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PORTUGUÊS

Ano letivo
2022/2023 TESTE DE COMPREENSÃO ORAL 9º ano

Nome___________________________________________Turma:_____Data____/____/____
Assinatura:_______________________Classificação______________________________________

Leitura
Parte A
Lê o texto seguinte.
Comunicações. O primeiro SMS da história foi enviado há 20 anos, a 3 de dezembro de
1992. Tornou-se um dos mais populares serviços de comunicação de sempre e deverá
continuar a crescer em tráfego e receitas apesar da concorrência de outros meios,
nomeadamente aplicações gratuitas para smartphones. A consultora Informa Telecoms
prevê que os SMS representem 98 mil milhões de euros de receitas em 2016.

SMS FAZ 20 ANOS


A msg q mudou o mundo
Ana Rita Guerra

A única coisa que Neil Papworth queria era testar se o serviço de mensagens escritas
funcionava fora do laboratório. O engenheiro britânico de apenas 22 anos na altura, em
dezembro de 1992, usou um computador pessoal para enviar a mensagem «Feliz Natal»
ao engenheiro da Vodafone Richard Jarvis. O texto apareceu num telefone Orbitel 901 a
5 meio da festa de Natal da operadora no Reino Unido, usando a sua rede GSM.
Um ano depois, em 1993, a Nokia lançou os modelos 2110 que permitiam a troca de
SMS – sigla de Short Message Service – e a operadora finlandesa Radiolinja foi a primeira a
oferecer o serviço, ainda nesse ano. Só muito mais tarde se percebeu quem tinha sido o
inventor da tecnologia, o finlandês Matti Makkonen, que nos anos 70 teve a ideia e a levou
10 às discussões dos standards GSM. Nunca patenteou nada nem recebeu um cêntimo pela
invenção.
Mas a novidade demorou a ser bem-sucedida: em 1995, os clientes de telemóveis
enviavam apenas 0,4 mensagens por mês. Só no início da década de 2000 a adesão às
mensagens curtas se tornou viral, à medida que a tecnologia melhorou e o telemóvel se
15 massificou.
Até hoje, é mantido o limite de caracteres por SMS, algo que foi definido em 1985
por Friedhelm Hillebrand, da Deutsche Telekom. Era um dos engenheiros responsáveis
pela definição de standards GSM nos anos 80 e trabalhou com o francês Bernard
Ghillebaert. Porquê 160 caracteres? A largura da rede analógica era limitada e Hillebrand
20 usou a referência dos caracteres que se podiam escrever num postal ou numa mensagem
de telex. O standard permite 140 bytes de informação e a codificação de sete bytes por
caráter gerou então o limite de 160.
O grande salto do SMS acabou por se dar há dez anos. Em 2002, foram enviados 250 mil
milhões de SMS, de acordo com os dados da consultora Informa Telecoms & Media, e em
25 2012 deverão ser enviados 6,7 biliões de SMS, um aumento de 13,6% face a 2011. A
analista Pamela Clark-Dickson, da Informa, sublinha que existem dúvidas sobre a
sobrevivência do SMS a longo prazo devido às novas tecnologias a que os consumidores
aderiram. «O SMS está a lutar pela sobrevivência em alguns mercados, onde vê o seu papel
de comunicação móvel a ser usurpado por serviços gratuitos como o WhatsApp, iMessage,
Viber, KakaoTalk e Facebook», diz. De facto, o envio de SMS está a diminuir em vários
países, como é o caso da Holanda, da Espanha, da China, da Coreia do Sul e das Filipinas. A
Informa acredita que serão os países emergentes, com pouco acesso a computadores, a
manter o sucesso da invenção.
Diário de Notícias, 1 de dezembro de 2012 (adaptado)
(6 pontos)
1. As afirmações a) a g) baseiam-se em informações do texto «A msg q mudou o mundo».
Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas informações
aparecem no texto. Finaliza a tua sequência com a letra g).
a) O serviço de mensagens de texto corre o risco de ser substituído a longo prazo por
novas tecnologias.
b) O envio de SMS começou por uma experiência de um engenheiro britânico.
c) O criador das mensagens escritas enviadas através de telemóvel é de nacionalidade
finlandesa.
d) O número máximo de caracteres a utilizar em cada SMS mantém-se desde o
surgimento desta forma de comunicação.
e) O primeiro SMS surgiu durante o século XX, na década de noventa.
f) A partir do início do século XXI, generalizou-se o uso do telemóvel.
g) A expedição de SMS apresenta, na atualidade, uma redução em diversos países.

2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1 a 2.4), a única opção que permite obter (6 pontos)
uma afirmação adequada ao sentido do texto.
2.1 Pela leitura do texto, pode afirmar-se que
a) a comunicação por SMS teve um sucesso imediato.
b) a adesão em massa às mensagens escritas através do telemóvel coincidiu com o
aperfeiçoamento da tecnologia.
c) o tráfego de SMS parará de crescer a curto prazo.
d) o SMS está a ser substituído por outros serviços que são disponibilizados pelas
empresas de comunicação, com custos para o consumidor.
2.2 Na frase «A Informa acredita que serão os países emergentes, com pouco acesso a
computadores, a manter o sucesso da invenção.», o vocábulo «emergentes» (linhas 28-29)
poderia ser substituído pela expressãoa) subdesenvolvidos.b) desenvolvidos.
c) em desenvolvimento.
d) estagnados.
2.3 A palavra «Mas» (linha 11) indica que, em relação ao segundo, o terceiro parágrafo
apresenta
a) uma conclusão. c) uma explicação.
b) um acréscimo. d) um contraste.

3. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do (2 pontos)
texto.
a) «que» (linha 1) refere-se a «a única coisa».
b) «que» (linha 6) refere-se a «Nokia».
c) «que» (linha 9) refere-se a «o finlandês Matti Makkonen».
d) «que» (linha 17) refere-se a «caracteres».
Parte B
Lê o excerto do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Em caso de necessidade,
consulta o vocabulário.
Tanto que o Frade foi embarcado, veio ũa Alcouveteira, per nome Brísida Vaz, a qual,
chegando à barca infernal, diz desta maneira:
Brísida Vaz Hou lá da barca, hou lá!
Diabo Quem chama?
Brísida Vaz Brísida Vaz.
Diabo E aguarda-me, rapaz
como nom vem ela já?
5 Companheiro Diz que nom há de vir cá
sem Joana de Valdês1.
Diabo
Entrai vós, e remarês.
Brísida Vaz Nom quero eu entrar lá.

10 Diabo Que sabroso arrecear!


Brísida Vaz No é essa barca que eu cato2.
Diabo E trazês vós muito
fato3?
Brísida Vaz O que me convém levar.
15 Diabo Que é o qu’havês
d’embarcar?
Brísida Vaz Seiscentos virgos postiços4
e três arcas de feitiços
que nom podem mais levar.
Vocabulário
20 Três almários5 de mentir, 1
Santa Joana de Valdês: nome referido
e cinco cofres de enlheos6, anteriormente, o qual correspondera a
e alguns furtos alheos, alguma figura conhecida do público.
assi em joias de vestir,
2
Cato: procuro.
3
Fato: bagagem, como roupa e joias.
guarda-roupa d’encobrir, 4
Virgos postiços: hímenes falsos.
enfim – casa movediça7; 5
Almários: armários.
25
um estrado de cortiça 6
Enlheos: enredos, intrigas.
com dous coxins8 d’encobrir. 7
Casa movediça: casa de armar e
desarmar.
A mor cárrega que é: 8
Coxins: almofadas grandes, para assento.
essas moças que vendia.
9
Mercaderia: mercadoria.
10
Bofé: na verdade.
Daquesta mercaderia9
trago-a eu muito, bofé10!
Diabo Ora ponde aqui o pé…
30 Brísida Vaz Hui! e eu vou pera o Paraíso!
Diabo E quem te dixe a ti isso?
Brísida Vaz Lá hei d’ir desta maré.

Eu sô ũa mártela11 tal,
açoutes tenho levados
35 e tormentos soportados
que ninguém me foi igual.
Se fosse ò fogo infernal,
lá iria todo o mundo!

40
A estoutra barca, cá fundo,
me vou, que é mais real12.

Barqueiro mano, meus olhos,


prancha a Brísida Vaz!
Anjo Eu não sei quem te cá traz…
Brísida Vaz Peço-vo-lo de giolhos13!
Cuidais que trago piolhos,
anjo de Deos, minha rosa?
Eu sô aquela preciosa
que dava as moças14 a molhos,

a que criava as meninas15


pera os cónegos16 da Sé…
Passai-me, por vossa fé,
meu amor, minhas boninas17,
olho de perlinhas finas!
E eu som apostolada,
Vocabulário
angelada e martelada, 11
Mártela: mártir.
e fiz cousas mui divinas18. 12
Mais real: mais bonita, melhor.
13
Giolhos: joelhos.
Santa Úrsula nom converteo 14
Moças: raparigas do povo.
tantas cachopas como eu: 15
Meninas: raparigas burguesas
todas salvas polo meu, (geralmente delicadas e de boa
que nenhũa se perdeo. educação).
16
E prouve Àquele do Céo Cónegos: padres que pertencem a
direção ou administração de uma igreja.
que todas acharam dono. 17
Boninas: flores campestres.
Cuidais que dormia sono? 18
E eu som apostolada, / angelada e
Nem ponto se me perdeo! martelada, / e fiz cousas mui divinas: a
Alcoviteira compara-se aos apóstolos,
Anjo Ora vaiaoslá embarcar,
anjos e aos mártires.
não estês emportunando.
Brísida Vaz Pois estou-vos eu contando
o porque me havês de levar.
Anjo Não cures de emportunar,
que nom podes ir aqui.
Gil Vicente, Auto da barca do Inferno, Fixação do texto a partir das edições seguintes:
As obras de Gil Vicente, dir. cientifica de José Camões, INCM, 2002; Teatro de Gil Vicente,apresentação
e leitura de António José Saraiva, Portugália, s.d.

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