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“Sou aquela que sou na Trindade

Divina, sou a Virgem da Revelação...


Estou junto à justiça divina, o muro
reparador da ira divina.”
Sábado, 12 de abril de 1947. Era um belo dia de
primavera e, à tarde, o homem de trinta e três anos, Bruno
Cornacchiola, decidiu passear com os seus três filhos em
Ostia, uns trinta quilômetros a sudoeste de Roma. No
final do culto adventista do qual havia participado pela
manhã, o pastor lhe confiou a tarefa de preparar uma
conferência contra os dogmas marianos, para ser
pronunciado em público no dia seguinte, e a sua ideia era
de escrever o texto enquanto as crianças brincavam na
praia.

Chegando à estação Ostiense, ele descobriu que o


próximo trem partiria depois de uma hora. Os danos da
Segunda Guerra Mundial, que se concluiu dois anos
antes, causavam ainda dificuldades para a circulação
ferroviária. Bruno então se lembrou que, quando era
pequeno, brincava na zona de Três Fontes, no início da
Via Laurentina, local em que o Apóstolo Paulo havia sido
decapitado no ano 67 e, segundo a tradição, dos saltos
que fez sua cabeça no chão surgiram do terreno três
fontes de água.

A colina aonde o grupo chegou em torno das 15h30,


era pontuada por grandes árvores de eucalipto e por
arbustos espinhosos que também cobriam quase
completamente a entrada de uma gruta diante da qual as
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duas crianças, Isola, de 10 anos, e Carlo, de 6 anos, se
puseram a jogar, enquanto Gianfranco, de 3 anos,
folheava uma revistinha sentado em uma rocha.

Um lance mais forte mandou a bola rampa a baixo e as


crianças pediram ajuda ao pai para reencontrá-la. Bruno
disse a Gianfranco para não se mover e iniciou a procurá-
la entre os arbustos. Sabia como o pequeno era travesso
e por isso de vez em quando lhe chamava para se
assegurar, mas a um certo ponto não obtém mais
nenhuma resposta. Preocupado, subiu de novo correndo
e viu no lado esquerdo da Gruta o filho ajoelhado com as
mãos juntas enquanto exclamava repetidamente: “Bela
Senhora, Bela Senhora...”.

O pai estava para brigar com Isola, que enquanto isso


recolhia flores para a mãe, dizendo que não gostava da
brincadeira que ela ensinou ao irmãozinho, mas antes de
lhe dizer algo ela também se voltou para a gruta e caiu de
joelhos, pronunciando mecanicamente as mesmas
palavras. Bruno então se convenceu que os três estavam
brincando com ele, deu um tapa em Carlo e lhe perguntou
de qual brincadeira se tratava. “Papai, esse jogo eu não
sei brincar”, respondeu o pequeno, e logo depois se
ajoelhou à direita de Isola e começou a repetir em
uníssono: “Bela Senhora...”.

Irado, o homem tentou levantar as crianças do chão,


mas tinham se tornado pesados como blocos de
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mármore: “Branquíssimos, quase transparentes, as
pupilas dilatadas e o olhar fixo. Impossível movê-los em
um só milímetro. Olho dentro da gruta. Penso: ‘Talvez era
uma toca de bruxas? Ou então o demônio está aqui? Ou
algum padre que nos faz uma brincadeira para nos
colocar medo?’ Entro e com os punhos cerrados grito:
‘Mas quem está aqui dentro? Anda, sai, vem para fora!’
Mas a gruta é escura, vazia, não tem ninguém”. Correu
para a extremidade do planalto, à procura de ajuda,
porém, não viu uma alma viva. Parou e explodiu em
lágrimas, invocando: “Deus, salvai-nos”.

Naquele instante, aconteceu algo que parecia a


ressonância dos acontecimentos da vida de Paulo na via
de Damasco: “Vejo vir de dentro da gruta duas mãos
branquíssimas em direção aos meus olhos. Os dedos se
aproximam lentamente, mas inexoravelmente, me tocam
os olhos e sinto que alguma coisa me é arrancada, como
crostas que caem. Eu também, como os meus filhos,
estou ajoelhado e com as mãos juntas; e entra em mim
uma verdadeira paz, uma tranquilidade, uma alegria
indescritível, nunca provada. Eis que um véu se abre
diante de mim, uma cortina transparente que vai se
abrindo aos poucos. Depois vejo, de dentro da escuridão
da gruta, uma pequena luz que vai aumentando sempre
mais”.

Prossegue a descrição do Bruno: “Em meio a essa luz


sobrenatural vejo uma rocha de tufo calcário. Suspensa

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no ar, em cima daquela rocha, vejo, com maravilha e
emoção que quase não se pode suportar, uma figura de
Mulher do paraíso. A cor do rosto é moreno claro, tipo
oriental. Tem apoiado sobre a cabeça um manto verde,
como a cor da grama do prado na primavera. O manto
desce pelos lados até aos pés descalços. Se entrevê
debaixo do manto os cabelos negros com a repartição ao
centro. Tem uma veste branquíssima e longa, com
mangas largas, fechada no pescoço. A cintura é
envolvida por uma faixa rosa, com duas tiras que descem
pelo lado direito na altura do joelho. Tem a idade aparente
de uma jovem de vinte / vinte e cinco anos e a altura de
um metro e sessenta e cinco”.

A “Bela Senhora” tinha na mão direita, na altura do


peito, um livro de cor cinza, enquanto com a mão
esquerda indicava perto dos próprios pés, aonde
estavam um tecido preto como uma veste amontoado por
terra, e pedaços de um crucifixo, mesmo que
Cornacchiola havia despedaçado em um acesso de ira
retornando à casa da Espanha em 1939. Depois de cobrir
com a esquerda a outra mão que mantinha o livro,
começou a falar.

Durante aquele longo discurso ela se mostrou “como


uma mãe que reprova amorosamente o próprio filho”,
tanto que desde o início disse: “Tu me persegues, agora
basta! Reentra no Redil Santo, o eterno milagre de Deus,
aonde Cristo colocou a primeira pedra, aquele

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fundamento sobre a rocha eterna, Pedro”. Um apelo
motivado pela vida que Bruno havia vivido nos anos
precedentes, como um romance entrançado por
vicissitudes a partir do seu nascimento em 9 de maio de
1913 em Roma, em um estábulo na Via Cássia onde o pai
Antônio e a mãe Giuseppa viviam em grande pobreza.

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Bruno Cornacchiola

No dia do batismo, diante da habitual pergunta do


celebrante sobre o nome dado ao recém-nascido, o pai
respondeu entre os vapores do álcool: “Giordano Bruno,
como aquele que vocês padres queimaram vivo na
fogueira no Campo dei Fiori. E se não está bom para
vocês, eu o batizo com essa garrafa de vinho”. Uma veloz
negociação e ao final Antônio consente em deixar o nome
Giordano (que para ele era o sobrenome do filósofo) e
utilizar somente Bruno.

Os anos da infância os transcorreu pela rua, às vezes


mendigando diante de um bar para conseguir alguma
coisa para comer. No ensino fundamental, depois de
reprovar duas vezes a primeira série, foi transferido por
“ancianidade” para a segunda, e aqui se concluiu o seu

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percurso estudantil: “Abandonados a nós mesmos,
circundados pela mais sórdida miséria física e moral, nós
crianças transcorríamos uma infância muito triste”,
recordará em seguida.

Aos dez anos, começou a trabalhar primeiro como


servente na oficina de carvão e depois como camareiro
em um hotelzinho. À casa retornava raramente e para
dormir, muitas vezes se escondia em alguma capela do
cemitério Verano, ou então utilizava a base lateral da
Escala Santa na praça de São João de Latrão. Naquele
lugar aos pequenos abandonados dava catecismo o
passionista Luigi dell'Addolorata, que deu a Bruno os
mais básicos ensinamentos religiosos, a partir das
orações do Pai-Nosso e da Ave Maria.

Em 7 de março de 1927, o menino recebeu


contemporaneamente a primeira Comunhão e o Crisma
com um grupo de coetâneos recluídos do Reformatório
de Porta Portese. No final do retiro espiritual de
preparação, o pároco Salvatore de Angelis tinha
convidado os meninos a ajoelharem-se diante do quadro
de Nossa Senhora colocado sobre o altar. Cornacchiola
se lembrará: “Olhava a Virgem Mãe, pensava no seu amor
e o confrontava com o de minha mãe. Como eram
diferentes, e como deveria ser feliz um filho de tal Mãe.
Eu disse: ‘Se és verdadeiramente Mãe, toma-me
contigo’”.

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Terminado o rito, com a lembrancinha das Máximas
Eternas de Santo Afonso de Ligório e o terço nas mãos,
partiu para casa: “Assim que minha mãe me viu, me
reprovou, com razão, porque desde quando tinha fugido,
eu não voltei mais ali. ‘O confessor me disse que não
devo mais desobedecer a ti e ao papai e que tenho que
pedir perdão a vocês’. ‘Você ainda pensa nisso? É melhor
você vir aqui me dar uma mão!’, e me deu um chute que
me fez rolar pela escada abaixo. Me levantei furioso e
voltei a ser o Bruno de antes. A enchi de palavrões e
joguei em cima dela o livrinho e o terço, porque não tinha
pedras ao alcance. Parti para Rieti à procura de trabalho”.

Até 1934, quando se alistou no serviço militar, fez todo


tipo de trabalho: eletricista, sapateiro, pedreiro,
marceneiro, tapeceiro, varredor de rua, faxineiro de circo,
vendedor de jornais... De volta a Roma durante uma
licença, em setembro de 1935, noivou com Iolanda Lo
Gatto, quatro anos mais velha, que conhecia desde
criança. No ano seguinte se casaram e Iolanda estava
grávida quando Bruno partiu em 1936 para combater na
Espanha como infiltrado comunista nas tropas fascistas
italianas de reforço aos soldados nacionalistas de
Francisco Franco.

Em Saragoça conhece o soldado alemão Otto, que lhe


explicou que pertencia a uma confissão protestante, que
considerava a Igreja Católica uma “sinagoga de Satanás”

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e o Papa “a besta do Apocalipse que procura a miséria
para as pessoas e paga guerra e revoluções”.

A conclusão de Cornacchiola foi imediata: “Senti um


arrepio na coluna e tive um pensamento assassino: ‘Se é
ele o responsável de tantos males, eu o mato’”. Algumas
semanas mais tarde, chegado a Toledo, adquiriu em uma
loja um punhal sobre o qual escreveu: “A morte ao Papa”.

Retornado a Itália em meados de 1939, em novembro


foi admitido na empresa de transportes ferroviários de
Roma e, ao mesmo tempo, começou a frequentar a Igreja
evangélica Batista da rua Urbana. A mulher, porém, antes
de segui-lo, propôs um pacto: “Eu te sigo se me
demonstre com os fatos que a Igreja Católica é falsa. Por
que não faz a devoção das nove primeiras sextas-feiras
se confessando e recebendo a comunhão? Se no final
você permanecer com a sua escolha, eu te seguirei: se
então o Senhor te fizer mudar de ideia, você para com
isso e volta para a Igreja Católica”.

De fevereiro a outubro de 1940, Bruno respeitou a


promessa, mas aquela prática devocional não foi o
suficiente para o fazer mudar de ideia. Em 1943, depois
do percurso de catecumenato na Igreja Batista, ambos
receberam o batismo por imersão e em 1945 aderiram à
Igreja Cristã Adventista do Sétimo Dia, que Bruno
considerava mais intransigente para com a Igreja
Católica. Como diretor da Juventude missionária
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adventista do Lácio, iniciou uma intensa obra de
proselitismo sobretudo entre os companheiros de
trabalho e, em dois anos, aumentou de 15 a 150 os
membros da sua comunidade.

Em 17 de março de 1947, Cornacchiola e o pastor


adventista se encontraram a debater na casa da senhora
Linda Mancini com o franciscano Bonaventura Mariani,
docente de Sagrada Escritura na Universidade Pontifícia
Antonianum. Um aceso debate no qual Bruno despejava
continuamente sobre o frei: “Vocês são artistas e
astutos; vocês estudam para enganar os ignorantes, mas
conosco que conhecemos a Palavra de Deus vocês não
podem fazer nada. Vocês inventaram tantas idolatrias
estúpidas e interpretam a Bíblia do modo de vocês”. Dirá
o padre Mariani: “Enquanto nos levantávamos para ir
embora, as mulheres ali presentes disseram a
Cornacchiola: ‘Você não está tranquilo, se vê pelo seu
olhar’. E ele repetia: ‘Sim, eu sou feliz desde que
abandonei a Igreja Católica. Mas as mulheres insistiam:
‘Recorra a Nossa Senhora, ela te salvara’; e lhe
mostravam o terço”.

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Naquele 12 de abril de 1947 a Virgem, com efeito,
interveio pessoalmente e com força. Saindo do êxtase,
durado aproximadamente 1 hora (entre as 16 e as 17
horas), Bruno não conseguia acreditar que não se tratava
de um sonho. Mas as crianças sim, que mesmo não tendo
escutado as palavras de Nossa Senhora, eram concordes
em confirmar as visões. E Gianfranco foi o mais
convincente, explicando ingenuamente como havia
interpretado o movimento dos lábios e o livro que ela
tinha em mãos: “Mascava chiclete e fazia o dever de
casa!”.

Depois de ter limpado a gruta e as partes próximas e


tirado a imundície e o mato, o homem gravou com as
chaves de casa algumas palavras no lado externo da
gruta que depois foram canceladas com o tempo: “Lugar
santo. Aqui apareceu a mim e às minhas crianças,
convertendo-me, a Virgem da Revelação. Hoje, 12 de abril
de 1947. Cornacchiola”. Pouco mais de um ano depois da
aparição, em 8 de setembro de 1948, Cornacchiola
colocou uma lápide comemorativa sobre a rocha,
assinando “o mínimo de todos vós que leem”.

O texto lhe foi ditado por Nossa Senhora: “Irmãos


caríssimos, aqui, nessa gruta, receptáculo de pecado, eu

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pecador vim, para preparar-me ao combate, com o cavalo
do meu eu e da ignorância, o dogma que a Igreja mãe
definiu: Imaculada Conceição. Ela mesma veio,
derrubando-me daquele cavalo, no pó. Tendo
misericórdia de mim, me falou maternalmente e me disse:
‘Tu me persegues, agora basta!’ Desde aquele momento
entrou em mim Jesus: Caminho, Verdade e Vida. A
Virgem Mãe, na sua bondade infinita, me indicou a via da
salvação; e eu deixei logo a via da perdição que é o
mundo com as suas falsas ideologias. Me indicou a
verdade; e eu deixei a mentira: o protestantismo (no
início dos anos oitenta essa última palavra foi substituída
por “a desobediência”, N. do A.). Me indicou a via,
porque, mesmo vivendo eu era morto; e agora que sou
morto ao mundo, vivo da verdadeira vida, na verdade do
Evangelho, sob a guia da Igreja Mãe. Como a Virgem Mãe
transformou essa gruta com a sua santa presença, de
lugar de pecado em lugar de paz, de oração e de
penitência, façamos assim que aproximando-nos dela,
para ir a Deus, possamos ser transformados de casas
indignas, em casas de morada para o Espírito Santo.
Temamos Deus e humilhemo-nos diante d’Ele. Assim, e
somente em tal modo, poderemos vencer a nós mesmos.
E colocar em ato a sua vontade: ser santos como Ele é
Santo. Viva Jesus! Viva Maria! Viva o Papa”.

Umas duas horas depois de chegar à colina, Bruno e


as crianças desceram, encaminhando-se em direção à
abadia trapista que surgiu sobre o lugar do martírio de
São Paulo. O relógio pendurado perto do altar marcava
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17h40. O homem se ajoelhou e indicou aos filhos o
tabernáculo: “Vocês se lembram que eu dizia que Jesus
na Eucaristia, naquele pedacinho de pão branco, não
existia? Pois bem, agora eu tenho que dizer a vocês que
Jesus está ali, é presente, é real!”. Ao retornar à casa, se
jogou de joelhos também diante da mulher, muitas vezes
insultada e maltratada por ele:

“Aquilo que eu te ensinei contra Nossa Senhora é tudo


falso. Perdoa-me, Iolanda, por todo o mal que eu te fiz,
por todos os maus-tratos que você recebeu de mim”.

A partir do dia seguinte, Cornacchiola começou a


colocar em ato o que lhe foi pedido pela Virgem: “Cada
sacerdote, a mim muito querido, que você encontrar pelo
caminho e o primeiro que você vir na Igreja, dirá: ‘Padre,
preciso lhe falar’. Se ele te responder com essas
palavras: ‘Ave Maria, filhinho, o que você quer?’ e te
indicar um outro sacerdote dizendo: ‘Ele poderá te
ajudar’, você não se cale por tudo o que vê e escreve.
Seja forte, esse sacerdote é já preparado para tudo aquilo
que deve fazer, será aquele que te fará reentrar no Redil
Santo do Deus Vivente nos séculos, Corte Celeste na
Terra. Depois disso, você não crerá que seja uma visão
satânica”.

Dezenas de tentativas, mas a desejada resposta não


chegava nunca. E enquanto isso sejam os membros da

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comunidade adventista, sejam os amigos do trabalho,
começaram a tratá-lo mal.

Em 28 de abril a sua tensão chegou ao ápice: “Depois


de dezesseis dias de dor, dúvidas e tormentos,
acreditando que eu estava já acabado e maluco,
chorando eu digo a Iolanda depois de ter pego o punhal
com no cabo escrito ‘A morte ao Papa’: ‘Eu não aguento
mais, eu decidi acabar com a família’. E Iolanda: ‘Você já
foi à igreja de Todos os Santos? Lá todo mundo te
conhece. Você sempre mandou embora os sacerdotes
que vinham abençoar a casa lhes empurrando e dizendo
palavras vulgares. Você sempre fez propaganda diante
da paróquia. Quem sabe não é vontade de Deus e de
Nossa Senhora que seja ali mesmo o encontro com o
sacerdote que pode te ajudar? Vai, me escuta!’”.

Bruno aceitou a sugestão, mas as suas últimas


palavras antes de sair de casa pareciam um testamento:
“Eu vou, mas se não encontro aquilo que devo encontrar,
preparem-se todos, porque eu faço uma carnificina aqui
dentro”.

Na igreja de Todos os Santos, ao longo da Via Appia


Nuova, o primeiro sacerdote que encontro foi o pároco
Silvio Ferretti. O vidente se virou instintivamente para o
muro para não ser reconhecido porque o relacionamento
entre eles não era dos melhores.

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Logo depois, na nave direita da igreja, passou um
outro sacerdote, padre Albino Frosi, Bruno o parou e lhe
dirigiu a famosa interrogação. E dessa vez a resposta foi
logo aquela: “Ave Maria, filhinho, o que você quer?”. O
homem não acreditava nos próprios ouvidos e lhe
explicou: “Padre, eu sou um protestante que viveu um
fato sobrenatural e devo reentrar na Igreja Católica”. E o
padre: “Vê aquele sacerdote que está tirando os
paramentos na sacristia? Então, vai até ele que ele pode
te ajudar”.

Esse sacerdote era o padre Gilberto Carniel, que


efetivamente acolheu logo o significado de tudo o que lhe
contava Cornacchiola. Por uma semana fez para ele e
para a mulher alguns encontros de catequese e no dia 6
de maio foi até a casa deles, os confessou e então os
escutou enquanto, com a mão apoiada sobre a Bíblia,
liam e subscreviam a fórmula da abjura ao
protestantismo. À tarde, na gruta, a Virgem lhe aparece
novamente: “Radiante e sorridente, me olha e faz um
sinal com a cabeça, como se dissesse ‘sim’, movendo-a
para frente e para trás, e depois foi embora”.

A terceira aparição acontece em 23 de maio, quando o


vidente foi até Três Fontes em companhia do padre Mario
Sfoggia, que também era da paróquia de Todos os
Santos. Enquanto Bruno estava em êxtase, o sacerdote
não viu Nossa Senhora, mas se deu conta que estava
acontecendo algo de sobrenatural. A confirmação veio

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do amigo Luciano Gatti, que chegou depois na gruta e
percebeu o perfume de flores naquele antro escuro.
Padre Mario então prorrompeu em um grito: “Bruno, eu
tenho que te dizer. Não sei o que provo, mas me sinto
ligado a ti por uma força misteriosa”. Também por essa
frase o homem esperava desde quando em 12 de abril a
Virgem da Revelação lhe tinha preanunciado: “Você
levará essas coisas à santidade do Papa (ou seja, o Papa,
N. do A.) no tempo que te será revelado por um sacerdote
que será o teu guia. Eu o mandarei no tempo oportuno,
você o reconhecerá porque se sentirá ligado a ti e o
confessará”.

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O encontro acontece dois meses mais tarde, na
madrugada de 22 de julho, quando Bruno subiu em
companhia do padre Sfoggia no apartamento pontifício,
na presença também dos jesuítas Virginio Rotondi,
Riccardo Lombardi e Felice Cappello, que algumas
semanas antes puderam ler a mensagem do dia 12 de
abril na íntegra, por explícita autorização do Papa Pio XII.
No diário do vidente se lê: “Eu estava emocionado e li a
mensagem, deixando-a ao Papa que chorou em escutá-
la. Foi dito a todos com juramento de não falar sobre isso.
Mãe querida, é um segredo, mas aqueles que virão devem
saber”.

No entanto, em 31 de maio, Giulio Locatelli havia


publicado no quotidiano Il Giornale d'Itália o primeiro
artigo sobre o extraordinário evento, intitulando-o: “Um
pastor protestante vê Nossa Senhora e com a família se
converte ao catolicismo”. O eco que se fez em Roma
impulsionou o Vicariato a convocar Bruno e os filhos
diante de uma comissão formada por monsenhores, que
permaneceram muito impressionados com o testemunho
do pequeno Gianfranco o qual, diante da pergunta se a
mulher que ele viu fosse bonita como uma estátua da
Virgem presente na sala do interrogatório, responde
logo: “Mais que estátua, era de ciccia (carne, N. do A.)”.

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Em 5 de outubro de 1947, Pio XII decide abençoar
pessoalmente a imagem de Nossa Senhora (até hoje
venerada na gruta) que, da praça São Pedro, foi levada
em procissão – utilizando excepcionalmente a carroça do
Quirinale (Palácio presidencial, N. do T.), coberta de
flores e puxada por três pares de cavalos brancos – por
uns doze quilômetros, ao longo de um percurso que
passou pelo Coliseu, a Pirâmide e a Basílica de São Paulo
fora dos muros, até Três Fontes, onde a tomaram nos
ombros para o último trecho da subida, alguns dos
primeiros doentes que haviam recebido a graça da cura
da Virgem da Revelação.

Papa Pacelli, que foi consagrado Bispo em 13 de maio


de 1917, em concomitância com a primeira aparição de
Nossa Senhora em Fátima, desde 1937 havia recebido o
prenúncio do que teria acontecido. Em 12 de abril
daquele ano (exatamente dez anos antes do evento que
estamos contando), a catequista de vinte anos, Luigina
Sinapi, passeando no pequeno bosque de eucaliptos em
Três Fontes, teve a visão da Virgem que lhe disse:
“Regressarei a esse lugar. Me servirei de um homem que
hoje persegue a Igreja, quer matar o Papa. Ora, vai até
São Pedro, encontrarás uma senhora, vestida assim [...].
Ela te conduzirá ao seu irmão cardeal. Levarás a ele a
minha mensagem. Além disso, dirás ao cardeal que logo
ele se tornará o novo Papa”.

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Quando recebeu a mensagem da Virgem da Revelação
de Cornacchiola, Pio XII foi tocado pela frase: “O meu
corpo não poderia morrer e não morreu, não poderia se
corromper e não corrompeu porque é Imaculado, é no
êxtase de amor divino que eu fui levada por Jesus Verbo,
meu Filho, e pelos anjos ao Céu, é assim que eu fui levada
ao trono da misericórdia divina”. O Pontífice acolheu
como uma confirmação do Céu pelo que havia enviado
em 1° de maio de 1946, pedindo a todos os bispos do
mundo se eles retinham “que a assunção corpórea da
Bem-Aventurada Virgem se possa propor e definir como
dogma de fé e se com o vosso clero e o vosso povo o
desejais”.

Chegaram a ele 1.181 respostas e somente seis


manifestavam reservas. Sendo assim, em 1º de novembro
de 1950, Papa Pacelli proclamou solenemente em São
Pedro o quarto dogma mariano (depois daqueles sobre a
sua maternidade divina, a sua perene virgindade e a
imaculada conceição), com a Constituição Apostólica
Munificentissimus Deus: “É dogma divinamente revelado
que Maria, Mãe de Deus, Imaculada e sempre Virgem,
depois do fim do curso terreno de sua vida, foi assunta
em corpo e alma na glória celeste”.

Depois de dois anos e meio do precedente colóquio


noturno secreto, Cornacchiola encontrou novamente Pio
XII em 9 de dezembro de 1949, no final da audiência com
o grupo de ferroviários.

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No seu diário, assim o homem descreveu aquele
momento: “O Papa desce do altar aonde estava ajoelhado
e se aproxima de nós. Nos olha a todos com um sorriso
paterno, depois diz em voz alta: ‘Alguém de vocês tem
algo para me falar’. Olho e tremo, improvisamente grito:
‘Santidade, sou eu que tenho que falar’. Todos os
operários abrem caminho. Eu caio de joelhos, porque
estávamos todos em pé. O Papa se aproxima, me acaricia
e diz: ‘Me diz o que queres’. ‘Santidade, não me apresento
porque Sua Santidade já me conhece. Eis aqui comigo,
Santidade, dois objetos’. Coloco a mão no bolso e tiro um
pequeno pacote e digo: Aqui está a Bíblia que usei contra
a verdade, com a escrita no alto: Essa será a morte da
Igreja com o Papa como chefe’. Abro o pacote e lhe
mostro a Bíblia com a escrita. Continuo: ‘Esse é o punhal
com o qual eu havia jurado de matar o senhor’.
Mostrando o cabo digo: ‘Olha, eu gravei aqui essa
blasfêmia: A morte ao Papa. Santidade, diante de todos
peço perdão pelo mal que eu fiz a tantas almas com a
Bíblia que eu interpretava do meu jeito e peço perdão por
ter pensado em matar o senhor’. Ele se inclina em minha
direção, colocando o seu rosto perto do meu e me diz:
‘Meu caro filho, você não teria feito outra coisa do que
dado um mártir a mais e um Papa a mais para a Igreja!’”.

Ainda que Pio XII tivesse mostrado indubitável


confiança na aparição, os costumes prevalecem: porque
os eventos sobrenaturais devem ser aprovados pelo
bispo do lugar, na diocese de Roma isso teria envolvido
o Pontífice em primeira pessoa, e preferiram adiar (a
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única exceção a essa regra não escrita foi a aprovação
concedida pelo Vicariato de Roma, em 3 de junho de
1842, a aparição da Virgem da Medalha Milagrosa a
Alphonse Ratisbonne, que aconteceu na igreja de
Sant'Andrea delle Fratte em 20 de janeiro de 1842). De
qualquer forma, em 1956, o Papa Pacelli consentiu o culto
público, confiando aos Franciscanos Menores
Conventuais a guarda da gruta e da capela adjacente.

Em 8 de julho de 1959, Cornacchiola é recebido por


João XXIII, ao qual descreveu a atividade catequética da
associação SACRI (Exército Corajoso de Cristo Rei
Imortal), por ele fundada sob indicação de Nossa
Senhora, obtendo a resposta: “O senhor tem um duplo
mérito. Um porque instrui, e outro porque é instruído.
Trabalha muito, o catecismo é uma arma forte contra o
diabo e eu o abençoo para que o senhor trabalhe”. E em
17 de outubro de 1973, encontrou também Paulo VI, com
o qual, porém, trocou poucas palavras e um aperto de
mão.

Mais intenso foi o relacionamento com João Paulo II,


que já conhecia a gruta de Três Fontes por ter rezado ali
em 1975, quando ainda era cardeal, sob sugestão do
primaz da Polônia, Stefan Wyszynski, que ia ali desde
1958. Por sua disposição, em outubro de 1982, é
aprovada a preparação de um altar diante da gruta, que
desde muito tempo vinha sendo solicitado, mas sem
sucesso.

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No quadragésimo aniversário da primeira aparição, em
12 de abril de 1987, o Papa Wojtyla pediu ao cardeal
vigário de Roma, Ugo Poletti, para celebrar em Três
Fontes a Missa Solene. Sucessivamente, o cardeal
afirmou: “Normalmente se pergunta: ‘Mas tem um
reconhecimento oficial da Igreja?’. Isso não é o problema.
Não é tanto um problema de um reconhecimento oficial,
quanto do acontecimento em si que contém uma
mensagem, um valor, um significado próprio. Deus se
compraz muitas vezes diretamente ou através de sua
Mãe, em abrir lugares de encontro da humanidade sofrida
com Ele, com o Seu amor. Esse é um daqueles lugares”.

Em 6 de junho de 1987, é inaugurada uma estrutura


metálica em forma de arco, pintada de verde com um
medalhão branco com o monograma mariano que,
momentaneamente, faz as vezes de Porta da Paz, que
deverá ser a porta para o ingresso do futuro santuário.
Foi abençoada pelo cardeal Silvio Oddi, na presença do
presidente do Conselho Amintore Fanfani e de
numerosos embaixadores, no mesmo dia em que João
Paulo II deu início ao Ano Mariano 1987-1988 com a Missa
na Praça São Pedro e a recitação do Rosário na Basílica
de Santa Maria Maior, em ligação com outros quinze
santuários marianos do mundo.

O sucessor de Poletti, o cardeal Camillo Ruini


promulgou em 17 de março de 1994 um decreto com o
qual, “Vista a influência do povo cristão que vai em

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peregrinação para a gruta de Três Fontes para venerar a
Bem-Aventurada Virgem Maria” e “considerada a
oportunidade de erigir no lugar uma igreja para favorecer
a devoção a Bem-Aventurada Virgem Maria”, erige como
pessoa jurídica a Igreja de Santa Maria em Três Fontes.
Três anos depois, em 2 de abril de 1997, com a aprovação
de João Paulo II, a denominação da igreja tem um
significativo acréscimo – contemporaneamente ao início
do tempo de preparação ao grande Jubileu de 2000 – se
tornando Santa Maria do Terceiro Milênio em Três Fontes.
Em 10 de novembro de 2015, concedendo a abertura de
uma porta santa em ocasião do Jubileu da Misericórdia,
a Penitenciária Apostólica precisou que essa igreja é o
“Santuário da Virgem da Revelação”.

Uma promessa feita por Nossa Senhora durante a


primeira aparição foi explícita: “Eu converterei os mais
obstinados, com milagres que opera com essa terra de
pecado”. Levando a sério essa declaração, em Três
Fontes foi constituída desde o verão de 1947, uma
Comissão médica para verificar cientificamente as curas
e as suas efetivas persistências. A presidi-la foi o doutor
Alberto Alliney, que havia feito uma experiência no
santuário de Lourdes como membro do Bureau médical.

Entre as primeiras sinalizações estava aquela do


homem de trinta e seis anos, Carlos Mancuso, que no
final de maio caiu no poço do elevador, fraturando o
braço direito e os ossos da bacia. Passaram sobre o seu

24
corpo a terra da gruta e logo o homem se colocou de pé
e começou a caminhar e a mover o braço sem mais sentir
dores. Como documenta o certificado redigido pelo
doutor Giuseppe Del Duca, os ossos no exame
radiológico resultavam ainda fraturados, mas os
movimentos de Mancuso eram completamente normais:
“A maravilha está no fato que, existindo ainda as fraturas
não curadas, e somente começada a cura, o paciente
possa cumprir com tanta desenvoltura e sem dores todos
os movimentos que ordinariamente não se readquirem
(quase sempre mal), se não depois de um longo tempo”.

Outros casos significativos disseram respeito depois


do contato com a terra bendita: uma jovem de quinze
anos, que havia cortado com uma faca o tendão do dedo
médio da mão direita, na qual a normal funcionalidade se
retomou sem que fosse efetuada a operação cirúrgica
para reestruturar os dois seguimentos; uma jovem de
vinte e seis anos, a qual foi diagnosticado um câncer no
seio e que um dia antes da operação de resseção viu a
total desaparição dos nódulos; uma mulher de cinquenta
e seis anos com uma dilatação cardíaca de 21
centímetros, que em um novo exame se mostrou reduzida
em apenas 16. Mais inumeráveis curas foram
testemunhadas pelos ex-voto que constelam a passagem
atrás da gruta.

Um outro tipo de prodígio que liga Três Fontes com


Fátima é o assim chamado “milagre do sol”, que na

25
cidadezinha portuguesa se verificou no dia 13 de outubro
de 1917 e em Roma aconteceu em 12 de abril de 1980,
começando às 15h50, enquanto a Missa chegou ao
momento da consagração. Improvisamente, se ouviu um
barulho como de terremoto, na parte interna da gruta a
imagem apareceu como de fogo, enquanto no externo se
difundia a voz de que no céu apareciam jogos de luz e
todos levantaram o olhar.

A celebração foi momentaneamente interrompida e por


meia hora, até às 18h20, todos assistiram ao evento
assim sintetizado na relação oficial enviada ao Vaticano:
“O astro pareceu se movimentar por alguns metros no
céu em direção a gruta e aproximar-se a Terra; se podia
vê-lo com absoluta tranquilidade como uma bola de fogo
que circulava em si mesma, sem incômodos para os
olhos. Parecendo maior do que o normal, mostrava
dentro da sua coroa mutável em diversas cores (mais
frequente em verde, rosa e preto), como um magma
incandescente em rápido movimento (em ebulição) e
tendendo a formar figuras diversas”. Parecidos
testemunhos foram recebidos também nos anos
sucessivos, sempre em 12 de abril: particularmente em
1982, 1985, 1986 e em 1897.

Praticamente até a morte, acontecida em 22 de junho


de 2001, Cornacchiola teve numerosos prenúncios dos
eventos que pôde pessoalmente verificar. Segredos que
manteve até a tumba, escritos minuciosamente nas

26
agendas que preenchia todos os dias e confiadas
unicamente ao confessor do momento (ele teve diversos,
inclusive uns dois cardeais e alguns bispos).

A primeira premonição remonta a 30 de março de 1949:


“Essa manhã eu tive um sonho ruim. Parecia que eu via
um avião pegar fogo e sobre ele estava escrito: Torino. O
que será?”. Depois de pouco mais de um mês, em 4 de
maio, o avião que estava retornando com o time de
futebol de Torino bateu de frente com a colina de
Superga, provocando 31 mortes.

A cada Conclave soube antecipadamente quem seria o


novo Papa. Em 4 de junho de 1963 (João XXIII morreu no
dia anterior), escreveu: “Daqui a 20 dias existirá o novo
vigário. Entre todos os cardeais quem melhor do que
Montini”; e em de junho acrescenta: “Um Paulo V
trabalhou para arrumar politicamente o Estado. Agora um
Paulo VI é necessário para arrumar a Igreja”. Com efeito,
em 21 de junho, Giovanni Battista Montini foi eleito e
tomou o nome de Paulo VI. Em 31 de julho de 1978,
escreveu em versos de rima com duas significativas
maiúsculas: “É a Alba, a humanidade desponta radiosa /
como Luz que ilumina cada coisa”. Em 6 de agosto, Paulo
VI morreu e em 26 de agosto foi eleito o Cardeal Albino
Luciani. Bruno, em 31 de agosto, sonhou que se
encontrava em São Pedro: “Antes de passar as barras,
paro para olhar a janela onde o Papa aparece e uma

27
pessoa me diz: ‘É inútil olhar, aquele eleito é morto e será
colocado na terra como Paulo VI”.

Efetivamente, João Paulo I morreu em 29 de setembro


e na noite precedente a eleição de João Paulo II, que
aconteceu no dia 16 de outubro de 1978, Nossa Senhora
apareceu ao vidente com essas palavras: “Dessa vez é de
fora e não de dentro, eu vos ajudarei a amá-lo”. Um
indício Nossa Senhora o havia dado em 12 de setembro
anterior, lhe mostrando um brasão que recordava aquele
do arcebispo Wojtyla (“um M que reproduzia o nome de
Maria, a tiara do Papa e em cima a Eucaristia”).

Obviamente não poderia faltar o prenúncio do atentado


de 13 de maio de 1981. Anotou Cornacchiola que, na
madrugada entre 28 de fevereiro e 1° de março, “eu
sempre rezei pelo Papa que está muito exposto à mira
dos inimigos. Me adormeço e me encontro em São Pedro
perto do Papa. Enquanto abençoava, se escutam os
disparos, me coloco diante do Papa, nós dois caímos
feridos. Eu lhe digo: ‘Santidade, estou contigo sempre’”.
E ainda, em 26 de abril, dedicou o dia “pelo Papa, para
que seja sempre protegido”.

Ainda mais desconcertante o que acontece com Aldo


Moro (político italiano raptado e assassinado em 1978 N.
T.). Em 31 de janeiro de 1978, em um daqueles que Bruno
chamava sonhos-sinais, vê Aldo Moro: “Paro para olhar,
ele para e diz: ‘Mas você não é aquele de Nossa
28
Senhora?’. ‘Sim’, lhe digo, ‘sou eu’. ‘Bem, reza por mim,
porque tenho um mal pressentimento, algo que logo
acontecerá comigo’”. Em 25 de março, nove dias depois
do rapto do político democrata-cristão (que aconteceu
em 16 de março), enquanto estavam no início das
investigações e das tentativas de contato com os
sequestradores das Brigadas Vermelhas, uma segunda
visão lhe mostrou “que haviam encontrado Moro dentro
de um carro, todo crivado de balas”. Essa era exatamente
a fotografia que será tirada em 9 de maio, com o cadáver
do parlamentar transpassado por onze balas de
metralhadora, em uma Renault 4.

Entre as muitas premonições, se ressaltam aquelas


relacionadas à guerra do Yom Kippur em 1973, à
explosão do reator nuclear de Chernobyl em 1986, ao
carro-bomba em São João de Latrão em 1993, ao
atentado terrorista às Torres Gêmeas em 2001. Episódios
que substancialmente deveriam lhe servir como
confirmação moral de todas as outras dramáticas
profecias, que dizem respeito ao futuro do mundo e da
Igreja, recebidas no arco de uma vida inteira.

29
Na tarde de 12 de abril de 1947, de volta à casa,
Cornacchiola transcreveu integralmente a mensagem
que havia recebido da Virgem da Revelação, de novo a
escutando mentalmente como se na cabeça houvesse
um disco gravado. Depois de ter entregado a Pio XII, em
22 de julho, o caderno com a capa preta que havia
utilizado, não soube de mais nada.

Mas, de repente, em 2 de fevereiro de 1960, festa da


Apresentação de Jesus ao Templo (conhecida também
como festa das Candeias), ouviu a voz de Nossa Senhora
que lhe disse: “É hora que você se lembre da mensagem
para fazer uma contínua meditação! São os tempos da
misericórdia e muitas coisas estão se confirmando!
Medita, reza, e quando te será ordenado, faz com que os
outros meditem e rezem”. Então, a Virgem acrescentou
algumas palavras incompreensíveis naquele contexto:
“Sangue e lágrimas, Jesus sangue, eu vossa Mãe,
lágrimas”.

No misterioso enredo entre as aparições, pode-se ver


a ligação com uma notícia divulgada naqueles dias pela
agência de notícias portuguesa Ani: “Foi apenas
declarado, nos ambientes vaticanos confiáveis, aos
representantes da United Press International, que é muito

31
provável que não será nunca conhecida a carta na qual
irmã Lúcia transcreveu as palavras que Nossa Senhora
havia confiado como um segredo aos três pastorzinhos
na Cova da Iria. Como indicado pela irmã Lúcia, a carta
poderia ser divulgada durante o ano de 1960”.

Como não pensar, então, que a reescrita da mensagem


de 1947 seja uma precisa vontade superior, para evitar
que aquele forte apelo permanecesse indefinidamente
sepultado na escuridão dos arquivos da Congregação
para a Doutrina da Fé (como sabemos, somente em 2000
João Paulo II decidirá tornar conhecido o texto do
terceiro segredo de Fátima).

Mais ainda, aquela frase em aparência incôngrua


adquire um preciso senso se fazemos referência a um
outro 2 de fevereiro, aquele de 1995 em Civitavecchia,
com a primeira lacrimação de sangue da pequena
imagem mariana vinda de Medjugorje. Como explicou o
mariólogo padre Stefano De Fiores, que não se
maravilhou quando os exames genéticos colocaram à luz
que o DNA era masculino, “as lágrimas de Maria em
Civitavecchia devem ser consideradas no choro de Jesus
sobre Jerusalém e das lágrimas derramadas no
Getsêmani o contexto da sudoração de sangue”. E nas
enigmáticas palavras da Virgem da Revelação parece
mesmo sintetizada essa manifestação sobrenatural às
portas de Roma.

32
Quando a mensagem começou a ressoar novamente
em sua cabeça, Cornacchiola havia em mãos um caderno
de escola pautado, com a capa de soldadinhos com
uniforme, até agora guardado na sede da SACRI. Vinte e
cinco páginas, completamente escritas com caneta azul,
detalhando um explosivo segredo. Esse é o texto
integral:

“Sou aquela que sou na Trindade Divina, sou a Virgem da


Revelação. Escreve logo essas coisas e medita-as
sempre. Você me persegue, agora basta! Reentra no
Redil Santo, o eterno milagre de Deus, onde Cristo
pousou a primeira pedra, aquele fundamento sobre a
rocha eterna, Pedro.

Não esqueça que eu te amava sempre, eu nunca te


esqueci, sempre na tua má sorte eu estava perto de ti,
porque o juramento de um Deus é e permanece
eternamente, é um só e estável. Te salvaram as nove
sextas-feiras ao Sagrado Coração de Jesus, promessa
divina, que fizestes antes de entrar na mentira e fazer-te
inimigo de Deus e um impiedoso inimigo infundado. Um
procurador de mentiras, enganador de inocentes pode
abater aquilo que Deus fez?

Arrependa-se, faz penitência pela salvação dos outros,


eu estarei sempre perto de ti, a tua fiel esposa e outras
centenas de pessoas, nas mesmas condições tuas,
entrarão no Redil. O meio que opero és tu, sejas forte e
33
fortifica os fracos, confirma os fortes e garante os
incrédulos com orações.

Eu converterei os mais obstinados, com os milagres que


farei com esta terra de pecado.

Os teus amigos se tornarão os teus inimigos e se


lançarão contra ti para te abater, sejas forte, serás
consolado em um momento no qual crerás de ter sido
abandonado.

A Deus importa e vale a conversão do pecador obstinado,


eu te digo que o meu coração no sentido espiritual e
místico lacrimeja sempre pela incredulidade e o pecado
contra Deus. Tudo no Céu se registra sobre cada um de
vós no próprio livro da vida, até o piscar de olhos.

Vinde ao Coração de Jesus, vinde ao Coração de uma


Mãe e sereis consolados, e sereis aliviados das vossas
penas. Pecadores todos, vinde! Consagrai-vos ao
Coração Imaculado de uma Mãe, sem duvidar de serem
socorridos, quem pode se lamentar de ter sido afastado
por mim, se foi consagrado ao meu Coração? Quem
procurou ajuda e não tenha sido ajudado?

Estou junto à justiça divina, o muro reparador da ira


divina.

34
A ti, para fortificar de certeza o teu coração, eis um sinal
que servirá para os outros incrédulos. A cada sacerdote,
a mim muito caro, que encontrarás pelo caminho, e ao
primeiro na igreja, dirás: ‘Padre, preciso falar-lhe’. Se ele
responder com essas palavras: ‘Ave Maria, filhinho, o que
queres?’ e te mostrará um outro sacerdote dizendo:
‘Aquele ali te ajudará’, não te cales quanto ao que vês e
escreves. Sejas forte, esse sacerdote já está preparado
para tudo aquilo que deve fazer, será aquele que te fará
reentrar no Redil Santo do Deus vivente nos séculos,
Corte celeste na Terra. Depois disso não acreditarás que
seja uma visão satânica, como muitos acreditarão,
especialmente aqueles dos quais abandonarás o
seguimento, e rezarás por sua conversão.

Deus ainda passará com a sua graça por algum tempo,


muito Ele fez por todos e pela humanidade perdida para
levá-los à redenção, muitas dores e cruzes, escravidões
e humilhações de toda sorte deverão passar. Onde está a
caridade? Quais são os frutos do amor? Duros, são
cabeças duras, em todos os séculos, especialmente os
pastores do rebanho que não fazem o seu dever. Entrou
mundo demais na alma deles para escandalizar o
rebanho e desviá-lo do caminho, verdade e vida.

Tornai ao princípio da fonte de unidade evangélica,


caridade, distantes do mundo! Vós sois no mundo, mas
não do mundo. Quantos milagres? Quantas aparições?

35
Nada, sempre distantes da essencialidade da vida na
verdade do Pai que ama.

Momentos duros se preparam para vós, e antes que a


Rússia se converta, e deixe a via do ateísmo, se
desencadeará uma tremenda e grave perseguição. Rezai,
pode-se deter.

Agora chega o tempo do fim de cada coisa do mundo, a


Palavra d'Aquele que fez todas as coisas é veraz, preparai
os vossos corações, aproximai-vos com mais fervor do
sacramento vivente entre vós, a Eucaristia, que será um
dia dessacralizada e não mais acreditada a presença real
do meu Filho. Aproximai-vos do Coração de Jesus meu
Filho, consagrai-vos ao coração de uma Mãe que sangra
sempre no sentido místico, continuamente por vós,
aclamai ao Deus que está entre vós, afastai-vos das
falsas coisas do mundo: vãos espetáculos, imprensa de
obscenidade, amuletos de toda espécie, falsidade e
outros males, vaidade e espiritismo, são coisas que o
demônio do mal utilizará para a perseguição das criaturas
de Deus; as potências maléficas operarão nos vossos
corações, e Satanás está solto pela promessa divina por
um período: acenderá entre os homens o fogo do
protesto, pela santificação dos santos.

Filhos! Sejais fortes, resisti ao assalto infernal, não


temais, eu estarei convosco, com o meu coração de Mãe,
para dar coragem ao vosso coração, e sarar as vossas
36
penas e as vossas feridas tremendas que virão no tempo
estabelecido pelos planos da economia divina.

A Igreja toda padecerá uma tremenda prova, para limpar,


retirar os cadáveres que se infiltraram entre os ministros,
especialmente entre as Ordens da pobreza: prova moral,
prova espiritual. Pelo tempo indicado nos livros celestes,
sacerdotes e fieis serão colocados em uma mudança
perigosa no mundo dos perdidos, que se arremessará
com qualquer meio ao ataque: falsas ideologias e
teologias!
A chamada de ambas as partes, fiéis e infiéis, será feita
com base nas provas. Eu, entre vós, eleitos, com Cristo
capitão, combateremos por vós.

Eis a arma do inimigo, reflitais sobre isso: 1. blasfêmias,


2. pecados da carne, 3. obscenidade, 4. fome, 5. doenças,
6. morte, 7. torpor operado pela ciência, e qualquer outro
meio de sua parte, e outras coisas que vereis, atingirão
os vossos sentidos puros da fé.

Eis as armas que vos farão fortes e vitoriosos: 1. fé, 2.


fortaleza, 3. amor, 4. seriedade, 5. constância nas coisas
boas, 6. Evangelho, 7. mansidão, 8. verdade, 9. pureza,
10. honestidade, 11. paciência, 12. suportar todas as
coisas, longe do mundo e dos seus servidores
venenosos (álcool, fumo, vaidade). Pedi para serem

37
santos, e fazei o bem, para santificar-vos, afastai-vos do
mundo mesmo vivendo no mundo.

A humanidade está perdida porque não tem mais quem a


guie sinceramente na justiça. Escutai! Vós o tem,
obedecei-o sempre, o Pai no Papa, e tereis o Cristo no
santo, puro, unido, fiel e vivente sacerdote, o conforto do
Espírito Santo, nos santos e puros Sacramentos na Igreja
dos santos.

São tempos terríveis para todos, a fé e a caridade


permanecerão intactas se seguis o que eu vos digo; são
momentos de prova para todos vós, estejam firmes na
Rocha Eterna do Deus vivente, eu vos mostrarei o
caminho, do qual sai vitorioso o santo para o Reino
Divino, que se estabelecerá sobre a terra no dia da vitória:
amor, amor, amor.

O Espírito Santo desce logo sobre vós para fortificar-vos


se o pedis com fé para preparar-vos e fortificar-vos no dia
do grande combate de Deus!

Conservai a arma da vitória: fé! A última chuva vivificante


santificará todos vós, amai-vos, amai-vos muito,
anulando em vós o eu, cheio de soberba e de orgulho,
humildade nos corações! Amai-vos e saudai-vos com a
saudação de amor e de unidade: “Deus nos abençoe” (a
este ponto Cornacchiola pede para poder acrescentar
38
como resposta: “E a Virgem nos proteja”, e ela consente,
N.A.) Aboli o ódio!

Na perseguição e no tempo de angústia, sejais como


estas flores que Isola está arrancando: não se lamentam,
se calam e não se rebelam.

Tereis dias de dor e de luto. Da parte do oriente um povo


forte, mas distante de Deus, desencadeará um ataque
tremendo, e despedaçará as coisas mais santas e sacras,
quando lhe será permitido. Tenhais unidos ao temor: o
amor e a fé, o amor e a fé; tudo para fazer resplandecerem
os santos como astros no Céu.

Rezai muito e vos serão aliviados a perseguição e a dor.


Repito, sejais fortes na Rocha, fazei penitência com puro
amor, obediência ao verdadeiro guarda da Corte celeste
na Terra, para transformar em vós a carne do pecado, de
pecado em santidade!

Chamai-me de Mãe, como fazeis sempre: eu sou Mãe no


Mistério que será revelado antes do fim.

Qual foi e será o fim da morte de Cristo? Aplacar a ira da


justiça paterna, aspergir com o Seu Sangue precioso e
puro as suas criaturas para enchê-las de amor, para que

39
se amem! É o amor que vence todas as coisas! Amor
divino, Amor de virtude!

Não esqueçais o Rosário, que muito coopera para a


vossa santificação; as Ave-Marias que vós dizeis com fé
e amor, são muitas flechas de ouro que alcançam o
Coração de Jesus! O Cristo é a salvação da carne, pecado
adâmico, primitivo. O mundo entrará em uma outra
guerra, mais impiedosa do que outras precedentes;
maiormente será atacada a Rocha eterna nos séculos por
ser refúgio dos santos eleitos de Deus, viventes no seu
trono de amor.

A ira de Satanás não é mais mantida; o Espírito de Deus


se retira da Terra, a Igreja será deixada como viúva, eis a
batina fúnebre, será deixada aos cuidados do mundo.
Filhos, tornai-vos santos e santificai-vos mais, amai-vos
muito e sempre. A obscuridade da consciência, o mal que
aumenta, vos testemunharão o momento chegado da
catástrofe final; se desencadeia a ira em toda a Terra, a
liberdade satânica, permitida, fará um massacre em todo
lugar. Um momento de desconforto e confusão estará
sobre vós; uni-vos no amor de Deus, fazei uma só regra:
Evangelho vivo! Sejais fortes na verdade do Espírito, o
Redil de Cristo é e será a salvação de todos aqueles que
querem se salvar. Vereis homens guiados por satanás
fazerem uma liga unitária para combater toda forma
religiosa; aquela atingida maiormente será a Igreja de

40
Cristo, por se purificar das sujeiras que estão dentro
dela: comércio e política: contra Roma!

No final, muitos serão convertidos pelas muitas orações


e pelo retorno ao amor de todos, e por potentes
manifestações divinas; será dada permissão até um
tempo a eles de destruir tudo e todos; depois o Cordeiro
mostrará a sua vitória eterna, com as Potências divinas,
destruirá o mal com o bem, a carne com o espírito, o ódio
com o amor!

A Santidade do Padre (o Papa N. do A.) reinante no trono


do amor divino sofrerá a morte, por um pouco, por
alguma coisa, breve, que sob o seu reinado acontecerá.
Outros poucos ainda reinarão sobre o trono: o último, um
santo, amará os seus inimigos, demonstrando-o,
formando a unidade de amor, verá a vitória do Cordeiro.

Os sacerdotes, mesmo estando na balburdia infernal, são


os meus caros; serão pisoteados e trucidados, eis a cruz
quebrada perto da batina da espoliação exterior
sacerdotal. A caridade é o tempo que se esfria e nesse
tempo os sacerdotes mostrem de ser meus filhos
verdadeiramente; vivendo na pureza, afastados do
mundo, não fumem, sejam mais retos, sigam a Via do
Calvário. Os leigos unidos em um só Credo devem
trabalhar muito, com bom exemplo de retidão no mundo
entre as filas de satanás, para preparar os corações à
salvação; não vos canseis nunca de estar perto do
41
Coração de Jesus Eucarístico. Colocai-vos todos sob o
estandarte de Cristo. Trabalhando em tal modo, vereis os
frutos da vitória, no despertar das consciências ao bem;
mesmo estando no mal, vereis através da vossa ajuda
cooperadora e eficaz, pecadores que se convertem e o
Redil se encher de almas salvas. Deveis conformar a
vossa conduta, segundo a vontade d’Aquele que vive nos
corações dedicados ao Espírito conformando-se à
santidade. Fortificai-vos, preparando-vos para a batalha
da fé, não sejais preguiçosos nas coisas de Deus, vereis
tempos nos quais os homens farão melhor a vontade da
carne do que a vontade de Deus; esses continuamente
vem sendo arrastados no lodo e no abismo da perdição
voluntária.

A Justiça de Deus se fará ouvir logo sobre a Terra; fazei


penitência. Só os santos que estão entre vós, nos
eremitérios e nos conventos em todo o lugar, mantêm a
ira destruidora da justiça divina: O momento é terrível.
Naquele dia que vem, as virgens e os virgens, qualquer
um que serve a Deus em espírito e não segundo a carne,
tomam sobre si parte das chagas, que logo descerão
sobre a Terra, deixando ainda tempo aos pecadores, para
que se revejam e se coloquem com toda a vida deles sob
o meu manto para serem salvos.

Ide ao Coração amoroso de Jesus, meu legítimo Filho,


enchei-vos de amor, lavai-vos com o Seu Sangue da
redenção divina, que justifica.

42
Eu também, morta no mundo – não a morte como se
morre no mundo do pecado adâmico: o meu corpo não
poderia morrer e não morreu, não poderia apodrecer-se e
não se apodreceu, porque sou Imaculada, é no êxtase do
amor divino que fui levada por Jesus Verbo, meu Filho, e
pelos anjos no Céu, é assim que fui levada ao trono da
misericórdia divina – para o mundo, cooperando com a
justa redenção de Jesus, meu Filho; depois de três dias
do meu sono êxtase de amor fui levada ao trono da
Misericórdia divina pelo meu Filho, com os anjos, para ter
a mediação das graças divinas, entre os obstinados
pecadores. O meu corpo não conheceu corrupção, a
minha carne não poderia apodrecer-se, e não apodreceu,
para ser a Rainha dos filhos da ressurreição. Agora e
sempre estou no trono da Trindade Divina (que escutem
todos), como o calor está na vida encarnada para viver
dessa vida.

Eis aberta uma outra possibilidade de salvação para todo


o mundo. É um plano celeste. Almas nascidas somente
da carne, mortas sem o banho do nascimento espiritual,
gozam e veem a presença de Jesus e a minha. Para a
entrada na glória celeste, o Pai nos deu um meio que
serve para dois objetivos: dedicar a uma alma do limbo,
conhecida, ou segundo a minha intenção, a conversão de
um herege, ateu ou pecador obstinado, rezar muito por
esse pecador até forçá-lo com amor e confissão ao
arrependimento. No instante em que ele se converte, a
alma a qual foi dedicada essa conversão é levada
imediatamente até mim e meu Filho, ao trono divino.
43
Rezai e convertei muitos, com o vosso exemplo de
caridade. É uma nova prova de amor, uma verdadeira
cruzada de unidade terrestre, adiante filhos, à batalha,
luta de amor. Eu estou convosco, sempre, para ajudar-
vos!

Tu levarás essas coisas à Santidade do Padre, quando te


será revelado por um sacerdote que será o teu guia. Eu o
mandarei a ti no tempo oportuno, o reconhecerás porque
se sentirá ligado a ti, confessando-te.

A quem te perguntar falas daquilo que eras antes e do


que és agora depois da graça, senão por enquanto te
cales; eu te guio, não temas os assaltos dos amigos que
serão inimigos.

Te farei circundado por um grupo pequeno, mas potente.


Sejas prudente com todos aqueles que te acolherão no
Redil, te farão guerra, tu não temas tais assaltos,
obedeças sempre, se anulam com orações, e a maioria
farás aqui na gruta, quando quiseres vir, vem para rezar
por todos os incrédulos, hereges e pecadores
obstinados; reza muito por aqueles que tu enganaste
levando para longe do caminho, verdade e vida.

Diz a eles que: o caminho é um, Cristo, o Redil Católico,


Apostólico, Romano, e o verdadeiro representante da
Corte celeste na Terra, a Santidade do Padre!
44
A Verdade é uma: Deus-Pai, a Sua Santidade e a Sua
Justiça.

A vida é uma: o Espirito Santo, nos Seus Sacramentos e


nos Seus ministros.

Eu sou o Imã da Trindade Divina, amor do Pai porque sou


Filha, amor do Filho porque sou Mãe e amor do Espírito
Santo porque sou Esposa, como o sou nas Três Pessoas
em um só Deus. Amor, amor, amor!”.

45
Até poucos meses antes da morte, Cornacchiola
continuou a receber dezenas de mensagens, que
corroboram sempre mais aquela primeira profecia. Como
concreta imagem do combate ao qual a Igreja seria
sotoposta seja em sentido religioso seja político,
propunha aos amigos “duas figuras de antagonistas da
Igreja, o Islão e a Rússia”, que havia individualizado
sobre as pedras de mármore do pavimento de São Pedro,
logo diante do altar da Confissão: uma figura inteira com
túnica e turbante e uma face de homem com bigodes e
barrete russo.

Com efeito, as duas frases relativas a Rússia (“Antes


que a Rússia se converta e deixe a via do ateísmo, se
desencadeará uma tremenda e grave perseguição”) e ao
Islão (“Da parte do Oriente um povo forte, mas longe de
Deus, lançará um ataque tremendo”), recordam segredo
de Fátima (“Se escutarem os meus pedidos, a Rússia se
converterá e se terá a paz. Ou então, ela difundirá os seus
erros pelo mundo, provocando guerras e perseguições
contra a Igreja”) e nos conduzem a mais estreita
atualidade, com as brutais ações dos terroristas
islâmicos do Isis.

46
Em particular nos dias entre o fim de 1998 e o início de
1999, a Virgem o convidou a reler a mensagem de 1947 e
a transcrever os pontos que mais o tocavam. Sobre cada
um desses ele ofereceu posteriores precisões.

1. Onde está a caridade? Quais são os frutos do amor?


Duros, são de cabeça dura, em todos os séculos;
especialmente os pastores do rebanho que não fazem o
seu dever. Entrou mundo demais na alma deles para dar
escândalo ao rebanho e desviá-lo do caminho, verdade e
vida.

“O ano que virá, 1999, será um ano de aperto e de dor,


como é poluída a Terra e os seus elementos por culpa do
homem. Lembra o que eu te disse ‘a ciência renegará
Deus’ e é aquilo que ela está fazendo. Assim os meus
filhos poluíram a fonte da vida da alma espiritual”.

2. A Igreja toda passará por uma tremenda prova, para


limpar a podridão que se infiltrou entre os ministros,
especialmente entre as ordens religiosas da pobreza:
prova moral, prova espiritual, pelo tempo indicado nos
livros celestes.

“Esse mal se infiltrará nos corações, especialmente


nos corações dos meus filhos sacerdotes. [Aqueles que
o professam] são poucos, mas acirrados, e fazem de tudo
para desacreditarem os três pontos bases da salvação,
47
que eu já te falei: a Eucaristia, a Imaculada e a Santidade
do Padre, que são a base da doutrina da salvação. Existe
uma superficialidade devocional, que diz respeito
somente aos interesses materiais. Eis porque falta o
amor, a coragem de viver Cristo como ele ensinou aos
apóstolos, fundamento da verdade. Eis porque [os meus
filhos sacerdotes] caem, porque estão na lama do
orgulho. Se acreditam sábios, de saber de todas as
coisas, e não sabem nada, porque falam de coisas que
deveriam calar, e não falam da salvação das almas.
Filhinhos meus, vocês chegaram em uma situação
crucial: vocês falam de todas as religiões, o rebanho
adere a isso se debandando, porque vocês falam mal da
doutrina da salvação das almas. Por isso perecem! Mas
eu fui mandada pela Trindade para ajudar-vos a salvar as
almas”.

3. Sacerdotes e fiéis serão colocados em uma situação


perigosa no mundo dos perdidos, que se arremessará
com qualquer meio de assalto: falsas ideologias e
teologias!

“Um castigo virá a vós improvisadamente do oriente.


Esses receberão força de persuasão de serem deuses e
de poder subjugar aqueles que chamam ‘infiéis’. Isso
acontecerá logo. Mas o ano de 1999 é o ano das dores e
dos assaltos do inimigo reforçado por aqueles que tem o
poder de exorcizar. Poderiam fazê-lo para afastar tal mal,
mas não o fizeram; e as almas são dominadas pelo mal

48
de muitos daqueles protegidos por vós, porque vocês
preparam as almas à perdição e não à salvação, porque
vocês não difundem a verdade, mas as falsas doutrinas
heréticas e idólatras, que negam a verdadeira fé para
defender as falsas fés que levam à perdição. Queridos
filhos, é uma Mãe que vos diz: examinai o vosso espírito,
se tem algum mal, fazei de tudo para jogá-lo fora e afastá-
lo de vós; se tem o bem, vivei-o lembrando sempre que
Deus está presente em vós, até o dia do juízo particular.
Eis porque vos digo: pensai na realidade da verdadeira
vida que vos espera no futuro; e com a presente fazei de
tudo para ganhar os méritos para entrar na porta estreita
da vida eterna. Tenhais em vós a coragem da fé, a
serenidade do espírito para viver a verdadeira paz e dar a
paz. Isso se obtém na verdadeira fé e no verdadeiro amor.
A paz e o amor não são baseados na vida humana, mas
são baseados sobre o humano que vive a fé e o amor para
viver no amor a verdadeira fé, o verdadeiro amor na vida
divina. Lê e escreve aquilo que eu te disse a propósito do
assalto dos inimigos, ajudados por aqueles que estão na
Igreja, mas não são pela Igreja porque não a vivem”.

4. Tereis dias de dor e de luto. Da parte do oriente um


povo forte, mas distante de Deus, desencadeará um
ataque tremendo, e despedaçará as coisas mais santas e
sacras, quando lhe será permitido.

“Meus filhos, vos exorto a viver a verdade da fé, a


doutrina da salvação! Empenhai-vos a viver com os

49
santos Sacramentos, indicando ao rebanho tal salvação,
tais Sacramentos que estão na verdadeira Igreja, que os
recebeu de Deus Uno e Trino, Pai e Filho e Espírito Santo.
[...] Filhos meus sacerdotes, amem as almas dando a elas
o Pão da Vida, a Eucaristia, deem a eles esse alimento
celeste que é o Cristo, o Verbo Jesus Senhor, meu Filho,
que se deu em alimento pelas almas. Deem de comer a
doutrina da salvação que Jesus Verbo do Pai, meu Filho,
vos deu. Morreu para resgatar-vos do pecado; Ele se fez,
por vós, expiação do pecado original doando-se a si
mesmo e vos consagrando, para fazer conhecer a
doutrina da salvação, que, repito, é uma só na sua Igreja.
Operem como vos ensinou na sua doutrina para viver a
via da verdade, operando espiritualmente pela salvação e
a santidade das almas. Não acreditem, filhos meus, em
liberdade de religião nas religiões. Tais liberdades não
fazem amar Deus e os Seus Mandamentos e as Suas Leis
de amor. [...]”.

5. O mundo entrará em uma outra guerra, mais impiedosa


do que as precedentes; ainda mais será atingida a Rocha
eterna nos séculos por ser refúgio dos santos eleitos por
Deus viventes no seu trono de amor.

“Filhos meus, eu vos repito novamente, vistam a


batina e o hábito que vos distingue na vossa
consagração e aceitação de uma vida doada
completamente ao meu Filho. Tal consagração e doação
é exclusivamente dedicada à vossa salvação se a viveis;

50
e a salvação das almas que são a vós confiadas como
pastores que guiam e nutrem o rebanho de Deus. Façam
atenção a vós mesmos, porque a desculpa que a vida
moderna vos faz progredir na fé, é um comportamento e
uma ação falsa, porque não somente vós a perdeis, mas
estais fazendo de tudo para perderem as vocações
sacerdotais e religiosas de almas consagradas. Fazendo
assim vós empurrais as almas ao mal, dando a elas de
comer uma falsa liberdade religiosa e moral, esquecendo
de dar ao rebanho o verdadeiro amor de Deus, que é o
próprio Deus, verdadeira liberdade e verdadeiro amor”.

51
No confim entre sonho e profecia, foram diversas as
experiências que Cornacchiola teve no que diz respeito a
tais temas. Em particular, na noite entre 31 de dezembro
de 1984 e o 1° de janeiro de 1985 se encontrou na praça
Veneza, onde “estava reunida muita gente que gritava:
‘Vingança! Vingança! Tremenda vingança!’; muitos
mortos estavam na praça, e nas outras praças adjacentes
e nas ruas”. Improvisadamente, aquela gente “começa a
gritar: ‘Todos a São Pedro!’”.

Na praça, dentro do colunado estavam o Papa,


cardeais, bispos, sacerdotes e religiosos: “Todos
choravam. Maravilha: eram descalços e, com um
lencinho branco na mão direita, enxugavam as lágrimas,
os olhos; e haviam (eu o via bem), na mão esquerda,
cinzas”. E a voz de Deus se impõe: “A minha Igreja é uma:
e vós a fizeram tantas! A minha Igreja é santa: e vós a
corromperam! A minha Igreja é católica: é para todos os
homens de boa vontade que aceitam e vivem os
Sacramentos! A minha Igreja é apostólica: ensinai a via
da verdade e assim tereis e dareis a vida e a paz ao
mundo! Obedecei, humilhai-vos, fazei penitência e tereis
a paz!”.

52
Em correlação com as profecias de La Salette e de
Fátima e com os sonhos proféticos de Dom Bosco, em 21
de janeiro de 1975 havia escrito: “É um período de tempo
que eu não faço outra coisa que sonhar com o Papa que
foge: não Paulo VI, mas um outro. Eu o ajudo, e o mundo
explode pelos ares; sangue, muito sangue, que parece
lama e muitos ficam presos como se fossem peixes,
ficam grudados. Muitos sacerdotes e irmãs na praça São
Pedro esquartejados”. E prossegue dizendo: “Me
encontro em São Pedro diante da Basílica, esperavam o
Papa, aquela gente ao redor gritava: ‘Ei-lo, ei-lo!’. Me
apresento diante dele, a escolta me afasta, um grito, o
Papa está por terra encharcado de sangue, não me
deixam aproximar, choro, acordo e rezo muito por ele”
(19 de junho de 1982), “Aquilo que me fizeste ver, ó
Senhor, uma quantidade de sangue sobre a branca veste
do Papa, fazei com que não se torne verdade” (1° de
março de 1983), “Enquanto o Papa estava celebrando a
Missa, se ouve uma grande confusão e vozes que se
elevam ameaçadoras, avançam em direção ao altar, a
polícia começa a disparar, gritos, corre-corre, o Papa é
atingido, o sangue torna vermelho a veste branca e se
ouve gritos: ‘Morreu! Morreu!’” (7 de fevereiro de 1986).
“Em sonho eu vi o Papa que tinha ido em uma localidade
e todos gritavam: ‘Morreu’”, (28 de agosto de 1989).

Além da desconcertante imagem do assassinato do


Papa, Cornacchiola foi atormentado por inúmeras
premonições relacionadas ao sofrimento que deverá
atravessar a Igreja Católica no âmbito da doutrina e as
53
perseguições que os seus fiéis padecerão do ponto de
vista físico: “Mortes, cárceres, flagelações e dores,
tantos mortos, tanto sangue pelas estradas, todos contra
os cristãos que creem e amam os três Pontos brancos: a
Eucaristia, a Imaculada e o Papa. Quem não renegava
esses três Pontos era preso, sofria e morria. Isso eu vi em
sonho e me fez muita impressão” (27 de março de 1997),
“Os homens de Deus [...] serão impedidos; e não poderão
falar dos Sacramentos, nem dos sacramentais. Aqueles
que falarão dessas coisas serão martirizados,
moralmente e fisicamente, e se tornarão verdadeiros
confessores de Jesus Cristo” (1º de janeiro de 1990),
“Preparam algo de grave contra aqueles que seguem
Cristo, muito mais que holocausto, serão esmagados e
repudiados por culpa daqueles que têm olhos, mas não
veem, têm ouvidos, mas não ouvem, têm boca, mas não
falam e deixam o mal fazer o mal” (16 de dezembro de
1995).

De fato, lhe havia dito Maria em 31 de dezembro de


1990 que já estão em ação “falsos profetas, que procuram
com todos os meios envenenar as almas, mudando a
doutrina de Jesus, meu amado Filho, em doutrinas
satânicas; e tirarão o Sacrifício da Cruz que se repete
sobre os altares do mundo! Esses envenenadores tirarão
os meios de salvação; e já penetraram na luz da Igreja,
que é divina, que se apoia sobre meu Filho, Pedra
Angular, e essa Pedra foi colocada sobre os ombros de
Pedro e dos apóstolos”. Precisando, porém, ao mesmo
tempo, que “é uma promessa que Jesus fez, que os
54
inimigos podem, sim, deteriorar as almas, podem poluir
a esperança, mas não podem deteriorar a Igreja e não
poderão prevalecer e o inferno com toda a sua potência
não poderá nada contra a Igreja do meu Filho; e quem
vive nela será salvo”.

55
“O que quer a Virgem da Revelação?”. Respondendo a
essa interrogação, Bruno Cornacchiola sintetizou em
uma conferência a mensagem essencial de Nossa
Senhora. Seis pontos esquemáticos, explicitados com
algumas solicitações pronunciadas por ela mesma:

“1. Maria nos pede penitência. ‘Façam penitência, a


penitência aceitada pelo Pai é aquela do amor. Amar o
próximo, perdoando toda ofensa, oferecendo sacrifícios
por todos’.

2. Maria nos pede oração. ‘Rezem meus filhos, a oração é


a alma da humanidade, é com ela que se obtém
intervenção divina: as Ave Marias que vocês dizem com
fé e amor são muitas flechas de ouro que alcançam o
coração de Jesus; por uma união verdadeira na unidade
santa e caridosa de todos os cristãos na Igreja Una,
Santa, Católica e Apostólica em Roma com Pedro sobre
a sede’.

3. Maria nos quer obedientes. ‘Obedecei a Santidade do


Padre, a Igreja e a sua hierarquia, se quereis viver a via
da verdade pela vida presente e futura e a verdadeira paz
no coração. Fazei tudo o que Ele vos disser, retornai à

57
fonte pura do Evangelho, por meio do sacerdote que é
meu Filho Jesus Cristo’.

4. Maria nos lembra a verdade da salvação. ‘Ide ao meu


Filho Eucarístico e aquecei-O com o vosso amor: Ele vos
espera, está ali para ser alimento. É se alimentando d'Ele
e vivendo-o que tereis a vida, porque Ele, dando a Sua,
vos doa aquela eterna. Meditai no conhecimento e
conhecereis meditando a Palavra de Deus, a Palavra da
vida, vivei os Sacramentos, praticai as virtudes e amai-
vos sempre e perdoai-vos sempre com amor e caridade’.

5. Maria, Mãe de Deus, nos aconselha. ‘Sejam como essas


flores que Isola arrancou: não se lamentam, se calam,
não se rebelam! Isso é para viver a humildade e o amor,
ajudem todos, para que o Céu vos ajude’.

6. Maria, Mãe de Deus, nos indica o meio de salvação.


‘Você me persegue, reentra no Redil santo, Corte celeste
na Terra, onde reinam os três Pontos brancos da paz e da
unidade de amor: a Eucaristia, a Imaculada Mãe da Igreja
e o Papa Pedro, a Santidade do Padre. É a Igreja da
redenção e da santificação, a Igreja de Jesus Cristo meu
dileto Filho, que doei a vós colocando-O sobre a Cruz, e
da Cruz me entregou a humanidade e eu fui entregue à
humanidade, para lhe dar assistência e guiá-la na via da
verdade e para viver a vida divina’”.

58
Nas milhares de “confissões”, como Bruno definia os
testemunhos propostos em muitas cidades italianas e em
diversas nações de vários continentes, o ponto central
não era contar o evento sobrenatural vivido por ele, mas
a solicitação a viver a experiência de fé: “Aquela que
cresce no coração por conhecimento e por amor, que te
impele ao serviço dos outros e você sente que o coração
muda e te transforma de homem somente de carne em
homem de espírito, e de coração de pedra a um coração
de carne que ama, crê, e espera no servir ao próximo por
amor de Deus”. Um itinerário fundado essencialmente em
três etapas: “Viver a verdade imitando a Palavra de vida;
elevar a alma espiritual ao Céu; imitar Jesus – verdadeiro
modelo de vida humilde”.

Na aparição em Três Fontes, os destinatários


privilegiados da mensagem de Maria são os sacerdotes,
constantemente chamados a viver a essência da própria
vocação. Diz com força a Virgem, em 21 de fevereiro de
1948: “Jesus tem frio, porque é por vocês esquecido e
abandonado no seu esconderijo de amor. As orações e
as visitas O aquecem tanto, mas agora todos são frios e
Jesus sente frio. Aquecei-O! É uma Mãe que vos pede:
amai-O e não dessacralizem, mas façam com que todos
O amem, dando exemplo em amá-lo! [...] Vocês estão se
tornando do mundo, despindo-se do sagrado para
dessacralizar e abandonar o sacerdócio vos dado pelo
meu Filho. Vocês devem fazer de tudo para que o mundo
se torne vosso. O mundo tem sede de verdade, mas
vocês não lhe dão mais a água que tira a sede”.
59
Prossegue a mensagem: “Tenham fé naquilo que
Jesus meu Filho vos disse no princípio, que estaria
sempre entre vocês, com vocês até beber de novo o
cálice, isto é, sereis perseguidos e, vos perseguindo,
perseguirão meu Filho. Procurarão convencer vocês a
viver como o mundo vive: não o escutem, pratiquem e
vivam o verdadeiro amor para com o próximo, não façam
distinções de classe, todos têm uma alma para salvar,
tratem-se igualmente como em uma só família, vivam
como uma grande família, tornem conhecido sempre
mais o coração amoroso de Jesus. O sacramento do
altar, o prisioneiro de amor esquecido por muitos, é
solitário e se doa. Eu O dei a vós, doai-O aos outros com
respeito e verdadeiro amor. Me chamem e me façam
chamar de Mãe. Eu sou a Mãe do puro clero, Mãe do santo
clero, Mãe do fiel clero, Mãe do unido clero, Mãe do
vivente clero”.

As conotações que têm esses cinco atributos dos


sacerdotes se compreendem melhor em um texto escrito
por Cornacchiola no início dos anos setenta, no qual
sintetizou diversas inspirações:

“1. O caráter da pureza sacerdotal é facilmente intuitivo:


‘Bem-aventurados os puros de coração porque verão a
Deus, disse Jesus. E quanto mais os sacerdotes, que
devem ser os precursores da pureza, para ensinar e fazer
com que os cordeiros pratiquem a pureza?

60
2. O caráter da santidade é intrínseco, também em senso
etimológico, a dignidade que reveste o sacerdote.
‘Sanctus’ vem do verbo em latim ‘sancire’ e designa
aquele que é sacro e consagra, que leva a salvação, que
vive a lei de Deus e os Seus Mandamentos.

3. O caráter da fidelidade é constantemente lembrado na


Sagrada Escritura seja para os fiéis, seja – e ainda mais –
para os sacerdotes. O empenho do sacerdote a ser fiel
deriva do fato que ele foi escolhido por Jesus.

4. O caráter da unidade é elemento indispensável para


chegar à salvação. A unidade é desejada pelo próprio
Deus, Uno e Trino. Os sacerdotes foram chamados como
os primeiros apóstolos, os Doze que Jesus escolheu,
formando uma comunidade sacerdotal com Pedro como
chefe, autoridade visível!

5. O caráter de ter que ser clero vivente significa, para os


sacerdotes, dar vida à missão deles, não vi vendo para si
mesmos, mas para o Senhor e para os irmãos. Tal caráter
é claramente expressado no Vaticano II”.

Um Concílio para “compreender à luz da verdade”,


como a Virgem detalhou na mensagem de 23 de fevereiro
de 1982: “O ateu teimoso tem que readquirir a fé, crer em
Deus, amar a Igreja e viver a verdade da doutrina da
salvação; e para fazer isso se deixe catequizar, e com
61
humildade escute e pondere; se doe a Jesus Cristo,
Verbo do Pai, meu Filho Redentor e Salvador de todos
aqueles que o aceitam! O herege e o cismático deixem o
erro, que é pecado contra o Espírito Santo; tirem de seus
corações a heresia, meio infernal de perdição orgulhosa!
Entrem na via da verdade para obter a vida vivente na
Igreja fundada pelo meu Filho e jorrada, como Esposa, do
lado lacerado para abrir a porta da salvação a todos!”.

De modo mais geral, o apelo que dirige a todos os seus


filhos, na mensagem de 15 de agosto de 1949, é de
afastar-se do pecado, “o qual vos conduzirá, se
perseverardes nele, na mais atroz das derrotas, que vos
serão causa de dores terríveis, e tais dores, se não me
escutais, dilacerarão os vossos corações. Isso
acontecerá especialmente àqueles que nesses tempos
repletos de pecado vos escondem os meus chamados,
no tempo moderno cheio de falsidade; certamente cairá
sobre eles o mal, o mal provocado e procurado por eles
mesmos por ter tido seladas essas coisas de Deus, para
chamar o mundo pecador. Se lembrem que Deus terá
escondida deles a sua Santa Face. O povo caminha em
meio aos vermes do pecado; porque falta para eles o
conhecimento dos planos de Deus, que são planos de
amor”.

Daqui a solicitação proposta por Nossa Senhora em 15


de agosto de 1958: “Rezem, rezem muito e façam
penitência com todo meio e modo, sem ultrapassar os

62
limites consentidos pela vontade racional; façam
penitência em cada ocasião que se apresenta a vós, é um
pedido do meu Filho, e o pedido de Jesus meu Filho é
fácil, porque é um pedido de amor. A penitência que vos
pede é de amar o próximo e dar bom exemplo de vida.
Com meu Filho, em Deus-Pai, não odiai ninguém, perdoai
sempre, não vos vingais. Jesus é juiz. Dizei essa
jaculatória: ‘Jesus, Filho de Maria Virgem, tende
compaixão e piedade de nós, salvai muitas almas!’. Fora
da Igreja do verdadeiro e do santo, a Católica Apostólica
Romana, não existe verdadeira paz, não existe verdadeiro
amor e não existe verdadeira salvação. [...] A única
salvação resolutiva é caminhar na Palavra de Deus,
tornar a fonte pura do Evangelho, escutar a Palavra de
salvação que da Sé Apostólica, a Igreja, se irradia em
todo o mundo, e não as falsidades do mundo”.

Ainda em 13 de março de 2000, na sua última


mensagem, a Virgem da Revelação repetiu: “A salvação
não é reunir todas as religiões para fazer um aglomerado
de heresias e erros, mas vos converter para a unidade de
amor e de fé. Não se pode constituir uma igreja, porque a
Igreja é já constituída, para acolher o arrependido que
está no erro e na heresia. Os homens devem viver a
Igreja, e não a Igreja viver deles. Os homens devem se
persuadidos pela verdade. Se vocês oscilarem ou se
despojarem, ou não estiverem mais em odor sacerdotal e
terem perdido a substância da doutrina, ninguém vos
escutará mais, mas, abandonando a Igreja irão às
assembleias de cabanas heréticas, idólatras. Cuidado
63
com os corações falsos, rezem e ensinem a verdade, para
os converter e os salvar das garras satânicas, mundanas
ou carnais, levando-os à via da verdade para obter a vida
dada por Cristo que com humildade e paciência pediu ao
Pai, estando sobre a Cruz, para que, se pedem perdão, os
perdoe em virtude do seu Sangue, não vendo a primeira
ignorância deles: ‘Perdoa, porque não sabem o que
fazem’. Isto é, não reconheceram em Cristo Homem o
Verbo Deus feito Homem. A doutrina da Igreja é de Cristo,
o Verbo meu Filho, e eu sou Mãe da Igreja. Não mudem a
doutrina, mas mudem os seus corações para viver essa
doutrina pela vossa salvação e a do próximo, que espera
impacientemente o vosso retorno à fonte pura do
Evangelho”.

O catolicismo, era a inspirada definição que dava


Cornacchiola, "não é uma religião, mas a doutrina de
salvação de Jesus Cristo". Daqui se tira uma verdadeira
posição sobre um mal-entendido ecumenismo: “Não
posso ter a ideia de que todas as religiões levam a
redenção, mas que todas são um sinal que o homem não
pode dispensá-la, porque sente em si que falta alguma
coisa. Bem, essa alguma coisa, que é Alguém, é Jesus
Cristo Verbo de Deus”, explicava. E ia além: “A união de
todas as religiões é reconhecer como boas todas as
religiões, mas a unidade das religiões é aceitar um só
Creio e viver na Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica,
com residência em Roma que toma o lugar de Jerusalém.
Aqui está a salvação”.

64
Com uma constatação que pode parecer evidente por
si mesma, sustentava de fato: “Todas as religiões, dizem,
dão a salvação. Mas então, digo eu, porque Jesus veio,
se já existiam tantas religiões e se depois de tantos
séculos existem ainda? Jesus disse: ‘Quem crê em Mim
será salvo’: não quem crê na sua religião, mas na sua
doutrina”. E, com efeito, não resulta fácil responder a um
interrogativo retórico que Ele propunha muitas vezes:
“Se também os protestantes se salvam, por que a Virgem
veio me chamar e me disse de retornar ao Redil Santo,
quando poderia me deixar muito bem onde eu estava
entre os adventistas?”.

Conceitos que não nasciam das suas avaliações, mas


da reproposta de quanto havia escutado da voz da
Virgem, como essas palavras de 1° de janeiro de 1985: “A
Igreja foi fundada para salvar na fé operante e obediente:
amai-a e vivei-a com amor! Quem está fora e odeia não se
salva, quem está dentro e ama recebe ajuda para a
salvação! Lembrai-vos que a Igreja fundada pelo meu
Filho – que é Deus, e não o esqueçais – é o meio para a
salvação, e não é antropológica: não muda e não é sujeita
ao tempo que transforma e consome. A Igreja é e
permanece a via da salvação: ou se aceita como é, ou
então não se aceita. Não se pode fazer na Igreja, a igreja.
Ou dentro e vivê-la; ou fora e combatê-la! O Reino de
Deus que está na Igreja é união de amor e de caridade!
Saibam, filhos, que a caridade não é Deus, mas Deus é
caridade. Assim a caridade não é a Igreja, mas a Igreja é
caridade, porque é divina! Rezem e façam penitência em
65
cumprir o vosso dever com humildade e simplicidade. O
repito para que obedeçais: e sereis unidos no amor e na
paz verdadeira e santa!”.

Ao tema da paz no mundo e em cada coração, é


particularmente ligado o pedido de oração da parte de
Maria. E em favor dessa paz a Virgem da Revelação se
gastou em múltiplos modos, indicando também, em 23 de
fevereiro de 1982, algumas ações para cumprir e as
relativas promessas: “Aqui, nesse lugar na gruta aonde
apareceu diversas vezes, será o ‘Santuário da expiação’,
como se fosse o purgatório na Terra: todo aquele que
aqui vem confessado e arrependido, que fez a comunhão
e foi purificado e reza, eu tomarei as suas orações e as
levarei ao trono divino do meu Filho, apresentadas ao
Espirito Santo e ao Pai que, no seu amor, concederá a
purificação dos pecados que devem ser purificados no
purgatório! É aqui que quero uma casa santuário com um
novo título: ‘Virgem da Revelação, Mãe da Igreja’. A
minha casa será aberta a todos, para que todos entrem
na casa da salvação e se convertam! Aqui virão para rezar
pelos sedentos, os perdidos, e encontrarão amor,
compreensão, consolação, o verdadeiro sentido da vida
e a verdadeira paz na esperança da caridade de fé: esta é
a água da verdade, a via da vida! Bem-aventurados
aqueles que entrarão pela minha porta que é meu Filho
Jesus!”.

66
Continua o texto: “Todos os chefes de Estado, digo
todos, devem ser convidados ao primeiro dia de abertura
da consagração de todo o complexo! Todos deverão
entrar pela porta denominada ‘Porta da paz’; e se
saudarão com a saudação da paz e da unidade que você
já faz com a minha Sacri: ‘Deus nos abençoe e a Virgem
nos proteja’. Quero que seja lançada não somente um dia,
mas uma semana: de domingo a domingo, a alegria da
paz; e não se falará de modo abstrato de paz, mas se
viverá e se aceitará a paz: a verdadeira paz de todos os
povos apresentada pelo pastor da Igreja para a Igreja dos
pastores unidos a Ele! Deus será tudo em todos e todos
serão com Deus no amor! Se farão aquilo que Eu te fiz
escrever, todos os povos da Terra terão a paz, porque
serão consagrados ao Meu Coração Imaculado de Mãe de
todos os filhos da ressurreição”.

Que coisa seja o empenho em favor da verdadeira paz,


esclareceram as palavras de Jesus de 10 de janeiro de
1988, escancaradas às dimensões do futuro: “Vocês têm
exemplos, Sodoma e Gomorra: não se arrependeram, não
fizeram penitência, não levantaram a voz implorante, ou
seja, a oração. E vocês conhecem aquilo que a justiça fez
com eles! E outros exemplos ainda como Nínive, que
escutou, se arrependeu, fez orações e penitências: e
foram salvos, como eu vos preanunciei nas profecias que
vocês não se lembram mais e esqueceram, por vossa
culpa! Bem, ainda vos anuncio que, se não vos
converteis, ferro e fogo, como eu fiz outras vezes,
descerá sobre vocês: e, por vossa culpa, sobre todos, os
67
pequenos e os grandes, pecadores e inocentes, bons ou
malvados! Eis porque vos chamo a atenção, todos à
conversão, à verdadeira paz e ao verdadeiro amor! Aquilo
que vocês chamam de ‘paz’, e tudo aquilo que vocês
estão fazendo pela paz, não é outra coisa além de
engano, porque falta a conversão, falta a oração voltada
ao Deus Uno, Único e Santo; falta a penitência pela
purificação e pelo perdão dos vossos pecados! Tudo isso
está sendo preparado para uma satânica guerra, para
assim perder as vossas almas! Saibam isso: que Satanás,
o maligno, a serpente antiga – que não acreditou nem na
minha Mãe nem em Mim, diante de todos os anjos para
uma prova de amor tem sede de almas, quer almas para
viver o inferno, o dano merecido pela própria vontade! E
então eu vos chamo: convertei-vos filhos; e vos chamo
filhos da misericórdia, se vos converterdes; filhos da
ressurreição, se mudardes de vida renovando o vosso
coração! Arrependei-vos e amai-vos! Este é o som das
trombetas da batalha final: amor, paz, misericórdia!”.

Foi em particular na longa aparição de 14 de agosto de


1999, quando faltavam menos de dois anos para a morte
de Cornacchiola, que a Virgem da Revelação
desenvolveu um duro discurso: “O homem tem uma alma
para salvar e a alma continuará a viver eternamente. Não
esqueçam as quatro coisas mais simples, que vocês
chamam ‘os novíssimos’, e ensinem aos outros: o que é
a morte, o que é o juízo, o que é o inferno, o que é o
paraíso. Como será a eternidade. O Verbo meu Filho
Deus, que é a via, verdade e vida, nos fez conhecer, mas
68
muitos de vocês, por filosofia ou por falsa ciência, negam
a verdade e não a fazem conhecer às almas sedentas da
verdade, que vão a procura da água da graça, mas
encontram as águas venenosas que não saciam a sede,
mas matam as almas. Vós tendes essa responsabilidade,
meus filhos!”.

Diante de tantas objeções sobre a possibilidade que


existam almas danadas, a Virgem não voltou atrás em
proclamar que “o inferno existe! Não desejado por Deus!
É o lugar de condenação para quem vive a loucura de ser
sem eternidade e não viver a eternidade que é ter um Pai
e não um patrão. Não neguem a evidência! O Reino eterno
existe! É o Reino que o homem perdeu e que o homem
deverá conquistar; e vós, queridos filhos meus, sabem
como, onde e quando. Como: observando a lei do amor,
evitando a lei da justiça. Onde: na verdadeira Igreja
fundada por Jesus Verbo eterno sobre a pedra-Pedro e
os apóstolos. Quando: Jesus se fez Homem por vós e
vocês têm que se fazer Jesus para salvar-vos e salvar as
almas. Eu sou desde a eternidade constituída sua Mãe; e
serei Mãe também para vós se obedeceis aos seus
decretos de doutrina e aos seus Sacramentos, que agora
muitos de vós têm muito escondidos por egoísmo, ou por
descuido, ou por maldade, para conduzir o homem por
uma via, tida como verdadeira, mas de erros, de heresias
e de quiméricas ilusões de salvação humana”.

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É necessário isso: “a unidade de amor, a unidade de
doutrina, a unidade de pensamento e de ação! E essa
unidade que vos falta e vos faz agir como cegos para ser
guias de cegos, e a Palavra, lembrai-vos, diz que a guia e
o seguidor cegos cairão na fossa; e a fossa é a perdição,
o inferno. Não mudem a lei do espírito, da vida espiritual!
Muitos de vós fizeram leis humanas que não têm nenhum
valor para a salvação da humanidade, porque são
argumentações filosóficas; e existem muitas que passam
por doutrinas de verdade e salvação e não o são. A lei de
Deus Uno e Trino, Criador, Salvador, Santificador, é a
verdade que Deus mesmo feito Homem nos deu, e que o
homem, louco de orgulho, soberba e presunção, nega.
Nega a verdade e age fazendo tudo em vista da terra,
negando os meios para evitar o pecado e alcançar o
Céu”.

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Uma característica peculiar da mensagem da Virgem
da Revelação foi remontar a uma antiga devoção que
surgiu diretamente das aparições de Cristo a irmã
visitandina, Margarida Maria Alacoque, nascida em 1647
(exatamente três séculos antes de Três Fontes), morta em
1690 no convento francês de Paray-le-Monial,
proclamada Beata em 1864 e Santa em 1920. Elencando
doze promessas para quantos honrassem o Sagrado
Coração, Jesus lhe disse em particular: “A todos aqueles
que, por nove meses consecutivos, fizerem a comunhão
na primeira sexta-feira do mês, eu prometo, no excesso
da misericórdia do meu Coração, a graça da penitência
final. Esses não morrerão em minha desgraça, mas
receberão os santos Sacramentos, e o meu Coração será
o seu refúgio naquele momento”.

Da aparição de Três Fontes vem uma extraordinária


confirmação da perene validade da promessa feita à
Santa Margarida, com as inequívocas palavras da Virgem
a Cornacchiola: “as nove sextas-feiras do Sagrado
Coração, que fizeste antes de entrar na via da mentira, te
salvaram”. Bruno, de fato, havia aceitado com um solene
juramento o pacto proposto pela mulher: só para
respeitá-lo, em uma época na qual fazer a comunhão
significava não comer depois da meia noite anterior à
comunhão, na última sexta-feira foi obrigado a jejuar o
dia inteiro, não conseguindo ir à Missa de manhã, mas
somente no fim da tarde!
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Comentou o teólogo padre Angelo Maria Tentori: “Em
Três Fontes Nossa Senhora retorna ao argumento do
purgatório e o chama com esse nome. O faz talvez em
previsão de uma certa tendência que se infiltraria na
Igreja depois do Concílio, que nega, ou pelo menos passa
por cima dessa verdade que a própria Igreja ensinou
desde o início. Ela nos oferece uma ocasião de
purificação, mediante o encontro com ela e seu Filho na
sua casa. E assim, implicitamente, nos explica um outro
significado das peregrinações marianas: a expiação dos
nossos pecados, a purificação da nossa vida. Ela nos
assegura que quando se vai até ela, na fé e no amor, tem
início todo um processo de purificação, de poda de toda
ilusão e de todo pretexto para não viver integralmente o
Evangelho. Não se poderá separar dela sem o
reconhecimento dos nossos pecados, sem o desejo de
penitência para expiá-los, começando com o Sacramento
da Reconciliação, sem o qual não existe remissão”.

Em 12 de abril de 1947, Nossa Senhora ditou a


Cornacchiola também duas específicas orações. A
primeira tem uma conotação mariana: “Mãe Santa,
Virgem da Revelação, faz com que o rio da misericórdia
de Deus-Pai, a correnteza do Sangue Preciosíssimo de
Jesus, os raios de fogo do Espirito Santo possam
acompanhar-me, por meio de Vós, nessa via do mundo
do pecado, que somente percorremos na nossa
existência carnal, para ser, no aprender o amor divino,
transformados à semelhança de Jesus nosso Salvador e

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Irmão nos planos de amor, e como Vós que viveis nos
Céus, como Pai, na glória celeste”.

A outra é centrada na Trindade: “Vos glorifico, ó Deus,


Divino e Uno, na divina santidade do Pai, porque me
criastes naquele dia que vos aprouve criar-me. Vos
bendigo, ó Filho do Pai, na perfeição humanística divina,
porque me salvastes, derramando na via do sofrer, o
Sangue Bendito, divino e humano. Vos obedeço, ó
Espírito Santo, nos deveres pela minha santificação, para
que me inflame de amor, de fé, de esperança, pelo Pai.
Vos enalteço e coloco no meu coração, ó Trindade Divina,
em um só Deus, na unidade perfeita de amor e de justiça,
porque me dais Maria, Filha, Esposa e Mãe, no Pai, no
Filho e no Espírito Santo, caminho, verdade e vida de
todo ser, para encaminhar-me na via que leva a Vós, na
verdade que faz conhecer a Vós, na vida que jorra
somente de Vós, para amar-Vos, glorificar-Vos, e
bendizer-Vos eternamente, na glória dos anjos que Vos
louvam, Perfeito e Santo, Uno e Trino, em Maria
Santíssima por Vós, nossa Mãe”.

No domingo de Ramos de 1948, em uma nova aparição,


a Virgem da Revelação indicou a Bruno como queria que
fosse recitado o Rosário: “Toma com o indicador e o
polegar [direitos] o crucifixo e persigna-te fazendo o sinal
da Cruz sobre você, que é uma bênção pessoal. Tocando-
te a fronte dirás: ‘Em nome do Pai’; tocando-te o peito: ‘e
do Filho’; agora o ombro esquerdo: ‘e do Espírito’; e o

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ombro direito: ‘Santo. Amém’. Agora, tendo sempre o
crucifixo entre os dedos, que simboliza o Pai e o Filho, e
a mão o Espírito Santo, dirás com verdadeira e convicta
fé o Creio. O Creio, o Espírito Santo o ditou aos Apóstolos
e à Igreja, autoridade visível, porque o Creio é a verdade
trinitária. Eu existo nela porque sou Mãe do Verbo, Deus
Uno e Trino, no verdadeiro amor da Igreja pela salvação
das almas. Sou a encarnação do Espírito Santo. Agora, a
conta maior é para recitar a oração que o meu Filho
ensinou aos Apóstolos, o Pai Nosso, e nas três contas
pequenas se repete, o anjo que me fala, e eu que
respondo, Isabel que reconhece Deus feito carne em mim
e a imploração feita por vós a mim, vossa Mãe na graça e
misericórdia trinitária. Retoma agora o crucifixo e repete
comigo: ‘Vinde ó Deus em meu auxílio; socorrei-me sem
demora’. Acrescenta um Glória. Vê o que se implora no
santo – assim o chamarás de hoje em diante – Rosário, a
ajuda de Deus pela salvação”.

No que diz respeito às cores da veste da Virgem,


Cornacchiola mesmo havia anotado no seu diário, em 5
de junho de 1973, (replicando indiretamente quem havia
entrevisto uma referência à bandeira italiana): “As três
cores da nossa Mãe não são cores de uma bandeira, mas
simbolizam as três Pessoas divinas em um só Deus de
amor. O verde é o Pai Criador, que com bondade nos
doou a vida e tudo o que a vida precisa para continuar; o
branco é o Filho, que doou novamente a vida que
perdemos no Éden por meio da sua morte e nos doou a
graça mediante o batismo; o rosa é o Espirito Santo, que
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nos doa a criação do Pai e a graça do Filho na união de
amor e de vida”. É notável que o rosa e o verde
caracterizaram as vestes de Maria também na aparição
mexicana de Guadalupe (1531) e da italiana da
cidadezinha de Ghiaie di Bonate (1944).

Celebrando o aniversário das aparições, em 12 de abril


de 2012, o cardeal Mauro Piacenza, hoje Penitenciário
Maior, enfatizou o atributo com o qual a Virgem se
apresentou a Cornacchiola, “da Revelação”: “Aqui
somos convidados a olhar para Maria como Aquela em
cujo seio teve início a Revelação definitiva de Deus ao
mundo: Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria. A Bem-
Aventurada Virgem Maria é mais do que qualquer outra
criatura em relação com a Revelação. Nossa Senhora não
somente escutou a Palavra, não somente viveu a Palavra,
não somente a seguiu. Maria Santíssima acolheu em si
mesma a geração, por meio do Espírito Santo, da Palavra
encarnada e se tornou assim por excelência a Virgem da
Revelação. Podemos interpretar o genitivo ‘da’ em um
dúplice e sempre possível significado. De um lado a
Virgem Maria pertence à Revelação, isso é, é parte
integrante como ‘filha de seu Filho’, como afirma o
cântico de São Bernardo na Divina Comédia de Dante, e
do outro lado, porque pertence ao Filho, que é a definitiva
Revelação de Deus ao homem; Maria é aquela que
oferece, e de um certo modo, é aquela que apresenta
sempre a Revelação ao mundo para que o mundo creia e
crendo se converta”.

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Prossegue o cardeal: “O título com o qual a Mãe do
Senhor é aqui lembrada e venerada nos aparece, enfim,
de extraordinária atualidade, diríamos quase de relevante
modernidade. Uma das cinco fundamentais constituições
dogmáticas do Concílio Vaticano II, a Dei Verbum, foi
inteiramente dedicada à Revelação, que é a própria
Pessoa de Jesus Cristo. O fato que Maria Santíssima seja
venerada com esse título a coloca e nos coloca no
coração do mistério de Deus, que fala aos homens como
quem fala aos amigos, pedindo de responder como Maria
ao seu chamado: ‘Eis-me aqui’, a única resposta
adequada ao chamado do Senhor”.

Um particular que diz respeito a isso foi acrescentado


pelo padre Tentori: “Se voltando a um protestante, Nossa
Senhora diz: ‘Revelação’, não Sagrada Escritura. Ela fala
sempre com uma grande precisão. Quer que o vidente e
todos compreendam que a Revelação não se limita à
Escritura, mas é Revelação também a veneranda
Tradição da Igreja que, oralmente ou por escrito,
transmite a verdade autêntica ensinada por Cristo, e na
Tradição viva da Igreja é para considerar também a
Liturgia, que enquanto faz rezar, ensina e revela. De fato,
a fonte da fé é dúplice: Sagrada Escritura e Tradição, ou
seja, Magistério vivo da Igreja que, assistida pelo Espírito
Santo, introduz na ‘verdade toda inteira’, segundo a
promessa de Jesus (João 16,13)”.

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O cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da
congregação da Causa dos Santos, na homilia de 12 de
abril de 2013 no aniversário das aparições, recordou uma
posterior particularidade da mensagem de Três Fontes a
qual “é bom que olhem constantemente os católicos
nesse momento de grande perturbação e de incertezas
sobre o futuro, na certeza, que de qualquer forma, a
história humana, à luz do projeto salvífico de Deus, tem
um destino de bem e que as ‘portas do inferno’ não
prevalecerão nunca”. Se trata daqueles que Cornacchiola
definiu como “os três Pontos brancos, os três Pontos de
fé, luz e caridade: a Eucaristia, a Imaculada, o Papa”.

Como explicou o próprio vidente, “a Virgem da


Revelação nos impele, nos implora a fazer do nosso
coração o tabernáculo vivente no qual depor
frequentemente, se possível todos os dias, a Eucaristia,
para ser um só corpo com Ele, em comunhão com o
próximo, imitando o seu amor de filha, de mãe e de
esposa. Essa é a experiência de amor com Jesus
Eucarístico que a Virgem querida nos pede, reprovando-
nos de não fazer uma devida preparação antes de receber
o seu Divino Filho, de não O adorar com fé e amor
enquanto O temos, de sermos mornos, apressados,
distraídos, especialmente depois, na ação de graças”. A
verdadeira Igreja, concluía Bruno, “é aquela que vive de
Jesus Eucaristia, que reconhece em Maria Imaculada a
Mãe amadíssima, que obedece e defende a ‘Santidade do
Padre’”.

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