Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
7342 Unlocked
7342 Unlocked
equipa de futebol
Uma abordagem sistémica para a
construção de uma forma de jogar
Porto, 2008
A organização de jogo de uma
equipa de futebol
Uma abordagem sistémica para a
construção de uma forma de jogar
Porto, 2008
Silva, H. (2008). A organização de jogo de uma equipa de futebol. Uma
abordagem sistémica na construção de uma forma de jogar. Dissertação de
Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
AGRADECIMENTOS
Ao meu Avô materno, por ser um exemplo de vida que eu tentarei sempre
seguir. Pela sua simplicidade e boa disposição contagiantes. Aos meus outros
avós que não são menos importantes. Sem eles, certamente não estaria onde
estou.
À minha Mãe, por todo o apoio que sempre me deste e por me ajudares a
tornar-me na pessoa que hoje sou. Obrigado!
À minha Irmã, por tudo o que fizeste por mim e por tudo o que ainda
continuas a fazer... Sem ti não conseguiria atingir esta meta. Obrigado!
À Lu, por seres a luz que me ilumina todos os dias. Por me teres apoiado
em todos os momentos que precisei.
À Tina, por seres a amiga que és e por me “aturares” muitas vezes, de livre
e espontânea vontade.
V
Agradecimentos
VI
Índice
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS…………………………………………………………………………..... V
ÍNDICE…………………………………………………………………………………………….. VII
RESUMO………………………………………………………………………………………….. IX
ABSTRACT……………………………………………………………………….………………. XI
RESUMÉ……………………………………………………………………………..…….……… XIII
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………… 1
2. REVISÃO DA LITERATURA...………………………………………………………………. 7
2.1. A ABORDAGEM SISTÉMICA NO FUTEBOL…………………………………………………. 7
2.1.1 O PORQUÊ DA APLICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA AO FUTEBOL.... 10
2.2 MODELO DE JOGO/MODELIZAÇÃO SISTÉMICA COMO PROJECTO DE ACÇÃO DO SISTEMA.. 13
2.2.1. A NECESSIDADE DE CONTEXTUALIZAR..……………………………………………. 15
2.3. TREINAR SEGUNDO O PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE............…………………………… 17
2.3.1 OPERACIONALIZAR O PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE............................................ 19
2.4 O CONHECIMENTO ESPECÍFICO EM FUTEBOL.......………………………………………... 20
2.4.1. DO CONHECIMENTO DECLARATIVO AO PROCESSUAL............................................ 21
2.5 A “CONDIÇÃO” FRACTAL DO EXERCÍCIO DE TREINO...................................................... 22
2.5.1 O TREINO PARA A MELHORIA QUALITATIVA DA TOMADA DE DECISÃO…………....... 26
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...……………………………………………....... 29
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA..………………………………………………………... 29
3.2. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO................................................................…........... 29
3.3. RECOLHA DE DADOS...............………………………………………………………….... 30
VII
Índice
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 49
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 53
8. ANEXOS I
ANEXO I......................................................................................................................... I
ANEXO II........................................................................................................................ XI
VIII
Resumo
RESUMO
O futebol assume-se como um fenómeno complexo. Desta forma,
consideramos a pertinência de uma abordagem sistémica ao futebol, visando
uma inteligibilidade da complexidade das interacções dos jogadores nos
diferentes níveis de organização. Tendo isto por base, o treinador de futebol
poderá encontrar indicadores de qualidade que lhe permitam organizar o jogo e
modelar a sua equipa de acordo com a sua ideia de jogo.
O processo de treino apresenta-se como um meio privilegiado para que
os jogadores adquiram determinados conhecimentos e princípios de jogo,
referentes à forma de jogar que o treinador preconiza.
Com o presente estudo pretendemos atingir os seguintes objectivos: i:
verificar a pertinência de uma abordagem sistémica no contexto do futebol; ii:
identificar aspectos relevantes para a organização de jogo de uma equipa de
futebol; iii: indagar e discutir a intervenção específica do treinador no processo
de treino para o atingir de uma determinada forma de jogar.
Para este efeito, para além de efectuarmos revisão da literatura,
entrevistámos dois professores extremamente conceituados da Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto: o Professor Doutor Júlio Garganta e o
Professor Vítor Frade.
O cruzamento da informação decorrente da revisão da literatura, com o
conteúdo das entrevistas permitiu chegar às seguintes conclusões: a) a
abordagem sistémica é ajustada à complexidade do fenómeno do futebol; b) a
abordagem sistémica torna a complexidade das interacções dos jogadores, nos
diferentes níveis, inteligível; c) ao ser encarada como um sistema, a equipa de
futebol necessita de um modelo de jogo que contextualize e direccione as
interacções entre os seus elementos e o meio específico onde actua; d) a
objectivação do modelo de jogo e a modelação da organização de jogo da
equipa faz-se no processo de treino; e) a operacionalização dos exercícios de
treino carece de uma intervenção específica por parte do treinador para que
não haja perda de especificidade.
PALAVRAS – CHAVE: FUTEBOL, ABORDAGEM SISTÉMICA,
ORGANIZAÇÃO, PRINCÍPIOS DE JOGO.
IX
X
Abstract
ABSTRACT
Football is seen as a complex phenomenon. In an attempt to understand
the complexity of the interactions of the players in the different levels of
organization, we consider a systemic approach to football. Based on this, the
coach might be able to find quality indicators that will allow him to organize the
game and model his team in accordance with his idea of the game.
The coaching process presents itself as a favored medium through which
players can develop a certain knowledge and game principles, in line with the
way of play envisioned by the coach.
The objectives of this study are: i: to assess the pertinence of a systemic
approach in the context of football; ii: to identify features that are relevant to
organize the game of a football team; iii: to discuss the intervention of the coach
in the coaching process in order to attain a certain way of play.
With this purpose, we carried out a systematic review and interviewed
two highly respected professors of the Faculty of Sport, University of Porto:
Professor Júlio Garganta (PhD) and Professor Vítor Frade.
The information gathered in the systematic review was integrated with
the content of the interviews and we could conclude the following: a) the
systemic approach is adjusted to the complexity of the phenomenon of football;
b) the systemic approach renders the complexity of the interactions of players in
the different levels understandable; c) when viewed as a system, the football
team needs a model of game to “guide” the interactions between its elements
and the specific mean where it performs; d) it is in the coaching process that the
game model is made objective and the organization of the game is modeled; e)
in order to prevent the loss of specificity, the coach needs to intervene when the
coaching exercises are made operative.
KEY WORDS: FOOTBALL, SYSTEMIC APPROACH, ORGANIZATION, GAME
PRINCIPLES.
XI
XII
Resumé
RESUMÉ
Le football est un phénomène complexe. En effet, on propose un
abordage systémique du football pour mieux comprendre la complexité des
interactions entre les joueurs dans les différents niveaux de l’organisation.
Ainsi, le coach du football pourrait trouver les indicateurs de qualité qui lui
permettront d’organiser le jeu et de modeler son équipe en accord avec son
idée de jeu.
Le processus d’entrainement se présente comme un moyen privilégié
pour que les joueurs puissent développer certaines connaissances et principes
de jeu relatifs à la manière de jouer idéalisée par le coach.
Avec ce travail, on a proposé les objectifs suivants: i: vérifier la
pertinence d’un abordage systémique dans le contexte du football; ii: identifier
les caractéristiques importantes pour l’organisation d’une équipe de football;
considérer si l’intervention spécifique du coach dans le processus
d’entrainement pour conquérir une certaine façon de jouer est fondamentale.
En vue de ces objectifs, on a déroulé une révision de la littérature et on a
aussi interviewé deux professeurs bien connus de l’École de Sports, Université
de Porto : le Professeur Docteur Júlio Garganta et le Professeur Vítor Frade.
Le croisement de l'information réunie suite à la révision de la littérature
avec le contenu des interviews a permit de tirer les conclusions suivantes : a)
l’abordage systémique est ajusté à la complexité du phénomène du football; b)
l’abordage systémique rend plus intelligible la complexité des interactions des
joueurs dans les différents niveaux; c) quand regardé comme un système,
l’équipe de football a besoin d’un modèle de jeu pour “guider” les interactions
entre ses éléments et le moyen spécifique où elle joue; d) c’est dans le
processus d’entrainement que le modèle de jeu est objectivé et que
l’organisation de jeu est modelée; e) pour qu’il n’y ait pas perte de spécificité, il
est nécessaire d’avoir une intervention spécifique du coach quand les exercices
d’entrainement sont opérationnalisés.
MOTS CLES: FOOTBALL, ABORDAGE SYSTÉMIQUE, ORGANISATION,
PRINCIPES DE JEU.
XIII
XIV
Introdução
1. Introdução.
“...não existe treinador que no seu íntimo não queira ser o “deus de
Laplace” – conseguir prever com uma certeza infinitesimal a evolução
do jogo, controlar esse sistema multivariável. Por isso, talvez ele
preferisse substituir a variabilidade pela estereotipia na expectativa de
que as atitudes dos seus jogadores fossem previstas e articuladas
com a máxima certeza, de que as propriedades topológicas do
movimento que eles manifestam fossem as menos variáveis”.
(Cunha e Silva, 1995 citado por Garganta & Cunha e Silva, 2000, p. 5)
1
Introdução
2
Introdução
3
Introdução
4
Introdução
de futebol têm muito a ver com os exercícios que executa no treino (Garganta,
2006b; Gréhaine, Godbout, & Bouthier, 2001).
Aferimos, então a necessidade de procurar respostas concretas e
opiniões válidas acerca do processo de treino. Este processo encerra em si
uma enorme complexidade, na medida em que suscita inúmeras preocupações
e levanta variadíssimas questões que merecem a nossa atenção.
Visto isto, propomos alcançar os seguintes objectivos na realização
deste trabalho:
- Verificar a pertinência de uma abordagem sistémica no contexto
do futebol;
- Identificar aspectos relevantes para a organização de jogo de uma
equipa de futebol;
- Indagar e discutir a intervenção específica do treinador no
processo de treino para o atingir de uma determinada forma de
jogar.
Para atingir os objectivos a que nos proposemos entrevistamos dois
professores extremamente conceituados da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto: o Professor Doutor Júlio Garganta e o Professor Vítor
Frade.
5
Introdução
6
Revisão da Literatura
2. Revisão da Literatura:
7
Revisão da Literatura
Porém, o lado táctico do jogo não pode ser dissociado das outras dimensões
que o constituem, nomeadamente, a física, a psicológica, a técnica, a cognitiva,
etc. (Frade, 2006). Em concordância com Garganta (2006b) e Castelo (1994) o
futebol assume-se, preponderantemente, como um jogo táctico caracterizado
por uma luta pelo domínio dos espaços, que contempla aspectos estratégicos e
em que a coerência de movimentação é de extrema importância (Gréhaine &
Godbout, 1995). Assim sendo, a táctica é a dimensão unificadora que dá
sentido e lógica a todas as outras. Ainda neste sentido, Garganta (2006b)
menciona que o problema principal que se coloca ao jogador de futebol é o
saber o que fazer e a altura certa para o fazer, consoante o projecto de jogo
colectivo, ou seja, qualquer tipo de acção de um jogador, tem sempre
subjacente uma acção táctica (Amieiro, Oliveira, Resende, & Barreto, 2006).
Gréhaine (1991, p. 12) refere que “esta forma de ver o futebol acarreta consigo
três categorias de problemas:
- Problemas relacionados com o espaço e com o tempo. Na fase
ofensiva o jogador de futebol deve encontrar soluções para os
problemas individuais e colectivos relacionados com a condução
do objecto do jogo, ou seja, a bola, de forma a ultrapassar, usar
ou evitar os adversários. Na fase defensiva deve criar-se
obstáculos, de forma a abrandar ou parar a bola e o adversário,
tendo em vista a recuperação da posse da mesma.
- Problemas relacionados com o fluxo de informação. Os jogadores
devem lidar com situações relacionados com a criação de
incerteza e imprevisibilidade na equipa adversária e situações de
previsibilidade para os seus colegas de equipa. Isto está
dependente da quantidade e da qualidade da informação
existente. A incerteza é gerada pela informação que não
possuímos sobre o estado do sistema (equipa de futebol). A
redução da incerteza para a equipa em posse de bola está
relacionada com a qualidade da informação e dos princípios de
jogo, inerentes ao modelo de jogo, proporcionando tomadas de
8
Revisão da Literatura
9
Revisão da Literatura
10
Revisão da Literatura
mais eficiente e eficaz (Bertrand & Guillemet, 1988; Garganta & Gréhaine,
1999; Gréhaine, Bouthier, & David, 1997; MacPherson, 1993, 1994). Como já
foi referido, o jogo de futebol é caracterizado por uma elevada imprevisibilidade
e aleatoriedade e por uma relação de oposição (Garganta & Cunha e Silva,
2000; Garganta & Gréhaine, 1999; Gréhaine & Godbout, 1995), ou seja, uma
equipa/sistema complexo interage directamente com outra equipa/sistema
complexo e, além disso, ambas têm que obedecer a um conjunto de normas
que formam o regulamento (Garganta & Cunha e Silva, 2000; Lebed, 2006).
Neste âmbito, o meio/contexto tem uma enorme influência no desempenho e
no comportamento da equipa de futebol, devido a todos os seus
constrangimentos (Garganta, 2006b; Lebed, 2006).
A complexidade, na medida em que o futebol é encarado como um
macrosistema complexo, com dois sistemas dinâmicos em interacção. Cada
sistema é composto por subsistemas que se relacionam entre si, a um nível
colectivo, a um nível inter-sectorial, como por exemplo a interacção entre o
sector defensivo e o sector médio, e, também a um nível sectorial, pela a
interacção entre jogadores do mesmo sector (Garganta & Gréhaine, 1999;
Guilherme Oliveira, 2004). O jogador de futebol, nesta perspectiva, é visto
como um subsistema, também ele dinâmico e complexo (Garganta & Gréhaine,
1999; Lebed, 2006). O dinamismo ou a dinâmica do sistema é balizado(a) pela
estrutura correspondente ao modelo de jogo e aos princípios de jogo que o
formam.
A finalidade, pelo objectivo comum que o sistema apresenta. Toda e
qualquer equipa de futebol ambiciona ser bem sucedida, ou seja, ganhar
(Garganta, 2006a; Garganta & Gréhaine, 1999; Gréhaine, Bouthier, & David,
1997; Gréhaine, 1991). Assim, surge-nos a noção de equifinalidade (Bertrand &
Guillemet, 1988) que, no contexto do jogo de futebol prende-se com a
capacidade de uma equipa, a partir de diferentes pontos e da utilização de
diferentes caminhos, consiga alcançar o golo.
A totalidade, já que o sistema é mais do que a soma das suas partes.
Este, apresenta características próprias e distintas das características dos
elementos que o constituem (Bertrand & Guillemet, 1988). Ainda segundo estes
11
Revisão da Literatura
12
Revisão da Literatura
13
Revisão da Literatura
14
Revisão da Literatura
15
Revisão da Literatura
jogadores que o treinador tem à sua disposição. Para além disso, é fulcral ter
em conta toda a conjuntura envolvente, o momento e o enquadramento
competitivo (Frade, 2006).
Para tornar a contextualização mais clara, digamos que é possuir uma
visão holística de todo o processo. Tal como no pensamento sistémico, tudo é
contemplado, tudo está interligado, respeitando sempre a especificidade como
princípio metodológico (Guilherme Oliveira, 2006).
Como foi acima referido, o fenómeno do futebol deve ser perspectivado
como um todo e para que tal aconteça, trabalhar de uma forma analítica e
descontextualizada não fará sentido (Amieiro, Oliveira, Resende, & Barreto,
2006). Com efeito, os exercícios de treino devem ser específicos e devem
contemplar todas as dimensões como a táctica, a técnica, a física e a
psicológica. Não obstante, é importante referir que todas estas dimensões
estão subjugadas à dimensão táctica, já que, esta irá permitir uma
interacção/comunicação entre os jogadores e conferir a organização
necessária para o emergir do “jogar” (Frade, 2006).
Seguindo esta filosofia, verificamos que a educação táctica dos
futebolistas é o elemento mais importante para uma equipa ter sucesso. “Os
treinadores têm as suas ideias sobre a forma como os jogadores devem evoluir
no terreno, mas é necessário que cada um saiba desempenhar a sua tarefa de
olhos fechados se for caso disso” (Van Gaal, 1998 citado por Carvalhal, 2000,
p. 27).
Atente-se nas palavras de Mourinho (citado por Amieiro, Oliveira,
Resende, & Barreto, 2006, p. 162), “O mais importante numa equipa é ter um
determinado modelo de jogo, um conjunto de princípios de jogo, conhecê-los
bem, interpretá-los bem, independentemente de ser utilizado este ou aquele
jogador”. Visto isto, toda a equipa deve estar identificada com uma determinada
forma de jogar e não apenas aqueles que jogam com maior frequência.
Frade (2006) refere que a contextualização começa com a abordagem
dos quatro momentos do jogo: a organização defensiva; organização ofensiva;
transição defesa-ataque e transição ataque-defesa, no sentido de ir
16
Revisão da Literatura
17
Revisão da Literatura
18
Revisão da Literatura
19
Revisão da Literatura
20
Revisão da Literatura
21
Revisão da Literatura
22
Revisão da Literatura
23
Revisão da Literatura
24
Revisão da Literatura
25
Revisão da Literatura
26
Revisão da Literatura
27
28
Procedimentos metodológicos
3. Procedimentos metodológicos.
29
Procedimentos metodológicos
30
Apresentação e discussão das entrevistas
31
Apresentação e discussão das entrevistas
32
Apresentação e discussão das entrevistas
33
Apresentação e discussão das entrevistas
34
Apresentação e discussão das entrevistas
35
Apresentação e discussão das entrevistas
36
Apresentação e discussão das entrevistas
37
Apresentação e discussão das entrevistas
38
Apresentação e discussão das entrevistas
39
Apresentação e discussão das entrevistas
40
Apresentação e discussão das entrevistas
41
Apresentação e discussão das entrevistas
42
Apresentação e discussão das entrevistas
43
Apresentação e discussão das entrevistas
especificidade, com o jogar. Então, o treinador não pode dar soluções aos
jogadores, deve simplesmente guiá-los (Anexo II).
44
Apresentação e discussão das entrevistas
45
Apresentação e discussão das entrevistas
46
Apresentação e discussão das entrevistas
47
Apresentação e discussão das entrevistas
colectiva de jogo. Assim sendo, estamos em crer que a tomada de decisão dos
jogadores e os consequentes comportamentos evidenciados levarão a uma
acção conjunta mais eficiente. Para nós, o que mais interessa é que a equipa
aja verdadeiramente como um todo e, por isso, a organização de jogo é fulcral.
Esta tão ambicionada ordem é perfeitamente alcançável através do processo
de treino, embora a maioria dos treinadores teime em negligenciá-la.
48
Conclusões
5. Considerações finais.
49
Conclusões
50
Sugestões para Futuros Estudos
51
52
Referências Bibliográficas
7. Referências bibliográficas.
Amieiro, N., Oliveira, B., Resende, N., & Barreto, R. (2006). Mourinho -
Porquê tantas vitórias? : Gradiva.
Bowes, I., & Jones, R. L. (2006). Working at the edge o chaos: understanding
coaching as a complex, interpersonal system. The Sport Psychologist(20), 235-
245.
53
Referências Bibliográficas
Garganta, J., & Cunha e Silva, P. (2000). O jogo do futebol: entre o caos e a
regra. Revista Horizonte, XVI(91), 5-8.
54
Referências Bibliográficas
Garganta, J., & Pinto, J. (1994). O ensino do futebol. In Graça & J. Oliveira
(Eds.), O ensino dos jogos desportivos colectivos (pp. 97-137). Porto:
CEJD/FADEUP.
Gréhaine, J.-F., & Godbout, P. (1995). Tactical knowledge in team sports from
a constructivist and cognitivist perspective. Quest(47), 490-505.
Gréhaine, J.-F., Godbout, P., & Bouthier, D. (2001). The teaching and
learning of decision making in team sports. Quest(53), 59-76.
55
Referências Bibliográficas
Helsen, W., & Pauwels, J. (1993). The Relationship Between Expertise and
Visual Information Processing in Sport. In J. L. Starkes & F. Allard (Eds.),
Cognitive Issues in Motor Expertise (pp. 109-134). Amsterdam: North Holland.
Jones, R. L., & Wallace, M. (2005). Another bad day at the training ground:
Coping with ambiguity in the coaching context. Sport, Education and
Society(10), 119-134.
Júlio, L., & Araújo, D. (2005). Abordagem dinâmica da acção táctica no jogo
de futebol. In D. Araújo (Ed.), O contexto da decisão: a acção táctica no
desporto (pp. 159-178). Lisboa: Visão e Contextos.
56
Referências Bibliográficas
57
58
Anexo I
8. Anexos
I
Anexo I
II
Anexo I
III
Anexo I
num nível do sistema sem ter em conta as articulações que ligam os diversos
níveis. Tal justifica a pertinência de uma abordagem centrada na interacção, de
modo a perceber a influência do todo nas partes e das partes no todo.
O jogador faz o jogo, mas o jogo também faz o jogador. Ou seja, os sistemas
actuam em função das interacções que se estabelecem com o jogador e a suas
capacidades, o envolvimento e a tarefa propriamente dita. Em última instância,
a acção de jogo resulta do modo como todos os constrangimentos se
harmonizam para gerar jogo.
À medida que o jogo vai decorrendo, vão emergindo cenários que “sugerem”
aos jogadores determinadas acções (affordances). O tipo de resposta, ou de
iniciativa, depende da capacidade do jogador para reconhecer (dar sentido) as
paisagens de jogo e da sua disponibilidade táctico-técnica para actuar com
eficácia. Tal significa que o respectivo comportamento táctico-técnico vai sendo
actualizado ao longo das partidas.
Assim, a equipa constitui uma totalidade em permanente construção, na qual
as acções pontuais, mesmo que aparentemente isoladas, influem no
comportamento colectivo, que consiste numa rede de interacções complexas
de cooperação e oposição, integrando distintos níveis de organização.
Contudo, embora o grau de complexidade possa ser entendido a partir da
quantidade e da qualidade dos níveis de organização, no jogo de Futebol essa
noção deve ser complementada pelas de circularidade e de reversibilidade, no
sentido de que as partes agem em função do todo e de que este retroage sobre
as partes, com base numa alternância de papéis e funções.
IV
Anexo I
V
Anexo I
VI
Anexo I
imitações. Não faz sentido apostar nos modelos mainstream, sem mais. Sou
partidário da fidelidade a ideias na procura do bom jogo e do espectáculo
agradável. Mas há várias formas de o conseguir e vários tipos de público a
quem agradar ou desagradar.
Os conhecimentos, as competências, as ideias e a personalidade do treinador,
para além de outras condicionantes como a cultura do clube, as condições de
trabalho, etc., são muito importantes na hora de conceber o jogo para uma
equipa de Futebol.
Os reajustamentos ao projecto inicial devem ser realizados em função da
resposta que a equipa vai dando, e portanto do seu nível de evolução.
Contudo, há que manter constante o que dá sentido ao processo: o modelo, a
concepção, os princípios. O que pode variar é modo ou a forma de os trabalhar
e concretizar.
12. Considero muito importante, embora no Futebol isso não seja prática
corrente. Os atletas, enquanto sujeitos do processo e intérpretes do jogo,
deveriam ser ouvidos e as suas perspectivas deveriam ser tomadas em conta.
Não quero com isto dizer que são eles quem deve tomar decisões de fundo
quanto ao processo de treino, ou à forma de jogar, mas que importa ouvir o que
sentem e o que pensam. Tal poderá ajudar a melhor perceber as razões de
alguns êxitos e inêxitos e permitir um melhor conhecimento das pessoas e do
grupo com que se trabalha. Para além disso, e não menos importante,
possibilita perceber a que distância estamos entre o pretendido e o
consumado.
VII
Anexo I
13. Claro que sim. Qual é o treinador que não pretende isso? O problema está
em ser capaz de o fazer! A questão passa por conseguir definir e treinar as
variáveis especificadoras do modelo e, simultaneamente, inibir as não
especificadoras. Isso implica saber muito bem o que se quer e o que não se
quer, portanto, saber como treinar para jogar para o modelo. Implica um
profundo conhecimento do conteúdo do jogo, da suas lógicas, dos seus
atalhos, …
14. Tenho dito várias vezes que considero que há duas modalidades de treino
no Futebol: um treino para poder treinar e um treino específico para jogar. São
coisas diferentes, mas complementares. A especificidade tem a ver com o
modo como, nos exercícios a propor, as variáveis especificadoras são
colocadas em interacção, de forma a concorrerem para a materialização de
uma concepção/ideia de jogo.
VIII
Anexo I
16. Não mais sofisticado, mas mais ajustado. Ou seja, permite que o
conhecimento declarativo e processual se aproximem e se fecundem de modo
a gerar mais eficácia.
Perante as diferentes situações de jogo, o jogador constrói paisagens de
observação, interpretando e organizando a informação dispersa conferindo-
lhes um sentido próprio que depende de modelos de referência.
É claro que pode existir conhecimento processual específico sem um
significativo conhecimento declarativo, mas não me parece que tal seja
possível em relação a um jogo que se joga com ideias, como o Futebol. Há que
perceber as diferenças entre o conhecimento implícito e o conhecimento
explícito. O importante é criar um nível de consciência marcante no que toca ao
compromisso com a forma de jogar, de modo a conseguir consistência
relativamente às regularidades de jogo mais eficazes e a ser capaz de
perceber, a todo o momento, a que distância se está da execução desejada, e
porquê. Daí a importância de promover, no treino, o feedback intrínseco.
17. Claro que sim, se for orientado nesse sentido, ou seja, se preconizar a
vivência de cenários que integrem as tais variáveis especificadoras e se
contemplar tanto situações mais cognitivas como situações de percepção
IX
Anexo I
18. Sim. Trata-se de ser capaz de fazer aquilo a que Malcom Gladwell chama
de “fatiar fino”. É uma questão de reduzir a complexidade sem deixar de ter em
conta as variáveis especificadoras no que toca ao acoplamento de informação
e acção que permite o reconhecimento e a interpretação da matriz do modelo
de jogo.
X
Anexo II
XI
Anexo II
a tudo … e muito disso eu não sei, e outras que eu nem vou sabendo, porquê?
Porque a cabeça dos jogadores está influenciada, ou pode estar a cabeça e o
corpo, por múltiplas outras ideias. Por isso que o modelo parece-me um
paradoxo. O que a periodização táctica pretende é que não seja subjectivo, que
haja uma congregação de subjectividades. Eu tenho muito medo dos slogans,
sabe que a organização é uma coisa complexa, mas pode não ser nada para
as pessoas. A organização que a Periodização Táctica preconiza é a coerência
de funcionamento que vai acontecendo nos jogadores, em função de quê? Do
ajustamento a determinados pressupostos, princípios, etc., que se faz ao longo
do tempo, portanto, na periodização. Mas isso, tem muitos escolhos, tem
muitas contrariedades, porque depende também do nível a que se está a
processar isso, mas se for a um nível elevado e se eu tiver uma ideia de jogo
um bocado… manifestamente contrastante com a generalidade, é provável que
grande parte dos jogadores que eu tenho esteja mais naquela do que na
minha. E, portanto, isto não é fácil, mas a organização é isso. É aquilo que
depois articula a intenção, ou a intencionalidade no jogador. Mas isto é só um a
plano, porque há o plano macro, que atribui um sentido. São os grandes
alicerces de uma forma de jogar, portanto os grandes princípios, que são
passíveis de se entenderem e depois, com o tempo, irem revelando uma
dinâmica que é a expressão de uma determinada organização. Isto não quer
dizer que (uma determinada cultura)… sim é isso, porque é uma cultura de
jogo. É precisamente isso. Portanto, o primado, como se diz no futebol que é
um desporto colectivo, o primado está nos referenciais colectivos, nos
referenciais que vão dar a ordem, que vão dar a organização. Mas isto, de
acordo com a concepção de jogo, pode não ser nada limitador para o jogador,
antes pelo contrário. O facto de eles terem que se sujeitar… uma concepção de
jogo de qualidade que se preze deve dar extraordinário espaço para a
singularidade, mas é uma singularidade condicionada. (os sub, sub é outra
coisa…) o modelo já deve ser rico na sua expressão conceptual, ou seja, já
deve reconhecer que esses grandes princípios são, digamos o núcleo duro da
organização, do dinamismo, da dinâmica da equipa, mas este núcleo duro é
catalisador de uma grande diversidade, ou variedade, de manifestação dos
XII
Anexo II
intervenientes, sem perda desta bússola. Por isso é que é difícil. Mas isto é
modelo agora, mas antes só é isto se for concepção. Se for concepção de jogo
evoluída, de qualidade. É por isso que eu te falei que antes está a ideia de
jogo. A ideia de jogo é qualquer coisa que eu tenho, digamos assim, em
abstracto. Eu, o futebol que eu gosto de ver jogar é este. Mas, na circunstância
A, na circunstância B, etc., (…) não é prático, é um sentido real. Porque eu não
conheço, nem ninguém conhece, a totalidade dos pormenores das
circunstâncias e dos jogadores. Quando muito, terei a hipótese de ir
conhecendo, ou ir desconhecendo cada vez menos, ao longo da
operacionalização, portanto, da periodização. A ideia contempla tudo e mais
alguma coisa no que tem a ver com os grandes princípios,…. isto, repare, eu
se estou a falar a top, e se eu estiver a falar nos mais miúdos, isto é válido. Só
pode não ser válido para os minorcas, para os “mancos”. Porque é uma
questão depois de mais tempo ou menos tempo. Há aqui duas coisas: se isso é
regra, eu não sei se é nem me interessa, mas julgo que não é, porque eu acho
que pode ser é assim, deste modo. E deste modo leva-se a água ao moinho,
penso eu mais rapidamente porque de facto, as pessoas vão evoluindo no
fazer mas tendo ao mesmo tempo intimidade com aquilo que se quer que seja
o fazer. (balizar o modelo de jogo) sim, eu diria mais, o modelo de jogo é
qualquer coisa…. Aqui na faculdade, à excepção do Professor Guilherme, sabe
que uma ideia de modelo de jogo não é a ideia que eu tenho nem é a ideia que
deve existir na teoria dos sistemas, ou na Periodização Táctica. Porque, eu
digo que mais importante … isto não é bem assim, mas é para … quando se
está a periodizar, mais importante do que o modelo são os princípios. Os
princípios é que pragmatizam, é que são praxiológicos, é que são práticos.
Agora, têm a ver com uma ideia de jogo e com umas circunstâncias que
ajudam, ou desajudam, a implantar essa ideia de jogo. E, portanto, o modelo é
tudo, o modelo é o que a gente vê e aquilo que a gente não vê, e que pode
jogar a nosso favor e que pode jogar a nosso desfavor. O modelo é esse. O
modelo está para além do modelizável. Mas a objectivação do modelo faz-se
no acto de modelização. É aí que eu tenho a possibilidade de decifrar, de
quantificar, o que está a acontecer , (reajustar) sim! Mas pode estar a passar-
XIII
Anexo II
se qualquer coisa que eu não dou por ela e não vejo. Portanto, o modelo tem
sempre qualquer coisa de encoberto (de incontrolável) sim! Eu costumo dizer
que é qualquer coisa que não existe em lado nenhum, e todavia procura-se
com intenção de encontrar. (o modelo de jogo para si é inatingível) não é nada
disso! Isso era uma parvoíce. Repare, é preciso que a gente veja os 2 grandes
planos do modelo: o plano macro, esse tem que se encontrar, não está tudo
sempre em evolução. O modelo é que está inacabado pelos seus contornos,
que é aí que vêm os sub-, sub-princípios,… . porque mesmo nos sub-, a gente
vai entrando, agora nos sub-, sub-, é que…, é o lado aberto da fabricação do
modelo. (mas também tem que haver espaço para isso) na concepção da
Periodização Táctica tem que haver (não pode haver um rigor castrador) mas
repare, eu costumo dizer assim, o futebol de qualidade, das equipas de
qualidade, tem demasiado jogo para ter ciência. O que é que eu quero dizer?
Tem demasiada contingência, demasiado pormenor, demasiada singularidade,
tem demasiado primeiro plano, para ser ciência no sentido que os gajos dizem
que é tudo rigoroso, que é tudo quantificado… tem demasiado disso para ser
quantificável a esse nível. Mas, eu digo, que é demasiado cientificável para ser
só isso. O que é cientificável são os grandes princípios, é a organização na
defesa, é a organização no ataque. A organização da defesa, porque é uma
sub-dinâmica, outra sub-dinâmica, outra sub-dinâmica da defesa para o
ataque, do ataque para a defesa, isto é cientificável. Tudo, os aspectos gerais
são cientificáveis. Agora, isto, nas circunstâncias A, nos jogadores A, na cultura
A, na cultura B, assume diferenciação. E, então, aí... Portanto, ou as pessoas
vêem isto assim, ou têm muita dificuldade em ver o que é que eu pretendo que
seja a Periodização Táctica.
XIV
Anexo II
XV
Anexo II
Não sei se é isso que se pretende. O jogador pode não saber expressar-
se verbalmente, e ser o melhor jogador que se tem porque entendeu bem isso.
Há uma coisa que é entendimento do jogo que até cronistas e jornalistas têm.
Outra coisa é inteligência de jogo, é uma coisa que só tem quem faz. E há
gajos que têm inteligência de jogo, que não expressam através da linguagem,
XVI
Anexo II
que é outra forma de expressão que não a motora, o entendimento que têm do
jogo. E há gajos que através da sua razão, da sua capacidade intelectual,
conseguem falar sobre o jogo, mas sem ter inteligência nenhuma de jogo. (o
treinador explicar..) ao treinador cabe mais essa tarefa (verbalizar)…
(conhecimento processual) Mas o processual é só em baixo? O processual
também não implica a cabeça? O processo é uma coisa que acontece com
tudo. …… as pessoas deviam banir esse tipo de linguagem. Eu chamo-lhe
assim, um saber fazer, sabe fazer. E há a possibilidade de se saber sobre esse
saber fazer, mas o saber sobre o saber fazer expressa-se de mais de que um
modo. Através da linguagem ou através do entender mesmo. E não é por essa
razão que é declarativo e o outro é processual. Porque o processual é que
pode não estar pleno na realização, no acto, e não estar pleno em cima, mas é
processual na mesma. Isto, se estamos a falar de jogadores.
XVII
Anexo II
XVIII