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1 Geração Modernista 3
1 Geração Modernista 3
O sapo-tanoeiro
[...]
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”
a) modernistas.
b) românticos.
c) naturalistas.
d) parnasianos.
e) árcades.
QUESTÃO 02
O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada
vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura
QUESTÃO 03
O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos. De acordo com esse
depoimento, o fazer poético em “Vou-me embora pra Pasárgada!”
QUESTÃO 04
(Enem 2019) 1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia
febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de
corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que
parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida
sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos
primordiais.
MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. In: TELES, G. M. Vanguardas europeias e Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes,
1985.
a) composição estática.
b) inovação tecnológica.
c) suspensão do tempo.
d) retomada do helenismo.
e) manutenção das tradições.
QUESTÃO 05
Nesses verbos, há uma exaltação ao sertão do Cariri em uma ambientação linguisticamente apoiada no(a)
QUESTÃO 06
Leia o poema “Sou um evadido”, do escritor portuguêsFernando Pessoa, para responder à(s) questão(ões)a seguir.
Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
(Unifesp 2019) “Rima rica” é aquela que ocorre entre palavras de classes gramaticais diferentes, a exemplo do que se verifica
QUESTÃO 07
Desenhar para ele é uma coisa; pintar é outra. No desenho se afirma, na pintura se esconde. Pela linha fala com extraordinária pre-
cisão estilística, preciosismo, audácia, e vai, por vezes, até a elegância, mesmo mundana; pela cor, ele se retrai e silencia. (...)
Milton Dacosta foi o primeiro artista, hoje consagrado, que no Brasil partiu do cubismo, ou melhor, das repercussões da revolução
cubista até as nossas praias provincianas. (...) Dessa fase, entre 1939 e 40, nos deu algumas telas que ainda hoje interessam pela
essencialização dos valores plásticos, o desprezo dos detalhes anedóticos para só guardar os que definem o ambiente e, sobretudo,
marcam a atmosfera, principal tema delas. A esquematização das formas, sobretudo o ovoide das cabeças sem pormenores
fisionômicos, lembra Modigliani. Realmente, o ar que se respira nessas telas é o ar da “escola de Paris”.
(Mário Pedrosa, Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília, Perspectiva, 1981)
Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro só mesmo em dia de enterro. De enterro
ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. [...]
– Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.
Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.
No bonde vinha o pai do Gaetaninho.
A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.
– Sabe o Gaetaninho?
– Que é que tem?
– Amassou o bonde!
A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.
Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum dos carros do
acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as
ligas, mas não levava a palhetinha.
Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino.
MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994.
Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a narrativa utiliza recursos expressivos
inovadores, como
QUESTÃO 09
BANDEIRA, Manuel. Consoada. Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM, 2012. p. 133.
QUESTÃO 10
3 de Maio
Oswald de Andrade
(Mackenzie 2018) Assinale a alternativa correta sobre a vida e a obra do poeta Oswald de Andrade (1890-1954).
a) Dedicou-se exclusivamente à feitura de poemas líricos ao longo de sua extensa obra literária.
b) A paródia é um recurso usado em sua poesia, como atesta o poema “Canto do regresso à pátria”.
c) Aderiu tardiamente ao movimento modernista por ter se assumido como seguidor das ressalvas ao modernismo formuladas por
Monteiro Lobato.
d) Escreveu os seguintes romances de realismo social engajado: O Quinze e Vidas Secas.
e) Demonstrou em sua poesia um desinteresse pela nossa cultura e pelo português brasileiro, preferindo emular fielmente as
vanguardas francesas.
QUESTÃO 11
No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou
mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar, exclamava: – Ai que preguiça!... e não dizia mais nada. Quando era pra
dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mãe estava por debaixo do berço, o herói
mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras feias, imoralidades estrambólicas e
dava patadas no ar.
Enquanto produção cultural, o Modernismo procurava reconhecer as identidades que formavam o povo brasileiro.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a presença da temática indígena no movimento, tendo por modelo o romance
de Mário de Andrade.
a) A utilização da temática indígena configurava um projeto nacional de busca dos valores nativos para a formação da identidade
brasileira, na época.
b) Como herói indígena, Macunaíma difere das representações românticas, já que ele figura como um anti-herói, um personagem
de ações valorosas, mas também vis.
c) Macunaíma se insere no racismo corrente no início do século XX, que via uma animalidade no indígena, considerado coisa, e
não gente.
d) O indígena foi considerado pelos modernistas como único representante da identidade brasileira, pois sua cultura era vista
como pura e sem interferência de outros povos.
e) O trecho reafirma a característica histórico-antropológica do patriarcado brasileiro, que compreendia o indígena como um
incivilizado puro e ingênuo.
QUESTÃO 12
(Unifesp 2017) Leia um trecho do “Manifesto do Futurismo” publicado por Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) no ano de
1909.
Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; as marés multicoloridas e
polifônicas das revoluções nas capitais modernas; a vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros sob suas luas elétricas; as
estações glutonas comedoras de serpentes que fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de suas fumaças; os navios
aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que escoucinham os trilhos,como enormes cavalos de aço
freados por longos tubos, e o voo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão
entusiasta.
Em consonância com este preceito do Futurismo estão os seguintes versos, extraídos da produção poética de Fernando Pessoa
(1888-1935):
QUESTÃO 13
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
(...)
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
QUESTÃO 14
Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas
põem o seu ideal de perfeição porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou.
LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa.Rio de Janeiro: José Olympio. 1989.
TEXTO II
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades
incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie – nem sequer mental ou de
sonho –, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem
bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar
tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia
sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.
A linguagem cumpre diferentes funções no processo de comunicação. A função que predomina nos textos I e II
QUESTÃO 15
Texto 1
O Último Poema
Manuel Bandeira
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menosintencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantesmais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Texto 2
Texto 3
Livre
Cruz e Sousa
a) O texto 3 demonstra a temática presente nas poesias românticas da segunda geração, ou seja, o desejo pela liberdade.
b) O texto 2 é um soneto que representa o valor métrico atribuído ao parnasianismo.
c) Os textos 1 e 3 demonstram a liberdade representada ora na escrita e ora no tema, algo representativo para o romantismo.
d) O texto 2 demonstra a preocupação do eu lírico com a questão da efemeridade da vida e a busca pelo prazer, algo representativo
na primeira geração do romantismo.
e) O texto 1 demonstra a liberdade de expressão e criação poética, sem preocupação com a linguagem, característica presente nas
produções literárias do modernismo.
Gabarito:
Resposta da questão 1: D] O poema metalinguístico “Os sapos” apresenta o que, para os modernistas, não deveria ser a poesia. O sapo-boi, o sapo-tanoeiro,
o sapo-pipa são personagens metafóricos representativos de determinados poetas que defendem preceitos da poética parnasiana, em especial o sapo-tanoeiro
(parnasiano aguado), que passa a descrever o seu cancioneiro, a sua poética, baseado na forma. Bandeira, através da paródia, critica a preocupação excessiva dos
parnasianos com a forma, em detrimento do conteúdo. Assim, é correta a opção [D].
Resposta da questão 2: [B] A resposta de Pinote ao questionamento de Heloísa sobre se o estilo do poeta seria o Futurismo é reveladora do conservadorismo da
sociedade brasileira dos anos 30. O fato de ter abandonado esse estilo para passar a fazer poesia nos moldes clássicos justificava-se pela necessidade de aceitação
ao gosto do público da época e, desse modo, o poeta poder garantir também a sua própria sobrevivência financeira. Assim, é correta a opção [B].
Resposta da questão 3:[A] O depoimento de Manuel Bandeira revela que o processo de construção do poema “Vou-me embora pra Pasárgada!” foi lento e
gradual. A palavra que mais tarde simbolizará o mundo ideal em que se vai refugiar o eu lírico para escapar da realidade, Pasárgada, surge aos 15 anos, numa aula
de geografia. Reaparece na memória vinte anos depois, embora incapacitada para o fazer poético, o que só irá acontecer cinco anos depois de forma espontânea e
natural. Assim, é correta a opção [A].
Resposta da questão 4: [B] O Manifesto futurista de Marinetti propõe os referenciais estéticos do Futurismo, movimento literário e artístico inserido nas
vanguardas europeias que tinha como principal característica a valorização da tecnologia e da velocidade. Assim, é correta a opção [B].
Resposta da questão 5: [B] O poema de Manuel Bandeira, que acompanha a música do compositor Heitor Villa-Lobos, exalta o sertão do Cariri através de
recursos linguísticos do tipo dialetal-social, característicos da fala popular. Termos como “Cadê” (advérbio de interrogação correspondente à forma contraída da
expressão “que é de”) “pra”, “alembrá”, assim como a supressão do “r” no final de vocábulos (“cantadô”, amô e querê) são exemplos dessa variedade popular da
língua portuguesa, como se afirma em [B].
Resposta da questão 6: [E] Os pares mencionados em [E] são exemplos de rimas ricas, pois resultam da identidade de sons nas sílabas finais de duas palavras de
classes gramaticais diferentes: “lugar” e “monte”, são substantivos e “cansar” e “encontre”, verbos.
Resposta da questão 7: [E] Segundo o autor, Milton Dacosta foi um pintor vanguardista que se destacou pela audácia do desenho, revelador de influências do
movimento estético do cubismo europeu e da arte de Modigliani, pelo uso do recurso de esquematização das formas humanas sem pormenores fisionômicos. Ou
seja, pela ousadia do desenho e pela temática de origem vanguardista como se afirma em [E].
Resposta da questão 8: [A] Os escritores da década de 1920, para combater o formalismo parnasiano e a mentalidade acadêmica, optaram pela representação do
cotidiano da cidade de São Paulo através de uma linguagem informal, próxima do jornalismo, usando como recurso a transcrição de períodos curtos e
fragmentados na própria sequência do discurso, como se observa no excerto de “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Alcântara Machado. Assim, é correta a opção
[A].
Resposta da questão 11: [B] O trecho extraído de Macunaíma revela já uma caracterização de um herói bastante distinto e até oposto dos heróis comuns. A sua
infância é descrita como um momento em que ele “fez coisas de sarapantar”, isto é, aprontou bastante. É caracterizado, assim, como um herói que dizia palavras
feias e aprontava com as pessoas, realizando, portanto, ações vis. Por outro lado, ao longo do romance vemos que Macunaíma também realiza ações valorosas.
Assim, ele se difere das representações românticas de heróis com ações puramente valorosas e honráveis, e figura como um anti-herói, variando de ações vis a
valorosas.
Resposta da questão 12: [E] Apenas a opção [E] reproduz excerto de poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa com aproximações estéticas
ao Futurismo. Neste excerto, estão presentes a exaltação da vida moderna (“Ó coisas todas modernas,/Ó minhas contemporâneas, forma atual e próxima/Do
sistema imediato do Universo!”), o elogio à mecanização (“Nova Revelação metálica”)e as imagens extravagantes ou inverossímeis (“como uma fera./Amo-vos
carnivoramente”) enunciadas também no “Manifesto do Futurismo” publicado por Filippo Tommaso Marinetti. As opções [A], e [B] apresentam excertos de
poemas do heterônimo Alberto Caeiro, a [C], de Ricardo Reis e a [D] faz parte da poesia ortônima de Fernando Pessoa.
Resposta da questão 13: [C] [I] Correta. O poema metalinguístico é a concretização dos ideais do movimento modernista, principalmente quando o eu lírico
afirma que “Não quero mais saber do lirismo que não é libertação”.
[II] Correta. O poema defende novos ideais na arte brasileira, contrariando principalmente o Parnasianismo, como o eu lírico indica em “Estou farto do lirismo que
para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo”.
[III] Incorreto. O poema defende novos ideais na arte brasileira, abandonando regras parnasianas, como o eu lírico afirma em “De resto não é lirismo / Será
contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.”.
Resposta da questão 14: [B] Ambos os textos são metalinguísticos, pois o primeiro aborda os fundamentos da gramática padrão e o segundo traduz a emoção do
narrador ao deparar-se com textos de autores consagrados. Ou seja, coloca o foco no “com o que" se constrói a mensagem, sendo o código utilizado o seu próprio
objeto, como se afirma em [B].
Resposta da questão 15 [E] Manuel Bandeira, poeta modernista, valeu-se da liberdade de expressão poética para produzir suas obras. Em “O último poema”,
vemos um eu lírico que “desenha” o seu desejo de último poema, utilizando uma linguagem típica modernista, sem preocupar-se com a forma rígida,
anteriormente exigida pelo parnasianismo. Além disso, ao falar do fazer poético, ele resgata a simplicidade, proporcionada pela liberdade de expressão, de sua
poesia.