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CAPUCHINHA

Resumo: Flores comestíveis (PANC), são cada vez mais utilizadas no preparo de
refeições, pois possuem potencial benéfico à saúde humana. A capuchinha
Tropaeolum majus é uma flor reconhecida por suas propriedades antioxidantes e
alto teor de compostos fenólicos. Este trabalho tem como objetivo avaliar o uso com
objetivo medicinal de flores comestíveis da espécie Tropaeolum majus através da
aplicação da metodologia de revisão bibliográficas de livros, teses, artigos que
pudessem auxiliar com a pesquisa.

1 INTRODUÇÃO

As plantas medicinais são recursos primários naturais utilizados na medicina


tradicional e na indústria farmacêutica. O cultivo destas, além de possibilitar a
sobrevivência das plantas nativas em seus ambientes, uma vez que minimiza o seu
extrativismo, permite maior previsibilidade na composição fitoquímica (ANDRADE e
CASALI, 1999).

Admite-se que de aproximadamente 750.000 espécies de plantas superiores


já foram descritas, cerca de 90 são fornecedoras das 119 substâncias que podem
ser utilizadas com fins medicinais. Desses compostos químicos, 74% têm o uso igual
ou semelhante ao das plantas utilizadas na medicina popular (FARNSWORTH,
1977).

Dentre as espécies com propriedades medicinais encontra-se a capuchinha


(TropaeoIum majus L.), pertencente à família das Tropaeolaceae, grupo botânico
exclusivamente sul-americano de ervas trepadeiras e rastejantes, vastamente
difundida, as quais apresentam folhas quase orbiculares, verde claras e peitadas,
cujas flores são grandes, alaranjadas ou amarelas muito vistosas (SPARRE, 1972;
SOUZA e LORENZI, 2005).

A capuchinha é uma planta bastante versátil e toda parte aérea possui ampla
utilização, como planta medicinal, melífera, hortaliça não-convencional e ornamental
(CORRÊA, 1984). Há relatos do uso da capuchinha pelas tripulações dos navios à
vela, que mascavam seus brotos, botões florais e sementes, devido à sua
reconhecida ação antiescorbútica e antisséptica. As folhas frescas ou secas em
infusão são recomendadas como diurético e desinfetante das vias urinárias. O suco
das folhas adicionado ao leite quente é indicado nas afecções pulmonares e como
expectorante (CORRÊA, 1984; PANIZZA, 1997)

É uma planta herbácea, anual, de caules carnosos e cilíndricos, verde-claros, que


atingem até 5 m de comprimento. Apresenta folhas alternas, orbiculares, longo-
pecioladas, com pecíolos cilíndricos, às vezes contorcidos, e segmentos pouco
salientes. As flores solitárias são irregulares, campanuladas, axilares, longo-
pedunculadas, com 5 pétalas coloridas e desiguais, e 5 pétalas também desiguais,
de coloração vermelha ou amarelo-laranja, com manchas escuras e esporão
cilíndrico curto. Fruto tipo cápsula, com pericarpo carnoso e espesso, que se divide
em 3 aquênios, cada um contendo uma semente.

As sementes de capuchinha por conta do óleo extraído delas, são conhecidas


mundialmente como “Óleo de Lorenzo”, indicado para o tratamento da
adrenoleucodistrofia, doença grave e degenerativa. (Sartori et al., 2020 apud EBERT
et.al.,2021).

Com isso, este trabalho tem como objetivo demonstrar toda as características
da planta. No qual a capuchinha é uma planta medicinal também conhecida como
chagas, mastruço e capuchinho. Suas propriedades podem ajudar no tratamento de
infecções urinárias, doenças na pele e escorbuto (causada pela deficiência de
vitamina C na dieta).

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Composição química e principais ativos

Ela tem em sua composição química: Mirosina, glucotropaeolina, resinas,


óleos essenciais, vitamina C, açúcares e sais minerais. É considerada um
importante planta medicinal, ornamental e comestível. Essa espécie possui uma
variedade de compostos bioativos, incluindo flavonoides, carotenoides e outros
polifenóis conhecidos por seus atividade anti-inflamatória, presentes em maior ou
menor quantidade conforme a coloração e nutrientes presentes na planta. Por ser
uma rica fonte de vitamina C a capuchinha também possui propriedade
expectorante, antioxidante, anti-inflamatório e hipotensor, é tido como calmante
natural. Os flavonoides, geralmente encontrados nas flores são a quercetina,
kaempferol, miricetina, rutina, catequina, enquanto as antocianinas mais relatadas
são: cianidina, delfinidina (GONÇALVES, 2019).

A glucotropaolina é considerada o composto mais importante de benefício


econômico para capuchinha na presença da enzima mirosina, que também é
produzida pela planta ele se decompõe em compostos de dextrose e enxofre que é
eficaz como um antibiótico. O ácido erúcico, um ácido graxo fortemente concentrado
nas sementes de capuchinha, é usado na preparação do óleo de Lorenzo, que é
gerido em doses terapêuticas a humanos para o tratamento da adrenoleucodistrofia
(ADL). Embora o ácido erúcico seja tóxico para consumo humano, no entanto, os
extratos aquoso e alcoólico de folhas e troncos na concentração de 70 % quando
administrados por via oral na dose de 5.000 mg / kg não provocaram toxicidade em
camundongos (REIS. 2016).

A capuchinha é rica em compostos bioativos, que estão presentes em todas


as partes dos vegetais, que são em sua maioria, produtos do metabolismo
secundário das plantas, e apresentam funções de atração de polinizadores e
disseminadores de sementes além de exercer importante função na proteção contra
estresses bióticos e abiótico (GONÇALVES, 2019).

As flores da capuchinha possuem várias colorações alaranjadas, amarelas e


vermelhas conforme a coloração estas apresentam maior capacidade antioxidante
como é o caso da capuchinha vermelha devido a maior concentração de
antocianinas composto este que atuam diretamente em doenças crônicas. As flores
amarelas possuem maiores teores de carotenoides totais, sendo que a luteína é o
único carotenoide encontrado em capuchinhas, e seu consumo está relacionado à
saúde ocular. As flores alaranjadas possuem teores intermediários de fenólicos e
carotenoides quando comparadas às flores amarelas e vermelhas, Figura 1
(SOUZA, 2020).

Figura 1: Flores de capuchinha (Tropaeolum majus) em diferentes colorações.


Originária do Peru e México, a capuchinha, L. (TROPAEOLACEAE),
vinculada ao projeto de pesquisa intitulado "Produção, processamento e
comercialização de ervas medicinais, condimentares e aromáticas" liderado pela
Embrapa Transferência de Tecnologia - Escritório de Negócios de Campinas, SP, o
qual tem por objetivo treinar técnicos e qualificar pequenos agricultores e seus
familiares em produção e manipulação de ervas com boas práticas agrícolas e de
higiene que atendam às demandas dos segmentos de fármacos e condimentos.

CAPACIDADE ANTIOXIDANTE

Figura 1- Formação do radical livre e sua estabilidade.

A capuchina possui sua capacidade antioxidante caracterizada principalmente por


carotenoides e compostos fenólicos como a quercetina, o ácido gálico e
antocianinas (SOUZA et al., 2020).
Figura 2- Fórmula molecular caratenóides. Fonte: Adaptado de SOUZA et al., 2020

Figura 3. Compostos Fenólicos. Fonte: Adaptado de SOUZA et al., 2020

Elas possuem toxidade para gestantes e pessoas com problemas hepáticos e/ou
renais devem tomar cuidado ao fazer uso da capuchinha.

2.2 Taxonomia e Distribuição Geográfica

A espécie Tropaeolum majus foi descrita por Carolus Linnaeus e publicado


em Species Plantarum 1: etimologia do nome genérico deriva do grego Τροπαιον
(tropaion), "pequeno troféu", devido à disposição das folhas e flores. [7] O epíteto
específico majus deriva do vocábulo latino que significa "o maior". A espécie foi
introduzida na Europa pelos jesuítas no século XVI, dando notícia da sua utilização
culinária, tanto das folhas como das flores. O botânico Rembert Dodoens cultivou-a
no seu jardim em 1600. Sua distribuição geográfica é na América Latina, no Perú,
tendo chegado à Europa há cerca de 500 anos.

A análise morfológica foi efetuada através de estereomicroscópio e a folha foi


diafanizada para a análise da venação, conforme Gattuso & Gattuso (1999) e Hickey
(1974). A análise anatômica constou de secções paradérmicas de folhas e
transversais de folhas e caules. As secções paradérmicas foram realizadas em
lâminas temporárias, com material fresco, seccionado a mão livre, coradas com azul
de metileno 1%, e o índice de estômatos foi determinado conforme Gattuso &
Gattuso (1999). Para a análise da secção transversal, o material botânico foi retirado
a partir do quinto entre-nó do caule e da região mediana da folha, fixado diretamente
em etanol 70%, desidratado em série alcoólico-etílica ascendente de 70 a 96° GL e
incluídos em blocos de hidroxietilmetacrilato. No micrótono rotativo fez-se secções
de 4 mm, que foram levadas a banho histológico e repassadas para lâmina. Corou-
se com azul de toluidina 1%, conforme Gerlach (1977) e fixou-se a lamínula com
bálsamo sintético “entellan” (ZANETTI, 2021)

As flores de Tropaeolum majus possuem diversos compostos que trazem


benefícios à saúde. Os glicosinolatos protegem contra substâncias químicas
danosas ao organismo, auxiliam na eliminação de compostos tóxicos, possuem
atividade antimicrobiana e vermífuga e estimulam a morte de células cancerígenas.
Os flavonoides possuem função diurética, anti-inflamatória e antioxidante e previnem
a deterioração celular e a diferenciação de células adiposas. Os ácidos graxos
essenciais ômega e contribuem na prevenção de doenças cardiovasculares,
na divisão de células e na síntese de hemoglobina e hormônios,
são anticoagulantes, auxiliam na supressão de tumores, protegem os neurônios e
promovem a manutenção das membranas celulares[9]. Também estão presentes
os carotenoides: o betacaroteno é o precursor da vitamina A no organismo[10], e
a luteína diminui o risco de catarata, previne a degeneração macular devido
ao envelhecimento, possui ação neuro protetora e cognitiva, tem ação antioxidante
(LORENZI, 2018)
CONCLUSÃO

Nesse contexto, conclui-se que a capuchinha representa uma categoria de


alimento promissora, para que ocorra uma ampliação na sua utilização na
alimentação por suas características funcionais ou sensoriais. Ressalta-se a
importância da realização de mais estudos com flores comestíveis em nível nacional,
especialmente ensaios científicos, fornecendo embasamento para a educação
nutricional e medicinal para a população.

REFERÊNCIAS
COSTA, L. C., & RIBEIRO, W. S., & Barbosa, J. A. (2020). Compostos bioativos e
alegações de potencial antioxidante de flores de maracujá, cravo amarelo, rosa e
capuchinha. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais.
GONÇALVES, J., & SILVA, G. C. O., & CARLOS, Compostos bioativos em flores
comestíveis. perspectivas. Biológicas & Saúde (2019).
KOIKE, A. C. (2015). Compostos bioativos em flores comestíveis processadas por
radiação (pp. 19-38). São Paulo, SP: Tese de doutorado (ipen).
LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas medicinais no Brasil:
nativas e exóticas. 2.ª ed., Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora,
2008. 544 p.
SILVA, G. (2019). Influência dos sistemas de embalagem e do armazenamento na
conservação dos atributos de qualidade de hortaliças não convencionais (pp. 11-13).
Sete lagoas, MG: Dissertação de mestrado (UFSJ).
ZANETTI, Gilberto Dolejal. Análise morfo-anatômica de Tropaeolum majus L.
(Tropaeolaceae). Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/215-Texto%20do
%20Artigo-429-436-10-20150216%20(1).pdf. Acesso em: 23 nov. 2022.
SOUZA, H. de A.; ALMEIDA NASCIMENTO, A. L. A. .; STRINGHETA, P. C.;
BARROS, F.
Capacidade antioxidante de flores de capuchinha (Tropaeolum majus L.) . Revista
Ponto de Vista, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 73–84, 2020. DOI: 10.47328/rpv.v9i1.9632.
Disponível
em: https://periodicos.ufv.br/RPV/article/view/9632. Acesso em: 5 out. 2022
INTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA (ed.).
Capuchinha. In: INTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
(Sul de Minas Gerais) (org.). Capuchinha. [S. l.], [2015]. Disponível em:
https://www2.muz.ifsuldeminas.edu.br/plantasmedicinais/p37.html. Acesso em: 23
nov. 2022.

REIS, F de C, Componentes de produção de Capuchinha (Tropaeolum majus L.),


Influenciados pela aplicação de nitrogênioe fósfuro em latossolo vermelho distrófico.
Dourados, MS: Dissertação de mestrado (UFGD)

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