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TESE DE DOUTORADO

“Caracterização experimental e modelamento


do comportamento plástico de chapas de aços bifásicos
DP600 e DP800”

Autor : Marcelo Costa Cardoso


Orientador : Prof. D.Sc. Luciano Pessanha Moreira

VOLTA REDONDA
MARÇO, 2016

i
N
Marcelo Costa Cardoso

“Caracterização experimental e modelamento do comportamento plástico de


chapas de aços bifásicos DP600 e DP800”

Tese apresentada ao Programa de


Pós-Graduação de Engenharia Metalúrgica
como requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor em Engenharia Metalúrgica
da Universidade Federal Fluminense. Área
de concentração: Modelamento e Simulação
de Processos e Fenômenos.

Orientador: Prof. D.Sc. Luciano Pessanha Moreira

Volta Redonda
2016

ii
iii
DEDICATÓRIA

Dedico a minha mãe Maria Auxiliadora Costa Cardoso. “in memorian”. Grande
incentivadora e valorizadora dos meus estudos. Minha referência de honestidade, dignidade,
generosidade, humildade e caráter. Saudade eterna!

“Se cheguei até aqui foi porque me apoiei no ombro dos gigantes”.
Isaac Newton

iv
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a


realização deste trabalho, em particular:

A Deus, por todas as realizações que vem acontecendo na minha vida;

Ao Professor Luciano Pessanha Moreira, não só pela orientação desta tese, mas pela amizade,
respeito e ética profissional. Sendo o primeiro a me incentivar a entrar na área da docência
com conselhos profissionais, acadêmicos e pessoais que me ajudaram muito em alguns
sonhos já realizados;

A USIMINAS por meio do Centro de Tecnologia em Ipatinga – MG pela cessão de chapas de


aços HSLA340, DP600 e DP800 assim como pelo apoio na confecção de corpos de provas e
realização de ensaios de tração uniaxial, expansão hidráulica e curva limite de conformação.
Agradeço em particular ao Engenheiro Jetson Lemos Ferreira e aos técnicos José Osvaldo
Tepedino, Heitor Cezar da Silva e Graciliano Rodrigues Alves.

Aos professores Maria Carolina Freitas, Gláucio Soares da Fonseca, Fabiane Roberta M. da
Silva e Andersan dos Santos Paula pela amizade e cooperação nos trabalhos realizados;

Aos professores Jorge Alberto Rodriguez Durán e Luiz Carlos Rolim Lopes e demais
professores e da EEIMVR-UFF que contribuíram com a minha formação;

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos de Doutorado e a FAPERJ e apoio financeiro


nas missões de trabalho e participações em congressos nacionais e internacionais;

Aos amigos Alexandre Pereira, Beth Mendes, Daniele Nogueira, Dielle Toledo, Elisa Rocha,
Fabiana Campos, Flávia Vitoretti, Gláucia Domingues, Leornado da Silva, Mara Paresque,
Márcio Teodoro, Tiago Brandão, Vagner Guilherme e aos demais que não foram
mencionados;

A minha esposa Ana Carolina de Matos Cardoso, aos meus filhos João Marcelo de Matos
Cardoso e Kauan de Matos Cardoso pelo apoio, carinho e amor incondicional que recebi.

Aos primos Alberto Nei Carvalho Costa e Viviane Silva Abreu Costa.

Aos meus pais João Cardoso e Maria Auxiliadora Costa Cardoso (in memorian).

v
RESUMO

Nas últimas duas décadas, os aços avançados de alta resistência receberam grande destaque na
indústria automotiva. Estes aços são usados em partes estruturais que visam a segurança do
carro graças aos elevados valores de limite de resistência e absorção de energia em colisões.
Nesse contexto, a manufatura de componentes por meio de processos de conformação
objetivando reduções de espessura de chapas e, portanto, redução de massa dos carros,
contribuem para a redução de consumo de combustíveis e emissões de gases de efeito estufa.
Contudo, esses aços quando conformados apresentam variações no comportamento plástico,
relacionadas aos processos de conformação, como, por exemplo, mudança de forma devido ao
retorno elástico, sensibilidade à taxa de deformação e fraturas em operações de estiramento e
flangeamento. Portanto, o correto uso destes aços em processos de conformação requer
pesquisas experimentais e teóricas mais detalhadas com respeito ao comportamento plástico.
Com essa finalidade, este trabalho de tese de doutorado foi dividido em três etapas. Primeiro,
foram realizadas análises de composição química e microestruturas de chapas de aços
bifásicos DP600 e DP800 e, para fins de comparação, do aço de alta resistência e baixa liga
HSLA340. Em seguida, para avaliar o comportamento plástico destes aços foram realizados
ensaios de tração uniaxial, expansão hidráulica, compressão de disco e Curva Limite de
Conformação (CLC). As regiões fraturadas dos corpos de prova deformados nos ensaios de
CLC foram analisadas com auxílio das técnicas de microscopia óptica e eletrônica de
varredura. Por fim, foi desenvolvido um modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysnski
para previsão das deformações limites que compõem a CLC. As análises das regiões
fraturadas permitiram a identificação de três mecanismos de falha presentes nos aços bifásicos
DP600 e DP800 em função do modo de deformação da CLC: (1) instabilidade plástica no
domínio de estampagem, (2) fratura dúctil por cisalhamento na vizinhança do estado plano de
deformação e (3) fratura dúctil por tensão no domínio de estiramento biaxial. As análises por
microscopia possibilitaram a caracterização dos mecanismos de fratura dúctil a partir da
visível rotação de grãos próximos a fratura e superfície plana de fratura (fratura dúctil por
cisalhamento) e grãos alinhados com a maior tensão principal e superfície rugosa de fratura
(fratura dúctil por tração). As deformações limites calculadas com o modelo elasto-plástico
indicam que a condição de estricção localizada é satisfatória para descrever a CLC do aço
HSLA340. Entretanto, para os aços bifásicos DP600 e DP800 as previsões de deformações
limites apresentaram melhor concordância com os valores experimentais por meio da
implantação de um critério de fratura dúctil para descrever os efeitos os modos de falha
identificados experimentalmente nos estados de deformação plana e estiramento biaxial.

Palavras chave: Aços Avançados de Alta Resistência, Curva Limite de Conformação, Modos
de Fratura, Conformação de Chapas, Modelamento.

vi
ABSTRACT

In the last two decades, advanced high strength steels received great significance in the
automotive industry. These steels are used as structural components for car safety thanks to
the high values of the strength resistance limits and energy absorption in collisions. In this
context, the manufacture of components by means of metal forming processes aiming at sheet
thickness reductions and, thus, car mass reduction, contribute to the reduction of the fuels
consumption and greenhouse gas emissions. However, theses steels when formed may present
variations in the plastic behavior, related to the forming processes, as, for instance, shape and
dimensional changes due to the springback effects, strain-rate sensibility and fractures in
stretching and flanging operations. Therefore, the correct use of these steels in metal forming
processes requires detailed experimental and theoretical researches with respect to the plastic
behavior. For this purpose, this doctoral thesis work was divided in three complementary
steps. Firstly, chemical composition and microstructural analyses were performed in dual-
phase DP600 and DP800 steels and, for comparison purposes, in a high strength and low
allow HSLA340 steel. Secondly, uniaxial tensile, hydraulic bulge, compression disk and
Forming Limit Curve (FLC) tests were performed in order to evaluate the plastic behavior of
these steels. The fractured sites of deformed FLC specimens were analyzed with the help of
light optical and electron scanning microscopy techniques. Lastly, an elasto-plastic
Marciniak-Kuczysnski localization model was implemented to forecast the limit strains that
compose the FLC. The fracture analyses allowed to identify the failure mechanisms present in
both dual-phase steels DP600 and DP800 grades as a function of the FLC strain-mode: (1)
plastic thickness instability in the drawing FLC region, (2) ductile shear fracture near to the
plane-strain state and (3) ductile tensile fracture in the biaxial stretching FLC region.
Microscopy analyses revealed additional features of the ductile fracture mechanisms from the
visible rotation of the grains near to the fractured location and a flat fractured surface (ductile
shear fracture) and aligned grains with respect to the major principal stress direction along
with a rough aspect fractured surface (tensile shear fracture). The limit strains predicted with
the elasto-plastic model indicate that the localized necking condition is appropriate to describe
the FLC of HSLA340 steel sheet. However, for both dual-phase steels DP600 and DP800 the
limit strains predictions showed a better agreement with the experimental data by means of
the implementation of a ductile fracture criterion to describe the effects of the failure modes
experimentally identified in the plane-strain and biaxial stretching states.

Keywords: Advanced High Strength Steels, Forming Limit Curve, Fracture Modes, Sheet
Metal Forming, Modelling.

vii
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS xi

LISTA DE TABELAS xvi

LISTA DE SÍMBOLOS xvii

1. INTRODUÇÃO GERAL 01

2. OBJETIVOS 05

2.1 Objetivo geral 05

2.2 Objetivos específicos 05

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 06

3.1 Introdução 06

3.2 Aços avançados de alta resistência (AHSS) 08

3.2.1 Aços com plasticidade induzida por transformação de fases (TRIP) 08

3.2.2 Aços bifásicos (DP) 9

3.2.3 Aços de fases complexas (Complex Phase, CP) 10

3.3 Comportamento plástico de aços de alta resistência 10

3.3.1 Ensaio de tração uniaxial 10

3.3.2 Ensaio de Expansão Hidráulica (Hydraulic Bulge Test) 13

3.3.3 Compressão de disco 17

3.3.4 Curva Limite de Conformação (CLC) 19

3.4 Sumário 27

4. MATERIAIS E MÉTODOS 28

4.1 Materiais 29

4.2 Metodologia experimental 29

4.2.1 Caracterização microestrutural 29

4.2.2 Ensaios de tração uniaxial 30

4.2.3 Expansão hidráulica (Bulge test) 33

4.2.4 Compressão de disco 35

viii
4.2.5 Curva Limite de Conformação 37

4.2.5.1 CLC na estricção (CLCE) 39

4.2.5.2 CLC na fratura (CLCF) 40

4.2.5.3 Análises das fraturas 41

4.3 Medidas de Rugosidade 42

4.4 Modelamento 42

4.4.1 Deformações Limites 42

4.4.2 Critério de Plasticidade 51

4.4.3 Critérios de estricção e fratura dúctil 57

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 60

5.1 Composição química e análise microestrutural 60

5.2 Propriedades Mecânicas 62

5.3 Sensibilidade a taxa de deformação 69

5.4 Comportamento Plástico em Expansão Hidráulica 73

5.5 Compressão de disco 77

5.6 Deformações Limites 79

5.6.1 Análise dos mecanismos de fratura 84

5.6.1.1 Aço HSLA340 84

5.6.1.2 Aço DP600 91

5.6.1.3 Aço DP800 97

5.6.2 Previsões de Deformações Limites 103

5.6.2.1 Aço AISI 1012 103

5.6.2.2 Aços bifásicos DP600 e DP800 105

5.6.2.2.1 Critério de estricção localizada 106

5.6.2.2.2 Critério de fratura dúctil 107

5.6.2.2.3 Critério combinado de estricção localizada e fratura dúctil 110

6. CONCLUSÕES 111

ix
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114

8. ANEXOS 123

ANEXO I. Algoritmo de solução 123

ANEXO II. Cálculo incremento de deformação ( ) 133

ANEXO III. Identificação de parâmetros 136

x
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Diferentes materiais empregados na composição média de um veículo 01


automotivo. Adaptado de Bethon, (2005).
Figura 2 - Aplicações de chapas de aços alta resistência na estrutura de um veículo 02
automotivo (adaptado de worldautosteel, 2014).
Figura 3 - Propriedades mecânicas e gerações dos aços avançados de alta resistência 07
(AHSS). Adaptado de Aydin et al.(2013).
Figura 4 - Comportamento em tração uniaxial dos aços HSLA340, DP800 e TRIP800 11
em função da taxa de deformação: (a) 0,0017 s -1; (b) 0,0083 s-1; (c) 0,083 s-1 e (d) 0,17 s-
1
. Adaptado de Ozturk et al. (2013).
Figura 5 - Propriedades mecânicas dos aços DP800, TRIP800 e HSLA340 em função da
taxa de deformação: (a) limite de escoamento em tração uniaxial e (b) expoente de 12
encruamento. Adaptado de Ozturk et al. (2013).
Figura 6 - Variação do módulo de elasticidade em função da deformação plástica em 13
tração: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP780 (Lajarim, 2012).
Figura 7- Esquema do ensaio de expansão hidráulica (Nasser et al., 2010). 15

Figura 8 - Curvas em medidas verdadeiras tensão-deformação determinadas a partir de 16


ensaios de tração uniaxial e expansão hidráulica em chapas de aços: (a) DP600 e (b)
DP780. Adaptado de Nasser et al. (2010).
Figura 9 - Discos de chapa de liga de alumínio 2090-T3 usados no ensaio de 17
compressão: (a) disco não deformado, (b) deformado com grafite ( , (c)
teflon ( e (c) teflon ( . Adaptado de Barlat et al. (2003).
Figura 10 - Relação entre a deformação plástica verdadeira a 90 0 e 00 em relação a 19
direção de laminação do aço DP780. Adaptado de Panich et al. (2013).
Figura 11 - Deformações limites nos domínios de estiramento biaxial (2 > 0 e 1 > 0) e 20
estampagem (2 < 0 e 1 > 0). Adaptado de Bressan (2009).
Figura 12 - Curva Limite de Conformação (CLC) dos aços DP780 e TRIP780. Adaptado 22
de de Panich et al. (2013).
Figura 13 - Previsões da Curva Limite de Conformação dos aços (a) DP780 e (b) 23
TRIP780. Adaptado de de Panich et al. (2013).

xi
Figura 14 - Regiões avaliadas dos corpos de provas de chapa de aço bifásico DP600 24
ensaiados conforme a técnica de Nakazima. Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
Figura 15 - Micrografias das chapas do aço DP600 deformados pelo método de 25
Nakazima em função da largura do corpo de prova: (a) 60 mm, (b) 80 mm, (c) 100 mm,
(d) 120 mm, (e) 130 mm, (f) 140 mm e (g) geometria circular Adaptado de Björklund e
Nilsson (2014).
Figura 16 - Distribuição da deformação plástica na direção da espessura ao longo da 26
distância da fratura obtida em função do modo de deformação (geometria do corpo de
prova) imposto ao aço bifásico DP600 por meio do método de Nakazima. Adaptado de
Björklund e Nilsson (2014).
Figura 17 - Ampliação das regiões de fratura do aço DP600 deformado pelo método de 26
Nakazima: corpos de prova (a) largura 130 mm, (b) largura 140 mm e (c) geometria
circular. Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
Figura 18 - Superfícies de fratura dos corpos de provas do ensaio de Nakazima do aço 27
DP600: (a) largura 130 mm e (b) geometria circular. Adaptado de Björklund e Nilsson
(2014).
Figura 19 - Corpo de prova para realização de ensaios de tração uniaxial em chapas de 31
aços: (a) dimensões em mm (NBR-6673) (b) marcações efetuadas para vídeo
extensiometria.
Figura 20 - Metodologia de escolha da curva (x para análise do aço DP600 32

Figura 21 - Esquema da depuração de deformações limites na condição de fratura nos 35


corpos de prova ensaiados por expansão hidráulica.
Figura 22 - Ensaios de compressão de disco nas chapas de aços HSLA340, DP600 e 36
DP800: (da esquerda para direita): discos não deformados na primeira fileira e discos
deformados com carga de 40 kN na segunda fileira.
Figura 23 - Corpos de prova do ensaio de Nakazima para determinação da CLC dos aços 37
HSLA340, DP600 e DP800.
Figura 24 - Esquema de montagem do sistema de aquisição e correlação de imagens 38
digitais: (a) câmeras CCD, (b) visualização da tela do software e (c) iluminação externa.
Figura 25 - Metodologia de depuração de deformações limites segundo a ISO 12004- 40
2:2008: (a) deformações principais, (b) polinômio de 6º grau e (c) resultados obtidos para
corpo de prova 11 com diâmetro de 220mm do aço DP800.

xii
Figura 26 - Esquema dos procedimentos de análise adotados para avaliação das 42
deformações na direção da espessura e dos mecanismos de fratura dos corpos de prova
dos aços HSLA340, DP600 e DP800 deformados por um punção hemisférico (Nakazima)
nos ensaios de CLC.
Figura 27 - Esquema do modelo M-K (Adaptado de Freitas et al., 2013). 43

Figura 28 - Estado plano de tensões: (a) sistemas de eixos e (b) círculo de Mohr. 53

Figura 29 - Representação do critério de escoamento de Ferron et al. (1994). 54

Figura 30 - Micrografias dos aços: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800. Aumento 500X. 62

Figura 31 - Micrografias obtidas por MEV com aumento 20000X: (a) DP600 e (b) DP800. 62

Figura 32 - Comportamento em tração uniaxial do aço HSLA340 em função da orientação 64


angular em relação a direção de laminação da chapa.
Figura 33 - Comportamento em tração uniaxial do aço DP600 em função da orientação 66
angular em relação à direção de laminação da chapa.
Figura 34 - Comportamento em tração uniaxial do aço DP800 em função da orientação 67
angular em relação a direção de laminação da chapa.
Figura 35 - Comparação do comportamento em tração uniaxial na direção de laminação 68
dos aços HSLA340, DP600 e DP800.
Figura 36 - Valores médios dos limites de escoamento e resistência determinados em 68
ensaios de tração uniaxial dos aços HSLA340, DP600 e DP800.
Figura 37 - Valores médios das deformações máxima uniforme e deformações 69
determinados em ensaios de tração uniaxial dos aços HSLA340, DP600 e DP800..
Figura 38 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação de chapa de aço 70
HSLA340 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-deformação e
(b) índice de sensibilidade à taxa de deformação.
Figura 39 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação de chapa de aço 71
HSLA340 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-deformação e
(b) índice de sensibilidade a taxa de deformação.
Figura 40 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação das chapas dos 72
aços DP600 e DP800 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-
deformação e (b) índice de sensibilidade à taxa de deformação e (c) ajustes das curvas
tensão-deformação utilizando a equação de Swift modificada.
Figura 41 - Corpos de prova deformados nos ensaios de expansão hidráulica (bulge test). 74

xiii
Figura 42 - Comportamento plástico da chapa de aço HSLA340 em expansão hidráulica: 75
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da
chapa e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de
Swift.
Figura 43 - Comportamento plástico dos aços DP600 e DP800 em expansão hidráulica: 76
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da
chapa e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de
Swift.
Figura 44 - Comportamento em expansão hidráulica dos aços HSLA340, DP600 e 77
DP800.
Figura 45 - Resultados dos ensaios de compressão de disco realizados nas chapas dos 78
aços: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800.
Figura 46 - Corpos de prova do aço HSLA340 deformados nos ensaios de CLC. 79

Figura 47 - Deformações limites do aço HSLA340. 80

Figura 48 - Corpos de prova do aço DP600 deformados nos ensaios de CLC. 81

Figura 49 - Deformações limites do aço DP600. 82

Figura 50 - Corpos de prova do aço DP800 deformados nos ensaios de CLC. 83

Figura 51 - Deformações limites do aço DP800. 83

Figura 52 - Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de 84
prova do aço HSLA340 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação
(CLC).
Figura 53 - Distribuições das deformações plásticas na direção da espessura em função 85
da distância da fratura determinadas a partir dos corpos de prova de CLC do aço
HSLA340.
Figura 54 - Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HSLA340. 86
(Aumento 200X).
Figura 55 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340. 88

Figura 56 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340. 89

Figura 57 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340. 90

Figura 58 - Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de 91
prova do aço DP600 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).

xiv
Figura 59 - Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de 92
prova do aço DP600 do ensaio da curva limite de conformação.
Figura 60 - Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP600. 93
(Aumento 200X).
Figura 61 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600. 94

Figura 62 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600. 95

Figura 63 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600. 96

Figura 64- Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de 97
prova do aço DP800 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).
Figura 65- Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de 98
prova do aço DP800 do ensaio da curva limite de conformação.
Figura 66- Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP800. 99
(Aumento 200X).
Figura 67- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800. 100

Figura 68- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800. 101

Figura 69- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800. 102

Figura 70 - Previsões das deformações limites de uma chapa de aço AISI 1012. 105

Figura 71 - Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 107
obtidas com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.
Figura 72 - Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 109
obtidas com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.
Figura 73 - Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 110
obtidas com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério combinado de
estricção localizada e fratura dúctil.
Figura AI.1 - Fluxograma do modelo M-K (1º parte). 125

Figura AI.2 - Fluxograma do modelo M-K (2º parte). 127

Figura AI.3 - Fluxograma do modelo M-K (3º parte). 128

Figura AI.4 - Fluxograma do modelo M-K (4º parte). 130

Figura AI.5 - Fluxograma do modelo M-K (5º parte). 132

Figura AI.6 - Fluxograma do modelo M-K (final). 133

xv
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Quantificação metalográfica dos aços HSLA340, DP800 e TRIP800. 10


Adaptado Ozturk et al. (2013).
Tabela 2 - Ataques utilizados e identificação das fases através das diferenças de cores. 30

Tabela 3 - Composição química dos aços HSLA340, DP600 e DP800 (% peso). 60

Tabela 4 - Quantificação das fases presentes e tamanho médio de grãos da matriz dos 61
aços HSLA340, DP600 e DP800.
Tabela 5 - Propriedades mecânicas do aço HSLA340 obtidas em tração uniaxial. 63

Tabela 6 - Propriedades mecânicas do aço DP600 obtidas em tração uniaxial. 64

Tabela 7 - Propriedades mecânicas do aço DP800 obtidas em tração uniaxial. 66

Tabela 8 - Parâmetros da equação modificada de Swift determinados para os aços 73


HSLA340, DP600 e DP800 a partir de ensaios de tração uniaxial realizados em duas
velocidades.
Tabela 9 - Parâmetros da equação de encruamento de Swift determinados para os aços 76
HSLA340, DP600 e DP800 a partir de ensaios de expansão hidráulica.
Tabela 10 - Deformação relativa do aço HSLA340. 85

Tabela 11- Deformação relativa do aço DP60. 92

Tabela 12 - Deformação relativa do aço DP800. 98

Tabela 13 - Parâmetros do aço AISI1012 (Molaei** apud Nurcheshmeh e Green 2011). 104

Tabela 14 - Rugosidade média (m). 105

Tabela 15 - Parâmetros do critério de fratura do aço DP600 e DP800. 108

xvi
LISTA DE SÍMBOLOS

A - Área mm²
AHSS - Advanced Higt Strength Steel -
At - Alongamento total mm
CLC - Curva Limite de Conformação -
DP600 - Dual Phase 600 -
DP800 - Dual Phase 800 -
R - Coeficiente de anisotropia planar -
- Deformação plástica efetiva -
- Deformação equivalente de von Mises -
- Deformação longitudinal total verdadeira -
- Deformação total verdadeira na largura -
- Deformação total verdadeira na espessura -
- Deformação total verdadeira radial -
- Deformação total verdadeira circunferencial -
Ɛ0 - Pré-deformação -
- Taxa de deformação -
= Deformação limite na fratura no estado de deformação biaxial -
- Deformação limite na fratura no estado de deformação plana -
- deformação limite na fratura no estado de tração uniaxial -
F - Força N
f0 - Imperfeição geométrica inicial mm
HSS - High Strength Steels -
HSLA - High Strength Low Alloy -
- Espessura inicial da zona do defeito mm
- Espessura inicial da zona homogênea mm
- Espessura instantânea na zona defeituosa mm
- Espessura instantânea na zona homogênea mm
- Segundo invariantes do tensor das componentes desviadoras de tensão -
- Terceiro invariantes do tensor das componentes desviadoras de tensão -
K - Coeficiente de resistência MPa

xvii
l - Comprimento mm
m - Índice de sensibilidade a taxa de deformação -
n - Expoente de encruamento -
R - Coeficiente de anisotropia plástica de Lankford -
- Coeficiente de anisotropia plástica normal -
S - Largura mm
- Tensão de escoamento MPa
- Tensão limite de resistência MPa
- Tensão limite de ruptura MPa
σ - Tensão verdadeira MPa
σ1 - Maior tensão principal verdadeira no plano da chapa MPa
σ2 - Menor tensão principal verdadeira no plano da chapa MPa
σ3 -Tensão principal verdadeira na espessura MPa
- Tensão efetiva de martensita MPa
T - Temperatura absoluta K
TRIP- Transformation induced plasticity -
USIMINAS - Usinas Siderúrgicas de Minas -

xviii
1. INTRODUÇÃO GERAL

O setor automobilístico exerce um papel importante no processo de desenvolvimento


tecnológico e com isso surgem questões ambientais, sobretudo em relação à diminuição de
emissões de gases que causam o efeito estufa. Uma das propostas para atender estas
exigências, é a diminuição de massa do veículo visando a economia de consumo de
combustível e, portanto, reduzindo a emissão de gás carbônico (CO 2) na atmosfera. Algumas
soluções na tentativa de redução de massa dos veículos automotivos, visto o mercado glob al
cada vez mais competitivo e clientes mais exigentes, vêm sendo adotadas desde o final do
século passado. Em particular, (1) a utilização de aços avançados de alta resistência (AHSS,
Advanced High Strength Steels), (2) substituições de alguns componentes de aços por ligas de
alumínio e ligas de magnésio e (3) o emprego de polímeros e compósitos de fibra de vidro. De
acordo com o estudo realizado por Bethon (2005), um veículo automotivo é composto em
média por sete materiais diferentes, conforme distribuição na Figura 1. Nessa composição, os
materiais metálicos contribuem com cerca de 74% da massa, dos quais 70% são aços. Em
segundo lugar, os plásticos contribuem com 12% de massa e, por fim, 14% estão distribuídos
em materiais diversos, a saber, elastômeros, vidros, fluídos orgânicos e minerais, materiais
naturais, dentre outros.
3% 1% 2%
3%
5%
12%

74%

Metais Plásticos
Elastômeros Vidros

Figura 1- Diferentes materiais empregados na composição média de um veículo automotivo.


Adaptado de Bethon (2005).
1
Nesse contexto, a diminuição de massa dos metais utilizados nos veículos se torna
imprescindível. Por outro lado, uma alternativa são as ligas de alumínio e magnésio por terem
menores densidades quando comparadas aos dos metais, ou seja um caminho alternativo no
que se refere à diminuição de massa no setor automotivo. Atualmente as ligas de alumínio
atendem prontamente aos projetos para redução de massa como, a título de exemplo, a
caminhonete Ford 2015 F-150 que é a primeira produção de veículos em larga escala com
toda a carroceria em alumínio (317 kg mais leves em relação ao modelo anterior). Outras ligas
de alumínio têm sido desenvolvidas para se elevar a ductilidade, porém, com resistência mecânica
reduzida. Já as ligas de magnésio hoje em dia não atendem a muitos dos requisitos das
estruturas dos veículos em comparação às ligas de alumínio. Portanto, a otimização da
composição química, microestrutura e textura das diferentes ligas de alumínio e magnésio
destinadas às aplicações do setor automotivo continua a ser um grande desafio (Hirsch e Al-
Samman, 2013).
Ainda, outra alternativa amplamente utilizada no objetivo de redução de massa dos
metais no setor automotivo é a utilização dos aços avançados de alta resistência, que nos
últimos 20 anos foram o que mais se destacaram nesse setor. Dentre estes os aços, podem ser
destacados os aços bifásicos (Dual-Phase) e os aços TRIP (Transformation Induced
Plasticity). Estes aços são empregados na manufatura de peças que compõem a estrutura dos
veículos visando à segurança dos passageiros graças aos elevados valores do limite de
resistência mecânica e maior capacidade de absorção de energia em colisões (Castro, 2010).
Nesse contexto, os chamados aços avançados de alta resistência possibilitam a manufatura de
peças estampadas com menores espessuras e, por conseguinte, mais leves em comparação aos
demais aços. Uma representação da distribuição e aplicação dos aços em toda a estrutura de
um automóvel está representada na Figura 2. Percebe-se que os aços avançados de alta
resistência são utilizados nas partes dianteira e lateral do automóvel visando a segurança dos
passageiros.

Figura 2- Aplicações de chapas de aços alta resistência na estrutura de um veículo


automotivo (adaptado de Worldautosteel, 2014).
2
Contudo, esses aços quando conformados mecanicamente apresentam algumas
características que podem dificultar a precisão e geometria da peça final estampada ou
dobrada. Em primeiro lugar, efeitos indesejáveis de forma e geometria devido às tensões
residuais, conhecidos como efeitos de retorno elástico (springback), os quais podem ter lugar
após um processo de estampagem ou dobramento, no qual a peça tende a retornar a sua
geometria inicial e, assim, resultar em variações nas medidas finais e formas esperadas
(Chalal et al., 2012). Em segundo lugar, variações no comportamento plástico em função da
taxa de deformação (Ozturk et al., 2013). Por fim, diferentemente dos aços convencionais que
quando conformados apresentam somente um tipo de fratura precedida pela estricção
localizada, as chapas de aços avançados de alta resistência apresentam variações do tipo de
fratura em função do modo de deformação, a saber, fratura dúctil precedida por cisalhamento,
fratura dúctil precedida por tensão e fratura dúctil precedida por instabilidade plástica na
direção da espessura (Björklund et al., 2014). Sendo assim, estes aspectos são relevantes para
um melhor entendimento nos processos de conformação dos aços avançados de alta
resistência.
Um forte aliado do processo de conformação de chapas são as previsões teóricas ou
numéricas da Curva Limite de Conformação (CLC) que vêm sendo desenvolvidas com
sucesso, porém, na descrição fenomenológica do comportamento plástico de chapas de aços
tradicionais. Com o avanço e o surgimento de novos aços, as considerações que há 30 anos
atendiam perfeitamente a previsão das deformações limites de chapas de aços existentes
naquela época e, que possivelmente contribuíram com a simulação computacional por meio
do método de elementos finitos em aplicações industriais, nos últimos anos tiveram que ser
complementadas com novos estudos e avaliações na tentativa de descrever melhor o
comportamento em serviço de chapas de aços empregados na atualidade.
Na tentativa de investigar e compreender melhor o comportamento mecânico de aços
avançados de alta resistência, recentemente, Kim et al. (2013) avaliaram o comportamento
plástico dos aços DP590 e TRIP590 por meio de ensaios de tração uniaxial, tração biaxial,
expansão hidráulica e conformabilidade por meio do ensaio de altura limite do domo
(Limiting Dome Heigth). Em seguida realizaram uma simulação computacional por meios de
elementos finitos comparando três critérios de escoamento diferentes, a saber: von Mises, Hill
(1948) e Yld2000 (Barlat et al., 2003). Os autores concluíram que o critério de Barlat (2013),
apesar de não apresentar precisão nos resultados, foi o que obteve a melhor previsão

3
computacional entre os três critérios de escoamento no que se refere ao comportamento
plástico desses aços no ensaio de altura limite do domo (Limiting Dome Heigth).
Panich et al. (2013) avaliaram experimentalmente as deformações limites dos aços
avançados de alta resistência DP780 e TRIP780 e desenvolveram um modelo
desconsiderando as deformações elásticas (rígido plástico) do tipo Marciniak–Kuczinsky (M-
K) utilizando um critério de parada por estricção localizada amplamente utilizado com
sucesso na previsão das deformações limites de aços convencionais. Os autores observaram
que os resultados das previsões da Curva Limite de Conformação do referido modelo não
foram coerentes quando comparados com a Curva Limite de Conformação determinada
através de ensaios experimentais. Corroborando assim, com a necessidade de realização de
novos estudos e avaliações em relação aos aços avançados de alta resistência, sobretudo para
identificar um critério de parada que melhor descreva a fratura e o comportamento desses
aços.
Tendo em vista que alguns pontos ainda não foram bem compreendidos em relação
ao comportamento plástico dos aços avançados de alta resistência, como por exemplo, a
mecânica da fratura, possíveis variações que podem ocorrer no processo de conformação
mecânica e que os modelos existentes ora atendem o lado esquerdo da Curva Limite de
Conformação ora o lado direito. Um estudo detalhado visando compreender melhor o
comportamento desses aços se fez necessário.
Com essa finalidade, o trabalho desta tese de doutorado foi dividido em três etapas.
Primeiro, foram realizados ensaios mecânicos visando à avaliação do comportamento plástico
de chapas dos aços avançados de alta resistência DP600 e DP800 e, para fins de comparação,
do aço de alta resistência e baixa liga HSLA340. Em seguida, foi realizada uma
caracterização microestrutural possibilitando quantificar as fases presentes e avaliar o tipo de
fratura associados com os modos de deformação impostos nos ensaios de CLC dos aços
DP600, DP800 e HSLA340. Por fim, foi desenvolvido um modelo elasto-plástico para a
previsão das deformações limites que compõem a CLC.

4
2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o comportamento plástico de chapas de aços bifásicos DP600 e DP800 e do


aço HSLA340 por meio de ensaios mecânicos de tração uniaxial, expansão hidráulica,
compressão de disco e Curva Limite de Conformação (CLC).

2.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar as microestruturas das chapas de aços HSLA340, DP600 e DP800 empregando-


se técnicas de metalografia quantitativa;
- Avaliar o encruamento e anisotropia plástica de chapas dos aços HSLA340, DP600 e DP800
por meios de ensaios de tração uniaxial e compressão de disco;
- Avaliar a sensibilidade à taxa de deformação dos aços HSLA340, DP600 e DP800 por meio
de ensaios de tração uniaxial;
- Avaliar o comportamento plástico sob condições de grandes deformações por meio de
ensaios de expansão hidráulica dos aços HSLA340, DP600 e DP800;
- Avaliar por meio de ensaios com punção hemisférico (Nakazima) a CLC dos aços DP600,
DP800 e HSLA340 nas condições de estricção (CLCE) e fratura (CLCF);
- Avaliar com auxílio de técnicas de microscopia os tipos de fratura associados com os modos
de deformação impostos nos ensaios de CLC dos aços DP600, DP800 e HSLA340;
- Desenvolver um modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysinki para previsão da CLC
dos aços DP600, DP800 e HSLA340.

5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Introdução

A indústria automotiva vem se aprimorando com os avanços metalúrgicos obtidos


nas últimas décadas. Apesar de um bom alongamento proporcionando uma boa
conformabilidade, os chamados aços convencionais foram perdendo espaço neste setor
primeiramente para os aços com maior limite de resistência em tração uniaxial, a saber, aços
de alta resistência e baixa liga (High Strength Low Alloy, HSLA). Os aços HSLA são
considerados ainda convencionais, entretanto, pertencentes à família dos aços de alta
resistência (High Strength Steels, HSS). Devido à demanda pelo uso de aços com maior
capacidade de absorção de energia em colisões, surgiu assim uma nova família de aços
denominada de primeira geração de aços avançados de alta resistência (Advanced High
Strength Steels, AHSS). Pertencente a essa primeira geração estão os aços bifásicos (Dual-
Phase, DP) e os aços sujeitos aos efeitos de plasticidade induzida por transformação de fases
(Transformation Induced Plasticity, TRIP).
Com a crescente demanda da indústria automotiva com projetos mais arrojados,
exigindo assim, um melhor desempenho em relação à estampabilidade e diminuição de massa
favorecendo a preservação do meio ambiente por meio da redução de consumo de
combustível, surgiu então a segunda geração de aços avançados de alta resistência. Nesta
nova família, os aços TWIP com efeitos de plasticidade induzida por maclação (Twinning
Induced Plasticity) tem destaque por apresentarem elevados valores de alongamento,
resistência mecânica e elevado nível Mn (~ 20% em peso) (Aydin et al., 2013).
Os aços pertencentes a uma terceira geração estão sob fortes considerações com
propriedades intermediárias entre as duas últimas gerações. Uma representação gráfica
6
clássica do desenvolvimento dos aços relacionados à resistência mecânica e alongamento é
apresentada na Figura 3.

Figura 3 – Propriedades mecânicas e gerações dos aços avançados de alta resistência


(AHSS). Adaptado de Aydin et al. (2013).

Na representação da Figura 3, os aços convencionais são os aços que apresentam um


baixo limite de resistência entre 120 a 300 MPa, contudo, apresentam um bom alongamento e
excelente conformabilidade. Dentre estes, os aços livres de intersticiais (Interstitial Free, IF),
que surgiram na década de setenta, os quais apresentam níveis baixíssimos de elementos
intersticiais como o Carbono e o Nitrogênio. Isto é alcançado durante o processo de refino na
aciaria por meio da adição de elementos estabilizantes formadores de carbonetos e nitretos
como o Titânio e o Nióbio. É notório que a redução dos teores de carbono favorece a
formação de uma textura de recristalização favorável à conformabilidade dos aços
(Hutchinson, 1984). Já os aços doces “macios” (Mild steel), também considerados
convencionais, possuem em sua microestrutura base ferrítica e apresentam teores de Carbono
entre 0,008 a 0,25%, Manganês entre 0,4 a 0,7% e Silício 0,1 a 0,5%. Ademais, apresentam
uma boa capacidade de conformação mecânica, baixa dureza, boa soldabilidade e um baixo
limite de resistência.
Os aços convencionais de alta resistência (High Strength Steels, HSS) são os que
apresentam limite de resistência de 270 a 700 MPa. Estes aços apresentam matriz ferrítica ou
7
ferrítica-perlítica (Bleck et al., 2009). Na classe de aços convencionais de alta resistência
(HSS), destacam-se os aços com efeito “Bake Hardening” (BH) que promovem
endurecimento adicional durante o tratamento térmico de envelhecimento. Os demais aços
nesta classe são : (1) os aços livres intersticiais de alta resistência (IF-HS) endurecidos por
meio da adição de Manganês (Mn) e Fósforo (P), (2) os aços isotrópicos (ISO) que
apresentam média resistência ao escoamento e comportamento isotrópico, (3) os aços C-Mn
com maiores teores de Carbono (C), Manganês (Mn) e Silício (Si) que promovem o
mecanismo de endurecimento por solução sólida e (4) os aços de alta resistência baixa liga ou
microligados (High Strength Low Alloy, HSLA) endurecidos pela adição de microligantes
como Titânio (Ti) e Nióbio (Nb).

3.2 Aços avançados de alta resistência (AHSS)

No final do século XX e início do XXI, a primeira geração dos aços avançados foi
desenvolvida com o surgimento dos aços sujeitos aos efeitos de transformação de fases
induzida por plasticidade (Transformation Induced Plasticity, TRIP), os aços de fases
complexas (Complex Phase Steel, CP), os aços martensíticos (MART) e os aços de estrutura
bifásica (DP). Segundo Asgari et al. (2008), a principal diferença entre os aços avançados de
alta resistência (AHSS) e os convencionais de alta resistência (HSS) está na microestrutura.
Os aços convencionais são aços ferríticos monofásicos ou ferríticos-perlíticos. Já os aços
avançados de alta resistência são principalmente aços com uma microestrutura contendo uma
fase diferente de ferrita, perlita, ou cementita contendo martensita, bainita, austenita, e ou
austenita retida.

3.2.1 Aços com plasticidade induzida por transformação de fases (TRIP)

Esses aços são o que apresentam melhor combinação entre limite de resistência e
alongamento quando comparados com os outros aços da mesma geração. São aços
multifásicos, ou seja, contém em sua microestrutura fases de ferrita bainita (  e
austenita metaestável retida ( . A austenita metaestável pode sofrer transformação
martensítica (’) induzida por deformação plástica à temperatura ambiente. Dan et al. (2007)
observaram que a gradual transformação da austenita retida em martensita induzida por
deformação aumenta a resistência desses aços. Esta transformação de fases austenita-
martensita depende do estado de tensão, temperatura e a taxa de deformação (Hecker et al.,

8
1982). Segundo Gorni (2008) se, por acaso, a transformação de fases ocorrer inteiramente
logo no início do processo por deformação a frio, o material não apresentará uma elevada
ductilidade. É necessário que a austenita se mantenha estável até serem atingidos altos graus
de deformação a frio, já que essa fase retarda o processo de estricção que ocorre sob
solicitações de tração através de sua transformação à martensita nos pontos do material onde
ocorrem concentrações de tensão. Portanto, é importante retardar a transformação da austenita
retida até os estágios finais da deformação, quando ocorre acúmulo significativo de danos no
aço. É justamente nesse ponto que o efeito benefício da plasticidade induzida pela
transformação de fases pode ser maximizado.

3.2.2 Aços bifásicos (DP)

Um dos recursos disponíveis para se maximizar simultaneamente a ductilidade e


resistência mecânica dos aços consiste na obtenção de microestruturas mais complexas do que
ferríticas ou ferrítica-perlíticas, normalmente presentes nas ligas comuns de baixo Carbono.
Essa abordagem tem fundamentos nas interações mais complexas que ocorrem entre vários
constituintes presentes na microestrutura, os quais também devem apresentar variações
significativas de dureza entre si. No final da década de 1970 surgiu o primeiro
desenvolvimento nesse sentido, o assim chamado aço bifásico (Dual Phase) que, como seu
nome dá a entender, apresenta microestrutura constituída por uma matriz com 80 a 85% de
*
ferrita poligonal macia e 15 a 20% de martensita dura (Rashid apud Gorni, 2008). A
microestrutura bifásica, com seu arranjo particular de ilhas duras dispersas numa matriz
macia, apresenta uma série de características mecânicas que lhe assegura boa
conformabilidade: escoamento contínuo, ou seja, ausência do patamar de escoamento típico
dos aços ferrítico-perlíticos, mesmo microligados; limite de escoamento entre 300 e 380 MPa;
alto coeficiente de encruamento n, entre 0,2 e 0,3; limite de resistência entre 620 e 655 MPa;
baixa razão elástica, entre 0,5 e 0,6; e alongamento total superior a 27% (Gorni, 2008).
Ozturk et al. (2013) quantificaram as fases presentes dos aços HSLA340, DP600 e
DP800, onde segundo Jeong et al. † apud Ozturk et al. (2013) a austenita retida se apresenta na
cor branca, bainita e martensita na cor preta. O tamanho de grão foi determinado conforme a

*
Rashid, M.S. GM 980X – Potential Applications and Review. International Automotive Engineering Congress
and Exposition. S.A.E. Technical Publication n° 770211. Detroit, Feb-Mar, p. 12, 1977.

Jeong, W. C., Matlock, D. K., Krauss, G., Observation of Deformation and Transformation Behavior of
Retained Austenite in a 0.14C - 1,2.Si - 1,5Mn Steel With Ferrite-Bainite-Austenite Structure, Materials Science
and Engineering, Vol. 165, p. 1, 1993.
9
norma ASTM E562-02. Os percentuais das fases presentes e tamanhos médios de grãos destes
aços estão listados na Tabela 1.

Tabela 1- Quantificação metalográfica dos aços HSLA340, DP800 e TRIP800. Adaptado de


Ozturk et al. (2013).

Aço Fração volumétrica (%) Tamanho de


Ferrita Martensita Bainita Austenita ret. grão (m)
HSLA340 100 - - - 12,20
DP800 74 26 - - 5,16
TRIP800 71 3,8 11,40 13,80 4,70

3.2.3 Aços de fases complexas (Complex Phase, CP)

Os aços de fases complexas (Complex Phase, CP) têm sua microestrutura multifásica
e são caracterizados com uma microestrutura muito fina de matriz ferritíca e uma elevada
fração volumétrica de fases mais duras como, por exemplo, por meio da formação de
precipitados de Nióbio, Titânio ou Vanádio. Isso permite que que o aço CP alcance limites de
resistência da ordem de 800 a 1.000 MPa em função da presença de 80 a 90% de bainita ( ),
5 a 10% de ferrita () e 5 a 10% de martensita (’).

3.3 Comportamento plástico de aços de alta resistência

O comportamento plástico dos aços avançados de alta resistência pode ser avaliado
por meio de diversos tipos de ensaios mecânicos igualmente realizados nos aços
convencionais, a saber, tração uniaxial, expansão hidráulica, fadiga, cisalhamento,
estampagem, dentre outros. Os principais ensaios empregados na avaliação de conformação
de chapas de aços são aqui revisados, porém, com ênfase nas características do
comportamento plástico de chapas de aços avançados de alta resistência.

3.3.1 Ensaio de tração uniaxial

Devido à simples execução aliado aos baixos custos e fácil interpretação de


resultados, o ensaio de tração uniaxial é amplamente utilizado na obtenção de propriedades
mecânicas de chapas, a saber, módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young (E),
limite de escoamento (e), expoente de encruamento (n), anisotropia plástica ou coeficiente de

10
Lankford (R), limite de resistência (r), alongamento uniforme (u) e alongamento total (t),
entre outros.
Ozturk et al. (2013) avaliaram o comportamento dos aços HSLA340, DP800 e
TRIP800 por meios de ensaios de tração uniaxial em função da taxa de deformação nominal
(0,0017 s-1; 0,0083 s-1; 0,083 s-1 e 0,17 s-1), conforme resultados apresentados nas Figura 4 e
5. Esses autores verificaram que os aços DP800 e TRIP800 apresentaram aumento do limite
de escoamento com a taxa de deformação. Em particular, o aço DP800 apresentou maior
variação e um limite de escoamento superior. Na gama de taxas de deformação avaliada neste
trabalho, verificou-se pouca influência da taxa de deformação nos valores do limite de
escoamento (e) e expoente de encruamento (n) do aço HSLA340. Por outro lado, os aços
DP800 e TRIP800 apresentaram uma queda no expoente de encruamento com o aumento da
taxa de deformação.

Figura 4 – Comportamento em tração uniaxial dos aços HSLA340, DP800 e TRIP800 em


função da taxa de deformação: (a) 0,0017 s -1; (b) 0,0083 s-1; (c) 0,083 s-1 e (d) 0,17 s-1.
Adaptado de Ozturk et al. (2013).

11
(a) (b)
Figura 5 – Propriedades mecânicas dos aços DP800, TRIP800 e HSLA340 em função da taxa
de deformação: (a) limite de escoamento em tração uniaxial e (b) expoente de encruamento.
Adaptado de Ozturk et al. (2013).

Lajarin (2012) avaliou a variação do módulo de elasticidade de chapas de aços


HSLA340, DP600 e DP780 por meio de ensaios de tração uniaxial em sequências de
carregamento plástico e descarregamento realizadas em função do nível de deformação
plástica. Os resultados obtidos por Lajarim (2012), em função da orientação do corpo de
prova em relação a direção de laminação (0, 45 e 90º), revelam uma degradação do módulo de
Young dos aços HSLA340, DP600 e DP800 com o aumento da deformação plástica,
conforme Figura 6. Até a deformação plástica 0,09 foi observado que o módulo de Young do
HSLA340 apresentou um decréscimo de ~19%. Para o aço DP600 a redução foi em média ~
21% até um nível de deformação plástica cerca de 0,09. Para o aço DP780 a diminuição no
módulo de Young foi em média ~ 20% até cerca de 0.07 de deformação plástica. Nos
resultados na direção de laminação, a redução do modo de Young destes aços foi mais
acentuada no intervalo de deformação plástica 0,03 < ε < 0,05. Com bases nos valores médios
obtidos nas três orientações angulares, Lajarim (2012) propôs um ajuste polinomial para
descrever a variação do módulo de Young dos aços HSLA340, DP600 e DP780 em função da
deformação plástica em tração uniaxial.

12
(a)

(b)

(c)
Figura 6 – Variação do módulo de elasticidade em função da deformação plástica em tração:
(a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP780 (Lajarim, 2012).

3.3.2 Ensaio de Expansão Hidráulica (Hydraulic Bulge Test)

O ensaio de expansão hidráulica (bulge test) possibilita avaliar o comportamento


plástico de chapas sob grandes deformações, sobretudo sob condições de estiramento biaxial.
Os resultados deste ensaio são determinados a partir de medidas de pressão do fluido
hidráulico e as deformações na superfície do corpo de prova, o qual usualmente possui a
forma de um esboço circular. Assumindo a hipótese de estado plano de tensões, razoável para

13
chapas finas, a teoria da membrana adotada por Panknin, ‡ apud Gutscher et al. (2004) fornece
na condição de equilíbrio de forças de uma calota a seguinte relação:

(3.1)

na qual são as componentes de tensões principais na superfície da chapa, e são


os raios de curvatura da superfície, é a pressão interna e t é a espessura instantânea da
calota. Para o caso de um esboço circular sob pressão interna, conforme esquematizado na
Figura 7, tem-se a formação de um domo esférico com simetria axial e, portanto:

(3.2)

enquanto que o raio do domo passa a ser igual a:

(3.3)

Portanto, a Equação (3.1) fica reduzida a:

(3.4)

na qual é a espessura do esboço no cume do domo.


Panknin, W., Der hydraulische Tiefungsversuch und die Ermittlung von Fließkurven (The hydraulic bulge test
and the determination of the flow stress curves), Dissertation, Institute for Metal Forming Technology University
of Stuttgart, Germany, 1959.
14
Figura 7– Esquema do ensaio de expansão hidráulica (Nasser et al., 2010).

Gutscher et al. (2004) consideram a influência da tensão média (pressão hidrostática)


para calcular a tensão equivalente pelo critério de Tresca por:

(3.5)

ao passo que no caso do critério de von Mises a tensão equivalente é definida no estado plano
de tensão por:

(3.6)

Assumindo a condição de incompressibilidade plástica, a deformação equivalente


pode ser definida em função das deformações na direção da espessura (Gutscher et al.,
2004):

(3.7)

Para considerar os efeitos de anisotropia plástica planar, Nasser et al. (2010)


adotaram o critério anisotrópico de Hill (1990), o qual corrige o critério isotrópico de von
Mises :

(3.8)

15
em função dos coeficientes de anisotropia plástica determinados nas orientações paralela e
perpendicular a direção de laminação da chapa.
Nasser et al. (2010) avaliaram o comportamento plástico dos aços DP600 e DP780
por meio de ensaios de tração uniaxial e expansão hidráulica. As curvas tensão-deformação,
apresentadas na Figura 8, demonstram primeiro a grande capacidade de deformação obtida
sob condições de expansão biaxial em comparação aos resultados obtidos nos ensaios de
tração.

(a)

(b)
Figura 8 – Curvas em medidas verdadeiras tensão-deformação determinadas a partir de
ensaios de tração uniaxial e expansão hidráulica em chapas de aços: (a) DP600 e (b) DP780.
Adaptado de Nasser et al. (2010).

Em segundo lugar, os efeitos de microestrutura dos aços bifásicos DP600 e DP780,


os quais possuem frações distintas de martensita. No caso presente, melhor resposta em
termos de taxa de encruamento do aço DP780 graças a maior fração volumétrica de fase
martensitíca, porém, em detrimento da máxima deformação, a qual é maior no aço DP600 em

16
razão da menor fração de martensita. Por fim, é possível observar que as correções dos efeitos
de anisotropia plástica nas curvas de escoamento em expansão hidráulica do aço DP600
ficaram abaixo dos valores experimentais, e do aço DP780 os valores das correções ficaram
acima. Esse fato está relacionado com os valores de anisotropia plástica e
do aço DP600, e e do aço DP780. Ou seja, os valores

da raiz quadrada da razão que foram determinados são: 0,981 do aço DP600 e

1,031 do aço DP780, resultando em valores inferiores e superiores quando comparados às


curvas experimentais, respectivamente.

3.3.3 Compressão de disco

A anisotropia plástica de chapas pode também ser avaliada por meio do ensaio de
compressão de disco proposto originalmente por Barlat et al. (2003). Estes autores avaliaram
o comportamento de chapas da liga de alumínio 2090-T3 com 1,6 mm de espessura nominal
por meio de ensaios de compressão de disco 12,7 mm de diâmetro utilizando lubrificantes
como grafite aerossol e teflon com 2,54 m de espessura, mostrados na Figura 9 em função da
deformação verdadeira na direção da espessura.

(a) (b) (c) (d)


Figura 9 – Discos de chapa de liga de alumínio 2090-T3 usados no ensaio de compressão:
(a) disco não deformado, (b) deformado com grafite ( , (c) teflon ( e
(c) teflon ( . Adaptado de Barlat et al. (2003).

Assumindo-se a hipótese de incompressibilidade plástica, as deformações plásticas


na direção da espessura podem ser determinadas a partir dos valores de deformações plásticas
nas orientações paralela ) e transversal ( ) em relação à direção de laminação da chapa
(DL). Estas deformações plásticas, por sua vez, são calculadas a partir das variações de

17
diâmetro do disco medidas em função da deformação imposta durante o ensaio de
compressão, ou seja:

(3.9)

(3.10)

nas quais e são os diâmetros final e inicial a 0 graus em relação à direção de


laminação, e e os diâmetros final e inicial a 90 graus em relação à direção de
laminação da chapa.
Deste modo, a medida de anisotropia plástica pode ser definida pela razão entre as
deformações plásticas nas direções transversal ( e paralela ( a direção de laminação
da chapa:

(3.11)

O coeficiente fornece uma medida de anisotropia plástica sob condições de um


estado de deformação biaxial. Panich et al. (2013) avaliaram os aços DP780 e TRIP 780
empregando o ensaio de compressão com discos de 6 mm de diâmetro e 1,2 mm de espessura.
Estes autores utilizaram graxa de grafite como lubrificante e iniciaram com uma força de
compressão de 50 kN aumentando a cada 4 kN até 82 kN. Com esta metodologia foram
obtidos os valores de iguais a 0,93 e 0,90 para as chapas de aços DP780 e TRIP780,
respectivamente. Os resultados das deformações plásticas determinadas a partir dos ensaios de
compressão de discos do aço DP780 estão apresentados na Figura 10, na qual o coeficiente de
anisotropia é determinado a partir de um ajuste linear.

18
Figura 10 – Relação entre a deformação plástica verdadeira a 90 0 e 00 em relação a direção
de laminação do aço DP780. Adaptado de Panich et al. (2013).

Os valores dos limites de escoamento obtidos em ensaios tração uniaxial


( ), limite de escoamento biaxial simétrico determinado no ensaio de expansão
hidráulica ( ) em conjunto como os coeficientes de anisotropia plástica em tração uniaxial
( ) e compressão de disco ( são empregados na identificação de parâmetros de
critérios de plasticidade anisotrópica (Barlat et al., 2003).

3.3.4 Curva Limite de Conformação (CLC)

Introduzido primeiramente por Keeler e Backofen (1964) e estendido mais tarde por
Goodwin (1968), o conceito de Diagrama Limite de Conformação (DLC) ainda continua
sendo uma ferramenta muito importante na etapa de projeto e no processo de estampagem,
com intuito de evitar falha devido à estricção localizada ou ruptura. O DLC é definido nos
eixos ( ) e ( ) de menor e maior deformações principais no plano da chapa respectivamente.
A curva obtida para trajetórias de deformações lineares é denominada Curva Limite de
Conformação (CLC). A utilização do conceito de CLC no chão de fábrica ajuda a definir uma
janela de trabalho, sobretudo, nas etapas de tentativas-e-erros (tryout steps), assim como na
avaliação do grau de deformação que uma chapa metálica pode suportar num determinado
processo de conformação. Em outras palavras, a Curva Limite de Conformação separa a
região de sucesso de uma operação de conformação de chapas (parte inferior da curva) da
região de falha (parte superior da curva). A CLC pode ser obtida a partir de ensaios de

19
laboratório, modelos teóricos e numéricos visam avaliar as deformações limites nas condições
de estricção localizada e fratura.
A Figura 11 esquematiza a Curva Limite de Conformação (CLC) representada no
sistema de eixos formado pelos valores das menores ( ) e maiores ( ) deformações
principais, as quais, por sua vez, podem ser obtidas a partir de grade de círculos impressos na
superfície da chapa. As duas regiões que compõem a CLC, separadas pela deformação plana
( , são definidas em função da menor deformação principal pelos domínios de
estiramento biaxial ( e estampagem (

Figura 11 – Deformações limites nos domínios de estiramento biaxial (2 > 0 e 1 > 0) e
estampagem (2 < 0 e 1 > 0). Adaptado de Bressan (2009).

Para a determinação da CLC os corpos de provas são confeccionados com variações


na largura a fim de reproduzirem o modo de deformação, e sobre a superfície é feita uma
gravação em forma de grade por meio de ataque eletrolítico, seja circular ou quadrada, para
serem realizadas as avaliações das deformações sofridas durante ou após o ensaio a saber: 1
e 2, maior deformação principal na superfície e menor deformação principal na superfície
respectivamente. Esses corpos de prova são levados até a fratura e imediatamente após a
fratura o deslocamento do punção é interrompido. Para o ensaio ser válido, a fratura tem que
estar localizada na região central do punção.

20
Maior deformação principal na superfície ou deformação longitudinal ( ),

(3.12)

D é diâmetro final e D0 é diâmetro inicial da maior deformação principal;


A menor deformação principal na superfície ou deformação transversal ( ) está
representada por,

(3.13)

d é o diâmetro final e d0 o diâmetro inicial da menor deformação principal;


A deformação principal verdadeira na espessura ( ) está representada por,

(3.14)

t é a espessura final e t0 a espessura inicial.


A CLC é construída em função das deformações principais na superfície, ou seja,
maior deformação principal na superfície (1) versus menor deformação principal na
superfície (), assumindo a conservação de volume a deformação principal na espessura ()
pode ser determinada pela Equação (3.15), a saber,

(3.15)

(3.16)

Marciniak (1967), utilizando um punção cilíndrico de fundo plano, e Nakazima


(1968) utilizando um punção hemisférico, deram contribuições relevantes na execução dos
ensaios para a determinação da CLC. Os ensaios de Marciniak e Nakazima, como são
denominados, serviram como referência para o estabelecimento de normas técnicas de
definição da CLC, como, por exemplo, a norma ISO 12004-2:2008. Ambos os procedimentos
utilizam chapas de diferentes larguras para avaliação de diferentes estados de deformação
21
levando-as até a fratura, obtendo-se a curva limite de conformação na fratura com métodos de
depuração na seção fraturada e a curva limite de conformação na estricção com métodos de
depuração na seção próxima à fratura do material onde ocorreu a estricção.
Panich et al. (2013) avaliaram as deformações limites dos aços DP780 e TRIP780,
representadas na Figura 12, verificando que o aço TRIP apresenta maior conformabilidade em
comparação ao aço bifásico, sobretudo no domínio de estiramento biaxial.

Figura 12 – Curva Limite de Conformação (CLC) dos aços DP780 e TRIP780. Adaptado de
de Panich et al. (2013).

Nas últimas três décadas, as previsões de modelos da Curva Limite de Conformação


(CLC) demonstraram grande relevância na avaliação do comportamento plástico de chapas,
sobretudo, quando empregadas em conjunto com pacotes específicos de elementos finitos
para simulações de processos industriais conformação de chapas nas etapas de tentativas-e-
erros. Nesse contexto, destaca-se o modelo de localização de deformações plásticas proposto
originalmente por Marciniak e Kuczynski (1967). Neste tipo de modelo é assumida a
existência de uma heterogeneidade inicial na chapa que pode ser definida como uma pequena
variação de espessura (imperfeição geométrica) ou por uma variação de propriedades
mecânicas (heterogeneidade material).
Panich et al. (2013) desenvolveram um modelo do tipo Marciniak-Kuczynski para
previsão da CLC de chapas de aços DP780 e TRIP780. Para obtenção das deformações
limites, estes autores adotaram o critério de estricção localizada. Ainda, foram avaliados os
critérios de escoamento de von Mises, Hill (1948) e Barlat et al. (2003) adotando duas
equações de encruamento isotrópico (Voce e Swift). Os autores verificaram que o modelo
desenvolvido não apresentou acurácia nas previsões das deformações limites quando
22
comparado aos resultados experimentais dos dois aços. Percebe-se que no domínio de
estampagem, lado esquerdo da curva, as previsões das deformações limites ficaram com
valores inferiores e já no domínio de deformação biaxial, lado direito da curva, alternando
com valores superiores e inferiores quando comparados com os valores experimentais.
Contudo o modelo que utilizou o critério de escoamento Barlat et al. (2003) com a equação de
encruamento isotrópico de Swift apresentou o melhor resultado, principalmente no domínio
de deformação biaxial, conforme Figura 13.

(a) (b)
Figura 13 – Previsões da Curva Limite de Conformação dos aços (a) DP780 e (b) TRIP780.
Adaptado de de Panich et al. (2013).

Björklund e Nilsson (2014) avaliaram os mecanismos de fratura presentes em uma


chapa de aço bifásico DP600 contendo 75% e 25% de ferrita e martensita, respectivamente.
Estes autores analisaram amostras retiradas de corpos de prova deformados de acordo com o
procedimento de ensaios de Nakazima (punção hemisférico), conforme esquema na Figura 14,
para analisaram a distribuição de deformação plástica na direção espessura em função da
distância da fratura assim como os aspectos de superfície de fratura por meio das técnicas de
microscopia óptica (MO) e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

23
Figura 14 – Regiões avaliadas dos corpos de provas de chapa de aço bifásico DP600
ensaiados conforme a técnica de Nakazima. Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).

Conforme Figura 15, as imagens obtidas por técnicas de microscopia óptica


apresentam uma inclinação para todos os corpos de prova, o que indica que a fratura final é
determinada por um corte. Ainda, Björklund et al., (2014) concluíram que o principal
interesse seria o início da fratura e com análise de redução da espessura em conjunto com
orientações dos grãos classificaram os tipos de fratura, a saber: fratura dúctil precedida de
tensão, fratura dúctil precedida por cisalhamento e se uma pronunciada redução da espessura
é observada perto da superfície da fratura, a falha é definida como fratura dúctil precedida por
instabilidade de espessura.

24
Figura 15 – Micrografias das chapas do aço DP600 deformados pelo método de Nakazima
em função da largura do corpo de prova: (a) 60 mm, (b) 80 mm, (c) 100 mm, (d) 120 mm,
(e) 130 mm, (f) 140 mm e (g) geometria circular Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).

Björklund e Nilsson (2014) determinaram a deformação plástica na espessura em


função da distância da fratura, conforme distribuição de deformações apresentada na Figura
16. Devido à pronunciada queda da espessura próximo à região de fratura, os corpos de prova
de larguras de 20 a 120 mm apresentaram mecanismo de fratura precedido pela instabilidade
plástica ao longo da espessura. Nos corpos de prova com larguras de 130 mm, 140 mm e
geometria circular não foram identificados os tipos de fratura pela variação de espessura.

25
Ampliando-se as imagens obtidas por microscopia óptica, verifica-se que o corpo de prova
com largura de 130 mm teve grãos rotacionados que apresentam tendência de alinhamento
com a orientação da fratura, conforme Figura 17(a). Björklund e Nilsson (2014) indicam que
estas características são típicas de um mecanismo de fratura dúctil precedida por
cisalhamento. Por outro lado, os corpos de prova de largura 140 mm e geometria circular não
apresentaram afinamento brusco de espessura tampouco rotação de grãos, conforme Figuras
17(b) e 17(c), respectivamente, indicando assim uma fratura dúctil precedida por tensão
(Björklund e Nilsson, 2014).

Figura 16 – Distribuição da deformação plástica na direção da espessura ao longo da


distância da fratura obtida em função do modo de deformação (geometria do corpo de prova)
imposto ao aço bifásico DP600 por meio do método de Nakazima. Adaptado de Björklund e
Nilsson (2014).

Figura 17 – Ampliação das regiões de fratura do aço DP600 deformado pelo método de
Nakazima: corpos de prova (a) largura 130 mm, (b) largura 140 mm e (c) geometria circular.
Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).

As superfícies de fratura dos corpos de provas com largura de 130 mm, 140 mm e
geometria circular foram avaliadas por MEV. Conforme Figura 18(a), o corpo de prova com
largura de 130 mm apresentou aspecto plano na superfície da fratura e os autores associaram

26
esse aspecto à fratura dúctil por cisalhamento, visto que esse corpo de prova apresentou
rotação de grão próximo à fratura, conforme Figura 17(a). Conforme Figura 18(b) os corpos
de provas 140 mm e circular apresentaram imagem com aspecto rugoso, sendo associado a
fratura dúctil precedida por tensão, já que esses corpos de prova não apresentaram rotação de
grãos e uma redução acentuada na espessura próxima à fratura não foi verificada.

Figura 18 – Superfícies de fratura dos corpos de provas do ensaio de Nakazima do aço


DP600: (a) largura 130 mm e (b) geometria circular. Adaptado de Björklund e Nilsson
(2014).

3.4 Sumário

Tendo em vista que alguns pontos ainda não foram bem compreendidos em relação
ao comportamento plástico dos aços avançados de alta resistência, como por exemplo, o
mecanismo da fratura que apresenta variações de tipo da fratura em função do domínio de
deformação da Curva Limite de Conformação. Ainda, os modelos existentes de previsão das
deformações limites obtiveram resultados que ora atende o lado esquerdo da Curva Limite de
Conformação, ora o lado direito, nesse contexto, é primordial a realização de um estudo
amplo e detalhado visando compreender melhor o comportamento plástico desses aços e
desenvolver um modelo de previsão das deformações limites que utilize não só apenas um
critério de parada, mas sim um critério de parada combinado considerando os resultados
obtidos do estudo experimental realizado nesta Tese de doutorado.

27
4. MATERIAIS E MÉTODOS

Os aços avançados de alta resistência que foram avaliados são os aços DP600 e
DP800 e para fins de comparação o aço HSLA340, todos processados e fornecidos pela
USIMINAS. A metodologia proposta consistiu primeiro nas análises das composições
químicas destes aços no centro de pesquisa da CSN por meio de espectrometria de emissão
ótica utilizando um espectrômetro de emissão óptica Thermo Scientific Modelo: ARL 3460 e
ARL 4460. Em seguida, foram realizadas as etapas de caracterização microestrutural com
auxílio da técnica de microscopia óptica (MO) para quantificação das fases presentes e
tamanho inicial de grão. As propriedades mecânicas dos aços HSLA340, DP600, DP800
foram avaliadas por meio de ensaios de tração uniaxial realizados a temperatura ambiente em
corpos de prova confeccionados em três orientações angulares com respeito à direção de
laminação (0, 45 e 90º). Em particular, os efeitos de taxa de deformação em tração uniaxial
foram avaliados em corpos de prova retirados na direção de laminação. O comportamento
plástico dos aços HSLA340, DP600, DP800 no domínio de grandes deformações foi avaliado
com auxílio do ensaio de expansão hidráulica (bulge test). Ademais, a anisotropia plástica
destes aços sob condições de expansão biaxial foi avaliada por meio do ensaio de compressão
de disco. As deformações limites dos aços nas condições de estricção localizada (CLCE) e
fratura (CLCF) foram obtidas a partir de ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC)
conforme metodologia Nakazima. As deformações superficiais nos corpos de prova de CLC,
ensaiados com diferentes geometrias, foram avaliadas com auxílio de sistemas de correlação
de imagens digitais (ViaLux e ASAME).
A partir da depuração dos resultados dos ensaios de tração uniaxial, expansão hidráulica e
Curva Limite de Conformação, foi possível identificar parâmetros de critérios de fratura dúctil

28
que possibilitaram descrever melhor as deformações limites dos aços avançados de alta
resistência DP600 e DP800. As formas e dimensões das regiões fraturadas nos corpos de
prova ensaiados pela técnica de Nakazima (CLC) foram avaliadas por microscopia eletrônica
de varredura. Com bases nos resultados dos ensaios experimentais, foram estabelecidos
critérios de fratura para previsão de deformações limites que compõem a CLC empregando-se
um modelo elasto-plástico de localização de deformações do tipo Marciniak-Kuczynski.

4.1 Materiais

Os materiais utilizados para esse estudo foram os aços de alta resistência HSLA340,
DP600 e DP800 processados pela empresa USIMINAS laminados a frio em forma de chapas
com espessura nominal de 1,2 mm. Estas chapas de aço galvanizados passaram por um
processo de imersão a quente (HDG) com revestimento de zinco puro (Usigal-GI®).

4.2 Metodologia experimental

4.2.1 Caracterização microestrutural

A preparação dos corpos de prova dos aços HSLA340, DP600 e DP800 seguiu o
procedimento padrão, partindo do corte e embutimento de amostras das chapas em baquelite,
sob condições controladas de pressão e temperatura. Em seguida, o lixamento foi realizado
com lixas de 500, 600, 800 e 1000. As amostras foram polidas com alumina, na sequência, 1
μm, 0,5 μm e 0,05 μm. Para a realização do ataque químico das amostras, foram utilizados os
reagentes Nital (3%), composto de 3ml de ácido nítrico (HNO3) + 98ml álcool etílico, sendo
possível a identificação da fase ferrita na cor cinza e outras na cor cinza escuro. Em seguida,
foi utilizado o ataque LePera composto de uma solução aquosa de 1% de Na2S2O5 misturada
com uma solução de Picral 4% na proporção de 1:1, sendo possível a identificação da fase
ferrita na cor bronze, bainita na cor preta e martensita na cor branca (LePera, F. S, 1979 e
Ozturk et al., 2013). Os ataques químicos adotados para revelar e quantificar as fases dos aços
HSLA340, DP600 e DP800 estão resumidos na Tabela 2.

29
Tabela 2: Ataques utilizados e identificação das fases através das diferenças de cores.
Ferrita: cinza claro
Nital 3% Ácido nítrico + etanol
Outros:cinza escuro/preto
50 ml Na2S2O5 1% em solução aquosa Ferrita: cor bronze
LePera + Martensita: branco
50 ml ácido pícrico 4% em etanol Bainita: preto

4.2.2 Ensaios de tração uniaxial

Os ensaios de tração uniaxial para avaliação das propriedades mecânicas dos aços
HSLA340, DP600 e DP800 foram realizados no Centro de Tecnologia da empresa
USIMINAS com auxílio de uma máquina universal de ensaios da marca INSTRON modelo
5582 com capacidade máxima de carga de 100 kN e célula de carga de 30 kN. Esta máquina
de ensaios é equipada com um sistema de vídeo extensiometria AVE (Advanced Video
Extensometer) que qual possibilita medições simultâneas das bases de medidas nas direções
do comprimento e largura do corpo de prova.
Para cada aço avaliado foram separados 5 corpos de prova por orientação angular,
paralela (0º), diagonal (45º) e transversal (90º) em relação à direção de laminação da chapa.
Todos os corpos de prova foram confeccionados por fresamento em centro de usinagem CNC,
em conformidade com a norma NBR-6673. As dimensões dos corpos de prova de tração
uniaxial estão indicadas na Figura 19. Nesta figura estão mostrados os pontos de marcação
das bases de medidas nas direções do comprimento (50 mm) e largura do corpo de prova
(12,5 mm), necessários ao reconhecimento do sistema de vídeo extensiometria. Para
realização dos ensaios de tração uniaxial foram separados 3 corpos de prova de cada
orientação, num total de 9 corpos de prova para cada aço. Os demais corpos de prova foram
reservados para eventuais necessidades de réplica de ensaios. Para avaliação de propriedades
mecânicas, a velocidade da travessa móvel da máquina foi mantida igual a 1,8 mm/min até o
valor do limite de escoamento. Em seguida, a velocidade de ensaio foi aumentada para 10
mm/min até a ruptura do corpo de prova.

30
(a)

(b)
Figura 19 – Corpo de prova para realização de ensaios de tração uniaxial em chapas de aços:
(a) dimensões em mm (NBR-6673) (b) marcações efetuadas para vídeo extensiometria.

Por fim, utilizando média aritmética dos três ensaios para cada orientação foram
determinadas as medidas verdadeiras de tensão e deformação a partir dos valores medidos de
forças e alongamentos. Foram determinados limite de escoamento definido a 0,2% de
deformação plástica, limite de resistência, deformação máxima uniforme, expoente de
encruamento, coeficiente anisotropia plástica e alongamentos uniforme e total.
Para avaliação da sensibilidade à taxa de deformação, os ensaios de tração uniaxial
foram realizados no Laboratório de Mecânica Aplicada da EEIMVR/UFF com auxílio de uma
máquina universal de ensaios da marca EMIC 20 kN equipada com célula de carga de 20 kN e
extensômetro com base de medida 50 mm. Para cada aço estudado foram separados 15 corpos
de prova paralelos à direção de laminação da chapa, conforme dimensões da norma NBR-
6673. A taxa de deformação nominal é definida pela razão entre a velocidade da travessa
móvel e comprimento paralelo = 60 mm do corpo de prova, ver Figura 19(a), ou seja:

(4.1)

Foram separados 6 corpos de prova para realização de 3 ensaios com duas


velocidades da travessa móvel iguais a 0,01 e 100 mm/min. Estas velocidades, por sua vez,
fornecem taxas de deformação nominais aproximadamente iguais a 3 x 10 -6 s-1 e 3 x 10-2 s-1,
respectivamente. Foram construídos gráficos com 3 curvas para cada velocidade de cada aço

31
e, para efeito de análise, foi utilizada a curva intermediária, como exemplo, a curva escolhida
para análise do aço DP600 com velocidade de 100 mm/min, conforme Figura 20.

900

800

700

Tensão verdadeira (MPa)


600
Curva escolhida para análise
500

400

300

DP600
200
100mm/min (primeiro)
100mm/min (segundo)
100
100mm/min (terceiro)
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação verdadeira

Figura 20- Metodologia de escolha da curva (x para análise do aço DP600.
O índice de sensibilidade à taxa de deformação (M) foi calculado a partir dos valores
obtidos das curvas tensão verdadeira-deformação plástica verdadeira empregando-se a
seguinte relação (Freitas et al., 2013):

(4.2)

na qual os índices 1 e 2 designam as medidas de tensão e taxa de deformação correspondentes


aos valores da menor e maior taxa de deformação, respectivamente. O comportamento
plástico com dependência na taxa de deformação foi ajustado empregando-se a equação
modificada de Swift (Freitas et al., 2013)

(4.3)

na qual é o coeficiente de resistência (MPa), é a pré-deformação, é o expoente de


encruamento, é o índice de sensibilidade à taxa de deformação, é a deformação plástica
verdadeira, é a taxa de deformação plástica verdadeira (s-1) e é a taxa de deformação de
referência (s-1). Nos ajustes para determinação dos parâmetros das equações (4.2) e (4.3),
assumiu-se que as deformações elásticas são muito pequenas frente às deformações plásticas.
O valor da taxa de deformação de referência foi adotado igual a 10-1 s-1.
32
4.2.3 Expansão hidráulica (Bulge test)

Os ensaios de expansão hidráulica (bulge test) foram realizados no Centro de


Tecnologia da USIMINAS em ferramental montado na máquina de ensaios Erichsen 145-60.
A carga utilizada no prensa-chapas e velocidade de deslocamento do embolo hidráulico foram
de 500 kN e 60 mm/min, respectivamente. Foram reservados 3 corpos de prova com forma de
esboços circulares de diâmetro igual a 220 mm confeccionados por meio de corte e usinagem.
Para realizar a análise de deformações superficiais por meio de técnica de correlação de
imagens digitais, os corpos de provas foram previamente gravados por processo eletrolítico
com grade de quadrados de 2,5 mm de lado.
Graças à simetria axial do ensaio de expansão hidráulica de um esboço circular e
assumindo-se a teoria de membranas, a tensão em expansão biaxial simétrica, ,
pode ser calculada por:

(4.4)

na qual , e são a pressão hidráulica, o raio de curvatura do domo e espessura do


esboço no cume do domo, respectivamente. O raio de curvatura do domo é calculado a partir
da teoria de Hill (Hill, 1950 e Koç et al., 2011):

(4.5)

em função do raio de abertura da matriz , neste caso igual a 90 mm, e da altura do domo
, a qual, por sua vez, é determinada durante o ensaio a partir da correlação de imagens
digitais realizada com auxílio do sistema Autogrid ® montado na máquina de ensaios
Erichsen 145-60. Desprezando as deformações elásticas e assumindo a condição de
incompressibilidade plástica, ou seja, considerando a conservação de volume, tem-se que a
soma das deformações principais é igual a zero, isto é, . As deformações
principais na superfície do esboço ( são obtidas a partir do mesmo sistema de correlação
de imagens digitais. Deste modo, a deformação plástica na direção da espessura do esboço é
então calculada por , a qual possibilita a obtenção da espessura no cume do
domo que se faz necessária ao cálculo da tensão verdadeira em expansão biaxial simétrica,
Equação (4.4), ou seja:
33
(4.6)

na qual é a espessura inicial em mm.


Por outro lado, assumindo que o comportamento plástico em expansão biaxial das
chapas dos aços HSLA340, DP600 e DP800 possa ser descrito pelo critério isotrópico de von
Mises, tem-se que a medida de tensão equivalente fica definida pela Equação (4.4).
Ademais, a deformação plástica equivalente no sentido do critério isotrópico de von Mises no
estado de deformação por expansão biaxial simétrica, isto é, e

(4.7)

Os dados das curvas tensão-deformação equivalentes obtidas a partir dos ensaios de


expansão hidráulica foram empregados para ajuste da equação de encruamento de Swift:

(4.8)

na determinação dos parâmetros em expansão biaxial simétrica coeficiente de resistência


(MPa), pré-deformação e expoente de encruamento . Esta equação será empregada na
descrição do comportamento plástico no modelo de previsão de deformações limites do tipo
Marciniak-Kuczynski que será detalhado na última seção deste capítulo.
Foram avaliadas as deformações limites na condição de fratura dos corpos de prova
ensaiados por expansão hidráulica. Para tal, as deformações superficiais foram depuradas com
auxílio do programa de correlação de imagens digitais ASAME ®. Primeiro, posiciona-se um
alvo contendo um padrão de grade quadrada de 2,5 mm de lado sobre o corpo de prova,
conforme pode ser visto na Figura 21. Em seguida, com a câmera digital Nikon modelo D300,
são obtidas duas fotos com angulações que variam de 60° a 90°. A partir destas imagens e
após realizar os seguintes procedimentos: (1) identificação das imagens; (2) reconstrução da
fratura; (3) recorte da superfície de interesse, (4) reconstruções das linhas partidas da grade
impressa e (5) identificação de um ponto de referência nas duas imagens, consegue-se uma
imagem das deformações na superfície recortada. Por fim, são definidas três seções

34
perpendiculares à fratura para análise das distribuições dos valores das menores e
maiores deformações principais na superfície do esboço deformado. Os resultados
obtidos são apresentados num só gráfico em função da distância, Figura 21. Os valores
médios definidos a partir dos picos das deformações principais de cada seção compõem as
deformações limites na condição de fratura de um corpo de prova. Seguindo o mesmo tipo de
procedimento com os demais corpos de prova, foi determinada a deformação equivalente no
sentido do critério de von Mises correspondente a condição de fratura dos aços HSLA340,
DP600 e DP800. Estas deformações limites foram utilizadas como parâmetros de entrada no
modelo de previsão de deformações limites do tipo Marciniak-Kuczynski que será detalhado
na última seção deste capítulo.

Figura 21 – Esquema da depuração de deformações limites na condição de fratura nos corpos


de prova ensaiados por expansão hidráulica.

4.2.4 Compressão de disco

Os ensaios de compressão de disco foram realizados na máquina universal de ensaios


EMIC 600 kN equipada com uma célula de carga de mesma capacidade. Em todos os ensaios,
a velocidade da travessa móvel adotada foi igual a 0,5 mm/min. De modo a evitar rebarbas ou
mesmo alterações estruturais devido a processos convencionais de usinagem ou corte
mecânico, os discos foram confeccionados por processo de eletroerosão a fio com diâmetro
igual a 6 mm. Os valores iniciais (não-deformados) e finais (deformados por compressão) dos
diâmetros dos discos foram medidos nas direções paralela e transversal em relação à direção

35
de laminação com auxílio de um medidor de perfis marca Union modelo BS-225 com
precisão de 0,001 mm. Deste modo, as deformações plásticas verdadeiras nas direções
angulares paralela (DL) e transversal (DT) foram calculadas por:

(4.9)

(4.10)

nas quais e são os diâmetros final e inicial a 0 graus em relação à direção de


laminação, e e os diâmetros final e inicial a 90 graus em relação à direção de
laminação da chapa.
Em todos os ensaios, os discos foram lubrificados com grafite em aerossol por meio
de 4 aplicações em cada face. Para o aço HSLA340 foi utilizada a carga inicial de 15 kN
acrescida a cada 5 kN até a carga final de 40 kN. Já para os aços DP600 e DP800 a carga
inicial foi de 20 kN acrescida a cada 5 kN até 40 kN. Foram testados 3 discos para cada valor
de carga, isto é, 18 ensaios para o aço HSLA340 e 15 ensaios para os discos dos aços DP600
e DP800. Os discos nos estados inicial (não-deformado) e após carga de compressão de 40 kN
estão mostrados na Figura 22.

Figura 22 – Ensaios de compressão de disco nas chapas de aços HSLA340, DP600 e


DP800: (da esquerda para direita): discos não deformados na primeira fileira e discos
deformados com carga de 40 kN na segunda fileira.

De posse das deformações plásticas nas orientações paralela e transversal à direção


de laminação, calculadas a partir das medições dos diâmetros dos discos deformados nos
36
diferentes níveis de carga de compressão, é possível obter o coeficiente de anisotropia plástica
dos aços HSLA340, DP600 e DP800 sob condições de carregamento biaxial por:

(4.11)

cujo valor é calculado a partir de um ajuste linear, ou seja, do coeficiente angular da reta que
passa pela origem definida graficamente pelos valores experimentais de em função de
.

4.2.5 Curva Limite de Conformação

Para determinação da Curva Limite de Conformação (CLC) dos aços HSLA340,


DP600 e DP800, foram realizados ensaios de acordo com a metodologia de Nakazima na qual
foi empregado um punção hemisférico com diâmetro de 100 mm. Os ensaios de CLC foram
realizados no Centro de Tecnologia da empresa USIMINAS em uma máquina de ensaios
Erichsen 145-60 equipada com sistema de aquisição e correlação de imagens Autogrid ®
(ViaLUX). Por meio de operações de usinagem de torneamento e fresamento com CNC,
foram confeccionados corpos de prova segundo 11 geometrias com formatos e dimensões
indicados na Figura 23.

Figura 23 - Corpos de prova do ensaio de Nakazima para determinação da CLC dos aços
HSLA340, DP600 e DP800.

37
Os corpos de prova da esquerda para a direita na primeira fileira, Figura 23, possuem
entalhes arredondados e larguras centrais que variam de 20 a 180 mm. Estes corpos de prova
têm comprimento igual a 220 mm orientado no sentido transversal à direção de laminação da
chapa. O último corpo de prova tem geometria circular com diâmetro igual a 220 mm. Estas
geometrias cobrem os estados de deformação nos domínios de estampagem e estiramento
biaxial da Curva Limite de Conformação (CLC). Para cada aço foram ensaiados pelo menos 3
corpos de prova de cada tipo de geometria, totalizando 33 ensaios Nakazima por aço.
Antes da realização dos ensaios de CLC foram posicionadas quatro câmeras do tipo
CCD (Charge-Coupled Device), que registraram em tempo real os campos de deslocamentos
referentes às deformações superficiais dos corpos de prova. Ademais, quatro focos de
iluminação foram posicionados para assegurar a qualidade de captação das imagens digitais,
vide montagem na Figura 24.Em seguida, com o auxílio do sistema Autogrid ® foi realizada a
calibração das quatros câmeras por meio do reconhecimento de um alvo padronizado.
Primeiro, são obtidas imagens paralelas à superfície do alvo e depois a 45° de cada lado da
base quadrada inferior do alvo. Esta metodologia é repetida para cada uma das quatro
câmeras, finalizando assim a calibração.

Figura 24 - Esquema de montagem do sistema de aquisição e correlação de imagens


digitais: (a) câmeras CCD, (b) visualização da tela do software e (c) iluminação externa.

38
Para realizar a análise de deformações superficiais, os corpos de provas foram
previamente gravados por processo eletrolítico com grade de quadrados com 2,5 mm de lado.
A lubrificação do punção foi realizada com um disco de PVC com 50 mm de diâmetro e 5
mm de espessura. Este disco foi untado com vaselina e recoberto em ambas as superfícies
com filme de Teflon de 50 mm de diâmetro e 0,05 mm de espessura. O conjunto matriz e
prensa-chapas possui freio de estampagem (lockbead), o qual visa assegurar o
estabelecimento de condições de estiramento. Mesmo assim, em todos os ensaios foi imposta
uma força de prensa-chapas constante e igual a 500 kN com objetivo de evitar possíveis
escorregamentos dos corpos de prova e ou enrugamento do flange durante os ensaios. A
velocidade de deslocamento do punção foi adotada igual a 60 mm/min. A máquina de ensaios
Erichsen 145-60 registra o deslocamento (mm) e a força do punção (kN) e interrompe
automaticamente os ensaios após a fratura dos corpos de prova por detecção da força máxima.

4.2.5.1 CLC na estricção (CLCE)

Foram avaliadas as condições do esboço em relação ao estado de deformação que


conduzem à estricção localizada, conforme a norma ISO 12004-2:2008. Segundo esta norma,
três a cinco seções podem ser definidas em um sentido perpendicular ( 15 graus) à fratura.
Em cada uma das seções devem ser construídas curvas das deformações principais na
superfície ( , ) com pelo menos 10 pontos localizados à esquerda e à direita da fratura. Em
seguida, são realizados ajustes com parábolas empregando-se 5 pontos situados em ambos os
lados da fratura, excluindo-se os pontos dos valores de deformações máxima e mínima. A
segunda derivada de cada polinômio do 2 0 grau é então determinada e com a mudança de seu
sinal define-se uma janela para descarte dos pontos que estão sujeitos à influência da estricção
localizada. Depois, os pares de pontos de deformação restantes ( , ), incluindo aqueles que
se encontram sobre as bordas da janela, são então ajustados com polinômios do 6 0 grau em
ambos os lados da fratura. As deformações na condição de estricção em cada seção são
definidas pela substituição dos pontos ( , ) referentes à fratura nestes polinômios. Por fim,
as deformações limites em cada corpo de prova são calculadas a partir dos valores médios das
deformações determinadas nas três ou cinco seções, conforme esquematizado na Figura 25.
Esta metodologia é realizada com auxílio do sistema de imagens digitais Autogrid ®.

39
Figura 25 - Metodologia de depuração de deformações limites segundo a ISO 12004-2:2008:
(a) deformações principais, (b) polinômio de 6º grau e (c) resultados obtidos para corpo de
prova 11 com diâmetro de 220mm do aço DP800.

4.2.5.2 CLC na fratura (CLCF)

Foram avaliadas as deformações limites na condição de fratura dos corpos de prova


dos ensaios da Curva Limite de Conformação. Para tal, as deformações superficiais foram
depuradas com auxílio do programa de correlação de imagens digitais ASAME ®. Primeiro,
posiciona-se um alvo contendo um padrão de grade quadrada de 2,5 mm de lado sobre o
corpo de prova. Em seguida, com a câmera digital Nikon modelo D300, são obtidas duas
fotos com angulações que variam de 60° a 90°. A partir destas imagens e após realizar os
seguintes procedimentos: (1) identificação das imagens; (2) reconstrução da fratura; (3)
recorte da superfície de interesse, (4) reconstruções das linhas partidas da grade impressa e (5)
identificação de um ponto de referência nas duas imagens, consegue-se uma imagem das
deformações na superfície recortada. Por fim, são definidas três seções perpendiculares à
fratura para análise das distribuições dos valores das menores e maiores
deformações principais na superfície do esboço deformado. Os resultados obtidos são
apresentados num só gráfico em função da distância. Os valores médios definidos a partir dos

40
picos das deformações principais de cada seção compõem as deformações limites na condição
de fratura de um corpo de prova.

4.2.5.3 Análises das fraturas

Após as depurações de resultados das deformações limites nas condições de estricção


e fratura dos aços HSLA340, DP600 e DP800, foram realizadas análises nas regiões de fratura
com auxílio do medidor de perfis Union modelo BS-225 e por meio das técnicas de
microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura. Para tal, foram retiradas amostras
dos corpos de prova deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC) pelo
método Nakazima. Estas amostras foram obtidas por meio de cortes com serra manual
realizados paralelamente e transversalmente à direção da fratura no corpo de prova de CLC,
ver esquema na Figura 26. Com auxílio do microscópio óptico Olympus BX51M com câmera
Olympus SC30 acoplada, os formatos das regiões fraturadas assim os aspectos dos grãos ao
longo da espessura foram analisados na direção perpendicular a fratura, vide detalhe na Figura
26. As análises de espessura foram realizadas a cada 0,25 mm até uma distância igual a 1,5
mm da fratura. Com isso foram calculadas as deformações verdadeiras na direção da
espessura da chapa. Os aspectos das superfícies fraturadas foram analisados em um
microscópio eletrônico de varredura modelo EVO MA10 da ZEISS. Estas análises
objetivaram relacionar o modo de deformação imposto pela geometria do corpo de prova dos
ensaios de CLC (Nakazima) com os mecanismos responsáveis pela fratura nos aços
HSLA340, DP600 e DP800.

41
Figura 26- Esquema dos procedimentos de análise adotados para avaliação das deformações
na direção da espessura e dos mecanismos de fratura dos corpos de prova dos aços
HSLA340, DP600 e DP800 deformados por um punção hemisférico (Nakazima) nos
ensaios de CLC.

4.3 Medidas de Rugosidade

Primeiramente, foram cortadas amostradas quadradas de lado 30 mm nas condições


como recebido das chapas de aços HSLA340, DP600 e DP800. Em seguida, estas amostras
foram analisadas no microscópio confocal LEICA modelo DCM 3D. Foram realizadas 33
medições para determinação do parâmetro de rugosidade média nas orientações paralela e
transversal a direção de laminação de laminação da chapa. Os valores rugosidade média serão
empregados na definição do tamanho inicial da imperfeição geométrica necessária ao modelo
de previsão de deformações limites que será descrito na seção a seguir.

4.4 Modelamento

4.4.1 Deformações Limites

Para a previsão das deformações limites dos aços HSLA340, DP600 e DP800 foi
desenvolvido um modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysnski como uma extensão
do modelo rígido-plástico proposto por Freitas et al. (2013). Este tipo modelo tem bases em
42
um elemento de volume sob carregamentos proporcionais na hipótese de estado plano de
tensões, conforme esquema apresentado na Figura 27. Este tipo de modelo possui duas zonas,
a saber, uma zona homogênea e outra com um defeito inicial na forma de uma imperfeição
geométrica. No modelo proposto por Marciniak-Kuczysnski (1967), esta imperfeição é
perpendicular a maior componente de tensão principal na zona homogênea. No presente
modelo, a imperfeição é definida na forma de uma banda com orientação angular
na qual são os eixos de simetria ortotrópica na zona
homogênea “a” enquanto que são os eixos das direções normal e tangencial a
imperfeição geométrica preexistente na zona defeituosa “b”.

(b)
(a)

Figura 27 - Esquema do modelo M-K (Adaptado de Freitas et al., 2013).

A orientação da imperfeição geométrica evolui com o processo de deformação de acordo com


a seguinte relação (Freitas et al., 2013):

(4.12)

isto é, em função dos incrementos de deformação nas direções principais no plano


da chapa na zona homogênea e do valor atual da orientação .
Assume-se que na zona homogênea, os eixos de simetria ortotrópica no plano da
chapa coincidem com os eixos das tensões e deformações principais, ou seja,
. Contudo, estes dois sistemas de eixos não são coincidentes na zona da
imperfeição geométrica. Nesta zona, os eixos de simetria ortotrópica são definidos pelo
ângulo que é atualizado em um referencial corotacional por (Freitas
et al., 2013):

43
(4.13)

em função das deformações acumuladas na zona da imperfeição geométrica segundo as


direções dos eixos de simetria ortotrópica e do incremento de deformação de
cisalhamento no plano .
O tamanho inicial da imperfeição geométrica do modelo de Marciniak-Kuczysnski
definido pela razão entre as espessuras iniciais das zonas defeituosa “b” e homogênea “a”:

(4.14)

Neste trabalho, o tamanho inicial da imperfeição geométrica foi calculado em função


dos valores da rugosidade média ( das chapas dos aços HSLA340, DP600 e DP800 pela
seguinte equação:

(4.15)

A atualização do tamanho da imperfeição geométrica é determinada em função dos


valores de deformação total na direção da espessura nas duas zonas:

(4.16)

As equações de governo do modelo Marciniak-Kuczysnski são estabelecidas


primeiro pelas condições de equilíbrio de forças entre as duas zonas segundo as direções
normal e tangente em relação à imperfeição geométrica. Estas condições de equilíbrio
de forças são definidas por:

(4.17)

44
(4.18)

ou em termos de componentes de tensão nas duas zonas do modelo de Marciniak-Kuczysnski,


para as quais assume-se a mesma largura

(4.19)

(4.20)

Em seguida, a condição de compatibilidade geométrica impõe que os incrementos de


deformação na direção tangente à imperfeição geométrica sejam os mesmos nas duas
zonas, ou seja:

(4.21)

O modelo original de Marciniak-Kuczysnski inclui somente as deformações


plásticas. Para considerar as deformações elásticas, é preciso primeiro adotar uma teoria de
deformações, vide Anexo I. Neste trabalho, são empregadas as equações da teoria de
deformações infinitesimais na qual o tensor taxa de deformação total é decomposto de forma
aditiva em componentes elásticas e plásticas. Na forma incremental, a decomposição aditiva é
definida por:

(4.22)

com os sobrescritos “e” e “p” que designam as componentes elásticas e plásticas,


respectivamente. é um tensor simétrico de segunda ordem (deformações de Cauchy) e,
portanto, e também são tensores simétricos de segunda ordem nos quais os índices i
e j designam os eixos cartesianos de um dado sistema de coordenadas.
Em seguida, os incrementos do tensor de componentes elásticas são definidos
assumindo-se a lei de elasticidade linear isotrópica de Hooke:

45
(4.23)

na qual o termo define os incrementos das componentes do tensor de tensões de Cauchy,


que é um tensor simétrico de segunda ordem. é o tensor de submissão elástica simétrico
de quarta ordem, que no caso de elasticidade linear isotrópica é definido em função do
módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young, E, e do coeficiente de Poisson, ,
por:

(4.24)

no qual ou é o operador linear delta de Kronecker.


Os incrementos das componentes de deformação plástica são definidos pela teoria
associada de escoamento plástico por meio da regra da normalidade (Khan e Huang, 1995):

(4.25)

na qual o multiplicador plástico é identificado pelo incremento de deformação plástica


equivalente (Moreira e Ferron, 2007) e é uma função homogênea de grau “n” em
relação às componentes de tensão de Cauchy . A função de escoamento que estabelece, por
sua vez, as condições de carregamento plástico ou carregamento ou descarregamento elástico,
é definida sob a hipótese de um encruamento isotrópico por:

(4.26)

na qual é uma medida de tensão que pode ser identificada a partir de ensaios de laboratório
como, por exemplo, o ensaio de tração uniaxial. Na condição de carregamento plástico tem-se
que e, portanto, . Por outro lado, nas condições de carregamento elástico ou
descarregamento elástico tem-se que e, portanto, decorrente de . Deste
modo, a função define a forma da superfície de escoamento no espaço de tensões,
como por exemplo, a elipse do critério de von Mises no estado plano de tensões, ao passo que

46
a medida equivalente define o tamanho da superfície de escoamento. De acordo com a
hipótese de um encruamento isotrópico, a superfície de escoamento não muda de forma e
somente aumenta em função de carregamentos plásticos. Logo, a descrição do comportamento
elasto-plástico em deformações infinitesimais fica completa com a atualização da medida de
encruamento :

(4.27)

na qual o termo é conhecido como módulo plástico ou taxa de encruamento.


A solução das equações de governo do modelo elasto-plástico de Marciniak-
Kuczysnski é realizada por meio de um algoritmo de previsão-elástica e correção-plástica
(Moreira e Ferron, 2007). Em primeiro lugar, é assumida uma dada trajetória linear de
deformação na zona homogênea “a” do modelo. Esta trajetória linear é definida pela razão
entre os incrementos das componentes principais de deformação na zona homogênea “a”, ou
seja, pelo valor de , por exemplo, define o estado de estiramento
biaxial simétrico na Curva Limite de Conformação (CLC). Em seguida, a zona homogênea
“a” é carregada de forma incremental impondo-se um pequeno valor ao incremento maior
deformação principal (usualmente 10-4). Com isso os incrementos de deformações na
zona homogênea “a” ficam sendo conhecidos também nos eixos de simetria ortotrópica
. Portanto, é possível realizar a etapa de previsão-elástica do algoritmo elasto-
plástico que fica estabelecida pela lei de elasticidade linear isotrópica de Hooke, a relação
inversa da Equação (4.23):

(4.28)

porém, definida em função dos incrementos de deformação total a partir do estado de


tensão anterior . Na Equação (4.28), é o tensor simétrico de rigidez elástica de
quarta ordem que no caso da elasticidade linear isotrópica é definido por:

(4.29)

em função das constantes de Lamè e

47
(4.30)

(4.31)

A partir da previsão elástica é possível então verificar se a condição de carregamento


plástico foi satisfeita, ou seja:

(4.32)

Caso contrário, ou seja, quando , o estado de tensões da previsão elástica teria fornecido
um carregamento elástico ou até mesmo um descarregamento puramente elástico. Neste caso,
todas as variáveis nas duas zonas do modelo de Marciniak-Kuczysnski ficarão completamente
definidas a partir das equações de elasticidade de Hooke. Caso contrário, a etapa de correção-
plástica deve ser realizada para corrigir as componentes de tensão de modo a atender a
condição Tolerância (por exemplo, 10-6), o que possibilita determinar os incrementos de
deformações elástica e plástica e atualizar todas as demais variáveis nas duas zonas do
modelo. Em razão da condição de incompressibilidade plástica, verificada nos metais na
ausência de efeitos de transformação de fases, a correção-plástica é obtida por:

(4.33)

Observando-se que os incrementos das componentes de deformação plástica são definidos


pela Equação (4.25), ou seja:

(4.34)

48
na qual as derivadas parciais da função que define o critério de plasticidade podem ser
calculadas a partir do estado de previsão-elástica (Teste). Portanto, a única incógnita a ser
determinada na Equação (4.33) de correção-plástica passa a ser o incremento de deformação
plástica equivalente .
Um procedimento apropriado para o cálculo do incremento de deformação plástica
equivalente é estabelecido por meio do princípio de equivalência do trabalho plástico,
definido na forma incremental por unidade de volume (Cardoso et al., 2016):

(4.35)

Substituindo nesta equação os incrementos de deformação plástica, definidos pela Equação


(4.34), e as correções das componentes de tensão, definidas pela Equação (4.33), é possível
obter uma equação não-linear cuja a solução fornece o incremento de deformação plástica
equivalente (Cardoso et al., 2016):

(4.36)

na qual adotou-se a notação para definir as derivadas parciais da função


. É importante ressaltar que a atualização da medida de encruamento é definida por:

(4.37)

Ademais, é interessante observar que a solução da Equação (4.36) encontra-se delimitada


entre zero e o limite superior definido por (Cardoso et al., 2016):

(4.38)

e, deste modo, a resolução da Equação (4.36) pode ser obtida empregando-se o método da
bisseção.

49
As incógnitas na zona da imperfeição geométrica são então
calculadas numericamente de modo a atender as três equações de governo, vide Equações
(4.19-4.21), do modelo de localização do tipo Marciniak-Kuczysnski. Estas equações são
rescritas por (Cardoso et al., 2016):

(4.39)

com o tamanho atualizado da imperfeição geométrica , Equação (4.16). Nos estados de


tensões em que e deformações em que , as funções acima são rescritas para
evitar singularidades e o sistema fica redefinido por:

(4.40)

A solução do sistema de equações não-lineares é obtida com auxílio


do método de Newton (Press et al., 1996), no qual os valores iniciais de busca do vetor
solução são definidos como os valores calculados na zona
homogênea, isto é, .
As deformações limites que compõem a Curva Limite de Conformação (CLC) são
definidas para cada valor da razão / , que define a trajetória linear de
deformação, como os valores correspondentes às deformações principais acumuladas na zona
homogênea ( , . Estes valores, por sua vez, são definidos como os valores mínimos da
maior deformação principal, , determinados em função da orientação da imperfeição
geométrica, definida pelo ângulo , o qual, por sua vez, é variado entre e graus.
O presente modelo de previsão de deformações limites do tipo Marciniak-Kuczysnski
foi implementado em linguagem Fortran por meio de programação estruturada (Fortran 90).

50
Neste modelo, foi adotada a equação modificada de Swift para descrever os efeitos de
encruamento não-linear e taxa de deformação, a saber:

(4.41)

na qual, os parâmetros , , e representam o coeficiente de resistência (MPa), a


pré-deformação, a taxa de deformação de referência e os expoentes de encruamento e
sensibilidade á taxa de deformação, respectivamente. Estes parâmetros são determinados a
partir de ajustes nas curvas tensão-deformação obtidas em ensaios de tração uniaxial
realizados segundo a orientação angular em relação á direção de laminação da chapa ou até
mesmo por meio de ensaios de expansão hidráulica.
As componentes de tensão e incrementos de deformação nos eixos da imperfeição
geométrica são calculadas por meio de equações de transformação abaixo definidas em
função da orientação angular da imperfeição geométrica, conforme esquema do modelo na
Figura 27, isto é, :

(4.42)

(4.43)

4.4.2 Critério de Plasticidade

De um modo geral, os critérios de plasticidade anisotrópica dos metais são


representados nos eixos formados pelas interseções de três planos de simetria ortogonais,

51
denotados aqui por um sistema de eixos cartesianos. Em uma chapa laminada, estes eixos são
as direções paralela (x), transversal (y) e normal (z) ao sentido de laminação, respectivamente.
Para o caso de um estado plano de tensões ( ), a função de escoamento pode ser
expressa por:

( )  (4.44)

Uma outra representação pode ser definida por meio da orientação entre as direções
das tensões principais no plano da chapa e os eixos de simetria ortotrópica , ou
seja, pela meio da orientação angular , conforme esquematizado na
Figura 28. Assim, a função de escoamento, Equação (4.44), pode ser rescrita por:

( )  (4.45)

Uma descrição alternativa pode ser estabelecida pela seguinte mudança de variáveis:

(4.46)

(4.47)

as quais que definem, o centro e o raio do círculo de Mohr no estado plano de tensões,
respectivamente, plotado na Figura 28. Desse modo, a função de escoamento é descrita como:

( )  (4.48)

52
y nt

1

1
+ xy
yy
yy - 2
2

O 2 C
xx 1 nn
yx


 - xy

2
xy

xx x
O

x1

(a) (b)
Figura 28 - Estado plano de tensões: (a) sistemas de eixos e (b) círculo de Mohr.

As variáveis podem ser descritas sob uma forma paramétrica em coordenadas


polares:

(4.49)

(4.50)

onde é o raio polar de um ponto qualquer situado sobre a superfície de escoamento


definida nos eixos . Sob a hipótese de um encruamento isotrópico, o raio polar pode
ser rescrito por:

(4.51)

onde é o raio normalizado pela tensão equivalente identificada a partir do limite ou


tensão de escoamento em expansão biaxial simétrica . A Figura 29 ilustra o
princípio desta representação em coordenadas polares por meio do traçado da superfície de
escoamento em função da orientação angular no espaço de tensões principais
normalizadas pela tensão equivalente.

53
1,5

x2

x
1
1,0

)
g ( ,

0,5

2 / b
0,0

-0,5

0
-1,0 =0
0
 = 45
0
 = 90
-1,5
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5

 1 / b

Figura 29 – Representação do critério de escoamento de Ferron et al. (1994).

A função de escoamento parametrizada proposta por Ferron et al. (1994) é


definida por:

(4.52)

onde m, n, p, q são inteiros positivos conhecidos ao passo que os parâmetros a e b


caracterizam a anisotropia planar. A função que corresponde à descrição em anisotropia
plástica normal, isto é, independente da orientação angular é uma extensão do critério de
escoamento isotrópico de Drucker (1949) definida por:

(4.53)

na qual os parâmetros A e B são reais positivos enquanto que o parâmetro k ( > 0) possibilita a
obtenção de um achatamento na superfície de escoamento próximo das regiões de
cisalhamento puro e tração/compressão plana (Ferron et al., 1994).

Os parâmetros A, B, k, a e b do critério de plasticidade de Ferron et al. (1994) podem


ser determinados em duas etapas (Moreira e Ferron, 2007). Em primeiro lugar, os parâmetros
A, B e k, que descrevem o caso particular de anisotropia normal, podem ser obtidos a partir do
54
coeficiente de Lankford determinado a 45 graus da direção de laminação da chapa (R 45) e dos
valores dos limites e ou tensões de escoamento em tração biaxial simétrica e em
cisalhamento puro paralelo aos eixos de simetria ortotrópica no plano da chapa (x,y), isto é,
para . Em seguida, os parâmetros a e b caracterizando a anisotropia
plástica planar, podem ser calculados a partir dos valores do coeficiente de Lankford obtidos
na direção paralela e transversal ao sentido de laminação (R0, R90) ou a partir dos valores dos
limites/tensões de escoamento determinados em ensaios de tração uniaxial .
Ademais, o critério de plasticidade de Hill (1948) pode ser obtido como um caso particular
quando k = 0, m = 2 e n = p = q = 1.
Do ponto de vista de implantação do critério de plasticidade de Ferron et al. (1994)
no modelo de deformações limites do tipo Marciniak-Kuczysnski, detalhados no item
anterior, devem ser definidas a tensão equivalente no sentido deste critério de plasticidade
assim como as derivadas parciais de primeira ordem da função , as quais são
necessárias aos cálculos dos incrementos das componentes de deformação plástica. Primeiro,
a partir da condição de escoamento plástico, isto é, na Equação (4.48) tem-se que:

( )  (4.54)

ou melhor

( ) (4.55)

Em seguida, ao substituir as variáveis e , definidas pelas Eqs. (4.46) e (4.47), na


Equação (4.52), obtem-se a tensão equivalente no sentido do critério de plasticidade de Ferron
et al. (1994) por:

(4.56)

55
Por outro lado, as derivadas parciais de primeira ordem são obtidas a partir da
diferencial total da função de escoamento na condição de carregamento plástico, Equação
(4.51), isto é:

+ (4.57)

Em seguida, ao escrever os termos , e em função das diferenciais das


componentes de tensões dxx, dyy e dxy e retornando na Equação (4.54), esta pode ser
rescrita sob a seguinte forma:

(4.58)

onde as derivadas parciais de primeira ordem da função de escoamento em relação as


componentes de tensão segundo os eixos de simetria ortotrópica são obtidas por:

(4.59)

com , .

Por fim, a derivada parcial em relação a componente de tensão normal ao plano


é obtida a partir da condição de incompressibilidade plástica,
que em conjunto com a regra de normalidade, Equação (4.34), fornece .

56
4.4.3 Critérios de estricção e fratura dúctil

Em estudos anteriores foram adotados critérios de estricção localizada na espessura


da chapa para descrever as deformações limites em chapas de aços baixo e ultra-baixo
carbono (Freitas et al., 2013) e aços avançados de alta resistência como os aços bifásico
DP780 e TRIP780 (Panich et al., 2013). No presente modelo elasto-plástico de Marciniak-
Kuczysnski, a condição de estricção localizada é verificada quando as seguintes relações são
satisfeitas simultaneamente:

(4.60)
e
(4.61)

Entretanto, as observações experimentais de Björlund e Nilsson (2014) em uma


chapa de aço bifásico DP600 evidenciam dois mecanismos de fratura dúctil (cisalhamento e
tensão) em função do modo de deformação, além da instabilidade plástica na direção da
espessura que precede a fratura como característica da estricção localizada em chapas de aços
convencionais. Neste sentido, propõe-se adotar o critério de fratura dúctil proposto por Lou et
al. (2012) como condição de parada no modelo elasto-plástico de Marciniak-Kuczysnski para
previsão das deformações limites dos aços HSLA340, DP600 e DP800.
O critério de fratura dúctil de Lou et al. (2012) é definido pela seguinte integral:

(4.62)

(4.63)

A fratura tem início quando o dano o parâmetro de dano acumulado se iguala a um,
isto é, . Na Equação (4.62), é a máxima tensão de cisalhamento enquanto que a
influência do modo de deformação no processo de deformação plástica, que resultará na

57
fratura dúctil, é descrita pelo termo . Neste termo tem-se o fator de triaxialidade de
tensões definido por:

(4.64)

ou seja, pela razão entre a componente hidrostática de tensão e a tensão equivalente no


sentido do critério de plasticidade .
O critério de fratura dúctil de Lou et al. (2012) fica definido por meio das constantes
, e , as quais, por sua vez, poderão ser identificadas, mediante um critério plasticidade,
a partir de ensaios experimentais em chapas metálicas. Para o caso do critério de von Mises
no estado plano de tensões, o ensaio de tração uniaxial fornece analiticamente as relações
e , as quais, após substituição no critério de fratura
dúctil de Lou et al. (2012) em conjunto com a condição de fratura, isto é, , fornece
que a constante pode ser identificada a partir da deformação na fratura do ensaio de tração
uniaxial, ou seja, pelo valor

(4.65)

Sob condições de um estado plano de deformação, o critério de von Mises fornece


e , o que após substituição na Equação (4.62) com o
parâmetro de dano resulta na seguinte relação:

(4.66)

na qual o valor experimental da deformação limite na fratura no estado plano de


deformação.
Por fim, em um estado de expansão biaxial simétrica, isto é, quando , o
critério de von Mises fornece que e e, portanto, tem-se a
partir da Equação (4.62) que:

58
(4.67)

na qual é a deformação limite na fratura no estado de expansão biaxial simétrica obtida


experimentalmente como, por exemplo, por meio do ensaio de expansão hidráulica.
Para calibrar os parâmetros do critério de fratura dúctil proposto por Lou et al.
(2012), serão empregados os valores das deformações limites na condição de fratura obtidos
por meio dos ensaios de tração uniaxial utilizando a média ponderada das três orientações a
direção de laminação, a saber, , expansão hidráulica e para a
deformação plana , na ausência de ensaios com corpos de prova específicos (tração sob
deformação plana) e considerando-se que o objetivo principal é prever as deformações que
compõem a CLC, o valor da maior deformação limite na condição do estado de
deformação plana pode ser estimado a partir do expoente de encruamento obtido em tração
uniaxial. Ademais, os efeitos de anisotropia plástica das chapas de aços bifásicos DP600 e
DP800 serão descritos pelos critérios de plasticidade de Hill (1948) e Ferron et al. (1994).
Com isso, as equações (4.66) e (4.67) ficam redefinidas em função das correções de estados
de tensão definidas de acordo com o critério de plasticidade adotado.

59
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Composição química e análise microestrutural

Os materiais analisados foram chapas de aço HSLA340, DP600 e DP800


processadas por laminação a frio com espessura nominal de 1,2 mm. A composição química
destes aços, obtida por espectrometria de massa, está listada na Tabela 3. Percebe-se que no
aço HSLA340 a presença dos microligantes 0,003% de vanádio (V) e 0,027% de Nióbio (Nb)
abaixo de 0,1% sugere uma microestrutura ferrítica-perlítica. Ainda, para o aço DP800 a
concentração de carbono, manganês (Mn) e molibdênio (Mo) apresentaram teores mais
elevados quando comparados aos aços DP600 e HSLA340. A maior concentração de carbono
e (C) manganês (Mn) e o processamento termomecânico dos aços bifásicos resultam na maior
formação de martensita dificultando a conformabilidade, conforme estudo realizado por
Aydin et al. (2013).

Tabela 3 – Composição química dos aços HSLA340, DP600 e DP800 (%peso).


Aço C Mn P S Si Cu Ni Cr
HSLA340 0,057 0,650 0,016 0,006 0,009 0,017 0,009 0,011
DP600 0,092 1,704 0,018 0,005 0,036 0,035 0,012 0,026
DP800 0,104 1,779 0,017 0,006 0,017 0,025 0,011 0,026
Aço Mo Sn Al Nb V Ti B N
HSLA340 0,004 0,001 0,047 0,027 0,003 - 0,0001 0,0049
DP600 0,188 0,001 0,042 0,016 0,008 0,004 0,0001 0,0078
DP800 0,210 0,001 0,038 0,015 0,008 0,004 0,0001 0,0076

60
As micrografias obtidas por técnicas de metalografia através de microscopia óptica
dos aços HSLA340, DP600 e DP800 estão mostradas na Figura 30. É possível identificar que
o aço HSLA340 apresenta grãos maiores em comparação aos aços bifásicos DP600 e DP800.
A fração volumétrica das fases presentes e o tamanho de grão médio dos aços HSLA340,
DP600 e DP800 estão resumidos na Tabela 4. Como esperado, o aço HSLA340 apresenta
98,63% de ferrita 1,37% de outras fases que não puderam ser identificadas conforme ataque
utilizado, enquanto que os aços bifásicos DP600 e DP800 possuem 93,37% e 85,24% de
ferrita, 6,36% e 14,17% de martensita e 0,27% e 0,59% de bainita, respectivamente. Os
tamanhos médios de grão dos aços HSLA340, DP600 e DP800 são respectivamente iguais a
17,94 m, 6,25 me 5,55 m
As frações volumétricas encontradas e tamanhos de grãos para os aços HSLA340 e
DP800 estão coerentes com o estudo de Ozturk et al. (2013). Apesar em seu estudo o valor da
fração volumétrica de martensita encontrada para o aço DP800 foi de 26% e o valor
encontrado nessa pesquisa foi de 14,17%, ainda esses valores se mostram coerentes quando se
realiza uma comparação com os teores de carbono desses aços, a saber, 0,158% e 0,104%
estudado por Ozturk et al. (2013) e estudado nesse trabalho. Já para o aço DP600 os
resultados de tamanho de grão e fração volumétrica encontradas nesse trabalho de tese são
coerentes com o determinado por Amilermaki, (2014) que investigou o aço DP600 e
quantificou as frações volumétricas de fases presentes obtendo a 92% de ferrita, 4,7%
Martensita e 3,3% de Bainita.

Tabela 4 – Quantificação das fases presentes e tamanho médio de grãos da matriz dos aços
HSLA340, DP600 e DP800.
Fração volumétrica (%)
Tamanho médio
Aço de grão
Ferrita Martensita Bainita Outros
(m)

HSLA340 98,63 -- -- 1,37 17,94

DP600 93,37 6,36 0,27 - 6,25

DP800 85,24 14,17 0,59 - 5,55

61
 

 (a) 

 

(b) (c)
Figura 30 – Micrografias dos aços: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800. Aumento 500X.

As imagens obtidas através de técnicas de microscopia ótica de varredura (MEV) dos


aços bifásicos DP600 e DP800 com aumento de 20000X estão mostradas na Figura 31. Na
qual se percebe a predominância da fase ferrita (cinza escuro), com ilhas de martensita (cinza
claro em relevo) e ainda a presença de bainita (cinza e branco).

 
 (a) (b)
Figura 31 – Micrografias obtidas por MEV com aumento 20000X: (a) DP600 e (b) DP800.
62
5.2 Propriedades mecânicas

Os ensaios de tração uniaxial para avaliar as propriedades mecânicas dos aços


HSLA340, DP600 e DP800 foram realizados com uma velocidade constante de 1,8 mm/min
até atingir o valor do limite de escoamento e após esse valor a velocidade de ensaio foi
aumentada para 10 mm/min até a ruptura. Foram realizados três ensaios para cada orientação
angular em relação a direção de laminação da chapa (0º, 45º e 90º). Com isso foram
calculados os valores médios e desvios das seguintes propriedades mecânicas: limite de
escoamento ( , limite de resistência ( ), deformação máxima uniforme ( ), expoente de
encruamento (N), deformação total ( ) e coeficiente de anisotropia plástica (R).
Os valores médios das propriedades da chapa de aço HSLA340 estão listados na
Tabela 5, na qual os desvios correspondentes estão indicados em itálico. Em primeiro lugar,
observa-se que os valores médios obtidos para o limite de escoamento definido a 0,2% de
deformação plástica em função da orientação angular com respeito a direção de laminação
obedecem à relação . Contudo, estes valores não apresentaram diferenças
significativas que ficaram em torno de 2 a 3%. Os valores de deformação máxima uniforme e
expoente de encruamento apresentaram as mesmas tendências conforme a orientação angular,
a saber, maiores valores nas direções paralela e diagonal e menor valor na direção transversal.
Os valores de deformação total também apresentam pequenas variações e indicam relação
inversa em comparação ao limite ou tensão de escoamento. Em outras
palavras, maiores alongamentos totais são obtidos nas orientações angulares que apresentam
menor resistência ao escoamento. A variação do coeficiente de anisotropia plástica apresenta
a relação , em concordância com os comportamentos do limite ou tensão de
escoamento e deformação uniforme. O coeficiente de anisotropia plástica normal do aço
HSLA340 = 1,032 é pouco maior que 1 indicando uma boa
conformabilidade.

63
Tabela 5 – Propriedades mecânicas do aço HSLA340 obtidas em tração uniaxial.
Orientação angular
N R
(graus) (MPa) (MPa) (%) (%)
391,20 541,11 16,4 0,171 26,9 0,854
0
3,58 2,88 0,20 0,003 0,60 0,014
391,39 531,36 16,1 0,175 26,8 1,089
45
4,88 3,00 0,40 0,010 0,30 0,050
402,76 539,75 15,1 0,157 26,1 1,098
90
3,86 3,94 0,30 0,004 0,50 0,019

Conforme Figura 32 é possível observar que o aço HSLA340 apresenta um patamar


de escoamento até um valor aproximado de 0,05 de deformação verdadeira em tração
uniaxial, esse comportamento é esperado em aços de baixo carbono em geral. Tal fato está
relacionado com o bloqueio das discordâncias pela interação com átomos de soluto, Carbono
e Nitrogênio em solução sólida. Quando uma discordância é “movida” do átomo de soluto o
seu movimento passa a ocorrer em tensões mais baixas. Isto significa que o limite inferior de
escoamento representa a tensão necessária para movimentar discordâncias já liberadas pela
tensão adicional do limite superior de escoamento. Ainda, novas discordâncias são geradas
permitindo a tensão de escoamento cair. (Bleck et al., 2008).

600
HSLA340

45º
500 90º
Tensão verdadeira (MPa)

400

300

200

100

0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30
Deformação verdadeira

Figura 32 – Comportamento em tração uniaxial do aço HSLA340 em função da orientação


angular em relação a direção de laminação da chapa.

Conforme Tabela 6, observa-se que os valores de tensão limite de escoamento


verdadeira (e) obedecem à relação > > apresentando variação em torno de 7%.
64
O coeficiente de anisotropia plástica normal do aço DP600 foi determinado , ou
seja, um valor abaixo de 1, porém próximo, e menor que o determinado do aço HSLA340,
indicando assim, uma pequena perda na capacidade de conformação em relação ao aço
HSLA340. Ainda, pode-se observar que o aço DP600 apresentou valores esperado para esse
grupo de material de deformação total verdadeira ( ), para as três direções entre 21,8% a
26,8% apresentando uma variação de 22,93%.

Tabela 6 – Propriedades mecânicas do aço DP600 obtidas em tração uniaxial.


Orientação angular
N R
(graus) (MPa) (MPa) (%) (%)
392,24 748,64 15,2 0,201 22,6 0,516
0
4,05 7,28 0,30 0,002 0,30 0,033
385,64 750,50 17,4 0,218 26,8 1,237
45
2,84 7,49 0,10 0,008 1,40 0,042
421,85 774,25 14,9 0,194 21,8 0,711
90
4,94 11,13 0,10 0,002 0,90 0,011

Para as três orientações o aço DP600 apresentou valores de tensão limite de


escoamento verdadeira calculados a 0,002 de deformação verdadeira próximos de 400 MPa,
apresentando a relação , conforme Figura 33.. Os valores obtidos para a
orientação a 45º em relação à direção de laminação apresentaram valores próximos 0,27
de deformação total verdadeira, valores próximos quando comparados ao aço para HSLA340
para a mesma orientação. No entanto para a orientação na direção de Laminação os valores do
aço DP600 são próximos de 22, ou seja, 22% abaixo que os valores encontrados do aço
HSLA340 para mesma orientação. Ainda apesar que, conforme mencionado, os aços bifásicos
apresentam um escoamento contínuo, pode-se perceber que o aço DP600 apresentou uma
pequena descontinuidade na transição do regime elástico para o plástico, tal fato pode estar
relacionado com a presença da fase martensita em pequena quantidade, portanto, a quantidade
de discordâncias móveis existentes não são suficientes para ter uma transição suave do regime
elástico à deformação plástica e impedir o fenômeno.

65
900
DP600
800 0º
45º
700 90º

Tensão verdadeira (MPa)


600

500

400

300

200

100

0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30
Deformação verdadeira

Figura 33 – Comportamento em tração uniaxial do aço DP600 em função da orientação


angular em relação à direção de laminação da chapa.

Os valores obtidos do aço DP800 das tensões limite de escoamento verdadeira ( e) e
tensões limite de resistência verdadeira ( u) nas três orientações obtiveram uma variação
próximo de 9% e 2%, respectivamente, conforme Tabela 7. O coeficiente de anisotropia
plástica normal do aço DP600 foi determinado , ou seja, apresentando uma relação
> > , conforme esperado, indicando a menor capacidade de
conformação entre os aços estudados nessa pesquisa de tese. Tal fato pode ser observado com
os valores de deformação total (T) do aço DP800 que variou entre 0,150 a 0,199 obtendo uma
relação > > , a menor deformação total entre os três aços estudados.

Tabela 7 - Propriedades mecânicas do aço DP800 obtidas em tração uniaxial.


Orientação angular
N R
(graus) (MPa) (MPa) (%) (%)
450,77 866,74 12,7 0,166 18,5 0,579
0
3,02 8,26 0,20 0,001 0,60 0,018
441,06 863,66 13,6 0,173 19,9 1,077
45
7,04 16,66 0,30 0,001 0,60 0,095
482,75 886,95 11,0 0,161 15,0 0,696
90
3,40 3,51 0,20 0,001 0,20 0,020

Pode-se notar que os limites de escoamento para as três orientações encontram-se


próximos, porém visivelmente pode-se perceber a diferença de aproximadamente 33% da
66
deformação plástica total na orientação de 90 0(90º) quando comparada as outras duas
orientações, conforme Figura 34. Ainda, a deformação total verdadeira apresentou a
relação45º >0º >90º enquanto a relação do limite de escoamento foi inversa, a saber:
.

1100
DP800
1000

900 45º
90º
800
Tensão verdadeira (MPa)

700

600

500

400

300

200

100

0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação verdadeira

Figura 34 – Comportamento em tração uniaxial do aço DP800 em função da orientação


angular em relação a direção de laminação da chapa.

O comportamento em tração uniaxial na direção de laminação dos aços HSLA340,


DP600 e DP800 é apresentado na Figura 35. Observa-se que o aço HSLA340 obteve valores
superiores de deformações uniforme verdadeira e total em comparação aos aços DP600 e
DP800. Porém, os valores do limite de resistência do aço HSLA340 são inferiores próximos
de 390 MPa. Como esperado, o aço DP800 apesar de apresentar a menor deformação total
forneceu o maior limite de resistência. Estas observações experimentais estão associadas com
a maior fração volumétrica de martensita presente no aço bifásico DP800.

67
1000

900

800

Tensão verdadeira (MPa)


700

600

500

400

300
Direção de laminação
200 HSLA340
DP600
100 DP800
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30
Deformação verdadeira

Figura 35 – Comparação do comportamento em tração uniaxial na direção de laminação dos


aços HSLA340, DP600 e DP800.

Os valores médios dos limites de escoamento e resistência dos aços HSLA340,


DP600 e DP800 determinados a partir dos ensaios de tração uniaxial em função da orientação
angular com respeito a direção de laminação são comparados na Figura 36. Todos os aços
apresentam valores de limites de escoamento próximos a 400 MPa. O aço bifásico DP800
apresenta o maior limite de resistência, em torno de 900 MPa, em comparação ao menor
limite de resistência fornecido pelo aço HSLA340, próximo de 500 MPa. Contudo, estas
diferenças não são tão expressivas quando comparado com valores dos limites de escoamento
e resistência do aço bifásico DP600 que contém martensita, porém, em menor quantidade
comparada ao aço DP800.

1000

Limite de escoamento
Limite de resistência
Limites de escoamento/resistência (MPa)

800

600

400

200

0
HSLA DP600 DP800

Figura 36 – Valores médios dos limites de escoamento e resistência determinados em ensaios


de tração uniaxial dos aços HSLA340, DP600 e DP800.
68
A mesma média em relação às orientações foi realizada para as deformações
uniforme (u) e deformação total (T) verdadeiras dos aços HSLA340, DP600 e DP800,
conforme Figura 37. Observa-se que o aço DP800 apresentou valores inferiores para as duas
deformações quando comparado aos aços DP600 e HSLA340. O aço HSLA340 apresentou
os mais altos valores deformação uniforme e total verdadeiras, no entanto o aço DP600
apresentou valores bem próximos de deformação uniforme do aço HSLA340, não
apresentando uma diferença significativa.

35
Deformação uniforme
Deformação uniforme/deformação total (%)

30
Deformação total

25

20

15

10

0
HSLA DP600 DP800

Figura 37 - Valores médios das deformações máxima uniforme e deformações


determinados em ensaios de tração uniaxial dos aços HSLA340, DP600 e DP800.

5.3 Sensibilidade a taxa de deformação

Os ensaios de tração uniaxial para analisar a sensibilidade à taxa de deformação dos


aços HSLA340, DP600 e DP800 foram realizados com duas velocidades da travessa móvel:
0,01 e 100 mm/min. Em todos os aços, foi observado o aumento típico da tensão de
escoamento com o aumento da velocidade de ensaios ou taxa de deformação. Os ajustes das
curvas tensão verdadeira-deformação verdadeira foram realizados, desprezando-se as
deformações elásticas, em duas etapas. Na primeira etapa, são determinados os valores dos
parâmetros da equação de de Swift correspondentes a cada uma das velocidades
dos ensaios de tração uniaxial. A partir dos ajustes obtidos na primeira etapa o valor do índice
de sensibilidade a taxa de deformação é calculado em função da deformação verdadeira
empregando-se a Equação (4.8), isto é, . Os resultados da
primeira etapa para o aço HSLA340 estão apresentados na Figura 38.
69
700
0,17298
 = 705,81 (0.0002 + )
600

500

Tensão verdadeira (MPa)


400 0,16268
 = 634,68 (0.0002 + )

300

200
HSLA340
100 0,01 mm/min Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira

(a)

0.0150
Sensibilidade a taxa de deformação (M)

HSLA 340
0.0125

0.0100

M= 0,009
0.0075

0.0050

0.0025

0.0000
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira

(b)
Figura 38 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação de chapa de aço
HSLA340 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-deformação e
(b) índice de sensibilidade à taxa de deformação.

Com o valor médio do índice de sensibilidade à taxa de deformação determinado na


primeira etapa, 0,009 para o aço HSLA340 conforme Figura 39, procede-se à segunda
etapa na qual é realizado o ajuste simultâneo das curvas experimentais. Fixando-se o valor do
termo de pré-deformação , os valores dos demais parâmetros que correspondem ao
coeficiente de resistência e ao expoente de encruamento são determinados pelo ajuste da
equação modificada de Swift, Equação (4.3) em função das duas taxas nominais de
deformação (3 x 10-6 e 3 x 10-2 s-1) considerando-se a taxa de deformação de referência
igual a 10-1 s-1. As curvas ajustadas na segunda etapa são comparadas com os valores
experimentais do aço HSLA340 obtidos nos ensaios de tração realizados nas velocidades de
0,01 e 100 mm/min. Observa-se uma melhor concordância dos valores ajustados para o aço
HSLA340 com os resultados de tensão verdadeira-deformação plástica verdadeira
determinados na menor taxa de deformação.

70
700
0,16268 0,009
 = 711,03 (2E-4 + ) (3E-1)
600

500

Tensão verdadeira (MPa)


400
0,16268 0,009
 = 711,03(2E-4 + ) (3E-5)
300

200
HSLA340
100 0,01 mm/min Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira

Figura 39 – Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação de chapa de aço


HSLA340 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-deformação e
(b) índice de sensibilidade à taxa de deformação.

As curvas de ajuste da primeira etapa utilizando os valores dos parâmetros da


equação de de Swift para os aços DP600 e DP800 correspondentes a cada uma das
velocidades dos ensaios de tração uniaxial estão representados na Figura 40(a). Percebe-se
que neste primeiro ajuste as curvas do aço DP600 apresentaram um expoente de encruamento
de aproximadamente n = 0,21 para ambas as velocidades e os valores de coeficiente de
resistência de 1136,39 e 1020,59 para as velocidades de 100 mm/min e 0,01mm/min. Já as
curvas do aço DP800 nesse primeiro ajuste os valores do expoente de encruamento
determinados foram aproximadamente, 0,18 e 0,19 e o coeficiente de resistência 1294,17 e
1231,85 para as velocidades de 100 mm/min e 0,01mm/min, respectivamente. A partir desse
ajuste foi possível calcular o valor médio do índice de sensibilidade à taxa de deformação, a
saber: 0,011 e 0,005 para os aços DP600 e DP800, respectivamente, conforme
Figura 40(b). Utilizando a equação modificada de Swift, Equação (4.3) que considera o valor
médio do índice de sensibilidade a taxa de deformação pôde-se determinar o expoente de
encruamento n, a pré-deformação e o coeficiente de resistência dos aços DP600 e DP800
a saber: e. n = 0,21, 5E-5 e K= 11712,59 e n = 0,18, 5E-5 e K= 1317,88,
respectivamente, conforme Figuras 40(c)

71
1200
1200
0,18
1000  = 1294,17 (5E-6 + )
1000
0.21126
 = 1136,39 (5E-5 + )

Tensão verdadeira (MPa)


800
Tensão verdadeira (MPa)

800

600 0,1863
600  = 1231,85 (5E-5 + )

0,20904 400
 = 1020,59 (5E-5 + )
400
DP800
DP600 200 0,01 mm/min Experimental Ajuste
200 0,01 mm/min Experimental Ajuste 100 mm/mim Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste
0
0 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira
Deformação plástica verdadeira

(a)
0.0150 0.0150
DP600
Sensibilidade a taxa de deformação (M)

DP800

Sensibilidade a taxa de deformação (M)


0.0125 0.0125

0.0100 M = 0,011 0.0100

0.0075 0.0075

0.0050 0.0050
M = 0,005

0.0025 0.0025

0.0000 0.0000
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira () Deformação plástica verdadeira

(b)
1200 1200

0,20904 0,011 0,18163 0,005


1000  =1172,59 (5E-5 + ) (3E-1) 1000  =1317,88 (5E-5 + ) (3E-1)
Tensão verdadeira (MPa)
Tensão verdadeira (MPa)

800 800

0,18163 0,005
600 600  =1317,88(5E-5 + ) (3E-5)
0,20904 0,011
 =1172,59 (5E-5 + ) (3E-5)
400 400

DP600 DP800
200 0,01 mm/min Experimental Ajuste 200 0,01 mm/min Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste 100 mm/mim Experimental Ajuste

0 0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira Deformação plástica verdadeira

(c)
Figura 40 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação das chapas dos
aços DP600 e DP800 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-
deformação e (b) índice de sensibilidade à taxa de deformação e (c) ajustes das curvas
tensão-deformação utilizando a equação de Swift modificada.

A Tabela 8 apresenta os valores dos aços HSLA340, DP600 e DP800 do coeficiente


de resistência K, a pré-deformação , expoente de encruamento n, a taxa de deformação de
referência e o valor médio do índice de sensibilidade a taxa de deformação . Percebe-se
com a metodologia utilizada foi possível determinar a sensibilidade à taxa deformação.na qual

72
obteve uma relação com valores 0,009, 0,011 e 0,005,
respectivamente.

Tabela 8 – Parâmetros da equação modificada de Swift determinados para os aços HSLA340,


DP600 e DP800 a partir de ensaios de tração uniaxial realizados em duas velocidades.

Aço (MPa) (s-1)


HSLA340 711,03 2e-4 0,163 1e-2 0,009
DP600 1.172,59 5e-5 0,209 1e-2 0,011
DP800 1.317,88 5e-5 0,182 1e-2 0,005

5.4 Comportamento Plástico em Expansão Hidráulica

Os ensaios de expansão hidráulica para avaliar o comportamento plástico dos aços


HSLA340, DP600 e DP800 foram realizados com velocidades de 60 mm/min e força de
prensa-chapas constante igual a 500 kN. As tensões foram calculadas a partir da teoria de
membranas em função dos valores da pressão hidráulica, raio do domo esférico e espessura no
cume do domo (Hill, 1950). A espessura foi calculada assumindo-se a incompressibilidade
plástica por meio das deformações superficiais. Estas foram determinadas durante os ensaios a
partir de uma grade impressa de quadrados de lado 2,5 mm empregando-se um sistema de
correlação de imagens digitais. Os corpos de prova deformados por expansão hidráulica estão
apresentados na Figura 41. Todos os corpos de prova apresentaram enrugamento na região do
flange, porém, não foram observados escorregamentos nas regiões do prensa-chapas e matriz
denotando, assim, que as condições de estiramento foram asseguradas durantes os ensaios de
expansão. Além disso, na ausência de atrito como no caso dos ensaios de Curva Limite de
Conformação, as fraturas ocorreram bem próximas ao polo. Dentre os três ensaios realizados
para cada aço, as fraturas no aço DP600 ocorreram de forma bastante similar com orientação
alinhada com a direção de laminação. No aço DP800 ocorreram duas fraturas quase paralelas
com a direção de laminação e uma fratura, possivelmente iniciada próxima à região do polo
que, em seguida, propagou-se em duas direções. Um dos corpos de prova do aço HSLA340
não chegou a romper.

73
Figura 41 - Corpos de prova deformados nos ensaios de expansão hidráulica (bulge test).

A seguir são apresentados os resultados dos ensaios de expansão hidráulica em


termos de medidas equivalentes de tensão e deformação no sentido do critério isotrópico de
von Mises. Estas medidas são comparadas com as curvas de escoamento obtidas em tração
uniaxial na direção de laminação da chapa e com os ajustes segundo a equação de
encruamento de Swift. Em primeiro lugar, o comportamento plástico da chapa HSLA340,
apresentado na Figura 42, indica que a tensão máxima correspondente à fratura do corpo de
prova é próxima de 800 MPa para uma deformação plástica equivalente em torno de 0,78. A
curva de escoamento plástico em expansão hidráulica do aço HSLA340 encontra-se acima da
curva obtida em tração uniaxial na orientação paralela a direção de laminação da chapa. A
partir dos valores médios dos coeficientes de anisotropia plástica obtidos a partir de ensaios
de tração uniaxial nas orientações paralela e transversal a direção de laminação, é
possível corrigir a curva de escoamento em expansão hidráulica empregando-se o critério de
Hill (1948) por:

(5.1)

74
A correção mostrada na Figura 42(a) pela curva tracejada é pequena em razão dos
valores de anisotropia plástica do aço HSLA340 nas orientações paralela e
transversal a direção de laminação da chapa. O critério de Hill (1948)
superestima as correções de tensões entre os estados de expansão biaxial simétrica e
deformação plana (Moreira et al., 2000). Portanto, não serão adotadas correções das curvas de
escoamento obtidas em expansão hidráulica.

1200

1000
Tensão equivalente (MPa)

800

600

400
HSLA340
Tração uniaxial (DL)
200
Expansão hidráulica
Correção (Hill, 1948)
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deformação plástica equivalente

(a)

1200

1000
Tensão equivalente (MPa)

800

600
0,16396
 = 785,13 (0,0002 + )
400

HSLA340 - Expansão hidráulica


200 Experimental
Swift
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deformação plástica equivalente

(b)
Figura 42 – Comportamento plástico da chapa de aço HSLA340 em expansão hidráulica:
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da chapa
e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de Swift.

Os comportamentos dos aços bifásicos DP600 e DP800, apresentado na Figura 43,


mostram que estes aços oferecem maior resistência sob expansão hidráulica em detrimento à
capacidade de deformação plástica devido a presença de ilhas de martensita na matriz de
ferrita. Estes aços forneceram tensões máximas em torno de 900 (deformação ~ 0,55) e 1.000
MPa (deformação ~ 0,48), respectivamente. Em comparação ao comportamento plástico em
tração, é interessante observar que os aços bifásicos DP600 e DP800 apresentam curvas de

75
escoamento em expansão hidráulica bastante próximas as curvas de escoamento na direção de
laminação. Os parâmetros de ajuste da equação de Swift estão listados na Tabela 9.

1200 1200

1000 1000

Tensão equivalente (MPa)


Tensão verdadeira (MPa)

800 800

600 600

400 400

DP600 DP800
200 Tração uniaxial (DL) 200 Tração uniaxial (DL)
Expansão hidráulica Expansão hidráulica
0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50

Deformação plástica equivalente Deformação plástica equivalente

(a)
1200 1200

1000 1000
Tensão equivalente (MPa)
Tensão equivalente (MPa)

800 800

600 0,19283 600 0,16822


 = 1067,19 (0,002 + )  = 1185,46 (0,002 + )

400 400

DP600 - Expansão hidráulica DP800 - Expansão hidráulica


200 Experimental 200 Experimental
Swift Swift
0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Deformação plástica equivalente Deformação plástica equivalente

(b)
Figura 43 - Comportamento plástico dos aços DP600 e DP800 em expansão hidráulica:
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da chapa
e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de Swift.

Tabela 9 – Parâmetros da equação de encruamento de Swift determinados para os aços


HSLA340, DP600 e DP800 a partir de ensaios de expansão hidráulica.
Aço (MPa)
HSLA340 785,13 2e-4 0,164
DP600 1.067,19 2e-3 0,193
DP800 1.185,46 2e-3 0,168

As curvas de escoamento plástico em expansão hidráulica determinadas para os aços


HSLA340, DP600 e DP800 são comparadas na Figura 44. Nota-se que as três curvas
determinadas através de ensaio de expansão hidráulica mantiveram a mesma tendência
apresentada pelas curvas obtidas no ensaio de tração uniaxial na direção de laminação, porém,
como esperado com valores superiores tanto para as tensões máximas quanto paras as
deformações totais.

76
1200

1000

Tensão equivalente (MPa)


800

600

400
Expansão hidráulica
HSLA340
200
DP600
DP800
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deformação plástica equivalente

Figura 44 - Comportamento em expansão hidráulica dos aços HSLA340, DP600 e DP800.

As análises das deformações limites na fratura dos ensaios de expansão hidráulica


foram determinadas através do software ASAME ®. Os valores médios determinados foram:
epara o aço HSLA340, que apresentou a maior conformabilidade,
epara o DP600, que apresentou uma conformabilidade intermediária, e
e para o aço DP800, que apresentou a menor conformabilidade em
expansão hidráulica.

5.5 Compressão de disco

Os ensaios de compressão de disco foram realizados com velocidade de 0,5 mm/min


na máquina de ensaios EMIC de 600 kN empregando célula de carga de mesma capacidade.
Foram utilizados discos de 1,2 mm de espessura e 6 mm de diâmetro. Nas amostras do aço
HSLA340 foi empregada a carga inicial de compressão igual a 15 kN, aumentada a cada 5
kN, até o valor final de 40 kN. Já para os aços bifásicos DP600 e DP800 a carga inicial foi
igual a 20 kN, acrescida a cada 5 kN, até a carga final de 40 kN. Foram ensaiados 3 discos
para cada condição de carga de compressão, ou seja, 18 ensaios para aço HSLA340 e 15
ensaios para cada aço bifásico (DP600 e DP800). A lubrificação utilizada em todos os ensaios
de compressão foi grafite em aerossol aplicado em 4 camadas em ambas as faces do disco.
A Figura 45 resume os resultados dos ensaios de compressão de disco na qual estão
indicados os coeficientes de anisotropia plástica sob estado biaxial de tensão obtidos por
ajuste linear a partir das deformações plásticas nas orientações paralela e transversal a direção
de laminação da chapa . Em detalhe, as imagens dos discos em função da
carga. O aço HSLA340 apresentou o maior valor do coeficiente de anisotropia em
concordância com o comportamento plástico em expansão hidráulica (maior deformação

77
plástica equivalente). Este resultado deveria ser acompanhado pelos aços bifásicos DP600 e
DP800, respectivamente. Porém, as deformações obtidas para o aço DP800 apresentaram
maior dispersão fornecendo um coeficiente maior que o do aço DP600 e menor em
comparação ao determinado no trabalho de Panich et al. (2013) para o aço DP780
.

0.35
HSLA340
2
Ajuste linear (R = 0,997)
0.30
15 kN
20 kN
Deformação plástica verdadeira // a DT

0.25 25 kN
30 kN
35 kN
0.20 40 kN

0.15

0.10
Rb= 0,868
0.05

0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35

Deformação plástica verdadeira // a DL

(a)

0.25 0.25
DP600 DP800
2
Ajuste linear (R = 0,998) 2
Ajuste linear (R = 0,991)
20 kN 20 kN
0.20 0.20
25 kN 25 kN
Deformação plástica verdadeira // a DT

Deformação plástica verdadeira // a DT

30 kN 30 kN
35 kN 35 kN
0.15 40 kN 40 kN
0.15

0.10 0.10

Rb= 0,776
0.05 Rb= 0,816
0.05

0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira // a DL
Deformação plástica verdadeira // a DL

(b) (c)
Figura 45 - Resultados dos ensaios de compressão de disco realizados nas chapas dos aços:
(a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800.

78
5.6 Deformações Limites

Os corpos de prova do aço HSLA340 após a deformação imposta pela técnica de


Nakazima estão apresentados na Figura 46. Nota-se que a fratura ocorreu nas vizinhanças da
região central de todos os corpos de prova, em conformidade com a norma ISO 12004-
2:2008. É importante relembrar que o comprimento dos corpos de prova é paralelo à
orientação angular transversal com relação à direção de laminação da chapa. Percebe-se que a
fratura do corpo de prova de 180 mm apresentou uma ligeira rotação, o que pode estar
relacionado aos efeitos de atrito na cabeça do punção hemisférico. Foram formadas rugas nos
flanges dos corpos de prova de largura 180 mm e circular de diâmetro 220 mm, o que indica
que a força de aperto do prensa-chapas adotada igual a 500 kN foi insuficiente para evitar o
enrugamento destas geometrias. Contudo, não foram observados sinais de escorregamento em
ambos corpos de prova nas regiões dos flanges, freio de estampagem e raio da matriz.

Figura 46 - Corpos de prova do aço HSLA340 deformados nos ensaios de CLC.

As deformações limites do aço HSLA340 definidas nas condições de estricção


(CLCE) e fratura (CLCF) estão representadas na Figura 47. Conforme descrito em Materiais e
Métodos, três ensaios foram realizados para cada largura de corpo de prova. É possível
observar que a dispersão dos resultados para o grupo de 3 ensaios de cada corpo de prova não
79
foi significativa, excetuando-se um corpo de prova de largura 180 mm que forneceu valores
superiores da maior deformação em comparação aos outros dois corpos de prova de mesma
largura. Cabe ressaltar que o corpo de prova circular de diâmetro 220 mm forneceu valores
inferiores da maior deformação em comparação ao corpo de prova de largura 180 mm. Tal
resultado pode estar relacionado com possíveis variações nas forças de atrito devido as
condições de lubrificação que são mais difíceis de controlar sob o esboço em estiramento
biaxial simétrico ou até mesmo com o modo de fratura nesta região. Este último aspecto será
analisado no próximo parágrafo.
Os corpos de prova de largura 20, 40, 60 e 80 mm forneceram valores negativos para
a menor deformação na superfície, ou seja, deformação no domínio de estampagem (< 0).
Em particular, os corpos de prova com largura de 20 mm e 40 mm forneceram valores da
maior deformação próximos a 0,50. O corpo de prova de largura 100 mm forneceu resultados
no domínio de deformação plana (= 0 e  = 0,23) enquanto que os corpos de prova com
larguras entre 120 mm e 180 mm assim como o corpo de prova de 220 mm de diâmetro
forneceram deformações limites localizadas no domínio de estiramento biaxial (> 0). Por
fim, pôde-se observar que a CLC na fratura acompanhou a mesma tendência da CLC na
estricção, porém como esperado, com valores superiores em todos os nivéis de deformação.

0.7

0.6
Maior deformação principal (1)

0.5

0.4

0.3
HSLA340 -Largura
0.2 20 mm 120 mm
40 mm 130 mm
60 mm 140 mm
Estricção
0.1 80 mm 150 mm Fratura
100 mm 180 mm Curva de ajuste na estricção
220 mm Circular Curva de ajuste fratura
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Menor deformação principal (2)

Figura 47 - Deformações limites do aço HSLA340.

Os resultados correspondentes a chapa de aço bifásico DP600 estão apresentados na


Figura 48. Observa-se que a fratura ocorreu na região central de todos os corpos de prova. A
80
mesma rotação foi identificada na fratura do corpo de prova de 180 mm com o enrugamento
das bordas dos corpos de prova de 180 mm e 220 mm. As deformações limites na estricção do
aço DP600 estão representadas na Figura 49. Para o grupo de 3 ensaios de cada corpo de
prova houve uma pequena dispersão, sobretudo nos corpos de prova com larguras de 40 mm,
60 mm, 80 mm, 120 mm, 150mm e o circular de diâmetro 220 mm. Tal fato pode ser
atribuído à lubrificação ou até mesmo uma pequena descentralização dos corpos de prova na
execução dos ensaios.

Figura 48 - Corpos de prova do aço DP600 deformados nos ensaios de CLC.

Nota-se que os corpos de prova de largura 20 mm, 40 mm, 60 mm, 80 mm


apresentaram valores positivos de maior deformação na superfície com valores negativos da
menor deformação na superfície no domínio de estampagem da CLC. A interseção da curva
de ajuste com o eixo da maior deformação define o estado plano de deformação plana para o
qual a deformação limite é aproximadamente ,18, valor próximo da média do expoente de
encruamento na orientação angular 90º, n = 0,194. Os corpos de prova de larguras de 100 mm
a 180 mm e o circular de 220 mm de diâmetro apresentaram valores no domínio de
deformação biaxial (> 0 e  >0). Porém, cabe ressaltar que os corpos de prova de largura de
180 mm e o circular de diâmetro 220 mm forneceram valores próximos de 0,35 e 0,30 de
maior deformação, respectivamente. Indicando assim uma boa conformabilidade no modo de
81
deformação biaxial com pouca variação em relação à maior deformação do corpo de prova de
largura de 20 mm que apresentou valor próximos a 0,35. Ainda, pode-se observar que a CLC
na fratura acompanhou a mesma tendência da CLC na estricção, como esperado, com valores
superiores em todos os nivéis de deformação.

0.7

0.6
Maior deformação principal (1)

0.5

0.4

0.3
DP600 - Largura
0.2 20 mm 120 mm
40 mm 130 mm
Estricção
60 mm 140 mm
Fratura
0.1 80 mm 150 mm
100 mm 180 mm Curva de ajuste na estricção
220 mm Circular Curva de ajuste fratura
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Menor deformação principal (2)

Figura 49 - Deformações limites do aço DP600.

Os corpos de prova deformados e os valores de deformações limites determinados


para a chapa de aço bifásico DP800 estão apresentados nas Figuras 50 e 51, respectivamente.
A fratura ocorreu na região central de todos os corpos de prova. Como nos ensaios dos aços
HSLA340 e DP600 também observou-se o enrugamento nos flanges dos corpos de prova de
largura 180 mm e circular com diâmetro de 220 mm, porém, sem escorregamentos aparentes.
Para o grupo de 3 ensaios de cada corpo de prova houve uma pequena dispersão, sobretudo
nos corpos de prova com larguras de 40 mm, 60 mm, 80 mm e o circular de diâmetro 220
mm. Estes resultados podem ser atribuídos às condições de lubrificação ou mesmo à
possibilidade de descentralização dos corpos de prova na montagem e aperto do ferramental.
Os corpos de prova de largura 20 mm, 40 mm, 60 mm forneceram deformações
limites situadas no lado esquerdo da CLC. Em particular, o corpo de prova com largura de 20
mm forneceu a maior deformação próxima a 0,30 ao passo que o estado plano de deformação
foi obtido por meio do corpo de prova de largura igual a 80 mm (= 0 e  = 0,16), cujo valor
concorda com o valor médio do expoente de encruamento determinado para a orientação
angular 90º (n = 0,161). Além disso, os corpos de prova de largura 100 mm a 180 mm e o
circular de diâmetro de 220 mm se encontram no domínio de deformação biaxial. Porém, cabe
82
ressaltar que o corpo de prova circular de diâmetro 220 mm obteve valores da menor e maior
deformação próximos a 0,30, o que confere ao aço DP800 boa conformabilidade no domínio
de estiramento biaxial. Ainda, pode-se observar que a CLC na fratura acompanhou a mesma
tendência da CLC na estricção, porém como esperado, com valores superiores em todos os
nivéis de deformação.

Figura 50 – Corpos de prova do aço DP800 deformados nos ensaios de CLC.

0.7

0.6
Maior deformação principal (1)

0.5

0.4

0.3
DP800 - Largura
0.2 20 mm 120 mm
40 mm 130 mm Estricção
60 mm 140 mm
0.1 Fratura
80 mm 150 mm
Curva de ajuste na estricção
100 mm 180 mm
220 mm Circular Curva de ajuste fratura
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Menor deformação principal (2)

Figura 51 – Deformações limites do aço DP800.

83
5.6.1 Análise dos mecanismos de fratura

Com auxílio da técnica de metalografia óptica foram obtidas imagens com aumento
de 50X das amostras retiradas dos corpos de prova dos aços HSLA340, DP600 e DP800
deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC). Estas imagens foram
registradas a partir das amostras cortadas perpendicularmente às fraturas dos corpos de prova.
Com isso, foi realizada primeiro uma análise com respeito aos aspectos característicos dos
mecanismos que precederam a fratura em função do tipo de modo de deformação. Em
seguida, foram realizadas medições de espessura nestas amostras para quantificar a
distribuição de deformação verdadeira na direção da espessura em função da distância da
fratura e, portanto, permitir a identificação dos mecanismos que conduziram as fraturas nos
aços HSLA340, DP600 e DP800.

5.1.5.1 Aço HSLA340

A Figura 52 apresenta as imagens obtidas a partir das amostras do aço HSLA340, nas
quais é possível observar o afinamento de espessura em todos os corpos de prova de CLC.
Esta característica é típica do mecanismo de instabilidade plástica devido a estricção
localizada comumente encontrada nos aços convencionais.

20 mm 40 mm 60 mm 80 mm

100 mm 120 mm 130 mm 140 mm

150 mm 180 mm 220 mm


Figura 52– Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de
prova do aço HSLA340 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).

84
A Figura 53 apresenta as distribuições de deformação plástica na direção da
espessura de todos os corpos de prova da chapa de aço HSLA340 deformados através dos
ensaios de CLC. Estes resultados estão representados em função da distância da fratura, no
caso até 1,5 mm, demonstram que todos os corpos de prova apresentaram localização de
deformação plástica na direção da espessura, indicando o mecanismo de instabilidade plástica
que antecede a fratura. Foram separados dois grupos de corpos de prova para melhor
compreensão destes resultados. A Tabela 10 resume todos os resultados por meio da
deformação relativa definida pela razão entre as deformações na espessura correspondentes as
regiões fraturadas e aquelas situadas a 1,5 mm de distância das fraturas. Todas as geometrias
dos corpos de prova forneceram uma deformação relativa superior a 2, o que significa que a
instabilidade plástica na direção da espessura é o mecanismo predominante que precede a
fratura da chapa de aço HSLA340 com espessura nominal de 1,2 mm.

-0.3
HSLA340
-0.6

-0.9
20 mm
40 mm
Defeormação Plática na espessura ( 3)
p

-1.2 60 mm
-1.5 80 mm
-1.8
100 mm
120 mm
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4

-0.3

-0.6

-0.9

-1.2 130 mm 180 mm


140 mm 220 mm Circular
-1.5
150 mm
-1.8
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
Distância da fratura (mm)

Figura53 – Distribuições das deformações plásticas na direção da espessura em função da


distância da fratura determinadas a partir dos corpos de prova de CLC do aço HSLA340.

Tabela 10- Deformação relativa do aço HSLA340.


Largura (mm)
20 40 60 80 100 120 130 140 150 180 220
3,96 3,53 3,2 4,734 5,89 3,48 3,58 2,74 2,89 2,21 2,09

As imagens dos 11 corpos de prova da CLC foram analisadas com um aumento de

85
200X, por meio de microscopia óptica, no intuito de avaliar a orientação dos grãos para
melhor identificação mecanismos de fratura que podem ter ocorrido nas chapas do aço
HSLA340. Porém, foram escolhidos 6 corpos de prova para serem analisados, a saber, as
larguras 20 mm e 40 mm para representar o modo de deformação de estampagem (< 0,  >
0), os corpos de prova de larguras 120 mm e 130 mm próximos a região de deformação plana
(= 0,  > 0) e os corpos de prova de largura 180 mm e diâmetro de 220 mm que forneceram
deformações limites no domínio de estiramento biaxial. As micrografias apresentadas na
Figura 54 foram reveladas com reagente Nital 3%, nas quais foram acrescentadas linhas em
vermelho para indicar a orientação dos grãos. Com exceção do corpo de prova de geometria
circular 220 mm, que apresentou pequenas rotações nos grãos, em todos os outros corpos de
prova os grãos mantiveram alinhamento com a direção da maior tensão principal no plano da
chapa corroborando, portanto, que o mecanismo de falha que conduz a fratura no aço
HSLA340 é por instabilidade plástica na forma de localização de deformação na direção da
espessura.

20 mm 40 mm

120 mm 130 mm

180 mm 220 mm
Figura 54 – Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HSLA340.
(Aumento 200X).

86
As imagens das superfícies de fratura dos 11 corpos de prova da CLC do aço
HSLA340 foram obtidas com um aumento de 850X por meio de microscopia eletrônica de
varredura (MEV). Todas as superfícies foram analisadas neste estudo, porém, foram
escolhidas apenas seis imagens correspondentes aos corpos de prova com largura de 20, 40,
120, 130 e 180 mm e geometria circular com diâmetro de 220 mm, representativos dos
principais modos de deformação da CLC, a saber, estampagem, deformação plana e
estiramento biaxial, conforme Figura 55, 56,57.

Pode-se observar que as imagens na superfície da fratura apresentam uma fratura


dúctil alveolar com aspecto rugoso com vazios de formato arredondado e elíptico. Ainda,
nota-se que a fratura tende cada vez mais a um formato elíptico alongado à medida que
avança de um carregamento no domínio de estampagem para o domínio de estiramento
biaxial, que se encontra em concordância com os resultados obtidos por Narayanasamy et al.
(2009). No detalhe da Figura 55, a superfície da fratura com aumento de 850X com os
alvéolos com forma mais arredondada destacados com círculos vermelhos.

87
20mm

40mm
Figura 55 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340.

88
Os corpos de prova próximos à deformação plana (= 0,  > 0) apresentam alvéolos
mais alongados quando comparados ao domínio de estampagem (< 0,  > 0), conforme
destacado em vermelho na Figura 56.

120mm

130mm
Figura 56 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340.

89
Os corpos de prova que representam o domínio de estiramento biaxial, conforme
Figura 57, apresentaram alvéolos mais alongados na superfície de fratura quando comparados
aos corpos de prova que representam os domínios de estampagem e deformação plana.

180mm

220mm
Figura 57 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340.

90
5.6.1.2 Aço DP600

O mesmo procedimento de análise realizado para o aço HSLA340 foi


utilizado para o aço DP600, dessa forma, é possível observar uma redução de espessura
acentuada nos corpos de prova de largura de 20 mm a 140 mm, esta característica é típica do
mecanismo de instabilidade plástica devido à estricção localizada, porém, só essas análises
não são conclusivas. Já os corpos de prova de largura 180 mm e diâmetro 220 mm não
apresentaram essa diminuição tão acentuada, indicando outro mecanismo de fratura existente
nesse domínio de estiramento biaxial, conforme Figura 58.

20 mm 40 mm 60 mm 80 mm

100 mm 120 mm 130 mm 140 mm

150 mm 180 mm 220 mm


Figura 58 – Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de
prova do aço DP600 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).

A Figura 59 apresenta as distribuições de deformação plástica na direção da


espessura de todos os corpos de prova da chapa de aço DP600 deformados através dos ensaios
de CLC. A Tabela 11 resume todos os resultados por meio da deformação relativa definida
pela razão entre as deformações na espessura correspondentes as regiões fraturadas e aquelas
situadas a 1,5 mm de distância das fraturas. Nota-se que os corpos de prova com larguras de
20 mm a 150 mm forneceram uma deformação relativa superior a 2. Indicando que a
instabilidade plástica na direção da espessura pode ser o mecanismo predominante que

91
precede a fratura nesses corpos de prova do aço DP800 com espessura nominal de 1,2 mm,
porém esses essas observações só poderão ser conclusivas após a avaliação das orientações
dos grãos.

-0.2 DP600
-0.4 20 mm
-0.6 40 mm
Defeormação Plática na espessura (e t )

60 mm
p

-0.8 80 mm
-1.0 100 mm
120 mm
-1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8
130 mm 180 mm
-1.0 140 mm 220 mm Circular
-1.2 150 mm
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
Distância da fratura (mm)

Figura 59 - Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de prova
do aço DP600 do ensaio da curva limite de conformação.

Tabela 11- Deformação relativa do aço DP600.


Largura (mm)
20 40 60 80 100 120 130 140 150 180 220
2,89 2,05 3,41 3,63 3,91 3,95 3,65 2,52 2,31 1,17 1,32

A Figura 60 apresenta as seis imagens obtidas por meios de técnica de microscopia


óptica. Cabe ressaltar, que não houve rotação de grãos nos corpos de prova de larguras 20
mm, 40 mm, 180 mm e diâmetro 220 mm, havendo somente rotação significativa de grãos do
corpo de prova com largura de 120 mm e 130 mm, indicando assim uma fratura dúctil por
cisalhamento. Assim, pôde-se separar um conjunto de corpos de prova com larguras de 20
mm a 100 mm (< 0 e  >0) que obtiveram uma fratura dúctil por instabilidade plástica na
espessura, outro grupo de corpos de prova próximo ao modo de deformação plana (= 0,  >
0), que são os corpos de prova com larguras de 120 e 130 mm que obtiveram rotação de grão
significativa e pode ser associado a um tipo de fratura dúctil por cisalhamento, e por fim o
último grupo, os corpos de prova com larguras acima de 140 mm (> 0,  > 0) que não
apresentaram rotação de grãos e redução de espessura muito significativa, foram associados a
uma fratura dúctil por tensão.
92
20 mm 40 mm

120 mm 130 mm

180 mm 220 mm
Figura 60 – Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP600.
(Aumento 200X).

Todos os corpos de prova apresentaram uma superfície de fratura alveolar com aspecto
rugoso, conforme Figuras 61, 62 e 63. Porém, pode-se notar que os corpos de prova que
representam o domínio de estampagem apresentam, em sua maioria, alvéolos arredondados
conforme Figura 61. Assim, pode-se associar a acentuada redução de espessura, sem rotação
nas direções dos grãos combinado com alvéolos arredondados em uma superfície rugosa de
fratura a uma fratura precedida pela instabilidade plástica ao longo da espessura.

93
20mm

40mm
Figura 61 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600.
94
Conforme Figura 62, os corpos de prova de largura 120 mm e 130 mm apresentaram
um aspecto menos rugoso que os demais corpos de prova e em particular o de largura 120mm
apresentou pontos de clivagem. Pode-se associar uma superfície de fratura menos rugosa com
pontos de clivagem associada à rotação nas orientações dos grãos combinada com redução
não muito acentuada de espessura a uma fratura dúctil por cisalhamento.

120mm

130mm
Figura 62 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600.
95
Por fim, pode-se associar uma superfície de fratura com rugosidade acentuada e
alvéolos alongados combinada com a ausência de rotação nas orientações de grãos sem
redução acentuada de espessura a uma fratura dúctil por tensão conforme Figura 63. Essa
diferença na superfície na fratura também ficou evidente nos estudos realizados por Björklund
et al. (2014).

180mm

220mm
Figura 63 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600.
96
5.6.1.3 Aço DP800

O mesmo procedimento de análise realizado para o aço HSLA340 e DP600 foi


utilizado para o aço DP800, dessa forma, é possível observar uma redução de espessura
acentuada nos corpos de prova de largura de 20 mm a 140 mm, Já os corpos de prova de
largura 150 mm a 180 mm e circular de diâmetro 220 mm não apresentaram essa diminuição
tão acentuada, seguindo assim a mesma tendência do aço DP600, Ou seja, indicando
mecanismos de fratura diferenciados, conforme Figura 64.

20 mm 40 mm 60 mm 80 mm

100 mm 120 mm 130 mm 140 mm

150 mm 180 mm 220 mm


Figura 64 – Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de
prova do aço DP800 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).

A Figura 65 apresenta as distribuições de deformação plástica na direção da


espessura de todos os corpos de prova da chapa de aço DP600 deformados através dos ensaios
de CLC. A Tabela 12 resume todos os resultados por meio da deformação relativa definida
pela razão entre as deformações na espessura correspondentes as regiões fraturadas e aquelas
situadas a 1,5 mm de distância das fraturas. Nota-se que os corpos de prova com larguras de
20 mm a 120 mm forneceram uma deformação relativa superior a 2,21. Indicando que a
instabilidade plástica na direção da espessura pode ser o mecanismo predominante que
precede a fratura nesses corpos de prova do aço DP800 com espessura nominal de 1,2 mm,
porém esses essas observações só poderão ser conclusivas após a avaliação das orientações

97
dos grãos.
0.0
DP800

-0.2

Defeormação Plática na espessura (e t )


p
20 mm 80 mm
-0.4
40 mm 100 mm
60 mm 120 mm
-0.6
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4

0.0
130 mm 180 mm
140 mm 220 mm Circular
-0.2 150 mm

-0.4

-0.6
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
Distância da fratura (mm)

Figura 65- Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de prova
do aço DP800 do ensaio da curva limite de conformação.

Tabela 12- Deformação relativa do aço DP800.


Largura (mm)
20 40 60 80 100 120 130 140 150 180 220
3,75 2,67 2,21 3,799 2,47 2,83 1,92 2,39 1,96 1,22 1,16

A Figura 66 apresenta as seis imagens obtidas por meios de técnica de microscopia


óptica. Cabe ressaltar, que só houve rotação de grãos nos corpo de prova com largura de 130
mm e 140 mm, indicando assim uma fratura dúctil por cisalhamento. Assim, pôde-se separar
um conjunto de corpos de prova com larguras de 20 mm a 100 mm (< 0 e  >0) que
obtiveram uma fratura dúctil por instabilidade plástica na espessura, outro grupo de corpos de
prova próximo ao modo de deformação plana (= 0,  > 0), que são os corpos de prova com
larguras de 130 e 140 mm que obtiveram rotação de grão significativa e pode ser associado a
um tipo de fratura dúctil por cisalhamento, e por fim o último grupo, os corpos de prova com
larguras acima de 150 mm (> 0,  > 0) que não apresentaram rotação de grãos e redução de
espessura muito significativa, foram associados a uma fratura dúctil por tensão, resultados
esses coerentes aos analisados neste estudo do aço DP600.

98
20 mm 40 mm

130 mm 140 mm

180 mm 220 mm
Figura 66 – Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP800.
(Aumento 200X).

Todos os corpos de prova apresentaram uma superfície de fratura dúctil alveolar


conforme Figuras 67, 68 e 69. Os corpos de prova com largura de 20 mm e 40 mm
apresentaram alvéolos arredondados e superfície de fratura rugosa, conforme Figura 67. Logo.
com as análises realisadas para o aço DP800, pode-se associar a acentuada redução de
espessura, sem rotação nas direções dos grãos combinado com alvéolos arredondados em uma
superfície rugosa de fratura a uma fratura precedida pela instabilidade plástica ao longo da
espessura.

99
20mm

40mm
Figura 67- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800.

Os corpos de prova de larguras 130 mm e 140 mm apresentaram uma superfície com


aspecto plano com alvéolos alongados com pontos de clivagem, conforme Figura 68. Assim.
pode-se associar uma superfície de fratura com aspecto plano com pontos de clivagem com
rotação nas orientações dos grãos combinada com redução não muito acentuada de espessura

100
a uma fratura dúctil por cisalhamento.

130mm

140mm
Figura 68- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800.

Por fim, os corpos de prova de largura de 180 mm e circular com 220 mm de


diâmetro apresentaram alvéolos alongados com superfície de fratura rugosa, conforme Figura

101
69. Assim, pode-se associar a uma superfície de fratura com rugosidade acentuada e alvéolos
alongados combinada com a ausência de rotação nas orientações de grãos sem redução
acentuada de espessura a uma fratura dúctil por tensão. Esses resultados avaliados mostram-se
coerentes com as análises realizadas por Björklund et al. (2014).

180mm

220mm
Figura 69- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800.

102
5.6.2 Previsões de Deformações Limites

O modelo elasto-plástico para previsão da Curva Limite de Conformação (CLC) foi


primeiramente validado por meio de comparações com resultados experimentais e numéricos
das deformações limites determinados na condição de estricção localizada para uma chapa de
aço AISI 1012. Em seguida, o modelo elasto-plástico foi empregado na previsão das
deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 adotando-se critérios de estricção
localizada (Cardoso et al., 2016), fratura dúctil (Lou et al., 2012) e com bases em uma
proposta de combinação destes critérios de estricção localizada e fratura dúctil.

5.6.2.1 Aço AISI 1012

A Curva Limite de Conformação (CLC) de uma chapa de aço baixo carbono AISI
1012 foi calculada por meio do modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysnski
adotando-se o critério de estricção localizada. A caracterização experimental do aço AISI
1012 foi realizada por Molaei § apud Nurcheshmeh e Green (2011). Os parâmetros materiais
deste aço estão listados na Tabela 13. Em particular, os valores da rugosidade média inicial
(Ra0) e tamanho médio inicial de grão (d 0). A espessura nominal da chapa de aço AISI 1012 é
igual a 2,5 mm. Com esses dados, o tamanho da imperfeição geométrica do modelo de
Marciniak-Kuczysnski é definido em função da evolução da rugosidade superficial da chapa,
a qual, depende da deformação plástica equivalente acumulada na zona da imperfeição
geométrica, isto é:

(5.1)

com a rugosidade superficial definida por:

(5.2)

§
Molaei, B. Strain path effects on sheet metal formability. PhD thesis, Amirkabir University of Technology,
Iran, 1999.

103
O tamanho inicial da imperfeição geométrica para a chapa de aço AISI 1012 é igual a
0,995. Quanto aos demais parâmetros materiais, os valores dos coeficientes de anisotropia
plástica determinados em relação a direção de laminação de chapa (R 0, R45, R90) foram
utilizados para calcular os parâmetros do critério de plasticidade de Ferron et al. (1994)
conforme metodologia descrita no Anexo III. Neste critério de plasticidade foram adotados
como valores dos expoentes m = n = 2, p = q = 1 e o coeficiente k = 0,15, o que fornece um
achatamento da superfície de escoamento entre os estados de deformação plana por tração e
ou/compressão e cisalhamento. Para descrever o encruamento da chapa de aço AISI 1012, foi
adotada a equação modificada de Swift, Eq. (4.3) na qual são considerados os efeitos de
sensibilidade a taxa de deformação. As propriedades elásticas do aço AISI 1012 a temperatura
ambiente foram definidas pelos valores do módulo de Young E = 207.000 MPa e coeficiente
de Poisson  = 0,29.

Tabela 13 – Parâmetros do aço AISI1012 (Molaei** apud Nurcheshmeh e Green 2011).


Parâmetros do material
K (Mpa) n m 0 r0 r45 r90 d0 (m) Ra0 (m) C (m)
238,00 0,33 0,01 0,01 1,40 1,05 1,35 25,00 6,50 0,104

A Figura 70 compara as previsões do modelo elasto-plástico com as deformações


limites experimentais do aço AISI 1012. Para fins de comparação, foram incluídas as
previsões determinadas por Freitas et al. (2013) com o modelo rígido-plástico de Marciniak-
Kuczysnski. Ambos os modelos apresentam boa concordância com a CLC experimental do
aço AISI 1012, sobretudo no estado plano de deformação (0). Por outro lado, é possível
observar pequenas diferenças entre as previsões dos modelos rígido-plástico e elasto-plástico
nos domínios de estiramento (0, ) e estampagem (0, )

104
0.9

0.8

Maior deformação principal (1)


0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

Aço AISI 1012


0.2
Exp. (Molaei, 1999)
0.1 M-K rígido-plástico (Freitas et al., 2013)
M-K elasto-plástico
0.0
-0.6 -0.5 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

Menor deformação principal (2)

Figura 70 – Previsões das deformações limites de uma chapa de aço AISI 1012.

5.6.2.2 Aços bifásicos DP600 e DP800

Os tamanhos iniciais das imperfeições geométricas correspondentes as chapas de


aços bifásicos DP600 e DP800 foram definidos em função dos valores de rugosidade média
obtidos por análises de microscopia confocal. As rugosidades médias obtidas nas orientações
paralela e transversal a direção de laminação estão apresentadas na Tabela 14. Para fins de
comparação, estão apresentados os valores obtidos para as chapas de aço HSLA340. Embora
o revestimento em todas as chapas seja do mesmo tipo, zinco puro depositado por processo de
imersão a quente, as chapas do aço DP800 apresentaram os menores valores de rugosidade
média acompanhados pelas chapas dos aços HSLA340 e DP600, respectivamente.

Tabela 14 – Rugosidade média (m).


Aço DL DT
HSLA340 0,980 0,922
DP600 1,039 1,013
DP800 0,700 0,604

Os tamanhos iniciais das imperfeições geométricas para as chapas dos aços bifásicos
foram calculados a partir da Eq. (5.1) para a condição como recebido, ou seja, não-deformado,
com os valores da rugosidade média na orientação transversal a direção da laminação da
chapa uma vez que esta orientação está alinhada com o comprimento dos corpos de prova dos
ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC). Os valores dos tamanhos iniciais da
imperfeição do modelo de Marciniak-Kuczysnski para os aços DP600 e DP800 são iguais a
105
0,998 e 0,999, respectivamente.
A seguir são apresentados os resultados do modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-
Kuczysnski obtidos para os aços bifásicos DP600 e DP800 a partir de critérios de estricção
localizada, fratura dúctil e combinação estricção localizada com fratura dúctil,
respectivamente.

5.6.2.2.1 Critério de estricção localizada

Neste item, as Curvas Limites de Conformação (CLCs) dos aços DP600 e DP800
foram calculadas a partir do critério de estricção localizada, conforme as Eqs. (4.60) e (4.61).
O comportamento plástico destes aços bifásicos foi descrito pela equação de encruamento
modificada de Swift, cujos parâmetros foram ajustados a partir dos ensaios de expansão
hidráulica, valores listados na Tabela 9, considerando o valor do índice de sensibilidade a taxa
de deformação determinado por meio de ensaios de tração uniaxial realizados em corpos de
prova na direção de laminação nas velocidades de 0,01 e 100 mm/min. As propriedades
elásticas dos aços DP600 e DP800 foram definidas pelo módulo de Young (207.000 MPa) e
coeficiente de Poisson (0,29). A anisotropia plástica foi descrita pelos critérios de plasticidade
de Ferron et al. (1994) e Hill (1948) para os aços bifásicos DP600 e DP800, respectivamente.
Os parâmetros destes critérios foram calculados pela escolha dos expoentes m = 2, n = 1, p =
1 e q = 1 com o coeficiente k = 0 (Hill, 1948) e k = 0,07 (Ferron et al., 1994). Para fins de
comparação, foram adotadas as hipóteses de anisotropia plástica normal e anisotropia planar
definidas respectivamente pelos valores dos coeficientes de anisotropia plástica normal,
calculados por , e pelos valores dos coeficientes de anisotropia
plástica obtidos nos ensaios de tração uniaxial ( , listados na Tabela 5.

Conforme apresentado na Figura 71, as Curvas Limite de Conformação teóricas dos


aços DP600 e DP800 considerando a anisotropia planar e normal ficaram coincidentes e
apresentaram mesma tendência com resultados bem próximos quando comparados a CLC
experimental nos domínios de estampagem (2 < 0, 1 > 0) e de deformação plana (2 = 0, 1 >
0), porém, no domínio de estiramento biaxial (2 > 0, 1 > 0) as previsões das deformações
limites ficaram superestimadas, não havendo portanto uma boa concordância com os
resultados experimentais. Tal fato pode estar relacionado com o tipo de mecanismo de fratura
apresentada nos corpos de prova desse domínio de estiramento biaxial.

106
1.0 1.0
Corpo de prova DP800
0.9 Estricção 20 mm 80 mm 130 mm 0.9 Anisotropia normal
Fratura 40 mm 100 mm 140 mm 180 mm
Anisotropia planar
Maior deformação principal (1)

Maior deformação principal (1)


0.8 60 mm 120 mm 150 mm 220 mm 0.8

0.7 0.7

0.6 0.6

0.5 0.5
Estricção
0.4 0.4 Fratura

Corpo de prova
0.3 0.3 20 mm 130 mm
40 mm 140 mm
0.2 DP600 0.2 60 mm 150 mm
Anisotropia normal 80 mm 180 mm
0.1 Anisotropia planar 0.1 100 mm 220 mm
120 mm Circular
0.0 0.0
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Menor deformação principal (2) Menor deformação principal (2)

(a) (b)
Figura 71 – Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 obtidas
com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.

5.6.2.2.2 Critério de fratura dúctil

Neste item, as deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 foram
calculadas adotando-se o critério de fratura dúctil de Lou et al. (2012). Os parâmetros deste
critério de fratura dúctil podem ser calculados a partir dos valores de deformações
equivalentes na condição de fratura obtidos experimentalmente a partir dos ensaios de tração
uniaxial, deformação plana por tração e expansão hidráulica. Os valores das deformações na
condição de fratura dos ensaios de tração uniaxial, na orientação transversal a direção de
laminação da chapa, assim como os valores correspondentes aos ensaios de expansão
hidráulica são de fácil obtenção. Já o valor de deformação na fratura no estado de deformação
plana pode ser determinado ora a partir de um ensaio com corpo de prova específico ora por
meio das medidas dos corpos de prova de Curva Limite de Conformação (CLC) que
forneceram deformações limites sob condições de deformação plana. Na ausência de ensaios
com corpos de prova específicos (tração sob deformação plana) e considerando-se que o
objetivo principal é prever as deformações que compõem a CLC, o valor da maior
deformação limite na condição do estado de deformação plana pode ser estimado a
partir do expoente de encruamento obtido em tração uniaxial. De fato, foi observada uma boa
correlação entre os valores do expoente de encruamento na orientação transversal a direção de
laminação da chapa com os interceptos das Curvas Limites de Conformação na Estricção
(CLCE) dos aços DP600 e DP800, conforme discutido na seção 5.6. Sendo assim, foram
107
adotados os valores médios do expoente de encruamento na orientação transversal , ver
nas Tabelas 6 e 7, os quais, por sua vez, foram corrigidos por meio do critério de von Mises,
ou seja, . Além disso, foi observado que as deformações limites na
condição de fratura determinadas com auxílio do programa ASAME ® estão provavelmente
superestimadas uma vez que o procedimento de depuração deste programa é realizada por
meio da reconstrução manual da grade de quadrados, a qual, está sujeita ao tamanho da fratura
e, por conseguinte, pode conduzir a valores muito altos de deformações. Nesse sentido, o
valor correspondente a deformação limite na condição de fratura para o estado plano de
deformação, já corrigido pela medida de deformação equivalente de von Mises, foi majorado

por . Todos os parâmetros deste critério de fratura dúctil estão


representados na Tabela 15.

Tabela 15- Parâmetros do critério de fratura do aço DP600 e DP800.


Aço C1 C2 C3
DP600 0,245 0,25 0,78 6,231 -2,650 0,2665
DP800 0,183 0,216 0,60 2,685 -2,214 0,245

Cabe ressaltar, que os critérios de plasticidade utilizados neste critério de fratura


dúctil foram os mesmos utilizados no critério de estricção localizada, ou seja, Ferron et al.
(1994) e Hill (1948) para os aços DP600 e DP800, respectivamente. Conforme apresentado na
Figura 72, a Curva Limite de Conformação teórica dos aços DP600 e DP800 utilizando o
critério de fratura dúctil obteve uma boa concordância com a CLC experimental no domínio
de estiramento biaxial (0,  e no domínio de deformação plana (0, , sobre
tudo, a curva que foi considerada a anisotropia normal, porém, no domínio de estampagem
(0,  os resultados não foram satisfatórios, no qual os valores das previsões das
deformações limites dos aços DP600 e DP800, tanto considerando a anisotropia normal ou
planar, ficaram subestimados quando comparados as deformações limites experimentais.

108
1.0 1.0

Estricção Corpo de prova Estricção Corpo de prova


0.9 20 mm 80 mm 130 mm 0.9
Fratura Fratura 20 mm 80 mm 130 mm
40 mm 100 mm 140 mm 180 mm 40 mm 100 mm 140 mm 180 mm
0.8 60 mm 120 mm 150 mm 220 mm 0.8

Maior deformação principal (1)


Maior deformação principal (1)

60 mm 120 mm 150 mm 220 mm

0.7 0.7

0.6 0.6

0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3
DP800
0.2 DP600 0.2
Anisotropia normal
Anisotropia normal Anisotropia planar
0.1 Anisotropia planar 0.1

0.0 0.0
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Menor deformação principal (2) Menor deformação principal (2)

(a) (b)
Figura 72 – Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 obtidas
com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.

Como as previsões do modelo elasto-plástico que foi considerado o critério de


estricção localizada da Curva Limite de Conformação para os aços avançados de alta
resistência DP600 e DP800 obtiveram uma boa concordância com os resultados da CLC
experimental no domínio de estampagem (0,  e deformação plana (0, ,
contudo no domínio de estiramento (0,  não obteve uma boa previsão das
deformações limites. Ainda, com os resultados satisfatórios do modelo elasto-plástico que foi
considerado o critério de fratura dúctil da Curva Limite de Conformação no domínio de
estiramento biaxial (0,  e deformação plana (0,  porém no domínio de
estampagem (0, não houve boa concordância com a CLC experimental. Em vista
dos mecanismo de fratura avaliados neste estudo, no qual o domínio de estampagem é regido
por uma fratura precedida por uma instabilidade plástica ao longo da espessura por
considerando e no domínio próximo as deformações planas se dá por uma fratura dúctil por
cisalhamento e por fim no domínio de estiramento biaxial a fratura é dada por uma fratura
dúctil por tensão, pode-se propor um modelo elasto-plástico que utilize dois critérios
combinados para melhor descrever o comportamento de chapas de aço bifásicos DP600 e
DP800, a saber: Critério de estricção localizada e fratura dúctil, descrito em detalhes na seção
5.2.2.3.

109
5.6.2.2.3 Critério combinado de estricção localizada e fratura dúctil

No modelo MK elasto-plático combinado para a previsão da curva limite de


conformação dos aços DP600 e DP800 foram utilizados os mesmos os critérios de
plasticidade, ou seja, Ferron et al. (1994) e Hill (1948) para os aços DP600 e DP800,
respectivamente. Ainda foram utilizados os mesmos parâmetros de fratura dúctil, vide Tabela
15.
Conforme esperado, após investigação do comportamento plástico dos aços DP600 e
DP800 realizada neste estudo, o modelo elasto-plástico combinando um critério de estricção
localizada e fratura dúctil para a previsão da Curva Limite de Conformação de chapas de aço
DP600 e DP800 apresentou resultados com boa concordância com os resultados da CLC
experimental em todos os domínios que regem toda a curva, conforme Figura 73. Contudo, o
modelo que apresentou melhores previsões da CLC foi o que considerou a anisotropia normal,
apresentando assim, uma melhor concordância em todos os domínios de deformação existente
na Curva Limite de Conformação.

1.0 1.0

Corpo de prova Estricção Corpo de prova


0.9 Estricção 0.9
20 mm 80 mm 130 mm Fratura 20 mm 80 mm 130 mm
Fratura 40 mm 100 mm 140 mm 180 mm 40 mm 100 mm 140 mm 180 mm
0.8 0.8
Maior deformação principal (1)
Maior deformação principal (1)

60 mm 120 mm 150 mm 220 mm 60 mm 120 mm 150 mm 220 mm

0.7 0.7

0.6 0.6

0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3

DP600 DP800
0.2 0.2
Anisotropia normal Anisotropia normal
Anisotropia planar 0.1 Anisotropia planar
0.1

0.0 0.0
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Menor deformação principal (2) Menor deformação principal (2)

(a) (b)
Figura 73 – Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 obtidas
com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério combinado de estricção localizada
e fratura dúctil.

110
6. CONCLUSÕES

Com a realização dos ensaios de tração uniaxial, compressão de disco, expansão


hidráulica e determinação das deformações limites foi possível avaliar a conformabilidade dos
aços HSLA340, DP600 e DP800. Como esperado, a chapa de aço HSLA340 apresentou o
menor limite resistência, porém, maior ductilidade em comparação aos aços avançados de alta
resistência, os aços bifásicos DP600 e DP800. Em relação ao coeficiente de anisotropia
plástica, o aço HSLA apresenta um coeficiente de anisotropia normal próximo de 1,0 ao
passo que os aços bifásicos DP600 e DP800 apresentaram valores menores que 1,0 e,
portanto, foi observada a seguinte relação > > . As deformações limites
determinadas no domínio de estampagem da Curva Limite de Conformação (< 0 e  > 0)
estão em boa concordância com os valores do coeficiente de anisotropia plástica normal, isto
é, > > . Foi observada uma boa correlação entre a interseção da Curva
Limite de Conformação (CLC) no estado plano de deformação (= 0 e  > 0) com o valor
médio do expoente de encruamento dos aços DP600 e DP800.
Para os aços os ensaios de expansão hidráulica os aços DP600 e DP800 oferecem
maior resistência sob expansão hidráulica em detrimento à capacidade de deformação plástica
devido à presença de ilhas de martensita na matriz de ferrita. E apresentam curvas de
escoamento em expansão hidráulica bastante próximas às curvas de escoamento na direção de
laminação.
Em relaçao aos ensaios de compressão de disco foi possível observar que quanto
maior a relação maior é a redução de espessura, no qual HSLA340 apresentou
o maior valor dentre os três aços avaliados.
Neste estudo foram avaliadas as regiões fraturadas dos corpos de prova dos ensaios
da Curva Limite de Conformação. Foram verificadas, por meio de análises por microscopia

111
óptica e medições de espessura, que os corpos de prova dos aços HSLA340, DP600 e DP800
situados no domínio de estampagem (0, ) apresentaram redução de espessura sem
rotação de grãos, indicando fratura dúctil precedida por instabilidade plástica na direção da
espessura. Porém, os corpos de prova dos aços DP600 e DP800 próximos ao domínio de
deformação plana (0, ) apresentaram uma redução de espessura não significativa
com rotação na orientação de grãos próximos às zonas fraturadas, indicando fratura dúctil por
cisalhamento. Por fim, os corpos de prova da Curva Limite de Conformação dos aços DP600
e DP800 situados no domínio de estiramento (0, ) não forneceram uma redução
significativa na espessura e nenhuma rotação de grãos foi observada, indicando uma fratura
dúctil por tensão.
As simulações numéricas realizadas com o modelo elasto-plástico desenvolvido para
prever as deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 demonstraram que os
critérios empregados de estricção localizada e fratura dúctil fornecem resultados que
superestimam e subestimam a Curva Limite de Conformação (CLC) nos domínios de
estiramento biaxial (estricção localizada para 0 e ) e estampagem (fratura dúctil para
0 e ), respectivamente. De acordo com as observações experimentais quanto às
características dos mecanismos que levam à fratura dúctil dos aços avançados de alta
resistência DP600 e DP800, foi proposta uma combinação dos critérios de instabilidade
plástica (domínio de estampagem) e fratura dúctil (domínio de estiramento biaxial). A partir
dos critérios por domínio da CLC, foram obtidas melhores previsões das deformações limites
dos aços bifásicos DP600 e DP800 empregando-se o modelo elasto-plástico em conjunto com
a hipótese de encruamento isotrópico calibrado a partir dos ensaios de expansão hidráulica
com efeitos de sensibilidade à taxa de deformação e anisotropia plástica descrita pelos
critérios de plasticidade de Ferron et al. (1994) e Hill (1948) para os aços DP600 e DP800,
respectivamente.
As perspectivas de continuidade de pesquisas no tema de comportamento plástico
dos aços avançados de alta resistência como, por exemplo, os aços bifásicos DP600 e DP800,
podem ser direcionadas na descrição fenomenológica dos efeitos de anisotropia plástica nas
deformações limites que possam reproduzir os mecanismos que precedem a fratura nestes
aços. Uma proposta seria a descrição com base na mecânica do dano contínuo na qual a
evolução de parâmetros de danos depende dos modos de deformação ora por meio do fator de
triaxialidade de tensões ora pelo parâmetro de Lode, assim como na degradação do módulo de
elasticidade em função da deformação plástica. Outro caminho possível, porém, considerando
112
efeitos na escala microscópica, tem por base a micromecânica do contínuo, ora por meio de
um elemento representativo de volume definido a partir da microestrutura real, ora por meio
de métodos de homogeneização. Nestas abordagens, os comportamentos das fases da matriz
(ferrita) e inclusões (martensita) são distintos e, portanto, as deformações entre estas fases não
são mais compatíveis como no caso da mecânica clássica do contínuo. Ainda, utilizando a
mesma metodologia utilizada nesta Tese de doutorado, pode-se propor uma investigação para
os aços avançados de alta resistência, a saber: DP1000, DP1200 e os TRIP. Verificando
assim, se o modelo elasto-plástio que combina o critério de estricção localizada com o critério
de fratura dúctil seria satisfatório para as previsões limites destes aços.

113
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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122
8. ANEXOS

ANEXO I. Algoritmo de solução

Para apresentação da construção desse modelo foi demonstrado um fluxograma com


intuito de se ter uma visão geral da estrutura de programação. Este fluxograma foi dividido
em seis partes e a explicação da solução será subdividida igualmente com intuito de obter um
melhor entendimento.
A primeira parte do fluxograma foi divida, a saber: entrada, inicialização de variáveis,
laço principal ρ, determinação de em função de ρ, laço  incremento de deformação e
transformação de deformações, conforme Figura AI.1.
Primeiramente são lidos no arquivo de entrada alguns parâmetros, a saber:
- K, m, n, p, q.
- lei Hooke e Swift: E, n e K.
Em seguida foi feita a inicialização de variáveis da zona homogênea “a”, a saber:

(AI.1)

Essa inicialização foi feita para a parcela total, elástica e plástica. E de maneira
análoga foram feitas as inicializações da zona “b” do defeito.
Antes do laço principal o tamanho do defeito inicial as espessura das zonas
homogênea e do defeito 1 mm e 0,995 mm respectivamente é lido pelo programa, a saber:

(AI.2)

123
A partir deste ponto é inicializado o primeiro laço = do programa, onde o valor

da relação de deformações é variado de um valor inicial correspondente a tração uniaxial até


um valor final correspondente a estiramento, a saber:

(AI.3)

A razão da menor tensão principal por a maior tensão principal foi denominada de ,
conforme Equação (AI.4).

(AI.4)

Que nos estados de tração uniaxial e expansão biaxial simétrica foram descrito pelas
razões entre as componentes principais conforme Equação (AI.5 e AI.6).

(AI.5)

(AI.6)

Em seguida novo laço que define o ângulo do defeito com a menor deformação
principal que varia de 00 a 900 e pode ser descrito como:

1  d1a  (AI.7)
tg (  d )  tg ( )  a
1  d 2 

Ainda um laço mais interno do programa corresponde aos incrementos de


deformações, a saber:

(AI.8)

124
E finalizando essa primeira parte fez-se uma transformação de deformação das
variáveis, a saber:

 (AI.9)

 (AI.10)

(AI.11)

 (8.12)

  (8.13)

+ )- (8.14)

Figura AI.1 - Fluxograma do modelo M-K (1º parte).

A segunda parte do fluxograma está decomposta em: previsão elástica, teste, correção plástica
se sim, sem correção se não e por último a atualização do defeito, conforme Figura AI.2.

125
Após a transformação de deformação da primeira parte do fluxograma tem-se a
previsão elástica na zona homogênea “a”, ou seja, sem defeito, utilizando a lei de Hooke, a
saber:

Em seguida a condição “teste”, uma condição é imposta, a saber:

(AI.15)

Se a resposta for negativa, então o incremento de deformação plástica é igual a zero, a


tensão “teste” é a tensão “nova” e que o incremento de deformação total corresponde ao
incremento de deformação elástica, ambos na zona “a”, conforme:

(AI.16)

(AI.17)

(AI.18)

Se a resposta for afirmativa, então se assume que o incremento de deformação plástica


é diferente de a zero, a tensão “teste” somada a correção do incremento da tensão é a tensão
“nova”e que o incremento de deformação total decrescido do incremento de deformação
plástica corresponde ao incremento de deformação elástica, ambos na zona “a”, conforme:

(AI.19)

(AI.20)

(AI.21)

126
Após os passos descritos anteriormente o programa realiza o último passo dessa
segunda parte do fluxograma, que são as atualizações de variáveis na zona “a” que foi
descrito na terceira parte do fluxograma.

Figura AI.2 - Fluxograma do modelo M-K (2º parte).

Nesta terceira parte do fluxograma, conforme Figura AI.3, inicia-se demonstrando a


atualização de variáveis na zona “a”, a saber:

(AI.22)

(AI.23)

(AI.24)

127
Em seguida a transformação de deformação é demonstrada, a saber:

 (AI.25)

  (AI.26)

- )- (AI.27)

O último passo da terceira parte do fluxograma é a previsão elástica na zona do defeito


“b” a, ou seja, sem defeito, utilizando a lei de Hooke, a saber:

(AI.28)

Figura AI.3 - Fluxograma do modelo M-K (3º parte).

Conforme Figura Figura AI.3 - Fluxograma do modelo M-K (3º parte)., após a
previsão elástica na zona “b” a condição “teste” é imposta, a saber:

128
? (AI.29)

Se a resposta for negativa, então o incremento de deformação plástica é igual à zero, a


tensão “teste” é a tensão “nova” e que o incremento de deformação total corresponde ao
incremento de deformação elástica, ambos na zona “b”, conforme:

(AI.30)

(AI.31)

(AI.32)

Se a resposta for afirmativa, então se assume que o incremento de deformação plástica


é diferente de a zero, a tensão “teste” somada a correção do incremento da tensão é a tensão
“nova” e que o incremento de deformação total decrescido do incremento de deformação
plástica corresponde ao incremento de deformação elástica, ambos na zona “b”, conforme:

(AI.33)

(AI.34)

(AI.35)

O último passo da quarta parte do fluxograma é a execução do método de Newton


Raphson utilizando as funções F1 e F2 duas condições são impostas, a saber:

(AI.36)

(8.37)

129
Não atingido as condições de tolerância, retorna para o recálculo no laço (#4)
demonstrado na Figura AI.4, no caso das condições de tolerância forem atingida para as duas
funções F1 e F2 o programa passa para o próximo passo descrito na quinta parte do
fluxograma.

Figura AI.4 - Fluxograma do modelo M-K (4º parte).

Se as condições através da solução por Newton Rapshon forem atendidas é feita uma
atualização de variáveis na zona “b”, separando a parcela elástica, plástica e total, a saber:

(AI.38)

130
onde,

(AI.39)

(AI.40)

(AI.41)

(AI.42)

(AI.43)

(AI.44)

O desenvolvimento para a determinação do incremento de deformação na espessura


encontra-se no anexo. E a solução final é demonstrada na Equação (AI.45).

(AI.45)

Em seguida a atualização do defeito é executada, a saber:

(AI.46)

Ainda após a atualização do defeito, uma condição é imposta, onde o incremento de


deformação na direção normal ao defeito na zona “b” tem que ser dez vezes maior ou igual ao
seu correspondente na zona “a” e o incremento de deformação na direção tangencial ao
defeito na zona “b” tem que ser dez vezes maior ou igual ao seu correspondente na zona “a”, a
saber:

(AI.47)

131
(AI.48)

Se essa condição não for satisfeita o programa retorna no laço representado na


linha (#3), conforme Figura AI.5 - Fluxograma do modelo M-K (4º parte). e assim
inicializando um no valor de incremento de deformação conforme demonstrado na Figura 82
na primeira parte do fluxograma.

Figura AI.5 - Fluxograma do modelo M-K (5º parte).

Nesta última parte, o fluxograma se inicia com a resposta afirmativa da condição


anterior, e escrevendo e armazenando a maior e a menor deformação principal plástica
verdadeira ( referente a um ângulo “ ”, em seguida, executa o laço “ ”, onde todos
os valores da maior e a menor deformação principal plástica verdadeira ( referente a
todos os ângulos “ ”são armazenados a saber: 00 < < 900 conforme Figura AI.6. O
fluxograma do modelo M-K (5º parte). Ainda o mínimo do par de valores da maior e da

132
menor deformação principal plástica ( de todos os é armazenado referente ao um ρ
e consequentemente gerando um ponto da CLC. Por fim, o programa entra no último laço ρ, a
saber: -0,5 < ρ < 0. Repetindo essa operação obtendo assim todos os pontos da Curva Limite
de Conformação.

Figura AI.6 - Fluxograma do modelo M-K (final).

ANEXO II. Cálculo incremento de deformação ( )

Para a determinação do incremento de deformação na espessura teve-se que


realizar a metodologia, a saber: utilizando-se a Equação (AI.31) e a lei de Hooke generalizada
para um estado plano de tensões, tem-se:

(AII.1)

e
(AII.2)

Subtraindo as duas equações, tem-se:

133
(AII.3)

A tensão na direção da espessura é representada com o somatório da média das tensões


principais com a tensão desviadora na direção da espessura, a saber:

(AII.4)

Onde,

(AII.5)

(AII.6)

Analogamente e utilizando a Equação (AII.4), tem-se:

(AII.7)

Utilizando Equações (AII.5, AII.6e AII.7), tem-se:


(AII.8)

Onde,

(AII.9)

(AII.10)

Ou ainda,

134
(AII.11)

Utilizando a Equação (AII.5) para um estado plano de tensão, ou seja, tem-


se:

(AII.12)

Utilizando-se o módulo de compressibilidade, tem-se:

(AII.13)

Ou
(AII.14)

Onde e são constantes de Lamè, a saber:

(AII.15)

(AII.16)

Substituindo as Equações (AII.15 e AII.16) na Equação (8.62), tem-se:

(AII.17)

Substituindo (AII.3, AII.12 e AII.7) na Equação (AII.11), tem-se:

135
(AII.18)

Sabe-se que:
(AII.19)

Substituindo a Equação (AII.18) na Equação (AII.17), tem-se:

(AII.20)

Ou ainda,

(AII.21)

Desenvolvendo a Equação (AII.21) o incremento de deformação na espessura pode ser


descrito como:

(AII.22)

Ou

(AII.23)

ANEXO III. Identificação de parâmetros

Os valores dos parâmetros A, B e k são determinados a partir do coeficiente de


anisotropia plástica a 450 em relação a direção de laminação da chapa, R 45, e dos limites de

136
escoamento em cisalhamento puro (CP), tração uniaxial (TU) e tração biaxial simétrica
(TBS). A razão entre os limites de escoamento em cisalhamento puro ( = 1 = − 2,  = /2)
e em tração biaxial simétrica (b =  = 0) é definida por b = g2) , de onde o
parâmetro A pode ser expresso por :

(AIII.1)

Ainda, a razão entre os limites de escoamento em tração biaxial simétrica e em tração

uniaxial (u = 1, = − /4) é definida por: :

(AIII.2)

As taxas de deformação plástica nos eixos de tensões principais são descritas por:

(AIII.3)

(AIII.4)

Onde é a taxa de deformação plástica equivalente associada à tensão equivalente:


Assim o coeficiente de anisotropia plástica R obtido a partir de um ensaio de tração
uniaxial pode ser determinado considerando primeiro a conservação de volume :

(AIII.5)
R=

Substituindo as componentes de taxa de deformação plástica nas Equações (8.74 e


AIII.4) e utilizando a Equação (AIII.6), descrita por:

137
(AIII.6)

Onde,

(AIII.7)

Os parâmetros A, B e k podem então ser determinados resolvendo o sistema formado


pelas Equações (AIII.1, AIII.2 e AIII.7) conhecendo-se os valores experimentais de (b/), (b
/45) e R45. Quando se dispõe somente de resultados determinados a partir de ensaios de
tração uniaxial, a relação B = 3A é primeiramente imposta. Em seguida, recomenda-se a
adoção de um valor positivo para o parâmetro k, entre 0.2 e 0.3, de modo a obter-se um
achatamento da superfície de escoamento entre as regiões próximas aos estados de tensões em
cisalhamento puro e tração/compressão plana. Neste caso particular, o parâmetro A é
determinado a partir do valor experimental de R45 empregando-se a Equação (8.78).
Os parâmetros (a, b) definindo a anisotropia normal podem ser calculados ora a partir
dos valores do coeficiente de Lankford R determinados nas direções paralela e transversal ao
sentido de laminação (R0, R90), método R, ora a partir dos limites de escoamento em tração
uniaxial nas direções paralela, diagonal e transversal ao sentido de laminação
respectivamente, () , método . A evolução da anisotropia plástica em função da
orientação de carregamento em tração uniaxial a, determinada com g-) utilizando a
Equação (AIII.6), é definida por :

(AIII.8)

Onde,

(AIII.9)

(AIII.10)

138
(AIII.11)

O método R é então definido a partir dos valores da anisotropia plástica determinados


através da Equação (AIII.8) para as orientações paralela e transversal, a saber:

(AIII.12)

(AIII.13)

Onde é possível determinar os parâmetros (a, b). Por outro lado, a razão entre os
limites de escoamento em tração biaxial simétrica e em tração uniaxial, isto é, para 
e  = − /4, é definida por b/() = / [2g(− 4, )] :

(AIII.14)

Em particular, tem-se:

(AIII.15)

(AIII.16)

Onde (a, b) podem ser determinados eliminando b com o auxílio da Equação


(AIII.17) por:

(AIII.17)

(AIII.18)

139

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