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13/04/2020 - 10h38min
Atualizada em 13/04/2020 - 12h12min
RODRIGO LOPES
O presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos primeiros a usar o termo guerra para definir a pandemia do
coronavírus. Depois, Donald Trump se autoproclamou “presidente em tempo de guerra”. E até o papa Francisco
dos morros, indicando que a cidade está sendo atacada. Mesmo em capitais europeias
NO AR GAÚCHA + 14:30 - 16:30
E se fosse possível
fugir do planeta Terra com as mais rígidas regras de isolamento social contra o coronavírus, pessoas podem
em meio à crise do
coronavírus? sair de casa e ir ao mercado comprar comida sem a ameaça de um bombardeio. Na
Não estamos sob bombas, que fazem tremer nosso prédio inteiro quando não o destroem totalmente nos tornando
vítimas colaterais e fortuitas de interesses alheios. O isolamento, necessário nesta crise, nos permite ficar em casa,
com mais ou menos conforto, mas sobretudo seguros. Nossos hospitais não estão sendo bombardeados, nossas
crianças não estão sendo mortas indiscriminadamente por ordem de algum tirano ou grupo radical terrorista.
Médicos, enfermeiros e técnicos também não são soldados. Militares são treinados para matar. Profissionais de saúde
O que vivemos é grave, mas, definitivamente, não é uma guerra, como conhecem bem, infelizmente, as populações
Dos mais antigos aos mais modernos conceitos das relações internacionais, dos manuais das escolas militares aos
registros da História, todos têm em comum a máxima de que, na guerra, o objetivo é eliminar o maior número de
inimigos, provocar dano fundamental ao adversário, abrir brechas em sua linha de frente e ocupar território.
O que estamos vivendo é uma crise de saúde global. Não uma guerra.
Governos e corporações costumam usar o termo “orçamento de guerra” enquanto não se fabricam “armas contra o
vírus”. Mais uma vez entende-se a metáfora. Mas, ao usarmos termos bélicos, respaldamos a busca por soluções
habituais de uma guerra: elegendo inimigos humanos ou nações, como a China, e não invisíveis, buscando estratégias
NO AR GAÚCHA + 14:30 - 16:30adotadas em um conflito real, como recrudescimento fronteiras, a prisão de desobedientes, e
normalmente
colocando militares armados nas ruas. Ao aceitarmos o conceito, cedemos poder exagerado a governantes, como na
Hungria e nas Filipinas, que em “tempos de guerra”, se imaginam acima das leis.
Esta é uma crise sem precedentes do século 21. Mas, como já vivida em outras épocas, uma tragédia de outra
natureza, diferente de um conflito armado. Uma pandemia deve ser solucionada com pesquisa, planejamento,
análises clínicas, testes, hospitais com respiradores e leitos suficientes para salvar pessoas, prevenção, solidariedade
e, depois que tudo passar, educação em saúde, investimento em ciência, para que não se repita. Ou, como
provavelmente outro vírus vai aparecer no futuro, porque assim caminha a humanidade, que ao menos estejamos
mais preparados.
Catástrofes naturais, como furacões e terremotos, ou devastações como pandemias também mudam o curso da
história e a ordem mundial. A fome na África alimenta guerras civis que alimentam a fome na África. A Primeira
Guerra e a gripe espanhola engrossaram o caldo para a Grande Depressão, que resultaram no nazismo e na Segunda
Guerra. Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 respaldaram as ações de presidentes americanos em quase
20 anos de guerras no Oriente Médio. Não ser uma guerra não significa que o que estamos vivendo não deixará
Mais sobre: estados unidos donald trump emmanuel macron filipinas hungria coronavírus covid-19
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COMENTÁRIOS
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Rodrigo Alves
Esse pessoal que insiste em não aceitar o isolamento social está desrespeitando a saúde dos demais.
Deveriam ser cadastrados para quando precisarem de um respirador mecânico ficarem nos últimos lugares da
fila.
Curtir · Responder · 9m
Roberto Monteiro
Pode não ser uma guerra, mas o que não falta é inimigo da saúde na trincheira...
Curtir · Responder · 4 h
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