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VOLTA REDONDA
MARÇO, 2016
i
N
Marcelo Costa Cardoso
Volta Redonda
2016
ii
iii
DEDICATÓRIA
Dedico a minha mãe Maria Auxiliadora Costa Cardoso. “in memorian”. Grande
incentivadora e valorizadora dos meus estudos. Minha referência de honestidade, dignidade,
generosidade, humildade e caráter. Saudade eterna!
“Se cheguei até aqui foi porque me apoiei no ombro dos gigantes”.
Isaac Newton
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Luciano Pessanha Moreira, não só pela orientação desta tese, mas pela amizade,
respeito e ética profissional. Sendo o primeiro a me incentivar a entrar na área da docência
com conselhos profissionais, acadêmicos e pessoais que me ajudaram muito em alguns
sonhos já realizados;
Aos professores Maria Carolina Freitas, Gláucio Soares da Fonseca, Fabiane Roberta M. da
Silva e Andersan dos Santos Paula pela amizade e cooperação nos trabalhos realizados;
Aos professores Jorge Alberto Rodriguez Durán e Luiz Carlos Rolim Lopes e demais
professores e da EEIMVR-UFF que contribuíram com a minha formação;
Aos amigos Alexandre Pereira, Beth Mendes, Daniele Nogueira, Dielle Toledo, Elisa Rocha,
Fabiana Campos, Flávia Vitoretti, Gláucia Domingues, Leornado da Silva, Mara Paresque,
Márcio Teodoro, Tiago Brandão, Vagner Guilherme e aos demais que não foram
mencionados;
A minha esposa Ana Carolina de Matos Cardoso, aos meus filhos João Marcelo de Matos
Cardoso e Kauan de Matos Cardoso pelo apoio, carinho e amor incondicional que recebi.
Aos primos Alberto Nei Carvalho Costa e Viviane Silva Abreu Costa.
Aos meus pais João Cardoso e Maria Auxiliadora Costa Cardoso (in memorian).
v
RESUMO
Nas últimas duas décadas, os aços avançados de alta resistência receberam grande destaque na
indústria automotiva. Estes aços são usados em partes estruturais que visam a segurança do
carro graças aos elevados valores de limite de resistência e absorção de energia em colisões.
Nesse contexto, a manufatura de componentes por meio de processos de conformação
objetivando reduções de espessura de chapas e, portanto, redução de massa dos carros,
contribuem para a redução de consumo de combustíveis e emissões de gases de efeito estufa.
Contudo, esses aços quando conformados apresentam variações no comportamento plástico,
relacionadas aos processos de conformação, como, por exemplo, mudança de forma devido ao
retorno elástico, sensibilidade à taxa de deformação e fraturas em operações de estiramento e
flangeamento. Portanto, o correto uso destes aços em processos de conformação requer
pesquisas experimentais e teóricas mais detalhadas com respeito ao comportamento plástico.
Com essa finalidade, este trabalho de tese de doutorado foi dividido em três etapas. Primeiro,
foram realizadas análises de composição química e microestruturas de chapas de aços
bifásicos DP600 e DP800 e, para fins de comparação, do aço de alta resistência e baixa liga
HSLA340. Em seguida, para avaliar o comportamento plástico destes aços foram realizados
ensaios de tração uniaxial, expansão hidráulica, compressão de disco e Curva Limite de
Conformação (CLC). As regiões fraturadas dos corpos de prova deformados nos ensaios de
CLC foram analisadas com auxílio das técnicas de microscopia óptica e eletrônica de
varredura. Por fim, foi desenvolvido um modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysnski
para previsão das deformações limites que compõem a CLC. As análises das regiões
fraturadas permitiram a identificação de três mecanismos de falha presentes nos aços bifásicos
DP600 e DP800 em função do modo de deformação da CLC: (1) instabilidade plástica no
domínio de estampagem, (2) fratura dúctil por cisalhamento na vizinhança do estado plano de
deformação e (3) fratura dúctil por tensão no domínio de estiramento biaxial. As análises por
microscopia possibilitaram a caracterização dos mecanismos de fratura dúctil a partir da
visível rotação de grãos próximos a fratura e superfície plana de fratura (fratura dúctil por
cisalhamento) e grãos alinhados com a maior tensão principal e superfície rugosa de fratura
(fratura dúctil por tração). As deformações limites calculadas com o modelo elasto-plástico
indicam que a condição de estricção localizada é satisfatória para descrever a CLC do aço
HSLA340. Entretanto, para os aços bifásicos DP600 e DP800 as previsões de deformações
limites apresentaram melhor concordância com os valores experimentais por meio da
implantação de um critério de fratura dúctil para descrever os efeitos os modos de falha
identificados experimentalmente nos estados de deformação plana e estiramento biaxial.
Palavras chave: Aços Avançados de Alta Resistência, Curva Limite de Conformação, Modos
de Fratura, Conformação de Chapas, Modelamento.
vi
ABSTRACT
In the last two decades, advanced high strength steels received great significance in the
automotive industry. These steels are used as structural components for car safety thanks to
the high values of the strength resistance limits and energy absorption in collisions. In this
context, the manufacture of components by means of metal forming processes aiming at sheet
thickness reductions and, thus, car mass reduction, contribute to the reduction of the fuels
consumption and greenhouse gas emissions. However, theses steels when formed may present
variations in the plastic behavior, related to the forming processes, as, for instance, shape and
dimensional changes due to the springback effects, strain-rate sensibility and fractures in
stretching and flanging operations. Therefore, the correct use of these steels in metal forming
processes requires detailed experimental and theoretical researches with respect to the plastic
behavior. For this purpose, this doctoral thesis work was divided in three complementary
steps. Firstly, chemical composition and microstructural analyses were performed in dual-
phase DP600 and DP800 steels and, for comparison purposes, in a high strength and low
allow HSLA340 steel. Secondly, uniaxial tensile, hydraulic bulge, compression disk and
Forming Limit Curve (FLC) tests were performed in order to evaluate the plastic behavior of
these steels. The fractured sites of deformed FLC specimens were analyzed with the help of
light optical and electron scanning microscopy techniques. Lastly, an elasto-plastic
Marciniak-Kuczysnski localization model was implemented to forecast the limit strains that
compose the FLC. The fracture analyses allowed to identify the failure mechanisms present in
both dual-phase steels DP600 and DP800 grades as a function of the FLC strain-mode: (1)
plastic thickness instability in the drawing FLC region, (2) ductile shear fracture near to the
plane-strain state and (3) ductile tensile fracture in the biaxial stretching FLC region.
Microscopy analyses revealed additional features of the ductile fracture mechanisms from the
visible rotation of the grains near to the fractured location and a flat fractured surface (ductile
shear fracture) and aligned grains with respect to the major principal stress direction along
with a rough aspect fractured surface (tensile shear fracture). The limit strains predicted with
the elasto-plastic model indicate that the localized necking condition is appropriate to describe
the FLC of HSLA340 steel sheet. However, for both dual-phase steels DP600 and DP800 the
limit strains predictions showed a better agreement with the experimental data by means of
the implementation of a ductile fracture criterion to describe the effects of the failure modes
experimentally identified in the plane-strain and biaxial stretching states.
Keywords: Advanced High Strength Steels, Forming Limit Curve, Fracture Modes, Sheet
Metal Forming, Modelling.
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS xi
1. INTRODUÇÃO GERAL 01
2. OBJETIVOS 05
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 06
3.1 Introdução 06
3.4 Sumário 27
4. MATERIAIS E MÉTODOS 28
4.1 Materiais 29
viii
4.2.5 Curva Limite de Conformação 37
4.4 Modelamento 42
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 60
6. CONCLUSÕES 111
ix
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114
8. ANEXOS 123
x
LISTA DE FIGURAS
xi
Figura 14 - Regiões avaliadas dos corpos de provas de chapa de aço bifásico DP600 24
ensaiados conforme a técnica de Nakazima. Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
Figura 15 - Micrografias das chapas do aço DP600 deformados pelo método de 25
Nakazima em função da largura do corpo de prova: (a) 60 mm, (b) 80 mm, (c) 100 mm,
(d) 120 mm, (e) 130 mm, (f) 140 mm e (g) geometria circular Adaptado de Björklund e
Nilsson (2014).
Figura 16 - Distribuição da deformação plástica na direção da espessura ao longo da 26
distância da fratura obtida em função do modo de deformação (geometria do corpo de
prova) imposto ao aço bifásico DP600 por meio do método de Nakazima. Adaptado de
Björklund e Nilsson (2014).
Figura 17 - Ampliação das regiões de fratura do aço DP600 deformado pelo método de 26
Nakazima: corpos de prova (a) largura 130 mm, (b) largura 140 mm e (c) geometria
circular. Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
Figura 18 - Superfícies de fratura dos corpos de provas do ensaio de Nakazima do aço 27
DP600: (a) largura 130 mm e (b) geometria circular. Adaptado de Björklund e Nilsson
(2014).
Figura 19 - Corpo de prova para realização de ensaios de tração uniaxial em chapas de 31
aços: (a) dimensões em mm (NBR-6673) (b) marcações efetuadas para vídeo
extensiometria.
Figura 20 - Metodologia de escolha da curva (x para análise do aço DP600 32
xii
Figura 26 - Esquema dos procedimentos de análise adotados para avaliação das 42
deformações na direção da espessura e dos mecanismos de fratura dos corpos de prova
dos aços HSLA340, DP600 e DP800 deformados por um punção hemisférico (Nakazima)
nos ensaios de CLC.
Figura 27 - Esquema do modelo M-K (Adaptado de Freitas et al., 2013). 43
Figura 28 - Estado plano de tensões: (a) sistemas de eixos e (b) círculo de Mohr. 53
Figura 30 - Micrografias dos aços: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800. Aumento 500X. 62
Figura 31 - Micrografias obtidas por MEV com aumento 20000X: (a) DP600 e (b) DP800. 62
xiii
Figura 42 - Comportamento plástico da chapa de aço HSLA340 em expansão hidráulica: 75
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da
chapa e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de
Swift.
Figura 43 - Comportamento plástico dos aços DP600 e DP800 em expansão hidráulica: 76
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da
chapa e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de
Swift.
Figura 44 - Comportamento em expansão hidráulica dos aços HSLA340, DP600 e 77
DP800.
Figura 45 - Resultados dos ensaios de compressão de disco realizados nas chapas dos 78
aços: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800.
Figura 46 - Corpos de prova do aço HSLA340 deformados nos ensaios de CLC. 79
Figura 52 - Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de 84
prova do aço HSLA340 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação
(CLC).
Figura 53 - Distribuições das deformações plásticas na direção da espessura em função 85
da distância da fratura determinadas a partir dos corpos de prova de CLC do aço
HSLA340.
Figura 54 - Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HSLA340. 86
(Aumento 200X).
Figura 55 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340. 88
Figura 58 - Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de 91
prova do aço DP600 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).
xiv
Figura 59 - Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de 92
prova do aço DP600 do ensaio da curva limite de conformação.
Figura 60 - Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP600. 93
(Aumento 200X).
Figura 61 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600. 94
Figura 64- Imagens obtidas por microscópia optica das regiões fraturadas dos corpos de 97
prova do aço DP800 deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC).
Figura 65- Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de 98
prova do aço DP800 do ensaio da curva limite de conformação.
Figura 66- Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP800. 99
(Aumento 200X).
Figura 67- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800. 100
Figura 68- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800. 101
Figura 69- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800. 102
Figura 70 - Previsões das deformações limites de uma chapa de aço AISI 1012. 105
Figura 71 - Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 107
obtidas com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.
Figura 72 - Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 109
obtidas com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.
Figura 73 - Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 110
obtidas com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério combinado de
estricção localizada e fratura dúctil.
Figura AI.1 - Fluxograma do modelo M-K (1º parte). 125
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 4 - Quantificação das fases presentes e tamanho médio de grãos da matriz dos 61
aços HSLA340, DP600 e DP800.
Tabela 5 - Propriedades mecânicas do aço HSLA340 obtidas em tração uniaxial. 63
Tabela 13 - Parâmetros do aço AISI1012 (Molaei** apud Nurcheshmeh e Green 2011). 104
xvi
LISTA DE SÍMBOLOS
A - Área mm²
AHSS - Advanced Higt Strength Steel -
At - Alongamento total mm
CLC - Curva Limite de Conformação -
DP600 - Dual Phase 600 -
DP800 - Dual Phase 800 -
R - Coeficiente de anisotropia planar -
- Deformação plástica efetiva -
- Deformação equivalente de von Mises -
- Deformação longitudinal total verdadeira -
- Deformação total verdadeira na largura -
- Deformação total verdadeira na espessura -
- Deformação total verdadeira radial -
- Deformação total verdadeira circunferencial -
Ɛ0 - Pré-deformação -
- Taxa de deformação -
= Deformação limite na fratura no estado de deformação biaxial -
- Deformação limite na fratura no estado de deformação plana -
- deformação limite na fratura no estado de tração uniaxial -
F - Força N
f0 - Imperfeição geométrica inicial mm
HSS - High Strength Steels -
HSLA - High Strength Low Alloy -
- Espessura inicial da zona do defeito mm
- Espessura inicial da zona homogênea mm
- Espessura instantânea na zona defeituosa mm
- Espessura instantânea na zona homogênea mm
- Segundo invariantes do tensor das componentes desviadoras de tensão -
- Terceiro invariantes do tensor das componentes desviadoras de tensão -
K - Coeficiente de resistência MPa
xvii
l - Comprimento mm
m - Índice de sensibilidade a taxa de deformação -
n - Expoente de encruamento -
R - Coeficiente de anisotropia plástica de Lankford -
- Coeficiente de anisotropia plástica normal -
S - Largura mm
- Tensão de escoamento MPa
- Tensão limite de resistência MPa
- Tensão limite de ruptura MPa
σ - Tensão verdadeira MPa
σ1 - Maior tensão principal verdadeira no plano da chapa MPa
σ2 - Menor tensão principal verdadeira no plano da chapa MPa
σ3 -Tensão principal verdadeira na espessura MPa
- Tensão efetiva de martensita MPa
T - Temperatura absoluta K
TRIP- Transformation induced plasticity -
USIMINAS - Usinas Siderúrgicas de Minas -
xviii
1. INTRODUÇÃO GERAL
74%
Metais Plásticos
Elastômeros Vidros
3
computacional entre os três critérios de escoamento no que se refere ao comportamento
plástico desses aços no ensaio de altura limite do domo (Limiting Dome Heigth).
Panich et al. (2013) avaliaram experimentalmente as deformações limites dos aços
avançados de alta resistência DP780 e TRIP780 e desenvolveram um modelo
desconsiderando as deformações elásticas (rígido plástico) do tipo Marciniak–Kuczinsky (M-
K) utilizando um critério de parada por estricção localizada amplamente utilizado com
sucesso na previsão das deformações limites de aços convencionais. Os autores observaram
que os resultados das previsões da Curva Limite de Conformação do referido modelo não
foram coerentes quando comparados com a Curva Limite de Conformação determinada
através de ensaios experimentais. Corroborando assim, com a necessidade de realização de
novos estudos e avaliações em relação aos aços avançados de alta resistência, sobretudo para
identificar um critério de parada que melhor descreva a fratura e o comportamento desses
aços.
Tendo em vista que alguns pontos ainda não foram bem compreendidos em relação
ao comportamento plástico dos aços avançados de alta resistência, como por exemplo, a
mecânica da fratura, possíveis variações que podem ocorrer no processo de conformação
mecânica e que os modelos existentes ora atendem o lado esquerdo da Curva Limite de
Conformação ora o lado direito. Um estudo detalhado visando compreender melhor o
comportamento desses aços se fez necessário.
Com essa finalidade, o trabalho desta tese de doutorado foi dividido em três etapas.
Primeiro, foram realizados ensaios mecânicos visando à avaliação do comportamento plástico
de chapas dos aços avançados de alta resistência DP600 e DP800 e, para fins de comparação,
do aço de alta resistência e baixa liga HSLA340. Em seguida, foi realizada uma
caracterização microestrutural possibilitando quantificar as fases presentes e avaliar o tipo de
fratura associados com os modos de deformação impostos nos ensaios de CLC dos aços
DP600, DP800 e HSLA340. Por fim, foi desenvolvido um modelo elasto-plástico para a
previsão das deformações limites que compõem a CLC.
4
2. OBJETIVOS
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Introdução
No final do século XX e início do XXI, a primeira geração dos aços avançados foi
desenvolvida com o surgimento dos aços sujeitos aos efeitos de transformação de fases
induzida por plasticidade (Transformation Induced Plasticity, TRIP), os aços de fases
complexas (Complex Phase Steel, CP), os aços martensíticos (MART) e os aços de estrutura
bifásica (DP). Segundo Asgari et al. (2008), a principal diferença entre os aços avançados de
alta resistência (AHSS) e os convencionais de alta resistência (HSS) está na microestrutura.
Os aços convencionais são aços ferríticos monofásicos ou ferríticos-perlíticos. Já os aços
avançados de alta resistência são principalmente aços com uma microestrutura contendo uma
fase diferente de ferrita, perlita, ou cementita contendo martensita, bainita, austenita, e ou
austenita retida.
Esses aços são o que apresentam melhor combinação entre limite de resistência e
alongamento quando comparados com os outros aços da mesma geração. São aços
multifásicos, ou seja, contém em sua microestrutura fases de ferrita bainita ( e
austenita metaestável retida ( . A austenita metaestável pode sofrer transformação
martensítica (’) induzida por deformação plástica à temperatura ambiente. Dan et al. (2007)
observaram que a gradual transformação da austenita retida em martensita induzida por
deformação aumenta a resistência desses aços. Esta transformação de fases austenita-
martensita depende do estado de tensão, temperatura e a taxa de deformação (Hecker et al.,
8
1982). Segundo Gorni (2008) se, por acaso, a transformação de fases ocorrer inteiramente
logo no início do processo por deformação a frio, o material não apresentará uma elevada
ductilidade. É necessário que a austenita se mantenha estável até serem atingidos altos graus
de deformação a frio, já que essa fase retarda o processo de estricção que ocorre sob
solicitações de tração através de sua transformação à martensita nos pontos do material onde
ocorrem concentrações de tensão. Portanto, é importante retardar a transformação da austenita
retida até os estágios finais da deformação, quando ocorre acúmulo significativo de danos no
aço. É justamente nesse ponto que o efeito benefício da plasticidade induzida pela
transformação de fases pode ser maximizado.
*
Rashid, M.S. GM 980X – Potential Applications and Review. International Automotive Engineering Congress
and Exposition. S.A.E. Technical Publication n° 770211. Detroit, Feb-Mar, p. 12, 1977.
†
Jeong, W. C., Matlock, D. K., Krauss, G., Observation of Deformation and Transformation Behavior of
Retained Austenite in a 0.14C - 1,2.Si - 1,5Mn Steel With Ferrite-Bainite-Austenite Structure, Materials Science
and Engineering, Vol. 165, p. 1, 1993.
9
norma ASTM E562-02. Os percentuais das fases presentes e tamanhos médios de grãos destes
aços estão listados na Tabela 1.
Os aços de fases complexas (Complex Phase, CP) têm sua microestrutura multifásica
e são caracterizados com uma microestrutura muito fina de matriz ferritíca e uma elevada
fração volumétrica de fases mais duras como, por exemplo, por meio da formação de
precipitados de Nióbio, Titânio ou Vanádio. Isso permite que que o aço CP alcance limites de
resistência da ordem de 800 a 1.000 MPa em função da presença de 80 a 90% de bainita ( ),
5 a 10% de ferrita () e 5 a 10% de martensita (’).
O comportamento plástico dos aços avançados de alta resistência pode ser avaliado
por meio de diversos tipos de ensaios mecânicos igualmente realizados nos aços
convencionais, a saber, tração uniaxial, expansão hidráulica, fadiga, cisalhamento,
estampagem, dentre outros. Os principais ensaios empregados na avaliação de conformação
de chapas de aços são aqui revisados, porém, com ênfase nas características do
comportamento plástico de chapas de aços avançados de alta resistência.
10
Lankford (R), limite de resistência (r), alongamento uniforme (u) e alongamento total (t),
entre outros.
Ozturk et al. (2013) avaliaram o comportamento dos aços HSLA340, DP800 e
TRIP800 por meios de ensaios de tração uniaxial em função da taxa de deformação nominal
(0,0017 s-1; 0,0083 s-1; 0,083 s-1 e 0,17 s-1), conforme resultados apresentados nas Figura 4 e
5. Esses autores verificaram que os aços DP800 e TRIP800 apresentaram aumento do limite
de escoamento com a taxa de deformação. Em particular, o aço DP800 apresentou maior
variação e um limite de escoamento superior. Na gama de taxas de deformação avaliada neste
trabalho, verificou-se pouca influência da taxa de deformação nos valores do limite de
escoamento (e) e expoente de encruamento (n) do aço HSLA340. Por outro lado, os aços
DP800 e TRIP800 apresentaram uma queda no expoente de encruamento com o aumento da
taxa de deformação.
11
(a) (b)
Figura 5 – Propriedades mecânicas dos aços DP800, TRIP800 e HSLA340 em função da taxa
de deformação: (a) limite de escoamento em tração uniaxial e (b) expoente de encruamento.
Adaptado de Ozturk et al. (2013).
12
(a)
(b)
(c)
Figura 6 – Variação do módulo de elasticidade em função da deformação plástica em tração:
(a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP780 (Lajarim, 2012).
13
chapas finas, a teoria da membrana adotada por Panknin, ‡ apud Gutscher et al. (2004) fornece
na condição de equilíbrio de forças de uma calota a seguinte relação:
(3.1)
(3.2)
(3.3)
(3.4)
‡
Panknin, W., Der hydraulische Tiefungsversuch und die Ermittlung von Fließkurven (The hydraulic bulge test
and the determination of the flow stress curves), Dissertation, Institute for Metal Forming Technology University
of Stuttgart, Germany, 1959.
14
Figura 7– Esquema do ensaio de expansão hidráulica (Nasser et al., 2010).
(3.5)
ao passo que no caso do critério de von Mises a tensão equivalente é definida no estado plano
de tensão por:
(3.6)
(3.7)
(3.8)
15
em função dos coeficientes de anisotropia plástica determinados nas orientações paralela e
perpendicular a direção de laminação da chapa.
Nasser et al. (2010) avaliaram o comportamento plástico dos aços DP600 e DP780
por meio de ensaios de tração uniaxial e expansão hidráulica. As curvas tensão-deformação,
apresentadas na Figura 8, demonstram primeiro a grande capacidade de deformação obtida
sob condições de expansão biaxial em comparação aos resultados obtidos nos ensaios de
tração.
(a)
(b)
Figura 8 – Curvas em medidas verdadeiras tensão-deformação determinadas a partir de
ensaios de tração uniaxial e expansão hidráulica em chapas de aços: (a) DP600 e (b) DP780.
Adaptado de Nasser et al. (2010).
16
razão da menor fração de martensita. Por fim, é possível observar que as correções dos efeitos
de anisotropia plástica nas curvas de escoamento em expansão hidráulica do aço DP600
ficaram abaixo dos valores experimentais, e do aço DP780 os valores das correções ficaram
acima. Esse fato está relacionado com os valores de anisotropia plástica e
do aço DP600, e e do aço DP780. Ou seja, os valores
da raiz quadrada da razão que foram determinados são: 0,981 do aço DP600 e
A anisotropia plástica de chapas pode também ser avaliada por meio do ensaio de
compressão de disco proposto originalmente por Barlat et al. (2003). Estes autores avaliaram
o comportamento de chapas da liga de alumínio 2090-T3 com 1,6 mm de espessura nominal
por meio de ensaios de compressão de disco 12,7 mm de diâmetro utilizando lubrificantes
como grafite aerossol e teflon com 2,54 m de espessura, mostrados na Figura 9 em função da
deformação verdadeira na direção da espessura.
17
diâmetro do disco medidas em função da deformação imposta durante o ensaio de
compressão, ou seja:
(3.9)
(3.10)
(3.11)
18
Figura 10 – Relação entre a deformação plástica verdadeira a 90 0 e 00 em relação a direção
de laminação do aço DP780. Adaptado de Panich et al. (2013).
Introduzido primeiramente por Keeler e Backofen (1964) e estendido mais tarde por
Goodwin (1968), o conceito de Diagrama Limite de Conformação (DLC) ainda continua
sendo uma ferramenta muito importante na etapa de projeto e no processo de estampagem,
com intuito de evitar falha devido à estricção localizada ou ruptura. O DLC é definido nos
eixos ( ) e ( ) de menor e maior deformações principais no plano da chapa respectivamente.
A curva obtida para trajetórias de deformações lineares é denominada Curva Limite de
Conformação (CLC). A utilização do conceito de CLC no chão de fábrica ajuda a definir uma
janela de trabalho, sobretudo, nas etapas de tentativas-e-erros (tryout steps), assim como na
avaliação do grau de deformação que uma chapa metálica pode suportar num determinado
processo de conformação. Em outras palavras, a Curva Limite de Conformação separa a
região de sucesso de uma operação de conformação de chapas (parte inferior da curva) da
região de falha (parte superior da curva). A CLC pode ser obtida a partir de ensaios de
19
laboratório, modelos teóricos e numéricos visam avaliar as deformações limites nas condições
de estricção localizada e fratura.
A Figura 11 esquematiza a Curva Limite de Conformação (CLC) representada no
sistema de eixos formado pelos valores das menores ( ) e maiores ( ) deformações
principais, as quais, por sua vez, podem ser obtidas a partir de grade de círculos impressos na
superfície da chapa. As duas regiões que compõem a CLC, separadas pela deformação plana
( , são definidas em função da menor deformação principal pelos domínios de
estiramento biaxial ( e estampagem (
Figura 11 – Deformações limites nos domínios de estiramento biaxial (2 > 0 e 1 > 0) e
estampagem (2 < 0 e 1 > 0). Adaptado de Bressan (2009).
20
Maior deformação principal na superfície ou deformação longitudinal ( ),
(3.12)
(3.13)
(3.14)
(3.15)
(3.16)
Figura 12 – Curva Limite de Conformação (CLC) dos aços DP780 e TRIP780. Adaptado de
de Panich et al. (2013).
(a) (b)
Figura 13 – Previsões da Curva Limite de Conformação dos aços (a) DP780 e (b) TRIP780.
Adaptado de de Panich et al. (2013).
23
Figura 14 – Regiões avaliadas dos corpos de provas de chapa de aço bifásico DP600
ensaiados conforme a técnica de Nakazima. Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
24
Figura 15 – Micrografias das chapas do aço DP600 deformados pelo método de Nakazima
em função da largura do corpo de prova: (a) 60 mm, (b) 80 mm, (c) 100 mm, (d) 120 mm,
(e) 130 mm, (f) 140 mm e (g) geometria circular Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
25
Ampliando-se as imagens obtidas por microscopia óptica, verifica-se que o corpo de prova
com largura de 130 mm teve grãos rotacionados que apresentam tendência de alinhamento
com a orientação da fratura, conforme Figura 17(a). Björklund e Nilsson (2014) indicam que
estas características são típicas de um mecanismo de fratura dúctil precedida por
cisalhamento. Por outro lado, os corpos de prova de largura 140 mm e geometria circular não
apresentaram afinamento brusco de espessura tampouco rotação de grãos, conforme Figuras
17(b) e 17(c), respectivamente, indicando assim uma fratura dúctil precedida por tensão
(Björklund e Nilsson, 2014).
Figura 17 – Ampliação das regiões de fratura do aço DP600 deformado pelo método de
Nakazima: corpos de prova (a) largura 130 mm, (b) largura 140 mm e (c) geometria circular.
Adaptado de Björklund e Nilsson (2014).
As superfícies de fratura dos corpos de provas com largura de 130 mm, 140 mm e
geometria circular foram avaliadas por MEV. Conforme Figura 18(a), o corpo de prova com
largura de 130 mm apresentou aspecto plano na superfície da fratura e os autores associaram
26
esse aspecto à fratura dúctil por cisalhamento, visto que esse corpo de prova apresentou
rotação de grão próximo à fratura, conforme Figura 17(a). Conforme Figura 18(b) os corpos
de provas 140 mm e circular apresentaram imagem com aspecto rugoso, sendo associado a
fratura dúctil precedida por tensão, já que esses corpos de prova não apresentaram rotação de
grãos e uma redução acentuada na espessura próxima à fratura não foi verificada.
3.4 Sumário
Tendo em vista que alguns pontos ainda não foram bem compreendidos em relação
ao comportamento plástico dos aços avançados de alta resistência, como por exemplo, o
mecanismo da fratura que apresenta variações de tipo da fratura em função do domínio de
deformação da Curva Limite de Conformação. Ainda, os modelos existentes de previsão das
deformações limites obtiveram resultados que ora atende o lado esquerdo da Curva Limite de
Conformação, ora o lado direito, nesse contexto, é primordial a realização de um estudo
amplo e detalhado visando compreender melhor o comportamento plástico desses aços e
desenvolver um modelo de previsão das deformações limites que utilize não só apenas um
critério de parada, mas sim um critério de parada combinado considerando os resultados
obtidos do estudo experimental realizado nesta Tese de doutorado.
27
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Os aços avançados de alta resistência que foram avaliados são os aços DP600 e
DP800 e para fins de comparação o aço HSLA340, todos processados e fornecidos pela
USIMINAS. A metodologia proposta consistiu primeiro nas análises das composições
químicas destes aços no centro de pesquisa da CSN por meio de espectrometria de emissão
ótica utilizando um espectrômetro de emissão óptica Thermo Scientific Modelo: ARL 3460 e
ARL 4460. Em seguida, foram realizadas as etapas de caracterização microestrutural com
auxílio da técnica de microscopia óptica (MO) para quantificação das fases presentes e
tamanho inicial de grão. As propriedades mecânicas dos aços HSLA340, DP600, DP800
foram avaliadas por meio de ensaios de tração uniaxial realizados a temperatura ambiente em
corpos de prova confeccionados em três orientações angulares com respeito à direção de
laminação (0, 45 e 90º). Em particular, os efeitos de taxa de deformação em tração uniaxial
foram avaliados em corpos de prova retirados na direção de laminação. O comportamento
plástico dos aços HSLA340, DP600, DP800 no domínio de grandes deformações foi avaliado
com auxílio do ensaio de expansão hidráulica (bulge test). Ademais, a anisotropia plástica
destes aços sob condições de expansão biaxial foi avaliada por meio do ensaio de compressão
de disco. As deformações limites dos aços nas condições de estricção localizada (CLCE) e
fratura (CLCF) foram obtidas a partir de ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC)
conforme metodologia Nakazima. As deformações superficiais nos corpos de prova de CLC,
ensaiados com diferentes geometrias, foram avaliadas com auxílio de sistemas de correlação
de imagens digitais (ViaLux e ASAME).
A partir da depuração dos resultados dos ensaios de tração uniaxial, expansão hidráulica e
Curva Limite de Conformação, foi possível identificar parâmetros de critérios de fratura dúctil
28
que possibilitaram descrever melhor as deformações limites dos aços avançados de alta
resistência DP600 e DP800. As formas e dimensões das regiões fraturadas nos corpos de
prova ensaiados pela técnica de Nakazima (CLC) foram avaliadas por microscopia eletrônica
de varredura. Com bases nos resultados dos ensaios experimentais, foram estabelecidos
critérios de fratura para previsão de deformações limites que compõem a CLC empregando-se
um modelo elasto-plástico de localização de deformações do tipo Marciniak-Kuczynski.
4.1 Materiais
Os materiais utilizados para esse estudo foram os aços de alta resistência HSLA340,
DP600 e DP800 processados pela empresa USIMINAS laminados a frio em forma de chapas
com espessura nominal de 1,2 mm. Estas chapas de aço galvanizados passaram por um
processo de imersão a quente (HDG) com revestimento de zinco puro (Usigal-GI®).
A preparação dos corpos de prova dos aços HSLA340, DP600 e DP800 seguiu o
procedimento padrão, partindo do corte e embutimento de amostras das chapas em baquelite,
sob condições controladas de pressão e temperatura. Em seguida, o lixamento foi realizado
com lixas de 500, 600, 800 e 1000. As amostras foram polidas com alumina, na sequência, 1
μm, 0,5 μm e 0,05 μm. Para a realização do ataque químico das amostras, foram utilizados os
reagentes Nital (3%), composto de 3ml de ácido nítrico (HNO3) + 98ml álcool etílico, sendo
possível a identificação da fase ferrita na cor cinza e outras na cor cinza escuro. Em seguida,
foi utilizado o ataque LePera composto de uma solução aquosa de 1% de Na2S2O5 misturada
com uma solução de Picral 4% na proporção de 1:1, sendo possível a identificação da fase
ferrita na cor bronze, bainita na cor preta e martensita na cor branca (LePera, F. S, 1979 e
Ozturk et al., 2013). Os ataques químicos adotados para revelar e quantificar as fases dos aços
HSLA340, DP600 e DP800 estão resumidos na Tabela 2.
29
Tabela 2: Ataques utilizados e identificação das fases através das diferenças de cores.
Ferrita: cinza claro
Nital 3% Ácido nítrico + etanol
Outros:cinza escuro/preto
50 ml Na2S2O5 1% em solução aquosa Ferrita: cor bronze
LePera + Martensita: branco
50 ml ácido pícrico 4% em etanol Bainita: preto
Os ensaios de tração uniaxial para avaliação das propriedades mecânicas dos aços
HSLA340, DP600 e DP800 foram realizados no Centro de Tecnologia da empresa
USIMINAS com auxílio de uma máquina universal de ensaios da marca INSTRON modelo
5582 com capacidade máxima de carga de 100 kN e célula de carga de 30 kN. Esta máquina
de ensaios é equipada com um sistema de vídeo extensiometria AVE (Advanced Video
Extensometer) que qual possibilita medições simultâneas das bases de medidas nas direções
do comprimento e largura do corpo de prova.
Para cada aço avaliado foram separados 5 corpos de prova por orientação angular,
paralela (0º), diagonal (45º) e transversal (90º) em relação à direção de laminação da chapa.
Todos os corpos de prova foram confeccionados por fresamento em centro de usinagem CNC,
em conformidade com a norma NBR-6673. As dimensões dos corpos de prova de tração
uniaxial estão indicadas na Figura 19. Nesta figura estão mostrados os pontos de marcação
das bases de medidas nas direções do comprimento (50 mm) e largura do corpo de prova
(12,5 mm), necessários ao reconhecimento do sistema de vídeo extensiometria. Para
realização dos ensaios de tração uniaxial foram separados 3 corpos de prova de cada
orientação, num total de 9 corpos de prova para cada aço. Os demais corpos de prova foram
reservados para eventuais necessidades de réplica de ensaios. Para avaliação de propriedades
mecânicas, a velocidade da travessa móvel da máquina foi mantida igual a 1,8 mm/min até o
valor do limite de escoamento. Em seguida, a velocidade de ensaio foi aumentada para 10
mm/min até a ruptura do corpo de prova.
30
(a)
(b)
Figura 19 – Corpo de prova para realização de ensaios de tração uniaxial em chapas de aços:
(a) dimensões em mm (NBR-6673) (b) marcações efetuadas para vídeo extensiometria.
Por fim, utilizando média aritmética dos três ensaios para cada orientação foram
determinadas as medidas verdadeiras de tensão e deformação a partir dos valores medidos de
forças e alongamentos. Foram determinados limite de escoamento definido a 0,2% de
deformação plástica, limite de resistência, deformação máxima uniforme, expoente de
encruamento, coeficiente anisotropia plástica e alongamentos uniforme e total.
Para avaliação da sensibilidade à taxa de deformação, os ensaios de tração uniaxial
foram realizados no Laboratório de Mecânica Aplicada da EEIMVR/UFF com auxílio de uma
máquina universal de ensaios da marca EMIC 20 kN equipada com célula de carga de 20 kN e
extensômetro com base de medida 50 mm. Para cada aço estudado foram separados 15 corpos
de prova paralelos à direção de laminação da chapa, conforme dimensões da norma NBR-
6673. A taxa de deformação nominal é definida pela razão entre a velocidade da travessa
móvel e comprimento paralelo = 60 mm do corpo de prova, ver Figura 19(a), ou seja:
(4.1)
31
e, para efeito de análise, foi utilizada a curva intermediária, como exemplo, a curva escolhida
para análise do aço DP600 com velocidade de 100 mm/min, conforme Figura 20.
900
800
700
400
300
DP600
200
100mm/min (primeiro)
100mm/min (segundo)
100
100mm/min (terceiro)
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação verdadeira
Figura 20- Metodologia de escolha da curva (x para análise do aço DP600.
O índice de sensibilidade à taxa de deformação (M) foi calculado a partir dos valores
obtidos das curvas tensão verdadeira-deformação plástica verdadeira empregando-se a
seguinte relação (Freitas et al., 2013):
(4.2)
(4.3)
(4.4)
(4.5)
em função do raio de abertura da matriz , neste caso igual a 90 mm, e da altura do domo
, a qual, por sua vez, é determinada durante o ensaio a partir da correlação de imagens
digitais realizada com auxílio do sistema Autogrid ® montado na máquina de ensaios
Erichsen 145-60. Desprezando as deformações elásticas e assumindo a condição de
incompressibilidade plástica, ou seja, considerando a conservação de volume, tem-se que a
soma das deformações principais é igual a zero, isto é, . As deformações
principais na superfície do esboço ( são obtidas a partir do mesmo sistema de correlação
de imagens digitais. Deste modo, a deformação plástica na direção da espessura do esboço é
então calculada por , a qual possibilita a obtenção da espessura no cume do
domo que se faz necessária ao cálculo da tensão verdadeira em expansão biaxial simétrica,
Equação (4.4), ou seja:
33
(4.6)
(4.7)
(4.8)
34
perpendiculares à fratura para análise das distribuições dos valores das menores e
maiores deformações principais na superfície do esboço deformado. Os resultados
obtidos são apresentados num só gráfico em função da distância, Figura 21. Os valores
médios definidos a partir dos picos das deformações principais de cada seção compõem as
deformações limites na condição de fratura de um corpo de prova. Seguindo o mesmo tipo de
procedimento com os demais corpos de prova, foi determinada a deformação equivalente no
sentido do critério de von Mises correspondente a condição de fratura dos aços HSLA340,
DP600 e DP800. Estas deformações limites foram utilizadas como parâmetros de entrada no
modelo de previsão de deformações limites do tipo Marciniak-Kuczynski que será detalhado
na última seção deste capítulo.
35
de laminação com auxílio de um medidor de perfis marca Union modelo BS-225 com
precisão de 0,001 mm. Deste modo, as deformações plásticas verdadeiras nas direções
angulares paralela (DL) e transversal (DT) foram calculadas por:
(4.9)
(4.10)
(4.11)
cujo valor é calculado a partir de um ajuste linear, ou seja, do coeficiente angular da reta que
passa pela origem definida graficamente pelos valores experimentais de em função de
.
Figura 23 - Corpos de prova do ensaio de Nakazima para determinação da CLC dos aços
HSLA340, DP600 e DP800.
37
Os corpos de prova da esquerda para a direita na primeira fileira, Figura 23, possuem
entalhes arredondados e larguras centrais que variam de 20 a 180 mm. Estes corpos de prova
têm comprimento igual a 220 mm orientado no sentido transversal à direção de laminação da
chapa. O último corpo de prova tem geometria circular com diâmetro igual a 220 mm. Estas
geometrias cobrem os estados de deformação nos domínios de estampagem e estiramento
biaxial da Curva Limite de Conformação (CLC). Para cada aço foram ensaiados pelo menos 3
corpos de prova de cada tipo de geometria, totalizando 33 ensaios Nakazima por aço.
Antes da realização dos ensaios de CLC foram posicionadas quatro câmeras do tipo
CCD (Charge-Coupled Device), que registraram em tempo real os campos de deslocamentos
referentes às deformações superficiais dos corpos de prova. Ademais, quatro focos de
iluminação foram posicionados para assegurar a qualidade de captação das imagens digitais,
vide montagem na Figura 24.Em seguida, com o auxílio do sistema Autogrid ® foi realizada a
calibração das quatros câmeras por meio do reconhecimento de um alvo padronizado.
Primeiro, são obtidas imagens paralelas à superfície do alvo e depois a 45° de cada lado da
base quadrada inferior do alvo. Esta metodologia é repetida para cada uma das quatro
câmeras, finalizando assim a calibração.
38
Para realizar a análise de deformações superficiais, os corpos de provas foram
previamente gravados por processo eletrolítico com grade de quadrados com 2,5 mm de lado.
A lubrificação do punção foi realizada com um disco de PVC com 50 mm de diâmetro e 5
mm de espessura. Este disco foi untado com vaselina e recoberto em ambas as superfícies
com filme de Teflon de 50 mm de diâmetro e 0,05 mm de espessura. O conjunto matriz e
prensa-chapas possui freio de estampagem (lockbead), o qual visa assegurar o
estabelecimento de condições de estiramento. Mesmo assim, em todos os ensaios foi imposta
uma força de prensa-chapas constante e igual a 500 kN com objetivo de evitar possíveis
escorregamentos dos corpos de prova e ou enrugamento do flange durante os ensaios. A
velocidade de deslocamento do punção foi adotada igual a 60 mm/min. A máquina de ensaios
Erichsen 145-60 registra o deslocamento (mm) e a força do punção (kN) e interrompe
automaticamente os ensaios após a fratura dos corpos de prova por detecção da força máxima.
39
Figura 25 - Metodologia de depuração de deformações limites segundo a ISO 12004-2:2008:
(a) deformações principais, (b) polinômio de 6º grau e (c) resultados obtidos para corpo de
prova 11 com diâmetro de 220mm do aço DP800.
40
picos das deformações principais de cada seção compõem as deformações limites na condição
de fratura de um corpo de prova.
41
Figura 26- Esquema dos procedimentos de análise adotados para avaliação das deformações
na direção da espessura e dos mecanismos de fratura dos corpos de prova dos aços
HSLA340, DP600 e DP800 deformados por um punção hemisférico (Nakazima) nos
ensaios de CLC.
4.4 Modelamento
Para a previsão das deformações limites dos aços HSLA340, DP600 e DP800 foi
desenvolvido um modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysnski como uma extensão
do modelo rígido-plástico proposto por Freitas et al. (2013). Este tipo modelo tem bases em
42
um elemento de volume sob carregamentos proporcionais na hipótese de estado plano de
tensões, conforme esquema apresentado na Figura 27. Este tipo de modelo possui duas zonas,
a saber, uma zona homogênea e outra com um defeito inicial na forma de uma imperfeição
geométrica. No modelo proposto por Marciniak-Kuczysnski (1967), esta imperfeição é
perpendicular a maior componente de tensão principal na zona homogênea. No presente
modelo, a imperfeição é definida na forma de uma banda com orientação angular
na qual são os eixos de simetria ortotrópica na zona
homogênea “a” enquanto que são os eixos das direções normal e tangencial a
imperfeição geométrica preexistente na zona defeituosa “b”.
(b)
(a)
(4.12)
43
(4.13)
(4.14)
(4.15)
(4.16)
(4.17)
44
(4.18)
(4.19)
(4.20)
(4.21)
(4.22)
45
(4.23)
(4.24)
(4.25)
(4.26)
na qual é uma medida de tensão que pode ser identificada a partir de ensaios de laboratório
como, por exemplo, o ensaio de tração uniaxial. Na condição de carregamento plástico tem-se
que e, portanto, . Por outro lado, nas condições de carregamento elástico ou
descarregamento elástico tem-se que e, portanto, decorrente de . Deste
modo, a função define a forma da superfície de escoamento no espaço de tensões,
como por exemplo, a elipse do critério de von Mises no estado plano de tensões, ao passo que
46
a medida equivalente define o tamanho da superfície de escoamento. De acordo com a
hipótese de um encruamento isotrópico, a superfície de escoamento não muda de forma e
somente aumenta em função de carregamentos plásticos. Logo, a descrição do comportamento
elasto-plástico em deformações infinitesimais fica completa com a atualização da medida de
encruamento :
(4.27)
(4.28)
(4.29)
47
(4.30)
(4.31)
(4.32)
Caso contrário, ou seja, quando , o estado de tensões da previsão elástica teria fornecido
um carregamento elástico ou até mesmo um descarregamento puramente elástico. Neste caso,
todas as variáveis nas duas zonas do modelo de Marciniak-Kuczysnski ficarão completamente
definidas a partir das equações de elasticidade de Hooke. Caso contrário, a etapa de correção-
plástica deve ser realizada para corrigir as componentes de tensão de modo a atender a
condição Tolerância (por exemplo, 10-6), o que possibilita determinar os incrementos de
deformações elástica e plástica e atualizar todas as demais variáveis nas duas zonas do
modelo. Em razão da condição de incompressibilidade plástica, verificada nos metais na
ausência de efeitos de transformação de fases, a correção-plástica é obtida por:
(4.33)
(4.34)
48
na qual as derivadas parciais da função que define o critério de plasticidade podem ser
calculadas a partir do estado de previsão-elástica (Teste). Portanto, a única incógnita a ser
determinada na Equação (4.33) de correção-plástica passa a ser o incremento de deformação
plástica equivalente .
Um procedimento apropriado para o cálculo do incremento de deformação plástica
equivalente é estabelecido por meio do princípio de equivalência do trabalho plástico,
definido na forma incremental por unidade de volume (Cardoso et al., 2016):
(4.35)
(4.36)
(4.37)
(4.38)
e, deste modo, a resolução da Equação (4.36) pode ser obtida empregando-se o método da
bisseção.
49
As incógnitas na zona da imperfeição geométrica são então
calculadas numericamente de modo a atender as três equações de governo, vide Equações
(4.19-4.21), do modelo de localização do tipo Marciniak-Kuczysnski. Estas equações são
rescritas por (Cardoso et al., 2016):
(4.39)
(4.40)
50
Neste modelo, foi adotada a equação modificada de Swift para descrever os efeitos de
encruamento não-linear e taxa de deformação, a saber:
(4.41)
(4.42)
(4.43)
51
denotados aqui por um sistema de eixos cartesianos. Em uma chapa laminada, estes eixos são
as direções paralela (x), transversal (y) e normal (z) ao sentido de laminação, respectivamente.
Para o caso de um estado plano de tensões ( ), a função de escoamento pode ser
expressa por:
( ) (4.44)
Uma outra representação pode ser definida por meio da orientação entre as direções
das tensões principais no plano da chapa e os eixos de simetria ortotrópica , ou
seja, pela meio da orientação angular , conforme esquematizado na
Figura 28. Assim, a função de escoamento, Equação (4.44), pode ser rescrita por:
( ) (4.45)
Uma descrição alternativa pode ser estabelecida pela seguinte mudança de variáveis:
(4.46)
(4.47)
as quais que definem, o centro e o raio do círculo de Mohr no estado plano de tensões,
respectivamente, plotado na Figura 28. Desse modo, a função de escoamento é descrita como:
( ) (4.48)
52
y nt
1
1
+ xy
yy
yy - 2
2
O 2 C
xx 1 nn
yx
- xy
2
xy
xx x
O
x1
(a) (b)
Figura 28 - Estado plano de tensões: (a) sistemas de eixos e (b) círculo de Mohr.
(4.49)
(4.50)
(4.51)
53
1,5
x2
x
1
1,0
)
g ( ,
0,5
2 / b
0,0
-0,5
0
-1,0 =0
0
= 45
0
= 90
-1,5
-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
1 / b
(4.52)
(4.53)
na qual os parâmetros A e B são reais positivos enquanto que o parâmetro k ( > 0) possibilita a
obtenção de um achatamento na superfície de escoamento próximo das regiões de
cisalhamento puro e tração/compressão plana (Ferron et al., 1994).
( ) (4.54)
ou melhor
( ) (4.55)
(4.56)
55
Por outro lado, as derivadas parciais de primeira ordem são obtidas a partir da
diferencial total da função de escoamento na condição de carregamento plástico, Equação
(4.51), isto é:
+ (4.57)
(4.58)
(4.59)
com , .
56
4.4.3 Critérios de estricção e fratura dúctil
(4.60)
e
(4.61)
(4.62)
(4.63)
A fratura tem início quando o dano o parâmetro de dano acumulado se iguala a um,
isto é, . Na Equação (4.62), é a máxima tensão de cisalhamento enquanto que a
influência do modo de deformação no processo de deformação plástica, que resultará na
57
fratura dúctil, é descrita pelo termo . Neste termo tem-se o fator de triaxialidade de
tensões definido por:
(4.64)
(4.65)
(4.66)
58
(4.67)
59
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
60
As micrografias obtidas por técnicas de metalografia através de microscopia óptica
dos aços HSLA340, DP600 e DP800 estão mostradas na Figura 30. É possível identificar que
o aço HSLA340 apresenta grãos maiores em comparação aos aços bifásicos DP600 e DP800.
A fração volumétrica das fases presentes e o tamanho de grão médio dos aços HSLA340,
DP600 e DP800 estão resumidos na Tabela 4. Como esperado, o aço HSLA340 apresenta
98,63% de ferrita 1,37% de outras fases que não puderam ser identificadas conforme ataque
utilizado, enquanto que os aços bifásicos DP600 e DP800 possuem 93,37% e 85,24% de
ferrita, 6,36% e 14,17% de martensita e 0,27% e 0,59% de bainita, respectivamente. Os
tamanhos médios de grão dos aços HSLA340, DP600 e DP800 são respectivamente iguais a
17,94 m, 6,25 me 5,55 m
As frações volumétricas encontradas e tamanhos de grãos para os aços HSLA340 e
DP800 estão coerentes com o estudo de Ozturk et al. (2013). Apesar em seu estudo o valor da
fração volumétrica de martensita encontrada para o aço DP800 foi de 26% e o valor
encontrado nessa pesquisa foi de 14,17%, ainda esses valores se mostram coerentes quando se
realiza uma comparação com os teores de carbono desses aços, a saber, 0,158% e 0,104%
estudado por Ozturk et al. (2013) e estudado nesse trabalho. Já para o aço DP600 os
resultados de tamanho de grão e fração volumétrica encontradas nesse trabalho de tese são
coerentes com o determinado por Amilermaki, (2014) que investigou o aço DP600 e
quantificou as frações volumétricas de fases presentes obtendo a 92% de ferrita, 4,7%
Martensita e 3,3% de Bainita.
Tabela 4 – Quantificação das fases presentes e tamanho médio de grãos da matriz dos aços
HSLA340, DP600 e DP800.
Fração volumétrica (%)
Tamanho médio
Aço de grão
Ferrita Martensita Bainita Outros
(m)
61
(a)
(b) (c)
Figura 30 – Micrografias dos aços: (a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800. Aumento 500X.
(a) (b)
Figura 31 – Micrografias obtidas por MEV com aumento 20000X: (a) DP600 e (b) DP800.
62
5.2 Propriedades mecânicas
63
Tabela 5 – Propriedades mecânicas do aço HSLA340 obtidas em tração uniaxial.
Orientação angular
N R
(graus) (MPa) (MPa) (%) (%)
391,20 541,11 16,4 0,171 26,9 0,854
0
3,58 2,88 0,20 0,003 0,60 0,014
391,39 531,36 16,1 0,175 26,8 1,089
45
4,88 3,00 0,40 0,010 0,30 0,050
402,76 539,75 15,1 0,157 26,1 1,098
90
3,86 3,94 0,30 0,004 0,50 0,019
600
HSLA340
0º
45º
500 90º
Tensão verdadeira (MPa)
400
300
200
100
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30
Deformação verdadeira
65
900
DP600
800 0º
45º
700 90º
500
400
300
200
100
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30
Deformação verdadeira
Os valores obtidos do aço DP800 das tensões limite de escoamento verdadeira ( e) e
tensões limite de resistência verdadeira ( u) nas três orientações obtiveram uma variação
próximo de 9% e 2%, respectivamente, conforme Tabela 7. O coeficiente de anisotropia
plástica normal do aço DP600 foi determinado , ou seja, apresentando uma relação
> > , conforme esperado, indicando a menor capacidade de
conformação entre os aços estudados nessa pesquisa de tese. Tal fato pode ser observado com
os valores de deformação total (T) do aço DP800 que variou entre 0,150 a 0,199 obtendo uma
relação > > , a menor deformação total entre os três aços estudados.
1100
DP800
1000
0º
900 45º
90º
800
Tensão verdadeira (MPa)
700
600
500
400
300
200
100
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação verdadeira
67
1000
900
800
600
500
400
300
Direção de laminação
200 HSLA340
DP600
100 DP800
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30
Deformação verdadeira
1000
Limite de escoamento
Limite de resistência
Limites de escoamento/resistência (MPa)
800
600
400
200
0
HSLA DP600 DP800
35
Deformação uniforme
Deformação uniforme/deformação total (%)
30
Deformação total
25
20
15
10
0
HSLA DP600 DP800
500
300
200
HSLA340
100 0,01 mm/min Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira
(a)
0.0150
Sensibilidade a taxa de deformação (M)
HSLA 340
0.0125
0.0100
M= 0,009
0.0075
0.0050
0.0025
0.0000
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira
(b)
Figura 38 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação de chapa de aço
HSLA340 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-deformação e
(b) índice de sensibilidade à taxa de deformação.
70
700
0,16268 0,009
= 711,03 (2E-4 + ) (3E-1)
600
500
200
HSLA340
100 0,01 mm/min Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste
0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira
71
1200
1200
0,18
1000 = 1294,17 (5E-6 + )
1000
0.21126
= 1136,39 (5E-5 + )
800
600 0,1863
600 = 1231,85 (5E-5 + )
0,20904 400
= 1020,59 (5E-5 + )
400
DP800
DP600 200 0,01 mm/min Experimental Ajuste
200 0,01 mm/min Experimental Ajuste 100 mm/mim Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste
0
0 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira
Deformação plástica verdadeira
(a)
0.0150 0.0150
DP600
Sensibilidade a taxa de deformação (M)
DP800
0.0075 0.0075
0.0050 0.0050
M = 0,005
0.0025 0.0025
0.0000 0.0000
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira () Deformação plástica verdadeira
(b)
1200 1200
800 800
0,18163 0,005
600 600 =1317,88(5E-5 + ) (3E-5)
0,20904 0,011
=1172,59 (5E-5 + ) (3E-5)
400 400
DP600 DP800
200 0,01 mm/min Experimental Ajuste 200 0,01 mm/min Experimental Ajuste
100 mm/mim Experimental Ajuste 100 mm/mim Experimental Ajuste
0 0
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira Deformação plástica verdadeira
(c)
Figura 40 - Comportamento em tração uniaxial na direção de laminação das chapas dos
aços DP600 e DP800 em função da taxa de deformação: (a) ajustes das curvas tensão-
deformação e (b) índice de sensibilidade à taxa de deformação e (c) ajustes das curvas
tensão-deformação utilizando a equação de Swift modificada.
72
obteve uma relação com valores 0,009, 0,011 e 0,005,
respectivamente.
73
Figura 41 - Corpos de prova deformados nos ensaios de expansão hidráulica (bulge test).
(5.1)
74
A correção mostrada na Figura 42(a) pela curva tracejada é pequena em razão dos
valores de anisotropia plástica do aço HSLA340 nas orientações paralela e
transversal a direção de laminação da chapa. O critério de Hill (1948)
superestima as correções de tensões entre os estados de expansão biaxial simétrica e
deformação plana (Moreira et al., 2000). Portanto, não serão adotadas correções das curvas de
escoamento obtidas em expansão hidráulica.
1200
1000
Tensão equivalente (MPa)
800
600
400
HSLA340
Tração uniaxial (DL)
200
Expansão hidráulica
Correção (Hill, 1948)
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deformação plástica equivalente
(a)
1200
1000
Tensão equivalente (MPa)
800
600
0,16396
= 785,13 (0,0002 + )
400
(b)
Figura 42 – Comportamento plástico da chapa de aço HSLA340 em expansão hidráulica:
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da chapa
e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de Swift.
75
escoamento em expansão hidráulica bastante próximas as curvas de escoamento na direção de
laminação. Os parâmetros de ajuste da equação de Swift estão listados na Tabela 9.
1200 1200
1000 1000
800 800
600 600
400 400
DP600 DP800
200 Tração uniaxial (DL) 200 Tração uniaxial (DL)
Expansão hidráulica Expansão hidráulica
0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50
(a)
1200 1200
1000 1000
Tensão equivalente (MPa)
Tensão equivalente (MPa)
800 800
400 400
(b)
Figura 43 - Comportamento plástico dos aços DP600 e DP800 em expansão hidráulica:
(a) comparação com o comportamento em tração uniaxial na direção de laminação da chapa
e (b) comparação entre valores experimentais e curva ajustada pela equação de Swift.
76
1200
1000
600
400
Expansão hidráulica
HSLA340
200
DP600
DP800
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
Deformação plástica equivalente
77
plástica equivalente). Este resultado deveria ser acompanhado pelos aços bifásicos DP600 e
DP800, respectivamente. Porém, as deformações obtidas para o aço DP800 apresentaram
maior dispersão fornecendo um coeficiente maior que o do aço DP600 e menor em
comparação ao determinado no trabalho de Panich et al. (2013) para o aço DP780
.
0.35
HSLA340
2
Ajuste linear (R = 0,997)
0.30
15 kN
20 kN
Deformação plástica verdadeira // a DT
0.25 25 kN
30 kN
35 kN
0.20 40 kN
0.15
0.10
Rb= 0,868
0.05
0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35
(a)
0.25 0.25
DP600 DP800
2
Ajuste linear (R = 0,998) 2
Ajuste linear (R = 0,991)
20 kN 20 kN
0.20 0.20
25 kN 25 kN
Deformação plástica verdadeira // a DT
30 kN 30 kN
35 kN 35 kN
0.15 40 kN 40 kN
0.15
0.10 0.10
Rb= 0,776
0.05 Rb= 0,816
0.05
0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Deformação plástica verdadeira // a DL
Deformação plástica verdadeira // a DL
(b) (c)
Figura 45 - Resultados dos ensaios de compressão de disco realizados nas chapas dos aços:
(a) HSLA340, (b) DP600 e (c) DP800.
78
5.6 Deformações Limites
0.7
0.6
Maior deformação principal (1)
0.5
0.4
0.3
HSLA340 -Largura
0.2 20 mm 120 mm
40 mm 130 mm
60 mm 140 mm
Estricção
0.1 80 mm 150 mm Fratura
100 mm 180 mm Curva de ajuste na estricção
220 mm Circular Curva de ajuste fratura
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Menor deformação principal (2)
0.7
0.6
Maior deformação principal (1)
0.5
0.4
0.3
DP600 - Largura
0.2 20 mm 120 mm
40 mm 130 mm
Estricção
60 mm 140 mm
Fratura
0.1 80 mm 150 mm
100 mm 180 mm Curva de ajuste na estricção
220 mm Circular Curva de ajuste fratura
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Menor deformação principal (2)
0.7
0.6
Maior deformação principal (1)
0.5
0.4
0.3
DP800 - Largura
0.2 20 mm 120 mm
40 mm 130 mm Estricção
60 mm 140 mm
0.1 Fratura
80 mm 150 mm
Curva de ajuste na estricção
100 mm 180 mm
220 mm Circular Curva de ajuste fratura
0.0
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Menor deformação principal (2)
83
5.6.1 Análise dos mecanismos de fratura
Com auxílio da técnica de metalografia óptica foram obtidas imagens com aumento
de 50X das amostras retiradas dos corpos de prova dos aços HSLA340, DP600 e DP800
deformados nos ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC). Estas imagens foram
registradas a partir das amostras cortadas perpendicularmente às fraturas dos corpos de prova.
Com isso, foi realizada primeiro uma análise com respeito aos aspectos característicos dos
mecanismos que precederam a fratura em função do tipo de modo de deformação. Em
seguida, foram realizadas medições de espessura nestas amostras para quantificar a
distribuição de deformação verdadeira na direção da espessura em função da distância da
fratura e, portanto, permitir a identificação dos mecanismos que conduziram as fraturas nos
aços HSLA340, DP600 e DP800.
A Figura 52 apresenta as imagens obtidas a partir das amostras do aço HSLA340, nas
quais é possível observar o afinamento de espessura em todos os corpos de prova de CLC.
Esta característica é típica do mecanismo de instabilidade plástica devido a estricção
localizada comumente encontrada nos aços convencionais.
20 mm 40 mm 60 mm 80 mm
84
A Figura 53 apresenta as distribuições de deformação plástica na direção da
espessura de todos os corpos de prova da chapa de aço HSLA340 deformados através dos
ensaios de CLC. Estes resultados estão representados em função da distância da fratura, no
caso até 1,5 mm, demonstram que todos os corpos de prova apresentaram localização de
deformação plástica na direção da espessura, indicando o mecanismo de instabilidade plástica
que antecede a fratura. Foram separados dois grupos de corpos de prova para melhor
compreensão destes resultados. A Tabela 10 resume todos os resultados por meio da
deformação relativa definida pela razão entre as deformações na espessura correspondentes as
regiões fraturadas e aquelas situadas a 1,5 mm de distância das fraturas. Todas as geometrias
dos corpos de prova forneceram uma deformação relativa superior a 2, o que significa que a
instabilidade plástica na direção da espessura é o mecanismo predominante que precede a
fratura da chapa de aço HSLA340 com espessura nominal de 1,2 mm.
-0.3
HSLA340
-0.6
-0.9
20 mm
40 mm
Defeormação Plática na espessura ( 3)
p
-1.2 60 mm
-1.5 80 mm
-1.8
100 mm
120 mm
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
-0.3
-0.6
-0.9
85
200X, por meio de microscopia óptica, no intuito de avaliar a orientação dos grãos para
melhor identificação mecanismos de fratura que podem ter ocorrido nas chapas do aço
HSLA340. Porém, foram escolhidos 6 corpos de prova para serem analisados, a saber, as
larguras 20 mm e 40 mm para representar o modo de deformação de estampagem (< 0, >
0), os corpos de prova de larguras 120 mm e 130 mm próximos a região de deformação plana
(= 0, > 0) e os corpos de prova de largura 180 mm e diâmetro de 220 mm que forneceram
deformações limites no domínio de estiramento biaxial. As micrografias apresentadas na
Figura 54 foram reveladas com reagente Nital 3%, nas quais foram acrescentadas linhas em
vermelho para indicar a orientação dos grãos. Com exceção do corpo de prova de geometria
circular 220 mm, que apresentou pequenas rotações nos grãos, em todos os outros corpos de
prova os grãos mantiveram alinhamento com a direção da maior tensão principal no plano da
chapa corroborando, portanto, que o mecanismo de falha que conduz a fratura no aço
HSLA340 é por instabilidade plástica na forma de localização de deformação na direção da
espessura.
20 mm 40 mm
120 mm 130 mm
180 mm 220 mm
Figura 54 – Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HSLA340.
(Aumento 200X).
86
As imagens das superfícies de fratura dos 11 corpos de prova da CLC do aço
HSLA340 foram obtidas com um aumento de 850X por meio de microscopia eletrônica de
varredura (MEV). Todas as superfícies foram analisadas neste estudo, porém, foram
escolhidas apenas seis imagens correspondentes aos corpos de prova com largura de 20, 40,
120, 130 e 180 mm e geometria circular com diâmetro de 220 mm, representativos dos
principais modos de deformação da CLC, a saber, estampagem, deformação plana e
estiramento biaxial, conforme Figura 55, 56,57.
87
20mm
40mm
Figura 55 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340.
88
Os corpos de prova próximos à deformação plana (= 0, > 0) apresentam alvéolos
mais alongados quando comparados ao domínio de estampagem (< 0, > 0), conforme
destacado em vermelho na Figura 56.
120mm
130mm
Figura 56 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340.
89
Os corpos de prova que representam o domínio de estiramento biaxial, conforme
Figura 57, apresentaram alvéolos mais alongados na superfície de fratura quando comparados
aos corpos de prova que representam os domínios de estampagem e deformação plana.
180mm
220mm
Figura 57 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço HSLA340.
90
5.6.1.2 Aço DP600
20 mm 40 mm 60 mm 80 mm
91
precede a fratura nesses corpos de prova do aço DP800 com espessura nominal de 1,2 mm,
porém esses essas observações só poderão ser conclusivas após a avaliação das orientações
dos grãos.
-0.2 DP600
-0.4 20 mm
-0.6 40 mm
Defeormação Plática na espessura (e t )
60 mm
p
-0.8 80 mm
-1.0 100 mm
120 mm
-1.2
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
-0.2
-0.4
-0.6
-0.8
130 mm 180 mm
-1.0 140 mm 220 mm Circular
-1.2 150 mm
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
Distância da fratura (mm)
Figura 59 - Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de prova
do aço DP600 do ensaio da curva limite de conformação.
120 mm 130 mm
180 mm 220 mm
Figura 60 – Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP600.
(Aumento 200X).
Todos os corpos de prova apresentaram uma superfície de fratura alveolar com aspecto
rugoso, conforme Figuras 61, 62 e 63. Porém, pode-se notar que os corpos de prova que
representam o domínio de estampagem apresentam, em sua maioria, alvéolos arredondados
conforme Figura 61. Assim, pode-se associar a acentuada redução de espessura, sem rotação
nas direções dos grãos combinado com alvéolos arredondados em uma superfície rugosa de
fratura a uma fratura precedida pela instabilidade plástica ao longo da espessura.
93
20mm
40mm
Figura 61 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600.
94
Conforme Figura 62, os corpos de prova de largura 120 mm e 130 mm apresentaram
um aspecto menos rugoso que os demais corpos de prova e em particular o de largura 120mm
apresentou pontos de clivagem. Pode-se associar uma superfície de fratura menos rugosa com
pontos de clivagem associada à rotação nas orientações dos grãos combinada com redução
não muito acentuada de espessura a uma fratura dúctil por cisalhamento.
120mm
130mm
Figura 62 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600.
95
Por fim, pode-se associar uma superfície de fratura com rugosidade acentuada e
alvéolos alongados combinada com a ausência de rotação nas orientações de grãos sem
redução acentuada de espessura a uma fratura dúctil por tensão conforme Figura 63. Essa
diferença na superfície na fratura também ficou evidente nos estudos realizados por Björklund
et al. (2014).
180mm
220mm
Figura 63 - Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP600.
96
5.6.1.3 Aço DP800
20 mm 40 mm 60 mm 80 mm
97
dos grãos.
0.0
DP800
-0.2
0.0
130 mm 180 mm
140 mm 220 mm Circular
-0.2 150 mm
-0.4
-0.6
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4
Distância da fratura (mm)
Figura 65- Distribuição das deformações plásticas próximas à fratura dos corpos de prova
do aço DP800 do ensaio da curva limite de conformação.
98
20 mm 40 mm
130 mm 140 mm
180 mm 220 mm
Figura 66 – Micrografias das regiões de fratura dos corpos de prova do aço HDP800.
(Aumento 200X).
99
20mm
40mm
Figura 67- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800.
100
a uma fratura dúctil por cisalhamento.
130mm
140mm
Figura 68- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800.
101
69. Assim, pode-se associar a uma superfície de fratura com rugosidade acentuada e alvéolos
alongados combinada com a ausência de rotação nas orientações de grãos sem redução
acentuada de espessura a uma fratura dúctil por tensão. Esses resultados avaliados mostram-se
coerentes com as análises realizadas por Björklund et al. (2014).
180mm
220mm
Figura 69- Superfície da fratura com aumento de 850X (MEV) do aço DP800.
102
5.6.2 Previsões de Deformações Limites
A Curva Limite de Conformação (CLC) de uma chapa de aço baixo carbono AISI
1012 foi calculada por meio do modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-Kuczysnski
adotando-se o critério de estricção localizada. A caracterização experimental do aço AISI
1012 foi realizada por Molaei § apud Nurcheshmeh e Green (2011). Os parâmetros materiais
deste aço estão listados na Tabela 13. Em particular, os valores da rugosidade média inicial
(Ra0) e tamanho médio inicial de grão (d 0). A espessura nominal da chapa de aço AISI 1012 é
igual a 2,5 mm. Com esses dados, o tamanho da imperfeição geométrica do modelo de
Marciniak-Kuczysnski é definido em função da evolução da rugosidade superficial da chapa,
a qual, depende da deformação plástica equivalente acumulada na zona da imperfeição
geométrica, isto é:
(5.1)
(5.2)
§
Molaei, B. Strain path effects on sheet metal formability. PhD thesis, Amirkabir University of Technology,
Iran, 1999.
103
O tamanho inicial da imperfeição geométrica para a chapa de aço AISI 1012 é igual a
0,995. Quanto aos demais parâmetros materiais, os valores dos coeficientes de anisotropia
plástica determinados em relação a direção de laminação de chapa (R 0, R45, R90) foram
utilizados para calcular os parâmetros do critério de plasticidade de Ferron et al. (1994)
conforme metodologia descrita no Anexo III. Neste critério de plasticidade foram adotados
como valores dos expoentes m = n = 2, p = q = 1 e o coeficiente k = 0,15, o que fornece um
achatamento da superfície de escoamento entre os estados de deformação plana por tração e
ou/compressão e cisalhamento. Para descrever o encruamento da chapa de aço AISI 1012, foi
adotada a equação modificada de Swift, Eq. (4.3) na qual são considerados os efeitos de
sensibilidade a taxa de deformação. As propriedades elásticas do aço AISI 1012 a temperatura
ambiente foram definidas pelos valores do módulo de Young E = 207.000 MPa e coeficiente
de Poisson = 0,29.
104
0.9
0.8
0.6
0.5
0.4
0.3
Figura 70 – Previsões das deformações limites de uma chapa de aço AISI 1012.
Os tamanhos iniciais das imperfeições geométricas para as chapas dos aços bifásicos
foram calculados a partir da Eq. (5.1) para a condição como recebido, ou seja, não-deformado,
com os valores da rugosidade média na orientação transversal a direção da laminação da
chapa uma vez que esta orientação está alinhada com o comprimento dos corpos de prova dos
ensaios de Curva Limite de Conformação (CLC). Os valores dos tamanhos iniciais da
imperfeição do modelo de Marciniak-Kuczysnski para os aços DP600 e DP800 são iguais a
105
0,998 e 0,999, respectivamente.
A seguir são apresentados os resultados do modelo elasto-plástico do tipo Marciniak-
Kuczysnski obtidos para os aços bifásicos DP600 e DP800 a partir de critérios de estricção
localizada, fratura dúctil e combinação estricção localizada com fratura dúctil,
respectivamente.
Neste item, as Curvas Limites de Conformação (CLCs) dos aços DP600 e DP800
foram calculadas a partir do critério de estricção localizada, conforme as Eqs. (4.60) e (4.61).
O comportamento plástico destes aços bifásicos foi descrito pela equação de encruamento
modificada de Swift, cujos parâmetros foram ajustados a partir dos ensaios de expansão
hidráulica, valores listados na Tabela 9, considerando o valor do índice de sensibilidade a taxa
de deformação determinado por meio de ensaios de tração uniaxial realizados em corpos de
prova na direção de laminação nas velocidades de 0,01 e 100 mm/min. As propriedades
elásticas dos aços DP600 e DP800 foram definidas pelo módulo de Young (207.000 MPa) e
coeficiente de Poisson (0,29). A anisotropia plástica foi descrita pelos critérios de plasticidade
de Ferron et al. (1994) e Hill (1948) para os aços bifásicos DP600 e DP800, respectivamente.
Os parâmetros destes critérios foram calculados pela escolha dos expoentes m = 2, n = 1, p =
1 e q = 1 com o coeficiente k = 0 (Hill, 1948) e k = 0,07 (Ferron et al., 1994). Para fins de
comparação, foram adotadas as hipóteses de anisotropia plástica normal e anisotropia planar
definidas respectivamente pelos valores dos coeficientes de anisotropia plástica normal,
calculados por , e pelos valores dos coeficientes de anisotropia
plástica obtidos nos ensaios de tração uniaxial ( , listados na Tabela 5.
106
1.0 1.0
Corpo de prova DP800
0.9 Estricção 20 mm 80 mm 130 mm 0.9 Anisotropia normal
Fratura 40 mm 100 mm 140 mm 180 mm
Anisotropia planar
Maior deformação principal (1)
0.7 0.7
0.6 0.6
0.5 0.5
Estricção
0.4 0.4 Fratura
Corpo de prova
0.3 0.3 20 mm 130 mm
40 mm 140 mm
0.2 DP600 0.2 60 mm 150 mm
Anisotropia normal 80 mm 180 mm
0.1 Anisotropia planar 0.1 100 mm 220 mm
120 mm Circular
0.0 0.0
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Menor deformação principal (2) Menor deformação principal (2)
(a) (b)
Figura 71 – Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 obtidas
com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.
Neste item, as deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 foram
calculadas adotando-se o critério de fratura dúctil de Lou et al. (2012). Os parâmetros deste
critério de fratura dúctil podem ser calculados a partir dos valores de deformações
equivalentes na condição de fratura obtidos experimentalmente a partir dos ensaios de tração
uniaxial, deformação plana por tração e expansão hidráulica. Os valores das deformações na
condição de fratura dos ensaios de tração uniaxial, na orientação transversal a direção de
laminação da chapa, assim como os valores correspondentes aos ensaios de expansão
hidráulica são de fácil obtenção. Já o valor de deformação na fratura no estado de deformação
plana pode ser determinado ora a partir de um ensaio com corpo de prova específico ora por
meio das medidas dos corpos de prova de Curva Limite de Conformação (CLC) que
forneceram deformações limites sob condições de deformação plana. Na ausência de ensaios
com corpos de prova específicos (tração sob deformação plana) e considerando-se que o
objetivo principal é prever as deformações que compõem a CLC, o valor da maior
deformação limite na condição do estado de deformação plana pode ser estimado a
partir do expoente de encruamento obtido em tração uniaxial. De fato, foi observada uma boa
correlação entre os valores do expoente de encruamento na orientação transversal a direção de
laminação da chapa com os interceptos das Curvas Limites de Conformação na Estricção
(CLCE) dos aços DP600 e DP800, conforme discutido na seção 5.6. Sendo assim, foram
107
adotados os valores médios do expoente de encruamento na orientação transversal , ver
nas Tabelas 6 e 7, os quais, por sua vez, foram corrigidos por meio do critério de von Mises,
ou seja, . Além disso, foi observado que as deformações limites na
condição de fratura determinadas com auxílio do programa ASAME ® estão provavelmente
superestimadas uma vez que o procedimento de depuração deste programa é realizada por
meio da reconstrução manual da grade de quadrados, a qual, está sujeita ao tamanho da fratura
e, por conseguinte, pode conduzir a valores muito altos de deformações. Nesse sentido, o
valor correspondente a deformação limite na condição de fratura para o estado plano de
deformação, já corrigido pela medida de deformação equivalente de von Mises, foi majorado
108
1.0 1.0
0.7 0.7
0.6 0.6
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
DP800
0.2 DP600 0.2
Anisotropia normal
Anisotropia normal Anisotropia planar
0.1 Anisotropia planar 0.1
0.0 0.0
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Menor deformação principal (2) Menor deformação principal (2)
(a) (b)
Figura 72 – Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 obtidas
com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério de estricção localizada.
109
5.6.2.2.3 Critério combinado de estricção localizada e fratura dúctil
1.0 1.0
0.7 0.7
0.6 0.6
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
DP600 DP800
0.2 0.2
Anisotropia normal Anisotropia normal
Anisotropia planar 0.1 Anisotropia planar
0.1
0.0 0.0
-0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0
Menor deformação principal (2) Menor deformação principal (2)
(a) (b)
Figura 73 – Previsões das deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 obtidas
com o modelo elasto-plástico empregando-se um critério combinado de estricção localizada
e fratura dúctil.
110
6. CONCLUSÕES
111
óptica e medições de espessura, que os corpos de prova dos aços HSLA340, DP600 e DP800
situados no domínio de estampagem (0, ) apresentaram redução de espessura sem
rotação de grãos, indicando fratura dúctil precedida por instabilidade plástica na direção da
espessura. Porém, os corpos de prova dos aços DP600 e DP800 próximos ao domínio de
deformação plana (0, ) apresentaram uma redução de espessura não significativa
com rotação na orientação de grãos próximos às zonas fraturadas, indicando fratura dúctil por
cisalhamento. Por fim, os corpos de prova da Curva Limite de Conformação dos aços DP600
e DP800 situados no domínio de estiramento (0, ) não forneceram uma redução
significativa na espessura e nenhuma rotação de grãos foi observada, indicando uma fratura
dúctil por tensão.
As simulações numéricas realizadas com o modelo elasto-plástico desenvolvido para
prever as deformações limites dos aços bifásicos DP600 e DP800 demonstraram que os
critérios empregados de estricção localizada e fratura dúctil fornecem resultados que
superestimam e subestimam a Curva Limite de Conformação (CLC) nos domínios de
estiramento biaxial (estricção localizada para 0 e ) e estampagem (fratura dúctil para
0 e ), respectivamente. De acordo com as observações experimentais quanto às
características dos mecanismos que levam à fratura dúctil dos aços avançados de alta
resistência DP600 e DP800, foi proposta uma combinação dos critérios de instabilidade
plástica (domínio de estampagem) e fratura dúctil (domínio de estiramento biaxial). A partir
dos critérios por domínio da CLC, foram obtidas melhores previsões das deformações limites
dos aços bifásicos DP600 e DP800 empregando-se o modelo elasto-plástico em conjunto com
a hipótese de encruamento isotrópico calibrado a partir dos ensaios de expansão hidráulica
com efeitos de sensibilidade à taxa de deformação e anisotropia plástica descrita pelos
critérios de plasticidade de Ferron et al. (1994) e Hill (1948) para os aços DP600 e DP800,
respectivamente.
As perspectivas de continuidade de pesquisas no tema de comportamento plástico
dos aços avançados de alta resistência como, por exemplo, os aços bifásicos DP600 e DP800,
podem ser direcionadas na descrição fenomenológica dos efeitos de anisotropia plástica nas
deformações limites que possam reproduzir os mecanismos que precedem a fratura nestes
aços. Uma proposta seria a descrição com base na mecânica do dano contínuo na qual a
evolução de parâmetros de danos depende dos modos de deformação ora por meio do fator de
triaxialidade de tensões ora pelo parâmetro de Lode, assim como na degradação do módulo de
elasticidade em função da deformação plástica. Outro caminho possível, porém, considerando
112
efeitos na escala microscópica, tem por base a micromecânica do contínuo, ora por meio de
um elemento representativo de volume definido a partir da microestrutura real, ora por meio
de métodos de homogeneização. Nestas abordagens, os comportamentos das fases da matriz
(ferrita) e inclusões (martensita) são distintos e, portanto, as deformações entre estas fases não
são mais compatíveis como no caso da mecânica clássica do contínuo. Ainda, utilizando a
mesma metodologia utilizada nesta Tese de doutorado, pode-se propor uma investigação para
os aços avançados de alta resistência, a saber: DP1000, DP1200 e os TRIP. Verificando
assim, se o modelo elasto-plástio que combina o critério de estricção localizada com o critério
de fratura dúctil seria satisfatório para as previsões limites destes aços.
113
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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122
8. ANEXOS
(AI.1)
Essa inicialização foi feita para a parcela total, elástica e plástica. E de maneira
análoga foram feitas as inicializações da zona “b” do defeito.
Antes do laço principal o tamanho do defeito inicial as espessura das zonas
homogênea e do defeito 1 mm e 0,995 mm respectivamente é lido pelo programa, a saber:
(AI.2)
123
A partir deste ponto é inicializado o primeiro laço = do programa, onde o valor
(AI.3)
A razão da menor tensão principal por a maior tensão principal foi denominada de ,
conforme Equação (AI.4).
(AI.4)
Que nos estados de tração uniaxial e expansão biaxial simétrica foram descrito pelas
razões entre as componentes principais conforme Equação (AI.5 e AI.6).
(AI.5)
(AI.6)
Em seguida novo laço que define o ângulo do defeito com a menor deformação
principal que varia de 00 a 900 e pode ser descrito como:
1 d1a (AI.7)
tg ( d ) tg ( ) a
1 d 2
(AI.8)
124
E finalizando essa primeira parte fez-se uma transformação de deformação das
variáveis, a saber:
(AI.9)
(AI.10)
(AI.11)
(8.12)
(8.13)
+ )- (8.14)
A segunda parte do fluxograma está decomposta em: previsão elástica, teste, correção plástica
se sim, sem correção se não e por último a atualização do defeito, conforme Figura AI.2.
125
Após a transformação de deformação da primeira parte do fluxograma tem-se a
previsão elástica na zona homogênea “a”, ou seja, sem defeito, utilizando a lei de Hooke, a
saber:
(AI.15)
(AI.16)
(AI.17)
(AI.18)
(AI.19)
(AI.20)
(AI.21)
126
Após os passos descritos anteriormente o programa realiza o último passo dessa
segunda parte do fluxograma, que são as atualizações de variáveis na zona “a” que foi
descrito na terceira parte do fluxograma.
(AI.22)
(AI.23)
(AI.24)
127
Em seguida a transformação de deformação é demonstrada, a saber:
(AI.25)
(AI.26)
- )- (AI.27)
(AI.28)
Conforme Figura Figura AI.3 - Fluxograma do modelo M-K (3º parte)., após a
previsão elástica na zona “b” a condição “teste” é imposta, a saber:
128
? (AI.29)
(AI.30)
(AI.31)
(AI.32)
(AI.33)
(AI.34)
(AI.35)
(AI.36)
(8.37)
129
Não atingido as condições de tolerância, retorna para o recálculo no laço (#4)
demonstrado na Figura AI.4, no caso das condições de tolerância forem atingida para as duas
funções F1 e F2 o programa passa para o próximo passo descrito na quinta parte do
fluxograma.
Se as condições através da solução por Newton Rapshon forem atendidas é feita uma
atualização de variáveis na zona “b”, separando a parcela elástica, plástica e total, a saber:
(AI.38)
130
onde,
(AI.39)
(AI.40)
(AI.41)
(AI.42)
(AI.43)
(AI.44)
(AI.45)
(AI.46)
(AI.47)
131
(AI.48)
132
menor deformação principal plástica ( de todos os é armazenado referente ao um ρ
e consequentemente gerando um ponto da CLC. Por fim, o programa entra no último laço ρ, a
saber: -0,5 < ρ < 0. Repetindo essa operação obtendo assim todos os pontos da Curva Limite
de Conformação.
(AII.1)
e
(AII.2)
133
(AII.3)
(AII.4)
Onde,
(AII.5)
(AII.6)
(AII.7)
Onde,
(AII.9)
(AII.10)
Ou ainda,
134
(AII.11)
(AII.12)
(AII.13)
Ou
(AII.14)
(AII.15)
(AII.16)
(AII.17)
135
(AII.18)
Sabe-se que:
(AII.19)
(AII.20)
Ou ainda,
(AII.21)
(AII.22)
Ou
(AII.23)
136
escoamento em cisalhamento puro (CP), tração uniaxial (TU) e tração biaxial simétrica
(TBS). A razão entre os limites de escoamento em cisalhamento puro ( = 1 = − 2, = /2)
e em tração biaxial simétrica (b = = 0) é definida por b = g2) , de onde o
parâmetro A pode ser expresso por :
(AIII.1)
(AIII.2)
As taxas de deformação plástica nos eixos de tensões principais são descritas por:
(AIII.3)
(AIII.4)
(AIII.5)
R=
137
(AIII.6)
Onde,
(AIII.7)
(AIII.8)
Onde,
(AIII.9)
(AIII.10)
138
(AIII.11)
(AIII.12)
(AIII.13)
Onde é possível determinar os parâmetros (a, b). Por outro lado, a razão entre os
limites de escoamento em tração biaxial simétrica e em tração uniaxial, isto é, para
e = − /4, é definida por b/() = / [2g(− 4, )] :
(AIII.14)
Em particular, tem-se:
(AIII.15)
(AIII.16)
(AIII.17)
(AIII.18)
139