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Deputados
LEGISLAÇÃO
SOBRE ACESSO
À INFORMAÇÃO,
PROTEÇÃO DE
DADOS PESSOAIS
E INTERNET
2ª edição
INCLUI
Lei de Acesso à Informação (LAI)
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)
Lei do Cadastro Positivo
Marco Civil da Internet
edições
câmara
Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO
SOBRE ACESSO
À INFORMAÇÃO,
PROTEÇÃO DE
DADOS PESSOAIS
E INTERNET
Câmara dos Deputados
56ª Legislatura | 2019-2023
Presidente
Arthur Lira
1º Vice-Presidente
Marcelo Ramos
2º Vice-Presidente
André de Paula
1º Secretário
Luciano Bivar
2ª Secretária
Marília Arraes
3ª Secretária
Rose Modesto
4ª Secretária
Rosangela Gomes
Suplentes de secretários
1º Suplente
Eduardo Bismarck
2º Suplente
Gilberto Nascimento
3º Suplente
Alexandre Leite
4º Suplente
Cássio Andrade
Secretário-Geral da Mesa
Ruthier de Sousa Silva
Diretor-Geral
Celso de Barros Correia Neto
Câmara dos
Deputados
LEGISLAÇÃO
SOBRE ACESSO
À INFORMAÇÃO,
PROTEÇÃO DE
DADOS PESSOAIS
E INTERNET
2ª EDIÇÃO
Claudio Nazareno
Guilherme Pereira Pinheiro
(organizadores)
Nota do editor: as normas legais constantes desta publicação foram consultadas no Sistema de Legis-
lação Informatizada (Legin) da Câmara dos Deputados.
Série Legislação
n. 22 e-book
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.
Bibliotecária: Fabyola Lima Madeira – CRB1: 2109
LEGISLAÇÃO CORRELATA
Claudio Nazareno
Guilherme Pereira Pinheiro1
1 Consultores legislativos da Câmara dos Deputados com atuação na área XIV (comunicação social, informática,
telecomunicações, sistema postal, ciência e tecnologia).
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Uma primeira solução, mais sistematizada, para organizar os direitos indi-
viduais consagrados pela Constituição Federal de 1988 para a nova realidade in-
formacional, adveio com a sanção do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014
– MCI). Embora focada somente no âmbito da rede mundial de computadores,
foi a primeira abordagem legislativa que previu a extensão dos direitos e garan-
tias individuais para essa nova forma de se estabelecer negócios, de usufruir e
prestar serviços e de se relacionar em sociedade.
Com a escalada informacional, pessoas tornaram-se megabytes de infor-
mação; empresas, gigabytes; governos, terabytes. Rapidamente a computação
em nuvem, as corporações globais e os sistemas interconectados fizeram surgir
petabytes e exabytes, e as informações pessoais começaram a circular de ma-
neira vertiginosa entre pessoas, empresas e governos.
A grande quantidade de dados colhidos passa a aliar, de maneira roti-
neira, a publicidade direcionada, contextualizada e segmentada às mais apura-
das técnicas de marketing comportamental, a fim de produzir uma economia
digital baseada em informações de consumidores e usuários de produtos e ser-
viços. Os hábitos e rotinas de cada cidadão tornam-se detectáveis por algorit-
mos, resultando no que alguns autores chamam “consumidor de vidro”.
Se, por um lado, a iniciativa privada pode gerar dezenas de bilhões de
dólares em poucos anos com essa nova forma de produção, por outro, para o
poder público também se descortina nova oportunidade para universalização
de serviços ou, no mínimo, facilitação do acesso e maior alcance das políticas
públicas. Da mesma forma que likes em uma foto disparam ofertas comerciais
e que a geolocalização ajuda a encontrar pessoas que procuram relacionamen-
tos, a procura em um buscador pode indicar a disponibilidade de um serviço
público e gratuito. Da mesma forma, assim como a geolocalização ajuda a en-
contrar pessoas que procuram relacionamento, a autenticação em redes wi-fi
pode levar à prisão de procurados.
Esse novo mundo de profusão de dados e de monitoramentos de situa-
ções e de comportamentos evidenciou a necessidade de se atualizar a legisla-
ção ao redor do globo. No caso brasileiro, o arcabouço legal não contava com
legislação específica para proteção desses direitos fundamentais correlatos
das pessoas nesse novo mundo digital e os entendimentos judiciais eram he-
terogêneos de acordo com cada caso concreto. As eventuais disposições sobre
direito à proteção de dados pessoais eram segmentadas em diferentes áreas
da atividade econômica e atacavam situações jurídicas específicas, criando um
sistema fragmentado e pouco responsivo. É o caso, por exemplo, do Código de
Defesa do Consumidor, da Lei de Acesso à Informação (aqui mencionada ante-
riormente), da Lei do Sigilo Financeiro (para situações de sigilo fiscal e finan-
ceiro) e das normativas do Banco Central. Cada lei atua em nichos específicos
da atividade setorial ou restritos a disciplina jurídica específica. Também houve
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CONTEXTUALIZAÇÃO DA ERA DA INFORMAÇÃO E DO ARCABOUÇO LEGISLATIVO
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a informações, conforme o art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal. O dispositivo
constitucional dispõe que todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
mações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
O instrumento legal seguiu movimentos internacionais de introdução
de legislações semelhantes, como a dos Estados Unidos (1974), a da França
(1978) e a da Austrália (1981). Como regra geral, os limites dessas legislações
podem esbarrar tanto no interesse público (pedidos de informação sobre se-
gurança nacional, investigação criminal e política externa) quanto no interesse
privado (pedidos de informação que afetam interesses legítimos de terceiros
ou segredo industrial).
A relação entre a LAI e a proteção prevista na LGPD aos dados pessoais e
à privacidade é ambivalente. Por um lado, há uma tensão natural entre ambas,
já que a revelação de informações por meio da LAI vai muitas vezes em sentido
contrário ao direito de privacidade e de proteção garantido pela LGPD, como
no caso da divulgação de remunerações de servidores públicos. Por outro, o
direito de acesso a informações permite que o cidadão consulte dados pessoais
seus que estejam armazenados por órgãos governamentais, ensejando a possi-
bilidade de corrigi-los ou eliminá-los se errôneos ou incompletos.
Oportuno notar que não há conflito ou superposição entre a LAI e a ação
constitucional do habeas data, regido pela Lei nº 9.507/1997, já que o primeiro
está no plano administrativo e o segundo é manejado na esfera judicial.2 Apesar
disso, ambos podem servir à requisição de informações e a pedidos de correção
de dados pessoais.
A LAI, no art. 31, § 1º, II, determina que há duas hipóteses para divul-
gação da informação: (i) previsão legal; ou (ii) consentimento do titular. Entre
as hipóteses legais (art. 31, § 3º), contam-se as de: prevenção e diagnóstico
médico quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, única e exclusi-
vamente para utilização no tratamento médico; realização de estatísticas e pes-
quisas científicas de evidente interesse público ou geral, previstas em lei, sendo
vedada a identificação da pessoa a que as informações se referirem; cumpri-
mento de ordem judicial; defesa de direitos humanos; ou proteção do interesse
público e geral preponderante. Por fim, é possível a divulgação da informação
após decorrido o prazo de 100 anos a contar da produção da informação.
2 O inciso LXXII do art. 5º da Constituição Federal garante como direito fundamental aos cidadãos a concessão
de habeas data para: a) assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, cons-
tantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; e b) retificação
de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
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CONTEXTUALIZAÇÃO DA ERA DA INFORMAÇÃO E DO ARCABOUÇO LEGISLATIVO
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usuário. O acesso a esses registros somente pode ser feito mediante autoriza-
ção judicial e, uma vez instaurados processos investigativos, a autoridade pode
requerer a guarda por períodos mais longos.
O terceiro grande eixo do MCI diz respeito à responsabilização civil de-
vido a conteúdos gerados por terceiros. A lei garante uma inimputabilidade re-
lativa às empresas, da seguinte forma:
Art. 19. [...] o provedor de aplicações de internet somen-
te poderá ser responsabilizado civilmente por danos de-
correntes de conteúdo gerado por terceiros se, após or-
dem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro
do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apon-
tado como infringente [...].
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CONTEXTUALIZAÇÃO DA ERA DA INFORMAÇÃO E DO ARCABOUÇO LEGISLATIVO
qual alterou a LGPD e entrou em vigor no dia 18 de setembro de 2020. Por fim.
A Lei nº 14.010, de junho de 2020, prorrogou para o dia 1º de agosto de 2021 a
entrada em vigor das sanções administrativas previstas na LGPD. O diploma
ganhou, assim, seus contornos atuais.
A LGPD criou um sistema geral para proteção de dados pessoais e para
dados sensíveis, assim como regras específicas para tratamento de dados pes-
soais de crianças e adolescentes. Ademais, delineou as regras de tratamento de
dados pelo poder público, assentou as condições para que haja transferência
internacional de dados, delimitou os casos de responsabilidade civil dos atores
que causem danos aos titulares de dados, estabeleceu regras sobre segurança
e sigilo de dados e sobre boas práticas e governança no tratamento dos dados,
criou a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais (ANPD) e previu
sanções administrativas a serem por esta aplicadas. Foi criado também o Con-
selho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade, que possibi-
lita uma participação multissetorial na elaboração da política de proteção de
dados pessoais.
A lei estabelece diversas hipóteses que permitem e regulam o início do
tratamento de dados. A primeira delas, mais geral, é pelo fornecimento do con-
sentimento, de forma livre, informada e inequívoca, por parte do titular dos
dados. Já para dados de saúde, de opinião e outros mais sensíveis, o consen-
timento para o tratamento tem que ser dado, ainda, de forma específica des-
tacada dos demais. A segunda hipótese de tratamento é para o atendimento a
situações legais, como tutela da saúde, notificação de autoridades, segurança
pública, proteção ao crédito e para o atendimento de acordos internacionais.
A terceira forma é para o atendimento a interesses legítimos da entidade que
trata os dados, por exemplo, para prevenção de fraudes ou para segurança dos
sistemas.
A lei determinou liberdades e obrigações a cada um dos agentes da ca-
deia produtiva de tratamento de dados. Aos “controladores”, que são os pres-
tadores dos serviços aos quais o titular ofereceu seu consentimento de forma
direta, cabe a responsabilidade final pelo tratamento dos dados. Estes agentes
poderão, no entanto, repassar parte das operações para empresas contratadas,
os “operadores”. Essas empresas, apesar de também poderem ser responsa-
bilizadas em casos de incorreções, tendo em vista que são contratadas para
executar (operar) tarefas específicas, têm suas responsabilidades atenuadas ou
até eximidas em determinados casos.
Como forma de garantir o exercício de direitos por parte dos titulares e
facilitar a fiscalização, os “controladores” precisam constituir um agente res-
ponsável pelo atendimento às reclamações e comunicações com o ente de fis-
calização, o “encarregado”. Em síntese, essa sistematização de entidades e ati-
vidades permite que, ao longo de toda a cadeia de tratamento de dados, as
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responsabilidades de cada agente sejam bem definidas. Ademais, cristaliza no
setor o regime de responsabilidade solidária e objetiva, na esfera civil, ressal-
vado o direito de regresso.
Outro ponto importante da lei é o que diz respeito à transferência in-
ternacional de dados. Tendo em vista o caráter global de que se reveste a eco-
nomia atual, o fluxo de dados entre os países é vital, tanto para os negócios,
quanto para a fruição dos mais variados serviços. Assim, a LGPD permite a co-
municação internacional de dados das mais diversas formas, seja através de
normas corporativas globais ou de selos reconhecidos, seja por meio de certi-
ficações de agências internacionais ou de autoridades nacionais com as quais o
Brasil tenha acordo. O princípio geral permitirá que o órgão regulador, a ANPD,
aceite, via de regra, instrumentos já autorizados por países que possuam grau
de proteção igual ou maior ao brasileiro. Esse é um dos motivos pelos quais se
faz tão necessário o estabelecimento de uma entidade específica para fiscalizar
o setor. É exatamente sua existência e coordenação com outros entes nacionais
e multilaterais que permitirá, espera-se, a inserção econômica plena de nosso
país na nova economia digital. A Organização para a Cooperação e Desenvol-
vimento Econômico (OCDE) e a União Europeia, por exemplo, condicionam a
existência desse tipo de ente garantidor da proteção dos dados dos cidadãos e
das empresas de seus países-membros para, assim, chancelar a realização de
investimentos nessas localidades.
A aprovação da LGPD não ocorreu, no entanto, sem debates sobre pon-
tos controvertidos. Por exemplo, a discussão sobre a possibilidade ou não de
transferência, entre empresas, de dados sensíveis de saúde, com o consenti-
mento do titular. Nesse caso prevaleceu a hipótese de vedação da transferên-
cia para fins de comercialização. Ademais, é considerado ilegal o tratamento
desses dados para seleção de riscos (encarecimento de planos) ou para con-
tratação ou exclusão de beneficiários. Outro assunto polêmico foi a questão da
necessidade de revisão, por pessoa natural, de decisões tomadas unicamente
com base em tratamento automatizado de dados pessoais, que acabou vetada
pelo chefe do Executivo. Importante notar que o veto, quando analisado pelo
Congresso Nacional em outubro, foi rejeitado na Câmara dos Deputados e man-
tido pelo Senado Federal por apenas um voto a mais.
Os limites da responsabilidade civil, explicados anteriormente, tam-
bém levantaram polêmica. A LGPD criou uma exceção à regra geral da respon-
sabilidade objetiva e solidária do direito do consumidor ao determinar que o
“operador” responda solidariamente pelos danos causados pelo tratamento
apenas quando descumprir as obrigações da legislação de proteção de dados
ou quando não tiver seguido as instruções lícitas do “controlador”. Vale notar
que existem entendimentos de que a responsabilidade civil prevista na LGPD
seja subjetiva e não objetiva. Dessa forma, diferentemente de outros ramos ati-
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CONTEXTUALIZAÇÃO DA ERA DA INFORMAÇÃO E DO ARCABOUÇO LEGISLATIVO
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realizado. Restou uma indicação na lei, contudo, de que o Poder Executivo de-
verá reavaliar a natureza jurídica da entidade em prazo de dois anos da apro-
vação da LGPD.
Também houve demandas parlamentares a respeito de temas específi-
cos que acabaram sendo incorporados à lei. Quatro são especialmente dignas
de notas nesta breve explicação. A primeira delas foi a inclusão de tratamento
diferenciado aos idosos. Foi determinado que essa categoria terá que ser abor-
dada de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu entendimento.
Um segundo ponto refere-se às microempresas, empresas de pequeno porte
e startups. Cláusula específica prevê a criação de procedimentos e prazos sim-
plificados para essas iniciativas. Um terceiro tópico foi o alcance federativo da
lei. Tendo em vista a possibilidade de estabelecimento de regramentos diversos
sobre o tema nos distintos níveis da federação, foi indicado que os ditames da
LGPD devem ser seguidos pela União, estados e municípios. Essa diretriz foi
pensada para dar dinamismo ao setor, mediante regramento uniforme em todo
o país. O quarto e último ponto a mencionar é a permissão explícita ao reuso
de dados tornados públicos para fins legítimos e específicos. Dessa forma, es-
pera-se, poderá ser dado maior impulso à economia com dados já existentes e
tornados públicos.
Pelo exposto, podemos afirmar que o Brasil, com a aprovação da LGPD,
se insere definitivamente no cenário internacional dos países que possuem
uma lei abrangente de proteção de dados e uma autoridade nacional compe-
tente para regulamentar a fiscalizar o tratamento dos dados pessoais. Ficam,
portanto, para o futuro, o desafio de se construir uma autoridade estruturada e
dinâmica, que concilie, ao mesmo tempo, a exploração econômica legítima dos
dados pessoais com o direito fundamental à privacidade e à autodeterminação
informacional dos titulares desses dados.
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LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei des- Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de
tinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação, que será franqueada, me-
acesso à informação e devem ser executados em diante procedimentos objetivos e ágeis, de forma
conformidade com os princípios básicos da admi- transparente, clara e em linguagem de fácil com-
nistração pública e com as seguintes diretrizes: preensão.
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CAPÍTULO II § 2º Quando não for autorizado acesso integral à
DO ACESSO A INFORMAÇÕES informação por ser ela parcialmente sigilosa, é as-
E DA SUA DIVULGAÇÃO segurado o acesso à parte não sigilosa por meio de
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder pú- certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte
blico, observadas as normas e procedimentos es- sob sigilo.
pecíficos aplicáveis, assegurar a: § 3º O direito de acesso aos documentos ou às
I – gestão transparente da informação, propi- informações neles contidas utilizados como fun-
ciando amplo acesso a ela e sua divulgação; damento da tomada de decisão e do ato adminis-
II – proteção da informação, garantindo-se sua trativo será assegurado com a edição do ato deci-
disponibilidade, autenticidade e integridade; e sório respectivo.
III – proteção da informação sigilosa e da infor- § 4º A negativa de acesso às informações objeto
mação pessoal, observada a sua disponibilidade, de pedido formulado aos órgãos e entidades re-
autenticidade, integridade e eventual restrição de feridas no art. 1º, quando não fundamentada, su-
acesso. jeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
termos do art. 32 desta Lei.
Art. 7º O acesso à informação de que trata esta
§ 5º Informado do extravio da informação soli-
Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:
citada, poderá o interessado requerer à autorida-
I – orientação sobre os procedimentos para a
de competente a imediata abertura de sindicân-
consecução de acesso, bem como sobre o local
cia para apurar o desaparecimento da respectiva
onde poderá ser encontrada ou obtida a informa-
documentação.
ção almejada;
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste
II – informação contida em registros ou documen-
artigo, o responsável pela guarda da informação
tos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou
extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justi-
entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; ficar o fato e indicar testemunhas que comprovem
III – informação produzida ou custodiada por sua alegação.
pessoa física ou entidade privada decorrente de
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas
qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades,
promover, independentemente de requerimentos,
mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito
IV – informação primária, íntegra, autêntica e
de suas competências, de informações de interes-
atualizada;
se coletivo ou geral por eles produzidas ou custo-
V – informação sobre atividades exercidas pelos
diadas.
órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua po-
§ 1º Na divulgação das informações a que se re-
lítica, organização e serviços;
fere o caput, deverão constar, no mínimo:
VI – informação pertinente à administração do I – registro das competências e estrutura orga-
patrimônio público, utilização de recursos públi- nizacional, endereços e telefones das respectivas
cos, licitação, contratos administrativos; e unidades e horários de atendimento ao público;
VII – informação relativa: II – registros de quaisquer repasses ou transfe-
a) à implementação, acompanhamento e resul- rências de recursos financeiros;
tados dos programas, projetos e ações dos órgãos III – registros das despesas;
e entidades públicas, bem como metas e indica- IV – informações concernentes a procedimentos
dores propostos; licitatórios, inclusive os respectivos editais e resul-
b) ao resultado de inspeções, auditorias, pres- tados, bem como a todos os contratos celebrados;
tações e tomadas de contas realizadas pelos ór- V – dados gerais para o acompanhamento de
gãos de controle interno e externo, incluindo pres- programas, ações, projetos e obras de órgãos e
tações de contas relativas a exercícios anteriores. entidades; e
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não VI – respostas a perguntas mais frequentes da
compreende as informações referentes a projetos sociedade.
de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tec- § 2º Para cumprimento do disposto no caput, os
nológicos cujo sigilo seja imprescindível à seguran- órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos
ça da sociedade e do Estado. os meios e instrumentos legítimos de que dispuse-
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LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011
§ 3º Negado o acesso à informação pela Contro- Parágrafo único. As informações ou documentos
ladoria-Geral da União, poderá ser interposto re- que versem sobre condutas que impliquem viola-
curso à Comissão Mista de Reavaliação de Infor- ção dos direitos humanos praticada por agentes
mações, a que se refere o art. 35. públicos ou a mando de autoridades públicas não
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de poderão ser objeto de restrição de acesso.
desclassificação de informação protocolado em Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais
órgão da administração pública federal, poderá o hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça
requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, nem as hipóteses de segredo industrial decorren-
sem prejuízo das competências da Comissão Mis- tes da exploração direta de atividade econômica
ta de Reavaliação de Informações, previstas no pelo Estado ou por pessoa física ou entidade pri-
art. 35, e do disposto no art. 16. vada que tenha qualquer vínculo com o poder pú-
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente blico.
poderá ser dirigido às autoridades mencionadas Seção II
depois de submetido à apreciação de pelo menos Da Classificação da Informação
uma autoridade hierarquicamente superior à au- quanto ao Grau e Prazos de Sigilo
toridade que exarou a decisão impugnada e, no Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segu-
caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando. rança da sociedade ou do Estado e, portanto, pas-
§ 2º Indeferido o recurso previsto no caput que síveis de classificação as informações cuja divul-
tenha como objeto a desclassificação de informa- gação ou acesso irrestrito possam:
ção secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à Co- I – pôr em risco a defesa e a soberania nacionais
missão Mista de Reavaliação de Informações pre- ou a integridade do território nacional;
vista no art. 35. II – prejudicar ou pôr em risco a condução de ne-
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões gociações ou as relações internacionais do País, ou
denegatórias proferidas no recurso previsto no as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso
art. 15 e de revisão de classificação de documentos por outros Estados e organismos internacionais;
sigilosos serão objeto de regulamentação própria III – pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde
dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministé- da população;
rio Público, em seus respectivos âmbitos, assegu- IV – oferecer elevado risco à estabilidade finan-
rado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ceira, econômica ou monetária do País;
ser informado sobre o andamento de seu pedido. V – prejudicar ou causar risco a planos ou ope-
Art. 19. (Vetado) rações estratégicos das Forças Armadas;
§ 1º (Vetado) VI – prejudicar ou causar risco a projetos de pes-
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministé- quisa e desenvolvimento científico ou tecnológico,
rio Público informarão ao Conselho Nacional de assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas
Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Pú- de interesse estratégico nacional;
blico, respectivamente, as decisões que, em grau VII – pôr em risco a segurança de instituições ou
de recurso, negarem acesso a informações de in- de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e
teresse público. seus familiares; ou
VIII – comprometer atividades de inteligência,
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que cou-
bem como de investigação ou fiscalização em an-
ber, a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao
damento, relacionadas com a prevenção ou re-
procedimento de que trata este Capítulo.
pressão de infrações.
CAPÍTULO IV Art. 24. A informação em poder dos órgãos e en-
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
tidades públicas, observado o seu teor e em razão
Seção I de sua imprescindibilidade à segurança da socie-
Disposições Gerais dade ou do Estado, poderá ser classificada como
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informa- ultrassecreta, secreta ou reservada.
ção necessária à tutela judicial ou administrativa § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à
de direitos fundamentais. informação, conforme a classificação prevista no
21
caput, vigoram a partir da data de sua produção e Art. 26. As autoridades públicas adotarão as pro-
são os seguintes: vidências necessárias para que o pessoal a elas su-
I – ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; bordinado hierarquicamente conheça as normas
II – secreta: 15 (quinze) anos; e e observe as medidas e procedimentos de segu-
III – reservada: 5 (cinco) anos. rança para tratamento de informações sigilosas.
§ 2º As informações que puderem colocar em Parágrafo único. A pessoa física ou entidade
risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente privada que, em razão de qualquer vínculo com o
da República e respectivos cônjuges e filhos(as) poder público, executar atividades de tratamento
serão classificadas como reservadas e ficarão sob de informações sigilosas adotará as providências
sigilo até o término do mandato em exercício ou necessárias para que seus empregados, prepostos
do último mandato, em caso de reeleição. ou representantes observem as medidas e proce-
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no dimentos de segurança das informações resultan-
§ 1º, poderá ser estabelecida como termo final de tes da aplicação desta Lei.
restrição de acesso a ocorrência de determinado Seção IV
evento, desde que este ocorra antes do transcurso Dos Procedimentos de Classificação,
do prazo máximo de classificação. Reclassificação e Desclassificação
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou Art. 27. A classificação do sigilo de informações
consumado o evento que defina o seu termo fi- no âmbito da administração pública federal é de
nal, a informação tornar-se-á, automaticamente, competência:
de acesso público. I – no grau de ultrassecreto, das seguintes au-
§ 5º Para a classificação da informação em de- toridades:
terminado grau de sigilo, deverá ser observado o a) Presidente da República;
interesse público da informação e utilizado o crité- b) Vice-Presidente da República;
rio menos restritivo possível, considerados: c) Ministros de Estado e autoridades com as mes-
I – a gravidade do risco ou dano à segurança da mas prerrogativas;
sociedade e do Estado; e d) Comandantes da Marinha, do Exército e da
II – o prazo máximo de restrição de acesso ou o Aeronáutica; e
evento que defina seu termo final. e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares
permanentes no exterior;
Seção III
II – no grau de secreto, das autoridades referidas
Da Proteção e do Controle de
no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações
Informações Sigilosas
ou empresas públicas e sociedades de economia
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e mista; e
a divulgação de informações sigilosas produzidas III – no grau de reservado, das autoridades refe-
por seus órgãos e entidades, assegurando a sua ridas nos incisos I e II e das que exerçam funções
proteção. de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5,
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
informação classificada como sigilosa ficarão res- Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acor-
tritos a pessoas que tenham necessidade de co- do com regulamentação específica de cada órgão
nhecê-la e que sejam devidamente credenciadas ou entidade, observado o disposto nesta Lei.
na forma do regulamento, sem prejuízo das atri- § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no
buições dos agentes públicos autorizados por lei. que se refere à classificação como ultrassecreta e
§ 2º O acesso à informação classificada como secreta, poderá ser delegada pela autoridade res-
sigilosa cria a obrigação para aquele que a obteve ponsável a agente público, inclusive em missão no
de resguardar o sigilo. exterior, vedada a subdelegação.
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos § 2º A classificação de informação no grau de si-
e medidas a serem adotados para o tratamento de gilo ultrassecreto pelas autoridades previstas nas
informação sigilosa, de modo a protegê-la contra alíneas d e e do inciso I deverá ser ratificada pelos
perda, alteração indevida, acesso, transmissão e respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto
divulgação não autorizados. em regulamento.
22
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011
§ 3º A autoridade ou outro agente público que III – relatório estatístico contendo a quantidade
classificar informação como ultrassecreta deve- de pedidos de informação recebidos, atendidos e
rá encaminhar a decisão de que trata o art. 28 à indeferidos, bem como informações genéricas so-
Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a bre os solicitantes.
que se refere o art. 35, no prazo previsto em re- § 1º Os órgãos e entidades deverão manter
gulamento. exemplar da publicação prevista no caput para
Art. 28. A classificação de informação em qual- consulta pública em suas sedes.
quer grau de sigilo deverá ser formalizada em de- § 2º Os órgãos e entidades manterão extrato
cisão que conterá, no mínimo, os seguintes ele- com a lista de informações classificadas, acom-
panhadas da data, do grau de sigilo e dos funda-
mentos:
mentos da classificação.
I – assunto sobre o qual versa a informação;
II – fundamento da classificação, observados os Seção V
critérios estabelecidos no art. 24; Das Informações Pessoais
III – indicação do prazo de sigilo, contado em Art. 31. O tratamento das informações pessoais
anos, meses ou dias, ou do evento que defina o deve ser feito de forma transparente e com respeito
seu termo final, conforme limites previstos no à intimidade, vida privada, honra e imagem das
art. 24; e pessoas, bem como às liberdades e garantias in-
IV – identificação da autoridade que a classificou. dividuais.
Parágrafo único. A decisão referida no caput se- § 1º As informações pessoais, a que se refere es-
rá mantida no mesmo grau de sigilo da informa- te artigo, relativas à intimidade, vida privada, hon-
ção classificada. ra e imagem:
I – terão seu acesso restrito, independentemen-
Art. 29. A classificação das informações será rea-
te de classificação de sigilo e pelo prazo máximo
valiada pela autoridade classificadora ou por au-
de 100 (cem) anos a contar da sua data de produ-
toridade hierarquicamente superior, mediante
ção, a agentes públicos legalmente autorizados e
provocação ou de ofício, nos termos e prazos pre-
à pessoa a que elas se referirem; e
vistos em regulamento, com vistas à sua desclassi-
II – poderão ter autorizada sua divulgação
ficação ou à redução do prazo de sigilo, observado
ou acesso por terceiros diante de previsão legal
o disposto no art. 24.
ou consentimento expresso da pessoa a que elas
§ 1º O regulamento a que se refere o caput de-
se referirem.
verá considerar as peculiaridades das informações
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações
produzidas no exterior por autoridades ou agen-
de que trata este artigo será responsabilizado por
tes públicos.
seu uso indevido.
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, de-
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º
verão ser examinadas a permanência dos motivos
não será exigido quando as informações forem ne-
do sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do
cessárias:
acesso ou da divulgação da informação.
I – à prevenção e diagnóstico médico, quando a
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo
pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e pa-
da informação, o novo prazo de restrição manterá
ra utilização única e exclusivamente para o trata-
como termo inicial a data da sua produção.
mento médico;
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou II – à realização de estatísticas e pesquisas cien-
entidade publicará, anualmente, em sítio à dis- tíficas de evidente interesse público ou geral, pre-
posição na internet e destinado à veiculação de vistos em lei, sendo vedada a identificação da pes-
dados e informações administrativas, nos termos soa a que as informações se referirem;
de regulamento: III – ao cumprimento de ordem judicial;
I – rol das informações que tenham sido desclas- IV – à defesa de direitos humanos; ou
sificadas nos últimos 12 (doze) meses; V – à proteção do interesse público e geral pre-
II – rol de documentos classificados em cada ponderante.
grau de sigilo, com identificação para referência § 4º A restrição de acesso à informação relati-
futura; va à vida privada, honra e imagem de pessoa não
23
poderá ser invocada com o intuito de prejudicar improbidade administrativa, conforme o disposto
processo de apuração de irregularidades em que nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429,
o titular das informações estiver envolvido, bem de 2 de junho de 1992.
como em ações voltadas para a recuperação de Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que
fatos históricos de maior relevância. detiver informações em virtude de vínculo de qual-
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimen- quer natureza com o poder público e deixar de ob-
tos para tratamento de informação pessoal. servar o disposto nesta Lei estará sujeita às seguin-
CAPÍTULO V tes sanções:
DAS RESPONSABILIDADES I – advertência;
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam II – multa;
responsabilidade do agente público ou militar: III – rescisão do vínculo com o poder público;
I – recusar-se a fornecer informação requerida IV – suspensão temporária de participar em li-
citação e impedimento de contratar com a admi-
nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o
nistração pública por prazo não superior a 2 (dois)
seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente
anos; e
de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
V – declaração de inidoneidade para licitar ou
II – utilizar indevidamente, bem como subtrair,
contratar com a administração pública, até que
destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar,
seja promovida a reabilitação perante a própria
total ou parcialmente, informação que se encon-
autoridade que aplicou a penalidade.
tre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou co-
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV po-
nhecimento em razão do exercício das atribuições
derão ser aplicadas juntamente com a do inciso II,
de cargo, emprego ou função pública;
assegurado o direito de defesa do interessado, no
III – agir com dolo ou má-fé na análise das soli-
respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
citações de acesso à informação;
§ 2º A reabilitação referida no inciso V será au-
IV – divulgar ou permitir a divulgação ou acessar
torizada somente quando o interessado efetivar
ou permitir acesso indevido à informação sigilosa
o ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuí-
ou informação pessoal;
zos resultantes e após decorrido o prazo da sanção
V – impor sigilo à informação para obter provei-
aplicada com base no inciso IV.
to pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é
de ato ilegal cometido por si ou por outrem;
de competência exclusiva da autoridade máxima
VI – ocultar da revisão de autoridade superior
do órgão ou entidade pública, facultada a defe-
competente informação sigilosa para beneficiar a
sa do interessado, no respectivo processo, no pra-
si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
zo de 10 (dez) dias da abertura de vista.
VII – destruir ou subtrair, por qualquer meio, do-
cumentos concernentes a possíveis violações de Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respon-
direitos humanos por parte de agentes do Estado. dem diretamente pelos danos causados em decor-
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da rência da divulgação não autorizada ou utilização
ampla defesa e do devido processo legal, as con- indevida de informações sigilosas ou informações
pessoais, cabendo a apuração de responsabilida-
dutas descritas no caput serão consideradas:
de funcional nos casos de dolo ou culpa, assegu-
I – para fins dos regulamentos disciplinares das
rado o respectivo direito de regresso.
Forças Armadas, transgressões militares médias
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-
ou graves, segundo os critérios neles estabeleci-
-se à pessoa física ou entidade privada que, em vir-
dos, desde que não tipificadas em lei como crime
tude de vínculo de qualquer natureza com órgãos
ou contravenção penal; ou
ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa
II – para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11
ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.
de dezembro de 1990, e suas alterações, infrações
administrativas, que deverão ser apenadas, no mí- CAPÍTULO VI
nimo, com suspensão, segundo os critérios nela DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
estabelecidos. Art. 35. (Vetado)
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o § 1º É instituída a Comissão Mista de Reavalia-
militar ou agente público responder, também, por ção de Informações, que decidirá, no âmbito da
24
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011
administração pública federal, sobre o tratamen- cional, sem prejuízo das atribuições do Ministé-
to e a classificação de informações sigilosas e terá rio das Relações Exteriores e dos demais órgãos
competência para: competentes.
I – requisitar da autoridade que classificar infor- Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a
mação como ultrassecreta e secreta esclarecimen- composição, organização e funcionamento do NSC.
to ou conteúdo, parcial ou integral da informação;
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de
II – rever a classificação de informações ultras-
12 de novembro de 1997, em relação à informação
secretas ou secretas, de ofício ou mediante pro-
de pessoa, física ou jurídica, constante de registro
vocação de pessoa interessada, observado o dis-
ou banco de dados de entidades governamentais
posto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e
ou de caráter público.
III – prorrogar o prazo de sigilo de informação
classificada como ultrassecreta, sempre por prazo Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão
determinado, enquanto o seu acesso ou divulga- proceder à reavaliação das informações classifica-
ção puder ocasionar ameaça externa à soberania das como ultrassecretas e secretas no prazo má-
nacional ou à integridade do território nacional ou ximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de
grave risco às relações internacionais do País, ob- vigência desta Lei.
servado o prazo previsto no § 1º do art. 24. § 1º A restrição de acesso a informações, em ra-
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a zão da reavaliação prevista no caput, deverá ob-
uma única renovação. servar os prazos e condições previstos nesta Lei.
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II § 2º No âmbito da administração pública federal,
do § 1º deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (qua- a reavaliação prevista no caput poderá ser revista,
tro) anos, após a reavaliação prevista no art. 39, a qualquer tempo, pela Comissão Mista de Rea-
quando se tratar de documentos ultrassecretos valiação de Informações, observados os termos
ou secretos. desta Lei.
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de rea-
Comissão Mista de Reavaliação de Informações valiação previsto no caput, será mantida a classi-
nos prazos previstos no § 3º implicará a desclassi-
ficação da informação nos termos da legislação
ficação automática das informações.
precedente.
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição,
§ 4º As informações classificadas como secretas
organização e funcionamento da Comissão Mista
e ultrassecretas não reavaliadas no prazo previs-
de Reavaliação de Informações, observado o man-
to no caput serão consideradas, automaticamente,
dato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de-
de acesso público.
mais disposições desta Lei.
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa re-
sultante de tratados, acordos ou atos internacio- vigência desta Lei, o dirigente máximo de cada ór-
nais atenderá às normas e recomendações cons- gão ou entidade da administração pública federal
tantes desses instrumentos. direta e indireta designará autoridade que lhe seja
diretamente subordinada para, no âmbito do res-
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de
pectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes
Segurança Institucional da Presidência da Repú-
atribuições:
blica, o Núcleo de Segurança e Credenciamento
(NSC), que tem por objetivos: I – assegurar o cumprimento das normas relati-
I – promover e propor a regulamentação do cre- vas ao acesso a informação, de forma eficiente e
denciamento de segurança de pessoas físicas, em- adequada aos objetivos desta Lei;
presas, órgãos e entidades para tratamento de in- II – monitorar a implementação do disposto nes-
formações sigilosas; e ta Lei e apresentar relatórios periódicos sobre o
II – garantir a segurança de informações sigilo- seu cumprimento;
sas, inclusive aquelas provenientes de países ou III – recomendar as medidas indispensáveis à
organizações internacionais com os quais a Repú- implementação e ao aperfeiçoamento das normas
blica Federativa do Brasil tenha firmado tratado, e procedimentos necessários ao correto cumpri-
acordo, contrato ou qualquer outro ato interna- mento do disposto nesta Lei; e
25
IV – orientar as respectivas unidades no que se regras específicas, especialmente quanto ao dis-
refere ao cumprimento do disposto nesta Lei e posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
seus regulamentos. Art. 46. Revogam-se:
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará ór- I – a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005; e
gão da administração pública federal responsável: II – os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de ja-
I – pela promoção de campanha de abrangência neiro de 1991.
nacional de fomento à cultura da transparência na Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oiten-
administração pública e conscientização do direi- ta) dias após a data de sua publicação.
to fundamental de acesso à informação; Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da
II – pelo treinamento de agentes públicos no Independência e 123º da República.
que se refere ao desenvolvimento de práticas re- DILMA ROUSSEFF
lacionadas à transparência na administração pú- José Eduardo Cardoso
Celso Luiz Nunes Amorim
blica; Antonio de Aguiar Patriota
III – pelo monitoramento da aplicação da lei no Miriam Belchior
âmbito da administração pública federal, concen- Paulo Bernardo Silva
Gleisi Hoffmann
trando e consolidando a publicação de informa- José Elito Carvalho Siqueira
ções estatísticas relacionadas no art. 30; Helena Chagas
Luís Inácio Lucena Adams
IV – pelo encaminhamento ao Congresso Nacio-
Jorge Hage Sobrinho
nal de relatório anual com informações atinentes Maria do Rosário Nunes
à implementação desta Lei.
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o dis- LEI Nº 12.965, DE 23 DE ABRIL DE 2014
(MARCO CIVIL DA INTERNET)
posto nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta)
(Publicada no DOU de 24/4/2014)
dias a contar da data de sua publicação.
Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei nº 8.112, de uso da Internet no Brasil.
11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a
A presidenta da República
seguinte redação:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
Art. 116. [...] sanciono a seguinte lei:
[...]
CAPÍTULO I
VI – levar as irregularidades de que tiver ciência DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
em razão do cargo ao conhecimento da autorida-
de superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
Art. 1º Esta Lei estabelece princípios, garantias,
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade direitos e deveres para o uso da internet no Brasil
competente para apuração; e determina as diretrizes para atuação da União,
[...] dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
em relação à matéria.
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112,
de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte Art. 2º A disciplina do uso da internet no Brasil
tem como fundamento o respeito à liberdade de
art. 126-A:
expressão, bem como:
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser respon-
I – o reconhecimento da escala mundial da rede;
sabilizado civil, penal ou administrativamente por
II – os direitos humanos, o desenvolvimento da
dar ciência à autoridade superior ou, quando hou-
personalidade e o exercício da cidadania em meios
ver suspeita de envolvimento desta, a outra auto-
ridade competente para apuração de informação digitais;
concernente à prática de crimes ou improbidade III – a pluralidade e a diversidade;
de que tenha conhecimento, ainda que em decor- IV – a abertura e a colaboração;
rência do exercício de cargo, emprego ou função V – a livre iniciativa, a livre concorrência e a de-
pública. fesa do consumidor; e
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e VI – a finalidade social da rede.
aos Municípios, em legislação própria, obedecidas Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil
as normas gerais estabelecidas nesta Lei, definir tem os seguintes princípios:
26
LEI Nº 12.965, DE 23 DE ABRIL DE 2014
soa natural ou por pessoa jurídica de direito pú- I – realizado por pessoa natural para fins exclusi-
blico ou privado, com o objetivo de proteger os vamente particulares e não econômicos;
direitos fundamentais de liberdade e de privaci- II – realizado para fins exclusivamente:
dade e o livre desenvolvimento da personalidade a) jornalístico e artísticos; ou
da pessoa natural. b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os
Parágrafo único. As normas gerais contidas nes- arts. 7º e 11 desta Lei;
ta Lei são de interesse nacional e devem ser ob- III – realizado para fins exclusivos de:
servadas pela União, Estados, Distrito Federal e a) segurança pública;
Municípios. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 13.853, b) defesa nacional;
de 8/7/2019) c) segurança do Estado; ou
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais d) atividades de investigação e repressão de in-
tem como fundamentos: frações penais; ou
I – o respeito à privacidade; IV – provenientes de fora do território nacio-
II – a autodeterminação informativa; nal e que não sejam objeto de comunicação, uso
III – a liberdade de expressão, de informação, de compartilhado de dados com agentes de trata-
comunicação e de opinião; mento brasileiros ou objeto de transferência in-
IV – a inviolabilidade da intimidade, da honra ternacional de dados com outro país que não o
e da imagem; de proveniência, desde que o país de proveniência
V – o desenvolvimento econômico e tecnológico proporcione grau de proteção de dados pessoais
e a inovação; adequado ao previsto nesta Lei.
VI – a livre iniciativa, a livre concorrência e a de- § 1º O tratamento de dados pessoais previsto
fesa do consumidor; e no inciso III será regido por legislação específica,
VII – os direitos humanos, o livre desenvolvimen- que deverá prever medidas proporcionais e estri-
to da personalidade, a dignidade e o exercício da tamente necessárias ao atendimento do interesse
cidadania pelas pessoas naturais. público, observados o devido processo legal, os
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de princípios gerais de proteção e os direitos do titu-
tratamento realizada por pessoa natural ou por lar previstos nesta Lei.
pessoa jurídica de direito público ou privado, in- § 2º É vedado o tratamento dos dados a que se
dependentemente do meio, do país de sua sede refere o inciso III do caput deste artigo por pessoa
ou do país onde estejam localizados os dados, de direito privado, exceto em procedimentos sob
desde que: tutela de pessoa jurídica de direito público, que
I – a operação de tratamento seja realizada no serão objeto de informe específico à autoridade
território nacional; nacional e que deverão observar a limitação im-
II – a atividade de tratamento tenha por objetivo posta no § 4º deste artigo.
a oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou § 3º A autoridade nacional emitirá opiniões téc-
o tratamento de dados de indivíduos localizados nicas ou recomendações referentes às exceções
no território nacional; ou (Inciso com redação dada previstas no inciso III do caput deste artigo e deve-
pela Medida Provisória nº 869, de 27/12/2018, convertida rá solicitar aos responsáveis relatórios de impacto
na Lei nº 13.853, de 8/7/2019) à proteção de dados pessoais.
III – os dados pessoais objeto do tratamento te- § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados
nham sido coletados no território nacional. pessoais de banco de dados de que trata o inci-
§ 1º Consideram-se coletados no território na- so III do caput deste artigo poderá ser tratada por
cional os dados pessoais cujo titular nele se en- pessoa de direito privado, salvo por aquela que
contre no momento da coleta. possua capital integralmente constituído pelo
§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste arti- poder público. (Parágrafo com redação dada pela Lei
go o tratamento de dados previsto no inciso IV do nº 13.853, de 8/7/2019)
caput do art. 4º desta Lei. Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de da- I – dado pessoal: informação relacionada a pes-
dos pessoais: soa natural identificada ou identificável;
33
II – dado pessoal sensível: dado pessoal sobre XIII – bloqueio: suspensão temporária de qual-
origem racial ou étnica, convicção religiosa, opi- quer operação de tratamento, mediante guarda
nião política, filiação a sindicato ou a organização do dado pessoal ou do banco de dados;
de caráter religioso, filosófico ou político, dado re- XIV – eliminação: exclusão de dado ou de con-
ferente à saúde ou à vida sexual, dado genético junto de dados armazenados em banco de dados,
ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa independentemente do procedimento empregado;
natural; XV – transferência internacional de dados: trans-
III – dado anonimizado: dado relativo a titular ferência de dados pessoais para país estrangeiro
que não possa ser identificado, considerando a ou organismo internacional do qual o país seja
utilização de meios técnicos razoáveis e disponí- membro;
veis na ocasião de seu tratamento; XVI – uso compartilhado de dados: comunica-
IV – banco de dados: conjunto estruturado de ção, difusão, transferência internacional, interco-
dados pessoais, estabelecido em um ou em vários nexão de dados pessoais ou tratamento compar-
locais, em suporte eletrônico ou físico; tilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e
entidades públicos no cumprimento de suas com-
V – titular: pessoa natural a quem se referem
petências legais, ou entre esses e entes privados,
os dados pessoais que são objeto de tratamento;
reciprocamente, com autorização específica, pa-
VI – controlador: pessoa natural ou jurídica, de
ra uma ou mais modalidades de tratamento per-
direito público ou privado, a quem competem
mitidas por esses entes públicos, ou entre entes
as decisões referentes ao tratamento de dados
privados;
pessoais;
XVII – relatório de impacto à proteção de dados
VII – operador: pessoa natural ou jurídica, de di-
pessoais: documentação do controlador que con-
reito público ou privado, que realiza o tratamento
tém a descrição dos processos de tratamento de
de dados pessoais em nome do controlador;
dados pessoais que podem gerar riscos às liberda-
VIII – encarregado: pessoa indicada pelo contro-
des civis e aos direitos fundamentais, bem como
lador e operador para atuar como canal de comu-
medidas, salvaguardas e mecanismos de mitiga-
nicação entre o controlador, os titulares dos da-
ção de risco;
dos e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados XVIII – órgão de pesquisa: órgão ou entidade
(ANPD); (Inciso com redação dada pela Medida Provisó- da administração pública direta ou indireta ou
ria nº 869, de 27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de pessoa jurídica de direito privado sem fins lucra-
8/7/2019) tivos legalmente constituída sob as leis brasilei-
IX – agentes de tratamento: o controlador e o ras, com sede e foro no País, que inclua em sua
operador; missão institucional ou em seu objetivo social ou
X – tratamento: toda operação realizada com da- estatutário a pesquisa básica ou aplicada de cará-
dos pessoais, como as que se referem a coleta, pro- ter histórico, científico, tecnológico ou estatístico;
dução, recepção, classificação, utilização, acesso, e (Inciso com redação dada pela Medida Provisória nº 869,
reprodução, transmissão, distribuição, processa- de 27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
mento, arquivamento, armazenamento, elimina- XIX – autoridade nacional: órgão da adminis-
ção, avaliação ou controle da informação, modi- tração pública responsável por zelar, implemen-
ficação, comunicação, transferência, difusão ou tar e fiscalizar o cumprimento desta Lei em todo
extração; o território nacional. (Inciso com redação dada pela Lei
XI – anonimização: utilização de meios técnicos nº 13.853, de 8/7/2019)
razoáveis e disponíveis no momento do tratamen- Art. 6º As atividades de tratamento de dados pes-
to, por meio dos quais um dado perde a possibi- soais deverão observar a boa-fé e os seguintes
lidade de associação, direta ou indireta, a um in- princípios:
divíduo; I – finalidade: realização do tratamento para
XII – consentimento: manifestação livre, infor- propósitos legítimos, específicos, explícitos e in-
mada e inequívoca pela qual o titular concorda formados ao titular, sem possibilidade de trata-
com o tratamento de seus dados pessoais para mento posterior de forma incompatível com es-
uma finalidade determinada; sas finalidades;
34
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018
Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em forma- III – nas exceções constantes do § 1º do art. 26
to interoperável e estruturado para o uso comparti- desta Lei.
lhado, com vistas à execução de políticas públicas, Parágrafo único. A informação à autoridade na-
à prestação de serviços públicos, à descentraliza- cional de que trata o caput deste artigo será objeto
ção da atividade pública e à disseminação e ao de regulamentação. (Parágrafo único acrescido pela Lei
acesso das informações pelo público em geral. nº 13.853, de 8/7/2019)
§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o Art. 51. A autoridade nacional estimulará a ado-
controlador e o operador levarão em consideração, ção de padrões técnicos que facilitem o controle
em relação ao tratamento e aos dados, a natureza, pelos titulares dos seus dados pessoais.
o escopo, a finalidade e a probabilidade e a gravi-
CAPÍTULO VIII
dade dos riscos e dos benefícios decorrentes de
DA FISCALIZAÇÃO
tratamento de dados do titular.
Seção I
§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos
Das Sanções Administrativas
incisos VII e VIII do caput do art. 6º desta Lei, o con-
trolador, observados a estrutura, a escala e o volu- Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em
me de suas operações, bem como a sensibilidade razão das infrações cometidas às normas previstas
dos dados tratados e a probabilidade e a gravida- nesta Lei, ficam sujeitos às seguintes sanções ad-
de dos danos para os titulares dos dados, poderá: ministrativas aplicáveis pela autoridade nacional:
I – implementar programa de governança em (Artigo republicado na edição extra do DOU de 15/8/2018)
privacidade que, no mínimo: I – advertência, com indicação de prazo para
a) demonstre o comprometimento do contro- adoção de medidas corretivas;
lador em adotar processos e políticas internas II – multa simples, de até 2% (dois por cento) do
que assegurem o cumprimento, de forma abran- faturamento da pessoa jurídica de direito privado,
gente, de normas e boas práticas relativas à pro- grupo ou conglomerado no Brasil no seu último
teção de dados pessoais; exercício, excluídos os tributos, limitada, no total,
b) seja aplicável a todo o conjunto de dados a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais)
pessoais que estejam sob seu controle, indepen- por infração;
dentemente do modo como se realizou sua coleta; III – multa diária, observado o limite total a que
c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volu- se refere o inciso II;
me de suas operações, bem como à sensibilidade IV – publicização da infração após devidamente
dos dados tratados; apurada e confirmada a sua ocorrência;
d) estabeleça políticas e salvaguardas adequa- V – bloqueio dos dados pessoais a que se refere
das com base em processo de avaliação sistemá- a infração até a sua regularização;
tica de impactos e riscos à privacidade;
VI – eliminação dos dados pessoais a que se re-
e) tenha o objetivo de estabelecer relação de
fere a infração;
confiança com o titular, por meio de atuação trans-
VII – (Vetado)
parente e que assegure mecanismos de participa-
VIII – (Vetado)
ção do titular;
IX – (Vetado)
f) esteja integrado a sua estrutura geral de go-
X – suspensão parcial do funcionamento do ban-
vernança e estabeleça e aplique mecanismos de
co de dados a que se refere a infração pelo perío-
supervisão internos e externos;
do máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual
g) conte com planos de resposta a incidentes e
período, até a regularização da atividade de tra-
remediação; e
tamento pelo controlador; (Inciso acrescido pela Lei
h) seja atualizado constantemente com base em
nº 13.853, de 8/7/2019, vetado pelo presidente da República,
informações obtidas a partir de monitoramento
contínuo e avaliações periódicas; mantido pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de
45
pelo presidente da República, mantido pelo Congresso Na- § 5º O produto da arrecadação das multas apli-
cional e publicado no DOU de 20/12/2019) cadas pela ANPD, inscritas ou não em dívida ati-
§ 1º As sanções serão aplicadas após procedi- va, será destinado ao Fundo de Defesa de Direitos
mento administrativo que possibilite a oportuni- Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de
dade da ampla defesa, de forma gradativa, isolada 24 de julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de mar-
ou cumulativa, de acordo com as peculiaridades ço de 1995. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.853, de
do caso concreto e considerados os seguintes pa- 8/7/2019)
râmetros e critérios: § 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII
I – a gravidade e a natureza das infrações e dos do caput deste artigo serão aplicadas:
direitos pessoais afetados; I – somente após já ter sido imposta ao menos
II – a boa-fé do infrator; 1 (uma) das sanções de que tratam os incisos II, III,
III – a vantagem auferida ou pretendida pelo in- IV, V e VI do caput deste artigo para o mesmo caso
frator; concreto; e
IV – a condição econômica do infrator; II – em caso de controladores submetidos a ou-
V – a reincidência; tros órgãos e entidades com competências sancio-
VI – o grau do dano; natórias, ouvidos esses órgãos. (Parágrafo acrescido
VII – a cooperação do infrator; pela Lei nº 13.853, de 8/7/2019, vetado pelo presidente da
VIII – a adoção reiterada e demonstrada de me- República, mantido pelo Congresso Nacional e publicado
canismos e procedimentos internos capazes de no DOU de 20/12/2019)
minimizar o dano, voltados ao tratamento segu- § 7º Os vazamentos individuais ou os acessos
ro e adequado de dados, em consonância com o não autorizados de que trata o caput do art. 46
disposto no inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei; desta Lei poderão ser objeto de conciliação direta
IX – a adoção de política de boas práticas e go- entre controlador e titular e, caso não haja acordo,
vernança; o controlador estará sujeito à aplicação das pena-
X – a pronta adoção de medidas corretivas; e lidades de que trata este artigo. (Parágrafo acrescido
XI – a proporcionalidade entre a gravidade da pela Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
falta e a intensidade da sanção. Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a apli- de regulamento próprio sobre sanções administra-
cação de sanções administrativas, civis ou penais tivas a infrações a esta Lei, que deverá ser objeto
definidas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de de consulta pública, as metodologias que orienta-
1990, e em legislação específica. (Parágrafo com re- rão o cálculo do valor-base das sanções de multa.
dação dada pela Lei nº 13.853, de 8/7/2019) § 1º As metodologias a que se refere o caput
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII deste artigo devem ser previamente publicadas,
do caput deste artigo poderá ser aplicado às enti- para ciência dos agentes de tratamento, e devem
dades e aos órgãos públicos, sem prejuízo do dis- apresentar objetivamente as formas e dosimetrias
posto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, para o cálculo do valor-base das sanções de multa,
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei que deverão conter fundamentação detalhada de
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. (Parágrafo todos os seus elementos, demonstrando a obser-
com redação dada pela Lei nº 13.853, de 8/7/2019, vetado vância dos critérios previstos nesta Lei.
pelo presidente da República, mantido pelo Congresso Na- § 2º O regulamento de sanções e metodologias
cional e publicado no DOU de 20/12/2019) correspondentes deve estabelecer as circunstân-
§ 4º No cálculo do valor da multa de que trata o cias e as condições para a adoção de multa sim-
inciso II do caput deste artigo, a autoridade nacio- ples ou diária.
nal poderá considerar o faturamento total da em- Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicá-
presa ou grupo de empresas, quando não dispu- vel às infrações a esta Lei deve observar a gravida-
ser do valor do faturamento no ramo de atividade de da falta e a extensão do dano ou prejuízo causa-
empresarial em que ocorreu a infração, definido do e ser fundamentado pela autoridade nacional.
pela autoridade nacional, ou quando o valor for Parágrafo único. A intimação da sanção de mul-
apresentado de forma incompleta ou não for de- ta diária deverá conter, no mínimo, a descrição da
monstrado de forma inequívoca e idônea. obrigação imposta, o prazo razoável e estipulado
46
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018
pelo órgão para o seu cumprimento e o valor da Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será com-
multa diária a ser aplicada pelo seu descumpri- posto de 5 (cinco) diretores, incluído o Diretor-
mento. -Presidente.
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD
CAPÍTULO IX
serão escolhidos pelo Presidente da República e
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO
por ele nomeados, após aprovação pelo Senado
DE DADOS (ANPD) E DO CONSELHO
Federal, nos termos da alínea f do inciso III do
NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo
PESSOAIS E DA PRIVACIDADE
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
Seção I Superiores (DAS), no mínimo, de nível 5.
Da Autoridade Nacional de § 2º Os membros do Conselho Diretor serão es-
Proteção de Dados (ANPD) colhidos dentre brasileiros que tenham reputação
Art. 55. (Vetado) ilibada, nível superior de educação e elevado con-
Art. 55-A. Fica criada, sem aumento de despesa, a ceito no campo de especialidade dos cargos para
os quais serão nomeados.
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD),
§ 3º O mandato dos membros do Conselho
órgão da administração pública federal, integran-
Diretor será de 4 (quatro) anos.
te da Presidência da República.
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do
§ 1º A natureza jurídica da ANPD é transitória Conselho Diretor nomeados serão de 2 (dois), de
e poderá ser transformada pelo Poder Executivo 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e de 6 (seis) anos,
em entidade da administração pública federal in- conforme estabelecido no ato de nomeação.
direta, submetida a regime autárquico especial e § 5º Na hipótese de vacância do cargo no cur-
vinculada à Presidência da República. so do mandato de membro do Conselho Diretor,
§ 2º A avaliação quanto à transformação de que o prazo remanescente será completado pelo su-
dispõe o § 1º deste artigo deverá ocorrer em até cessor. (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869,
2 (dois) anos da data da entrada em vigor da es- de 27/12/2018, e com redação dada pela Lei nº 13.853, de
trutura regimental da ANPD. 8/7/2019, na qual foi convertida a referida medida provisória)
§ 3º O provimento dos cargos e das funções ne- Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor so-
cessários à criação e à atuação da ANPD está con- mente perderão seus cargos em virtude de renún-
dicionado à expressa autorização física e financei- cia, condenação judicial transitada em julgado ou
pena de demissão decorrente de processo admi-
ra na lei orçamentária anual e à permissão na lei
nistrativo disciplinar.
de diretrizes orçamentárias. (Artigo acrescido pela Me-
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao
dida Provisória nº 869, de 27/12/2018, e com redação dada
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presi-
pela Lei nº 13.853, de 8/7/2019, na qual foi convertida a re-
dência da República instaurar o processo adminis-
ferida medida provisória) trativo disciplinar, que será conduzido por comis-
Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica à ANPD. são especial constituída por servidores públicos
(Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de 27/12/2018, federais estáveis.
convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019) § 2º Compete ao Presidente da República deter-
minar o afastamento preventivo, somente quan-
Art. 55-C. A ANPD é composta de:
do assim recomendado pela comissão especial
I – Conselho Diretor, órgão máximo de direção;
de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o julga-
II – Conselho Nacional de Proteção de Dados
mento. (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de
Pessoais e da Privacidade; 27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
III – Corregedoria;
Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho
IV – Ouvidoria; Diretor, após o exercício do cargo, o disposto no
V – órgão de assessoramento jurídico próprio; e art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013.
VI – unidades administrativas e unidades espe- Parágrafo único. A infração ao disposto no caput
cializadas necessárias à aplicação do disposto nes- caracteriza ato de improbidade administrativa.
ta Lei. (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de
27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019) 27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
47
Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá quais deverão levar em consideração as especifi-
sobre a estrutura regimental da ANPD. cidades das atividades e o porte dos responsáveis;
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua es- IX – promover ações de cooperação com auto-
trutura regimental, a ANPD receberá o apoio téc- ridades de proteção de dados pessoais de outros
nico e administrativo da Casa Civil da Presidência países, de natureza internacional ou transnacional;
da República para o exercício de suas atividades. X – dispor sobre as formas de publicidade das
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimen- operações de tratamento de dados pessoais, res-
to interno da ANPD. (Artigo acrescido pela Medida Pro- peitados os segredos comercial e industrial;
visória nº 869, de 27/12/2018, e com redação dada pela Lei XI – solicitar, a qualquer momento, às entida-
nº 13.853, de 8/7/2019, na qual foi convertida a referida me- des do poder público que realizem operações de
dida provisória) tratamento de dados pessoais informe específico
Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais
confiança da ANPD serão remanejados de outros detalhes do tratamento realizado, com a possibili-
órgãos e entidades do Poder Executivo federal. (Ar- dade de emitir parecer técnico complementar pa-
tigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de 27/12/2018, ra garantir o cumprimento desta Lei;
convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
XII – elaborar relatórios de gestão anuais acerca
de suas atividades;
Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão
XIII – editar regulamentos e procedimentos so-
e das funções de confiança da ANPD serão indica-
bre proteção de dados pessoais e privacidade,
dos pelo Conselho Diretor e nomeados ou desig-
bem como sobre relatórios de impacto à proteção
nados pelo Diretor-Presidente. (Artigo acrescido pela
de dados pessoais para os casos em que o trata-
Medida Provisória nº 869, de 27/12/2018, convertida na Lei
mento representar alto risco à garantia dos prin-
nº 13.853, de 8/7/2019)
cípios gerais de proteção de dados pessoais pre-
Art. 55-J. Compete à ANPD: vistos nesta Lei;
I – zelar pela proteção dos dados pessoais, nos XIV – ouvir os agentes de tratamento e a socie-
termos da legislação; dade em matérias de interesse relevante e prestar
II – zelar pela observância dos segredos comer- contas sobre suas atividades e planejamento;
cial e industrial, observada a proteção de dados XV – arrecadar e aplicar suas receitas e publicar,
pessoais e do sigilo das informações quando pro- no relatório de gestão a que se refere o inciso XII
tegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar do caput deste artigo, o detalhamento de suas re-
os fundamentos do art. 2º desta Lei; ceitas e despesas;
III – elaborar diretrizes para a Política Nacional XVI – realizar auditorias, ou determinar sua
de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade; realização, no âmbito da atividade de fiscalização
IV – fiscalizar e aplicar sanções em caso de tra- de que trata o inciso IV e com a devida observân-
tamento de dados realizado em descumprimen- cia do disposto no inciso II do caput deste artigo,
to à legislação, mediante processo administrativo sobre o tratamento de dados pessoais efetuado
que assegure o contraditório, a ampla defesa e o pelos agentes de tratamento, incluído o poder pú-
direito de recurso; blico;
V – apreciar petições de titular contra contro- XVII – celebrar, a qualquer momento, compro-
lador após comprovada pelo titular a apresenta- misso com agentes de tratamento para eliminar
ção de reclamação ao controlador não solucio- irregularidade, incerteza jurídica ou situação con-
nada no prazo estabelecido em regulamentação; tenciosa no âmbito de processos administrativos,
VI – promover na população o conhecimento das de acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657,
normas e das políticas públicas sobre proteção de de 4 de setembro de 1942;
dados pessoais e das medidas de segurança; XVIII – editar normas, orientações e procedimen-
VII – promover e elaborar estudos sobre as prá- tos simplificados e diferenciados, inclusive quanto
ticas nacionais e internacionais de proteção de da- aos prazos, para que microempresas e empresas
dos pessoais e privacidade; de pequeno porte, bem como iniciativas empresa-
VIII – estimular a adoção de padrões para ser- riais de caráter incremental ou disruptivo que se
viços e produtos que facilitem o exercício de con- autodeclarem startups ou empresas de inovação,
trole dos titulares sobre seus dados pessoais, os possam adequar-se a esta Lei;
48
LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018
XIX – garantir que o tratamento de dados de ido- § 5º No exercício das competências de que trata
sos seja efetuado de maneira simples, clara, aces- o caput deste artigo, a autoridade competente de-
sível e adequada ao seu entendimento, nos ter- verá zelar pela preservação do segredo empresa-
mos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro rial e do sigilo das informações, nos termos da lei.
de 2003 (Estatuto do Idoso); § 6º As reclamações colhidas conforme o dispos-
XX – deliberar, na esfera administrativa, em ca- to no inciso V do caput deste artigo poderão ser
ráter terminativo, sobre a interpretação desta Lei, analisadas de forma agregada, e as eventuais pro-
as suas competências e os casos omissos; vidências delas decorrentes poderão ser adotadas
XXI – comunicar às autoridades competentes de forma padronizada. (Artigo acrescido pela Medida
as infrações penais das quais tiver conhecimento; Provisória nº 869, de 27/12/2018, e com redação dada pela
XXII – comunicar aos órgãos de controle inter- Lei nº 13.853, de 8/7/2019, na qual foi convertida a referida
no o descumprimento do disposto nesta Lei por medida provisória)
órgãos e entidades da administração pública fe- Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta
deral; Lei compete exclusivamente à ANPD, e suas com-
XXIII – articular-se com as autoridades regulado- petências prevalecerão, no que se refere à prote-
ras públicas para exercer suas competências em ção de dados pessoais, sobre as competências
setores específicos de atividades econômicas e correlatas de outras entidades ou órgãos da ad-
governamentais sujeitas à regulação; e ministração pública.
XXIV – implementar mecanismos simplificados, Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação
inclusive por meio eletrônico, para o registro de re- com outros órgãos e entidades com competên-
clamações sobre o tratamento de dados pessoais cias sancionatórias e normativas afetas ao tema
em desconformidade com esta Lei. de proteção de dados pessoais e será o órgão cen-
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tral de interpretação desta Lei e do estabelecimen-
tratamento de dados pessoais por agente de trata- to de normas e diretrizes para a sua implementa-
mento privado, sejam eles limites, encargos ou su- ção. (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de
jeições, a ANPD deve observar a exigência de míni- 27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
ma intervenção, assegurados os fundamentos, os
Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD:
princípios e os direitos dos titulares previstos no
I – as dotações, consignadas no orçamento geral
art. 170 da Constituição Federal e nesta Lei.
da União, os créditos especiais, os créditos adicio-
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela
nais, as transferências e os repasses que lhe forem
ANPD devem ser precedidos de consulta e audiên-
conferidos;
cia públicas, bem como de análises de impacto re-
II – as doações, os legados, as subvenções e ou-
gulatório.
tros recursos que lhe forem destinados;
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos res-
III – os valores apurados na venda ou aluguel de
ponsáveis pela regulação de setores específicos da
bens móveis e imóveis de sua propriedade;
atividade econômica e governamental devem coor-
IV – os valores apurados em aplicações no mer-
denar suas atividades, nas correspondentes esfe-
cado financeiro das receitas previstas neste artigo;
ras de atuação, com vistas a assegurar o cumpri-
V – (Vetado)
mento de suas atribuições com a maior eficiência
VI – os recursos provenientes de acordos, convê-
e promover o adequado funcionamento dos seto-
nios ou contratos celebrados com entidades, orga-
res regulados, conforme legislação específica, e o
nismos ou empresas, públicos ou privados, nacio-
tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei.
nais ou internacionais;
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de co-
VII – o produto da venda de publicações, ma-
municação, inclusive por meio de cooperação téc-
terial técnico, dados e informações, inclusive pa-
nica, com órgãos e entidades da administração
ra fins de licitação pública. (Artigo acrescido pela Lei
pública responsáveis pela regulação de setores es-
nº 13.853, de 8/7/2019)
pecíficos da atividade econômica e governamen-
tal, a fim de facilitar as competências regulatória, Art. 56. (Vetado)
fiscalizatória e punitiva da ANPD. Art. 57. (Vetado)
49
Seção II Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de
Do Conselho Nacional de Proteção de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade:
Dados Pessoais e da Privacidade I – propor diretrizes estratégicas e fornecer sub-
Art. 58. (Vetado) sídios para a elaboração da Política Nacional de
Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade e pa-
Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de
ra a atuação da ANPD;
Dados Pessoais e da Privacidade será composto
II – elaborar relatórios anuais de avaliação da exe-
de 23 (vinte e três) representantes, titulares e su-
cução das ações da Política Nacional de Proteção
plentes, dos seguintes órgãos:
de Dados Pessoais e da Privacidade;
I – 5 (cinco) do Poder Executivo federal;
III – sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
II – 1 (um) do Senado Federal;
IV – elaborar estudos e realizar debates e au-
III – 1 (um) da Câmara dos Deputados;
diências públicas sobre a proteção de dados pes-
IV – 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; soais e da privacidade; e
V – 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério V – disseminar o conhecimento sobre a prote-
Público; ção de dados pessoais e da privacidade à popu-
VI – 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; lação. (Artigo acrescido pela Medida Provisória nº 869, de
VII – 3 (três) de entidades da sociedade civil com 27/12/2018, convertida na Lei nº 13.853, de 8/7/2019)
atuação relacionada a proteção de dados pessoais;
Art. 59. (Vetado)
VIII – 3 (três) de instituições científicas, tecnoló-
gicas e de inovação; CAPÍTULO X
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
IX – 3 (três) de confederações sindicais repre-
sentativas das categorias econômicas do setor Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Mar-
produtivo; co Civil da Internet), passa a vigorar com as seguin-
X – 2 (dois) de entidades representativas do se- tes alterações:
tor empresarial relacionado à área de tratamento Art. 7º [...]
de dados pessoais; e [...]
XI – 2 (dois) de entidades representativas do se- X – exclusão definitiva dos dados pessoais que
tor laboral. tiver fornecido a determinada aplicação de internet,
§ 1º Os representantes serão designados por a seu requerimento, ao término da relação entre as
partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obriga-
ato do Presidente da República, permitida a de-
tória de registros previstas nesta Lei e na que dis-
legação. põe sobre a proteção de dados pessoais;
§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, [...]
II, III, IV, V e VI do caput deste artigo e seus suplen-
Art. 16. [...]
tes serão indicados pelos titulares dos respectivos
[...]
órgãos e entidades da administração pública.
II – de dados pessoais que sejam excessivos em
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos
relação à finalidade para a qual foi dado consenti-
VII, VIII, IX, X e XI do caput deste artigo e seus su- mento pelo seu titular, exceto nas hipóteses pre-
plentes: vistas na Lei que dispõe sobre a proteção de dados
I – serão indicados na forma de regulamento; pessoais.
II – não poderão ser membros do Comitê Gestor Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e
da Internet no Brasil; intimada de todos os atos processuais previstos
III – terão mandato de 2 (dois) anos, permitida nesta Lei, independentemente de procuração ou
1 (uma) recondução. de disposição contratual ou estatutária, na pessoa
§ 4º A participação no Conselho Nacional de do agente ou representante ou pessoa responsá-
Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade se- vel por sua filial, agência, sucursal, estabelecimen-
rá considerada prestação de serviço público rele- to ou escritório instalado no Brasil.
vante, não remunerada. (Artigo acrescido pela Medida Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Na-
Provisória nº 869, de 27/12/2018, e com redação dada pela cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Lei nº 13.853, de 8/7/2019, na qual foi convertida a referida Teixeira (Inep), no âmbito de suas competências,
medida provisória) editarão regulamentos específicos para o acesso
50
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940
51
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 nografia (Nome jurídico acrescido pela Lei nº 13.718, de
(dois terços) se da invasão resulta prejuízo econô- 24/9/2018)
mico. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.737, de 30/11/2012, Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, trans-
e com nova redação dada pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021) mitir, vender ou expor à venda, distribuir, publi-
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de con- car ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por
meio de comunicação de massa ou sistema de
teúdo de comunicações eletrônicas privadas, se-
informática ou telemática –, fotografia, vídeo ou
gredos comerciais ou industriais, informações sigi-
outro registro audiovisual que contenha cena de
losas, assim definidas em lei, ou o controle remoto
estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça
não autorizado do dispositivo invadido: (Parágrafo apologia ou induza a sua prática, ou, sem o con-
acrescido pela Lei nº 12.737, de 30/11/2012, publicada no sentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou por-
DOU de 3/12/2012, em vigor 120 dias após a publicação) nografia:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o
multa. (Pena acrescida pela Lei nº 12.737, de 30/11/2012, fato não constitui crime mais grave.
e com nova redação dada pela Lei nº 14.155, de 27/5/2021) Aumento de pena
§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a
um a dois terços se houver divulgação, comercia- 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agen-
lização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, te que mantém ou tenha mantido relação íntima
dos dados ou informações obtidos. (Parágrafo acres- de afeto com a vítima ou com o fim de vingança
cido pela Lei nº 12.737, de 30/11/2012, publicada no DOU de ou humilhação.
3/12/2012, em vigor 120 dias após a publicação) Exclusão de ilicitude
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade § 2º Não há crime quando o agente pratica as
se o crime for praticado contra: condutas descritas no caput deste artigo em pu-
I – Presidente da República, governadores e pre- blicação de natureza jornalística, científica, cultu-
ral ou acadêmica com a adoção de recurso que
feitos;
impossibilite a identificação da vítima, ressalva-
II – Presidente do Supremo Tribunal Federal;
da sua prévia autorização, caso seja maior de 18
III – Presidente da Câmara dos Deputados, do Se-
(dezoito) anos. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.718, de
nado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, 24/9/2018)
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câ- [...]
mara Municipal; ou
TÍTULO XI
IV – dirigente máximo da administração direta DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
e indireta federal, estadual, municipal ou do Dis-
CAPÍTULO I
trito Federal. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.737, de DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO
30/11/2012, publicada no DOU de 3/12/2012, em vigor 120 PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
dias após a publicação) [...]
[...] Inserção de dados falsos em sistema de infor-
TÍTULO VI mações (Nome jurídico acrescido pela Lei nº 9.983, de
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 14/7/2000, publicada no DOU de 17/7/2000, em vigor 90
(Denominação do título com redação dada dias após a publicação)
pela Lei nº 12.015, de 7/8/2009) Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autori-
[...] zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas infor-
CAPÍTULO II matizados ou bancos de dados da Administração
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Pública com o fim de obter vantagem indevida
(Denominação do capítulo com redação
para si ou para outrem ou para causar dano:
dada pela Lei nº 12.015, de 7/8/2009)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
[...]
multa. (Artigo acrescido pela Lei nº 9.983, de 14/7/2000,
Divulgação de cena de estupro ou de cena de es- publicada no DOU de 17/7/2000, em vigor 90 dias após a
tupro de vulnerável, de cena de sexo ou de por- publicação)
52
LEI Nº 12.414, DE 9 DE JUNHO DE 2011
Modificação ou alteração não autorizada de sis- Art. 106. Esta Lei entra em vigor na data de sua
tema de informações (Nome jurídico acrescido pela Lei publicação.
nº 9.983, de 14/7/2000, publicada no DOU de 17/7/2000, em [...]
vigor 90 dias após a publicação) Brasília, 30 de setembro de 1997; 176º da
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sis- Independência e 109º da República.
tema de informações ou programa de informáti- MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL
ca sem autorização ou solicitação de autoridade Iris Rezende
competente:
LEI Nº 12.414, DE 9 DE JUNHO DE 2011
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
(LEI DO CADASTRO POSITIVO)
anos, e multa. (Publicada no DOU de 10/6/2011)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de
Disciplina a formação e consulta a bancos de dados com
um terço até a metade se da modificação ou al- informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de
teração resulta dano para a Administração Públi- pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito.
ca ou para o administrado. (Artigo acrescido pela Lei A presidenta da República
nº 9.983, de 14/7/2000, publicada no DOU de 17/7/2000, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
em vigor 90 dias após a publicação) sanciono a seguinte lei:
[...]
Art. 1º Esta Lei disciplina a formação e consulta
Art. 361. Este Código entrará em vigor no dia 1º a bancos de dados com informações de adimple-
de janeiro de 1942. mento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídi-
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º da cas, para formação de histórico de crédito, sem
Independência e 52º da República. prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de 11 de se-
GETULIO VARGAS tembro de 1990 (Código de Proteção e Defesa do
Francisco Campos Consumidor).
Parágrafo único. Os bancos de dados instituídos
LEI Nº 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997 ou mantidos por pessoas jurídicas de direito públi-
(LEI GERAL DAS ELEIÇÕES 1997)
co interno serão regidos por legislação específica.
(Publicada no DOU de 1º/10/1997)
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
Estabelece normas para as eleições.
I – banco de dados: conjunto de dados relati-
O vice-presidente da República, no exercício do vo a pessoa natural ou jurídica armazenados com
cargo de presidente da República a finalidade de subsidiar a concessão de crédito, a
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu realização de venda a prazo ou de outras transa-
sanciono a seguinte lei: ções comerciais e empresariais que impliquem ris-
[...] co financeiro;
II – gestor: pessoa jurídica que atenda aos requi-
Propaganda na Internet
(Denominação acrescida pela Lei nº 13.488, de 6/10/2017) sitos mínimos de funcionamento previstos nesta
Lei e em regulamentação complementar, respon-
[...]
sável pela administração de banco de dados, bem
Art. 57-E. São vedadas às pessoas relacionadas
como pela coleta, pelo armazenamento, pela aná-
no art. 24 a utilização, doação ou cessão de cadas- lise e pelo acesso de terceiros aos dados armaze-
tro eletrônico de seus clientes, em favor de candi- nados; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar
datos, partidos ou coligações. nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vi-
§ 1º É proibida a venda de cadastro de endere- gor 91 dias após a publicação)
ços eletrônicos. III – cadastrado: pessoa natural ou jurídica cujas
§ 2º A violação do disposto neste artigo sujeita informações tenham sido incluídas em banco de
o responsável pela divulgação da propaganda e, dados; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar
quando comprovado seu prévio conhecimento, o nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vi-
beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cin- gor 91 dias após a publicação)
co mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais). (Artigo IV – fonte: pessoa natural ou jurídica que conceda
acrescido pela Lei nº 12.034, de 29/9/2009) crédito, administre operações de autofinanciamen-
[...] to ou realize venda a prazo ou outras transações
53
comerciais e empresariais que lhe impliquem ris- II – informações sensíveis, assim consideradas
co financeiro, inclusive as instituições autorizadas a aquelas pertinentes à origem social e étnica, à
funcionar pelo Banco Central do Brasil e os presta- saúde, à informação genética, à orientação sexual
dores de serviços continuados de água, esgoto, ele- e às convicções políticas, religiosas e filosóficas.
tricidade, gás, telecomunicações e assemelhados; Art. 4º O gestor está autorizado, nas condições es-
(Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 166, de tabelecidas nesta Lei, a: (Caput do artigo com redação
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias dada pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada
após a publicação) no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
V – consulente: pessoa natural ou jurídica que I – abrir cadastro em banco de dados com infor-
acesse informações em bancos de dados para qual- mações de adimplemento de pessoas naturais e
quer finalidade permitida por esta Lei; jurídicas; (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 166,
VI – anotação: ação ou efeito de anotar, assina- de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91
lar, averbar, incluir, inscrever ou registrar informa- dias após a publicação)
ção relativa ao histórico de crédito em banco de II – fazer anotações no cadastro de que trata o
dados; e inciso I do caput deste artigo; (Inciso acrescido pela
VII – histórico de crédito: conjunto de dados fi- Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU
nanceiros e de pagamentos, relativos às opera- de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
ções de crédito e obrigações de pagamento adim- III – compartilhar as informações cadastrais e
plidas ou em andamento por pessoa natural ou de adimplemento armazenadas com outros ban-
jurídica. (Inciso com redação dada pela Lei Complementar cos de dados; e (Inciso acrescido pela Lei Complemen-
nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vi- tar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em
gor 91 dias após a publicação) vigor 91 dias após a publicação)
IV – disponibilizar a consulentes:
Art. 3º Os bancos de dados poderão conter infor-
a) a nota ou pontuação de crédito elaborada
mações de adimplemento do cadastrado, para a
com base nas informações de adimplemento ar-
formação do histórico de crédito, nas condições
mazenadas; e
estabelecidas nesta Lei.
b) o histórico de crédito, mediante prévia autori-
§ 1º Para a formação do banco de dados, somen-
zação específica do cadastrado. (Inciso acrescido pela
te poderão ser armazenadas informações objeti-
Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU
vas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão,
de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
que sejam necessárias para avaliar a situação eco-
§ 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 166, de
nômica do cadastrado.
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
§ 2º Para os fins do disposto no § 1º, consideram-
após a publicação)
-se informações: § 2º (Revogado pela Lei Complementar nº 166, de
I – objetivas: aquelas descritivas dos fatos e que 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
não envolvam juízo de valor; após a publicação)
II – claras: aquelas que possibilitem o imediato § 3º (Vetado)
entendimento do cadastrado independentemente § 4º A comunicação ao cadastrado deve:
de remissão a anexos, fórmulas, siglas, símbolos, I – ocorrer em até 30 (trinta) dias após a abertu-
termos técnicos ou nomenclatura específica; ra do cadastro no banco de dados, sem custo para
III – verdadeiras: aquelas exatas, completas e su- o cadastrado;
jeitas à comprovação nos termos desta Lei; e II – ser realizada pelo gestor, diretamente ou por
IV – de fácil compreensão: aquelas em sentido intermédio de fontes; e
comum que assegurem ao cadastrado o pleno co- III – informar de maneira clara e objetiva os ca-
nhecimento do conteúdo, do sentido e do alcance nais disponíveis para o cancelamento do cadas-
dos dados sobre ele anotados. tro no banco de dados. (Parágrafo acrescido pela Lei
§ 3º Ficam proibidas as anotações de: Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de
I – informações excessivas, assim consideradas 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
aquelas que não estiverem vinculadas à análise de § 5º Fica dispensada a comunicação de que tra-
risco de crédito ao consumidor; e ta o § 4º deste artigo caso o cadastrado já tenha
54
LEI Nº 12.414, DE 9 DE JUNHO DE 2011
cadastro aberto em outro banco de dados. (Pará- V – ser informado previamente sobre a identida-
grafo acrescido pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, de do gestor e sobre o armazenamento e o obje-
publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a pu- tivo do tratamento dos dados pessoais; (Inciso com
blicação) redação dada pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019,
§ 6º Para o envio da comunicação de que trata publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a pu-
o § 4º deste artigo, devem ser utilizados os dados blicação)
pessoais, como endereço residencial, comercial, VI – solicitar ao consulente a revisão de decisão
eletrônico, fornecidos pelo cadastrado à fonte. realizada exclusivamente por meios automatiza-
(Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 166, de dos; e
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
VII – ter os seus dados pessoais utilizados so-
mente de acordo com a finalidade para a qual eles
após a publicação)
foram coletados.
§ 7º As informações do cadastrado somente po-
§ 1º (Vetado)
derão ser disponibilizadas a consulentes 60 (ses-
§ 2º (Vetado)
senta) dias após a abertura do cadastro, observa-
§ 3º O prazo para disponibilização das informa-
do o disposto no § 8º deste artigo e no art. 15 desta
ções de que tratam os incisos II e IV do caput deste
Lei. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 166, de
artigo será de 10 (dez) dias. (Parágrafo acrescido pela
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU
após a publicação)
de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
§ 8º É obrigação do gestor manter procedimen- § 4º O cancelamento e a reabertura de cadastro
tos adequados para comprovar a autenticidade e somente serão processados mediante solicitação
a validade da autorização de que trata a alínea b gratuita do cadastrado ao gestor. (Parágrafo acresci-
do inciso IV do caput deste artigo. (Parágrafo acresci- do pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada
do pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação) § 5º O cadastrado poderá realizar a solicitação
Art. 5º São direitos do cadastrado: de que trata o § 4º deste artigo a qualquer gestor
I – obter o cancelamento ou a reabertura do ca- de banco de dados, por meio telefônico, físico e
dastro, quando solicitado; (Inciso com redação dada eletrônico. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar
pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vi-
DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação) gor 91 dias após a publicação)
VI – fornecer informações sobre o cadastrado, Art. 11. (Revogado pela Lei Complementar nº 166, de
em bases não discriminatórias, a todos os gestores 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
de bancos de dados que as solicitarem, no mesmo após a publicação)
formato e contendo as mesmas informações for- Art. 12. As instituições autorizadas a funcionar
necidas a outros bancos de dados. pelo Banco Central do Brasil fornecerão as infor-
Parágrafo único. É vedado às fontes estabelecer mações relativas a suas operações de crédito, de
políticas ou realizar operações que impeçam, limi- arrendamento mercantil e de autofinanciamento
tem ou dificultem a transmissão a banco de dados realizadas por meio de grupos de consórcio e a
de informações de cadastrados. (Parágrafo único com outras operações com características de conces-
redação dada pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, são de crédito somente aos gestores registrados
publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a pu- no Banco Central do Brasil. (Caput do artigo com re-
blicação) dação dada pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019)
Art. 9º O compartilhamento de informações de § 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 166, de
adimplemento entre gestores é permitido na for- 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
ma do inciso III do caput do art. 4º desta Lei. (Caput após a publicação)
do artigo com redação dada pela Lei Complementar nº 166, § 2º (Revogado pela Lei Complementar nº 166, de
de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
§ 1º O gestor que receber informação por meio § 3º O Conselho Monetário Nacional adotará as
de compartilhamento equipara-se, para todos os medidas e normas complementares necessárias
efeitos desta Lei, ao gestor que anotou originaria- para a aplicação do disposto neste artigo.
§ 4º O compartilhamento de que trata o inciso III
mente a informação, inclusive quanto à responsa-
do caput do art. 4º desta Lei, quando referente a in-
bilidade por eventuais prejuízos a que der causa
formações provenientes de instituições autoriza-
e ao dever de receber e processar impugnações
das a funcionar pelo Banco Central do Brasil, de-
ou cancelamentos e realizar retificações. (Parágra-
verá ocorrer apenas entre gestores registrados na
fo com redação dada pela Lei Complementar nº 166, de
forma deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei Comple-
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
mentar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019,
após a publicação)
em vigor 91 dias após a publicação)
§ 2º O gestor originário é responsável por man-
§ 5º As infrações à regulamentação de que trata o
ter atualizadas as informações cadastrais nos de-
§ 3º deste artigo sujeitam o gestor ao cancelamen-
mais bancos de dados com os quais compartilhou
to do seu registro no Banco Central do Brasil, as-
informações, sem nenhum ônus para o cadastra-
segurado o devido processo legal, na forma da Lei
do. (Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar
nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. (Parágrafo acres-
nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vi-
cido pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publica-
gor 91 dias após a publicação)
da no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
§ 3º (Revogado pela Lei Complementar nº 166, de
§ 6º O órgão administrativo competente pode-
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias
rá requerer aos gestores, na forma e no prazo que
após a publicação)
estabelecer, as informações necessárias para o de-
§ 4º O gestor deverá assegurar, sob pena de
sempenho das atribuições de que trata este arti-
responsabilidade, a identificação da pessoa que
go. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 166, de
promover qualquer inscrição ou atualização de 8/4/2019)
dados relacionados com o cadastrado, registran- § 7º Os gestores não se sujeitam à legislação apli-
do a data desta ocorrência, bem como a identifi- cável às instituições financeiras e às demais insti-
cação exata da fonte, do nome do agente que a tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central
efetuou e do equipamento ou terminal a partir do do Brasil, inclusive quanto às disposições sobre
qual foi processada tal ocorrência. processo administrativo sancionador, regime de
Art. 10. É proibido ao gestor exigir exclusividade administração especial temporária, intervenção e
das fontes de informações. liquidação extrajudicial. (Parágrafo acrescido pela Lei
57
Complementar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de de 11 de setembro de 1990 (Código de Proteção
9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação) e Defesa do Consumidor), aplicam-se as sanções e
§ 8º O disposto neste artigo não afasta a aplica- penas nela previstas e o disposto no § 2º.
ção pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional § 1º Nos casos previstos no caput, a fiscalização
de Defesa do Consumidor (SNDC), na forma do e a aplicação das sanções serão exercidas concor-
art. 17 desta Lei, das penalidades cabíveis por rentemente pelos órgãos de proteção e defesa do
violação das normas de proteção do consumidor. consumidor da União, dos Estados, do Distrito
(Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 166, de Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias de atuação administrativa.
após a publicação) § 2º Sem prejuízo do disposto no caput e no § 1º
Art. 13. O Poder Executivo regulamentará o dis- deste artigo, os órgãos de proteção e defesa do
posto nesta Lei, em especial quanto: (Caput do ar- consumidor poderão aplicar medidas corretivas
tigo com redação dada pela Lei Complementar nº 166, de e estabelecer aos bancos de dados que descum-
8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias prirem o previsto nesta Lei a obrigação de excluir
após a publicação) do cadastro informações incorretas, no prazo de
I – ao uso, à guarda, ao escopo e ao comparti- 10 (dez) dias, bem como de cancelar os cadastros
lhamento das informações recebidas por bancos de pessoas que solicitaram o cancelamento, con-
de dados; (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 166, forme disposto no inciso I do caput do art. 5º desta
de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias Lei. (Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar
após a publicação) nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vi-
II – aos procedimentos aplicáveis aos gestores gor 91 dias após a publicação)
de banco de dados na hipótese de vazamento de
Art. 17-A. A quebra do sigilo previsto na Lei
informações dos cadastrados, inclusive com rela-
Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001,
ção à comunicação aos órgãos responsáveis pela
sujeita os responsáveis às penalidades previstas
sua fiscalização, nos termos do § 1º do art. 17 des-
no art. 10 da referida Lei, sem prejuízo do disposto
ta Lei; e (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 166,
na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código
de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91
de Proteção e Defesa do Consumidor). (Artigo acres-
dias após a publicação)
cido pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019, publica-
III – ao disposto nos arts. 5º e 7º-A desta Lei. (In-
da no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a publicação)
ciso acrescido pela Lei Complementar nº 166, de 8/4/2019,
publicada no DOU de 9/4/2019, em vigor 91 dias após a pu- Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
blicação) blicação.
Art. 14. As informações de adimplemento não po- Brasília, 9 de junho de 2011; 190º da
Independência e 123º da República.
derão constar de bancos de dados por período su-
perior a 15 (quinze) anos. DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Art. 15. As informações sobre o cadastrado cons- Guido Mantega
tantes dos bancos de dados somente poderão ser
acessadas por consulentes que com ele mantive- LEI Nº 13.188, DE 11 DE
rem ou pretenderem manter relação comercial ou NOVEMBRO DE 2015
creditícia. (Publicada no DOU de 12/11/2015)
Art. 16. O banco de dados, a fonte e o consulente Dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido
são responsáveis, objetiva e solidariamente, pe- em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo
de comunicação social.
los danos materiais e morais que causarem ao ca-
dastrado, nos termos da Lei nº 8.078, de 11 de se- A presidenta da República
tembro de 1990 (Código de Proteção e Defesa do Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
Consumidor). (Artigo com redação dada pela Lei Comple- sanciono a seguinte lei:
mentar nº 166, de 8/4/2019, publicada no DOU de 9/4/2019, Art. 1º Esta Lei disciplina o exercício do direito de
em vigor 91 dias após a publicação) resposta ou retificação do ofendido em matéria
Art. 17. Nas situações em que o cadastrado for divulgada, publicada ou transmitida por veículo
consumidor, caracterizado conforme a Lei nº 8.078, de comunicação social.
58
LEI Nº 13.188, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2015
Art. 2º Ao ofendido em matéria divulgada, publi- ria ofensiva, o prazo será contado da data em que
cada ou transmitida por veículo de comunicação se iniciou o agravo.
social é assegurado o direito de resposta ou retifi- Art. 4º A resposta ou retificação atenderá, quanto
cação, gratuito e proporcional ao agravo. à forma e à duração, ao seguinte:
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se ma- I – praticado o agravo em mídia escrita ou na
téria qualquer reportagem, nota ou notícia di- internet, terá a resposta ou retificação o destaque,
vulgada por veículo de comunicação social, in- a publicidade, a periodicidade e a dimensão da
dependentemente do meio ou da plataforma de matéria que a ensejou;
distribuição, publicação ou transmissão que uti- II – praticado o agravo em mídia televisiva, terá
lize, cujo conteúdo atente, ainda que por equívo- a resposta ou retificação o destaque, a publicida-
co de informação, contra a honra, a intimidade, a de, a periodicidade e a duração da matéria que a
reputação, o conceito, o nome, a marca ou a ima- ensejou;
gem de pessoa física ou jurídica identificada ou III – praticado o agravo em mídia radiofônica, te-
passível de identificação. rá a resposta ou retificação o destaque, a publici-
§ 2º São excluídos da definição de matéria esta- dade, a periodicidade e a duração da matéria que
belecida no § 1º deste artigo os comentários reali- a ensejou.
zados por usuários da internet nas páginas eletrô- § 1º Se o agravo tiver sido divulgado, publicado,
nicas dos veículos de comunicação social. republicado, transmitido ou retransmitido em mí-
§ 3º A retratação ou retificação espontânea, ain- dia escrita ou em cadeia de rádio ou televisão para
da que a elas sejam conferidos os mesmos des- mais de um Município ou Estado, será conferido
taque, publicidade, periodicidade e dimensão do proporcional alcance à divulgação da resposta ou
agravo, não impedem o exercício do direito de res- retificação.
posta pelo ofendido nem prejudicam a ação de re- § 2º O ofendido poderá requerer que a resposta
ou retificação seja divulgada, publicada ou trans-
paração por dano moral.
mitida nos mesmos espaço, dia da semana e ho-
Art. 3º O direito de resposta ou retificação deve
rário do agravo.
ser exercido no prazo decadencial de 60 (sessenta)
§ 3º A resposta ou retificação cuja divulgação,
dias, contado da data de cada divulgação, publica- publicação ou transmissão não obedeça ao dis-
ção ou transmissão da matéria ofensiva, mediante posto nesta Lei é considerada inexistente.
correspondência com aviso de recebimento enca- § 4º Na delimitação do agravo, deverá ser consi-
minhada diretamente ao veículo de comunicação derado o contexto da informação ou matéria que
social ou, inexistindo pessoa jurídica constituída, gerou a ofensa.
a quem por ele responda, independentemente de
Art. 5º Se o veículo de comunicação social ou quem
quem seja o responsável intelectual pelo agravo.
por ele responda não divulgar, publicar ou trans-
§ 1º O direito de resposta ou retificação pode-
mitir a resposta ou retificação no prazo de 7 (sete)
rá ser exercido, de forma individualizada, em face
dias, contado do recebimento do respectivo pedi-
de todos os veículos de comunicação social que do, na forma do art. 3º, restará caracterizado o in-
tenham divulgado, publicado, republicado, trans- teresse jurídico para a propositura de ação judicial.
mitido ou retransmitido o agravo original. § 1º É competente para conhecer do feito o juízo
§ 2º O direito de resposta ou retificação poderá do domicílio do ofendido ou, se este assim o prefe-
ser exercido, também, conforme o caso: rir, aquele do lugar onde o agravo tenha apresen-
I – pelo representante legal do ofendido incapaz tado maior repercussão.
ou da pessoa jurídica; § 2º A ação de rito especial de que trata esta Lei
II – pelo cônjuge, descendente, ascendente ou ir- será instruída com as provas do agravo e do pedi-
mão do ofendido que esteja ausente do País ou te- do de resposta ou retificação não atendido, bem
nha falecido depois do agravo, mas antes de decor- como com o texto da resposta ou retificação a ser
rido o prazo de decadência do direito de resposta divulgado, publicado ou transmitido, sob pena de
ou retificação. inépcia da inicial, e processada no prazo máximo
§ 3º No caso de divulgação, publicação ou trans- de 30 (trinta) dias, vedados:
missão continuada e ininterrupta da mesma maté- I – a cumulação de pedidos;
59
II – a reconvenção; ação, salvo na hipótese de conversão do pedido
III – o litisconsórcio, a assistência e a interven- em reparação por perdas e danos.
ção de terceiros. Parágrafo único. As ações judiciais destinadas a
§ 3º (Vetado) garantir a efetividade do direito de resposta ou re-
Art. 6º Recebido o pedido de resposta ou retifi- tificação previsto nesta Lei processam-se durante
cação, o juiz, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, as férias forenses e não se suspendem pela super-
mandará citar o responsável pelo veículo de co- veniência delas.
municação social para que: Art. 10. Das decisões proferidas nos processos
I – em igual prazo, apresente as razões pelas submetidos ao rito especial estabelecido nesta
quais não o divulgou, publicou ou transmitiu; Lei, poderá ser concedido efeito suspensivo pelo
II – no prazo de 3 (três) dias, ofereça contestação. tribunal competente, desde que constatadas, em
Parágrafo único. O agravo consistente em injú- juízo colegiado prévio, a plausibilidade do direito
ria não admitirá a prova da verdade. invocado e a urgência na concessão da medida.
Art. 7º O juiz, nas 24 (vinte e quatro) horas seguin- (Expressão “em juízo colegiado prévio” declarada incons-
tes à citação, tenha ou não se manifestado o res- titucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribu-
ponsável pelo veículo de comunicação, conhecerá nal Federal, pela ADI nº 5.415, pela ADI nº 5.418 e pela ADI
do pedido e, havendo prova capaz de convencer nº 5.436, publicadas no DOU de 25/3/2021, p. 1)
sobre a verossimilhança da alegação ou justifica-
Art. 11. A gratuidade da resposta ou retificação
do receio de ineficácia do provimento final, fixará
divulgada pelo veículo de comunicação, em caso
desde logo as condições e a data para a veiculação,
de ação temerária, não abrange as custas proces-
em prazo não superior a 10 (dez) dias, da resposta
suais nem exime o autor do ônus da sucumbência.
ou retificação.
Parágrafo único. Incluem-se entre os ônus da
§ 1º Se o agravo tiver sido divulgado ou publi-
sucumbência os custos com a divulgação, publi-
cado por veículo de mídia impressa cuja circula-
cação ou transmissão da resposta ou retificação,
ção seja periódica, a resposta ou retificação será
caso a decisão judicial favorável ao autor seja re-
divulgada na edição seguinte à da ofensa ou, ain-
formada em definitivo.
da, excepcionalmente, em edição extraordinária,
apenas nos casos em que o prazo entre a ofensa Art. 12. Os pedidos de reparação ou indenização
e a próxima edição indique desproporcionalidade por danos morais, materiais ou à imagem serão
entre a ofensa e a resposta ou retificação. deduzidos em ação própria, salvo se o autor, desis-
§ 2º A medida antecipatória a que se refere o tindo expressamente da tutela específica de que
caput deste artigo poderá ser reconsiderada ou trata esta Lei, os requerer, caso em que o processo
modificada a qualquer momento, em decisão seguirá pelo rito ordinário.
fundamentada. § 1º O ajuizamento de ação cível ou penal contra
§ 3º O juiz poderá, a qualquer tempo, impor mul- o veículo de comunicação ou seu responsável com
ta diária ao réu, independentemente de pedido do fundamento na divulgação, publicação ou trans-
autor, bem como modificar-lhe o valor ou a perio- missão ofensiva não prejudica o exercício adminis-
dicidade, caso verifique que se tornou insuficien- trativo ou judicial do direito de resposta ou retifi-
te ou excessiva. cação previsto nesta Lei.
§ 4º Para a efetivação da tutela específica de que § 2º A reparação ou indenização dar-se-á sem
trata esta Lei, poderá o juiz, de ofício ou mediante prejuízo da multa a que se refere o § 3º do art. 7º.
requerimento, adotar as medidas cabíveis para o
Art. 13. O art. 143 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
cumprimento da decisão.
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar
Art. 8º Não será admitida a divulgação, publica- acrescido do seguinte parágrafo único:
ção ou transmissão de resposta ou retificação que
Art. 143. [...]
não tenha relação com as informações contidas na
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado
matéria a que pretende responder nem se enqua-
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-
dre no § 1º do art. 2º desta Lei.
-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á,
Art. 9º O juiz prolatará a sentença no prazo máxi- se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios
mo de 30 (trinta) dias, contado do ajuizamento da em que se praticou a ofensa.
60
LEI Nº 13.460, DE 26 DE JUNHO DE 2017
Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu- litar, ainda que transitoriamente ou sem remune-
blicação. ração; e
Brasília, 11 de novembro de 2015; 194º da V – manifestações – reclamações, denúncias, su-
Independência e 127º da República. gestões, elogios e demais pronunciamentos de
DILMA ROUSSEFF usuários que tenham como objeto a prestação
José Eduardo Cardozo de serviços públicos e a conduta de agentes públi-
cos na prestação e fiscalização de tais serviços.
LEI Nº 13.460, DE 26 DE JUNHO DE 2017 Parágrafo único. O acesso do usuário a informa-
(Publicada no DOU de 27/6/2017) ções será regido pelos termos da Lei nº 12.527, de
Dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do 18 de novembro de 2011.
usuário dos serviços públicos da administração pública. Art. 3º Com periodicidade mínima anual, cada
O presidente da República Poder e esfera de Governo publicará quadro geral
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu dos serviços públicos prestados, que especificará
sanciono a seguinte lei: os órgãos ou entidades responsáveis por sua reali-
zação e a autoridade administrativa a quem estão
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
subordinados ou vinculados.
Art. 4º Os serviços públicos e o atendimento do
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas para
usuário serão realizados de forma adequada, ob-
participação, proteção e defesa dos direitos do
servados os princípios da regularidade, continui-
usuário dos serviços públicos prestados direta ou
dade, efetividade, segurança, atualidade, genera-
indiretamente pela administração pública.
lidade, transparência e cortesia.
§ 1º O disposto nesta Lei aplica-se à administra-
ção pública direta e indireta da União, dos Esta- CAPÍTULO II
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, nos ter- DOS DIREITOS BÁSICOS E DEVERES DOS USUÁRIOS
mos do inciso I do § 3º do art. 37 da Constituição Art. 5º O usuário de serviço público tem direito
Federal. à adequada prestação dos serviços, devendo os
§ 2º A aplicação desta Lei não afasta a necessi- agentes públicos e prestadores de serviços públi-
dade de cumprimento do disposto: cos observar as seguintes diretrizes:
I – em normas regulamentadoras específicas, I – urbanidade, respeito, acessibilidade e corte-
quando se tratar de serviço ou atividade sujeitos sia no atendimento aos usuários;
a regulação ou supervisão; e II – presunção de boa-fé do usuário;
II – na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, III – atendimento por ordem de chegada, ressal-
quando caracterizada relação de consumo. vados casos de urgência e aqueles em que houver
§ 3º Aplica-se subsidiariamente o disposto nesta possibilidade de agendamento, asseguradas as
prioridades legais às pessoas com deficiência, aos
Lei aos serviços públicos prestados por particular.
idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas
Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
acompanhadas por crianças de colo;
I – usuário – pessoa física ou jurídica que se be- IV – adequação entre meios e fins, vedada a im-
neficia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de posição de exigências, obrigações, restrições e san-
serviço público; ções não previstas na legislação;
II – serviço público – atividade administrativa ou V – igualdade no tratamento aos usuários, veda-
de prestação direta ou indireta de bens ou serviços do qualquer tipo de discriminação;
à população, exercida por órgão ou entidade da VI – cumprimento de prazos e normas procedi-
administração pública; mentais;
III – administração pública – órgão ou entidade VII – definição, publicidade e observância de
integrante da administração pública de qualquer horários e normas compatíveis com o bom aten-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito dimento ao usuário;
Federal e dos Municípios, a Advocacia Pública e a VIII – adoção de medidas visando a proteção à
Defensoria Pública; saúde e a segurança dos usuários;
IV – agente público – quem exerce cargo, em- IX – autenticação de documentos pelo próprio
prego ou função pública, de natureza civil ou mi- agente público, à vista dos originais apresentados
61
pelo usuário, vedada a exigência de reconheci- V – atuação integrada e sistêmica na expedição
mento de firma, salvo em caso de dúvida de au- de atestados, certidões e documentos comproba-
tenticidade; tórios de regularidade;
X – manutenção de instalações salubres, segu- VI – obtenção de informações precisas e de fácil
ras, sinalizadas, acessíveis e adequadas ao serviço acesso nos locais de prestação do serviço, assim
e ao atendimento; como sua disponibilização na internet, especial-
XI – eliminação de formalidades e de exigências mente sobre:
cujo custo econômico ou social seja superior ao a) horário de funcionamento das unidades ad-
risco envolvido; ministrativas;
XII – observância dos códigos de ética ou de b) serviços prestados pelo órgão ou entidade,
conduta aplicáveis às várias categorias de agen- sua localização exata e a indicação do setor res-
tes públicos; ponsável pelo atendimento ao público;
XIII – aplicação de soluções tecnológicas que vi- c) acesso ao agente público ou ao órgão encar-
sem a simplificar processos e procedimentos de regado de receber manifestações;
atendimento ao usuário e a propiciar melhores con- d) situação da tramitação dos processos admi-
dições para o compartilhamento das informações; nistrativos em que figure como interessado; e
XIV – utilização de linguagem simples e com- e) valor das taxas e tarifas cobradas pela pres-
preensível, evitando o uso de siglas, jargões e es- tação dos serviços, contendo informações para a
compreensão exata da extensão do serviço pres-
trangeirismos;
tado;
XV – vedação da exigência de nova prova so-
VII – comunicação prévia da suspensão da pres-
bre fato já comprovado em documentação válida
tação de serviço. (Inciso acrescido pela Lei nº 14.015, de
apresentada;
15/6/2020)
XVI – comunicação prévia ao consumidor de que
Parágrafo único. É vedada a suspensão da pres-
o serviço será desligado em virtude de inadimple-
tação de serviço em virtude de inadimplemento
mento, bem como do dia a partir do qual será rea-
por parte do usuário que se inicie na sexta-feira,
lizado o desligamento, necessariamente durante
no sábado ou no domingo, bem como em feriado
horário comercial. (Inciso acrescido pela Lei nº 14.015,
ou no dia anterior a feriado. (Parágrafo único acrescido
de 15/6/2020)
pela Lei nº 14.015, de 15/6/2020)
Parágrafo único. A taxa de religação de servi-
Art. 7º Os órgãos e entidades abrangidos por esta
ços não será devida se houver descumprimento
Lei divulgarão Carta de Serviços ao Usuário.
da exigência de notificação prévia ao consumidor
§ 1º A Carta de Serviços ao Usuário tem por ob-
prevista no inciso XVI do caput deste artigo, o que
jetivo informar o usuário sobre os serviços presta-
ensejará a aplicação de multa à concessionária,
dos pelo órgão ou entidade, as formas de acesso a
conforme regulamentação. (Parágrafo único acresci-
esses serviços e seus compromissos e padrões de
do pela Lei nº 14.015, de 15/6/2020)
qualidade de atendimento ao público.
Art. 6º São direitos básicos do usuário: § 2º A Carta de Serviços ao Usuário deverá trazer
I – participação no acompanhamento da pres- informações claras e precisas em relação a cada
tação e na avaliação dos serviços; um dos serviços prestados, apresentando, no mí-
II – obtenção e utilização dos serviços com liber- nimo, informações relacionadas a:
dade de escolha entre os meios oferecidos e sem I – serviços oferecidos;
discriminação; II – requisitos, documentos, formas e informa-
III – acesso e obtenção de informações relati- ções necessárias para acessar o serviço;
vas à sua pessoa constantes de registros ou ban- III – principais etapas para processamento do
cos de dados, observado o disposto no inciso X do serviço;
caput do art. 5º da Constituição Federal e na Lei IV – previsão do prazo máximo para a prestação
nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; do serviço;
IV – proteção de suas informações pessoais, nos V – forma de prestação do serviço; e
termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de VI – locais e formas para o usuário apresentar
2011; eventual manifestação sobre a prestação do serviço.
62
LEI Nº 13.460, DE 26 DE JUNHO DE 2017
§ 3º Além das informações descritas no § 2º, a Car- Art. 10. A manifestação será dirigida à ouvidoria
ta de Serviços ao Usuário deverá detalhar os com- do órgão ou entidade responsável e conterá a iden-
promissos e padrões de qualidade do atendimento tificação do requerente.
relativos, no mínimo, aos seguintes aspectos: § 1º A identificação do requerente não conte-
I – prioridades de atendimento; rá exigências que inviabilizem sua manifestação.
II – previsão de tempo de espera para atendi- § 2º São vedadas quaisquer exigências relati-
mento; vas aos motivos determinantes da apresentação
III – mecanismos de comunicação com os usuá- de manifestações perante a ouvidoria.
rios; § 3º Caso não haja ouvidoria, o usuário poderá
IV – procedimentos para receber e responder as apresentar manifestações diretamente ao órgão
manifestações dos usuários; e ou entidade responsável pela execução do servi-
V – mecanismos de consulta, por parte dos ço e ao órgão ou entidade a que se subordinem
usuários, acerca do andamento do serviço solici- ou se vinculem.
tado e de eventual manifestação. § 4º A manifestação poderá ser feita por meio
§ 4º A Carta de Serviços ao Usuário será objeto eletrônico, ou correspondência convencional, ou
de atualização periódica e de permanente divul- verbalmente, hipótese em que deverá ser reduzi-
gação mediante publicação em sítio eletrônico do da a termo.
órgão ou entidade na internet. § 5º No caso de manifestação por meio eletrôni-
§ 5º Regulamento específico de cada Poder e es- co, prevista no § 4º, respeitada a legislação especí-
fera de Governo disporá sobre a operacionalização fica de sigilo e proteção de dados, poderá a admi-
da Carta de Serviços ao Usuário. nistração pública ou sua ouvidoria requerer meio
§ 6º Compete a cada ente federado disponibi- de certificação da identidade do usuário.
lizar as informações dos serviços prestados, con- § 6º Os órgãos e entidades públicos abrangidos
forme disposto nas suas Cartas de Serviços ao por esta Lei deverão colocar à disposição do usuá-
Usuário, na Base Nacional de Serviços Públicos, rio formulários simplificados e de fácil compreen-
mantida pelo Poder Executivo federal, em forma- são para a apresentação do requerimento previsto
to aberto e interoperável, nos termos do regula- no caput, facultada ao usuário sua utilização.
mento do Poder Executivo federal. (Parágrafo acres- § 7º A identificação do requerente é informação
cido pela Lei nº 14.129, de 29/3/2021, publicada no DOU de pessoal protegida com restrição de acesso nos ter-
30/3/2021, em vigor 90 dias após a publicação para a União; mos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
120 dias após a publicação para os estados e o Distrito Fe-
Art. 10-A. Para fins de acesso a informações e ser-
deral; e 180 dias após a publicação para os municípios)
viços, de exercício de direitos e obrigações ou de
Art. 8º São deveres do usuário: obtenção de benefícios perante os órgãos e as en-
I – utilizar adequadamente os serviços, proce- tidades federais, estaduais, distritais e municipais
dendo com urbanidade e boa-fé; ou os serviços públicos delegados, a apresentação
II – prestar as informações pertinentes ao servi- de documento de identificação com fé pública em
ço prestado quando solicitadas; que conste o número de inscrição no Cadastro de
III – colaborar para a adequada prestação do Pessoas Físicas (CPF) será suficiente para identifi-
serviço; e cação do cidadão, dispensada a apresentação de
IV – preservar as condições dos bens públicos qualquer outro documento.
por meio dos quais lhe são prestados os serviços § 1º Os cadastros, os formulários, os sistemas e
de que trata esta Lei. outros instrumentos exigidos dos usuários para a
CAPÍTULO III prestação de serviço público deverão disponibili-
DAS MANIFESTAÇÕES DOS USUÁRIOS zar campo para registro do número de inscrição
DE SERVIÇOS PÚBLICOS no CPF, de preenchimento obrigatório para cida-
Art. 9º Para garantir seus direitos, o usuário po- dãos brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil,
derá apresentar manifestações perante a admi- que será suficiente para sua identificação, vedada
nistração pública acerca da prestação de serviços a exigência de apresentação de qualquer outro nú-
públicos. mero para esse fim.
63
§ 2º O número de inscrição no CPF poderá ser festações de usuário perante órgão ou entidade a
declarado pelo usuário do serviço público, desde que se vincula; e
que acompanhado de documento de identifica- VII – promover a adoção de mediação e conci-
ção com fé pública, nos termos da lei. liação entre o usuário e o órgão ou a entidade pú-
§ 3º Ato de cada ente federativo ou Poder pode- blica, sem prejuízo de outros órgãos competentes.
rá dispor sobre casos excepcionais ao previsto no Art. 14. Com vistas à realização de seus objetivos,
caput deste artigo. (Artigo acrescido pela Lei nº 14.129, as ouvidorias deverão:
de 29/3/2021, publicada no DOU de 30/3/2021, em vigor 90 I – receber, analisar e responder, por meio de
dias após a publicação para a União; 120 dias após a publi- mecanismos proativos e reativos, as manifesta-
cação para os estados e o Distrito Federal; e 180 dias após
ções encaminhadas por usuários de serviços pú-
a publicação para os municípios)
blicos; e
Art. 11. Em nenhuma hipótese, será recusado o II – elaborar, anualmente, relatório de gestão,
recebimento de manifestações formuladas nos que deverá consolidar as informações menciona-
termos desta Lei, sob pena de responsabilidade das no inciso I, e, com base nelas, apontar falhas
do agente público. e sugerir melhorias na prestação de serviços pú-
Art. 12. Os procedimentos administrativos rela- blicos.
tivos à análise das manifestações observarão os Art. 15. O relatório de gestão de que trata o inci-
princípios da eficiência e da celeridade, visando a so II do caput do art. 14 deverá indicar, ao menos:
sua efetiva resolução. I – o número de manifestações recebidas no ano
Parágrafo único. A efetiva resolução das mani- anterior;
festações dos usuários compreende: II – os motivos das manifestações;
I – recepção da manifestação no canal de aten- III – a análise dos pontos recorrentes; e
dimento adequado; IV – as providências adotadas pela administra-
II – emissão de comprovante de recebimento da ção pública nas soluções apresentadas.
manifestação; Parágrafo único. O relatório de gestão será:
III – análise e obtenção de informações, quando I – encaminhado à autoridade máxima do órgão
necessário; a que pertence a unidade de ouvidoria; e
IV – decisão administrativa final; e II – disponibilizado integralmente na internet.
V – ciência ao usuário.
Art. 16. A ouvidoria encaminhará a decisão admi-
CAPÍTULO IV nistrativa final ao usuário, observado o prazo de
DAS OUVIDORIAS trinta dias, prorrogável de forma justificada uma
Art. 13. As ouvidorias terão como atribuições pre- única vez, por igual período.
cípuas, sem prejuízo de outras estabelecidas em Parágrafo único. Observado o prazo previsto no
regulamento específico: caput, a ouvidoria poderá solicitar informações e
I – promover a participação do usuário na ad- esclarecimentos diretamente a agentes públicos
ministração pública, em cooperação com outras do órgão ou entidade a que se vincula, e as solici-
entidades de defesa do usuário; tações devem ser respondidas no prazo de vinte
II – acompanhar a prestação dos serviços, visan- dias, prorrogável de forma justificada uma única
do a garantir a sua efetividade; vez, por igual período.
III – propor aperfeiçoamentos na prestação dos
Art. 17. Atos normativos específicos de cada Po-
serviços;
der e esfera de Governo disporão sobre a organiza-
IV – auxiliar na prevenção e correção dos atos
ção e o funcionamento de suas ouvidorias.
e procedimentos incompatíveis com os princípios
estabelecidos nesta Lei; CAPÍTULO V
V – propor a adoção de medidas para a defesa DOS CONSELHOS DE USUÁRIOS
dos direitos do usuário, em observância às deter- Art. 18. Sem prejuízo de outras formas previstas
minações desta Lei; na legislação, a participação dos usuários no acom-
VI – receber, analisar e encaminhar às autorida- panhamento da prestação e na avaliação dos ser-
des competentes as manifestações, acompanhan- viços públicos será feita por meio de conselhos de
do o tratamento e a efetiva conclusão das mani- usuários.
64
DECRETO Nº 6.523, DE 31 DE JULHO DE 2008
Parágrafo único. Os conselhos de usuários são especial quanto ao cumprimento dos compromis-
órgãos consultivos dotados das seguintes atribui- sos e dos padrões de qualidade de atendimento
ções: divulgados na Carta de Serviços ao Usuário.
I – acompanhar a prestação dos serviços; Art. 24. Regulamento específico de cada Poder
II – participar na avaliação dos serviços; e esfera de Governo disporá sobre a avaliação da
III – propor melhorias na prestação dos serviços; efetividade e dos níveis de satisfação dos usuários.
IV – contribuir na definição de diretrizes para o
CAPÍTULO VII
adequado atendimento ao usuário; e
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
V – acompanhar e avaliar a atuação do ouvidor.
Art. 25. Esta Lei entra em vigor, a contar da sua
Art. 19. A composição dos conselhos deve obser-
publicação, em:
var os critérios de representatividade e pluralida-
I – trezentos e sessenta dias para a União, os
de das partes interessadas, com vistas ao equilí-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios com
brio em sua representação.
mais de quinhentos mil habitantes;
Parágrafo único. A escolha dos representantes II – quinhentos e quarenta dias para os Municí-
será feita em processo aberto ao público e dife- pios entre cem mil e quinhentos mil habitantes; e
renciado por tipo de usuário a ser representado. III – setecentos e vinte dias para os Municípios
Art. 20. O conselho de usuários poderá ser consul- com menos de cem mil habitantes.
tado quanto à indicação do ouvidor. Brasília, 26 de junho de 2017; 196º da
Art. 21. A participação do usuário no conselho Independência e 129º da República.
será considerada serviço relevante e sem remu- MICHEL TEMER
neração. Torquato Jardim
Dyogo Henrique de Oliveira
Art. 22. Regulamento específico de cada Poder e es- Wagner de Campos Rosário
fera de Governo disporá sobre a organização e fun-
cionamento dos conselhos de usuários. DECRETO Nº 6.523, DE 31
DE JULHO DE 2008
CAPÍTULO VI (Publicado no DOU de 1º/8/2008)
DA AVALIAÇÃO CONTINUADA
DOS SERVIÇOS PÚBLICOS Regulamenta a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para
fixar normas gerais sobre o Serviço de Atendimento ao Con-
Art. 23. Os órgãos e entidades públicos abrangi- sumidor (SAC).
dos por esta Lei deverão avaliar os serviços pres-
O presidente da República, no uso da atribuição
tados, nos seguintes aspectos:
que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,
I – satisfação do usuário com o serviço prestado;
e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.078, de 11
II – qualidade do atendimento prestado ao
de setembro de 1990, decreta:
usuário;
III – cumprimento dos compromissos e prazos Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 8.078,
definidos para a prestação dos serviços; de 11 de setembro de 1990, e fixa normas gerais
IV – quantidade de manifestações de usuários; e sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor
(SAC) por telefone, no âmbito dos fornecedores
V – medidas adotadas pela administração públi-
de serviços regulados pelo Poder Público Federal,
ca para melhoria e aperfeiçoamento da prestação
com vistas à observância dos direitos básicos do
do serviço.
consumidor de obter informação adequada e cla-
§ 1º A avaliação será realizada por pesquisa de
ra sobre os serviços que contratar e de manter-se
satisfação feita, no mínimo, a cada um ano, ou por
protegido contra práticas abusivas ou ilegais im-
qualquer outro meio que garanta significância es-
postas no fornecimento desses serviços.
tatística aos resultados.
§ 2º O resultado da avaliação deverá ser inte- CAPÍTULO I
gralmente publicado no sítio do órgão ou entida- DO ÂMBITO DA APLICAÇÃO
de, incluindo o ranking das entidades com maior Art. 2º Para os fins deste Decreto, compreende-
incidência de reclamação dos usuários na periodi- -se por SAC o serviço de atendimento telefôni-
cidade a que se refere o § 1º, e servirá de subsídio co das prestadoras de serviços regulados que te-
para reorientar e ajustar os serviços prestados, em nham como finalidade resolver as demandas dos
65
consumidores sobre informação, dúvida, reclama- CAPÍTULO III
ção, suspensão ou cancelamento de contratos e de DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO
serviços. Art. 8º O SAC obedecerá aos princípios da dignida-
Parágrafo único. Excluem-se do âmbito de apli- de, boa-fé, transparência, eficiência, eficácia, cele-
cação deste Decreto a oferta e a contratação de ridade e cordialidade.
produtos e serviços realizadas por telefone. Art. 9º O atendente, para exercer suas funções no
CAPÍTULO II SAC, deve ser capacitado com as habilidades téc-
DA ACESSIBILIDADE DO SERVIÇO nicas e procedimentais necessárias para realizar
o adequado atendimento ao consumidor, em lin-
Art. 3º As ligações para o SAC serão gratuitas e o
guagem clara.
atendimento das solicitações e demandas previs-
to neste Decreto não deverá resultar em qualquer Art. 10. Ressalvados os casos de reclamação e de
ônus para o consumidor. cancelamento de serviços, o SAC garantirá a trans-
ferência imediata ao setor competente para aten-
Art. 4º O SAC garantirá ao consumidor, no primei-
dimento definitivo da demanda, caso o primeiro
ro menu eletrônico, as opções de contato com o
atendente não tenha essa atribuição.
atendente, de reclamação e de cancelamento de
§ 1º A transferência dessa ligação será efetivada
contratos e serviços. em até sessenta segundos.
§ 1º A opção de contatar o atendimento pessoal § 2º Nos casos de reclamação e cancelamento
constará de todas as subdivisões do menu eletrô- de serviço, não será admitida a transferência da
nico. ligação, devendo todos os atendentes possuir atri-
§ 2º O consumidor não terá a sua ligação finali- buições para executar essas funções.
zada pelo fornecedor antes da conclusão do aten- § 3º O sistema informatizado garantirá ao aten-
dimento. dente o acesso ao histórico de demandas do con-
§ 3º O acesso inicial ao atendente não será con- sumidor.
dicionado ao prévio fornecimento de dados pelo Art. 11. Os dados pessoais do consumidor serão
consumidor. preservados, mantidos em sigilo e utilizados ex-
§ 4º Regulamentação específica tratará do tem- clusivamente para os fins do atendimento.
po máximo necessário para o contato direto com
Art. 12. É vedado solicitar a repetição da deman-
o atendente, quando essa opção for selecionada.
da do consumidor após seu registro pelo primeiro
Art. 5º O SAC estará disponível, ininterruptamen- atendente.
te, durante vinte e quatro horas por dia e sete dias Art. 13. O sistema informatizado deve ser progra-
por semana, ressalvado o disposto em normas es- mado tecnicamente de modo a garantir a agilida-
pecíficas. de, a segurança das informações e o respeito ao
Art. 6º O acesso das pessoas com deficiência audi- consumidor.
tiva ou de fala será garantido pelo SAC, em caráter Art. 14. É vedada a veiculação de mensagens pu-
preferencial, facultado à empresa atribuir número blicitárias durante o tempo de espera para o aten-
telefônico específico para este fim. dimento, salvo se houver prévio consentimento
Art. 7º O número do SAC constará de forma clara do consumidor.
e objetiva em todos os documentos e materiais CAPÍTULO IV
impressos entregues ao consumidor no momento DO ACOMPANHAMENTO DE DEMANDAS
da contratação do serviço e durante o seu forne- Art. 15. Será permitido o acompanhamento pelo
cimento, bem como na página eletrônica da em- consumidor de todas as suas demandas por meio
presa na internet. de registro numérico, que lhe será informado no
Parágrafo único. No caso de empresa ou grupo início do atendimento.
empresarial que oferte serviços conjuntamente, § 1º Para fins do disposto no caput, será utiliza-
será garantido ao consumidor o acesso, ainda que da sequência numérica única para identificar to-
por meio de diversos números de telefone, a canal dos os atendimentos.
único que possibilite o atendimento de demanda § 2º O registro numérico, com data, hora e ob-
relativa a qualquer um dos serviços oferecidos. jeto da demanda, será informado ao consumidor
66
DECRETO Nº 6.523, DE 31 DE JULHO DE 2008
e, se por este solicitado, enviado por correspon- § 3º O comprovante do pedido de cancelamento
dência ou por meio eletrônico, a critério do con- será expedido por correspondência ou por meio
sumidor. eletrônico, a critério do consumidor.
§ 3º É obrigatória a manutenção da gravação
CAPÍTULO VII
das chamadas efetuadas para o SAC, pelo prazo DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
mínimo de noventa dias, durante o qual o consu-
Art. 19. A inobservância das condutas descritas nes-
midor poderá requerer acesso ao seu conteúdo.
te Decreto ensejará aplicação das sanções previs-
§ 4º O registro eletrônico do atendimento será
tas no art. 56 da Lei nº 8.078, de 1990, sem prejuízo
mantido à disposição do consumidor e do órgão
das constantes dos regulamentos específicos dos
ou entidade fiscalizadora por um período mínimo
órgãos e entidades reguladoras.
de dois anos após a solução da demanda.
Art. 20. Os órgãos competentes, quando neces-
Art. 16. O consumidor terá direito de acesso ao
sário, expedirão normas complementares e espe-
conteúdo do histórico de suas demandas, que lhe
cíficas para execução do disposto neste Decreto.
será enviado, quando solicitado, no prazo máximo
de setenta e duas horas, por correspondência ou Art. 21. Os direitos previstos neste Decreto não
por meio eletrônico, a seu critério. excluem outros, decorrentes de regulamentações
expedidas pelos órgãos e entidades reguladores,
CAPÍTULO V desde que mais benéficos para o consumidor.
DO PROCEDIMENTO PARA A
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS Art. 22. Este Decreto entra em vigor em 1º de
dezembro de 2008.
Art. 17. As informações solicitadas pelo consumi-
dor serão prestadas imediatamente e suas recla- Brasília, 31 de julho de 2008; 187º da
Independência e 120º da República.
mações, resolvidas no prazo máximo de cinco dias
úteis a contar do registro. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
§ 1º O consumidor será informado sobre a re-
solução de sua demanda e, sempre que solicitar,
ser-lhe-á enviada a comprovação pertinente por
correspondência ou por meio eletrônico, a seu
critério.
§ 2º A resposta do fornecedor será clara e objeti-
va e deverá abordar todos os pontos da demanda
do consumidor.
§ 3º Quando a demanda versar sobre serviço
não solicitado ou cobrança indevida, a cobrança
será suspensa imediatamente, salvo se o forne-
cedor indicar o instrumento por meio do qual o
serviço foi contratado e comprovar que o valor é
efetivamente devido.
CAPÍTULO VI
DO PEDIDO DE CANCELAMENTO DO SERVIÇO
Art. 18. O SAC receberá e processará imediata-
mente o pedido de cancelamento de serviço feito
pelo consumidor.
§ 1º O pedido de cancelamento será permitido
e assegurado ao consumidor por todos os meios
disponíveis para a contratação do serviço.
§ 2º Os efeitos do cancelamento serão imedia-
tos à solicitação do consumidor, ainda que o seu
processamento técnico necessite de prazo, e inde-
pende de seu adimplemento contratual.
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