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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Santa Maria, RS
2021
Jonathan Loss Barrios
Santa Maria, RS
2021
Jonathan Loss Barrios
________________________________________________________
Prof. Alexandre Aparecido Buenos, Dr. Eng. (DEM/UFSM)
(Presidente/Orientador)
________________________________________________________
Prof. Cristiano José Scheuer, Dr. Eng. (DEM/UFSM)
________________________________________________________
Prof. Inácio da Fontoura Limberger, Dr. Eng. (DEM/UFSM)
Santa Maria, RS
2021
AGRADECIMENTOS
(Mahatma Gandhi)
RESUMO
In a country where agriculture is one of the pillars of the economy, grain production is essen-
tial for the maintenance of the sector. Therefore, the agricultural sector has been growing in
recent years both in grain production, considering peanuts, soybeans, corn, beans, rice and
wheat, and in static storage capacity for products. Such growth is accompanied by the devel-
opment of static capacity, which is directly related to post-harvest products, such as silos, dry-
ers, mug elevators, conveyor belts, furnaces, chupi, aeration systems, screw conveyors,
among others. A company in the region of Santa Maria – RS, which develops equipment for
this segment, has as one of its main problems the wear of its screw conveyors due to t he fur-
rowing promoted by the grain on the screw. Thus, the objective of this work is to carry out the
conception and construction of a test bench for abrasive wear in helicoidal conveyors, and to
guide the experiments through the direction of sensors and parameters to be monitored on the
bench. For this, a literature review was carried out on helical conveyors, transported products
and factors that influence wear. A product design methodology was adopted and consists of
defining the product layout, the list of components, the list of materials, the project details, the
digital bench press, the description of the manufacturing and assembly processes, the bench's
physical mocape, the technical specifications and a manual for using the equipment. As a re-
sult, the design and construction of the experimental bench was developed, as well as the def-
inition of the helicoid test bodies, the three-dimensional modeling, the technical drawings for
fabrication and assembly, and sensors and measuring instruments for monitoring the main
parameters influencing wear. The designed bench will be useful for the development of future
works, mainly in wear studies.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 15
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................ 15
1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17
2.1 TRANSPORTADOR HELICOIDAL........................................................................... 17
2.1.1 Componentes de um transportador helicoidal ......................................................... 20
2.1.2 Material transportado ................................................................................................ 24
2.1.3 Funcionamento do transportador ............................................................................. 26
2.2 DESGASTE .................................................................................................................. 26
2.2.1 Mecanismos de desgaste ............................................................................................. 27
2.2.1.1 Desgaste Adesivo ...................................................................................................... 28
2.2.1.2 Desgaste Abrasivo .................................................................................................... 28
2.2.1.3 Desgaste por fadiga de contato ................................................................................ 31
2.2.1.4 Desgaste por reação triboquímica ........................................................................... 32
2.2.2 Fatores de influência sobre o desgaste do helicoide ................................................. 32
2.2.2.1 Volume de material transportado ............................................................................. 34
2.2.2.2 Geometria do helicoide............................................................................................. 35
2.2.2.3 Propriedades mecânicas do material ....................................................................... 35
2.2.2.4 Composição química do material ............................................................................. 40
2.2.2.5 Microestrutura do material ...................................................................................... 42
2.2.2.6 Tamanho do abrasivo ............................................................................................... 44
2.2.2.7 Geometria do abrasivo ............................................................................................. 45
2.2.2.8 Velocidade de deslizamento...................................................................................... 45
2.2.2.9 Força de compressão entre os componentes ............................................................ 46
2.2.2.10 Temperatura e umidade ........................................................................................ 47
2.3 MÉTODOS DE ANÁLISE DE DESGASTE ................................................................ 48
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ENSAIOS TRIBOLÓGICOS............................................... 49
2.5 HISTÓRICO DE ESTUDOS DE DESGASTE ENTRE MATERIAIS......................... 51
3 METODOLOGIA DE PROJETO............................................................................. 54
3.1 PROJETO PRELIMINAR ............................................................................................ 55
3.2 PROJETO DETALHADO ............................................................................................ 55
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 57
4.1 PROJETO PRELIMINAR ............................................................................................ 57
4.1.1 Determinação do leiaute do produto ......................................................................... 58
4.1.2 Elaboração da lista de componentes ......................................................................... 59
4.1.3 Elaboração da lista de materiais................................................................................ 61
4.1.4 Modelagem geométrica (CAD) dos componentes e conjuntos ................................ 64
4.1.4.1 Calha transportadora da Cofelma - G1 ................................................................... 65
4.1.4.2 Chupim da Cofelma – G2 ......................................................................................... 65
4.1.4.3 Conjunto conexão tubular - G3 ................................................................................ 66
4.1.4.4 Conjunto conexão tubular com janela de inspeção – G4 ......................................... 66
4.1.4.5 Conjunto estrutural de suporte do chupim – G5 ...................................................... 67
4.1.4.6 Conjunto estrutural de suporte da calha transportadora – G6................................ 67
4.1.4.7 Quadro de comando – G7......................................................................................... 68
4.1.4.8 Sistema de instrumentação e sensoriamento – G8 ................................................... 69
4.1.5 Mocape digital do produto ......................................................................................... 69
4.2 PROJETO DETALHADO ............................................................................................ 70
4.2.1 Processo de fabricação e montagem da bancada ..................................................... 71
4.2.1.1 Calha transportadora da Cofelma - G1 ................................................................... 71
4.2.1.2 Chupim da Cofelma - G2 .......................................................................................... 77
4.2.1.3 Conjunto conexão tubular – G3 ............................................................................... 77
4.2.1.4 Conjunto conexão tubular com janela de inspeção – G4 ......................................... 79
4.2.1.5 Conjunto estrutural de suporte do chupim – G5 ...................................................... 80
4.2.1.6 Conjunto de suporte da calha transportadora – G6 ................................................ 81
4.2.1.7 Quadro de comando – G7......................................................................................... 82
4.2.1.8 Sistema de instrumentação e sensoriamento – G8 ................................................... 82
4.2.2 Mocape físico em escala ou protótipo........................................................................ 90
4.2.3 Especificações técnicas do produto............................................................................ 91
4.2.4 Manual de operação do produto................................................................................ 92
4.2.4.1 Funcionamento geral da bancada ............................................................................ 93
4.2.4.2 Funcionamento do sistema de sensoriamento e instrumentação ............................. 98
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 100
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS....................................................... 101
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 102
ANEXO A – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DA CÂMERA TERMOVISORA FLIR
EX SERIES................................................................................................................ 108
ANEXO B – ESPECIFICAÇÕES DO MÓDULO NI 9213. ............................................. 109
ANEXO C – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO TACÔMETRO FOTO/CONTATO
DIGITAL. .................................................................................................................. 110
ANEXO D – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO MEDIDOR DE UMIDADE DE
GRÃOS MODELO MTG-640. ................................................................................ 111
APÊNDICE A – RESUMO DA 35ª JORNADA ACADÊMICA INTEGRADA............. 112
APÊNDICE B – DESENHOS TÉCNICOS DA BANCADA DIDÁTICA. ...................... 112
14
1 INTRODUÇÃO
sendo que, algumas destas atuam na cidade de Santa Maria, na região central do estado do Rio
Grande do Sul (RS). Dentre as empresas, pode-se citar a Metalúrgica Cofelma LTDA, que
atua na produção de helicoides ou parafusos transportadores que são utilizados para movi-
mentação de produtos, tais como granulados de borracha, farelos e grãos.
Desse modo, dentre os produtos transportados pode-se destacar o arroz. Dentre as uni-
dades da federação, o Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz em casca do Brasil e
desde 2008 vem liderando o ranking nacional de quantidade produzida. Segundo a Pesquisa
Agrícola Municipal do IBGE (2008-2019), o RS registrou no período 2016-2019 uma produ-
ção de 7.950.107 toneladas anuais em média do grão. O arroz é composto basicamente pelo
grão e a casca, sendo que a casca representa cerca de 3% da massa da planta do arroz e esta
pode acumular até 15% em massa de sílica em sua composi-
ção (FERNANDES; SABINO; ROSSETTO, 2014). De modo geral, a sílica é altamente abra-
siva em relação a materiais de menor dureza, e um dos componentes dos transportadores heli-
coidais que mais sofrem desgaste devido a abrasividade dos produtos transportados é o heli-
coide. Em razão disso, o objetivo deste trabalho é realizar a concepção e construção de uma
bancada para análise de desgaste em materiais empregados na produção d e helicoides de
transportes helicoidais. Tal bancada irá auxiliar na seleção de materiais e revestimentos para
os helicoides que apresentem maior resistência ao desgaste e, consequentemente, maior vida
útil para esse componente.
1.3 JUSTIFICATIVA
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo tem por objetivo mostrar uma revisão d a literatura sobre transportadores
helicoidais, desgaste, métodos de análise de desgaste e planejamento experimental que são
importantes a fim de que o leitor tenha um maior entendimento sobre o assunto tratado nesse
trabalho.
Figura 2 – Ilustração de roscas transportadoras helicoidais: (a) rosca transportadora e (b) chu-
pim.
• Calha transportadora
• Chupim
• Acionamento
• Canal de transporte
O canal (calha ou tubo) de transporte é a parte da rosca transportadora que tem a fina-
lidade de encobrir o helicoide e servir de apoio aos mancais de rolamento nas extremidades. É
fabricada geralmente de chapa ou tubo de aço. A carga e descarga são feitas em locais bem
determinados da calha, denominados de bica de carga ou entrada e bica de descarga ou saída
(MILMAN, 2002).
A calha é utilizada para o transporte horizontal e pode tolerar inclinação de até 20°,
sendo muito utilizada para o transporte de produtos como rações e farinhas. Outro tipo exis-
tente é o condutor cilíndrico, geralmente construído em chapas metálicas, que têm utilização
bastante ampla, pois pode trabalhar em qualquer inclinação. É importante destacar que entre o
helicoide e o condutor deve existir um espaço variável de 1 a 10 mm (SILVA et al., 2008).
Segundo Macdarma (2020), a calha da rosca transportadora é normalmente construída
em perfis e chapas de aço carbono SAE 1010/20, podendo ser construída também em aço ino-
xidável AISI 304 ou 316.
• Helicoide
Os helicoides também podem ser fabricados em partes, passo avulso, conforme a Figu-
ra 8. Os helicoides seccionais atendem a exigências de tarefas mais pesadas em aplicações que
requerem uma borda de lâmina com diâmetro externo mais espesso para fornecer uma vida
útil maior. A hélice seccional é produzida em segmentos de passo completos a serem unidos,
soldados e montados (TIMKEN, 2020).
Na Figura 10, pode-se observar algumas especificações técnicas dos conjuntos heli-
coidais que devem ser devidamente planejadas a afim de se obter um componente que atenda
às necessidades operacionais.
transporte misturador (recortado) e para produtos viscosos ou picados (forma de fita). São
mostrados nas Figuras 11a, 11b, 11c e 11d, respectivamente.
Figura 11 - Tipos de helicoides: (a) padrão, (b) continuo, (c) recortado e (d) forma de fita.
Há diferentes tipos de materiais com características próprias que podem ser transpor-
tados por meio de transportadores helicoidais. Podem ser produtos viscosos, produtos quími-
cos, e grãos como, por exemplo, soja, milho, feijão, cevada, aveia, trigo, farelo e arroz. É da-
do maior ênfase nas propriedades do arroz devido às suas características abrasivas que pro-
movem o desgaste dos helicoides.
No processo de transporte de arroz, a casca é o principal causador de desgaste mais
agressivo do helicoide. A casca de arroz é um revestimento ou capa protetora formada durante
o crescimento do grão, de baixa densidade e elevado volume. Os principais componentes da
25
casca do arroz são celulose e hemicelulose (50%), além de lignina (26%) e componentes or-
gânicos (4%). A quantidade restante de 20%, inclui os materiais inorgânicos (SiO 2 , Al2 O3 ,
K 2 O, Na2 O, MgO, CaO, Fe2 O3 , MnO, P2 O5 ), o que constitui a capa lenhosa, dura e silicosa.
Esta variação do percentual de sílica na casca de arroz depende da safra, ou seja, da variedade
plantada, do clima e das condições do solo, além da localização geográfica (POUEY, 2006).
De acordo com Pouey (2006), a casca de arroz equivale a cerca de 20% do peso do
grão. Essa é caracterizada por alta dureza, alta abrasividade e fibrosidade. É composta por
quatro camadas estruturais: epiderme externa, esclerênquima ou fibra hipoderme, célula pa-
rênquima e epiderme interna. A Figura 12 mostra uma ampliação da superfície da casca do
arroz, onde pode ser observado algumas protuberâncias que favorecem o desgaste abrasivo de
materiais mais moles que estejam em contato com o arroz.
Figura 12 - Micrografias da casca do arroz com diferentes aumentos (a) 35x; (b) 180x; (c)
220x; (d) 230x (MEV, metalização por deposição de ouro).
A sílica está mais concentrada na epiderme externa. Uma pequena, mas significativa,
quantidade de sílica reside na camada interna adjacente ao grão de arroz. A sílica presente na
26
casca de arroz é descrita como hidratada na forma amorfa como sílica gel e localiza-se na
epiderme da casca e nos espaços do tecido epidérmico (POUEY, 2006).
A sílica é o componente principal de vários materiais, como cerâmicas, vidros, refratá-
rios, isolantes térmicos e abrasivos. Suas características são: alto poder de refração, resistência
a choques térmicos e ataques químicos, baixa condutividade térmica e alta resistência mecâni-
ca. Serve como matéria prima para pigmentos, abrasivos, materiais da construção civil e equi-
pamentos eletrônicos. Devido a sua resistência mecânica, é responsável por conferir as carac-
terísticas abrasivas à casca do arroz, região a qual entra em contato direto com o helicoide
(POUEY, 2006).
2.2 DESGASTE
O desgaste pode ser definido como sendo um “dano a uma superfície sólida, geralmen-
te envolvendo perda progressiva de material devido ao movimento relativo entre essa superfí-
cie e uma substância ou substâncias em contato”, segundo a norma ASTM G40 (2015).
Quando duas ou mais superfícies entram em contato, partes pequenas das áreas, apa-
rentemente juntas, entram em efetivo contato. As asperezas de uma área entram em contato
com as asperezas da outra o que faz a relação entre as asperezas de fundamental importância
no estudo do atrito e do desgaste (CARNEIRO, 2019).
O desgaste é uma consequência inevitável do contato de superfícies em movimento,
podendo ser controlado ou minimizado. Em engenharia utilizam-se vários processos para con-
trolar ou evitar o desgaste de superfícies em contato, conforme se observa na Figura 13.
27
AMENIZAÇÃO
DO DESGASTE
Melhoramento
Otimização da
Utilização de do acabamento Aplicação de
Utilização de geometria das
materiais de superficial dos revestimentos
lubrificantes. peças em
maior dureza. materiais em superficiais.
contato. contato.
A norma DIN 50320 (1979) destaca quatro principais tipos de mecanismos de desgaste
que são: desgaste adesivo, desgaste abrasivo, desgaste por fadiga de contato e desgaste por
reação triboquímica (Figura 14). O desgaste pode ter a ação de mais de um mecanismo, de-
pendendo do tribosistema (ZUM GAHR, 1987).
Figura 14 - Quatro principais mecanismos de desgaste: (a) desgaste adesivo, (b) desgaste
abrasivo, (c) fadiga de contato e (d) reação triboquímica.
A Sociedade Americana de Testes e Materiais (American Society for Testing and Ma-
terials - ASTM) conforme a norma G 40-17 define o desgaste adesivo como aquele ocorrido
devido a um vínculo localizado entre superfícies sólidas em contato, levando à transferência
de material entre as duas superfícies ou a perda de material da superfície mais mole. Este tipo
de desgaste pode ocorrer quando as superfícies deslizam entre elas com uma alta pressão loca-
lizada em contato resultando em deformação plástica, adesão e, consequentemente, a forma-
ção de junções localmente. O movimento relativo entre as superfícies de contato causa ruptura
dessas junções e, frequentemente, a transferência de material de uma superfície para a outra.
Com o aumento da danificação ou carregamento excessivo devido a tensão, velocidade ou
temperatura de deslizamento, a adesão pode resultar em arrancamento de material. Isto é rela-
cionado com o aumento do coeficiente de fricção e desgaste (ZUM GAHR, 1987).
O desgaste abrasivo é definido como sendo aquele que acontece devido a partículas
duras forçadas contra e movendo-se ao longo de uma superfície sólida, conforme definição da
norma ASTM G 40-17.
Segundo Zum Gahr (1987), o desgaste por riscamento ou ranhuramento (grooving
wear) pode ser definido como o desgaste devido à penetração de partículas duras ou asperezas
da superfície de um contracorpo duro em superfícies mais “moles” de um sólido em contato
de deslizamento ou rolamento.
O desgaste abrasivo ocorre não só pela ação de partículas duras entre duas superfícies
que estão em movimento relativo, mas também pode ocorrer pela ação de partículas duras
engastadas em uma ou nas duas superfícies em contato. A presença de partículas duras pode
ser devido a: resíduos de produtos usados no processo de fabricação de material (sílica), fra-
gmentos de desgaste encruados (debris) ou partículas estranhas que entram no tribossistema
(poeira), partículas de segunda fases (carbonetos, nitretos, boretos, etc) ou intermetálicos pre-
cipitados superficialmente na estrutura do material. Protuberâncias duras podem atuar também
como partículas duras se a superfície do contra-corpo é mais “mole” (ZUM GAHR, 1987).
A Figura 15 mostra alguns tribossistemas no qual a abrasão é o principal mecanismo
de desgaste. Existem diferentes processos físicos que podem estar envolvidos na abrasão, de-
29
pendendo dos materiais de desgaste e das condições operacionais, como o tipo de partículas
abrasivas, ângulo de ataque, etc.
Figura 15 - Sistemas suscetíveis ao desgaste por abrasão: (a) rampas inclinadas, (b) sistemas
hidráulicos com partículas em suspensão, (c) transportadores helicoidais, (d) trituradores de
rocha, (e) matrizes em metalurgia do pó, (f) lâminas nas quais a superfície do corpo exibe
protuberâncias ou partículas duras incorporadas.
O mecanismo de desgaste por abrasão pode ser classificado pelos tipos de contato que
incluem o desgaste abrasivo de dois e de três corpos, conforme é observado na Figura 16.
O desgaste devido à fadiga pode ser caracterizado pela formação de trincas e o poste-
rior lascamento do material provocado pelo carregamento cíclico e repetitivo de superfícies
sólidas, normalmente. A falha por fadiga superficial segue a seguinte sequência: deformação
elástica, deformação plástica, encruamento e, formação e propagação de trincas. O rolamento,
32
deslizamento e o impacto de sólidos (ou líquidos) podem criar tensões cíclicas superficiais,
que produzem fadiga superficial. Este mecanismo pode ocorrer em escala microscópica devi-
do ao contato repetitivo das asperezas sobre superfícies sólidas que estão em movimento rela-
tivo (ZUM GAHR, 1987).
Segundo Zum Gahr (1987), o desgaste triboquímico pode ser caracterizado pelo atrito
de contato entre duas superfícies sólidas que reagem com o meio ambiente. O ambiente oxida-
tivo pode ser tanto gasoso quanto líquido. O processo de desgaste ocorre por formação e re-
moção contínua da camada de reação na superfície de contato. Na presença de oxigênio, os
fragmentos de desgaste consistem basicamente de óxidos, os quais são formados sobre as su-
perfícies e são removidos por atrito. As superfícies de montagens mecânicas são as mais atin-
gidas pela reação triboquímica. O desgaste triboquímico é fortemente influenciado pela ciné-
tica de formação das camadas superficiais e das propriedades as quais determinam sua resis-
tência à remoção, por exemplo, ductilidade, resistência mecânica e adesão ao substrato. A
resistência ao trincamento das camadas triboquímicas é crescente com a resistência mecânica
do substrato. O menor desgaste é favorecido quando a camada de reação produzida e o subs-
trato apresentarem igual dureza. Neste caso o ataque abrasivo de fragmentos não-metálicos de
desgaste no substrato é reduzido.
Um helicoide possui alguns parâmetros importantes que devem ser levados em conta
no seu projeto, afim de amenizar o desgaste, principalmente, o desgaste abrasivo. Os parâme-
tros podem ser associados ao material do helicoide, material a ser transportado e, geometria e
dimensões (passo do helicoide, diâmetros entre outros) (SILVA et al., 2008). Na Figura 18
podem ser visto parâmetros de um transportador helicoidal.
33
Volume de
material
Condições de transportado
Geometria
carregamento do helicoide
Dureza
Temperatura (abrasivo e
e umidade material do
helicoide)
Tenacidade
Velocidade
à fratura do
de rolamento
material
Propriedades
Geometria mecânicas do
do abrasivo material
Tamanho Composição
do abrasivo química do
Microestrutura material
do material
A carga de 45% destina-se a grãos ou material fino que não possui características
abrasivas. A carga de 35% é adequada ao trabalho com materiais abrasivos, torrões e misturas
de torrões com materiais finos. É também adequada para materiais fibrosos e polpas. Quando
se trabalha com materiais pesados, abrasivos ou fibrosos, como o feno cortado e a areia, ela
não deve ultrapassar 15%. Para condutores tubulares, como é o caso de grãos agrícolas, pode-
se trabalhar até com 100% de carga (SILVA et al., 2008).
Como mencionado na secção 2.1.1, o helicoide se caracteriza por ter passo direito ou
esquerdo. Geralmente, quando se utiliza grãos, o passo é igual ao diâmetro externo do heli-
coide e é chamado de helicoide quadrado. A folga máxima entre o sem-fim e a calha ou tubo,
deve ser de 5 a 10 mm, para não causar danos mecânicos nos grãos (MILMAN, 2002).
Como dito anteriormente, o passo da rosca é geralmente igual ao diâmetro do helicoi-
de, conhecido como helicoide padrão, ou quadrado, porém há situações no qual o passo difere
do diâmetro. Outro helicoide utilizado é o que tem o passo crescente, variando de 2/3 até o
diâmetro (D), que é utilizado com o intuito de fornecer uma retirada uniforme de material
granular. O helicoide com o passo reduzido, com 2/3 ou até mesmo ½ do diâmetro (D), é re-
comendado para quando há inclinação no equipamento ou quando ele é vertical. Também são
empregados no momento da carga e descarga de material.
te exercida pelo indentador sobre as superfícies durante o riscamento. Neste caso, a menor
taxa volumétrica de desgaste será encontrada no material com menor capacidade de deforma-
ção, que apresentou uma ranhura com menor profundidade. Isto ocorreu, segundo o autor,
devido a influência simultânea da dureza dos materiais.
Na prática, a influência da capacidade de deformação foi verificada após a análise das
superfícies desgastadas de amostras de ferro fundido através de microscopia eletrônica de
varredura (MEV) (SINATÓRIA, SCHON, TSCHIPTSCHIN, 1991). Nas amostras martensíti-
cas foram identificados, após o ensaio “pino-sobre-lixa”, microcortes e microfraturas enquan-
to que nas amostras austeníticas, observou-se a ocorrência predominante de microsulcamen-
tos. A maior resistência ao desgaste apresentada pela estrutura austenítica foi justificada pela
sua maior capacidade de deformação.
Altas deformações plásticas podem resultar em um aumento da dureza superficial do
material, ou seja, em um encruamento e assim, alterar o seu comportamento durante o proces-
so abrasivo. Por este motivo, a dureza no estado deformado pode ser mais útil quando se
compara a resistência a abrasão de materiais com diferentes capacidades de encruamento
(FERRARINI, 1998).
O aço SAE 1008 é um aço carbono com aproximadamente 0,08 % de carbono (relati-
vamente baixa concentração). Esse aço possui uma baixa resistência mecânica, mas esta é
compensada por sua excelente conformabilidade e soldabilidade. É um aço usado em peças
extrudadas ou conformadas a frio. Pode ser fornecida na forma de chapa para posterior bene-
ficiamento (conformação) (GELSONLUZ, 2021).
O aço SAE 1020 é um dos aços ao carbono mais comumente utilizado como aço para
cementação com excelente relação custo benefício comparado com aços mais ligados para o
mesmo propósito. Possui excelente plasticidade e soldabilidade. Este tipo de aço pode ser
aplicado de diversas formas com cementação com excelente relação custo benefício compara-
do com aços utilizados para o mesmo propósito (AÇOSPORTE, 2021).
O aço 10B30 é um aço ligado com uma pequena percentagem de boro, que proporcio-
na uma temperabilidade elevada. Aço macio no estado de fornecimento, o que proporciona
uma excelente formabilidade antes de temperado e elevadas características de resistência ao
desgaste após tratamento térmico (RAMADA, 2021).
37
Dureza
Figura 23 - Resistência relativa ao desgaste de metais puros e aços tratados a frio e tratados a
frio em função da dureza na abrasão de dois corpos.
suas resistências ao desgaste elevadas com o aumento da tenacidade, em razão da menor inci-
dência de microtrincas (ZUM GAHR, 1987).
A formação e propagação de trincas ocorre quando a pressão exercida por uma partí-
cula abrasiva sobre uma superfície de um material excede um certo valor crítico, relacionado
à tenacidade deste material (FERRARINI, 1998).
Figura 25 - Perda por desgaste abrasivo em função do conteúdo de carbono de diversas ligas
ferrosas obtidas em ensaio de pino sobre lixa em escala arbitrária.
O efeito do carbono foi constatado por estudos de Xu e Kennon (1991) que, utilizan-
do-se de equipamento do tipo pino sobre lixa, analisaram o comportamento de aços com con-
teúdo de carbono variando de 0,10% a 1,40%. A relação entre teor de carbono e resistência à
abrasão encontrada foi linear, porém com diferentes inclinações para aços hipoeutetóides e
hipereutetóides.
A adição de elementos de liga à composição de um material para melhorar seu desem-
penho mecânico é uma alternativa reconhecida. Este procedimento também é válido quando
se deseja aumentar a resistência ao desgaste dos materiais e pode ser obtido através da adição
de elementos formadores de carboneto, ou elementos que aumentem a temperabilidade ou
ainda, de elementos que aumentem a tenacidade da liga (FERRARINI, 1998).
Liu e Man (1993), por exemplo, buscaram um aperfeiçoamento da resistência à abra-
são do aço Ni-hard 4 através de ajustes em sua composição química. O conteúdo de Cr, que
na composição padrão é 8% a 10% em peso, foi variando entre 7% e 11%. A quantidade de Si
foi elevada e efetuaram-se adições separadas de Mo e B. Os resultados obtidos em ensaios
realizados em equipamento roda-de-borracha demonstraram um grande aumento da resistên-
42
cia ao desgaste com adições de Si até 1,5%. Menores taxas de desgaste também foram alcan-
çadas com a elevação do teor de Cr, porém de maneira menos eficiente. As adições de B re-
sultaram em pequenas melhorias na resistência ao desgaste, causadas por um aumento na fra-
ção volumétrica de carbonetos, enquanto as amostras com Mo apresentaram os resultados
menos expressivos. O efeito do Mo, foi bastante significativo, no entanto, quando adicionado
ao ferro fundido branco com 15% de Cr, conforme pesquisa realizada por Sare e Ar-
nold (1989).
A adição de diferentes elementos de liga à composição química de um material, exerce
forte influência em sua microestrutura, que por sua vez, será um dos fatores determinantes na
resistência ao desgaste.
monstraram que o desgaste diminui com o aumento de dureza da perlita, ou seja, com a dimi-
nuição do espaçamento lamelar da mesma (ZUM GAHR, 1987).
Na literatura existem várias opiniões contraditórias quanto ao desempenho de matriz
austenítica de ligas ferrosas quando comparado ao da matriz martensítica e também quanto ao
efeito causado pela presença austenita retida em matriz martensítica nos ensaios de abrasão
(FERRARINI, 1998).
Muitas vezes em tratamento térmico de têmpera, utilizado industrialmente para a ob-
tenção de uma estrutura martensítica em um aço ou em um ferro fundido, pode ocorrer uma
transformação incompleta da austenita durante o resfriamento resultando em uma microestru-
tura martensítica com diferentes quantidades de austenita retida (FERRARINI, 1998).
Atenção também tem sido dada a influência da quantidade volumétrica de fase mais
dura em estruturas polifásicas como no caso de aços que é ilustrado na Figura 26. Um lote de
amostras contendo proporções diferentes de ferrita e perlita e outro lote contendo ferrita e
martensita foram ensaiadas em um equipamento do tipo pino-sobre-lixa. Nos dois casos, o
aumento da quantidade da fase dura, perlita ou martensita respectivamente, ocasionou meno-
res perdas de massa das amostras durante os ensaios. Ainda, comparando-se os dois tipos de
estruturas, aquela composta por ferrita e martensita apresentou maior resistência à abrasão.
Figura 26 - Perda por desgaste abrasivo e dureza de estruturas ferrítica-perlítica (a) e (b) estru-
turas ferríticas-martensíticas de aços, versus fração volumétrica de perlita e martensita.
Figura 28 - Taxa de desgaste do cobre, sujeito à abrasão de dois corpos pelo papel abrasivo
SiC, em função do tamanho das partículas abrasivas em duas velocidades de deslizamento
diferentes.
Para Ribeiro (2004), a perda de material por abrasão é diretamente proporcional à car-
ga entre o abrasivo e a superfície metálica. Isso é válido até um determinado valor crítico de
força, que é definido pela deformação excessiva da superfície metálica, ou então pela instabi-
lidade das partículas abrasivas que passam a fraturar.
Segundo Bhushan (2013), o volume de desgaste geralmente aumenta linearmente com
um aumento na carga normal aplicada e, frequentemente, a relação linear não é mantida em
altas cargas. Por exemplo, na Figura 29, a perda de massa de três metais dúcteis aumenta com
a carga aplicada quando desgastada contra um papel abrasivo.
47
Figura 29 - Perda de massa de três metais dúcteis em função da carga normal aplicada sujeita
à abrasão de dois corpos por papel abrasivo SiC de 115 μm.
gem sobre a superfície do material enquanto que, para o material o efeito é acumulativo, ou
seja, é a soma dos efeitos causados por cada partícula abrasiva (FERRARINI, 1998).
A influência da umidade atmosférica foi estudada por BASSE (1975) realizando en-
saios abrasivos para uma variedade de metais puros e aços. Os resultados obtidos com a utili-
zação de SiC como abrasivo, mostraram uma tendência das taxas de desgaste aumentarem
com a elevação da umidade relativa até 65%. Esta tendência foi atribuída à fratura das partí-
culas abrasivas com aumento da umidade, originando novas arestas de corte que aumentaram
a capacidade das partículas em remover material (FERRARINI, 1998).
Outro fenômeno que pode ocorrer devido a umidade e agravar o processo de degrada-
ção da superfície do material é a corrosão causada pela presença de água ou de agentes corro-
sivos introduzidos por ela, como ácido (FERRARINI, 1998).
O ensaio nas condições reais de utilização é a melhor forma metodológica para se ca-
racterizar e avaliar o processo de desgaste do material ou componente mecânico de interesse.
Por isso é necessário o desenvolvimento, em laboratório, de ensaios que simulem as condi-
ções reais e que permitam o estudo do desgaste.
Os ensaios de desgaste se dividem em dois grupos. O primeiro grupo são os testes fe-
nomenológicos que focam em alguma situação particular de desgaste como erosão, abrasão ou
oxidação. O segundo grupo são os testes operacionais, que focam mais na aplicação do dispo-
sitivo como um todo, como por exemplo, a análise de durabilidade de uma caixa de câmbio
(BAYER, 2004). No Quadro 1, consegue-se observar alguns dos principais ensaios de desgas-
te normalizados pela ASTM, suas características e formas de análise do desgaste.
aço ABNT/SAE 1045 e um aço ABNT/SAE 1518, submetidos ao desgaste forçado de abrasi-
vos que simulem o tamanho e condição mais próxima de um grão em ritmo acelerado. O autor
concluiu que o aço de médio carbono (SAE 1045) teve um desempenho inicial bom em rela-
ção ao desgaste, no entanto a liga com manganês (SAE 1518) apresentou uma resistência ao
final dos ensaios melhor quando comparada ao SAE 1045. Foi observado também que houve
um aumento do desgaste das amostras quando se realizava a adição de SiO 2 no abrasivo para
simular a casca do arroz. Por fim foi realizada a validação da bancada e a caracterização dos
mecanismos de desgaste.
Gehrke (2017) estudou o desgaste entre helicoides de roscas transportadoras de grãos
fabricados em aço 1020 sem tratamentos térmicos, e o mesmo aço com uma camada de reves-
timento cerâmico aspergida via HVOF (high velocity oxygen fuel) a base de carboneto de
cromo e posteriormente tratadas com lasers de CO 2 (dióxido de carbono) e Nd YAG (neo-
dymium-doped yttrium aluminium garnet) visando a densificação do material. Para a análise
do desgaste o autor utilizou o equipamento Phoenix Tribology, modelo TE 53 SLIM e compa-
rou três corpos de prova, uma amostra de aço 1020, uma de aço 1020 com revestimento de
CrC (carboneto de cromo) e outra também de aço 1020 com revestimento de CrC, porém,
com irradiação a laser de Nd YAG. Como resultado, foi observado que o aço 1020 possui
uma resistência muito baixa, perdendo 0,1064 g de massa durante o teste. Esse mesmo aço
quando revestido com uma camada de CrC via HVOF, apresentou uma melhora muito satisfa-
tória, perdendo apenas 0,0078 g. Por último, a amostra irradiada com laser de Nd YAG foi a
que apresentou a melhor resistência ao desgaste, perdendo apenas 0,0052 g durante o ensaio.
Os autores concluíram que um substrato de aço 1020 com revestimento de CrC apresenta uma
melhora de 92,67% de resistência ao desgaste e um substrato de aço 1020 com revestimento
de CrC posteriormente irradiado com laser de Nd YAG apresenta uma melhora de 95,11% de
resistência ao desgaste.
Chavasco (2018) estudou o desgaste abrasivo de amostras extraídas de helicoides uti-
lizados em transportadores helicoidais de grãos. Tais helicoides foram produzidos combinan-
do três materiais e dois tratamentos diferentes: chapa de aço SAE 1008, chapa de aço SAE
1020 com tratamento de carbonitretação e chapa de aço ao boro 10B30 temperada por indu-
ção. Para isso o autor realizou um ensaio de bloco-disco em um tribômetro da marca Phoenix
Trybology, modelo TE SLIM. Durante os testes foram monitorados alguns parâmetros, tais
como velocidade, número de revolução e, posteriormente, foram medidas as perdas de massa
53
através de uma balança de precisão da marca Shimadzu, modelo AY220. Os resultados mos-
tram que a chapa de aço SAE 1020 carbonitretada apresentou perda de massa de 7%, sendo
aproximadamente 8% menor em relação aos CPs de aço SAE 1008 sem tratamento e chapa de
aço ao boro SAE 10B30, respectivamente. Segundo o autor, as chapas de aço SAE 1008 sem
tratamento e a chapa de aço ao boro 10B30 apresentam perdas de massa muito próximas umas
em relação a outra, sendo que a chapa de aço ao boro 10B30 perdeu 3% de massa a menos
que a chapa de aço SAE 1008 sem tratamento. O autor concluiu que a chapa de aço SAE 1020
carbonitretada é a que possui maior resistência ao desgaste do que as demais, sendo a melhor
opção de escolha para construção de helicoides.
54
3 METODOLOGIA DE PROJETO
Alguns tópicos existentes no modelo de referência utilizado não são abordados devido
ao modelo proposto por Romano (2003) ter sido desenvolvido para o projeto industrial de
máquinas agrícolas. Considerando as observações feitas a respeito das adaptações do modelo
PRODIP, as atividades a serem desenvolvidas são mostradas na sequência.
Nesta seção, o ponto de partida foi a concepção do produto obtida na fase do projeto
conceitual, conforme prevê a metodologia proposta por Romano (2003). O projeto preliminar
tem por meta a determinação do leiaute final do produto, a geração da lista de componentes,
lista de materiais, modelagem tridimensional do produto, ou seja, todos os seus desenhos ela-
borados com auxílio de software CAD (Computer Aided Design) e por fim, o mocape digital
final do produto. Na Figura 32 é mostrado o fluxograma referente a estas etapas.
Leiaute
Lista de
componentes
Desenhos técnicos
Mocape digital
Processo de
fabricação e
montagem
Mocape físico
Projeto Detalhado
Especificações
técnicas
Manual do
produto
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com todos os conceitos básicos já abordados acerca do tema estudado, o trabalho se-
gue para sua próxima etapa. Nesta seção são evidenciados alguns resultados obtidos ao longo
do desenvolvimento do projeto com base na metodologia exposta anteriormente.
O projeto se inicia a partir do esboço de uma concepção de bancada proposta por Cha-
vasco (2018), conforme mostrada na Figura 34.
A ideia geral é que a bancada funcione de forma sequencial, isto é, possua ações bem
distribuídas durante o ensaio que são repetidas continuamente. A calha transportadora é res-
ponsável pela ação 1, onde os grãos são transportados para a saída da calha em 2, após em 3,
por meio de um chupim, eles são transportados para a entrada da calha, pela tubulação em 4,
entrando novamente em ciclo.
A calha terá a função de transportar os grãos. Enquanto ocorre o transporte dos grãos,
os mesmos estão em contato com o helicoide, ocorrendo o sulcamento pelo material abrasivo
e, consequentemente propiciando o desgaste. Para que o material retorne, assim completando
um ciclo, foi escolhido um chupim comercial.
realizado uma análise de viabilidade técnica e econômica por ser um projeto especial e de uso
didático.
O leiaute do produto é descrito através de uma arquitetura modular, isto é, cada ele-
mento funcional do produto é representado por um bloco, como é mostrado na Figura 35.
Nesta seção é dado ênfase nos processos de manufatura e montagem d e alguns ele-
mentos funcionais apresentados na lista de componentes do Quadro 3.
Esse modelo foi escolhido por ser o modelo mais produzido pela empresa, sendo uma
boa opção para servir de objeto de estudo deste trabalho. O helicoide possui diâmetro de 200
mm e é acoplado a um eixo de 60 mm de diâmetro externo. Devido ao transporte de grãos
pela calha transportadora, o passo do helicoide é igual ao diâmetro externo do helicoide, ou
seja, o passo é igual a 200 milímetros.
72
É importante destacar que para fins de pesquisa, os helicoides dos conjuntos helicoi-
dais da calha transportadora CTP200 foram fabricados com materiais e tratamentos térmicos
distintos do padrão, a fim de avaliar quais materiais apresentam melhores desempenhos na
resistência ao desgaste abrasivo.
O helicoide do conjunto helicoidal G11 é construído com aço SAE 10B30 com trata-
mento térmico de têmpera por indução. Já o helicoide do conjunto helicoidal G12 é fabricado
com dois materiais distintos, ou seja, numa seção é utilizado o aço SAE 1020 com tratamento
térmico de carbonitretação e na outra seção é utilizado o aço SAE 1008 sem tratamento térmi-
co. O Quadro 6 evidencia os três materiais empregados no helicoide da calha transportadora
da bancada e suas massas específicas.
O processo empregado para a fabricação dos helicoides foi automatizado sendo capaz
de fabricar longas hélices contínuas. O helicoide em si, é uma tira metálica conformada em
73
forma de hélice com espessura de 4,25 mm e borda reforçada. Os processos detalhados dos
tratamentos térmicos empregados nos helicoides podem ser vistos no trabalho de Dalcin
(2017).
Para a realização de análises de desgaste nos helicoides, indica-se a aquisição de no
mínimo três corpos de prova de cada material existente no helicoide. Logo, definiu-se a codi-
ficação dos corpos de prova como sendo A1, A2 e A3 para o helicoide de aço SAE 10B30
com tratamento térmico de têmpera por indução, os corpos de provas B1, B2 e B3 de aço SAE
1020 com tratamento térmico de carbonitretação e, por fim, os copos de prova C1, C2 e C3 de
aço SAE 1008 sem tratamento térmico, conforme pode ser observado no Quadro 8.
com o apoio de modelamento tridimensional. Estas marcações são observadas nos desenhos
técnicos mostrados no Apêndice B.
Na prática, utilizou-se uma corda como referência central para o processo de marcação
do helicoide, conforme pode ser observado na Figura 48.
Figura 48 - Sistema de posicionamento adotado para a marcação dos corpos de provas no he-
licoide.
Com um segmento de corda foi possível partir da linha de referência mostrada na Fi-
gura 48 e marcar as demais regiões de corte dos corpos de prova. O objetivo das marcações é
de deixá-las simétricas, a fim de evitar o desbalanceamento do conjunto helicoidal quando em
operação após o processo de corte e montagem dos corpos de prova no conjunto helicoidal.
Após os cortes dos corpos de prova, estes devem ser furados conforme as dimensões estabele-
cidas nos desenhos técnicos do Apêndice B.
Na região posterior ao helicoide cortado, é posto um suporte para o encaixe e alinha-
mento perfeito dos corpos de prova no helicoide. Este suporte é fabricado com meio passo do
helicoide com 10 mm a menos de diâmetro em relação ao helicoide. A Figura 49 destaca o
suporte do corpo de prova montado no conjunto helicoidal em modelagem tridimensional.
76
O suporte do corpo de prova deve ser soldado no helicoide e os corpos de provas de-
vem ser parafusados no suporte para possibilitar uma fácil remoção para análises.
Após a realização dos cortes e furações dos corpos de prova e dos suportes dos corpos
de prova, soldagem do suporte no conjunto helicoidal e a fixação dos corpos de prova por
meio de ligações parafusadas nos suportes, a Figura 50 ilustra através de um modelamento
tridimensional como fica a montagem final do conjunto helicoidal.
um ajuste fino como, por exemplo, na base do motor elétrico. Isto permite um alinhamento
perfeito durante a montagem do motor quando acoplado ao eixo da caixa de red ução. Mais
detalhes sobre dimensões e montagens dos conjuntos podem ser observados nos desenhos
técnicos do Apêndice B.
Vale ressaltar que no Apêndice B pode-se observar maiores informações sobre dimen-
sões e detalhes dos principais componentes do chupim utilizado.
O conjunto G3 é formado por meio dos componentes T31, T32, T33, T34 e T35. Os
processos de fabricação destes itens estão descritos no Quadro 10. Em todas as regiões solda-
78
das, utilizou-se o processo de soldagem GMAW (Gas Metal Arc Welding) empregando arame
ER70S-6 e mistura gasosa ATAL 25 (75% Argônio e 25% CO 2 ).
T31
T33
Ao final da montagem, o conjunto foi pintado por meio de uma tinta de esmalte sinté-
tico de cor cinza. Mais detalhes sobre dimensões e montagens dos conjuntos podem ser ob-
servados nos desenhos técnicos do Apêndice B.
79
O conjunto G4 é formado pelo subconjunto G41 e pelas peças T41, T42, T43 e T44.
Os processos de fabricação destes itens estão descritos no Quadro 11.
T41
T43
A janela de inspeção T45 é construída a partir de uma chapa de acrílico, e por ser
transparente é possível observar possíveis anomalias durante o processo, bem como verificar
o nível de produto no compartimento de descarga do produto. A fixação da janela de inspeção
no conjunto tubular é possível através do uso de parafusos com rosca M8 soldados a estrutura
e porca borboleta M8 para fixação da janela.
Na união dos componentes metálicos foi utilizado o processo de soldagem GMAW
empregando arame ER70S-6 e mistura gasosa ATAL 25 (75% Argônio e 25% CO 2 ). Com
80
exceção da janela de inspeção, o conjunto é pintado por meio de uma tinta de esmalte sintéti-
co de cor cinza. Mais detalhes sobre dimensões especificas e montagens dos conjuntos podem
ser observados nos desenhos técnicos do Apêndice B.
O conjunto G5 é formado pelos subconjuntos G51, G52, G53, T51, T52, T53, T54 e
T55. Os processos de fabricação destes itens estão descritos no Quadro 12.
G51
G52
T54
É fabricado a partir de um perfil em “L” (cantoneira) de
aço SAE 1020.
T55
O painel elétrico de comando G71 utilizado neste trabalho é de uso comercial. É fabri-
cado em aço e pintado por meio da técnica de pintura eletroestática a pó de coloração cinza.
Apresenta dimensões gerais de 600 mm de altura, 400 mm de largura e 200 mm de profundi-
dade. Apesar de ser de uso comercial, este sofreu com uma série de adaptações na tampa fron-
tal. Adicionou-se botões de acionamento e de emergência, interruptores, tomadas de forneci-
mento de energia, chaves comutadoras, potenciômetros, indicadores luminosos e adesivos
informativos. Maiores detalhes podem ser observados no Apêndice B.
Geometria do helicoide
Parâmetros de
influência no Volume de material transportado
desgaste
abrasivo do
helicoide
Material do helicoide
Umidade
Parâmetros
variáveis
Temperatura
A geometria do helicoide é adotada como sendo um parâmetro fixo, pois essa geome-
tria é estabelecida pela Metalúrgica Cofelma e é de uso comercial. Para o transporte de grãos,
o passo do helicoide é igual ao diâmetro externo do helicoide, conforme revisão bibliográfica.
O helicoide assim fabricado é denominado de helicoide padrão ou quadrado. Logo, o helicoi-
de instalado na bancada é aquele que em condições reais de funcionamento vem apresentando
desgaste abrasivo.
O material transportado foi considerado um parâmetro fixo, pois após a revisão biblio-
gráfica e um brainstorming realizado com um engenheiro mecânico da empresa, Metalúrgica
Cofelma, constatou-se que o grão transportado considerado mais abrasivo é o grão de arroz
com casca. De acordo com a literatura, este grão apresenta em sua composição a presença da
sílica que é altamente abrasiva (FERNANDES; SABINO; ROSSETTO, 2014). Dessa forma,
este grão será empregado como material fixo de transporte da bancada didática.
84
da. Para fins de análise de desgaste, é interessante alterar a velocidade de rotação do helicoi-
de, pois isto faz com que a velocidade relativa de deslizamento dos grãos sobre o helicoide
também se altere.
Dentre os parâmetros considerados, há aqueles que podem ser facilmente monitorados
e mensurados através do uso de sensores e instrumentos de medição adequados. No entanto,
outros parâmetros necessitam uma análise mais detalhada em laboratório como, por exemplo,
as propriedades mecânicas do material do helicoide.
A temperatura e a umidade são dois parâmetros variáveis que podem ser medidos e
que exercem influência no desgaste de materiais em contato abrasivo, conforme visto durante
a revisão bibliográfica. Logo, torna-se importante realizar o acompanhamento desses parâme-
tros.
A temperatura do sistema pode ser monitorada através do uso de sensores de tempera-
tura termopares em conjunto com um controlador embarcado. Para isso, serão utilizados sen-
sores de temperatura termopar do tipo K, conforme Figura 52, em conjunto com um módulo
para aquisição de temperatura modelo NI 9213 Spring da National Instruments.
saída com uma determinada temperatura. O sensor de temperatura termopar tipo K é formado
por fios de cromel e alumel, elemento positivo e negativo respectivamente. O sensor de tem-
peratura termopar tipo K possui diversas aplicações em áreas industriais, automação entre
outras (AUTOCORE ROBÓTICA, 2021). O Quadro 14 evidencia as principais especificações
técnicos do termopar tipo K. Vale ressaltar que estas especificações técnicas variam conforme
o fabricante do sensor.
para que o sinal gerado pelo sensor não apresente erro na leitura, pois ao ser conduzido por
outro condutor metálico, o sinal teria perda de intensidade e outros fenômenos elétricos
(ALUTAL, 2021).
O laboratório de soldagem da UFSM possui um controlador embarcado da National
Instruments com um módulo para a aquisição de temperatura modelo NI 9213 (Figura 53) que
será o responsável por realizar o processamento dos dados provenientes dos termopares. O
módulo NI‑9213 é um módulo de entrada de termopar de alta densidade projetado para siste-
mas com grandes quantidades de canais. Com esse módulo, é possível incluir termopares em
sistemas de teste de sinais mistos sem ter de ocupar muitos slots. Seus filtros antialiasing,
detecção de termopar aberto e compensação de junta fria permitem medições de termopar
com alta exatidão. Além disso, o módulo oferece calibração rastreável ao NIST (National
Institute of Standards and Technology) e uma barreira dupla de isolação entre os canais e o
terra do sistema, proporcionando segurança, imunidade ao ruído e ampla faixa de tensão no
modo comum. No Anexo B são mostradas algumas especificações técnicas do controlador.
Maiores detalhes do datasheet ou manual do equipamento, podem ser encontrados diretamen-
te no site da National Instruments (NATIONAL INSTRUMENTS, 2021).
Figura 53 - Módulo de entrada de temperatura da Série C, ±78 mV, 75 S/s agregado, 16 ca-
nais - NI‑9213.
A FLIR E 6390 é uma câmera termográfica fácil de usar para aplicações de elétrica,
mecânica, edifícios e em sistemas de climatização Heating, Ventilation, Air Conditioning and
Refrigeration (HVAC-R). É possível encontrar problemas ocultos, fazendo medições de tem-
peratura precisas e podendo confirmar reparos facilmente graças à resolução de infravermelho
de 4.800 (80 x 60) pixels e aos aprimoramentos de imagem do MSX (FLIR, 2021).
A medição de umidade pode ser realizada através de um instrumento de medição ma-
nual. Neste projeto, optou-se pelo medidor de umidade de grãos da marca Minipa modelo
MTG-640, conforme Figura 55. No Anexo D são observadas algumas especificações técnicas
do equipamento.
89
Este medidor pode realizar o teste de umidade de diversos tipos de grãos rapidamente.
Pode ser utilizado na alocação, aquisição, armazenamento e processamento dos grãos. Este
equipamento pode medir a temperatura dos grãos também (MINIPA, 2021).
Ele possui as seguintes funções:
Nesta seção é mostrada a bancada didática em escala real instalada no NAFA (Núcleo
de Automação e Processos de Fabricação) do Centro de Tecnologia da Universidade Federal
91
de Santa Maria (UFSM), conforme pode-se observar na Figura 57. O mocape apresentado foi
o resultado das diversas fases do projeto de produto desenvolvidas anteriormente.
A bancada didática possui uma calha transportadora (G1) formada por um conjunto
helicoidal com três tipos de materiais com propriedades mecânicas distintas, que entram em
contato com o produto transportado, possibilitando a realização de estudo tribológico do sis-
tema.
De forma geral, o funcionamento da bancada inicia quando o moto redutor acoplado
ao eixo do helicoide é acionado e faz o conjunto helicoid al girar no sentido horário ou anti-
horário, através de uma rotação pré-definida conforme o tipo de material transportado. O
transportador ao girar o helicoide, move o produto transportado para frente na parte inferior
desta, e é descarregado por intermédio de aberturas no fundo da calha. A calha transportadora
é responsável pelo transporte horizontal do produto transportado (arroz) através do arraste
destes. Os produtos transportados devem ser inseridos diretamente na calha transportadora por
meio da remoção da tampa de fechamento superior. O motor presente no conjunto helicoidal
da calha transportadora é um motor trifásico de 1 CV acoplado a uma caixa de redução que
permite a transmissão de potência do motor para o conjunto helicoidal.
A verificação da operação de transporte na bancada pode ser observada através de du-
as tampas de inspeção localizadas na tampa de fechamento superior da calha transportadora,
através do desprendimento de grampos de fecho rápido que fazem a fixação. Além destas
tampas, há uma região da bancada que possui um visor, ou seja, uma tampa fabricada em acrí-
lico, e por ser um material transparente, permite a observação da operação.
A bancada possui um chupim (G2) que faz o transporte de forma inclinada dos grãos
que saem da calha transportadora através do conjunto de descarga, passando pela conexão
tubular com janela de inspeção (G4) e, após passarem pelo helicoide do chupim, os grãos pas-
sam pelo conjunto conexão tubular (G3) e, por fim, chegam até a entrada superior da calha
transportadora, fazendo com que os grãos recirculem continuamente na bancada. O motor
presente no chupim é um motor trifásico de 2 CV acoplado a uma polia. Esta por sua vez é
conectada por meio de uma correia em “V” a outra polia que esta acoplada ao conjunto heli-
coidal do chupim.
Na bancada há um quadro de comando (G7) especialmente adaptado para o projeto
com diferentes botões, teclas, potenciômetros, sinaleiros e tomadas. A função do quadro é
energizar e comandar os motores elétricos. A partida dos motores elétricos pode ser realizada
através de uma partida direta ou por meio do uso de inversores de frequência.
94
Verificar que os
Apertar o botão
INÍCIO motores elétricos
pulsador verde (O). estão ligados.
Figura 60 - Fluxograma de processos para a partida por inversores dos motores da bancada.
Energizar o quadro
de comando da
bancada. Manter a chave (G) à Posicionar a chave
esquerda. comutadora (G) à direita
e os motores irão ligar.
Na partida por meio do uso de inversores, as velocidades de rotação dos conjuntos he-
licoidais são controladas por meio dos potenciômetros. O potenciômetro (F) é utilizado para o
controle de velocidade do conjunto helicoidal do chupim e o potenciômetro (J) para o controle
de velocidade da calha transportadora. Para os dois potenciômetros, girando-os no sentido
horário as velocidades de rotação dos conjuntos helicoidais aumentam e no sentido anti-
horário as velocidades diminuem.
Tanto para a partida direta quanto para a partida por meio de inversores, o sinaleiro
branco do chupim (L) e o sinaleiro branco da calha transportadora (N) ficam ligados quando a
97
operação da bancada ocorrer normalmente. Quando o sinaleiro vermelho do chupim (K) e/ou
da calha (M) estiver ligado, existe algum problema. Dessa forma, é indicado o acionamento
do botão de emergência (Q). Isto faz com que a bancada pare imediatamente.
Há na bancada ainda, duas tomadas de alimentação (R) e (S) que podem ser utilizadas
futuramente para a alimentação de dispositivos de controle, por exemplo.
Deve-se ter cuidado para que o sentido de giro dos conjuntos helicoidais, tanto da ca-
lha transportadora quanto do chupim coincidam, a fim de que os grãos sejam transportados
em um único sentido. Caso contrário, pode acontecer o embuchamento dos grãos na bancada
e danificação de componentes. Por isso, o uso da inversão dos motores numa partida por meio
do uso de inversores, deve ser muito bem avaliada antes da execução, pois pode causar danos
irreversíveis ao sistema como um todo.
É importante destacar que na prática, o quadro de comando da bancada didática é si-
nalizado com etiquetas para evitar equívocos por parte do operador, conforme pode ser visto
na Figura 61.
A bancada irá funcionar por algumas horas durante o ensaio de desgaste, com a finali-
dade de avaliar o comportamento dos materiais do helicoide sob diferentes fatores de influên-
cia (temperatura, umidade e velocidade de rolamento). Neste trabalho não será dado ênfase na
análise dos corpos de prova após o ensaio, mas recomenda-se para trabalhos futuros a análise
destes em microscópio eletrônico de varredura (MEV) e análise da perda de massa por meio
de balança de precisão, por exemplo.
5 CONCLUSÃO
Após a realização desse trabalho, foi possível concluir que os objetivos estabelecidos
no primeiro capítulo foram alcançados. Sendo assim, segue abaixo a conclusão em relação a
cada objetivo estabelecido.
Em relação a definição dos fatores de influência d o desgaste, foram estudados doze fa-
tores que exercem influência no desgaste abrasivo, como pode ser observado na subseção
2.2.2. Dessa forma, concluiu-se que não se pode generalizar o desgaste de materiais através de
um único fator de influência de forma isolada, mas sim através de uma combinação destes.
Por exemplo, nem sempre o emprego de um material de maior dureza no helicoide significa
necessariamente uma maior resistência ao desgaste abrasivo. Para esse estudo foram definidos
que os materiais do helicoide, temperatura, umidade e velocidade de rotação do helicoide são
os fatores que exercem maior influência no desgaste abrasivo, sendo necessário o monitora-
mento destes durante os ensaios com a bancada.
Em relação a definição dos corpos de prova (CP) para ensaio de desgaste, estes foram
modelados tridimensionalmente nos conjuntos helicoidais juntamente com os suportes dos
CP. No entanto, na prática realizou-se marcações no helicoide para o corte posterior através
de um gabarito realizado em impressão 3D.
Em relação ao modelamento tridimensional da bancada, obteve-se êxito. Os principais
conjuntos, subconjuntos e componentes foram abordados ao longo do trabalho. O mocape
digital da bancada também foi apresentado. Os desenhos técnicos das principais peças e con-
juntos foram apresentados nos apêndices.
No que se refere a definição da instrumentação da bancada para a aquisição de dados,
o trabalho também se mostrou importante. Definiu-se sensores e instrumentos de medição
manuais para a aquisição de dados de temperatura, umidade e velocidade de rotação. Varian-
do estes parâmetros durante a operação da bancada, pode-se avaliar a intensidade de desgaste
dos helicoides, por isso a importância de monitorá-los.
Em relação a construção da bancada de ensaio de desgaste, pode-se dizer que está pra-
ticamente finalizada. Para a completa finalização da bancada, basta o corte dos corpos de pro-
vas do helicoide e a instalação deste no próprio conjunto helicoidal. Além disso, a aplicação
da instrumentação na bancada por meio do uso dos sensores indicados.
101
REFERÊNCIAS
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108
5
6
380,01
8
13 10 1 17 11 7 9
5 16
15
16
288,90
G G
14
1600 1600
1
3
SEÇÃO G-G
2 1 ESCALA 1 : 15
37°
4
DETALHE J
ESCALA 2 : 15
4221,28
5
DETALHE H
ESCALA 2 : 15
5
5
3
953,73
1298,99
2
2
5
°
66
68
5
220
5 1
473,56
352,68
5 5
2
5
285,11
3
6 4
5
285,50
1
285,50
3 °
15,50° 6 1,0
2411,39
2291,22
5 5
4
81
,97
°
7
1080,73
8 5
2
674,88
8
675,84
529,59
1
81
384,74
10 ,7
0° 1°
964,04
Nº DO ITEM Nº DA PEÇA DESCRIÇÃO QTD.
1 G51 Apoio Lateral ESQ 1
2 G52 Apoio Lateral DIR 1
5 3 G53 Cj. apoio superior chupim 1
4 T51 Perfil de apoio central 1
5 T52 Chapa de apoio recortada 1
6 T53 Cinta de apoio 1
7 T54 Perfil de apoio DIR 1
8 T55 Perfil de apoio ESQ 1
G5 - Conjunto estrutural de suporte do chupim OBSERVAÇÕES:
PROJETISTA Jonathan Barrios DATA 28/08/2021 Uniões devem ser soldadas com eletrodo ER70S-6.
PROJETO
Bancada de Ensaio de Após montagem, o conjunto deverá ser pintado com
5 Desgaste Abrasivo SOLDA ER70S-6 QTD 1 tinta esmalte sintético cinza.
1 53,75
5
2
2
654,50
679,50
5 5
81 310
60
3
340
500
1514,85
198,50 140
718,10
1
1000
17,50
40
42,50
5
120
40
10
42,50
28
40
4,25
40 45,22
60
OBSERVAÇÕES:
1.000.000.026 - Corpo de prova
49,47
64,85
43,57
189,15
84,93
60
5
64,27
°
7,65
4,25
100
OBSERVAÇÕES:
1.000.000.027 - Suporte do corpo de prova
Soldado no Helicoide.
UNIDADE mm ESCALA 1:2
120
45°
DETALHE A
ESCALA 1 : 5
OBSERVAÇÕES:
1.000.000.037 - Helicoide do cj. helicoidal da rosca
Helicoide do Cj. Helicoidal:
90°
120
40
45°
200
129,52 559,03 559,03
36,72
29,52
DETALHE A
ESCALA 1 : 5
90°
120
40
200
477,57 559,03
A
181,82 563,28 403,27
36,72
DETALHE A
ESCALA 1 : 5