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Unidade 3 – Dinâmica interna

e externa da Terra
Luciana  Silveira Leal Braga

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Introdução
A camada mais externa da Terra chama-se litosfera, é constituída por rochas e está
em interação com a hidrosfera e com a atmosfera, resultando em produtos como
sedimentos e solos. A litosfera reflete processos que ocorrem nas camadas mais
interiores do planeta, em níveis nucleares e mantélicos, que se manifestam na forma
de vulcanismo e tectonismo que, além de contribuírem para a formação de rochas
também modelam o relevo, sendo chamados de modeladores endógenos. Por sua
vez, os processos que ocorrem em superfície também estão esculpindo o relevo e
são chamados de modeladores exógenos, usando intemperismo e erosão como
principais mecanismos.

O ser humano somente acessa a litosfera, e muito sutilmente. A perfuração mais


profunda atingiu pouco mais de 12 km de profundidade, e muito da dificuldade de
avançar rumo ao centro do planeta se deve ao gradiente geotérmico, que é o
aumento gradativo da temperatura conforme se avança em profundidade, uma vez
que todas as camadas inferiores apresentam temperaturas elevadas. Atividades
como agricultura, mineração, geração de energia e obras de engenharia, entre tantas
outras atividades antrópicas que fazem parte do cotidiano do homem moderno, são
completamente dependentes do conhecimento dos processos do sistema terrestre.

Nesta unidade, vamos trabalhar os mecanismos internos na formação de rochas, o


ciclo das rochas, processos de vulcanismo e tectonismo, as estruturas tectônicas
provenientes desses processos, os produtos passíveis de aproveitamento econômico,
como água subterrânea, combustíveis fósseis e minérios, esclarecer os mecanismos
dos agentes externos da superfície terrestre, focando em intemperismo e erosão, e
compreender como a interface desses processos se revela na paisagem terrestre.

1. Ação geológica dos ventos,


do gelo e das águas. Água
subterrânea
O solo exerce importante função na vida dos seres humanos e na estrutura da Terra.
Ele é parte do ciclo de movimentação de nutrientes e de água, tão essencial para os
organismos vivos. Originalmente, esses nutrientes estão presentes nas rochas, mas
com o processo de erosão, eles ficam no solo e participam do processo formação das
plantas, o que é fundamental para a vida, pois alguns desses nutrientes fazem parte
das estruturas celulares e químicas do corpo humano. Neste capítulo iremos estudar
principalmente o processo de desgastes dessas rochas por meio de sua
fragmentação a partir de uma rocha inicial. Veremos, também, aspectos da presença
de água embaixo da terra.

1.1. Processos de erosão


A erosão é um processo natural que remove as partículas do solo e parte de sua
camada fértil por agentes erosivos, principalmente o vento, as geleiras e as águas. Ao
se intensificar esses processos, pode-se gerar uma degradação desse solo. Essa
degradação ocorre por conta de desmatamentos e queimadas, o que deixa o solo
sem a cobertura vegetal, o que faz com que os impactos da água da chuva e do vento
sejam ainda mais intensos.

Uma das consequências da erosão do solo é a arenização, ou seja, processo que


transforma as áreas agricultáveis em regiões desérticas e não produtivas. (Figura 1)

Figura 1: Deserto localizado no em Utah, região oeste dos Estados Unidos. Fonte: Pixabay.

Outra consequência é o assoreamento de corpos d’água, que ocorre quando


materiais arrastados do solo, principalmente por conta da chuva, se acumulam no
fundo de rios, lagos e açudes (Figura 2). Quando a quantidade de fragmentos é muito
grande, essa ação chegar a impedir que a água continue seu trajeto.

Figura 2: Exemplo de área que sofre assoreamentos. Fonte: Pixabay.

Iremos ver agora, a ação específica dos três principais agentes erosivos naturais.

1.2 Erosão pelo vento


O vento é um dos mais conhecidos modos de erosão, mesmo que água corrente seja
a responsável pela maioria os acidentes geográficos. O vento corrói os materiais por
dois modos distintos, por abrasão e por deflação. A abrasão é o processo em que a
rocha é desgastada pelo impacto de sedimentos que o vento carrega, como por
exemplo os grãos de areia soltos por outros objetos, nesse caso os efeitos são
pequenos, porque a areia raramente atinge mais de um metro acima da superfície. Já
a deflação é a remoção de sedimentos soltos pelo vento. E conforme o vento retira
material, eles sofrem o efeito da gravidade e da chuva forte, as partículas grossas
restantes podem se reorganizar em uma nova estrutura.

Assim, quanto mais forte o vento, maior será a quantidade de partículas que ele
transporta, tendo um poder destrutivo muito alto, afinal a capacidade de desgastar
outras partes dos materiais está relacionada com as partículas em suspensão
presente no ar.

1.3 Erosão pelas geleiras


Para muitos é estranho pensar que o gelo é capaz de causar erosão, mas como um
sólido em movimento, as geleiras também são capazes de erodir, transportar e
depositar os sedimentos do solo. Neste caso, elas são capazes de transportar
quantidades de gigantescas de matéria, como também partículas pequenas de areia.
Os principais processos é a terraplanagem, a escavação e abrasão.

Na terraplanagem, o gelo empurra os materiais em seu caminho, principalmente os


que não estão consolidados. A escavação ocorre quando o gelo congela nas fissuras
e nas cenas de um uma projeção a solta, empurrando-a em seguida.  Já a abrasão,
ela pulveriza as rochas, o que produz partículas com dimensões de argila.

Os ventos depositam sedimentos sobre as geleiras e outra parte de partículas vem


da superfície por onde se desloca, por isso a maior parte dos sentimentos é
transportada pela parte inferior do gelo.

A velocidade e a profundidade da erosão causada pelo gelo (Figura 3) variam


conforme algumas condições como a massa do gelo, a velocidade desse
deslocamento, a quantidade de rochas que foram anexadas a ele, a irregularidade
delas e o tipo dessa rocha. Todos esses aspectos devem ser analisados
cuidadosamente.
Figura 3: Erosão causada pelo gelo. Fonte: Visual hunt.

O processo começa com a neve que cai sobre o manto de uma rocha que contém
fragmentos. Conforme alavanca a geleira, ela arranca e incorpora ainda mais
fragmentos, isso faz com que a geleira vá raspando, separando, arrancam e lixando
as rochas por onde passa, ainda mais quando o vento deposita partículas finas que
são incorporadas a este gelo, ele se torna mais abrasivo.

1.4 Erosão pela água


A energia cinética presente no movimento das águas é consumida em maior parte
pelo deslocamento dela, mas parte dessa energia também é responsável pela erosão
e transporte de partículas sólidas, como lama, areia e cascalho.

Nesse processo de erosão pela água, há outro tipo de material que é chamado de
carga dissolvida. Ele é invisível e costuma ser ignorado, porém é importante em
relação aos fragmentos que carrega. Essas partículas entram em movimento por
conta da correnteza da água, essa força hidráulica causa a remoção de partículas
soltas pela força da água, o que remove partículas dos leitos e margens de riachos
(figura 4).

Existem etapas nesse processo, a abrasão é o primeiro. Ele é o desgaste de uma


rocha quando ela sofre o impacto de partículas da água., em seguida esse material é
transportado e por fim depositado.

Figura 4: Erosão pela correnteza da água. Fonte: Visual hunt.

Vale a pena aprender um pouco sobre a erosão que ocorre pelas águas
subterrâneas. Afinal, água da chuva ao se infiltrar no solo reage com os minerais com
os quais entra em contato, dissolvendo- os de maneira química. Nesses casos, água é
o principal agente de erosivo responsável pela formação de muitas das
características da paisagem. Vamos ver tudo isso nessa próxima sessão.1.  Ambientes
geológicos de sedimentação e formação de rochas sedimentares.

As rochas sedimentares envolvem quatro processos principais: intemperismo e


erosão, transporte, sedimentação e diagênese. Os processos intempéricos, erosivos e
de transporte envolvem a aplicação de energia, ao passo que os processos de
sedimentação são fruto da perda de energia, e as rochas geradas após os processos
diagenéticos apresentam uma série de características diagnósticas que permitem a
reconstituição de sua história evolutiva.

As rochas sedimentares são formadas por processos superficiais e,


consequentemente, são fortemente condicionadas pelas características locais, dentre
essas características destaca-se o relevo, primordial para o estabelecimento das
Bacias Sedimentares, que são regiões deprimidas onde a sedimentação supera o
transporte.

Saiba mais
O carvão e o petróleo são recursos energéticos chamados combustíveis
fósseis e estão englobados na categoria das rochas sedimentares. A
matéria orgânica para ser consumida depende de reações com o oxigênio,
entretanto há algumas situações que geram anoxia, configurando um
ambiente ideal para a formação dos recursos energéticos.

2. Rochas sedimentares
Os processos que formam rochas ígneas e metamórficas ocorrem em ambiente
pouco acessível ou inacessível ao ser humano, ao passo que os processos
sedimentares ocorrem em superfície e permitem a observação direta da atuação dos
agentes, e a observação das rochas sedimentares por olhos treinados permite tentar
identificar as condições genéticas que as geraram. O termo rocha sedimentar
engloba os tipos detríticos (também conhecidas como clásticas ou terrígenas),
ortoquímicos e biogênicos, que apesar de terem origens distintas encontram na
água, gelo e vento os elementos de fomento nos processos de transporte e
deposição.

As rochas detríticas são fruto da litificação que sucede a compactação e diagênese de


sedimentos provenientes de erosão, transporte e deposição de rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares pretéritas que foram expostas a agentes intempéricos.
Esta classe de rochas sedimentares reserva atenção especial à dimensão dos
fragmentos e à natureza mineralógica dos mesmos. Para tal, utiliza-se a consagrada
escala de Wentworth que indica as seguintes classes granulométricas: matacões
(maiores que 256 mm), calhaus (de 64 a 256 mm), seixos ( de 4 a 64 mm), grânulos (2
a 4 mm), areias (de 0,062 a 2 mm), siltes (de 0,062 a 0,004 mm) e argilas (menores
que 0,004).

A frequência de ocorrência de uma determinada classe granulométrica ou fração


granulométrica é chamada de “moda”, e existem três grandes grupos de rochas por
moda: as rudáceas ou psefíticas, com predomínio de frações superiores a grânulo
(mínimo 30% dos fragmentos); as arenáceas ou psamíticas, onde a predominância
está na ocorrência de fração areia; e as lutáceas ou pelíticas, constituídas
majoritariamente por silte e argila, cujas partículas mais finas são
predominantemente argilominerais, identificáveis somente com técnicas analíticas
mais avançadas, como a difração de raios-X.

As rochas ortoquímicas ocorrem através da precipitação química de sais em solução


em águas tanto marinhas quanto continentais, quando atingem seu limite de
saturação, principalmente em decorrência de fatores climáticos. As rochas calcárias,
por exemplo, decorrem da precipitação química de carbonato de cálcio em solução e
que atingem o limite de saturação devido ao aumento de temperatura,
principalmente em zonas equatoriais, e lâmina d’água mais rasa.

As rochas biogênicas resultam da atividade de organismos vivos ou pela acumulação


de restos biológicos. É o caso de bioconstruções como estromatólitos e corais, ou da
presença de fósseis e restos biológicos em rochas sedimentares em meio aos
detritos, ou ainda do carvão (restos vegetais) e do petróleo (restos animais), cujo
processo diagenético implica na maturação sem o consumo oxidante da matéria
orgânica por meio de complexas etapas envolvendo reações químicas específicas
para cada tipo/natureza do material biológico.

A figura 5 mostra o aspecto de uma rocha sedimentar detrítica.

Saiba mais
A diagênese é o conjunto de processos físicos ou químicos que atuam sobre
os sedimentos, podendo agir por compactação, recristalização, cimentação
ou metassomatismo, onde o rearranjo ou a recombinação dos minerais
culmina com a consolidação de uma rocha sedimentar. O processo
diagenético se dá em 4 etapas, onde o estágio I implica na expulsão da água
ou a redução de óxidos (ou hidróxidos) de ferro pela matéria orgânica, com
os fluidos intersticiais adquirindo propriedades negativas, o Eh negativo; no
estágio II ocorre a quebra de componentes mais frágeis e a dissolução dos
elementos com maior solubilidade em consequência do aumento da
compressão por sobrecarga exercida pelas camadas de sedimentos mais
novos nos sedimentos mais antigos, localizados nas porções inferiores,
gerando novos minerais e favorecendo a reprecipitação de substâncias,
dando início à cimentação dos espaços vazios (poros), fazendo com que os
sedimentos passem a apresentar uma litificação incipiente; no estágio III há
a intensificação dos processos de cimentação e ocorre intensa
recristalização, com profusa redistribuição de substâncias minerais por
todo o interior dos sedimentos, resultando em um aumento da
consolidação que cresce de acordo com a profundidade de soterramento;
no estágio IV há diminuição abrupta dos processos de reorganização
iniciais, intensificando-se os processos de recristalização e desidratação de
hidróxidos, aumentando severamente a litificação. Ao fim dessa sequência
haverá a formação da rocha sedimentar.

Figura 5: Rocha sedimentar.  Fonte: Pixabay.

2.1. Mecanismos e ambientes de


sedimentação
A deposição sedimentar ou simplesmente deposição compreende a acumulação de
sedimentos em meio subaquoso ou subaéreo de material originado por processos de
remoção ou in situ pela ação de agentes biológicos ou químicos. Ocorre pela
supersaturação de solutos em suspensão como no caso da precipitação de calcários
e sais diversos, pela atividade de organismos vivos como os corais, pela acumulação
de restos biológicos como carapaças, fósseis, conchas, restos vegetais e animais
mortos, ou ainda quando a força de transporte diminui, cessa ou fica menor que o
peso dos sedimentos carregados, com ou sem contribuição da gravidade.

Os mecanismos de sedimentação envolvem subsidência, que é o “afundamento” de


uma porção da superfície da Terra por razões tectônicas, quando o abatimento tem
origem em atividades internas do planeta, térmicas, quando o abatimento da
litosfera ocorre por contração devido à perda de calor de uma região previamente
aquecida, ou por dissolução, relacionados ao estabelecimento de múltiplas cavidades
em camadas calcárias (horizontes cársticos) ou pela extração de fluidos (água
subterrânea, gás e petróleo). As regiões de abatimento recebem sedimentos e
naturezas diversas e formam as Bacias Sedimentares; adequações no nível de base,
que é o limite da superfície erosiva, quando a ação de remoção atinge o equilíbrio e
não mais remove material; taxa de sedimentação, que refere-se ao acúmulo de
sedimento pela incapacidade do processo transportador continuar movimentando o
material.

Os ambientes de sedimentação constam de porções específicas da superfície


terrestre, cuja boa definição das particularidades químicas, físicas e biológicas
delimitam tais locais de suas adjacências.
A deposição sedimentar pode ocorrer em:

Ambiente desértico
, onde o vento é o principal agente de erosão, transporte e
deposição;

Ambiente glacial
, relativamente restrito aos polos e às altas altitudes, concentram
grandes massas de gelo chamadas geleiras, que são o agente de transporte e
deposição dos sedimentos, deslocando-se com o auxílio da gravidade de acordo com
as facilidades do relevo, declive abaixo, esculpindo o terreno;

Ambiente fluvial
, onde os rios desempenham a função de transportar sedimentos
de naturezas e origens diversas, onde o relevo desempenha importante função para
a dissipação de energia da dinâmica de carga das correntes e consequente deposição
sedimentar;

O ambiente lacustre
, com suas águas relativamente tranquilas, normalmente
doces e comumente no interior dos continentes, a deposição ocorre por precipitação
química ou decantação de material detrítico fino em suspensão;

Ambiente deltaico
, ambientes complexos de desembocadura de rios em planícies
costeiras, onde a dissipação da energia das correntes de transporte se dá por
acúmulo de material movimentado ou por limitações de terreno, com ou sem
influência gravitacional;

Ambiente estuarino
, que consta de um corpo aquoso litorâneo, de água
normalmente salobra, e que apesar de manter comunicação intermitente com
oceano aberto manter a circulação relativamente restrita, favorecendo a deposição
sedimentar por decantação, precipitação química ou impossibilidade de
movimentação;

Planície de maré
, que são locais às margens de estuários, lagunas, baías ou em
posição retrógrada às ilhas barreira, constituídos de áreas planas e de baixa energia,
atingidos pela amplitude das ondas de maré, cujo material mais pesado vem
transportado pela onda de maré de entrada e depositado pela incapacidade de
movimentação na saída da onda, com decantação e precipitação química associados;
Ambiente de praia
, que corresponde ao local dominado por ondas e que esteja na
vizinhança de um lago, mar ou oceano, onde a deposição ocorre pela perda de
capacidade de retirada e movimentação do material, seja pela água seja pelo vento;

Ambientes marinhos
, divididos principalmente em margem continental (plataforma
continental, talude continental e sopé continental) e fundo marinho, quanto mais
afastado da costa menor é a influência das ondas e menor a energia no ambiente,
ocorrendo a sedimentação por decantação, precipitação química e ausência de
capacidade de movimentação/transporte.

2.2  Geologia sedimentar aplicada


A geologia sedimentar tem aplicação tradicionalmente na como subsídio na
prospecção e exploração de recursos naturais como combustíveis fósseis, água
subterrânea e alguns tipos de depósitos minerais, assim como em áreas como
engenharia civil, ambiental e criminalística não-renováveis. Trata-se da extração de
matérias-primas contidas em rochas antigas, atividades que envolvem a remoção
total do material, a remoção de camadas ou então a extração de líquidos ou gases
existentes nos poros das rochas sedimentares.

São as circunstâncias econômicas, principalmente no que tange o conhecimento


acerca do petróleo, que movimentam as pesquisas e o desenvolvimento de técnicas
envolvendo rochas sedimentares. A maioria das aplicações envolve a pesquisa e
extração de materiais fluidos contidos nos poros de camadas sedimentares (líquidos
ou gases). A geologia sedimentar tem uma importância econômica muito grande,
como exemplos de recursos naturais que foram gerados ao longo do tempo por
meio de processos sedimentares, temos o carvão mineral, fosfatos e evaporitos,
minérios sedimentares, petróleo e gás natural.

A aplicação dos conhecimentos de geologia sedimentar na engenharia ocorre


principalmente no âmbito da geologia urbana, com a busca incessante de
incrementos em segurança de barragens, fundações, estabilização de terrenos para
construções diversas e estabilização de encostas. No que tange estudos ambientais,
a observação dos fenômenos sedimentares e o conhecimento da natureza dos
materiais oferece uma base de comportamentos esperados quando se aplicam
técnicas de remediação e proteção ambiental, de modo a proteger o intocado e/ou
reconformar o que foi alterado. Nas ciências criminais, é comum o uso de análise de
sedimentos ou outros materiais relacionados À geologia sedimentar para fins de
correlação em algumas perícias, como determinar se o solo ou o sedimento no
solado do sapato ou no pneu do carro de um suspeito é o mesmo de um local onde
ocorreu um crime, auxiliando as autoridades na tomada de decisões.

Mas é na prospecção e exploração de minério, água subterrânea e combustíveis


fósseis que a geologia sedimentar concentra seus maiores lucros e estudos.

2.2.1 Petróleo e gás natural

A formação de hidrocarbonetos líquidos (petróleo) e hidrocarbonetos gasosos (gás


natural) tem são comumente encontrados juntos na natureza, composto orgânicos
complexos que tem sua origem no interior dos poros e fraturas de rochas
sedimentares. O petróleo (figura 2) é um líquido oleoso com certa viscosidade e
densidade menor que a da água. Sua coloração pode variar, desde quase incolor,
esverdeada, acastanhada ou até preta.

Figura 6: Refinaria de petróleo.  Fonte: Pixabay.

A teoria da geração orgânica do petróleo parte do princípio da formação das rochas


sedimentares em que a fonte primária dos hidrocarbonetos sejam microorganismos
marinhos acumulados em sedimentos de silte e argila, decompostos por bactérias
anaeróbias. As altas pressões e temperaturas crescentes atuando por milhões de
anos, fazem com que o carbono se concentre até a transformação completa em
hidrocarbonetos.
2.3. Água subterrânea
As águas subterrâneas (figura 7) são classificadas como aquelas que se encontram
abaixo da superfície da terra, que ocupam as porosidades das rochas, dos
sedimentos e do solo. As águas subterrâneas representam 22% da oferta mundial de
água doce, ou seja 8,4 milhões de km3. A água que se localiza embaixo da terra vem
da precipitação que se infiltra no solo e escoa através dos espaços vazios, como
falhas e poros. Outra possível origem pode ser de águas que se infiltram de riachos,
lagos, lagoas e pântanos. Certamente a água dos oceanos é a fonte mais distante
para as águas subterrâneas.

Figura 7: Água subterrânea. Fonte: Pixabay.

Ao passar por essa camada de terra, a água é filtrada por conta dos fragmentos de
rocha que eliminam as impurezas, como microrganismos causadores de doenças.
Essa ação de filtro não é presente em todos os tipos de solo, o que faz que muito
material indesejável ainda continue presente na água e contamine o lençol freático.

A água subterrânea apresenta movimento, que depende de duas características


importantes do solo, a porosidade e a permeabilidade. A porosidade é entendida
como espaço dos poros do solo, ou seja, os espaços entre as partículas que o
constitui. Ela é responsável pela retransmissão da água da terra, mesmo que não
garanta a facilidade de extraí-la. Ela pode variar em decorrência do tipo de rocha, o
que depende do tamanho, forma e da disposição do material. Um exemplo de rocha
com pouca porosidade são as rochas ígneas e metamórficas. Nesse caso, a
porosidade pode aumentar se houver fratura ou se for encharcada por águas
subterrâneas. Já as rochas sedimentares têm alta porosidade.

A permeabilidade é a característica que possibilita transmitir os fluídos, que junto


com a porosidade desempenham papel importante no movimento das águas
subterrâneas. A permeabilidade, assim como a porosidade, está relacionada com o
tamanho dos poros ou das fraturas e de suas interligações. As rochas sedimentares,
assim como as rochas ígneas e metamórficas tem muitas fraturas, e por isso têm alta
permeabilidade.

A água que cai da chuva pode ter diferentes ações logo depois de precipitada. Ela
pode evaporar, ir para os rios e oceanos ou penetrar no solo. Conforme essa água vai
passando pelos fragmentos, determinada quantidade dela se adere aos materiais
que encontra, o restante realmente se desloca até espaços de poros disponíveis no
solo. Surgem então a zona de aeração e a zona subjacente de saturação. A zona de
aeração é aquela em que os espaços porosos contêm principalmente ar enquanto a
subjacente de saturação tem seus poros repletos de água. O lençol freático é a
superfície que separa essas duas zonas. Nessa margem, a água sobe por tensão
superficial da zona de saturação para a zona de aeração.

Saiba mais
A tensão superficial é um fenômeno físico-químico ligado às interações
moleculares de um fluido. Ela é a força que mantém o sistema de equilíbrio
que corresponde à configuração de menor energia, ele modifica sua
geometria para reduzir a área desta interface. Ela que permite que alguns
insetos consigam ficar em cima da água.

O movimento da água subterrânea acontece, principalmente, por conta da gravidade


que fornece a energia necessária para que ela desça. Ao atingir o lençol freático, a
água continua se deslocando em direção às áreas em que é mais baixo como rios,
lagos ou pântanos. A velocidade da água varia muito, mas pode chegar a 250 m por
dia, em alguns casos poucos centímetros por ano.

O local em que água subterrânea chega à superfície, escoando para fora do solo, é
chamado de nascente. Ele pode ocorrer em diversas condições geológicas, e se
formam de maneira muito similar: água atinge o lençol freático, que tendo uma
camada impermeável que corre lateralmente a esse fluxo, ele atinge a superfície
fazendo com que a água jorre em uma nascente.

Os poços são aberturas feitas pelos seres humanos para alcançar a zona de
saturação. Em alguns casos, o nível do lençol freático faz com o que água saia
facilmente, porém em algumas condições é preciso uma bomba para que traga a
água a superfície.  Antigamente, os moinhos de vento (Figura 8) usavam energia
eólica para bombear a água, mas hoje em dia são utilizadas bombas elétricas muito
mais eficientes.

Figura 8: Moinho de vento. Fonte: Pixabay.

Os sistemas artesianos são aqueles em que a água está confinada e acumulava com
pressão hidrostática elevada. Nestes casos, a água consegue subir acima do nível do
solo e caso se perfure um poço nessa camada de confinamento, o que diminuirá a
pressão, fará com que a água suba.

Assim como outras, as águas subterrâneas também estão sofrendo com a


contaminação por conta de problemas da nossa sociedade, que elimina numerosos
subprodutos poluentes oriundos das indústrias. As fontes mais comuns para a
contaminação dessas águas subterrâneas são os esgotos, os lixões, locais de
eliminação de resíduos tóxicos e a agricultura. Conter essa contaminação é difícil,
porque as águas espalhem o poluente por onde elas passam e por se deslocarem
lentamente, leva muito tempo para limpar o reservatório.

Um dos conceitos importantes sobre águas subterrâneas é de aquífero, que é toda a


formação geológica subterrânea que armazena água e que possui permeabilidade
suficiente para que ela se movimente, ou seja, é uma camada permeável que
transporta água subterrânea. Eles são reservatórios subterrâneos formada por
rochas, que ao final abastecem rios e poços artesianos.
Saiba mais
Há grande quantidade de recursos nas águas subterrâneas, porém elas
sofrem exploração excessiva e muito rápida, sem respeitar o tempo
necessário do ciclo da água. O uso excessivo e incorreto pode levar a
insuficiência de água limpa em determinados locais. Nos Estados Unidos,
cerca de 20% de toda a água usada é de origem subterrânea, o que
preocupa caso num futuro, não mais a tenhamos para consumo, por conta
do excesso de poluentes ou ausência do recurso.

3.   Vulcanismo, plutonismo e
metamorfismo
Existem diversos fatores que influenciam no ciclo das rochas. Alguns dos mais
importantes são o vulcanismo, plutonismo e metamorfismo, que serão estudados
neste capítulo. Esses processos abrangem as manifestações das atividades internas
da Terra em decorrência de altas temperaturas e pressões de rochas por exemplo.
Eles ilustram muito bem as complexas interações entre os sistemas do nosso
planeta.

3.1. Vulcanismo
Junto com as atividades sísmicas, o vulcanismo se concentra nas zonas de ruptura da
terra, relacionado aos movimentos das placas litosféricas. Ele é um dos processos
que contribui para o ciclo das rochas e sua formação. O vulcão ocorre quando
existem espaços abertos entre as placas litosféricas, que surgiram por conta da sua
movimentação. Nesses locais, há redução da pressão, o que faz com que o material
quente e sólido presente no interior da Terra se torne líquido. Tendo formando o
magno, ele sai pelos canais abertos pelos movimentos das placas. O termo lava só
surge a partir do momento em que este material extravasa por meio de um
fenômeno vulcânico.

O magma chega à superfície por meio de fendas ou orifícios, este último é o que
ocorre na maioria dos vulcões atualmente em atividade. Este magma sofre uma
descompressão o que faz liberar gases e substâncias voláteis (Figura 9).

Figura 9: Erupção vulcânica. Fonte: Pixabay.

É importante termos a definição do que é um vulcão e do processo do vulcanismo.


Vulcão é conceituado como uma colina que se forma em torno de uma abertura
crustal, onde materiais oriundos do manto terrestre entram em erupção, tendo como
resultado lava e gases. O vulcanismo, por sua vez, é o termo utilizado para o
processo pelo qual o magma e seus gases associados sobem através da crosta e
atingem a atmosfera. É o vulcanismo que forma e origina todas as rochas vulcânicas.

Observar locais em que ocorrem erupções vulcânicas indica aspectos sobre o magma
e os gases, como a temperatura, o ponto de solidificação dos diversos cristais e as
relações de textura e estrutura. Em uma erupção são liberadas substâncias em três
estados físicos: gasoso, sólido e líquido. Os gases são normalmente vapor d'água, gás
carbônico e cloretos voláteis de ferro. Os materiais líquidos e concentram na lava e
podem atingir 1200°C, com diferentes viscosidades se composições químicas. Os
sólidos, são fragmentos rochosos que formam a abertura do vulcão e as cinzas.

Saiba mais
No Brasil, as últimas atividades vulcânicas ocorreram no Cenozóico, que
foram responsáveis pela formação de ilhas como Fernando de Noronha
(Figura 10) e Abrolhos. No caso da estrutura formada em Fernando de
Noronha, ela corresponde a 4000 m de profundidade e 70 km de diâmetro.
Não foi somente um caso de erupção, mas foram diversos eventos
vulcânicos separados que formaram o conjunto das ilhas, o que resultou
em várias unidades vulcânicas sedimentares. A ilha oceânica de Fernando
de Noronha tem aproximadamente 1,3 milhares de anos.

Figura 10: Fernando de Noronha. Fonte: Pixabay.

3.2. Plutonismo
O plutonismo é uma atividade ígnea que se separa das demais por conta do local em
que ocorre, afinal a consolidação ocorre no interior da crosta, dando origem às
rochas plutônicas ou intrusivas. Neste fenômeno magmático, quando o magma não
consegue chegar à crosta terrestre, ele fica preso e se consolida neste local.

O terno plutonismo tem origem em Plutão, deus romano das profundezas. Os


processos plutônicos originam rochas de dois grandes grupos os corpos intrusivos
menores como por exemplo diques e lacólitos, e corpos intrusivos maiores como por
exemplo batólitos e stocks.

3.3. Metamorfismo
Metamorfismo é o processo de formação de rochas metamórficas, são aquelas que
resultam da formação de rochas preexistentes que sofrem o efeito do calor, da
pressão e de atividades químicas de fluidos. O mármore é um bom exemplo de rocha
metamórfica. Na natureza, por conta do clima e atividades físico-químicas específicas
de regiões distintas, podem existir diversos tipos de ambientes metamórficos, como
por exemplo metamorfismo hidrotermal, metamorfismo de soterramento,
metamorfismo cataclástico, metamorfismo de contato e o metamorfismo regional.

Outra forma de categorização do metamorfismo é em relação a sua intensidade e


profundidade, em que se leva em consideração também a temperatura e a pressão a
que são submetidas as rochas, como o metamorfismo epmetamórfico,
mesometamórfico, cata metamórfico e ultrametamórfico.

4. Deformações da crosta
terrestre: dobras e falhas
A deformação para a geologia é um termo que diz respeito aos processos de
dobramento, falhamento, cisalhamento, contração ou dilatação de rochas. Essas
deformações ocorrem devido às forças atuantes na Terra. De modo geral, pode ser
qualquer alteração na forma e no volume da crosta terrestre como resultado de
esforços internos e externos da Terra. Neste capítulo, estudaremos sobre o resultado
destes esforços na crosta terrestre.

4.1. Feições estruturais


No campo da geomorfologia existem três principais forças atuantes na Terra que são
responsáveis pelas modificações geológicas: Pressão e temperatura, pode estar
relacionado a água ou ao solo, sendo então a pressão hidrostática ou litostática;
condições termodinâmicas; e esforços aplicados às rochas.

Saiba mais
A geomorfologia é a ciência que estuda as formas da Terra. É um campo da
geologia que analisa os processos que operam na superfície terrestre,
fornece a descrição explicativa e um inventário detalhado das formas
encontradas na litosfera.

Com relação ao tipo de deformação, ela pode ser caracterizada por uma dobra ou
uma falha. Os conceitos de dobras e falhas estão relacionados aos aspectos das
estruturas. As dobras são aquelas que sofreram deformações plásticas, sem perda
de continuidade, também chamada por deformação dúctil. Já as falhas são
deformações rúpteis, onde ocorrem quebras e descontinuidade.

4.1.1. Dobras

Os dobramentos surgem quando existem movimentos de compressão laterais. São


caracterizadas por ondulações visíveis (Figura 11), do que anteriormente eram
estruturas planas. Sendo assim, pode ser o acomodamento sedimentar ou então a
foliação metamórfica.

As dobras podem receber diversas denominações de acordo com sua geometria,


como por exemplo, dobra aberta, dobra assimétrica, dobra de arrasto, dobra deitada
e dobra isoclinal.

Figura 11: Dobras. Fonte: Pixabay

4.1.2.  Falhas
As folhas podem ser geradas através de forças predominantes de compressão e
tensão sobre a crosta terrestre, em associação às atividades tectônicas, originando
uma ruptura. As forças de compressão, de modo geral, ocorrem horizontalmente e
as forças de tensão são as reações às forças de compressão. A fratura de uma falha
pode ter desde alguns centímetros até quilômetros, que é o caso da Falha de San
Andreas. A classificação das falhas pode se dar de acordo com seu plano, sendo uma
falha normal, inversa, vertical ou horizontal e de acavalamento.

Saiba mais
A Falha de San Andreas, na Califórnia, é uma falha marcada pelo encontro
de duas placas tectônicas (Placa do Pacífico com a Placa Norte-Americana).
Esta falha geológica tangencial tem cerca de 1290 km.

Figura 12: Falha de San Andreas. Fonte: Pixabay.

Síntese
Nesta unidade, você pôde aprender mais sobre a dinâmica interna e externa da
Terra, passando pelos ambientes geológicos e formação das rochas sedimentares,
entendendo a o seu conceito o mecanismo de sedimentação. A geologia sedimentar
aplicada se torna essencial para a compreensão do nosso planeta, auxiliando no
melhor uso das fontes de energia, como o petróleo e o gás natural.
A erosão pode ser compreendida pelo desgaste por meio dos ventos, das geleiras e
da água. Esse processo natural carrega sedimentos e muda a paisagem, trazendo
consequências para a Terra. A sua compreensão ajuda a viver de maneira mais
sustentável e coerente com o planeta, gerando recursos a partir dele. Afinal, isso
ajuda o ser humano a utilizar, por exemplo, as águas subterrâneas, que são limpas
naturalmente pelo processo de infiltração pelas rochas, mas que ultimamente vem
sendo muito contaminada por conta de indústrias e despejo irregular de lixo.

No percurso de formação das rochas, vimos mais sobre três processos importantes
como o vulcanismo, plutonismo e o metamorfismo, cada um deles com suas
principais características e ações que auxiliam na compreensão de atividades
internas e externas do nosso planeta. Houve também a compreensão da crosta
terrestre e das feições estruturais, conceituando as dobras a as falhas.

Neste módulo você pôde aprender:

como ocorre a formação das rochas sedimentares;


o processo de erosão e seus principais agentes, como o vento, as geleiras e a água;
os conceitos-chaves sobre o ciclo das rochas, e como ocorre o vulcanismo, pluralismo
e o metamorfismo;

o mecanismo de deformação da crosta terrestre e suas principais características


como dobras e falhas e

os principais conceitos sobre água subterrânea os seus movimentos, bem como sua
contaminação atual.

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Bibliografia
HOLZ , M. (2012).
Estratigrafia de Sequências
: histórico, princípios e aplicações. Ed.
Interciência, 2012.

MONROE, R.W.J.S. (2017-04-01).


Geologia
- Tradução da 2ª edição norte-americana,
1st edição.

TORRES, Fillipe Tamiozzo Pereira; NETO, Roberto Marques; MENEZES, Sebastião de


Oliveira.
Introdução à geomorfologia
. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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