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1.

Introdução

O presente trabalho aborda sobre as plantas medicinais em Moçambique, importa referir que as
plantas medicinais são todos os vegetais que contêm na sua estrutura ou em seus órgãos,
substâncias que podem ser terapêuticas e/ou utilizadas como matéria-prima na síntese de
compostos químicos farmacêuticos. O uso de plantas medicinais para além de ser uma prática
milenar, tem apoiado as comunidades no enfrentamento de diversos obstáculos do processo
evolutivo até aos dias actuais, Em Moçambique, as pesquisas relacionadas com plantas
medicinais começaram a apresentar maior expressão nos anos 70, com a criação do Gabinete de
Investigação da Medicina Tradicional no Ministério da Saúde (MISAU), e nas décadas de 80 à
90 com a criação da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique – AMETRAMO.

1.1. Objectivos

 Conhecer as plantas medicinais existentes em Moçambique.

1.1.1. Objectivos específicos

 Identificar as plantas medicinais existentes em Moçambique;


 Descrever as plantas medicinais;
 Explicar a importância de uso de plantas medicinais no tratamento de algumas doenças
em Moçambique.

1.2. Metodologia
2. Plantas medicinais

As plantas medicinais são aquelas que apresentam ação farmacológica, ou seja, ajudam na
cura ou tratamento de várias doenças. As plantas medicinais são usadas há muito tempo por
nossos antepassados e são conhecidas por terem um papel importante na cura e tratamento de
algumas doenças. Em algumas comunidades, essas plantas simbolizam a única forma de
tratamento de determinadas patologias.

As substâncias encontradas nas plantas que permitem a cura ou tratamento de doenças variam de
espécie para espécie e normalmente estão relacionadas com a defesa da planta e com a atração de
polinizadores. Essas substâncias, quando possuem ação farmacológica, dão à planta
a classificação de medicinal.

Dentre as principais substâncias encontradas com ação farmacológica em plantas, podemos


destacar os alcaloides, mucilagens, flavonoides, taninos e óleos essenciais. Os alcaloides atuam
no sistema nervoso central e podem funcionar como calmantes, anestésicos e analgésicos.
As mucilagens possuem poder cicatrizante, laxativo, expectorante, entre outras funções. Já
os flavonoides estão relacionados com a função de anti-inflamatório, anti-hepatotóxico, entre
outras. Os taninos destacam-se pela sua ação adstringente e antimicrobiana. Os óleos essenciais,
por sua vez, têm poder bactericida, cicatrizante, analgésico, relaxante, entre outros.

As plantas medicinais normalmente são utilizadas após a indicação de amigos e familiares, uma
vez que poucos médicos indicam o uso desses produtos. Elas podem ser usadas frescas, logo
após a coleta, ou então secas, dependendo da espécie e de como ela deve ser preparada. O modo
de preparo também varia com a espécie e deve ser avaliado cuidadosamente. Em alguns casos,
por exemplo, utilizar a planta como chá pode fazer com que os efeitos dela se percam.

O uso das plantas medicinais é grande, principalmente em virtude do custo, que é menor que o
dos medicamentos encontrados nas farmácias. Além disso, muitas pessoas utilizam essas plantas
com a falsa ideia de que elas apresentam risco menor quando comparadas aos medicamentos.
Esse é um problema extremamente grave, pois algumas plantas utilizadas tradicionalmente nunca
foram alvo de estudos toxicológicos e, mesmo assim, continuam sendo utilizadas. Além dessa
errônea ideia, há ainda a noção de que seu uso não apresenta riscos porque elas são utilizadas há
centenas de anos e por várias pessoas sem causar nenhum dano.

2.1. Plantas medicinais existentes em Moçambique

1. Capim-cidreira – vulgar Chabaracata


2. Erva-doce
3. Cravo
4. Eucalipto
5. Alho
6. Hortelã
7. Aloe-vera-Barbosa
8. Camomila
9. Arnica
10. Carqueja
11. HYPOXIS SPP. E WARBURGIA SALUTARIS

2.2. Descrição das plantas medicinais

2.2.1. Capim-cidreira

Esta erva de folhas compridas, que lembram o capim, é ótima para preparar um delicioso chá no
final da tarde, mas não só isso! Ela também tem propriedades medicinais e serve como diurético,
controla os gases intestinais, ajuda na digestão e tem efeito calmante.
Figura 1: Capim-cidreira

2.2.2. Carqueja

Esta planta medicinal ainda não foi totalmente explorada e conhecida, mas, até onde se sabe, tem
propriedades muito benéficas ao corpo: é diurética, antianêmica, vermífuga, anti-inflamatória e
purifica o sangue, entre outras características.

Figura 2: Carqueja

2.2.3. Erva-doce

Também conhecida como Anis-verde, é também uma erva medicinal que pode ser usada para má
digestão, gases, dor de barriga ou artrite. Entre suas principais propriedades estão ação
expectorante, um ótimo tônico, cicatrizante, calmante e diurético.
Figura 3: Erva-doce

2.2.4. Cravo

Apesar de ser muito usado na culinária, a especiaria proveniente da Indonésia tem diversas
propriedades medicinais, como antisséptico, cicatrizante, antifúngico, antibacteriano,
antioxidante, analgésico, anti-inflamatório e calmante.

Figura 4: Cravo
2.2.5. Eucalipto

Esta enorme árvore de troncos lisos e altos, é também bastante benéfica. Pode ser usado o óleo
para inalação ou massagem, ou então o chá das folhas. Tem propriedade desinfetante,
expectorante, aromática, descongestionante, expectorante e fortificante.

Figura 5: Eucalipto

2.2.6. Alho

Amado por alguns e odiado por outros, o famoso tempero usado em diversas receitas também é
um ótimo remédio natural – além de ter uma flor incrível!. O alho contém vitaminas A C, B6 e
B1 e os minerais selênio, manganês, ferro, magnésio, fósforo, cobre e potássio. Além disso ele
estimula o ganho de massa magra, fortalece o sistema imunológico, combate resfriados, tem ação
desintoxicante, ajuda a controlar a glicose no sangue, entre outros.
Figura 6: Alho

2.2.7. Aloe-Vera

Muito conhecida como babosa, tem propriedades tanto para a saúde como para a beleza. Além de
servir para hidratar os cabelos e pele, ela também tem propriedades regenerativas e curativas,
sendo uma ótima opção para queimaduras.

Figura 7: Aloe Vera


2.2.8. Arnica

Esta erva das montanhas da Europa foi muito conhecida na medicina ancestral e se perpetuou
através dos séculos, sendo atualmente um fitoterápico muito conhecido. Além da capacidade de
combater contusões, torções, hematomas e processos inflamatórios, é também ótima cicatrizante
e analgésica. Ela pode ser utilizada no pós-operatório, tanto da medicina humana quanto da
veterinária.

Figura 8: Arnica

2.2.9. Camomila

Uma das plantas medicinais mais antigas, é muito usada em infusões. Entre suas principais
propriedades estão alívio de dores de estômago, ajuda a dormir melhor, relaxa os músculos,
ajuda nas cólicas menstruais, combate resfriados e gripes e estimula o sistema imunológico, entre
outros.
Figura 9: Camomila

2.2.10. Hortelã

Esta planta se adapta muito bem a diversas situações, podendo tranquilamente ser cultivada em
um vaso dentro de casa. É bastante resistente e ainda ajuda a aromatizar o espaço. Analgésica,
antisséptica, anti-inflamatória, digestiva, anestésica e expectorante, estão entre as suas principais
propriedades medicinais.

Figura 10: Hortelã


2.2.11. HYPOXIS SPP. E WARBURGIA SALUTARIS

Em Moçambique as espécies Hypoxis hemerocallidea Fisch., C.A.Mey. & Avé-Lall. (batata


africana) e Warburgia salutaris (G.Bertol.) Chiov. (chibaha, pepper-bark tree) estão entre as
plantas medicinais mais procuradas. Enquanto no primeiro caso, a colheita se destina aos grandes
mercados de plantas medicinais, essencialmente na província de Maputo (KROG et al., 2006:
14), no segundo caso, a vizinha África do Sul é frequentemente o destino (VAN WYK &
GERICKE, 2000: p 150).

O comércio transfronteiriço e a procura nas zonas urbanas poderão, portanto, ser uma potencial
ameaça para estas espécies pelo consumo não sustentável. W. salutaris (Fig. 1) é uma árvore que
pertence à família Canellaceae, geralmente com 5 a 10 metros de altura, podendo atingir
ocasionalmente os 20 metros. A casca é castanha e rugosa. As folhas são simples, elípticas ou
lanceoladas, verde-escuras e brilhantes na página superior e pálidas na página inferior, com
inserção em espiral. As flores são brancas ou esverdeadas. O fruto é uma baga esférica.
(COATES-PALGRAVE, 2002: 741).
Figura 11: HYPOXIS SPP. E WARBURGIA SALUTARIS

2.3. Uso de plantas medicinais no tratamento de algumas doenças em moçambicana

Durante séculos, as plantas medicinais foram utilizadas em todo o mundo como fonte exclusiva
de medicamentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das pessoas nos
países em desenvolvimento ainda dependem de plantas medicinais locais para satisfazerem as
suas necessidades primárias de saúde (WHO, 2002:11). Como a maioria dos países africanos,
Moçambique é um repositório importante de diversidade biológica. Esta diversidade é usada por
cerca de 90% da população do país maioritariamente das zonas rurais para satisfazer as suas
necessidades habitacionais, energéticas, alimentares e de saúde (RIBEIRO et al. 2010:1). De
acordo com KROG et al. (2006:2), em Moçambique cerca de 15% do total dos recursos
genéticos vegetais (estimado em cerca de 5. 500 espécies de plantas) são usados pelas
comunidades rurais para fins medicinais e desempenham um papel fundamental nos cuidados de
saúde básicos. Para além do valor medicinal, as plantas medicinais constituem uma fonte de
rendimento para os coletores e vendedores (AVEMETRAMO) (KROG et al., 2006: 2).

As plantas medicinais são consideradas como o principal recurso acessível no tratamento de


doenças por muitas pessoas em todo o mundo e ainda a esperança no tratamento de muitas
enfermidades.

O uso de plantas no tratamento de doenças teve início a muitos séculos, quando os índios
começaram por meio de observações nos hábitos desenvolvidos pelos animais frente a algum
distúrbio em seu organismo. Faziam ingestão de raízes e folhas para combater problemas
intestinais; observavam o rigor físico e agilidade de outros animais que se alimentavam de
algumas sementes e cascas de árvores, associando tais matérias vegetais como estimulante, entre
inúmeros outros hábitos cuidadosamente apreciados.

Assim, os índios foram adquirindo conhecimentos e aperfeiçoando suas habilidades na cura de


doenças empregando plantas. Foram desenvolvendo técnicas de preparo do material vegetal para
que se tornasse mais eficiente no tratamento do mal que o afligia.
O poder medicinal foi sendo descoberto e atribuído às plantas com o passar dos anos e essas
informações foram preservadas por muitos anos passando de geração para geração. Surgiram
assim os raizeiros, pessoas que possuem um grande pool de informações sobre plantas
medicinais, formas de preparo e propriedades farmacológicas. São considerados uma preciosa e
inesgotável fonte de conhecimento para a identificação de plantas raras e fundamentais na
pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos.

O poder de uma planta medicinal é de grande valor no tratamento de doenças, vale lembrar que
grande parte dos medicamentos hoje comercializados em farmácias e drogarias foram
desenvolvidos com o isolamento de princípios ativos. Trabalho esse que iniciou através de relato
de casos de pessoas que utilizam determinada planta para uma enfermidade e obteve resultado
satisfatório ou muitas vezes de forma empírica.
3. Conclusão

Após feito o trabalho conclui-se que durante séculos, as plantas medicinais foram utilizadas em
todo o mundo como fonte exclusiva de medicamentos. Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), 80% das pessoas nos países em desenvolvimento ainda dependem de plantas
medicinais locais para satisfazerem as suas necessidades primárias de saúde. Como a maioria dos
países africanos, Moçambique é um repositório importante de diversidade biológica. Esta
diversidade é usada por cerca de 90% da população do país maioritariamente das zonas rurais
para satisfazer as suas necessidades habitacionais, energéticas, alimentares e de saúde. Em
Moçambique, as plantas medicinais constituem um valioso instrumento da medicina tradicional,
sendo largamente utilizadas nas zonas rurais como principal fonte de medicamentos para os
cuidados de saúde primários. O seu valor socio-cultural é inesgotável e o potencial comercial é
vastamente desconhecido.
4. Referências Bibliográficas

 JANSEN, P. C. M., & MENDES, O. Plantas medicinais seu uso tradicional em


Mocambique. Tomo 2. Instituto Nacional do Licro e do Disco. 1988. 
 ARNOUS, A.H; SANTOS, A.S, BEINNER, R.P.C. Plantas medicinais de uso caseiro –
conhecimento popular e interesse por cultivo; Revista Espaço para a Saúde,
Londrina,.2005;
 AGOSTINHO, A. B. Centro de investigação e de desenvolvimento em etnobotânica:
transformando o conhecimento tradicional em científico. Biodiversidade. 2016.
 COATES-PALGRAVE, M.. Keith Coates Palgrave Trees of Southern Africa, 3 rdedn,
2nd imp. Cape Town. Struik Publishers. 2002
 WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2002. “WHO traditional medicine strategy 2002-
2005”. World Health Organization.

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