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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA

JOICY SILVA DOS SANTOS


RAYANA TOLEDO RODRIGUES
THAINÁ MAIA PAZ XAVIER

FARMACOBOTÂNICA
HORTELÃ PIMENTA (Mentha piperita L.)

Niterói
2021
1 INTRODUÇÃO
A história das plantas medicinais, tem mostrado que elas fazem parte da
evolução humana e foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelo ser
humano, porém, saber reconhecer as plantas para distinguir, por exemplo, uma planta
alimentar ou medicinal de outra venenosa era fundamental para a existência, e
ocorreu por meio de observações de fenômenos naturais como o comportamento dos
animais, por exemplo (MONTEIRO, BRANDELLI, 2017).
No Brasil, a história da utilização de plantas no tratamento de doenças
apresenta influências marcantes das culturas africana, indígena e europeia. A
contribuição dos escravos africanos para a tradição do uso de plantas medicinais se
deu por meio das plantas que trouxeram consigo, que eram utilizadas em rituais
religiosos, e por suas propriedades farmacológicas, empiricamente. Os milhares de
índios que aqui viviam utilizavam uma imensa quantidade de plantas medicinais que
existem na biodiversidade brasileira. Os pajés transmitiam o conhecimento acerca das
ervas locais, e seus usos foram aprimorados a cada geração. Os primeiros europeus
que chegaram ao Brasil se depararam com esses conhecimentos, que foram
absorvidos por aqueles que passaram a habitar o país e a sentir a necessidade de
viver do que a natureza lhes tinha a oferecer, e também pelo contato com os índios
(MONTEIRO, BRANDELLI, 2017).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no início da década
de 1990, em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, cerca de 80% da
população, dependiam do uso de plantas medicinais como única forma de acesso aos
cuidados básicos de saúde. Por essa razão, o Brasil criou políticas públicas, como a
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares, que garantem o acesso e promovem o uso
de plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que
também se constituem em alternativa viável à população mais carente ou que reside
fora das zonas urbanas, com acesso restrito aos centros de atendimento hospitalares,
obtenção de exames e medicamentos industrializados mais caros (MAIOR, et al.,
2020).
A Hortelã -pimenta (Mentha piperita L.), é conhecida popularmente como:
hortelã-do-brasil, hortelã-japonesa, vique, hortelã-das-cozinhas e hortelã-inglesa.Tem
sua origem na Ásia (SAAD, et al., 2018).
Indicações / Ações terapêuticas: carminativo, expectorante, cólica intestinal
(MONTEIRO, BRANDELLI, 2017).

1.1 OBJETIVO GERAL


Descrever sobre a história das plantas como recurso medicinal, descobertas
e mudanças ao longo dos anos, com uma abordagem focada à planta Mentha piperita
L., conhecida popularmente como hortelã pimenta.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Descrever a característica botânica da Mentha peperita L.
 Descrever as ações fitoterápicas

2 METODOLOGIA
Um estudo de base bibliográfica com utilização de livros e artigo científicos
recentes pesquisado no google acadêmico.

3 DESENVOLVIMENTO
A fitoterapia é uma das mais antigas práticas terapêuticas usadas pelo homem.
Antigamente, era considerada uma medicina popular e alternativa, porém, hoje, a
fitoterapia tem sido cada vez mais usada e reconhecida nos meios médicos e
científicos, sobretudo em virtude de sua ação terapêutica, comprovada por
experimentos científicos. O isolamento do princípio ativo das plantas e o estudo de
seus mecanismos farmacológicos constitui uma das prioridades da farmacologia
(SOUZA, MARTÍNEZ, 2017).
Nos últimos anos o consumo de plantas e fitoterápicos tem aumentado
consideravelmente entre boa parte da população, que está cada vez mais preocupada
com a própria saúde e bem informada sobre os riscos decorrentes do uso crônico de
fármacos sintéticos, além dos seus elevados custos de aquisição. Vale lembrar que
algumas plantas e fitoterápicos são considerados medicamentos isentos de prescrição
médica (MIPs) (MAIOR, et al., 2020).
É importante destacar que os medicamentos fitoterápicos, obrigatoriamente,
têm que ser registrados na ANVISA, enquanto os produtos tradicionais fitoterápicos
podem ser registrados ou notificados. Tanto para registro, como para notificação, há
requisitos mínimos estabelecidos pela ANVISA. Os produtos tradicionais fitoterápicos
são de dois tipos: os chás medicinais e os produtos associados a excipientes e formas
farmacêuticas. Os chás medicinais são constituídos apenas de drogas vegetais e só
podem ser notificados, enquanto os outros tipos de produtos tradicionais fitoterápicos,
como xaropes, cápsulas, pomadas etc. podem ser notificados ou registrados. Ainda é
importante destacar que os produtos tradicionais fitoterápicos não podem ser
relacionados a condições de doenças ou distúrbios considerados graves. Além disso,
não podem conter matérias-primas em concentrações de risco tóxico e nunca devem
ser administrados por vias injetável e oftálmica. A detecção de qualquer substância
ativa isolada ou purificada, ainda que de origem vegetal, natural ou sintética
desqualifica os medicamentos fitoterápicos e os produtos tradicionais fitoterápicos
(MOURA, 2017).
Hortelã pimenta
Nome botânico: Mentha piperita L.
Família: Lamiaceae
Partes utilizadas: Parte aérea
Propriedades organolépticas: Picante, refrescante e seca
Outros nomes populares: Hortelã-do-brasil, hortelã-japonesa, vique, hortelã, menta,
hortelã-das-cozinhas, menta-inglesa pimenta
Origem: Ásia.
Indicações e usos principais: Dispepsia; Flatulência; Cólica intestinal; Distúrbios
biliares; Enterites; Síndrome do intestino irritável (SAAD, et al., 2018).
Mentha x piperita caracteriza-se como uma planta herbácea, enérgica, de
aroma forte, picante, glabrescente, que se espalha a partir de estolhos. Sua
segmentação é definida quadrangular, ocorrendo o crescimento por baixo e na
superfície do solo, em todos sentidos (CUNHA; ROQUE; GASPAR, 2013).
O caule é ereto, liso, de seção quadrangular, contendo glândulas
especializadas que armazenam óleos essenciais (WELLER, et al., 2000).
Posologia: Planta seca, 1 a 3 g, 3 vezes/dia. Tintura ,1:5, 45% etanol, 2 a 3
mℓ, 3 vezes/dia (SAAD, et al., 2018).
Pessoas sensíveis ou alérgicas ao mentol podem apresentar dor de cabeça,
prurido, coriza, asma e arritmias. O óleo essencial não deve ser usado em crianças
menores de 3 anos de idade (SAAD, et al., 2018).
A Mentha piperita L., pode interagir nutricionalmente diminuindo a absorção
de ferro (CECHINEL FILHO, ZANCHETT, 2020).
Estudos relatam que, quando a hortelã-pimenta é administrada por via oral,
pode causar interações medicamentosas, aumentando os níveis sanguíneos de
drogas, como a felodipino e a sinvastatina (MONTEIRO, BRANDELLI, 2017).
Altas doses de óleo essencial costumam causar estimulação do SNC. Dose
de aproximadamente 1 g/kg de óleo essencial pode ser fatal (SAAD, et al., 2018).
A Mentha piperita L. é contraindicada durante a gestação, pois tem ação
emenagoga e teratogênica (CECHINEL FILHO, ZANCHETT, 2020).
Preparações extemporâneas a partir da droga vegetal são usadas nos casos
de cólicas intestinais e biliares, dispepsia, flatulência e gastrite. Além dos usos citados
antes, o óleo volátil de hortelã-pimenta também é utilizado para o tratamento da
síndrome do cólon irritável, e seus benefícios foram evidenciados por metanálises
(SIMOÕES, et al., 2017).
Um ensaio duplo-cego randomizado mostrou que o uso de óleo essencial
de M. spicata e M. x piperita foi eficaz e seguro em reduzir os vômitos e náuseas em
pacientes submetidos à quimioterapia. Os estudos clínicos realizados com a Mentha
piperita L. avaliaram os efeitos sobre o trato gastrintestinal e observaram que
a atividade carminativa é decorrente da diminuição do tônus da musculatura lisa,
facilitando a eliminação dos gases; além de estimular a liberação de bile, que promove
o metabolismo dos lipídios (SAAD, et al., 2018).
O óleo essencial da espécie Mentha piperita L. é constituído principalmente
por monoterpenos, atribuindo-se a estes as funções de defesa da planta como
herbívora, agentes antimicrobianos e aleopáticos (CARDOSO, et al.,2004).
Uso etnomedicinal: Dores espasmódicas, gases ou dispepsia geral. Em tribos
indígenas amazônicas, é utilizada em distúrbios digestivos, como antiparasitário, e
para combater cefaleias e tétano. Nas zonas rurais da Índia, o suco das folhas frescas
é administrado, com sal, nas diarreias. Espasmolítico, antivomitivo, carminativo,
estomáquico e anti-helmíntico, por via oral, e, antibacteriano, antifúngico e antiprurido,
por via tópica.16 Na religião afro-brasileira, esta espécie é utilizada em amacis,
banhos rituais de axé para trazer boa sorte, prosperidade e como atrativo do amor
(SAAD, et al., 2018).
Quanto ao uso oficial, a Mentha piperita L. foi incluída na 1º edição da
Farmacopéia Brasileira (FB) (1929), na atual 5º edição da Farmacopéia Brasileira (FB)
(2010), no Formulário Fitoterápico da Farmacopéia Brasileira (FFFB) (2011), na
Relação de Fitoterápico de Registro Simplificado (RDC 26/2014) e na Relação
Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) (2020). É também uma espécie
recomendada pela OMS e pela EMA (SAAD, et al., 2018).

4 CONCLUSÃO
As plantas sempre estiveram presentes de forma ativa no cotidiano dos seres
humanos, seja ela como fonte de alimento, moradia ou medicamento. Ao longo dos
tempos as plantas medicinais foram deixando de serem usadas, devido a produção
de medicamentos industrializados, mas atualmente os fitoterápicos vem ganhando
força e sendo prescritos com mais frequência devido a naturalidade, porém, mesmo
sendo natural, tem-se seus cuidados.
E uma dessas plantas, é a Mentha piperita L., que é uma planta de folhas com
nervura reticulada, raiz axial, pivotante e, classificada como eudicotiledônea. Tem
como indicação: dispepsia, flatulência, cólica intestinal, distúrbios biliares, enterites,
síndrome do intestino irritável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, M. G., SHAN, A. Y. K. V., PINTO, J. E. B. P., FILHO, N. D., BERTOLUCCI,


S. K. V. Metabólicos Secundários Vegetais: Visão Geral Química e Medicinal.
Universidade Federal de Lavras. 2004.

CECHINEL FILHO, V., ZANCHETT, C. C. Fitoterapia Avançada Uma Abordagem


Química biológica e Nutricional. Porto Alegre. Editora Artmed, 2020.

CUNHA, A. P., ROQUE, O.R., GASPAR, N., 2013. Cultura e Utilização das Plantas
Medicinais e Aromáticas. Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa.

MAIOR, J. F. A. S., SPERRY, A., CID, A. S., RESENDE, C. A. A., ANDRIGHETTI, L.


H. Farmacognosia Aplicada. Porto Alegre. Editora Sagah, 2020.

MONTEIRO, S. C., BRANDELLI, C. L. C. Farmacobotânica Aspectos Teóricos e


Aplicação. Porto Alegre. Editora Artmed, 2017.

MOURA, R. B. Farmacobotânica, Rio de Janeiro. Editora Seses 2017.

SAAD, G.A., LÉDA, P.H.O., SÁ, I.M., SEIXLACK, A.C. Fitoterapia Contemporânea
Tradição e Ciência na Prática Clínica. 2º edição. Rio de Janeiro. Editora Guanabara
Koogan, 2018.

SOUZA, L.D.; MARTÍNEZ, D.G.A. Nutrição Funcional e Fitoterapia. Porto Alegre.


Editora Sagah, 2017.

SIMOÕES, C.M.O., SCHENKEL, E.P., MELLO, J.C.P., MENTZ, L.A., PETROVICK,


P.R. Farmacognosia do Produto Natural ao Medicamento. Porto Alegre. Editora
Artmed, 2017.

WELLER, S., GREEN, R., JANSSEN, C. e WHITFORD, F., 2000. Mint Production
andPest Management in Indiana. Purdue University Cooperative Extension Service,
13 pp. Disponível em: < https://bit.ly/2FiNhX6>

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