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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE TEATRO

ANNE CATARINE ARAUJO ALVES

RESENHA SIMPLIFICADA DO ARTIGO:


“CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DOS FESTIVAIS DE TEATRO
NO BRASIL”

SALVADOR
2022
ANNE CATARINE ARAUJO ALVES

RESENHA SIMPLIFICADA DO ARTIGO:


“CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DOS FESTIVAIS DE TEATRO NO BRASIL”

Resenha simplificada apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade
Federal da Bahia - Mestrado 2022.2 para disciplina
Pesquisa em Artes Cênicas ministrada pelo professor
Dr. George Mascarenhas.

SALVADOR
2022
RESENHA SIMPLIFICADA:

“CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DOS FESTIVAIS DE TEATRO NO BRASIL”

Leidson Malan Monteiro de Castro Ferraz, doutorando no Programa de Pós-graduação


em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO, mestre em história
pela Universidade Federal de Pernambuco, possui uma larga experiência na área de cultura,
especialmente em Teatro e Dança. Sua linha de pesquisa é em cultura e memória. O artigo
analisado publicado em 2019 no periódico Arteriais nº09, do Programa de Pós-Graduação em
Artes da Universidade Federal do Pará.

O artigo é constituído de informações sobre os primeiros festivais do Brasil, elabora


uma trajetória temporal que vai desde os festivais artísticos beneficentes até o conceito moderno
de reunião de atrações variadas. Ferraz destaca que a palavra festival se confundia em seus
primórdios com a ideia de benefício que se podia fazer ao próximo, portanto, de caráter
beneficente, promovendo ajuda financeira a algum conhecido necessitado, e deduz que quando
ganharam o perfil que conhecemos hoje não deixaram de trazer benefício à sociedade.

Demonstra que o evento com característica de festival, trazendo essa conduta de doação,
nasceu provavelmente na França com o primeiro registro em 1735, quando a equipe da Comédie
Française entregou toda a renda para uma atriz que perdeu tudo em um incêndio desenvolvendo
essa peculiaridade de festejo para beneficência. No século XVIII, havia ações esporádicas para
ajudar artistas acidentados ou em dificuldades financeiras, mas, no século XIX tornaram-se
prática comum na vida teatral, consideradas como forma de remuneração extra para artistas,
técnicos e dramaturgos.

O autor pesquisa os registros na história da cena teatral brasileira que tem um marco
inicial no Festival Shakespeare no Rio de Janeiro em 1949, realizado por Paschoal Carlos
Magno. Foi o primeiro evento de teatro no Brasil a ganhar alcunha de “festival artístico”, não
tendo a beneficência em primeiro plano. Com essência de manifestação cultural organizada,
tendo critérios pré-estabelecidos para seleção de grupos, surge o Festival do Rio de Janeiro,
concebido pela Comissão Artística e Cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro no ano
de 1952. Foi tamanho sucesso que em 1953, Bibi Ferreira à frente da direção do teatro, cogita
a realização do Festival de Teatro Brasileiro, mas suas ideias não foram aprovadas pela
comissão, o que causou muita frustração à atriz que no mesmo ano pede exoneração do cargo
de diretora do teatro.
Demonstra o autor como os festivais foram sendo concebidos pelo país e assim no ano
de 1954 surge o I Festival Paulista de Teatro Amador no Teatro Colombo, promovido pelo
Clube de Teatro, presidência de Nicolau Cinelli, considerado um marco no desenvolvimento
das Artes Cênicas.

No que tange aos primeiros festivais do nordeste, “Norte” como era chamado, existiu a
realização de um festival competitivo, I Festival Nortista de Teatro Amador em 1955 no Teatro
Alberto Maranhão em Natal, no Rio Grande do Norte, que foi o primeiro festival a reunir
agentes culturais de todo Brasil. Entre os primeiros festivais do Brasil o de maior projeção foi
o Festival Nacional de Teatro de Estudantes no ano de 1958 no Recife, recebendo mais de 700
artistas de todo país, idealizado por Paschoal Carlos Magno.

Ainda que o texto seja de investigação histórica o autor se apoia em estudiosos para
conceituar alguns termos, como: “espetáculo em benefício” citado no Dicionário do Teatro
Brasileiro (GUINSBURG; FARIA, LIMA, 2006). O autor também utiliza como referência
teórica Bones, um dos pioneiros em pesquisa voltada para festivais de teatro no Brasil, que nos
lembra do nascimento de festivais ocidentais que tinham como proposta “aglutinar artistas e
contribuir para reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial” (BONES,2017,
P.22). O conceito defendido pelo autor é o da dimensão social dos festivais que desenvolvem
além das mostras de espetáculos, atividades sociopolíticas. Concordo com o autor quando
afirma que os festivais sempre foram políticos desde sua origem e é necessário investigar
também sobre esse ponto de vista, pois, hoje vivemos o resultado desses primeiros elos
fundamentais dos festivais de teatro, o que possibilitou a continuidade e circulação desses
eventos. O autor propõe a leitura entre texto e tabelas que facilitam a compreensão da amplitude
dos festivais relatados, é escrito em uma linguagem clara e objetiva, porém não aprofunda nos
seus conceitos deixando o texto mais analítico que reflexivo.

Finalmente, na obra, o autor conduz o leitor a um mergulho histórico sobre os registros


dos primeiros festivais do Brasil, o que possibilita o amadurecimento científico e histórico para
novas perspectivas em festivais atualmente. Ainda que o texto seja carente de indicadores
socioculturais e políticos referentes ao período como o autor promete no resumo da obra, a
pesquisa apresentada é de grande auxílio, principalmente, àqueles que desenvolvem trabalhos
acadêmicos no campo das artes cênicas voltados para os festivais de teatro, campo ainda escasso
de registro e aporte teórico.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

BONES, M. (2017) Um Olhar sobre os Festivais. Site Observatório dos festivais. Retirado de:
https://www.festivais.org.br/. Acesso em: 19 nov. 2022.

FERRAZ, Leidson Malan Monteiro de Castro. Contribuição à história dos festivais de teatro no Brasil. Arteriais
- Revista do Programa de Pós-Gradução em Artes, [S.l.], p. 124-142, fev. 2021. ISSN 2446-5356. Disponível
em:<https://periodicos.ufpa.br/index.php/ppgartes/article/view/9821>. Acesso em: 10 nov. 2022. doi:
http://dx.doi.org/10.18542/arteriais.v5i9.9821.

VARGAS, Alexandre. (2018) – Economia e Cultura: A construção de um sistema de indicadores dos


festivais de teatro do Brasil SIFTB, Revista Brasileira de Economia Criativa e da Cultura / Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas, Núcleo de Economia Criativa e da Cultura
(NECCULT). Ano 1, v. 1, n. 2 Edição especial. – Porto Alegre: UFRGS/FCE/NECULT, 2018 – v. Disponível
em: <https://www.festivais.com.br/single-post/2019/03/19/revista-brasileira-de-economia-criativa-e-da-cultura-
publica-edi%C3%A7%C3%A3o-especial-sobre-festiv>. Acesso em: 19 nov. 2022.

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