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“Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar,
Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem
o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar.
Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.
Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o
grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio
da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para o impedir,
virei pedir a Consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão
reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se
converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo
guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados; o Santo Padre terá
muito que sofrer; várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado
Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e
será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
II – “Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.”
Aqui começa o núcleo central do segredo. É sabido que Deus dá graças suficientes
para que todos se salvem, e dizer o contrário seria incorrer na negação do dogma, pois
sendo Deus justo, bom, providente e poderoso, não pode agir de outro modo. Quem se
perde, perde-se por sua própria culpa. Por que, então, uma devoção para salvar as muitas
almas que, naquela altura, se danavam? Não teriam elas já todas as graças necessárias para
se salvarem? Sim, elas as tinham, porém, por ser também misericordioso, Deus, em sua
infinita sabedoria, concede aos homens graças especiais de salvação. Com efeito, tais graças
extraordinárias não entram em conta do plano ordinário da salvação, podendo Deus então
concedê-las ou não, e para concedê-las, pode estabelecer condições para tal. É o que se dá
com a devoção ao Imaculado Coração de Maria, querida pelo próprio Deus a fim de que se
salvem muitas almas que, de outro modo, não se salvariam.
III – “Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.”
A 1ª Guerra Mundial, como praticamente todas as guerras, foi uma punição divina
pelos pecados que se cometiam no mundo. Deus, por um ato de misericórdia, suspenderia
a guerra então em curso, e daria um tempo aos homens, esperando deles que deixassem de
ofendê-lo na grande medida em que ofendiam. Este detalhe é muito importante, pois,
desde a Queda, os homens sempre pecam, porém, há épocas em que as ofensas se
multiplicam de tal forma, que é preciso Deus derramar o cálice de sua cólera sob a forma
de castigos, a fim de por este derradeiro modo, as almas deixem de se precipitar no Inferno
e de agravar a majestade divina; não quiseram escutar o Senhor, e Ele não tem outra
maneira senão usar de uma intervenção de sua justiça. A época de Fátima foi uma dessas
épocas de grandes crimes. Não à toa, Nossa Senhora falou de muitos pecadores indo para
o Inferno e Deus já estando muito ofendido pelos pecados. Por isso foi necessário que a
própria Mãe de Deus viesse do céu, a fim de alertar-nos do mau caminho que andáramos.
Uma observação: o que dizer de nossa época, então, em que superabundam pecados como
nunca antes em toda a história da humanidade? A espada de Deus não estaria já
desembainhada, pronta para punir o mundo de seus crimes?
Nossa Senhora ameaçou o mundo de outra guerra ainda pior, caso os homens não
deixassem de ofender a Deus. Os homens não deixaram, e veio, como prometido, a
Segunda Guerra Mundial, que de fato foi pior do que a primeira (basta ver o número de
mortos, cerca de 15 milhões na Primeira e 40 milhões na Segunda). Tudo conforme Nossa
Senhora havia predito. Um detalhe interessantíssimo foi que Maria Santíssima profetizou
quando haveria de começar a outra guerra pior: no reinado de Pio XI. Mas recordemos
que, à época da profecia, ainda reinava Bento XV, e que não se pode saber nem quando
morrerá um papa, nem qual o nome que tomará seu sucessor. Nossa Senhora, que participa
em alguma medida da onisciência divina, deu-nos com esta ciência profética mais uma
prova da origem divina e sobrenatural de Fátima.
VI – “Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal
que Deus vos dá de que vai punir o mundo dos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à
Igreja e ao Santo Padre.”
O fenómeno meteorológico foi visível em muitos países da Europa, desde Portugal até à
Áustria, e até mesmo no Norte de África; também foi observado na América do Norte,
nomeadamente em várias regiões do Canadá e nas Bermudas. Bloqueou as transmissões de
rádio entre Londres e Nova Iorque e afetou os sistemas de comunicação telefónica e de
rádio dentro de vários países europeus como a França ou a Itália.
1 https://odogmadafe.wordpress.com/category/79-anos-depois-do-grande-sinal/
Além do castigo da guerra, Nossa Senhora também anunciou mais dois castigos:
fome e perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Embora dentro dos acontecimentos da
Segunda Guerra também houve fome e perseguições, cremos que, pelo fato de Maria ter
nomeado expressamente esse dois castigos, é provável que algumas fomes e perseguições,
ainda que fora do âmbito da guerra, também foram castigos pela renitência dos homens em
não se converterem. E aqui citamos como exemplos o Grande Salto Adiante de 1958 a
1961 na China, que, segundo estatísticas oficiais, ceifou 20 milhões de vidas, segundo Hu
Yaobang, o Holodomor na Ucrânia2; e perseguições à Igreja, 3 mormente sob o regime
soviético, resultando na morte de 12 a 20 milhões de cristãos. 4 Quanto à perseguição ao
Santo Padre, enxergamos que se tratou da perseguição empreendida pelos nazistas contra
Pio XII, por este ser um grande inimigo e opositor do nazismo. Sabe-se hoje que Hitler
intentou até mesmo sequestrar o Papa Pio XII. 5
2
A palavra “holodomor” vem do idioma ucraniano e significa “morte por fome”. Essa
palavra é utilizada para descrever a morte de milhões de ucranianos no início dos anos 1930
pela fome calculada e programada pelo Estado soviético, que à época era comandado por
Josef Stalin. O holodomor é considerado pelos ucranianos e por outras nações como um
genocídio (isto é, a tentativa de eliminação radical de uma parcela expressiva de
determinado povo). Não é por acaso que muitos historiadores comparam-no ao holocausto
contra os judeus, arquitetado pelos nazistas. (https://bit.ly/2FYZbTj)
Mais sobre o Holodomor no link seguinte: https://youtu.be/UecdxKe-JSg
3
Emblemático é o caso da perseguição comunista à Igreja da Ucrânia: a Igreja Católica
ucraniana tinha 2.772 paróquias, 8 bispos, 4.119 igrejas e capelas, 142 mosteiros e
conventos, 2.628 sacerdotes, 164 monges, 773 freiras e 4 milhões de fiéis leigos. Ao fim da
mais ampla supressão de fiéis religiosos da história mundial, o conjunto inteiro tinha sido
reduzido a ZERO. (D. Estêvão Bettencourt, PR 465 - pp. 61-64)
4
https://bit.ly/2I4spUg
5
https://bit.ly/2UoRRKH
VI – Para o impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão
reparadora nos primeiros sábados.
Deus não se deixa vencer em generosidade. Bastava aos homens terem deixado de
ofendê-lo que o castigo da Segunda Guerra nem os demais haveriam de vir; a humanidade,
no entanto, continuou a ofendê-lo, contudo mesmo assim Nossa Senhora oferece mais um
meio, e o último, para impedir a continuação dos castigos: a consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria e a comunhão reparadora nos primeiros sábados pelos
pecados cometidos contra este mesmo Coração. É uma graça especialíssima do Céu, uma
última tábua de salvação antes que se dê a punição divina.
Todo o segredo, frisemos, foi transmitido somente aos pastorinhos, e, pelo mesmo
fato de ser um segredo, devia só a eles estar confiado até segundo ordem, o que se deu 12
anos depois. Cumprindo o que prometera, a Virgem aparece à Ir. Lúcia em Tuy (Espanha),
em 13 de junho de 1929, dizendo: “é chegado o momento em que Deus pede para o Santo
Padre fazer, em união com todos os Bispos do Mundo, a consagração da Rússia ao Meu
Imaculado Coração, prometendo, por este meio, salvá-la.” O remédio para o mal que
ameaçava o mundo estava, por conseguinte, dado: bastava ao Santo Padre, em um simples
gesto, convocando todos os bispos do mundo, consagrar o mundo ao Imaculado Coração
de Maria, e aos fiéis em geral, a prática da comunhão reparadora aos primeiros sábados.
Uma pergunta vem-nos naturalmente à mente: por que a Rússia? Acreditamos que
por causa do grande número de erros que a ideologia marxista, lá aplicada, vai espalhar pelo
mundo.
VII – “Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.”
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Exemplos disto temos no que se segue: a 2 de dezembro de 1940, Irmã Lúcia escreve ao
Papa sobre a abreviação da guerra, se se consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria
com especial menção à Rússia; esta consagração é um paliativo que não logrará a conversão
da Rússia, mas abreviará a provação da guerra. A 31 de outubro e 8 de dezembro de 1942
Pio XII consagra o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Ele não fez menção explícita à
Rússia, mas apenas uma alusão velada. A partir daí a guerra sofre uma reviravolta decisiva:
em 3 de novembro Rommel é derrotado em Al Alamein; em 8 os Americanos
desembarcavam na África do Norte. Em 2 de fevereiro do ano seguinte o VI Exército
alemão do Marechal Paulus capitula em Stalingrado. (cf.
https://permanencia.org.br/drupal/node/5224)
Já em 19 de Agosto de 1931, dois anos após o pedido, Nosso Senhor apareceu em
pessoa à Irmã Lúcia em Rianjo, Espanha, e expressou o seu desgosto, dizendo: “Não
quiseram atender ao Meu pedido!... Como o Rei da França, arrepender-se-ão, e fá-lo-ão,
mas será tarde. A Rússia já terá espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras e
perseguições contra a Igreja. O Santo Padre terá muito que sofrer.” 7 Nosso Senhor estava
aqui a fazer expressamente referência aos pedidos do Sagrado Coração ao Rei de França,
feitos através de Santa Margarida Maria Alacoque em 17 de Junho de 1689. Em resultado
da recusa do Rei Luís XIV – assim como as do seu filho Luís XV e neto Luís XVI – em
consagrar publicamente a França ao Sagrado Coração de Jesus, como tinha sido pedido por
meio de Santa Margarida, adveio a terrificante Revolução Francesa. 8
E quais seriam, com efeito, os erros da Rússia? Somos do parecer que por “erros da
Rússia”, dever-se-á entender, preliminarmente, o materialismo histórico-dialético marxista,
que engendrou o socialismo/comunismo em todas as suas vertentes, e que por sua vez
tantas guerras provocou no mundo9 e tantas perseguições à Igreja.10 Todavia, é forçoso
incluir também como consequência desses erros, ainda que mais longínqua, a formação de
7
Note-se que já em 1932 “começa a punição dos homens da Igreja: naquele ano o Pe. de
Lubac, futuro inspirador do Vaticano II, elabora sua nova teologia; o Pe. Congar começa a
assistir cursos de teologia numa faculdade protestante; Pe. Chenu é nomeado lente em
Saulchoir; Karl Rahner acompanha os cursos de Heidegger em Friburgo. No ano seguinte
Maritain expõe suas novas idéias políticas.” (cf.
https://permanencia.org.br/drupal/node/5224)
8
Em 17 de Junho de 1789, dia da Festa do Sagrado Coração, exactamente cem anos, dia
por dia, depois de Santa Margarida Maria ter escrito o grande desígnio do Céu para o Rei, o
Terceiro Estado revoltou-se e proclamou-se em Assembleia Nacional, retirando ao Rei Luís
XVI o seu poder legislativo. Em 21 de Janeiro de 1793, a França, ingrata e rebelde para
com o seu Deus, ousou decapitar o seu Rei Cristianíssimo como se fosse um criminoso. 8
Seguiu-se numerosíssimo morticínio de católicos, sobretudo o primeiro genocídio dos
tempos modernos, dos mártires da Vandeia. (cf.
https://permanencia.org.br/drupal/node/5224)
9
O Livro Negro do Comunismo, referência na temática, calcula a cifra macabra de 100
milhões de mortos produzidos pelo comunismo.
10
Aqui, não há como não recordar da Guerra Civil Espanhola. Durante a Guerra, pela
repressão da II República, segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861
religiosos católicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges). Ainda segundo
Thomas, "em nenhuma época da história da Europa, e provavelmente do mundo, manifestou-se um
ódio tão apaixonado contra a religião." Uma obra mais recente, de Anthony Beevor, dá
números muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 2.365 monges).
De acordo com o artigo espanhol, foram destruídas por volta de 20.000 igrejas, com perdas
culturais incalculáveis pela destruição concomitante de retábulos, imagens e arquivos. Por
sua violência, aquele período de repressão tornou-se conhecido como o Terror Rojo ("Terror
Vermelho"). Estudioso de história da Espanha, Stanley G. Payne, afirma que perseguição
aos cristãos espanhóis foi "a maior na Europa ocidental, mesmo comparada aos momentos mais
duros da revolução francesa." (https://bit.ly/2IoKz2r)
novos erros que, amalgamados com o marxismo, deram origem a novas doutrinas
demoníacas. E aqui temos em mente sobretudo a IV revolução da modernidade, a
Revolução Cultural de 1968, que jungindo a doutrina marxista da Escola de Frankfurt com
a doutrina freudiana, defendeu o lema que simboliza bem seu espírito: “É proibido
proibir.” Tal revolução, que também leva o nome de Marcusiana, é, hodiernamente, a
principal bandeira e espírito de todas as bandeiras anticristãs (abortismo, ideologia de
gênero, libertinagem sexual, feminismo, et caterva).
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Talvez dos exemplos mais abomináveis temos o aborto, transformado em política de Estado nos
estados socialistas e depois pelo mundo inteiro. A União Soviética foi o primeiro país do mundo a
permiti-lo, já em 1920. As mulheres russas fazem uma média de dois abortos ao longo de sua vida
(https://goo.gl/XuTu8h). Em 1963, foram registrados mais de 5,4 milhões de abortos.
https://goo.gl/dhboic. Em 2005, houve 104,6 abortos para cada 100 nascimentos.
sobretudo a partir da segunda metade do século XX; ainda que não só puramente, mas
também imiscuídos simbioticamente com outros erros antigos, porém cujo corpo é sempre
a Revolução de espírito liberal. Como não enxergar a Teologia da Libertação ou o
progressismo em matéria de costumes sexuais, flagelos que reinam na Igreja atual, como
herdeiros destes erros?
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Sendo Deus o Ser por excelência e a própria Verdade, e tudo estando a Ele submetido, devendo todas
as coisas dar-Lhe glória, não pode ordenar nada sem que seu não cumprimento não acarrete um dever
de reparação da Sua glória extrínseca negada.
IX – “Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas.”
Quanto ao martírio dos bons, já fizemos menção no parte VII. Resta, pois,
tratarmos aqui dos sofrimentos do Santo Padre e do aniquilamento de várias nações.
A qual papa se referia Nossa Senhora nesta passagem? Somos da opinião que não
se trata de um papa específico, e sim do conjunto de papas que sofreriam em decorrência
de não terem consagrado a Rússia ao Imaculado Coração. Ressalte-se aqui que Nossa
Senhora, que não usa palavras inúteis, sublinhou com o advérbio “muito” o sofrimento
pelo qual eles passariam. Acreditamos que tais sofrimentos não seriam vividos
principalmente na terra, e sim no Purgatório. Não pode ser outra a paga, a nosso ver, de
ministros que, tendo sido destinatários diretos de uma revelação confirmada com o maior
milagre público depois da morte de NSJC, se obstinem a não lhe dar ouvidos.
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“A palavra “nações” refere-se a povos. Por exemplo, quando em 1795 a Alemanha, a França, a Rússia
e a Áustria-Hungria ocuparam a Polónia e a dividiram entre si, o Estado polaco foi aniquilado, mas a
nação polaca não foi aniquilada; o povo polaco continuou a existir. Em 1919 o Estado polaco foi
reconstituído. Obviamente, a nação polaca não foi aniquilada. Portanto, quando Nossa Senhora disse
que várias nações seriam aniquiladas, estava a referir-se a nações de povos, e não a Estados físicos,
limitados por fronteiras.” (http://archive.fatima.org/port/consecrussia/annihilation.pdf)
sinceramente, por piedade de nosso pobre mundo, ver a possibilidade de outra
interpretação. Contudo, segundo a hermenêutica que seguimos, não há outra interpretação.
Quando isto ocorrerá? Não sabemos, e nisto a Virgem não nos quis deixar nenhum sinal
do céu. Cumpre, portanto, por meio da penitência, mitigar este terrível castigo, pois nunca
é tarde para recorrer aos Corações de Jesus e Maria.
X –“ Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará.”
Eis que chegamos à frase objeto de todo este estudo. Foi necessário passar por
todo o texto do Segundo Segredo a fim de melhor compreender o alcance da mensagem de
Fátima e fazer a frase resplandecer de maior sentindo, sendo entendida dentro de seu
contexto. Novamente, não há condicionalidades, o Imaculado Coração há de triunfar.
Entretanto, em que este triunfo consistirá? Pensamos que a resposta está logo após a
mesma frase, ou seja, o triunfo do Imaculado Coração será a própria consagração, a
subsequente conversão da Rússia e o tempo de paz que será concedido ao mundo. Daí que
podemos ter a certeza de que a consagração ainda não foi realizada também olhando para a
ausência dos efeitos prometidos: a Rússia não se converteu, e o mundo não vive em paz.
Sabemos que muitos atribuem muitas graças e acontecimentos que não esses como
resultantes do triunfo do Coração de Maria. Longe de nós repelir a sã piedade dos fiéis que
assim creem, entretanto não vemos como fundamentar na mensagem de Fátima tais
esperanças, pois o texto não dá margem para outras conclusões.
Com a conversão da Rússia, cremos não ser leviano esperar uma debacle do seus
erros em uma parte considerável do mundo, ao menos. Todos os povos verão
clarissimamente que a conversão da Rússia foi diretamente devida à consagração, 15 e é com
alegria que podemos esperar a exaltação da Santa Igreja e a salvação de muitas almas.
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Padre Joaquín Alonso, que foi talvez o maior estudioso da Mensagem de Fátima, que
afirmou que Lúcia sustentara sempre que a conversão da Rússia se refere “pura e
simplesmente à conversão total e integral, um retorno à única e verdadeira Igreja, a
Católico-romana.” (Padre Joaquín Alonso, La verdad sobre el Secreto de Fátima, Fátima
sin mitos (2.ª edição, Exército Azul, Madrid, 1988, p. 78), citado em O derradeiro combate
do demónio, p. 137.)
15
Numa carta ao diretor espiritual, de 18 de maio de 1936, escrevia Irmã Lúcia as linhas
seguintes: “Intimamente, tenho falado com Nosso Senhor sobre o assunto [da consagração
da Rússia]; e há pouco perguntava-Lhe por que não convertia a Rússia sem que Sua
Santidade fizesse essa consagração. ‘Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa
consagração como um triunfo do Imaculado Coração de Maria, para depois estender o seu
Dar-se-á ao mundo, na ocasião, algum tempo de paz. Quanto tempo? Nossa
Senhora não nos quis dizer. Se haverá um tempo de paz, somos quase que obrigados a
concluir que, findado este mesmo tempo, a paz se extinguirá. Será então a manifestação do
Anticristo, com o consequente desenrolar do fim dos tempos? Fiquemos com a ordem de
Nosso Senhor,
culto e pôr, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado
Coração.’ ” (cf. https://permanencia.org.br/drupal/node/5224)