literários e outros gêneros textuais e compreender seu papel social na
escola Possibilidades, na sociedade, na vida, no mundo .

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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