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Noiva no Verão

Anne Gracie
Chance Sisters 4

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

Extremamente independente, Daisy Chance tem um sonho, e não envolve


casamento ou bebês (ou estar sob o controle de qualquer homem). Criada na
pobreza, ela tem paixão, e talento, para fazer roupas bonitas. Daisy pretende se
tornar a melhor costureira de Londres.
O corajoso irlandês Patrick Flynn é rico e ambicioso e entrou na sociedade
para encontrar uma noiva aristocrática. Em vez disso, ele se sente cada vez mais
atraído pela teimosa, inteligente e franca Daisy. Ela está errada em todos os
sentidos, exceto a maneira como ela faz seu coração disparar.
No entanto, quando Flynn propõe casamento, Daisy se recusa. Ela não
desistirá de sua independência duramente conquistada. Além disso, ela não quer
se juntar às belas damas da sociedade, ela quer vesti-las. Ela pode, no entanto,
considerar se tornar a amante secreta de Flynn...
Mas Flynn quer uma esposa, não uma amante, e quando Flynn coloca seu
coração em algo, nada pode ficar em seu caminho...

Revisado e Traduzido do Inglês


Envio do arquivo e Formatação: Cleusa
Revisão Inicial: Cleusa
Revisão Final: Nina
Capa: Elica
Talionis

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo Um
Não é o que dizemos ou pensamos que nos define, mas o que fazemos.
JANE AUSTEN, SENSE AND SENSIBILITY

Londres março de 1817

— Eu posso fazer qualquer coisa com qualquer coisa, mas nem mesmo eu
consigo fazer uma bolsa de seda com a orelha de uma porca em flor! — Daisy
Chance declarou. — Eu nasci na sarjeta, cresci em uma casa de mimos e ganhei
uma perna defeituosa. Eu não pareço uma dama ou falo como uma e não nunca
serei uma dama, então qual é o ponto de...
Lady Beatrice a interrompeu. — Absurdo! Você pode fazer qualquer coisa que
decidir!
Daisy revirou os olhos. — Talvez, mas eu não quero ser uma dama! Quero
ser costureira, e não qualquer costureira. Meu objetivo é me tornar a modista mais
elegante de Londres, da moda para os nobres.
A velha deu de ombros. — Não há razão para que você não possa ser uma
modista e uma dama.
Daisy olhou incrédula para a velha senhora. — Você não tem ideia, não é? O
que é preciso levar...
— Qualquer ideia. É uma ideia.
Daisy revirou os olhos. — Trabalho, isso é o que é preciso, trabalho duro,
trabalho sem fim. Estou trabalhando a cada hora que Deus manda como está, e
mesmo assim eu mal estou conseguindo. Não há tempo para eu andar por aí
fingindo ser uma dama!
— Você é uma dama!
Daisy bufou e Lady Beatrice continuou: — Toda a sua natureza a declara. Por
dentro, você é uma dama, Daisy, leal, amorosa, honesta, sensível às necessidades
dos outros, tudo o que temos a fazer é ensiná-la a ser uma dama por fora também!

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— Que se dane isso, — disse a jovem senhora. — Tirando o fato de que não
tenho tempo para tudo isso, a questão é que não me importo com isso. E não
adianta! Todas as lições do mundo não vão me tornar o tipo de dama que Abby ou
Jane ou Damaris são. Elas nasceram com modos humildes e um jeito doce de falar,
eu nasci na sarjeta e fui criada com violência.
— Educada não criada, e elas foram não nasceram. Mas isso é imaterial...
— Não, não é. Eu tenho uma chance agora, graças a você e Abby e as
meninas, de fazer alguma coisa por mim mesma.
— Sim, uma dama.
— Não, uma modista, ter uma loja própria. Eu quero vestir belas damas, não
as imitar.
Lady Beatrice se endireitou rigidamente. — Comigo conduzindo suas aulas,
não há dúvida de imitar ninguém, e, por favor, não use essa expressão vulgar!
— Sim, bem, eu sou das classes vulgares, eu, e chamo uma pá de pá florida,
mas se isso for muito rude para você, vou dizer diferente, eu não sou uma dama e
não gosto de falsificação.
— Diz a garota que mora na minha casa com um nome falso, — disse a velha
senhora com um ar docemente hipócrita. — E, provavelmente, planejando abrir
seu negócio com o mesmo nome falso.
Daisy ficou boquiaberta. — Você pode dizer isso? Você, que disse mais
mentiras sobre nós do que ninguém? Quem inventou sua própria meia-irmã falsa,
e fez dela uma bastarda, hein? Quem nos reivindicou como sobrinhas quando não
éramos nada disso? Quem inventou toda a bobagem sobre Veneza? Quem... — Ela
se interrompeu. A velha estava rindo. Ela estava orgulhosa de suas mentiras.
Daisy disse com dignidade: — Você sabe perfeitamente bem, só aceitei o
sobrenome Chance por causa de Abby e Jane, elas estavam em perigo.
Lady Beatrice encolheu os ombros. — Eles estavam. No entanto, você ainda
se chama Daisy Chance em vez de, qual era o seu sobrenome, afinal?
— Smith. Mas era apenas um sobrenome que alguém tirou de um chapéu.
Eu sou uma enjeitada, nunca conheci minha mãe ou pai, então meu nome
verdadeiro ninguém sabe.
— Você está saindo do assunto, — disse Lady Beatrice. — Todas as outras
garotas estarão reunidas no andar de cima amanhã à tarde e eu quero você lá.

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— Eu pensei que elas tinham terminado com tudo isso, agora a temporada
começou.
A velha acenou com a mão com desdém. — Elas exigem mais polimento. A
arte suave das relações sociais, conversação, dança e comportamento, não é
natural para todas as mulheres, e Jane tem tendência para brincar, em vez de
dançar. Então, você virá. — Era uma ordem, mas havia um leve tom de incerteza
em sua voz.
Daisy se lançou sobre isso. — Não, tenho muito trabalho a fazer agora para
perder mais tempo com enganação social. — Daisy achava as lições sobre
conversação e comportamento bastante interessantes e imaginou que a reverência
poderia ser útil para seu negócio, mas era só isso. Além disso, Lady Bea continuou
falando sobre aprender a dançar, e isso ela francamente se recusou a fazer.
— Uma ou duas horas não vai doer.
— Posso definir uma manga ou terminar uma bainha em uma hora.
— Pfft! — A velha dispensou a manga e a bainha. — Eu quero você lá e
você deve comparecer.
— Má sorte. Eu não vou.
— Não discutirei com você, Daisy. Você vai aprender o que eu digo que você
deve! Nenhuma sobrinha minha sairá desta casa sabendo menos do que deveria.
Daisy olhou para ela. — Mas eu não sou sua sobrinha e nós duas sabemos
disso. — A velha estava pedindo o impossível e ela sabia, então por que...
A velha senhora olhou de volta, batendo no chão com sua bengala. — As
garotas que vivem sob meu teto fazem o que eu digo a elas!
— Ou o quê? — Daisy exigiu. Houve um curto e tenso silêncio, e ela
acrescentou meio incrédula, — Você está me ameaçando? Falando me para fazer o
que você diz ou sair da sua casa?
O silêncio se estendeu. Daisy sentiu um aperto no estômago. Oh, Deus, seu
temperamento sangrento... q velha senhora tinha todo o direito de jogá-la de volta
na rua...
Lady Beatrice afundou na cadeira com um suspiro. — Oh, não seja ridícula,
criança. Claro que não. Eu posso querer estrangulá-la, e seria perfeitamente
justificado, uma garota teimosa que você é, mas você deve saber que eu te amo
como uma filha, uma filha teimosa e irritante que não sabe o que é bom para ela,

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veja bem, mas isso é bastante comum nas filhas, dizem as mulheres que têm. E as
sobrinhas são claramente problemáticas. Algumas delas, — Ela adicionou com um
olhar redondinho.
Daisy começou a respirar novamente. Lágrimas picaram na parte de trás de
suas pálpebras. Ela as segurou. Ela nunca chorou, mas a declaração da velha
senhora a chocou. Ela sabia que a velha gostava dela, Daisy também gostava muito
dela, mas para dizer em voz alta que amava Daisy. Como uma filha...
Lady Beatrice continuou: — Mas isso não significa que eu não vou ameaçar,
intimidar, bajular, chantagear e insistir totalmente em que você faça algumas
coisas que não quer fazer. — Ela deu a Daisy um olhar severo. — Porque é isso que
mães e tias fazem, se elas têm algum bom senso.
Ela ergueu o lornhão e fixou um olho horrivelmente dilatado em Daisy. —
Então, senhorita, você vai assistir a esta lição, se eu tiver que buscar Featherby e
William para carregá-la até lá, chutando e gritando.
Não fazia sentido continuar a discussão, decidiu Daisy. Elas ficavam dando
voltas e mais voltas, como duas velhas boxeadoras em um ringue, sem progredir e
apenas ficando cansadas. E chateadas. — Tudo bem, vou pensar sobre isso, — Ela
disse no que esperava ser uma voz convincente.
Quando chegasse a hora da aula, ela trancaria a porta. William e Featherby
a quebrariam com dificuldade.
A velha senhora inclinou graciosamente a cabeça. — Estou feliz em ver que
você finalmente está falando com bom senso. Você achará essas lições
inestimáveis.
— Eu ainda digo que você não pode fazer uma bolsa de seda com uma...
— Pare de dizer isso, Daisy! Se você é a orelha de uma porca, o que, por favor,
como sua tia, isso me torna?
Os lábios de Daisy se contraíram enquanto ela lutava contra um sorriso.
— Não se atreva a dizer isso, sua garota atroz! — Lady Beatrice jogou um
leque nela e errou. E então ela começou a rir. A própria risada de Daisy explodiu
ao mesmo tempo.
Depois de alguns minutos, Lady Beatrice se recostou na cadeira, enxugando
os olhos com um pedaço de renda. — Garota terrível, terrível! Recuso-me a ser tia
da orelha de uma porca!

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— Não posso escolher seus parentes, — disse Daisy com um sorriso. Ela
pegou o leque, colocou-o sobre uma mesa lateral e se levantou para sair.
— Absurdo! Eu faço o tempo todo. É perfeitamente simples de fazer e muito
mais satisfatório, mesmo quando são impossíveis. — Lady Beatrice lançou-lhe um
olhar especulativo. — Então, lá em cima, amanhã à tarde às quatro.
— Vou ver como estou de costura. — Pode haver algum trabalho que ela
possa levar com ela.
— Costura, — disse Lady Beatrice, enfatizando o o. — Não troque as vogais.
Daisy lançou-lhe um olhar de basilisco. — Aquele seu amigo, Sir Oswald
Merridew, ele sempre troca os sons.
— Sim, mas de uma maneira aristocrática e elegante.
— Então é assim que vou usar o meu, — disse Daisy com um sorriso.
Lady Beatrice jogou o lenço nela. — Garota impossível! — Mas ela estava
tentando não sorrir.
Daisy pegou o lenço e devolveu-o ao sair. Quando ela fechou a porta, as
palavras vadias teimosas flutuaram atrás dela.
&&&&
Daisy subiu as escadas, sentindo-se abalada. Seu temperamento explosivo,
ela praticamente desafiou Lady Bea a jogá-la na rua, e então onde isso a levaria? De
volta onde ela começou, é onde, sem-teto e sem amigos e com apenas dois centavos
para esfregar.
Oh, Abby ou Damaris iriam recebê-la, ela sabia disso, mas ela nunca tinha
sido o caso de caridade de ninguém, e ela não ia começar agora.
Além disso, ela amava Lady Bea e não gostava de incomodá-la. Mesmo que a
velha senhora tivesse essa ideia maluca de transformar Daisy em uma dama.
O problema era que Daisy estava muito cansada. Ela acordava todas as
manhãs de madrugada, revirando e revirando os mesmos problemas como uma
batedeira de manteiga na cabeça, o trabalho que tinha que fazer, as promessas que
tinha feito, o dinheiro que não tinha...
Ela desistiu de tentar voltar a dormir. Em vez disso, começou a se levantar
no escuro, agradecendo que a casa de Lady Bea fosse equipada com a maravilha
da iluminação a gás.
Melhor trabalhar do que se preocupar.
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Mas agora aqui estava ela, explodindo com a menor provocação, perdendo a
paciência com as pessoas de quem ela mais se importava.
Você deve saber que te amo como uma filha...
Um nó veio à sua garganta. Ninguém nunca a amou como uma filha.
Ninguém jamais amou Daisy, não antes de conhecer Abby, Damaris e Jane,
não de verdade. Oh, houve declarações em seu passado, mas provaram ser falsas.
Os homens eram mentirosos e trapaceiros, pelo menos eram para uma garota
sozinha, sem nada a oferecer exceto ela mesma.
E ela pensava que a Sra. B. se importava com ela como uma filha, mas
quando chegou a hora... não, Daisy tinha aprendido a lição jovem: nesta vida, você
estava sozinho.
Mas mesmo quando as coisas ficaram tão desesperadas com Abby e Jane,
elas não largaram Damaris e Daisy, o que teria sido a coisa prática a fazer, elas
não eram parentes. Em vez disso, juraram ficar ainda mais unidas e se tornaram
irmãs.
Daisy ainda não havia superado a maravilha daquilo.
E então elas se mudaram para a casa de Lady Beatrice, a filha de um conde,
uma verdadeira e digna senhora de sangue azul, não importando em que estado
ela estava no momento, e ela as reivindicou como suas sobrinhas.
Lady Beatrice foi a melhor coisa que já aconteceu a qualquer uma delas.
Mesmo assim, a velha senhora tinha um verme no cérebro. Um cego poderia
dizer que Daisy nunca daria qualquer tipo de dama elegante, mesmo se ela
quisesse, o que ela realmente não queria! Mas a velha ouvia?
Daisy não tinha ilusões sobre si mesma. Ela era uma pequena menina de
rua londrina com uma perna vacilante e uma boca suja, embora estivesse
trabalhando nos palavrões e sua gramática. Mas ela adorava roupas bonitas e,
louvado seja! Ela era boa em confeccioná-las.
Ela ia ser alguém, e ia fazer tudo sozinha: Daisy Chance, a costureira dos
aristocratas, com uma loja e um negócio só dela. Esse era seu sonho, e estava com
tanta fome que quase podia sentir o gosto.
Ela teve sua oficina. Quando ela veio morar com Lady Bea pela primeira vez,
tinha sido seu quarto, a primeira vez em sua vida ela teve um quarto só para ela,

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mas gradualmente sua costura o tomou e elas empurraram sua cama para o quarto
de Jane e substituiu-a por uma grande mesa velha.
Era um quarto grande e espaçoso e, em um dia claro, era inundado por luz
natural. A luz era preciosa para uma costureira. Agora havia roupas, tecidos e
pedaços de tranças e rendas espalhados por toda parte.
Daisy adorava entrar neste quarto, sua caverna de beleza. Evidência visível
de seu sonho se tornando realidade. Isso era o que importava. Este era o seu
futuro, não uma ideia maluca de transformá-la em uma má imitação de uma dama.
Daisy enfiou a linha na agulha e pegou o vestido em que estava trabalhando.
Ela tinha uma longa lista de coisas a fazer. A temporada já havia começado, mas
seu trabalho apenas se intensificou. Mais dois vestidos de baile para terminar,
felizmente eles não eram tão complicados quanto o que ela fizera para o primeiro
baile de Jane, e então mais três vestidos matinais, Deus, mas a nobreza gostava
de roupas, e um novo casaco para cortar.
A fantasia de pastora de Jane para o baile de máscaras da semana que vem
estava pendurada na porta. Daisy havia alterado um vestido velho de Lady Bea e
ele tinha ficado lindo. Perfeito para uma fantasia de usar uma vez só. Economizou
um monte de tempo.
Mas… tantos pedidos, tantas promessas que ela fez.
Oh, Lady Bea tinha emprestado Polly e Ginny a Daisy, suas criadas, costurar
para ela todas as tardes. E Jane, Abby e Damaris sabiam sobre o sonho de Daisy
e fizeram o que puderam para ajudar.
Mas Abby e Damaris eram senhoras casadas agora, e Jane tinha feito
sua aparição e foi prometida, se não oficialmente prometida, e era seu trabalho
agora comparecer a tantas ocasiões sociais quanto pudesse e se estabelecer como
um membro da sociedade. Todas as meninas tinham outras responsabilidades. E
eram elas usando roupas feitas por Daisy para eventos sofisticados da sociedade
que era o motivo de ela ter tantos pedidos agora, então ela não iria reclamar.
Daisy costurava cada minuto que Deus enviava, e muito mais. Mas ainda
não era o suficiente.
Ela tentou aumentar os preços, citando preços ridículos, apenas para
desanimar e desacelerar um pouco as coisas, mas isso só deixou algumas
mulheres mais determinadas do que nunca a ter uma das criações de Daisy.

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Os ricos eram loucos. Mas essa loucura iria tornar Daisy rica e famosa.
Eventualmente.
Se ela pudesse fazer as roupas mais rápidas. Mas como? Ela mal conseguia
sobreviver, pagava um pouco a Polly e Ginny sempre que podia, além do que Lady
Bea pagava a elas, mas não havia dinheiro extra para empregar mais ninguém.
Conseguir tecido não era problema, Max e Freddy, seus cunhados, eram
donos de uma empresa de importação de seda, mas coisas como rendas e enfeites
elegantes custam dinheiro, e os comerciantes não entregariam as mercadorias a
menos que ela pagasse.
E os aristocratas podem ser ricos, mas demoram muito para pagar.
Seus pensamentos giravam e giravam, revolvendo os problemas
repetidamente em sua mente e, como sempre, a única solução que Daisy poderia
encontrar era trabalhar mais duro. E mais. E mais rápido.
Sua agulha voou.
&&&&
Algum tempo depois, uma batida soou na porta de Daisy. Ela olhou para
cima e viu o mordomo de Lady Beatrice, Featherby, parado na porta.
— O quê? — Olhou com desconfiança para ele. — Se você veio me arrastar...
Ele parecia ligeiramente chocado. — Não tenho intenção de arrastar você
para lugar nenhum, Srta. Daisy. Eu só queria uma palavra tranquila. Posso
entrar?
Ela suspirou. — Entre então, Sr. F... e não me chame de Srta. Daisy. Não
quando estamos sozinhos. Não esqueci, se todos nesta casa florescente, como
todos nós nos conhecemos, eu, Abby, Jane, Damaris e você e William.
— Eu não esqueci, — Featherby disse suavemente, fechando a porta atrás
dele. — Eu pensei que talvez você tivesse.
Ela olhou para ele. — O que quer dizer? É claro que eu me lembro. — Ela
deu um tapinha no assento ao lado dela em um convite. — Estávamos no sótão
daquele lugar meio destruído que ia ser derrubado, e você e William estavam
morando lá embaixo.
Featherby se sentou com um suspiro reminiscente. — Todos nós vivendo à
beira do desastre.
— Sim, mas...
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— William era um lutador de boxe envelhecido e quebrado, sendo triturado


até virar picadinho por alguns xelins, e eu era um mordomo desgraçado, despedido
sem caráter por estar embriagado.
— Embriaguez? — Daisy lançou-lhe um olhar surpreso. — Mas eu nunca vi
você tocar nem em uma gota.
— Não agora, eu não toco. Mas foi pura sorte — Ele sorriu — chance, se
quiserem, que vocês meninas precisassem de nossa ajuda naquele dia. E Lady
Beatrice acolheu William e eu, assim como vocês, meninas. Ele deu a ela um olhar
longo e firme. — Estamos seguros agora, ou tão seguros quanto qualquer
empregado de um empregador idoso pode estar, e não temos intenção de arriscar
nossa posição.
Daisy franziu os olhos. — Você está dizendo que estou ameaçando sua
segurança?
— Não, de jeito nenhum, — Featherby disse suavemente. — Mas... e digo isso
com base em nosso conhecimento anterior, e não como mordomo, ou não apenas
como mordomo, faça o que a velha senhora quer, Daisy.
— Mas é estúpido...
— Faça isto de qualquer maneira. É importante para ela que ela lhe ensine
todas as coisas que uma senhora precisa saber.
Daisy revirou os olhos. Quantas vezes mais ela teve que dizer isso. — Mas eu
nunca vou...
— Faça assim mesmo, — Featherby repetiu. — Porque você a ama. Porque
ela te ama.
Daisy ficou em silêncio por um momento. Muita conversa sobre amor voando
por aí esta manhã. Ela não estava acostumada a isso. Não tinha ideia de como lidar
com isso.
Ela franziu a testa, considerando suas palavras. Ela amava a velha senhora,
ela amava. Mas... ela gesticulou para as pilhas de roupas em vários estágios de
construção. — Olhe para tudo isso, Featherby. Não tenho tempo para perder me
carregando sem um bom motivo.
— Arranje tempo.
— E como o trabalho é feito, hein?

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Featherby encolheu os ombros. — Encontre outra maneira. Você é talentosa,


inteligente e engenhosa. E você é jovem. Você tem todo o seu futuro pela frente,
Daisy. — Ele baixou a voz para dar ênfase. — Lady Beatrice não. Ela está velha. E
seja qual for o motivo, é isso que ela quer para você.
— Ela mandou você aqui para me convencer a...?
Featherby parecia ligeiramente ofendido. — Não, ela não tem ideia. Procurei
você como amigo, não como mordomo.
Daisy acreditou nele. Ela assentiu, apaziguada.
Featherby esperou um momento, então continuou: — Lady Beatrice é a razão
pela qual nenhum de nós ainda está vivendo em uma favela decadente, vivendo na
sarjeta. Ela é a razão de você ter esse futuro promissor pelo qual está trabalhando
tanto.
Houve um longo silêncio. — Você está dizendo que eu devo a ela.
Featherby fez um gesto evasivo. — A decisão é tua.
Daisy deu um suspiro. — Eu sei. — Ela hesitou, esfregando um dedo para
frente e para trás ao longo da costura de sua saia, então murmurou. — Mas me
sinto uma idiota, Sr. Featherby, andando por aí praticando fazendo reverência com
minha perna atrapalhada, quanto mais tentando dançar.
— Eu sei, — Ele disse suavemente. Um leve sorriso cruzou seus traços
normalmente impassíveis. — Você deveria ter ouvido William na primeira vez que
ele vestiu libré de lacaio.
Daisy ergueu os olhos. — Ele não gostou?
O sorriso de Featherby se alargou. — Ele detestou. Jurou que não iria
ficar todo amarrado como um ganso de Natal.
Daisy riu. William grande e rude não era o mais suave dos lacaios.
— Mas ele se acostumou com isso e encontrou uma maneira de tornar o seu
papel, — concluiu Featherby. — E você também, Daisy. Você pode fazer qualquer
coisa que quiser.
Provando, Daisy pensou, que ele tinha ouvido toda a discussão entre ela e
Lady Bea. Ainda assim, Featherby não costumava dizer coisas que não queria
dizer. — Você acha que sim?
— Eu sei disso. Então, você vai assistir à aula amanhã?

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Daisy suspirou. — Você sabe que eu vou. Você me fez sentir tão grande. —
Ela fez um gesto com o polegar e o indicador.
Featherby deu a ela um sorriso de aprovação. — Minha querida, nunca pense
que eu pretendia diminuí-la de alguma forma. Você, todas vocês, meninas, têm os
maiores corações do mundo. — Ele hesitou, depois acrescentou com uma voz
ligeiramente rouca: — Lady Beatrice e suas irmãs não são as únicas que a amam,
sabe. Eu nunca tive filhos...
Daisy piscou e um nó se formou em sua garganta. Featherby era um
mordomo tão perfeito que era fácil esquecer que era um homem com seus próprios
pensamentos e sentimentos íntimos. Ela abriu a boca para dizer algo, mas ele
limpou a garganta e se levantou, e de repente ele não era mais o amigo gentil que
acabara de privá-la do poder de falar, mas um mordomo muito digno cujo rosto
nunca expressava emoção de qualquer tipo.
Ele se moveu em direção à porta.
— Senhor. Featherby.
Ele parou e olhou para ela, uma sobrancelha levantada.
— Você gosta de ser mordomo? — Ela nunca se perguntou isso antes, tinha
tomado isso como certo. Mas agora ela estava curiosa.
Por um segundo ela pensou que ele não fosse responder, mas então ele disse:
— Lembra-se da situação quando nos juntamos a Lady Beatrice, a bagunça em
que ela estava, a desordem, a sujeira, o caos e o desconforto?
Daisy acenou com a cabeça. Ela realmente lembrava.
O lugar era um chiqueiro e Lady Beatrice acamada e indefesa.
— Agora, por minha causa, esta casa funciona como um relógio perfeito,
perfeita e invisível. — Então Featherby sorriu, sorriu positivamente. — Eu gosto
de ser mordomo, Daisy? — Ele fez uma reverência que combinava graça, dignidade
e um justo grau de triunfo. — Eu amo isso! Eu estou para mordomo o que você é
para costura, simplesmente o melhor que existe. Na verdade, embora eu hesite em
me gabar, regularmente recebo ofertas grandes... digamos, estímulos, eu não devo
chamá-los suborno, para trabalhar para outras senhoras e senhores. — Ele torceu
o nariz fastidiosamente.
Os olhos de Daisy se arregalaram. — O quê? Quer dizer que as pessoas estão
tentando roubar você de Lady Bea? Você não está tentado, está?

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Featherby se refez com orgulho. — Nem por um instante. William e eu nunca


deixaremos Lady Beatrice. Nunca! Não enquanto eu tiver respiração em meu corpo.
Daisy assentiu. Ela também se sentia assim em relação à velha.
— Estou feliz por termos chegado a um acordo, senhorita.
Daisy encolheu os ombros. Ela levaria sua costura com ela para as aulas, ela
sabia costurar e também ouvir. — Eu não vou dançar, no entanto, — Ela o chamou
assim que a porta estava fechando. — Você não vai me colocar em nenhuma
sangrenta, er, sangrenta pista de dança.

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Capítulo dois
É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuindo
uma boa fortuna, deve estar precisando de uma esposa.
JANE AUSTEN, PRIDE AND PREJUDICE

Patrick Flynn saltou levemente da carruagem alugada, instruiu o motorista


a esperar e tocou a campainha da casa de Lady Beatrice em Berkeley Square.
— Bom dia, Featherby, — Ele cumprimentou o mordomo familiarmente.
Quando Flynn chegou a Londres, conhecendo apenas Max, o parceiro de negócios
de Flynn e sobrinho de Lady Beatrice, a velha senhora o convidou para ficar.
Ele passou suas primeiras semanas morando aqui e isso o colocou exatamente no
caminho que queria.
— Srta. Daisy está pronta, não é? — Flynn perguntou. Ainda era muito cedo,
mas ele havia enviado uma nota na noite anterior. Eles haviam recebido a notícia
de que um de seus navios transportando uma carga especial de sedas deveria
atracar esta manhã. Como Daisy estava fazendo roupas para a esposa de Max,
Abby e suas outras duas irmãs, Max queria que ele desse a Daisy a primeira
escolha.
— Não exatamente, senhor, mas tenho certeza de que ela não vai demorar.
Enquanto isso, pego seu casaco e seu chapéu, e se você quiser, pode esperar...
Flynn não se importou em esperar, mas não tinha escolha. As mulheres
estavam invariavelmente atrasadas.
Quando o mordomo pegou o sobretudo de Flynn, sua expressão tornou-
se mais do que o normal em branco. Flynn sorriu para a dor fingida de Featherby,
alheio, e acariciou seu colete.
Featherby não aprovava os coletes coloridos de Flynn. Ele não era o único.
Quando Flynn assumiu os apartamentos de solteiro de Freddy Hyphen-Hyphen,
ele também contratou seu valete, Tibbins. Tibbins desprezava franca e
abertamente os coletes extravagantes e tentava em todas as oportunidades
convencer seu mestre a se livrar deles.

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Flynn não se importava nem um estalar de dedos com as opiniões de seu


valete, ou de qualquer outra pessoa. Ele não gostava da atual fascinação inglesa
por vestir um homem como um fim de semana chuvoso no País de Gales, Flynn
gostava de um pouco de cor.
Ele entrou na sociedade londrina com o objetivo de encontrar uma senhora
elegante para se casar, e cabeças mais sábias e elegantes, bem, Freddy Hyphen-
Hyphen, que era um raminho elegante, o persuadira a se vestir de maneira mais
convencional, por enquanto, pelo menos.
Hoje, nem mesmo um árbitro da moda como Hyphen-Hyphen poderia
encontrar falhas nos imaculados calções de pele de gamo moldados suavemente
sobre as coxas de Flynn, suas botas pretas altamente polidas, sua camisa de linho
fina com gola alta engomada, a gravata elegantemente amarrada e casaco azul
escuro feito sob medida para ele pelo exclusivo Weston, feito sob medida para os
cavalheiros da alta sociedade.
Não, Flynn estaria completamente acabado, um tom muito opaco, em sua
opinião, exceto pelo colete, que não fora feito para ele por nenhum alfaiate de
cavalheiro.
O colete de hoje era uma confusão de tigres chineses bordados em preto e
amarelo em um pano de fundo de seda azul e escarlate. Seus olhos eram pequenos
cristais que cintilavam verdes ou vermelhos quando ele se movia.
Ele tinha meia dúzia desses coletes de cores vivas, a maioria feitos de
bordados chineses ou indianos e todos feitos pela Srta. Daisy Chance, que cobrou
de Flynn um preço exorbitante pelo privilégio, com um sorriso atrevido que quase
admitiu que era um roubo à vista.
— Diga à moça para sacudir uma perna, sim, Featherby?
Featherby inclinou uma cabeça régia. — Vou informar a jovem senhora,
senhor. Nesse ínterim, Lady Beatrice, tenho certeza, ficaria encantada em entretê-
lo. Ela está na sala da frente. — Com um gesto imperioso de sua mão, Featherby
indicou a sala. — Vou pedir chá.
— Oh, mas eu não tenho...
Mas o mordomo tinha ido embora, maldito seja, desaparecendo pela porta
verde que levava ao domínio dos criados. Com um suspiro, Flynn caminhou para
a sala, já meio arrependido de ter concordado em levar Daisy com ele.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Não que Flynn se importasse com a companhia de Daisy, ele gostava muito
da garota, era justo... ele preferia inspecionar sua carga por conta própria. Era um
pequeno ritual privado de que desfrutava cada vez que um de seus navios atracava,
encontrando-se com o capitão, examinando o manifesto de carga, vasculhando em
silêncio as várias provisões e pacotes, caixas e os itens embrulhados exoticamente
e decidindo o que faria com todos eles.
Era um lembrete de quão longe ele tinha vindo, um pequeno e privado... tudo
bem, sim, um pequeno regalo particular.
Flynn sorriu para si mesmo. E talvez nem sempre tão pequeno.
Negociar estava em seu sangue. Nunca soube com antecedência exatamente
o que seus capitães poderiam trazer. Oh, havia a carga de pão com manteiga, sedas
e chá e especiarias e sei lá o quê, dependendo de onde o navio estava negociando,
mas ele encorajou todos os seus capitães a ficarem atentos a qualquer coisa
especial e incomum.
Os ricos estavam dispostos a pagar generosamente pelo raro e exclusivo.
E esse navio em particular era o Derry Lass, cujo capitão, McKenzie, viajava
com sua esposa, Mai-Lin, que era uma comerciante nata dos dois lados de sua
herança, os escoceses e os chineses. Ela nunca deixou de surpreendê-lo com
algum item raro e bonito. E além das sedas, tinha faro para o jade fino. Flynn
coletava jade.
Ainda assim, se ele tivesse que levar um estranho junto com ele, e uma
mulher nisso, Daisy era uma boa escolha. Ela tinha olho para qualidade, aquela
garota, e um talento especial para saber o tipo de coisas que as mulheres, e,
portanto, os comerciantes, comprariam.
Ele bateu na porta da sala e entrou.
A viúva Lady Davenham, que preferia ser tratada como Lady Beatrice, o título
com o qual nascera, estava sentada em uma poltrona estofada, as saias arrumadas
ao redor dela como as vestes de uma rainha, folheando as páginas de um jornal
ilustrado em uma moda entediada. Ela olhou para cima e se iluminou.
— Senhor. Flynn, meu rapaz, entre, entre. Exatamente o homem que eu
queria ver. Estou entediada de morte com a companhia de mulheres! Oh, não
minhas queridas garotas, você me conhece melhor do que isso, mas visitantes
matinais, e quando ouvi a campainha agora mesmo, pensei que você devia ser um

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deles, embora seja um horário ridiculamente cedo para visitas matinais e ninguém
com a menor pretensão à moda daria uma visita matinal antes do meio-dia,
embora, é claro, seja um assunto bem diferente com um cavalheiro visitante,
especialmente um bonito como você. Você é bem-vindo a qualquer momento.
Ela ergueu o lornhão e passou o olhar sobre ele, demorando-se no ajuste das
calças de pele de gamo. — Você parece estar em ótima forma, querido menino. Eu
gosto dessas calças. Muitos homens simplesmente não têm os meios para encher
um par de calças corretamente.
Flynn escondeu um sorriso. Ele tinha certeza de que sabia o que ela queria
dizer com os meios. Ela era um pássaro velho ultrajante.
Finalmente, ela arrastou o olhar até seu rosto e sorriu para ele. — Então, o
que o traz aqui, você quer um pouco de chá? Claro que sim, basta puxar o botão
do sino, sim e, oh, aqui estão William e Featherby com o chá. Sincronismo perfeito
como sempre, Featherby. Sente-se, querido menino, onde eu possa vê-lo. — Ela
gesticulou graciosamente.
Flynn se sentou.
O lacaio, William, pousou a bandeja de chá. Featherby serviu enquanto
William servia um prato de deliciosos bolos e biscoitos. Enquanto Featherby
entregava a Flynn sua xícara de chá, ele disse: — Cumprimentos da Srta. Daisy,
senhor. Ela está se trocando agora e descerá em um instante.
As sobrancelhas de Lady Beatrice se ergueram. — Será que ela vai mesmo?
Isso fará uma mudança. Você está honrado, Sr. Flynn. A Garota miserável quase
nunca nos agrada com sua companhia atualmente. Não para meras ocasiões
sociais. — Ela bufou.
— Oh? E por que seria isso?
Ela acenou com a mão desdenhosa. — Pura teimosia.
O lacaio e o mordomo se retiraram. Lady Beatrice bebeu um gole de chá,
pegou um bolo de amêndoa rosa gelado e disse: — Agora, querido menino, diga-
me, como está indo sua busca matrimonial?
— Bem o suficiente, obrigado, minha senhora. — Ele pegou um biscoito de
gengibre, pensou em mergulhá-lo em sua xícara de chá, refletiu que a prática era
desaprovada em círculos elegantes e, em vez disso, o mastigou em duas
mordidas. Ele engoliu com um gole de chá. O gengibre era bom e picante, o chá

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fraco como água. Ele preferia chá indiano, por mais forte que pudesse vir. Lady
Beatrice invariavelmente bebia Chinês.
Ela ergueu o lornhão e disse bruscamente: — Bem o suficiente? O que
significa 'bem o suficiente'? Você encontrou uma jovem adequada ou não? Quem
você conheceu até agora? Como está indo?
Flynn pegou outro biscoito. — Excelentes nozes de gengibre, milady. Meus
cumprimentos a sua cozinheira.
Lady Beatrice estava sempre tentando roubar informações de Flynn a
respeito de seus planos e de qualquer namoro em potencial que ele pudesse estar
considerando. Desde que ela o conheceu, a velha senhora estava morrendo de
vontade de combiná-lo, e ele estava grato por suas apresentações. Mas ele sempre
seguiu seu próprio curso e preferia seguir seu próprio conselho até tomar uma
decisão final.
Sua relutância em discutir o assunto em detalhes levava a velha senhora à
loucura. E para ser honesto, Flynn gostava de provocá-la.
Ela olhou para ele estreitamente. — Descobrindo que você mirou muito alto,
não é? Eu avisei você. Um capitão do mar de origem humilde, sem educação,
irlandês, e católico romano para completar! — Ela balançou a cabeça.
— Decidido, milady, e embora tudo o que você diga seja verdade, não acredito
que esteja alto demais — Flynn disse suavemente. Ele estava confortável em sua
própria pele e conhecia seu próprio valor. — Eu também sou rico, um homem que
se fez sozinho, com uma frota de navios e um império comercial que se estende
daqui até os quatro cantos da terra.
Lady Beatrice fungou. — Dinheiro adquirido no comércio.
Flynn sorriu, sem se deixar enganar pelo tom depreciativo dela. — Sim,
senhora, muito dinheiro nojento e vulgar à minha disposição, que a pobre moça
que consente em se tornar minha esposa terá que me deixar gastar. Vai ser um
fardo terrível para ela, estou pensando.
Os lábios finamente pintados de Lady Beatrice se contraíram. — Sem dúvida.
A modéstia não é uma das suas virtudes, é o Sr. Flynn.
Flynn encolheu os ombros. Ele nunca tinha visto o ponto de esconder sua
luz sob um alqueire.

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Ela pegou uma massa delicada com um bojo de creme e mordiscou-a,


pensativo. — Max e Freddy apresentaram a você um número de perspectivas
prováveis, eu sei. Assim como eu mesma. Mas a temporada apenas começou.
Não perca as esperanças ainda, querido garoto, há muitas garotas elegíveis...
— Oh, estou de olho em uma garota provável, — Ele disse imprudentemente.
Ele tinha praticamente se decidido por Lady Elizabeth Compton, a filha do
Conde de Compton. Lady Elizabeth parecia ser tudo o que ele queria em uma
esposa, sangue azul, linda, jovem, mas não muito jovem e, pelo que Flynn poderia
dizer, de natureza doce. A única filha de um conde empobrecido, seu pai sutilmente
indicou que não tinha objeções a um católico irlandês exagerado, contanto que sua
fortuna fosse grande o suficiente, e a de Flynn era.
— Você já? — Lady Beatrice se inclinou para frente, seu nariz aristocrático
romano praticamente trêmulo, como um cão que cheira a uma lebre. — A melhor
jovem de Londres, você me disse que queria. Esta garota é uma senhora, presumo?
— Na ponta dos dedos, com um pedigree tão longo quanto o seu braço.
— Quem é ela então? Eu a conheço?
Flynn balançou a cabeça. — Nada está resolvido ainda.
— Sei como manter minha boca fechada, se é isso que está te preocupando,
— Ela disse asperamente.
— Com certeza, senhora, — Ele disse de uma maneira calculada
para acalmar suas penas eriçadas. — Mas eu sou um pouco supersticioso sobre
falar antes de qualquer providência ser feita. Assim que as coisas estiverem
resolvidas, eu prometo a você, você será a primeira a saber. Estou muito grato pela
apresentação.
— Oh o! — Lady Beatrice deixou sua xícara de chá de lado, ergueu seu
lornhão e se inclinou para frente. — Então eu apresentei a garota, não foi? Qual é,
então? É isso...
— Não pretendo discutir isso, milady — Flynn disse com firmeza. Ele estava
grato pelas apresentações a vários membros da alta sociedade que Lady Beatrice e
Max haviam feito, mas não tinha intenção de deixar a velha, bem-intencionada
como era, supervisionar seu namoro. Ou tagarelar antes mesmo de falar com a
garota.

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Ela não percebeu e começou a recitar nomes, seu olhar redondinho,


intensificado por seu lornhão, focado intensamente nele. — É a senhorita
Harrington? Ou a garota Grainger, esqueci o nome, a bonita, com o cabelo infeliz?
Não? E a garota Sherry, Marianne? Um dente um pouco comprido, mas ainda
perfeitamente elegível. Não? Hmm, deixe-me pensar, a quem mais eu te apresentei?
Flynn poderia jurar que não moveu um músculo, então como diabos a velha
senhora sabia que não era nenhuma das garotas que ela listou? Freddy Hyphen-
Hyphen afirmou que a velha senhora era algum tipo de bruxa que lê mentes, e do
jeito que ela estava indo, uma distração estava em ordem.
— Pode ser a filha de um duque, — Ele confidenciou, — E isso é tudo que
vou dizer. Eu não gostaria que isso vazasse. — Ele pegou uma terceira noz de
gengibre e a mastigou. Deixe a velha meditar sobre aquele pequeno arenque
vermelho.
— Garota de duque? — Sua sobrancelha se franziu. — Não há muitos dessas
deixadas na prateleira, e nenhuma que eu saiba que será lançada nesta temporada,
também. Ela fez sua apresentação, está garota, não é?
— Aí sim. — Flynn deu um gole no chá e manteve o rosto sério.
— A única garota de duque que eu posso pensar, a única solteira, isto é, é
Lady Pamela Girtle-Bute. Mas é claro que não poderia ser ela.
Flynn se inclinou para frente com o que esperava ser uma expressão ingênua.
— Por que não?
— Pammy Girtle-Bute? — A velha bufou. — Garota assustadora! Muito além
de suas orações e não é de admirar. Sem olhar para falar, um barril perfeito de
uma garota, e aqueles dentes!! E um aborrecimento destruidor, para inicializar.
Mantém uma conversa como se ela fosse a única pessoa na sala, não consegue se
calar, e alto. Até os surdos ficam surdos. Acrescente a isso sua propensão para
criar ratos de estimação, sabe, ela levou um uma vez para uma bola, carregou-o
em sua bolsa, a criatura miserável saiu, é claro, você deveria ter ouvido a
comoção! E o cheiro... — Lady Beatrice colocou a mão na frente do nariz. — Não,
um homem teria que estar mais do que desesperado para escolher Pammy Girtle-
Bute.
— Oh. — Flynn tomou um gole de chá com ar abatido. — Lamento que você
pense assim.

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A velha ficou rígida. — Você não pode estar falando sério! Não Pammy Girtle-
Bute!
Ele encolheu os ombros. — Ela é filha de um duque.
— Mas ela é totalmente atroz! Você não pode...
— Não quero discutir isso, — disse Flynn virtuosamente.
— Mas você não pode...
— Deliciosas nozes de gengibre, — Ele disse.
— Existem muitas garotas quase tão bem-nascidas quanto Pammy Girtle-
Bute, mas muito mais apelos...
— Como eu disse, minha senhora, eu faço minha própria escolha. — Com o
ar de um homem que acabou de falar, Flynn examinou o prato do bolo, decidiu que
uma quarta noz de gengibre seria demais e escolheu uma massa grande,
escorrendo geleia e recheando com creme.
Ele ergueu o bolo bem alto para uma mordida cuidadosa, em parte para
garantir que não pingasse nada do creme, e em parte para esconder sua expressão
da velha senhora. Foi uma operação complicada, mas quando ele abaixou o bolo,
foi para encontrar a velha senhora examinando-o através de seu lornhão com uma
expressão severa.
— Você é um provocador perverso, perverso, Sr. Flynn!
Ele terminou a massa e enxugou as mãos e a boca, limpando, esperava,
qualquer vestígio de sorriso. — Se você diz, minha senhora.
— Eu digo! Você quase me fez acreditar nessa história terrível.
— Certamente não, milady. E você voa para os caminhos do mundo.
Ela o encarou com um olhar penetrante. — Não tente passar manteiga em
mim, seu malandro! Essa história atroz poderia ter me causado palpitações!
Palpitações, eu digo!
Flynn sorriu. — Palpitações? Nunca diga isso, meu caro...
Ela bateu com a bengala no chão. — Eu sou uma velha frágil e não se pode
mentir!
— Ah, você é forte como um...
— Se você disser boi, Sr. Flynn, eu vou, vou bater em você! — Ela agarrou
sua bengala com força.

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Ele deu uma risadinha. — Não há necessidade de violência, senhora. Eu ia


dizer tão forte quanto um er, um elfo, sim, é isso, forte como um elfo, um elfo
delicado, elegante, astuto e eterno.
Lady Beatrice bufou. — Você é um velhaco sem-vergonha e um patife sem
vergonha, Sr. Flynn.
— Se você diz, minha senhora.
— Eu digo. Não consigo imaginar por que imaginei que gostava de você. —
Ela deu a ele um olhar longo e sinistro que fez o possível para parecer severo.
Ele deu a ela um sorriso lento. — Bem, milady, isso seria sem dúvida meu
irresistível charme irlandês.
Seus lábios se contraíram. Ela os apertou implacavelmente de volta para
uma aparência de severidade. — Blarney1 irlandês irresistível, mais parecido.
Beijar aquela pedra miserável ou o que quer que vocês irlandeses façam.
— Agora, por que me daria ao trabalho de beijar a Pedra de Blarney quando
há muito mais coisas atraentes para beijar, senhora?
Uma risada relutante escapou dela. — Você é muito, muito desavergonhado.
— Então uma expressão astuta surgiu em seus olhos. Ela apontou um dedo ossudo
para ele. — Você está precisando de uma lição, Sr. Flynn.
Ele ergueu uma sobrancelha. — Estou mesmo?
— Sim, e você o terá amanhã às quatro horas em ponto. — Ela apontou. —
Andar de cima. — Ela o olhou com uma expressão satisfeita.
Ela não poderia dizer o que ele pensava que ela queria dizer. — Que tipo de
lição? — Ele perguntou cautelosamente.
— Uma aula de dança, Sr. Flynn. Agora não discuta, você vai me obrigar
nisso. Homem mau que você é, você deve isso a mim pelo susto terrível que você
me deu.
Ela se levantou, usando sua bengala como alavanca. Flynn saltou para a
frente para ajudá-la, mas ela afastou a mão dele com impaciência. — Quatro horas
em ponto, está me ouvindo?
— Mas eu sei dançar.

1 É uma fortificação medieval localizada em Blarney, a oito quilômetros da cidade de Cork,


no condado de mesmo nome, na República da Irlanda. Diz a lenda que confere o dom da eloquência
a todo aquele que a beija.
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Ela bufou com desdém. — Absurdo! Você esteve no mar a maior parte da sua
vida, eles não dançam o hornpipe no Almack's, você sabe!
Ele abriu a boca para informá-la de que poderia ser marinheiro, mas
conhecia todas as danças da moda, mas nesse ponto Daisy chegou, abotoando a
peliça, um gorro pendurado no braço por cordões. — Bom dia, Flynn. Desculpe
deixá-lo esperando.
Lady Beatrice apontou seu lornhão para Daisy. — Você está vestido para
sair.
Daisy assentiu. — Tudo bem. Estou indo para algum lugar com o Sr. Flynn.
— Indo para algum lugar? Para onde, por favor, diga? — Quando Daisy
apenas sorriu, a velha se virou para Flynn. — Você está honrado, Sr. Flynn,
honrado, eu digo. A garota miserável recusou-se a me acompanhar a qualquer
lugar ultimamente! Ela se recusa a fazer visitas matinais, torce o nariz para os
eventos mais deliciosos e apenas ocasionalmente consente em passear no parque
comigo e com as garotas.
— Nossa, você quase nunca anda de qualquer maneira. — Daisy terminou
de abotoar a peliça, enfiou o chapéu na cabeça e amarrou os cordões. — Você
apenas se senta em sua carruagem e leva as pessoas para fofocar. Não tenho tempo
a perder com esse tipo de coisa.
Flynn a observou amarrando as cordas do chapéu sem nenhum cuidado
aparente. O chapéu caía levianamente em seus cabelos castanhos desgrenhados e,
ainda assim, o efeito final era estiloso e lisonjeiro para seu rostinho pálido, angular
e vívido. Todo o seu traje era simples, simples, sem nenhum dos babados e detalhes
que as outras mulheres pareciam gostar, mas limpo como um broche novo e, de
alguma forma, elegante. Ela era um pacotinho bem-organizado, a jovem Daisy.
Daisy se virou para Flynn, os olhos brilhando de expectativa. — Certo, Flynn,
estou pronta.
— Senhor Flynn ainda não terminou o chá — observou Lady Beatrice com
amargura, desconsiderando o fato de que ela mesma estivera a ponto de sair da
sala.
Daisy franziu o cenho para ele. — Você veio tomar chá? Achei que você estava
com pressa de chegar às docas.

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— As docas? — Lady Beatrice repetiu em um tom de leve horror. — Você está


indo para as docas?
— Um dos meus navios acabou de chegar, milady...
— E ele está me dando a primeira escolha do saque, — Daisy anunciou com
alegria. — Venha então, Flynn. Não há tempo a perder.
&&&&
Daisy saiu, calçando as luvas. Ela olhou para o céu de chumbo. — Brr,
chama isso de primavera? Ainda congelando! — Filetes de névoa agarraram-se ao
solo frio, um cobertor de penas cinzentas etéreas. Quando ela se levantou naquela
manhã e olhou pela janela, a névoa estava tão densa que as lâmpadas de gás na
rua mal eram visíveis, um mero vislumbre no escuro.
Flynn tinha uma carruagem de aluguel esperando. Os cavalos sacudiram as
cabeças, bufando nuvens de hálito fumegante no ar frio, e se movendo inquietos,
seus cascos batendo nas pedras.
Daisy subiu na carruagem, acomodou-se no canto e sorriu para Flynn
quando a carruagem se afastou com um solavanco. — Obrigada por me convidar,
Flynn.
Ele deu de ombros em reconhecimento. — Não é problema. Obrigado por não
me deixar esperando muito tempo.
— Está tudo — Ela quebrou a frase com um grande bocejo — bem.
Ele sorriu. — Desejando que você ainda estivesse na cama, não é? Espero
não ter perturbado o seu sono.
— Cama? — Ela fez um som de desdém. — Estou acordada desde as quatro.
— Quatro? Pela manhã? Bom Deus, por quê?
Ela encolheu os ombros. — Eu fico acordada as quatro na maioria dos
dias. Não tenho tempo para ficar na cama como uma boa senhora.
— Por que diabos não?
Ela encolheu os ombros. — Hábito, principalmente, — Ela mentiu. — Eu fico
entediada deitada na cama até altas horas.
Ele ergueu uma sobrancelha escura e alada de uma forma que sugeria que
ele enxergava através dela, então ela acrescentou: — Eu pensei que você, entre
todas as pessoas, fosse entender, Flynn. Eu estou construindo um negócio aqui, e

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por isso estou trabalhando a cada hora que Deus manda. — E então um pouco
mais.
— Eu vejo. Os negócios estão dinâmicos, presumo.
— Certamente está. — Ela forçou um sorriso. — Mal consigo acompanhar os
pedidos. — Não conseguia acompanhá-los de jeito nenhum, para dizer a verdade,
mas ela não iria admitir isso para ninguém.
— Isso é ótimo então. Se você está tão cansada, durma um pouco. Eu vou te
acordar quando chegarmos lá. — Ele esticou as pernas compridas com botas,
recostou-se confortavelmente nas almofadas de couro e olhou pela janela da
carruagem.
Daisy não tinha intenção de cochilar quando Flynn estava bem ao lado
dela. Ela fingiu olhar pela janela, mas o observou com o canto do olho. Ele era um
homem bonito, Flynn. Suas calças caíam bem e apertadas, suas pernas eram
longas e poderosas e ele cheirava delicioso, limpo e viril, não como tantos gnomos
elegantes que se encharcavam de perfumes e cheiravam como um vaso de flores.
Não, Flynn era todo homem. Ela gostava dele demais, sempre gostou, desde
o primeiro dia em que ele entrou arrogante na sala de lady Bea, tão impetuoso e
confiante como se fosse o dono do lugar. Aqueles ousados olhos azuis dele tinham
resumido cada mulher na sala, um convite perfeito ao pecado.
Desde o início ele tinha estado envolto no perigo em tons de elegância
masculina, ele acabara de sair do alfaiate exclusivo de Freddy Monkton-Coombes,
o tempo todo reclamando de ter que se vestir como uma pavoa, não como um
pavão, em cores desbotadas. Com um brinco de ouro na orelha, como um pirata
florescendo. Ele estava usando hoje, ele brilhou na luz fraca.
Ele flertou com ela naquele primeiro dia, só um pouco, e ela flertou de volta.
Daisy suspirou. Nos velhos tempos, ela o teria perseguido como um tiro, mas
agora se tornara respeitável, assim como Flynn.
Ele estava planejando se casar com a melhor jovem de Londres e Daisy estava
começando um negócio próprio. Eles estavam em caminhos diferentes, e uma
travessura entre as folhas não estava nos planos para nenhum deles. É uma pena.
Além disso, Flynn era seu amigo, o primeiro homem que ela já foi amiga,
amiga de verdade. Os homens que ela conheceu no passado eram usuários,
cafetões, predadores, ladrões e vigaristas, todos vigaristas de algum tipo.

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Flynn era diferente, e ela não arriscaria estragar a amizade deles com um
pouco de travessura, por mais tentador que fosse. Esse tipo de coisa nunca durava,
e a separação sempre arruinava a amizade.
Então era olhe, mas não toque.
Ela olhou para suas coxas longas e musculosas em suas botas reluzentes e
sorriu para si mesma. Sorte que ele era um deleite para olhar.
A carruagem seguiu seu caminho pelas ruas. Ela percebeu quando chegaram
às docas pelo cheiro, lama úmida, úmida, fedorenta e salgada do rio. Ela
estremeceu.
— Frio? — Flynn perguntou a ela.
— Não, apenas... esse cheiro.
— Ah. — A carruagem parou e eles desceram. Enquanto Flynn pagava ao
motorista, Daisy olhou em volta. A névoa ainda estava densa aqui, caindo como
uma nuvem sombria e suja sobre o Tâmisa. Debaixo dela, ela podia ouvir o bater
da água e, acima dela, o pip-pip-pip de alguma ave marinha. Ela puxou sua peliça
com mais força.
Meia dúzia de grandes barcos estavam atracados ao longo do cais, seus
cascos acariciados pela névoa rodopiante, seus mastros gravados nítidos e escuros
contra o céu prateado.
— Qual é o seu barco?
— Navio, — Flynn a corrigiu. — Lá fora. — Ele apontou para uma forma
distante, um navio fantasma flutuando na névoa. Ele colocou dois dedos na boca
e soltou um assobio longo e complicado. Das profundezas da névoa, outro assobio
respondeu a ele.
Daisy franziu a testa. — O que está fazendo lá? Achei que você disse que
estava no porto.
— Está. Eu sempre inspeciono a carga antes de atracar o navio.
— Por quê? Não seria mais fácil fazer isso em terra?
— Sim, mas mais rápido de fazer a bordo, enquanto estamos fazendo os
arranjos para que nossos homens descarreguem e transfiram a carga para nossos
próprios depósitos. Prefiro passar o mínimo de tempo possível nas docas.
Daisy podia entender isso, ela odiava o rio e as docas, mas Flynn era
marinheiro. Eles deveriam gostar do fedor do mar. — Por quê? — Ela perguntou.

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— Ladrões. — Flynn soltou outro assobio, mais curto desta vez, depois se
voltou para Daisy. — Gangues de ladrões atacam à noite, durante o dia também,
alguns deles, descalços e descarados. E perversos. Essa é a razão para aquelas
cercas e valas lá. — Ele gesticulou. — Não que você possa ver muito no nevoeiro.
Também há guardas particulares patrulhando, mas quando se trata de cargas
valiosas, prefiro usar meus próprios homens. Na semana passada, uma das
gangues ateou fogo em um depósito, então não estou arriscando. A carga não está
passando um minuto a mais aqui do que o necessário.
Daisy assentiu. Havia ladrões por toda parte. Por outro lado... ela olhou a
extensão de névoa de água enferrujada. Sob o manto abafador de névoa, ela podia
ouvir o barulho da água contra as pilhas. — Então, como vamos embarcar? Você
estava assobiando para dizer a eles para atracar o barco?
— Navio, um barco é menor. Não, vamos sair, sim, aqui. — Ele caminhou em
direção à borda do cais, inclinou-se e falou com alguém que Daisy não podia ver.
Daisy o seguiu e olhou para baixo. Balançando na névoa estava um pequeno
barco a remo com um homem sentado nele. — Sair nessa coisinha? — Ela
exclamou. — Não na sua vida!
— É perfeitamente seguro, — Flynn garantiu a ela.
— Não é mesmo! — Daisy recuou. Ela quase se afogou uma vez. Cada vez
que ela sentia aquele cheiro fedorento de rio úmido, ela se lembrava daquele
pânico, a sensação das águas fechando sobre sua cabeça, de engasgar com a coisa
imunda...
Flynn sorriu, como se estivesse se divertindo. — Não se preocupe, não vou
deixar você cair.
— Você não terá a chance!
— Achei que você quisesse escolher primeiro as mercadorias. Se você não
quiser... — Ele encolheu os ombros.
Daisy pensou em todas aquelas coisas lindas escondidas naquele grande
barco. Primeira escolha... ela engoliu em seco. — Tudo bem, mas estou avisando,
Flynn, se aquela coisa tombar...
— Não vai, e mesmo se fosse, eu não iria deixar você se afogar. Ao contrário
da maioria dos marinheiros, posso nadar como um peixe, então você está
perfeitamente segura comigo. — Ele estendeu a mão. Com uma respiração

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profunda e esperando que ele não pudesse sentir o quanto ela estava tremendo,
Daisy aceitou. Estava quente e forte.
A única maneira de entrar no barquinho desagradável era descer uma escada
de madeira construída no cais.
— Um cavalheiro deixaria você ir primeiro, — disse Flynn.
— Nem pense nisso, — Daisy disse a ele. A modéstia seja desgraçada. — Eu
não vou a lugar nenhum a menos que você esteja lá para me impedir de cair.
Com uma risada suave, Flynn desapareceu pela amurada, pousando com
um pequeno baque no barco. — Sua vez, Srta. Daisy. — O pequeno barco a remo
balançou e balançou loucamente. Flynn ficou olhando para ela, tão calmo como se
estivesse em terra firme.
Primeira escolha das mercadorias... respirando fundo, Daisy deu as costas
para o rio, levantou um pouco a saia e começou a descer a escada, um degrau
cuidadoso de cada vez, segurando-se para se salvar.
A névoa girava em torno dela, as ondas batiam desagradavelmente contra o
pequeno barco frágil e as pilhas de ervas daninhas do cais. Acima, os pássaros do
rio gritavam como espíritos perdidos. Daisy respirou fundo para acalmar os nervos
... e o cheiro do rio a envolveu.
Ela congelou.
— Daisy? — A voz profunda de Flynn veio de algum lugar distante.
Daisy não se mexeu, não conseguia se mexer.
Um par de mãos fortes a agarrou pela cintura. — Solte, eu peguei você.
Mas ela não conseguiu.
Ele passou um braço musculoso ao redor dela e com a outra mão abriu seus
dedos congelados, e baque! Eles pousaram no pequeno barco. Ele balançou
descontroladamente e ela agarrou Flynn com medo.
— Você está bem, moça. — Sua voz era calma, profunda e relaxante. —
Sente-se e fique quieta agora. — Ele a pressionou contra uma prancha.
Ele disse algo ao homem, então fez algo com uma corda e empurrou. O
barquinho saiu do cais com um assobio e o homem começou a remar.
Flynn sentou-se ao lado de Daisy. — Não levará mais que um momento para
chegar ao navio. — Foi um pouco esmagador, mas a sensação de seu corpo forte
ao lado dela era um conforto. Ele disse que sabia nadar.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Envergonhada por seu pânico estúpido, Daisy ficou o mais imóvel que pôde,
com as costas retas e a cabeça erguida. Ela segurou com força e, esperou,
discretamente. Ela estava tremendo como uma folha.
Os remos espirraram, o marinheiro puxou em um ritmo constante.
Depois de um momento, Flynn disse baixinho: — Sinto muito, não sabia que
você realmente tinha medo de água.
Mortificação encheu de simpatia silenciosa, Daisy resmungou: — Não é
nada. — Ela odiava ser tão covarde.
E então, porque ele parecia estar esperando, e porque ela se sentia tão tola,
e porque o cheiro azedo e salgado do rio a estava sufocando, ela se encontrou
resmungando: — É justo... quase me afoguei uma vez.
— O que aconteceu?
— O cara me empurrou. Achou engraçado, o idiota... -— Lembrando que ela
estava tentando limpar sua linguagem, ela se interrompeu. — Eu não sei
nadar. Para minha sorte, um homem do rio me viu afundar. Ele me puxou para
fora com um grande gancho vermelho, rasgou meu vestido em pedaços. Ela fez
uma careta. — Ele também achou muito engraçado, disse que a maioria de suas
capturas estavam mortas, mas eu ainda estava me contorcendo. — Um arrepio
percorreu seu corpo ao se lembrar.
Flynn passou o braço pela cintura dela. — Bem, você está perfeitamente
segura comigo.
Daisy tentou não se encostar nele. Normalmente ela o teria sacudido, ela não
precisava da tentação, mas ela estava muito grata pela sensação segura e sólida
dele. Em qualquer caso, a tentação era a última coisa em sua mente, ela estava
com muito medo.
À medida que deslizavam suavemente pela água, a forma do grande navio
emergiu lentamente da névoa. Eles viajaram em silêncio, os sons do rio ecoando ao
redor deles, tornados assustadores pela névoa e sua falta de contexto. Estava
demorando uma eternidade.
Ao lado dela, Flynn soltou um pequeno bufo de diversão.
Ela virou a cabeça e olhou para ele com desconfiança. — O quê?
— Estou pensando que mesmo se você entrasse, não correria o risco de se
afogar. — Ele acrescentou: — A madeira flutua.

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Noiva no Verão
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— O quê?
— Você está duro como uma tábua. Provavelmente, se você atingir a água,
você flutuará.
Ela estreitou os olhos para ele. Então ela o acotovelou nas costelas. Forte.
— Ooff! — Mas ele também estava rindo. — Assim está melhor, — Ele disse.
— E aqui estamos nós no navio.
O pequeno barco bateu suavemente na lateral do navio. Acima, ela podia ver
a proa, com a figura de proa de uma mulher esculpida e pintada de seios nus
apontando dela. O nome Derry Lass foi pintado em letras pretas nítidas com
bordas douradas.
Uma escada de corda estava pendurada na lateral do navio. Daisy olhou para
ele. Seu estômago se apertou. Escalar uma escada fixa de madeira tinha sido difícil
o suficiente, mas uma corda que torcia e balançava, com o rio abaixo dela...
— Eu não posso...— Ela começou.
— Alguém aí, Derry Lass! — Flynn ligou. — Senhora vindo a bordo.
Algumas cabeças apareceram acima, então uma corda com uma tipoia de
lona foi baixada.
— Sente-se nela, — disse Flynn, ajudando-a a se levantar. — Os rapazes vão
te puxar para cima. É perfeitamente seguro, como um balanço no recinto de
feiras. Nós o usamos para carregar e descarregar Carga, e senhoras.
A ansiedade escaldou sua garganta, mas ela tinha feito uma besteira certa
esta manhã, então ela engoliu suas objeções, e seu medo, e permitiu que Flynn e
o marinheiro ajudassem a acomodá-la na tira de lona.
— Pronta?
Ela assentiu com a cabeça, segurando as cordas como uma morte cruel.
Deus, mas ela se sentia uma idiota.
— Leve-a embora, rapazes, — Flynn chamou.
As cordas se esticaram, a tipoia de lona foi bem apertada ao redor de sua
bunda! — De repente ela estava balançando no ar, balançando sobre a água, os
pés balançando e as saias balançando.
— Fique quieta, — Flynn instruiu.
Um de seus sapatos caiu.
— Peguei, — Ele disse.

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Noiva no Verão
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Mas Daisy não estava se preocupando com seu sapato. Ela foi puxada para
o alto e balançada no convés, um convés cheio de um bando de homens e
uma mulher, todos boquiabertos com a visão elegante que ela aparentava, para
todo o mundo como um pudim pendurado em um pano de pudim florescente. Fale
sobre dignidade.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo três
Não é o tempo nem a oportunidade que determinam a
intimidade, é apenas disposição. Sete anos seriam
insuficientes para fazer algumas pessoas se conhecerem, e
sete dias são mais do que suficientes para outras.
JANE AUSTEN, SENSE AND SENSIBILITY

Flynn enfiou o sapato de Daisy no bolso do casaco e subiu rapidamente a


escada de corda. O capitão McKenzie estava esperando para cumprimentá-lo,
junto com o que parecia ser toda a tripulação do navio perfeitamente alinhada.
A sra. McKenzie, Mai-Lin, também estava no convés, conversando com Daisy,
que sacudia as saias, endireitava o chapéu e tentava dar a impressão de que viajava
com tipoia o tempo todo. Ele reprimiu um sorriso. Ela era uma coisinha divertida.
— Capitão Flynn, bem-vindo a bordo, — disse McKenzie com uma saudação
que ecoou a marinha real, onde serviu por muitos anos. Os marinheiros alinhados
no convés também chamaram a atenção. Pode ser um comerciante privado, mas
McKenzie o dirigia com eficiência militar.
Flynn sentiu uma onda de orgulho com a visão. Este era o seu navio, um de
muitos. Ele inclinou a cabeça para a equipe reunida e McKenzie os dispensou para
irem trabalhar.
— McKenzie, Mai-Lin. Você está deslumbrante, como sempre, Mai-Lin.
Flynn se virou para Daisy, um pequeno chinelo de couro vermelho
adornado com uma alegre roseta vermelha e branca pendurada em um dedo. —
Precisa de ajuda para colocá-lo? — Ele disse com um sorriso.
Daisy o agarrou, corando furiosamente, e enquanto Flynn se curvava sobre
a mão enluvada de Mai-Lin, ela enfiou o sapato de volta.
— Esta é a senhorita Daisy Chance, cunhada de Max, — disse Flynn quando
ela se endireitou.

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Noiva no Verão
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Os sorrisos educados de boas-vindas nos rostos de McKenzie e Mai-Lin


se aqueceram instantaneamente. — A cunhada de Max, — Mai-Lin exclamou
deliciada. — Ouvimos um boato de que ele se casou.
— Pensando bem, ela também é a cunhada de nosso parceiro silencioso,
Hyphen-Hyphen. — Flynn acrescentou com um olhar de desculpas fingida para
Daisy: — Quero dizer, é claro, o honorável Frederick Monkton-Coombes.
— Bem-vinda a bordo do Derry Lass, Srta. Chance, — disse McKenzie.
— Estou muito feliz em conhecê-la, — Mai-Lin acrescentou calorosamente. —
Você não pode imaginar como é bom conhecer outra mulher depois de meses no
mar apenas com homens para conversar.
— A senhorita Chance tem interesse em parte de nossa carga, — disse Flynn
a eles. — Ela é costureira.
— Oh. — Mai-Lin olhou para o vestido de Daisy com interesse. — Você fez
isso?
Daisy assentiu, incapaz de esconder o orgulho de sua voz. — Vestido e peliça.
— Ambos são adoráveis, tão elegantes. — Mai-Lin deu uma risada triste. —
Não tenho nenhuma habilidade com agulha, a menos que seja para costurar um
corte ou um ferimento. Mas onde estão minhas maneiras, venha até a cabine
diurna e tomaremos chá.
— Não é uma visita social, Mai-Lin...— Flynn começou.
— Chá, — disse Daisy com firmeza, — seria delicioso, Sra. McKenzie.
Flynn reprimiu um sorriso. Lady Beatrice encarnada, só que com sotaque
londrino.
As duas senhoras deram os braços e se dirigiram para a cabine do capitão.
McKenzie lançou a Flynn um olhar pesaroso. —Desculpe, é ir. Mai-Lin está ansiosa
por companhia feminina. Seis meses como a única mulher a bordo...
Flynn balançou a cabeça. — Não importa. — Era o momento que Daisy
estava pensando, não o dele. Atualmente, ele não tinha pensado o suficiente para
mantê-lo ocupado.
McKenzie disse: — Devemos examinar o inventário enquanto as mulheres
fazem o que quer que elas façam com chá e biscoitos? Se você me contar o tipo de
coisa em que a senhorita Chance está interessada, pedirei aos rapazes que
selecionem. Sem dúvida Mai-Lin terá algumas coisas para mostrar a você também.

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Noiva no Verão
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— Estou indo bem, — disse Flynn. Os dois homens foram para o convés.
&&&&
Uma hora depois, Flynn havia terminado seu exame das contas e do
inventário. Outro excelente resultado. O lucro dessa remessa seria bom, eles não
saberiam o resultado final até que as mercadorias fossem vendidas, mas ele estava
muito satisfeito.
— Certo então, devemos nos juntar às mulheres? — McKenzie perguntou. —
E eu direi aos rapazes o que trazer para a Srta. Chance, certo?
— É melhor esperar e deixá-la falar diretamente, — disse Flynn.
Mas quando se aproximaram da cabine diurna, era óbvio que o processo já
havia começado. A grande mesa central que acomodava uma dúzia de homens,
mas geralmente estava coberta de mapas e cartas marítimas, estava repleta de
tecidos coloridos e bordados. As duas mulheres conversavam intensamente,
enquanto vários marinheiros assistiam com expressões resignadas, carregados de
rolos e pedaços de tecido dobrados. Vendo Flynn e o capitão, eles se endireitaram.
As damas apenas ergueram os olhos com a chegada dos homens e voltaram
a examinar os tecidos. Mai-Lin ergueu um parafuso de gaze verde brilhante
bordada em prata para a inspeção de Daisy.
Daisy parecia para todos como uma mulher que havia perdido tempo indo
para o navio, que havia pouco interesse para ela aqui. Ela tocou o tecido delicado
e o enrolou de um lado para outro, o tempo todo com uma expressão de dor, então
suspirou e fez um gesto descuidado, indicando que o ferrolho deveria ser
adicionado à pilha sobre a mesa. — Eu acho que vai servir. Tem certeza de que não
tem nada melhor para me mostrar, Mai-Lin?
Mai-Lin se virou para dizer a um dos marinheiros que trouxesse a seda azul
em seguida e, naquele momento, Flynn vislumbrou uma expressão fugaz de alegria
no rosto de Daisy enquanto ela acariciava sorrateiramente a gaze verde e depois se
virava, pronta para se entediar com o indiferente seda azul.
Em um movimento dramático, Mai-Lin desenrolou os primeiros metros de
seda cintilante para a leitura de Daisy, dizendo: — Você não encontrará nada
melhor do que isso em qualquer lugar do mundo, veja como de um ângulo a cor é
a turquesa mais pura, e ainda quando você o move, nas dobras brilha o ouro mais
pálido. Seria um vestido de baile excelente, não é?
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Noiva no Verão
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Os olhos de Daisy brilharam, mas ela conseguiu dar um suspiro do tipo —


já vi tudo antes.
— Mas talvez, sendo inglesa, você tenha pouca experiência com a verdadeira
qualidade oriental, — Mai-Lin disse docemente.
— Mai-Lin, você não deve...— McKenzie começou, mas Flynn colocou a mão
em seu braço e balançou a cabeça. — Vamos deixá-las assim, — Ele murmurou.
— Mas Mai-Lin...
— Poderia apenas tê-la conhecido como igual. Vamos sair e explodir uma
nuvem?
À medida que os homens deixaram a cabine diurna, ouviu Daisy dizer: — Eu
suponho que eu poderia ser capaz de encontrar algum uso para este bocado de
coisas.
Flynn sorriu para si mesmo. A pechincha já havia começado.
Enquanto os dois homens se apoiavam pacificamente na amurada, provando
um charuto da seleção que McKenzie havia adquirido, o som da batalha podia ser
ouvido vindo da cabine diurna.
— Um guinéu por metro para isso? Eu não sou estúpida, não tente enganar,
Mai-Lin?
— Tanta ignorância sobre a qualidade da seda...
McKenzie parecia horrorizado, mas Flynn riu baixinho. — Espíritos
vampíricos, elas são, McKenzie, acredite na minha palavra.
&&&&
Finalmente chegou a hora de partir. O grande pacote de tecidos foi levado
por dois marinheiros e cuidadosamente colocado no pequeno barco sob o olhar
ansioso de Daisy. Ela parecia muito mais preocupada com o tecido do que com sua
própria segurança, e permitiu ser baixada na tipoia e remada de volta à costa com
o mínimo de barulho, embora ela se sentasse tão rígida como sempre no barco.
Desta vez, porém, ela não agarrou a lateral do barco, mas a alça de corda presa ao
pacote.
Flynn se perguntou o que ela esperava que ele salvasse primeiro em caso de
naufrágio, ela mesma ou seu precioso pacote. Ele abriu a boca para compartilhar
a observação com ela, olhou sua expressão sombria e mudou de ideia. Ela não
estava com humor para piadas.
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Noiva no Verão
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Uma vez em segurança na costa, no entanto, Daisy se virou para Flynn, seus
olhos brilhando de excitação. — Eu tenho que agradecer a você, Flynn, — Ela disse
seriamente enquanto ele carregava o enorme pacote em direção ao carro que
esperava. — Nunca sonhei com tecidos tão lindos. Nunca vi nada parecido com
aqueles que têm duas cores, dependendo do ângulo que você olha para eles. E um
pouco daquele bordado, levaria meses, e é tão lindo.
— Satisfeita com suas aquisições, não é? — Flynn perguntou enquanto
colocava o precioso pacote na carruagem e estendia a mão para ajudá-la a subir os
degraus.
— Eu estou! — Ela disse com fervor.
Como de costume, ela fingiu não ver a mão dele, mas subiu sem ajuda.
Ele não sabia se ela simplesmente não gostava de ser tocada ou se era porque ela
não gostava de qualquer indício de que poderia precisar de ajuda para subir, apesar
da perna ruim.
— Essa Mai-Lin é legal, não é?
Flynn disse secamente: — Pelos sons de sua negociação, vocês eram inimigas
juradas.
Daisy riu. — Você ouviu algumas das coisas que ela me disse? Ela era
totalmente desdenhosa, chamando-me de ignorante e sem sofisticação e agindo
como se eu não soubesse nada sobre a qualidade do material que ela estava me
mostrando, Lady Bea não poderia ter soado mais arrogante. Sim, ela pode
barganhar como uma pequena peixeira adequada, Mai-Lin pode. — Ela sorriu para
Flynn. — Mas eu também posso!
Ele deu uma risada. — Eu disse a McKenzie que vocês eram almas gêmeas.
— Sim, eu gostei dela. Ela vai procurar mais materiais para mim em sua
próxima viagem. Botões e enfeites também. Tivemos um bom papo. Vou fazer um
vestido uma e peliça para ela também e ela acha que pode me arranjar alguns
bordados especiais.
Mas, à medida que a carruagem rugia pelas movimentadas ruas de
Londres, o bom humor de Daisy de repente se apagou. Ela olhou pela janela,
mordendo o lábio pensativamente. A expressão preocupada parecia se aprofundar
à medida que se aproximavam de Berkeley Square.

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— Algo está incomodando você, Daisy? — Flynn perguntou depois de um


tempo.
Por alguns momentos, ele se perguntou se ela o tinha ouvido, mas, — Acho
que me empolguei um pouco, — Ela disse com um olhar culpado.
— O que você quer dizer?
— Fiquei tão empolgada com todos aqueles materiais lindos que acho que
me atingiu.
— Eu não entendo.
— Não posso pagar por eles, Flynn, e essa é a verdade. Posso pagar cerca de
um quarto do que tenho lá, se tanto. — Ela acenou com a cabeça em direção ao
pacote sentado no assento oposto.
— Pagar? — Flynn exclamou surpreso. — Mas você não precisa pagar um
centavo. Está tudo resolvido.
Ela ficou rígida. — 'Está tudo resolvido'? O que você quer dizer? Não sou um
caso de caridade, sabe, sou...
— Calma, incendiária, ninguém está chamando você de um caso de
caridade. Max não te contou?
— Contou-me o quê?
— Isso está tudo pago, agora não pule na minha garganta, — Ele disse
quando ela abriu a boca para discutir. — Deixe-me terminar, e então, se você não
gostar, converse com Abby e Damaris.
— Abby e Damaris? O que isso tem a ver com elas?
Ele encolheu os ombros. — Você está fazendo roupas para elas e para
Jane, não é? Acho que elas querem ter certeza de que você tem os materiais certos,
e antes que você morda meu nariz de novo, isso não vai custar um centavo a
nenhuma delas, nem a mim. Tudo sairá da parte de Max e Freddy.
Ela olhou para ele, não convencida. — Então você não está pagando por
mim?
— Nem um centavo. Pergunte a elas, se você não acredita em mim. Não tem
nada a ver comigo, sou apenas sua escolta. Max e eu combinamos tudo ontem à
noite, quando soubemos que Derry Lass havia sido avistado. Mai-Lin é famosa por
encontrar coisas muito especiais.

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Noiva no Verão
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Ela não parecia feliz, orgulho era uma coisa estranha e imprevisível, mas ele
podia vê-la revirando a ideia em sua mente. E então algo mais lhe ocorreu. — Mas
toda aquela barganha que fiz com Mai-Lin.
— Você gostou, não gostou? E ela também.
— Mas eu barganhei os preços dela tão baixo, oh, Deus, ela vai pensar que
eu sou um idiota real.
Flynn olhou para ela por um momento, quem diabos entenderia as
mulheres? Primeiro ela estava gritando em levar a melhor sobre Mai-Lin em uma
barganha, agora ela estava toda orgulhosa com a mesma barganha. Ele começou
a rir.
Daisy fez uma careta para ele. — O que é tão engraçado?
Mas Flynn sabia melhor do que explicar. Ele olhou pela janela da carruagem
por um momento, observando os prédios passando, e então mudou de assunto. —
O dia pareceu chuvoso, agora a névoa se dissipou. Vai dar um passeio no parque
esta tarde, não é?
— Não.
— Nem mesmo para olhar as mulheres elegantes e ver o que elas estão
vestindo?
Ela balançou a cabeça. — Não tenho tempo a perder. Muito trabalho a
fazer. De qualquer forma, eu vi todas as modas que preciso. Eu faço meus próprios
estilos.
Houve uma pequena pausa. Mesmo na penumbra da carruagem, Flynn
podia ver como Daisy estava pálida e de aparência cansada, agora que sua
empolgação havia passado. Ele tinha notado antes, mas ele colocou isso em
causa ao seu medo da água. Havia sombras escuras sob seus olhos que nunca
costumavam estar lá. — Lady Bea disse que você nunca mais sai com ela ou com
as meninas.
— Está certo. Eu não estou procurando um marido. Não tenho tempo a
perder com essas coisas.
Suas sobrancelhas se ergueram. — Você não está interessada em
casamento?
— Não.
— De modo nenhum?

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— Não.
— Por que não? — Na experiência de Flynn, toda garota queria um marido.
— Oh, Deus, Flynn, não comece.
Ele franziu a testa. — Comece o quê?
— Lady Bea fica insistindo comigo o tempo todo. Quer me transformar em
uma dama do lazer. — Ela bufou.
Flynn não conseguia ver a objeção. Se Daisy fosse casada, ela não estaria tão
cansada, ela não estaria se esgotando, costurando cada hora que Deus manda e,
para a nobreza. E levantar às quatro da manhã.
— Você não quer filhos? — Era a principal razão pela qual Flynn pretendia
se casar, ele queria filhos acima de tudo. Para ter uma família novamente.
— Não. —Ela deu a ele um sorriso atrevido. — Não natural, não é?
Ele não tinha certeza do que dizer, mas ela continuou animada: — Nunca
tive nada a ver com crianças, e bebês me assustam até a morte. Sempre gritando,
vomitando ou se molhando, e pior! E os bebês são tão pequenos e frágeis... eles
morrem muito fácil. — Ela fez uma careta. — Então, sem filhos para mim, muito
obrigada.
A carruagem sacudiu sobre as pedras do calçamento. Flynn ponderou suas
palavras. Ele nunca conheceu uma mulher que não quisesse filhos, ou pelo menos
fingisse que os queria. Ele se perguntou se teria a ver com a ilegitimidade dela. Ela
nunca fez segredo de ter nascido ‘do lado errado do cobertor’. — Como você se sente
sobre suas irmãs terem filhos?
— Isso é diferente. Serei apenas uma tia. As tias podem ir e vir. Elas não são
responsáveis, não ficam com a criança para sempre.
— Não vai se preocupar quando Abby ou Damaris começarem a aumentar?
— Nem um pouco. — Ela deu um sorriso suave. — Abby nasceu para ser
mãe. Um bebê para Abby seria o paraíso em um prato, ou em uma cesta. Ela será
uma mãe adorável, e Damaris também. E Jane também, quando chegar a hora. Eu
não.
Ele pensou nisso por um momento. — Então, o que é o paraíso em um prato
para você?
— Para mim? — Ela ficou em silêncio e lançou-lhe um olhar cauteloso.

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— Continue. — Ele estava curioso. Ele nunca conheceu uma mulher como
Daisy.
— Minha loja, uma que eu mesmo possua, na melhor parte da cidade. — Ela
lançou outro olhar para ele e, encorajada pelo interesse dele, continuou apressada:
— Eu quero que seja elegante e chique, com uma grande janela saliente e muita
luz e cortinas de veludo e tapetes macios no chão, então você não consegue nem
se ouvir andando. E por dentro eu terei lindos espelhos grandes com armação
dourada para que as pessoas possam se olhar em lindas roupas, minhas lindas
roupas, que eu mesmo desenho e faço, quero dizer. E elas vão ter senhoras,
verdadeiras aristocratas, lá para comprar...
A carruagem atingiu um buraco e deu um solavanco, e ele agarrou o assento
para se equilibrar. Ela olhou para Flynn, subitamente constrangida. — Você
provavelmente acha que é estúpido, um pouco tolo...
— Eu não, — Ele disse calmamente. — Eu acho que é um grande sonho de
se ter. Um dia eu vou te contar a história de um garoto que estava pisando nas
docas de Dublin, olhando para o mar, sonhando em ter seu próprio navio. — Ele
deu a ela um sorriso irônico. — Mais do que tolo, alguns diriam, considerando que
eu mal conseguia me alimentar no momento, mas...— Ele olhou para fora quando
a carruagem parou. — Aqui está você de volta para casa, então vou guardar essa
história para outro dia.
Ele foi tirá-la da carruagem, mas, novamente, ela rejeitou sua ajuda. Ele
passou o grande pacote de tecidos para William, o lacaio que apareceu no momento
em que a carruagem parou.
Flynn observou Daisy subir correndo os degraus da frente. Ele sabia que ela
estava costurando vestidos para as outras meninas, sabia que ela estava ansiosa
para ganhar dinheiro, mas até esta manhã ele não tinha percebido o alcance de
sua ambição. Loja própria, na melhor parte da cidade.
Ele estava feliz agora que ele tinha trazido Daisy ao navio para o primeiro
olhar para a carga. Não que ele contasse a alguém sobre seu pequeno ritual
privado, mas se ele contasse, ele pensou que essa garota, com sua voz suave, seu
sotaque áspero e seus olhos sonhadores, poderia simplesmente entender...
Ela sabia o que era ficar na sarjeta e olhar para as estrelas.

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Noiva no Verão
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Ele subiu na carruagem e deu ao motorista o endereço do conde de Compton.


É hora de fazer uma visita matinal a Lady Elizabeth Compton.
Estritamente falando, ele estava visitando Lorde Compton, cavalheiros
solteiros não faziam visitas matinais para mulheres solteiras, mas nas duas
últimas visitas de Flynn, após alguns minutos de conversa na biblioteca, nada de
importante, Lorde Compton o levou para a sala de desenho onde sua filha e sua
acompanhante estavam recebendo convidados. Mais alguns minutos de conversa,
então Lorde Compton daria uma desculpa e iria embora, deixando Flynn com sua
filha e seus visitantes.
Combinava muito bem com Flynn. Havia poucas chances de qualquer
conversa pessoal, mas era bastante agradável, e pôde observar como Lady
Elizabeth se conduzia na companhia.
Hoje havia três cavalheiros, dois jovens, um idoso, e meia dúzia de senhoras
de várias idades, mamães e suas filhas elegíveis, Flynn reuniu-se depois que Lorde
Compton as apresentou.
Lady Elizabeth o cumprimentou com uma compostura fria, perfeitamente
amigável, é claro, mas reservada, e o convidou a se sentar. Ela nunca demonstrou
muita emoção, mas sempre foi perfeitamente, eu maculadamente educada com
ele. Uma senhora perfeita, na verdade. Hoje ela estava vestida de amarelo claro,
seu cabelo louro liso puxado para trás em um coque elegante. Ela não era bonita,
mas quando sorria, parecia muito bonita.
Ela não sorria com frequência, no entanto. Ela estava em uma situação
difícil, pobre garota, tentando parecer rica e serena, quando Flynn, e provavelmente
o mundo inteiro, sabia que Lorde Compton estava profundamente endividado. Sem
dúvida, uma vez que percebesse que Flynn pagaria essas dívidas, ela sorriria mais.
Como esperava, ele chegou bem a tempo de servir o chá. Flynn recostou-se
na cadeira, observando com satisfação enquanto Lady Elizabeth servia chá em
delicadas xícaras de porcelana e instruía seu lacaio a entregar pequenos bolos e
biscoitos.
Ela serviu chá para seus convidados na primeira vez que Flynn visitou sua
casa e observou a maneira como ela servia o chá e distribuía as xícaras, e ficou
impressionado com sua elegância, sua competência silenciosa enquanto governava
a mesa de chá, garantindo que cada pessoa tivesse exatamente o que queria.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Algo sobre a maneira como ela fez parecia certo, de alguma forma. Ele se
lembrou de ter pensado na época que poderia ser um sinal.
Ele bebeu seu chá, chá da China e fraco como água de gato e mastigou alguns
biscoitos. Poucas mulheres se dirigiram a ele diretamente, mas ele ganhou mais do
que seu quinhão de olhares de lado, alguns aprovando, alguns curiosos e alguns
totalmente desaprovadores. Os dois jovens cavalheiros olharam para ele com uma
hostilidade levemente disfarçada, e o velho cavalheiro com uma expressão
astuciosamente cínica. Era algum tipo de tio ou primo, Flynn sabia. Provavelmente
sabia exatamente o que estava acontecendo.
Flynn não deu a mínima para as opiniões de nenhum deles. Eles discutiram
a última ópera. Ele não tinha visto. Eles discutiram um poema de um sujeito
chamado Byron. Flynn não tinha lido.
Ele estava entediado. Essas pessoas da sociedade se consideravam muito
sofisticadas, mas ele duvidava que algum dia tivessem saído da Inglaterra. Não que
isso importasse. Ele não estava se casando com eles. Ele terminou seu chá.
Depois de um intervalo educado, ele se inclinou e convidou Lady Elizabeth
para dar um passeio no parque no dia seguinte. Ela aceitou. Ele se levantou e saiu,
e a conversa morreu.
No corredor, ele parou para pegar o chapéu e o casaco de um lacaio e ouviu
o burburinho de especulação que se seguiu à sua partida.
Ele sorriu para si mesmo. Aristocratas prosperavam na fofoca. O convite
para o passeio acabava de confirmar seu sério interesse por Lady Elizabeth. Ele
quase podia ouvir o que eles estavam pensando, se não dizendo em voz alta na
frente de Lady Elizabeth: Em que mundo estava se transformando quando um
irlandês rebelde sem nenhuma origem podia cortejar abertamente a filha de um
conde inglês?
Lorde Compton havia indicado que Lady Elizabeth daria boas-vindas a seu
terno, e isso foi o suficiente para Flynn.
Mais algumas dessas visitas matinais, mais algumas saídas ao parque, mais
algumas bolas e jogadas e tudo o mais que passou por um momento aceitável para
cortejar uma senhora e ele faria o pedido.
&&&&

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

Naquela noite, Flynn se juntou a Max e Freddy para jantar em seu clube,
Whites, em St. James Street. As senhoras, todas exceto Daisy, estavam
participando de uma noite musical particular, os homens estavam fugindo, citando
negócios como desculpa.
Flynn era um convidado, não um membro do clube. Tanto Max quanto
Freddy se ofereceram para propô-lo, mas Flynn não tinha a intenção de se
candidatar a membro ainda, nesse estágio, ele provavelmente seria excluído da
eleição, bastava uma bola preta entre todas as bolas brancas do voto secreto e sua
adesão seria recusada.
Flynn era muito astuto para permitir que isso acontecesse. Ele jogaria o jogo
longo, vir como um convidado de Max ou Freddy e deixar os outros membros
conhecerem o irlandês novo-rico-rico gradualmente. E quando chegasse a hora, ele
pediria ao conde de Compton que o propusesse, ele seria o genro do conde então,
se tudo corresse como planejado.
Um garçom veio e anotou os pedidos, e a conversa voltou-se para o último
carregamento. A transferência do navio para seu próprio depósito foi concluída com
sucesso, e seu homem de negócios, Bartlett, estava, de acordo com Max, em êxtase
com os lucros potenciais. Bartlett era um sócio minoritário da empresa.
As refeições chegaram, rosbife e pudim de Yorkshire para Max, pudim, bife
com rim para Flynn, e linguado de Dover com batatas duchesse para Freddy. A
conversa morreu quando os homens se voltaram para o assunto sério do jantar.
Seguiu-se pudim e, em seguida, o porto e o conhaque foram trazidos.
— Então, Flynn, como está progredindo a busca por uma esposa? — Max
perguntou quando o garçom saiu. — Alguém já gostou de você?
Flynn hesitou. Ele era um pouco supersticioso sobre discutir um acordo
antes que fosse finalizado.
— Eu posso ter encontrado alguém, — Ele disse cautelosamente. — Eu
saberei mais em uma quinzena.
— Uma quinzena?
— Fui convidado a visitar sua casa no campo, — Ele disse, deliberadamente
vago.
— Qualquer lugar em particular?
— Kent.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

Freddy e Max trocaram olhares. — Hah! Lizzie Compton, eu disse a você,


Max, — Freddy disse triunfante. — Apostei um pônei com ele, — disse ele a
Flynn. — Gostaria de ter posto um macaco, agora.
— Droga, você tem apostado em mim?
— Por que não? — Freddy acrescentou com seriedade: — Não é uma aposta
pública. Não está no livro de apostas do clube nem nada, apenas uma pequena
aposta privada entre amigos.
Flynn balançou a cabeça. Vinte e cinco libras não era exatamente uma
aposta pequena, mas supôs que era melhor que quinhentas. — Bem, eu agradeço
a você manter a calma sobre isso. Não quero que ninguém saiba, nem suas
esposas, nem ninguém, até que tudo esteja decidido.
Ele girou para Freddy. — Como diabos você resolveu, afinal?
— Não é muito difícil, dadas as suas necessidades. E quando você disse Kent,
ficou claro.
— Como? Existem dezenas de garotas elegíveis em Kent.
Freddy bufou. — Você esquece que até recentemente eu conhecia todos os
muffins do mercado de casamentos, sei quem elas são, de onde vêm e o que
querem. — Ele viu a expressão de Flynn e acrescentou alegremente: — Não que eu
esteja dizendo que Lizzie Compton é um muffin, exatamente. Garota muito
agradável, tenho certeza. Coisinha bonita o suficiente, mas horrivelmente, hã,
deliciosamente voltada para o casamento, que é exatamente o que você quer, não
é, Flynn, querido amigo, então pronto, tudo funcionando perfeitamente. — Ele
tomou um grande gole de conhaque.
Max se inclinou para a frente e disse baixinho: — Suponho que você saiba
que Compton está praticamente sob as escotilhas. Ele esperará por você para
rebocá-lo para fora do Rio Tick.
Flynn assentiu. — Não esperava que a filha de um conde fosse barata. — Ele
provavelmente sabia mais sobre as dívidas do conde do que a maioria das pessoas,
ele investigou a situação do homem minuciosamente antes de abordá-lo.
Era outra razão pela qual ele não queria discutir seu casamento até que fosse
resolvido. Havia detalhes financeiros a serem acertados antes que um acordo final
fosse feito entre ele e Lorde Compton. E a garota para a corte, é claro.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

Max franziu a testa ligeiramente, abriu a boca como se fosse dizer algo,
depois fechou-a.
Flynn bebeu um gole em seu conhaque. Max não aprovava? Que pena. Era
diferente para Max, ele pode ter se envolvido com o comércio junto com Flynn, mas
sendo um lorde, a posição de Max na sociedade estava assegurada, ele podia se
dar ao luxo de casar por amor, e casou.
Para alguém como Flynn, o casamento, especialmente o casamento em
uma família da sociedade, era um negócio. As dívidas incapacitantes do conde
eram a razão, a única razão, que Flynn seria aceitável como genro.
Flynn calculou os custos e decidiu que poderia pagá-los, tudo conforme o
planejado. Tudo o que faltava então era propor a garota. E para ela aceitá-lo. Seu
pai não lhe deu nenhuma razão para pensar que ela não o faria. — Lizzie conhece
seu dever, — disse ele a Flynn.
Flynn não gostava muito de ser considerado um dever, mas era um homem
prático e Lady Elizabeth Compton se adequaria perfeitamente a seus propósitos.
Ele não precisava de corações e flores.
Além disso, essa era a visão de seu pai sobre as coisas, ele ainda não tinha
entendido a atitude de Lady Elizabeth.
Flynn estava otimista: ele nunca teve problemas com mulheres antes.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo Quatro
É somente vendo mulheres em suas próprias casas, entre seu próprio grupo, como
sempre estão, que você pode formar um julgamento justo. Fora isso, tudo é
suposição e sorte, e geralmente será azar. Quantos homens se comprometeram com
um breve conhecimento e se arrependeram por todo o resto de sua vida!
JANE AUSTEN, EMMA

Na manhã seguinte, Flynn recebeu um pacote de Mai-Lin, um pacote


amarrado com barbante. Em sua nota, ela se desculpou por não ter dado isso a ele
no dia anterior, mas tinha ficado tão distraída com o encontro com a encantadora
Srta. Daisy Chance que se esqueceu.
Intrigado, Flynn puxou uma faca e cortou a corda. Removendo várias
camadas de papel marrom grosso, ele encontrou um lindo pedaço de cetim de seda
bordado enrolado em uma caixa de mogno entalhada. Dentro da caixa forrada de
feltro havia um par de vasos de jade primorosamente esculpidos, verde-claro, e
esculpidos de maneira tão complexa que pareciam feitos de cera. Cada um tinha
seu próprio suporte de madeira entalhado especialmente feito.
Ele nunca tinha visto nada tão lindo. Era um par combinado, mas cada vaso
era único, um vaso com tampa simples e clássico, aparentemente colocado
casualmente entre as flores, de modo que íris d'água cresciam na lateral de um
vaso e um ramo de flor descuidadamente repousava na tampa, como se caído ali
por acidente. O outro vaso tinha uma videira entrelaçada e um pequeno pássaro
esvoaçando nos galhos, como se sorvesse o néctar. No entanto, cada vaso foi
esculpido em uma única peça de jade. A habilidade artística envolvida... ele ficou
sem fôlego.
Quando terminou de examinar os vasos, recolocou-os cuidadosamente na
caixa e colocou-a de lado, eles seriam exibidos em seguida na bela casa que ele
pretendia fazer, junto com as outras belas peças que ele colecionou ao longo dos
anos. Não eram para seus aposentos de solteiro.
Ele se perguntou se Lady Elizabeth gostava de jade. Não que isso importasse.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele escreveu uma nota rápida de agradecimento a Mai-Lin, ela se superou


desta vez, selou a nota e pegou o pedaço de seda. Um pensamento lhe ocorreu, e
ele segurou o tecido contra o peito e olhou para seu reflexo no espelho. Dois pavões
de cores vivas, as caudas espalhadas lindamente, pavoneando-se...
Atrás dele, seu valete fungou. Flynn escondeu um sorriso. As fungadas de
Tibbins eram uma linguagem própria.
— Devo limpar esse lixo, senhor? — Tibbins já havia se livrado do papel
pardo. Ele pegou o tecido.
— Você acha que tem tecido suficiente aqui para um colete? — Flynn
perguntou.
— Não. Talvez um pequeno pano de chá, — Tibbins disse repressivamente.
Ele ansiava por isso. — Devo...
Flynn colocou-o no bolso. — Vou levar para a Srta. Daisy e ver o que ela
pensa.
— Você vai rasgar o casaco elegante do Sr. Weston se continuar colocando
coisas nos bolsos, senhor.
Flynn encolheu os ombros. — É meu casaco. E os bolsos são para colocar as
coisas.
Tibbins fungou.
&&&&
Flynn chegou na Berkeley Square por volta das onze. — Bom dia, Featherby,
Srta. Daisy está? — Ele perguntou, quando o mordomo atendeu a porta.
Featherby deu a ele um olhar seco. — Hoje em dia ela raramente sai, senhor.
— Eu vou apenas aparecer para vê-la então, certo? Tenho um pedaço de
tecido sobre o qual quero perguntar a ela.
— Claro senhor. — A casa estava bem acostumada com Flynn indo e
vindo. Ele era domesticado na casa desde que chegara à Inglaterra.
— Posso ganhar um pequeno favor, senhor?
Flynn fez uma pausa. Não era típico de Featherby pedir nada. — O que é?
— Vou mandar um bule de chá e alguns sanduíches em alguns instantes. Eu
ficaria muito grato se você encorajasse a Srta. Daisy a comer alguns deles.
Flynn franziu a testa ligeiramente. — Sem comida, não é? Nada de errado,
espero?
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Oh, não, senhor, só que ela tem trabalhado tanto ultimamente que muitas
vezes se esquece de comer.
Flynn assentiu. — Deixe comigo. — Ele subiu as escadas em um estado de
espírito pensativo. Daisy estava se esquecendo de comer, certo? E se ela acordava
todos os dias às quatro, não conseguia dormir muito.
Nesse ritmo, a garota ia ficar doente.
Ele bateu e entrou, e encontrou Daisy sentada de pernas cruzadas no
parapeito da janela, franzindo a testa sobre uma intrincada peça de costura. —
Flynn, — Ela exclamou. — O que o traz aqui, não, dê-nos um momento, meu colo
está cheio dessas pequenas contas e se eu derramar... — Ela cuidadosamente
despejou um fluxo de minúsculos cristais cintilantes em uma jarra e fechou a
tampa antes de se levantar.
Ela se espreguiçou. — Deus, eu estou florescendo de volta, eu estive curvada
sobre aquele vestido por horas. Mas é o melhor lugar para a luz. — Ela se endireitou
e deu a ele um sorriso radiante. — Então o que você quer?
Flynn puxou o tecido chinês. — Mai-Lin me enviou isso. Não é muito
grande. Mas eu estava me perguntando se você poderia fazer um colete.
Daisy o pegou e examinou, acariciando o tecido fino quase com amor. — Belo
pedaço de coisa, não é? É pequeno, mas... — Ela colocou a seda contra o corpo
de Flynn, de um lado para o outro, olhando-o pensativamente.
Ele aproveitou a oportunidade para um exame mais atento enquanto a
atenção dela estava no tecido. Ela estava muito pálida e parecia frágil. Ele franziu
a testa. Alguém precisava cuidar melhor dela, estava claro que ela não faria isso.
— Sim, eu acho que posso fazer funcionar. Vou ter que combiná-lo com
algum outro tecido, apenas para as bordas, aqui, — Ela gesticulou — E aqui. —
Ela olhou para Flynn. — Você tem tempo para esperar enquanto eu trabalho no
projeto e faço algumas medições?
— Você já não tem minhas medidas? — Ele sempre achou um pouco
perturbador ter Daisy colocando as mãos nele. Um pouco... excitante. Não havia
nada nisso, é claro, ela não estava fazendo nada que o alfaiate dele não fizesse,
mas seu corpo não reagiu ao alfaiate da mesma forma que reagiu a Daisy.
— Claro, mas vai demorar um pouco para encontrar e quero ter certeza de
que esse bordado esteja visível. Caso contrário, qual é o ponto?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Flynn puxou o relógio e consultou-o. Ele deveria buscar Lady Elizabeth em


uma hora. — Vá em frente, então, — Ele disse a Daisy.
— Tem um lugar para estar, hein?
— Levando uma senhora para passear.
Ela sorriu. — Não é a filha de um duque que cria ratos, espero.
Ele deu uma risadinha. — Você ouviu sobre isso?
— Eu certamente ouvi. — Ela pegou um bloco de papel e começou a esboçar
um desenho. — Então você está de olho em uma senhora realmente adequada,
hein?
— Eu estou. — Ele não conseguia esconder sua satisfação.
— Cortejando, então você está?
— Quase.
— Então me fale sobre ela. Como ela é?
Flynn hesitou. Daisy lançou-lhe um olhar por baixo das sobrancelhas. —
Você não acha que vou tagarelar com a velha senhora, acha? Eu sei como ficar
calada. — Seu lápis voou. — Além disso, eu não perguntei por um nome, não que
significasse alguma coisa para mim de qualquer maneira, eu apenas me perguntei
como ela era.
— A família dela é muito antiga e nobre, aparentada com metade dos
aristocratas do reino. Ela vem de Kent, isso é onde fica a casa principal deles e
onde ela cresceu. Ela foi educada em casa...
— Deus, não, não é algo saído diretamente de Debrett, Flynn. Como ela é?
Ela mesma, não sua família.
Flynn havia procurado a família de Lady Elizabeth em Debrett's. Era apenas
prático. Mas as mulheres não estavam interessadas nessas coisas. Ele pensou em
como descrever Lady Elizabeth. — Bem, ela é muito bonita. Jovem. Delgada.
Cabelo castanho claro que fica um pouco ondulado. — Ele fez uma pausa, tentando
pensar no que mais dizer.
— Olhos azuis? — Ela estava rindo dele.
— Como você sabia?
Ela bufou. — Só um palpite.
Na verdade, agora que pensava nisso, não tinha certeza se os olhos de Lady
Elizabeth eram azuis ou verdes. Ou talvez fossem cor de avelã, como Daisy, e

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Noiva no Verão
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mudassem de cor de acordo com a roupa que vestia. Sim, provavelmente era
isso. Cor da avelã.
Ela balançou a cabeça sobre o esboço, arrancou a folha e amassou-a. — Eu
não perguntei como ela era, Flynn, perguntei o que ela era como. Que tipo de garota
ela é? Eu gostaria dela? Ela é engraçada ou séria? Ela tem irmãos e irmãs? Ela tem
um temperamento? Ela gosta de animais, esse tipo de coisa.
Flynn considerou isso. — Sem irmãs ou irmãos. E ela é séria. Quanto a saber
se você gostaria dela... não consigo pensar em nenhuma razão pela qual você não
o faria. Ela é uma senhora perfeita, sempre polida.
— Polidez é o que procuro em um amigo, — Daisy concordou
sarcasticamente. Ela continuou desenhando, mas depois de um minuto ergueu os
olhos. — Isso é tudo que você tem?
Flynn encolheu os ombros. — Eu não a conheço muito bem. Ainda.
Naquele momento, o criado, William, chegou com uma bandeja contendo um
bule de chá, duas xícaras, um prato de sanduíches e uma travessa de bolinhos. Ele
pousou a bandeja e disse a Daisy: — Sr. Featherby disse que você deve comer e
beber alguma coisa, ou ele vai querer saber o motivo.
— Deus, minha velha mãe ele é. — Daisy revirou os olhos e deixou o desenho
de lado. — Não precisa se preocupar, William, eu estava ansiosa por uma xícara
de chá de qualquer maneira. — Ela se virou para Flynn. — Quer um pouco de
chá, Flynn?
Flynn não estava com fome nem com sede, mas assentiu.
Daisy separou as xícaras e despejou um fio fino de líquido escuro na
primeira. Flynn se inclinou para frente. — Isso é chá indiano?
Ela assentiu. — Sim, não suporto aquele xixi de gato... aquela coisa chinesa
fraca de que Lady Bea gosta. Gosto de chá decente, bom, forte e quente. Você se
importa?
— De modo nenhum. — Flynn observou enquanto ela servia, em seguida,
pegou a pinça de açúcar.
— Um caroço ou dois?
— Dois, — disse Flynn. Ela entregou-lhe a xícara e ele misturou o açúcar,
em seguida, tomou um gole da bebida quente e forte com prazer.

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Daisy passou-lhe o prato de sanduíches. Também eram muito sofisticados,


pequenos sanduíches triangulares com a casca cortada, frango, ovo e... — Estou
enganado ou são rolinhos de mel? — Ele perguntou.
Ela assentiu. — Eu espero que sim. Tem um.
— Você primeiro.
Ela balançou a cabeça. — Não, obrigada. Sem fome.
— Oh. — Ele se recostou, o prato de sanduíches intocado.
— Coma, — Ela o incitou. — Featherby ficará zangado se não tocarmos em
nada.
Ele encolheu os ombros. — Eu não posso comer a menos que você coma.
Não é educado, não é?
Ela revirou os olhos para ele e pegou um sanduíche de frango. Flynn esperou
até que ela desse uma mordida, depois deu uma para ele.
— Então, — Ela disse enquanto comiam e bebiam, — você sabe praticamente
nada sobre essa garota e ainda está planejando se casar com ela.
— Eu a conheço, mais ou menos, conheço sua família, seu passado.
Sua boca estava cheia de sanduíches, então ela apenas levantou uma
sobrancelha cética para ele.
Ele se pegou dizendo: — É assim que eles fazem as coisas nas classes altas
inglesas. Ela é filha de um conde.
Suas sobrancelhas subiram mais alto. — E é por causa disso? — Ela disse
quando terminou seu sanduíche. — Porque ela é filha de um conde?
— Sim, caramba, é por isso.
Ela não disse nada, apenas espanou migalhas de seus dedos, mas a
expressão cuidadosamente vazia em seu rosto, tão diferente de Daisy, o levou a
acrescentar: — E por que não deveria me casar com a filha de um conde?
— Nenhuma razão. — Seu tom dizia exatamente o oposto.
Ele empurrou os pãezinhos de mel na direção dela, irritado demais para
falar. Ela selecionou um, mordeu, mastigou, engoliu e disse levemente: — Nunca
pensei que fosse um esnobe, Flynn.
— Não sou esnobe.
Ela bufou. — Claro que não.
— Eu não sou.

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— Mas você está casando, oh, desculpe-me, ‘considerando' casar com uma
menina que você mal conhece, simplesmente porque ela é a filha de um conde.
— Não é por causa disso, ou não apenas por causa disso. — Ele tentou
explicar seus sentimentos sobre querer se casar com a melhor jovem de Londres,
mas saiu um pouco... emaranhado.
Ele não tinha ido longe quando ela interrompeu. — Deus, você não precisa
se justificar para mim, Flynn. Eu não dou a mínima para quem você vai se casar,
desde que você esteja feliz com ela. Só estava interessada, só isso.
Ela começou a empacotar as coisas do chá e continuou: — Eu não me
importo se você é esnobe, de qualquer maneira, eu também sou quando se trata
de clientes. Eu quero que aristocratas ‘verdadeiros, aristocratas do topo das
árvores, venham para minha loja. Eles têm gosto, a maioria deles, e vão me dar
importância para a loja, trazê-lo para a moda, assim. E é o mesmo com você, eu
entendo: casar com a filha deste conde vai te dar as consequências.
— Não é isso — Ele começou. Mas era. Ele simplesmente não tinha pensado
nisso em termos tão simples.
— O casamento é diferente, no entanto. Se eu estivesse querendo me casar,
o que não estou, gostaria de saber mais sobre a pessoa com quem estava me
casando. Você vai ficar preso a eles pelo resto da vida, então eu gostaria de saber
muito mais sobre eles. — Ela deu a ele um olhar de soslaio, seus olhos claros. —
Boas maneiras, ser bonita e elegante e ser parente de gente chique é importante
para você, eu sei, mas... ela tem que te fazer feliz, Flynn.
Daisy deixou a bandeja de chá de lado e se endireitou com uma risada. —
Ouça-me, a especialista em casamento, a garota que nunca foi casada e nunca vou
ser. Desculpe, Flynn, não é da minha conta, então vou parar de me enfiar no
babador. Agora, sobre esse casaco, que tipo de botão você gostaria? Eu acho que
cobertos, você não?
&&&&
No caminho para pegar a carruagem que havia contratado para a viagem de
Lady Elizabeth, Flynn ruminou a conversa com Daisy, refletindo sobre as
perguntas que ela havia levantado.
O que ele sabia sobre a própria Lady Elizabeth, além do rosto público
educado que ela lhe mostrou?
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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E ele era realmente tão superficial, escolhendo uma esposa apenas pela
aparência e pedigree? Havia mais em sua escolha do que isso, ele tinha certeza,
mas foi forçado a admitir que havia alguma verdade na acusação de Daisy.
Não era como se ele achasse que os membros da aristocracia fossem
melhores do que as pessoas comuns. Ele não se importava com o estalar de seus
dedos com as opiniões de outras pessoas sobre ele. Foi justo... as palavras de
Daisy voltaram para ele.
Casar-se com a filha deste conde lhe trará consequências.
E por que ele não deveria ter consequências? Ele não tinha merecido?
Não foi esnobismo. Fizera fortuna procurando o melhor de tudo, tinha olho
para a qualidade, gostava de coisas boas e não via razão para que essa abordagem
não funcionasse tão bem na escolha de uma esposa.
Ele recolheu a carruagem, uma equipagem muito elegante, preta com
detalhes dourados, puxada por um par cavalos brilhantes combinados, pegou as
rédeas e entrou no tráfego intenso de Londres.
O sol havia saído e ele se sentia muito bem ao percorrer as ruas de
Mayfair. Preferir qualidade não era o mesmo que esnobe. Ele tinha um plano e
pretendia segui-lo. Ele sempre foi um homem de palavra: ele disse ao mundo que
queria uma esposa nobre, e o que ele queria, ele ia atrás e conseguia.
Invariavelmente.
Em algumas semanas, se tudo corresse como planejado, e por que não
correria? Ele seria um homem noivo e da filha de um conde inglês de sangue azul:
Lady Elizabeth Compton, que era parente de metade da aristocracia da Grã-
Bretanha. E ele também seria, uma vez que se casasse com ela.
Nada mal para um homem que já foi um rato de cais descalço trabalhando
nas docas de Dublin.
Ele captou esse pensamento, puxou-o e examinou-o.
Maldição! Ele era um esnobe.
Mas só porque Lady Elizabeth Compton era uma senhora de título nobre,
não significava que ela não era a garota certa para Flynn. Daisy estava certa, ele
não conhecia a garota bem o suficiente. Ainda.
Teve muito tempo para conhecê-la melhor, começando por este passeio. Ele
estava feliz por ter escolhido essa hora antes da moda, porque viu como os

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aristocratas dirigiam na hora da moda no Hyde Park, engatinhando, parando para


conversar com pessoas em outras carruagens e para pagar amigos levá-los por
cinco minutos e colocá-los no chão novamente cinco minutos depois.
Dessa forma, ele teria Lady Elizabeth só para ele.
Além disso, na hora dos passeios da moda, ele tinha um compromisso para
uma aula com Lady Beatrice, Deus o ajudasse.
&&&&
Tanto para ter Lady Elizabeth só para ele. Ela trouxera sua criada com ela,
uma donzela de rosto sombrio de anos incertos que olhava Flynn com um desprezo
mal disfarçado: Estava claro que ela o considerava nem de perto bom o suficiente
para sua preciosa senhora.
Flynn sorriu para a mulher enquanto a ajudava a subir no pequeno assento
atrás da carruagem. Ele gostou muito de ser reprovado. Isso deu a ele algo para
trabalhar.
Não houve conversa significativa no caminho para Hyde Park: Flynn
precisava se concentrar no trânsito. Felizmente, os cavalos estavam acostumados
com o caos do tráfego de Londres, porque não refugava e trotavam com elegância
e suavidade.
Lady Elizabeth estava sentada ao lado dele, com as costas retas como as de
um pequeno soldado e com a mesma expressão no rosto. Ela era tímida, disse a si
mesmo. Foi a primeira vez que ela ficou sozinha, ou quase sozinha com ele. E ela
pode ser uma passageira nervosa.
Ele se propôs a relaxá-la.
Eles conversaram sobre o tempo, estava esquentando, Lady Elizabeth
observou. Flynn respondeu que, tendo vivido boa parte dos últimos dez anos em
climas tropicais, ele ainda não o achava quente.
Lady Elizabeth não encontrou nada a acrescentar a esse tópico, nem mesmo
uma pergunta sobre onde ele esteve, ou como tinha sido viver em climas
estrangeiros.
A conversa voltou-se para a temporada. — Você está planejando ir ao baile
de máscaras na próxima semana, Sr. Flynn?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Eu sou de fato. Ansioso por isso. E usarei um traje adequado, não apenas
um dominó que alguns caras, meu amigo, Lorde Davenham, por exemplo,
consideram usar como um traje adequado para um baile de máscaras.
Ela não respondeu, foi timidez, nervosismo ou falta de interesse? Então ele
disse: — Que fantasia você planeja usar, Lady Elizabeth?
— Oh, isso seria revelador. — Mas foi o mais próximo que ele viu de um
sorriso no rosto dela, então ele seguiu essa linha de conversa.
Eles ainda estavam conversando sobre fantasias que ela tinha visto, ou
usado, ele não tinha certeza, em outros mascarados enquanto eles passavam pelos
portões de ferro forjado do parque.
— As flores da primavera estão começando a desabrochar, — observou Lady
Elizabeth. — A primavera é uma estação muito feliz, não é? E depois do frio do ano
passado...
Pelo menos a garota estava tentando. Flynn tentou pensar em algo para
dizer, então pediu a ela que lhe dissesse os nomes de todas as flores que eles
pudessem ver, alegando que ele só sabia sobre flores tropicais, o que era mentira.
Ele não sabia absolutamente nada sobre flores. Poderia citar uma rosa. E
uma margarida. E um narciso. Ele viu um prestes a florescer e eles o admiraram
por alguns minutos. Os narcisos eram, aparentemente, flores felizes.
Eles seguiram em frente. Esse tipo de conversa não o levava a lugar
nenhum. O que ele seria capaz de dizer a Daisy, ou a qualquer pessoa, se ela, ou
eles, perguntassem a ele como era Lady Elizabeth? Que ela pensava que flores e
estações eram felizes? E que ela gostava de se vestir bem.
É hora de ser franco.
— Seu pai falou com você sobre mim, Lady Elizabeth?
Na retaguarda, a empregada fungou.
Ele sentiu mais do que viu o olhar de soslaio cauteloso de Lady Elizabeth. —
Sim.
— Então, você está claro sobre minhas intenções?
Ela fez um pequeno som com a garganta e acenou com a cabeça.
— E você está feliz por ser cortejada, eu não estou pedindo uma resposta
para a questão maior, veja, apenas que você deseja me conhecer um pouco
melhor. Com vista a... — Ele fez uma pausa, considerando a possibilidade de um

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caso de quebra de promessa, e objetou. — Uma visão para ver o que pode
resultar disso.
Houve um curto silêncio. E uma fungada no banco de trás.
— Lady Elizabeth? — Ele perguntou. — Se você não está ansiosa para seguir
em frente com isso, agora é a hora de dizer isso, antes de entrarmos mais fundo e
enquanto não houver ninguém aqui para testemunhar o que você me diz.
Por trás, veio outra fungada significativa. Flynn reconheceu a Linguagem das
Fungadas, amada por sua criada. Ele acrescentou: — A menos que sua empregada
seja uma espiã de seu pai.
Ele ouviu um suspiro indignado atrás. — Muir é minha própria criada, —
Lady Elizabeth disse apressadamente. — Ela era minha criada e está comigo desde
que eu era um bebê.
— E ela não conta histórias sobre sua senhora, também, — veio uma voz
sombria por trás. Fugada.
Flynn sorriu. — Isso é ótimo, então, qual é a sua resposta, Lady Elizabeth?
Você está feliz por eu continuar com esta corte, conosco visitando e indo para
passear e tal até que ambos conheçamos nossas mentes. Porque se você não
quiser, diga agora. Não vou usar isso contra você e não vou contar a ninguém. Eu
prefiro lidar com franqueza.
Ela demorou a responder. Considerando como dizer, sem dúvida.
— Papai deixou meu dever claro para mim, e estou disposta a ... a prosseguir
com essa convivência, — Ela disse por fim.
Isso disse a ele. Ela estava disposta. Flynn era seu dever. Flynn, com os
sacos de dinheiro para tirar seu pai da dívida em que ele atolou sua família.
Jogos de azar, cavalos e mulheres, foi isso que as investigações de Flynn
mostraram que Lorde Compton havia desperdiçado uma fortuna. Flynn não tinha
tempo para o homem.
Um homem deve garantir que sua família seja protegida de dívidas, não
apostar seu dinheiro, e sua segurança, em seus próprios prazeres.
Compton estava sacrificando sua filha a sangue frio em troca da fortuna de
Flynn. E ela cumpriria seu dever.
Ainda assim, ele não podia culpar a garota por não responder mais
calorosamente. Na verdade, dado que eles mal se conheciam, ainda, ele achava sua

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honestidade bastante atraente. Ela estava muito fria para uma garota que acabara
de concordar em ser cortejada, mas ele não tinha dúvidas de que seria capaz de
aquecê-la.
Ele nem a tinha beijado ainda.
Senhor, mas esses ingleses tinham tudo a ver, casar com a garota e depois
beijá-la. E, claro, a cama a seguir.
Ele contemplou essa perspectiva. Ela estaria cumprindo seu dever então?
Fé, mas isso tiraria a diversão das coisas.
Eles completaram o circuito do parque, observando narcisos, flocos de neve
e outras flores encantadoras, e provavelmente felizes, e então Flynn voltou os
cavalos para casa.
Ele não tinha feito muito progresso, mas o ar estava limpo entre eles, e ele
imaginou que ela era mais fácil em seus modos com ele do que quando eles
começaram.
Certamente sua criada olhou para ele com um pouco menos severidade
enquanto ele a ajudava a descer. Era uma espécie de progresso.
— Eu me pergunto, Srta. Muir, você conhece meu criado, Tibbins? Ernest
Tibbins? — Ele perguntou a ela.
A empregada olhou para ele como se ele fosse louco. — Não, por que eu iria?
— É que vocês dois parecem falar a mesma língua, — Flynn disse. — Boa
tarde, senhoras. — Ele foi embora com um leve sorriso no rosto, deixando as duas
mulheres olhando para ele.
A viagem não correu como ele esperava, mas ele não ficou insatisfeito com o
resultado. Também não estava totalmente feliz.
A garota pode estar disposta, mas dificilmente poderia ser chamada de
ansiosa.
As perguntas de Daisy coçaram nele. Até que ela lançou essas perguntas
para ele, ele nunca realmente questionou seu desejo de se casar com uma dama
nobre. Parecia perfeitamente razoável.
Mas colocar as perguntas de Daisy junto com a resposta de Lady Elizabeth a
ele... bem, isso fez um homem pensar.
Por um lado, ele sempre se orgulhou de não dar a mínima para o que alguém
pensava dele. Por outro lado, a aula era importante. Em todos os países que ele já

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visitou, a sociedade era organizada em camadas, e sempre era melhor estar no topo
do que na base.
Ao se casar com Lady Elizabeth, ele teria uma esposa com um punhado de
conexões aristocráticas, e, com sorte, filhos. Mais do que tudo, Flynn queria filhos.
Ele sabia como ele e lorde Compton se beneficiariam, mas e Lady Elizabeth?
O que ela estava recebendo?
Um marido, certamente, e um homem rico. Mas ela não conhecia Flynn bem
o suficiente para julgar se ele seria um bom marido para ela ou não. Por tudo que
ela sabia, ele poderia ser um espancador de mulheres ou um jogador e prostituto,
como seu pai.
Não, o casamento com Flynn era seu dever. Mas qual era sua alternativa?
Sua casa estava comprometida. Depois que seu pai morresse, ela ficaria sem-
teto, dependente da caridade de seu primo. E ela já estava no mercado do
casamento há alguns anos, então estava claro que nenhum dos outros nobres
queria uma garota sem dote, não importa quão bonita, comportada e bem-nascida.
Não havia dúvida na mente de Flynn de que ela aceitaria sua proposta,
quando ele a fizesse. O título era tudo que ele alegou que queria. Por que então
essa viagem deixou um gosto amargo em sua boca?
Seus pensamentos estavam em um futuro distante enquanto guiava a
carruagem para as estreitas cavalariças que levavam aos estábulos. O casamento
era para filhos e ele queria que seus filhos tivessem todas as vantagens. Ele não
queria que eles sofressem como ele sofreu quando era menino.
Por outro lado, ele não queria criar um bando de pequenos esnobes que
imaginavam que o mundo devia a eles um meio de vida, e se consideravam
superiores às pessoas comuns, simplesmente por causa de quem eram e de quem
eram parentes.
Seus punhos cerraram-se com força nas rédeas. Nenhuma filha dele jamais,
jamais! Seria forçada a se casar com um estranho por causa das dívidas de seu
pai.
Ele afrouxou o aperto deliberadamente. Não havia dúvida de que Lady
Elizabeth seria forçada. Ele teria certeza disso. Ela pode ter opções limitadas, mas
não eram escolhas.

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Ela estava rígida e estranha, mas ainda não o conhecia muito bem. Ela sem
dúvida se aqueceria um pouco ao conhecê-lo melhor. Ela pode estar pensando no
dever, mas Flynn poderia mostrar que o dever também pode ser um prazer.
Se ela lhe desse uma chance.
Ele entregou a carruagem e os cavalos aos cuidados dos cavalariços e correu
para a Berkeley Square. Quinze para as quatro. Quase na hora de sua chamada
lição.

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Capítulo Cinco
Gostar de dançar foi um passo certo para se apaixonar.
JANE AUSTEN, PRIDE AND PREJUDICE

Às quatro para as quatro, Featherby bateu na porta da sala de trabalho de


Daisy. — Senhorita Daisy, está quase na hora da aula de Lady Beatrice.
Daisy fez uma careta, mas pôs de lado a manga que estava costurando. —
Eu vou, e vou assistir, mas não vou florescer bem dançar.
Featherby não disse nada. Ele apenas segurou a porta aberta para ela, sua
expressão branda.
Daisy pegou um vestido que tinha a bainha presa, mas ainda não estava
costurado. Featherby olhou, mas não disse nada. Ele tinha um jeito de fazer as
coisas acontecerem, apenas por... esperar.
Ela disse, como se ele tivesse argumentado: — Odeio dançar. Não sou bom
nisso.
Ela pisou forte seu caminho até a sala que tinha sido limpa para as aulas,
entrou e parou. O carpete foi enrolado e todo o excesso de móveis foi removido,
deixando apenas o piano e algumas cadeiras dispostas ao longo de uma parede,
mas não foi isso que a assustou.
Bem como Lady Beatrice, Jane, Abby e Damaris, o idoso francês Monsieur
Lefarge que ensinou os vários passos de dança, e sua prima, Madame e Bertrand,
que tocava piano, havia quatro cavalheiros, um estranho, Max, Freddy e o Sr.
Flynn. Quatro.
— O que...?
— As garotas precisam de mais prática com cavalheiros de verdade, — Lady
Beatrice declarou. — Então, Monsieur Lefarge trouxe outro de seus primos para
fazer par com Jane, e eu convidei os queridos Max e Freddy. E, claro, o Sr. Flynn
também precisa de lições, por ter passado a vida inteira no mar.
— Não exatamente, — Flynn começou. — E eu disse que sabia...
Mas a velha senhora não deu atenção. — Abby e Damaris vão dançar com os
maridos, por mais fora de moda que esteja, e Jane vai dançar com...

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— Flynn, — disse Daisy, sentando-se e costurando perto da janela.


— Absurdo! Jane está participando de bailes com os olhos do mundo sobre
ela. Ela precisa de mais prática com alguém que sabe o que está fazendo. O primo
de Monsieur Lefarge é um especialista, o Sr. Flynn é um iniciante.
— Eu não sou, por uma questão de...— Flynn começou.
Lady Beatrice ergueu seu lornhão e olhou para ele com uma expressão de
contas. — Tenho certeza de que você executa o hornpipe deliciosamente, Sr. Flynn,
e você deve nos mostrar algum dia, mas não hoje.
Max e Freddy sufocaram as risadas, sem muito sucesso. Lady Beatrice deu-
lhes o tipo de olhar fulminante que reduzia os homens adultos ao status de
colegiais. Ela continuou: — Jane precisa de um especialista para refinar seus
passos, então ela vai dançar com o primo de Monsieur Lefarge e Daisy, você vai
dançar com o Sr. Flynn.
Daisy ergueu os olhos da costura — Quem, eu? Mas...
— Mas o quê? — Lady Beatrice entoou. — Isso não é uma aula de
dança? Você não veio por sua própria vontade? — A velha apontou seu lornhão
para Daisy.
Featherby, que estava pairando no ar, deu a Daisy um olhar significativo.
Daisy ficou carrancuda. Eles estavam todos se unindo contra ela. Ela olhou
para Flynn, que estava totalmente empenhado em escolher uma pluma da manga
do casaco. Uma pluma invisível, o grande rato covarde.
— Vai ser divertido, Daisy, — Jane disse com uma voz persuasiva.
— Você pode descobrir que gosta, — acrescentou Damaris com simpatia.
Traída por todos os lados. Daisy olhou para Abby, mas Abby não disse
nada. Ela sabia como Daisy se sentia em relação à dança, sabia o que sentia por
sua perna estúpida. Daisy engoliu em seco.
Flynn cruzou a sala e estendeu a mão para ela. — Vamos, moça, não há nada
a fazer a não ser ceder graciosamente.
Graciosamente? Isso foi uma risada. Não haveria nada de gracioso em Daisy
na pista de dança. E dançar com Flynn, entre todas as pessoas para fazer papel de
boba. Ela não se mexeu.
— Se você me recusar, a velha me fará dançar com o velhinho francês. Ele
está usando rouge! — Flynn disse com uma careta cômica. — Você não faria isso

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comigo, faria, Daisy? Não depois de me esforçar para lhe dar a primeira escolha de
todos aqueles tecidos lindos. — A risada brilhou em seus olhos azuis, azuis. Ele
não ia desistir, ela podia ver. Ele não tinha ideia.
— Oh, tudo bem, mas é chantagem. — Não foi. Ele era simplesmente
irresistível, maldito homem. Carrancuda, Daisy largou a costura na cadeira ao lado
dela e pisou mal-humorada na pista de dança.
— Uma aceitação tão graciosa, Senhorita Chance, estou profundamente
lisonjeada, — Flynn murmurou, seus olhos azuis dançando. Ele estava gostando
disso, o grande rato.
— Faça uma barba por fazer, Flynn. Eu nunca pedi isso.
— Nem eu, — Ele disse. — Eu pensei que era o único pressionado nisso.
— Pressionado?
Ele encolheu os ombros. — A marinha inglesa tem dois tipos de marinheiros,
voluntários e homens pressionados. Homens pressionados podem chutar para
sempre e ficar infelizes, ou tentar tirar o melhor proveito disso. Você pode ver qual
escolha estou fazendo. — Ele estendeu a mão.
Daisy suspirou. Ele estava certo, explodi-lo. Fazer barulho nunca fez bem a
ninguém. Certamente não Daisy. Seja o melhor para ter a podre dança acabada e
feita o mais rápido que ela pudesse. E esperar que Flynn tenha que se concentrar
tanto em seus próprios passos a ponto de nunca perceber Daisy fazendo um café
da manhã de cachorro com isso.
— Vamos começar a valsa sábia, — anunciou Monsieur Lefarge. Um francês
idoso e enrugado, ele usava roupas que faziam lembrar o século anterior, incluindo
pó e ruge. — Primeiro, os senhores se curvem, como zis — Ele demonstrou — E as
damas, façam reverências como zis. — Mais uma vez, ele demonstrou e, apesar de
suas calças de cetim justas, fez uma reverência graciosa. — Os senhores colocam
as mãos assim e assim. — Ele demonstrou e depois verificou se todos estavam
posicionados corretamente. — E agora, Clothilde, mas devagar, s'il vous plaît.
Madame Bertrand tocou um acorde. Daisy respirou fundo e se preparou para
fazer papel de boba. A dança começou.
— Um-dois-sree, um-dois-sree, um-dois-sree, — Monsieur cantou. Daisy
podia ouvir seus próprios passos irregulares, tão altos quanto podiam ser no chão

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de madeira, clump-dois-clump, clump-dois-clump. Provavelmente, todos os outros


também podiam ouvir. Foi mortificante.
A grande mão de Flynn estava quente em sua cintura. Era completamente
perturbador. Ele tentou girá-la.
— Oi! Pare de puxar.
— Eu não estou puxando, estou liderando. É o que os homens devem fazer.
Ela bufou. Ela podia sentir o cheiro de seu sabonete de barbear e o cheiro
fresco de uma camisa bem lavada. E Flynn. Sempre cheirava bem. Suas próprias
mãos estavam suadas. Ela queria puxar a mão da dele e limpá-la, mas não havia
chance.
Ele avançou e ela cambaleou para trás. — Agora você está pressionando, —
Ela disse.
— Não, você está resistindo. — Ele parecia achar tudo muito divertido. Ela
ficou irritada.
— Mademoiselle Daisy, você deve deixar o cavalheiro liderar.
Daisy fez uma careta. — Que se dane isso. Eu não consigo dançar bem e eu
vou...
— Pare de lutar, sim, garota — Flynn disse a ela. — Apenas feche sua
pequena boca e me deixe liderar.
Daisy teve vontade de chutá-lo, mas Lady Beatrice estava olhando, com olhos
de águia.
Daisy tentou se lembrar de seus passos. Ela olhou para o colete dele, dragões
vermelhos, verdes e chineses em um fundo preto. Ela tinha feito aquele colete. Ela
se lembrava de cada ponto.
— Um-dois-sree, um-dois-sree... — o francês cantou. Seu primo girou Jane
delicadamente. Jane flutuou como uma fada diáfana. Uma fada delicada e gentil.
Daisy parecia mais um troll zangado. — Eu odeio isso, — Ela murmurou.
Clump-dois-clump, clump-dois-clump.
— Mesmo? Estou me divertindo muito, — disse Flynn enquanto a fazia
girar. — Claro que tenho a parceira mais charmosa e agradável...
Ela olhou desconfiada para ele.
Seus olhos riram dela. — E eu nunca imaginei que valsa e luta livre tivessem
tanto em comum.

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Ela tentou fazer uma carranca, mas de alguma forma uma risada escapou.
— Bom Deus! — Ele exclamou com espanto. — Ela ri?
— Eu vou te chutar se você não tomar cuidado. — Mas sua boca continuou
tentando sorrir.
Ele deu uma risadinha. — Se você apenas relaxasse e me deixasse liderar,
você poderia até descobrir que gosta.
Ela bufou. — O acaso seria uma coisa boa.
— O acaso seria uma coisa boa, se ela me deixasse liderar. — Depois de mais
algumas rodadas fortemente lutadas, ele parou. Acabou? Obrigada Senhor.
Daisy tentou soltar a mão, mas Flynn a segurou com força. — Madame
Bertrand, — Ele chamou, — Encore une fois, mais plus vite, s'il vous plaît.
— O que você disse? — Daisy começou, mas a música começou novamente.
— Agora, — Flynn disse e segurando-a muito mais perto do que Monsieur
Lefarge havia mostrado, ele começou a girá-la rapidamente ao redor da sala. A
música estava duas vezes mais rápida do que antes.
— O que diabos... Daisy tentou acompanhar. Ela tropeçou e quase caiu. Ela
o agarrou com força. Ele não percebeu, apenas continuou girando em torno
dela. Ela se esqueceu de lembrar os passos, tudo o que ela podia fazer era ficar de
pé. Se ele a soltasse, ela cairia de cara no chão, tinha certeza. Ou em sua bunda.
— Seu desgraçado! Solte-me. Oh, droga! — Enquanto ela tropeçava
novamente.
Ele sorriu e continuou dançando.
No minuto em que essa dança florescente terminasse, ela iria matá-lo. Ela se
segurou severamente, certa de que a qualquer minuto tropeçaria e se espatifaria no
chão, fazendo papel de boba.
De alguma forma, ela não fez.
Com uma mão grande e quente ancorada firmemente em sua cintura e a
outra segurando sua mão, ele a manteve firme, apesar de seus passos irregulares.
Ele era forte. Seu grande corpo era a âncora em torno do qual ela girava.
Não havia chance de cair, ela percebeu gradualmente. Poderia tropeçar,
poderia tropeçar, mas Flynn não a deixaria cair.
Com essa constatação, ela relaxou um pouco e, de repente, o ritmo da música
começou a fazer sentido. Ela se esqueceu de sua perna, de seus passos irregulares

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e do clump do que quer que ela deveria estar fazendo, ela apenas o deixou girar e
girar. E por aí.
Oh meu Deus, então era assim que era dançar. Estava praticamente voando.
— Isso é melhor, — Ele murmurou. — Veja, quando você para de lutar
comigo, quando você esquece que está mancando...
Ela tropeçou.
— Desculpe, eu não deveria ter...
— Cale-se! Apenas cale a boca! — Ela sibilou furiosamente. Mas estava de
volta ao clump-dois-clump.
Eles terminaram a dança em silêncio. Madame Bertrand tocou o acorde final
e, finalmente, finalmente Flynn soltou Daisy. Ela deu um passo para trás,
respirando pesadamente e, em uma ação que não fazia desde que era criança, ela
enxugou as mãos pegajosas na saia.
Ele olhou para ela, consternado. — Daisy...
Ela se recusou a encontrar seu olhar.
— Comprimente seus parceiros, — Monsieur Lefarge instruiu.
Flynn curvou-se e disse em voz baixa que só ela podia ouvir: — Não foi minha
intenção... foi justo... quando você parou de pensar em si mesma, e de ser
autoconsciente, você dançou leve como uma fada...
Mas Daisy não queria ouvir essas bobagens. Sabia que não era verdade. Ela
fez uma reverência para ele, murmurou seu agradecimento e se dirigiu para seu
assento. A sala inteira podia ouvi-la pisando desigualmente nas tábuas nuas.
Ela olhou para os outros ocupantes da sala. Jane disse algo a Lady Beatrice
e saiu apressada, sem dúvida para cuidar daquele cachorro florescendo que ela
havia adotado, Damaris e Freddy estavam rindo de alguma coisa, Max e Abby ainda
estavam entrelaçados, murmurando baixinho um ao outro.
Apenas Flynn ficou olhando para ela, uma ligeira carranca escurecendo sua
testa.
Ela sabia que seu rosto estava vermelho. Ela não ligou. Tinha feito uma bela
idiota. Ela teve vontade de chorar, mas nunca chorou. Nunca.
Ela pegou a costura dobrada, olhou para Lady Beatrice e ergueu a voz,
dizendo: — Eu fiz a lição de flor, então acho que você está satisfeita. Agora, tenho
trabalho a fazer.

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Ela saiu da sala, nem bateu à porta, e correu escada acima para sua sala de
trabalho, o lugar onde ela poderia ser ela mesma novamente: Daisy, que sabia no
que ela era boa, sabia onde ela pertencia, em seu próprio pequeno império.
E não em nenhuma pista de dança.
&&&&
Depois da aula de dança, Max convidou Flynn para se juntar a ele e Freddy
para um drinque, as meninas planejavam tomar o chá da tarde com Lady Beatrice
e então havia algo sobre vestidos. Ou fantasias. Flynn aceitou de bom grado.
Ele saiu na frente dos outros dois, e estava fazendo seu caminho escada
abaixo no momento em que Jane subia apressada, uma expressão furtiva no rosto.
— Senhorita Jane, — Ele disse educadamente e fez menção de passar por ela
na escada.
Ela rapidamente empurrou algo atrás dela, mas não antes de ele vislumbrar
um pequeno sapato de couro vermelho com uma roseta vermelha e branca na ponta
do pé.
— Levando para a Srta. Daisy seus chinelos?
— Oh, quieto! — Ela exclamou, olhando ao redor com culpa para ver se
alguém notou. — Ela não está te seguindo, está?
— Não, ela saiu na minha frente, — Ele assegurou. — Ela estará em sua sala
de trabalho agora. Por quê? Qual é o problema?
Jane mostrou a ele o que estava escondendo e disse com uma voz trágica: —
Meu cachorro.
Um sapato ainda exibia uma roseta. Estava pendurada por um fio. A outra
estava mastigada, suja e totalmente arruinada. — Daisy vai me matar. Ou pior,
meu cachorro. Mas é sua própria culpa, ela nunca deveria tê-los deixado de fora,
tentando-o com chinelos de couro! Ele ainda não está acostumado a viver com
pessoas.
Vozes soaram no corredor acima e Jane olhou ao redor freneticamente, como
se procurasse um lugar para esconder os chinelos estragados.
— Aqui, dê-os para mim, — disse Flynn.
Jane os colocou em suas mãos e Flynn colocou um chinelo em cada bolso do
casaco no momento em que Max e Freddy apareceram no patamar.

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Jane murmurou seu agradecimento e correu escada acima. Flynn escondeu


um sorriso. Obviamente, esperava-se que ele se livrasse da evidência.
Os dois homens se juntaram a ele e, como era um dia claro e fresco,
caminharam até a casa de Max, virando a esquina. Max os levou para sua
biblioteca, onde se acomodaram em confortáveis poltronas de couro estofadas.
Ele serviu uma bebida para cada um. — Eu não esperava que você tivesse
aulas de dança, Flynn.
— Ah, bem, aparentemente eu preciso delas; todo mundo sabe que todos os
marinheiros só podem dançar o hornpipe. — Ele se inclinou para frente e
acrescentou em tom confiante: — E você sabia que eles não dançam o hornpipe no
Almack's? Nunca fiquei tão chocado em toda a minha vida. — Os outros riram.
— Então você não contou a ela sobre todos os bailes, festas e festas em que
você dançou em várias embaixadas e grandes casas nos cantos remotos do império.
— Ela não me deu chance.
— Então, como ela torceu seu braço? — Freddy perguntou.
Flynn sorriu. — Deixando de lado as questões do Hornpipe, foi uma punição.
— Ele contou-lhes a história.
— Pammy Girtle-Brown! — Freddy estremeceu. — Mulher horrível! Nem
mesmo um muffin, ela é uma ... um pão velho. Aquela fala. E conversas. E fala,
tudo besteira e no topo de seus pulmões. Certa vez, passou duas semanas em sua
companhia em uma festa em casa, caiu pela neve, sem chance de escapar. E ela
cria ratos, deixa que eles rastejem sobre seu corpo. — Ele estremeceu novamente
e esvaziou o copo. — Deixou-me com cicatrizes para o resto da vida.
Max deu uma risadinha. — E a tia Bea engoliu a história?
— Por cinco minutos, — Flynn disse. —Ela estava realmente chocada. Alegou
que quase teve palpitações.
— Serviu bem a você então, — Freddy disse a ele. — Pammy Girtle-Brown! Dá
palpitações a qualquer um!
Max disse: — Imagino que tia Bea também quisesse um parceiro para Daisy,
Abby diz que ela está determinada a fazer Daisy assistir às aulas com todas elas,
não importa o quanto Daisy proteste.
Flynn pensou no protesto de Daisy. Pensou que entendia pelo menos um
pouco de sua relutância. — Algum de vocês sabe o que aconteceu com o pé dela?

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Freddy agitou sua cabeça. — Nenhuma ideia.


— É a perna dela, não o pé, — disse Max. — Não tenho certeza de como isso
aconteceu, algum acidente quando ela era criança, talvez, mas acho que uma perna
é mais curta do que a outra.
Flynn pensou em como Daisy se movia e assentiu. Faz sentido.
Algumas horas depois, Flynn saiu da casa de Max. Ele vestiu o casaco e
apalpou os sapatos nos bolsos. Ele deveria jogá-los fora, eles não eram úteis para
o homem ou animal. Ele examinou os chinelos bem mastigados. Bem pela besta.
Eles já foram sapatos bonitos. Uma ideia veio a ele. Ele hesitou.
Oh, que diabos, por que não?
Então, a caminho de casa, ele parou em um pequeno sapateiro de rua que
conhecia. Ele deu os sapatos estragados de Daisy para o homem e explicou o que
ele queria. — Consegues fazê-lo? — Ele perguntou ao sapateiro.
O homem garantiu que sim e Flynn seguiu seu caminho.
&&&&
— Tem certeza de que não virá ao baile de máscaras, Daisy? — Jane
perguntou. — Lady Beatrice conseguiu um convite para você, e seria muito
divertido ver todos os trajes maravilhosos.
— Não, obrigada, amor, não é meu estilo de coisa. — Daisy tinha muito
trabalho a fazer para sair vagabundeando. Endireitou o laço de cetim azul na
fantasia de pastora de Jane. Era lindo, se ela mesma dissesse isso. Jane não era
nada parecida com qualquer pastora que Daisy já vira, não que tivesse visto muitas
em Londres, mas parecia bonita como uma pintura, que era o ponto principal.
— Garota teimosa! Seria bom para você sair desse quartinho minúsculo e se
misturar com outras pessoas — declarou Lady Beatrice.
— Não posso, — disse Daisy. — Sem fantasia.
— Use um dominó, — Lady Beatrice disse. Ela parecia magnífica como a Boa
Rainha Bess, em um brocado roxo e dourado e um colar de ouro.
— Você não precisa ficar muito tempo, — Jane insistiu. — O baile é ao dobrar
a esquina. Você poderia vir um pouco e depois caminhar para casa.
— Olha, pare de se preocupar comigo e vá embora e divirtam-se, — Daisy as
incentivou. Ela estava cansada de discutir. — Não estou com humor para festas.

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Tenho de trabalho a fazer, então vou dormir cedo. — Abaixo a campainha tocou. —
Devem ser Abby e Max, — Ela disse. — Não devo deixá-los esperando.
— Garota teimosa, teimosa, Lady Beatrice murmurou e beijou Daisy na
bochecha. — Certifique-se de ter uma boa noite de sono, você está começando a
ficar assustadoramente pálida e abatida!
— Eu vou, — Daisy mentiu. Ela abraçou Jane, seguiu-as escada abaixo e
acenou quando se afastaram na carruagem.
— Louco, não é, Featherby, — Ela comentou enquanto ele fechava a porta
atrás deles, — ir de carruagem ao virar da esquina.
Ele deu a ela um olhar fingido de choque. — A boa Rainha Bess, caminhar?
Impensável.
Daisy riu. — Você quer dizer Lady Bea... andar? Impensável! Não quando há
uma carruagem disponível. — Ela correu escada acima e voltou para sua sala de
trabalho.
Ela estava quase em dia com os vestidos de Jane, por enquanto, e Lady
Gelbart e a velha Sra. Hartley-Peacock vinham fazendo ruídos ansiosos sobre
querer seus vestidos de dormir e jaquetas. As duas senhoras estavam tão
desesperadas por eles que se ofereceram para pagar a Daisy o dobro do preço, em
dinheiro! E ela já lhes havia cotado um preço ridículo.
Dinheiro na mão. Ela iria trabalhar nisso esta noite.
Apesar do cansaço, Daisy sorriu para si mesma ao pegar a primeira das peças
de seda e renda semiacabadas, em seda rosa e renda cremosa. Ela enfiou a linha
na agulha e começou a trabalhar.
Quem teria pensado que a primeira camisola e o casaco que ela fez para Lady
Bea levariam a uma pilha inteira de pedidos de outras senhoras ricas da alta
sociedade?
E quem teria pensado que o tipo de coisa que ela fez para as garotas do bordel
seria tão popular com velhinhas respeitáveis? Mas quanto mais safados eles eram,
melhor as velhas gostavam. Nesses dias, Daisy os fazia com renda francesa de
verdade e seda adequada, tudo novo, e não pedaços cortados de vestidos
velhos. Ela teve que admitir, a seda era linda contra a pele.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Mas aqueles anos escolhendo vestidos velhos para fazer o tecido a ensinaram
como construir uma vestimenta, como cortar e modelar roupas. Ela começou
usando as peças como um padrão, mas logo aprendeu a ajustá-las e adaptá-las.
Ela sempre teve ideias para roupas em sua cabeça.
E agora ela sabia como fazê-los parecer exatamente como ela imaginava. Ela
adorava poder fazer uma garota gordinha parecer magra ou dar a uma garota
magrinha um pouco mais de forma. Ela tinha um bom olho para a cor, a cor certa
pode fazer uma mulher parecer pálida ou vibrante, tornar seus olhos opacos ou
brilhantes. Era uma fonte de fascínio sem fim.
Mais e mais pedidos estavam começando a chegar, era o que ela sonhava. Por
que ela perderia seu tempo em um baile em vez de terminar algo, algo pelo qual ela
seria paga em dinheiro?
Além disso, por que ela iria querer ir a um baile e assistir Flynn girando pela
sala com a delicada Lady Elizabeth?
&&&&
O salão de baile estava lotado até a amurada, como pareciam ser os eventos
da alta sociedade. Flynn abriu caminho através da multidão colorida, espremido
entre uma sereia e um sujeito alado vestido com um lençol, uma coroa de folhas e
quase nada mais, algum tipo de deus grego ou romano, presumiu Flynn.
Ele avistou Damaris e Hyphen-Hyphen, ambos vestidos com roupas
chinesas, Freddy com um longo bigode mandarim caindo em seu queixo.
— Tem um pouco de alga marinha presa em seu rosto, — Flynn comentou,
estendendo a mão para pegá-la.
— Tire as mãos, bárbaro! — Freddy deu um passo para trás e olhou para ele
de cima a baixo. — Droga, Flynn, você se esqueceu de usar uma fantasia. — Ele se
voltou para Damaris. — Ele está vestindo exatamente as mesmas roupas que eu o
conheci.
Flynn sorriu. Freddy sabia perfeitamente bem que Flynn encomendara essa
roupa especialmente para o baile. — Melhor do que usar o roupão da sua esposa.
— Pare com isso, vocês dois, — disse Damaris, rindo. — Senhor. Flynn, você
está maravilhoso, um pirata muito arrojado e temível!
Flynn tentou parecer modesto, mas teve que admitir que estava muito
satisfeito com seu traje. Ele estava vestido com calças vermelhas justas, reluzentes
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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botas pretas até a coxa, seu colete de dragão, uma camisa branca espumosa e um
casaco de brocado roxo e dourado. Na cabeça, ele usava um lenço preto com uma
caveira branca e ossos cruzados, uma máscara que era uma tira de veludo preto
com dois buracos sinistros para os olhos, e na orelha, seu maior e mais brilhante
brinco de ouro. Em um toque final, ele enfiou um cutelo em seu cinto de couro
preto.
— E você está linda, Damaris. Linda demais para se casar com esse
sujeito decrépito. — Seu traje chinês bordado realçava sua elegância esguia com
perfeição.
— Mostre um pouco de respeito, pirata, eu sou um mandarim, você sabe, e
bastante importante. Eu poderia ter sua cabeça cortada — Freddy estalou os dedos
— assim! Seria, tenho certeza, uma melhoria.
Eles foram acompanhados naquele momento por Abby e Max, Jane e Lady
Beatrice. Eles trocaram saudações e Lady Beatrice olhou Flynn com aprovação
indisfarçável. — Bem, este é o tipo de homem que eu esperava quando Max me
falou pela primeira vez sobre seu amigo, o capitão Flynn, extravagante, colorido e
com mais do que um toque de pirata. Uma bela figura de homem, de fato. — Ela
olhou para seu cutelo, pelo menos ele esperava que fosse seu cutelo. — Espero que
essa coisa seja falsa. Não quero que corte as roupas femininas em tiras.
— Papelão pintado de prata, milady — Flynn garantiu a ela. — Peguei de
uma companhia de teatro.
— Bom. — Seu olhar o percorreu para cima e para baixo novamente. — Daisy
fez esse colete, não é? — Ela cutucou seu peito com a alça de seu lornhão.
Flynn assentiu.
— A garota deveria estar aqui para vê-lo em toda a sua glória.
— Ela não está aqui? — Disse Damaris, olhando ao redor. — Mas eu pensei
que você tinha arranjado um convite especialmente para ela.
— Diz que vai dormir cedo, mas eu sei que não. — A velha bufou. — Ficar
em casa para trabalhar, criaturinha teimosa. Ela está se transformando em um
verdadeiro troglodita. Bem, se deem bem com vocês, crianças, a dança está prestes
a começar. Vá e encontre seus parceiros.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo Seis
Sem pensar muito nos homens ou no matrimônio, o casamento sempre foi seu
objetivo; era a única provisão honrosa para moças bem-educadas, de pouca fortuna
e, por mais incerta que fosse a felicidade, deve ser seu mais agradável preservativo
da necessidade.
JANE AUSTEN, PRIDE AND PREJUDICE

Flynn havia contratado Lady Elizabeth para duas danças, a primeira e a


última valsa da noite. Ele tinha chegado tarde demais para segurá-la para o baile
do jantar, o que teria garantido que ele poderia levá-la para jantar e passar mais
tempo conhecendo-a. Ainda, ele não se importava.
Ele não tinha intenção de dançar a última valsa com ela. Em vez disso, ele a
levaria para o jardim e a beijaria. Ele estava planejando desde o passeio no
parque. Suavize a garota um pouco. Mostre a ela que não tem que ser só dever,
que também pode haver prazer.
Ele esperava muito bem que houvesse prazer. Ele não queria um casamento
obediente, ele queria algo mais quente, mais aconchegante. Ele não esperava que
eles se apaixonassem, mas ele esperava por afeto, no mínimo.
Não que os obcecados agissem de forma aconchegante, na metade das vezes,
maridos e esposas pareciam não ter nada a ver um com o outro, embora o que
aconteceu no quarto fosse, sem dúvida, outra coisa completamente diferente.
Ele olhou ao redor da sala. Máscaras, música, um pouco de mistério, era
uma noite para romance. Um ou dois beijos ao luar ou nas sombras criadas pelas
lanternas coloridas penduradas ao redor do jardim, isso deve colocá-los no curso
certo.
Nesse ínterim, ele não teve falta de parceiras dispostas e dançou muito, o Sir
Roger de Coverley e várias outras danças country enquanto esperava pela primeira
valsa.
Ele viu Lady Beatrice sentada observando os dançarinos. Ela o notou e o
chamou.
— Tenho observado você, Sr. Flynn.

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Noiva no Verão
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— Tem, minha senhora? Como você vê, não é?


Seus olhos brilharam em apreciação, a velha querida adorava flertar, mas
tudo o que ela disse foi: — Você se dá bem na pista de dança.
— Obrigado, milady. Aquela lição que você arranjou para mim parece ter
funcionado.
Ela deu uma risada divertida. — Por que você não me disse que sabia dançar?
Flynn sorriu. — Eu nunca digo a uma senhora o que ela não deseja ouvir.
Ela bufou novamente. — Esse pequeno hábito, se for verdade, vai te causar
muitos problemas então. — Seus velhos olhos redondos brilharam para ele. —
Estou ansiosa por isso.
— Eu também, senhora, eu também.
Ela riu abertamente. — Fique bem com você então, seu malandro. A seguir
é a valsa, e você não quer deixar Lady Elizabeth esperando, quer? — Ela suspirou
e acrescentou: — Se eu fosse vinte anos mais nova, a cortaria.
— Se eu fosse vinte anos mais velho, senhora, eu...— Ele começou galante,
então piscou. — Como você sabia?
— Sobre Lady Elizabeth? — Ela deu a ele um olhar seco. — Quando você vai
perceber, querido menino, que eu sempre sei tudo. — Ela deu a ele um pequeno
empurrão. — Agora corra e dance com a garota.
Flynn riu sozinho enquanto cruzava o salão de baile para onde Lady
Elizabeth estava esperando. Hyphen-Hyphen estava certo, a velha era uma bruxa.
— Nossa valsa, Lady Elizabeth. — Ele se curvou e estendeu a mão.
Ela não fez nenhum movimento para pegar sua mão, apenas olhou para ele
como se houvesse algo errado.
— O quê? — Ele olhou para sua mão. Ele sabia que ela não gostava muito
da aparência de suas mãos, você não fazia trabalho manual desde a infância e
ficava com as mãos suaves e claras de um cavalheiro. Suas mãos eram fortes e
capazes. Elas podem estar marcadas com cicatrizes e cortes de uma vida inteira de
trabalho físico duro, mas foram bem esfregadas e suas unhas estavam limpas, bem
aparadas e levemente lustradas.
Ele não tinha vergonha de suas mãos: elas refletiam quem ele era. E quão
longe ele tinha vindo.
— Luvas, Sr. Flynn, — Ela o lembrou, corando ligeiramente.

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Noiva no Verão
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— Oh, certo. — Ele as tirou do bolso, colocou-os e a levou para a pista de


dança.
Os compassos de abertura soaram e ele a tomou nos braços. Ela era fria,
graciosa e composta. Ele sorriu para si mesmo, lembrando-se do pequeno porco-
espinho rígido, zangado e pontudo com quem havia valsado na casa de Lady
Bea. Lady Elizabeth era a parceira perfeita, mas de alguma forma, o ouriço tinha
sido mais divertido.
Ainda assim, ele estava aqui para cortejar a senhora. — Você está muito
bonita esta noite, Lady Elizabeth.
— Obrigada, Sr. Flynn.
Eles giraram.
Ele tentou novamente. — Você está uma ordenhadeira encantadora.
— Obrigada. Há várias leiteiras aqui esta noite, eu percebi.
— Sim, mas você é a mais bonita.
Houve um curto silêncio. Abaixo da máscara, ela corou um pouco.
— Você está gostando do baile?
— Estou. — Ela acrescentou: — Particularmente gosto de todos os figurinos
e máscaras. Isso adiciona um agradável ar de intriga à noite.
— Você conhece bem a maioria das pessoas aqui, suponho.
— Ai sim. Quase todos. — Ela enrubesceu de novo e Flynn lembrou que está
era sua terceira temporada, sem dúvida a última, a menos que ela encontrasse um
marido. Como era, seu pai deve ter raspado a cada favor que lhe devia para
financiar este baile, ficando ainda mais endividado para vender seu último bem,
sua filha.
— Então, o que você acha da minha fantasia? — Flynn disse facilmente.
Uma expressão cintilou em seu rosto que ele não entendeu muito bem. — É
muito... colorida.
— Você não gostou? — Ele perguntou. — Eu não me importo se você não
gostou. Prefiro que você fale o que pensa.
Ela hesitou. — É que não foi muito... sábio da sua parte.
— Sábio?
— Lembrar as pessoas.
— Sobre o quê?

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Noiva no Verão
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— Seu passado.
Ele olhou para ela por um momento, então riu alto. — Meu Deus, garota,
eu nunca fui um pirata. Eu sou um comerciante.
Sua boca se apertou e ela olhou ao redor para ver se eles tinham sido
ouvidos.
Flynn não dava a mínima para quem pudesse estar ouvindo. — Eu era, estou
em parceria em uma empresa comercial mundial, junto com Lorde Davenham,
Freddy Monkt on-Coombes e outro sujeito que você não conhece.
— Sim, mas...— Ela se interrompeu.
— Sim, mas o quê?
Ela olhou para ele pelos orifícios da máscara. — Lorde Davenham e o Sr.
Monkton-Coombes são cavalheiros.
Houve um longo silêncio. Eles continuaram dançando. Depois de um
momento, Lady Elizabeth disse em um tom alegre: — É um colete muito
interessante. Eles são monstros marinhos ou dragões?
— Dragões, — Flynn disse brevemente. Agora ela estava tentando bajulá-lo.
Eles terminaram o resto da dança em silêncio. Quando ele a devolveu a seu
assento, onde sua acompanhante estava esperando, ela o olhou preocupada. —
Espero não o ter ofendido, Sr. Flynn. Você me pediu para ser sincera.
— Eu sei. — Ele forçou um sorriso. — Ensine-me a ter cuidado com o que
peço, não é? — Ela parecia realmente ansiosa, então ele acrescentou: — Não se
preocupe, moça, eu tenho uma pele grossa o suficiente.
Seu olhar caiu imediatamente para as mãos dele.
Sua voz apenas ralou um pouco quando ele disse: — Vejo você depois do
jantar.
Ela sorriu para ele, aliviada. — Sim, a última valsa. Estou ansiosa por isso.
Depois disso, Flynn não estava mais com disposição para dançar ou
conversar. Não era culpa da garota, ele o tinha pediu para ser sincera. E ele não
era um cavalheiro, ele não fingia ser um, então por que aquele comentário o irritou
tanto?
Ele se apoiou novamente em uma das colunas que circundavam a pista de
dança e olhou com ironia para a multidão colorida. Um zangão baixo e gordo com
asas felpudas e pernas amarelas tortas dançou com uma fada alta e idosa em

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Noiva no Verão
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cortinas flutuantes, seguido por um homem idoso em uma toga dançando com uma
mulher vestida de Cleópatra.
Droga, Daisy deveria estar aqui. Alguns desses trajes eram fantásticos e
imaginativos, e alguns completamente ridículos. De qualquer maneira, ela teria
adorada.
&&&&
Daisy ouviu a campainha tocar abaixo, mas não deu atenção. Já era tarde,
quase onze. Featherby enviaria quem quer que fosse embora. Todos que eles
conheciam estariam no baile de máscaras.
Um momento depois, Featherby bateu em sua porta. — Senhor. Flynn está
abaixo, senhorita.
Daisy franziu a testa. Ela pensou que Flynn também iria para o baile. — Você
não disse a ele que todos estavam fora?
— Ele pediu para falar com você, senhorita.
— Eu? Para quê? — Confusa, Daisy deixou a costura de lado e espreguiçou-
se. Provavelmente era hora de terminar de qualquer maneira. Ela estava nisso
desde antes do amanhecer. Suas costas doíam e seus olhos estavam doloridos.
Uma rápida olhada no espelho disse que ela parecia tão cansada quanto se
sentia. Flynn não se importaria com a aparência dela, não que ela quisesse que ele
notasse, mas uma garota tinha seu orgulho. Ela arrumou o cabelo, colocou um
pouco de cor nas bochechas e desceu as escadas.
Flynn, vestido como um pirata muito colorido, estava sentado na sala de
estar. Ele se levantou quando Daisy entrou.
— Deus, é um arco-íris florescente que veio me chamar, — Ela exclamou da
porta. Ela levantou a mão como se para proteger os olhos, mas sob a cobertura de
sua mão, ela parecia estar cheia. Todas aquelas cores deveriam ter colidido, mas
de alguma forma, ele conseguiu. Ele era um homem de bela aparência e a confiança
impetuosa com que se portava era absolutamente irresistível.
— Muito engraçado, — Flynn disse, alisando o casaco com uma expressão
satisfeita. — Boa noite, Daisy.
Ela sorriu. — Você deveria ter nascido na época de Lady Bea. Os homens de
sua época eram pavões de verdade, usavam sedas, cetins e brocados de todas as

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cores. Não é como hoje, quando a noite é árida para os homens... variedade de
bombo, tudo preto e branco.
Ele riu. — Se eu tivesse nascido nos dias de Lady Bea, ela teria me comido
vivo.
— Puxa, você a trataria da mesma forma que o faz agora, perfeito — disse
Daisy enquanto se sentava.
Featherby dera a Flynn um conhaque e, alguns momentos depois, William
apareceu com uma bandeja contendo um bule de chá, um prato de sanduíches e
alguns dos bolinhos de coalhada que ela tanto apreciava. Pela maneira como os
olhos de Flynn se iluminaram com a visão, ele gostou deles também.
— Achei que você fosse ao baile de máscaras com os outros. Você está vestido
para isso, certo o suficiente. Perdeu seu convite?
— Não, eu estive lá antes.
Daisy serviu-se de uma xícara de chá. — Quer um? — Ele balançou a cabeça
e ergueu o copo de conhaque.
— Então, o que aconteceu?
Ele não respondeu, apenas pegou o prato de sanduíches e ofereceu a ela.
Sabendo que ele não comeria a menos que ela comesse, ela pegou um. —
Discutiu com sua jovem, não é?
Ele não encontrou o olhar dela, mas disse descuidadamente: — Já dancei
uma vez com Lady Elizabeth, esse é o nome dela: Lady Elizabeth Compton, e
prometi a ela que voltaria para a última valsa da noite. Nestes casos, você só pode
dançar duas danças com uma garota. — Ele pegou um sanduíche e o destruiu em
duas mordidas.
— Então, por que você está aqui, em vez de dançar com algumas daquelas
outras garotas?
Ele bebeu seu conhaque. — Lady Beatrice me disse que arranjou para que
você fosse convidado, mas que você recusou porque tinha trabalho a fazer.
— Sim, — disse Daisy. — Você, mais do que ninguém, deveria entender isso.
— Eu entendo mais do que você pensa.
Ela estreitou os olhos para ele. — O que isso deveria significar?
— Você está parecendo exausta, — Ele disse sem rodeios.

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— E daí? O trabalho duro nunca matou ninguém. Estou começando um


negócio, lembra?
— Eu sei, e é por isso que decidi me convidar esta noite, quando ninguém
mais estava aqui para ouvir o que tenho a dizer.
Daisy lançou-lhe um olhar duro. — O que isso tem a ver com você?
— Nada. Mas sei muito mais sobre como administrar uma empresa do que
você, e tenho que lhe dizer que você está agindo da maneira errada.
Daisy ficou tensa. Ela pousou a xícara de chá com estrépito. — Bem, muito
obrigada, Sr. Flynn, e agora que você me disse, pode voltar para seu maldito baile.
— Acalme-se, incendiária, não quis insultar.
— Não? Você me diz que estou fazendo tudo errado, eu, que estou
trabalhando até os ossos a cada hora que Deus manda, fazendo lindas roupas para
Jane e as outras, roupas que outras mulheres querem pedir, e você espera que eu
não fique brava? Maldição, estou com raiva! O que diabos você sabe sobre roupas
femininas, afinal?
— Nada, — disse Flynn calmamente. — Você é excelente em desenhar e fazer
roupas. Mas você mesma disse, mulher, está trabalhando até os ossos a cada hora
que Deus manda. E não sai. Faz semanas que não vejo você no parque, e agora
ouvi que você recusou a oportunidade de ir a um baile, dois bailes, se contar esta
noite, que o resto do mundo mataria para comparecer. Não é como você, Daisy.
Para seu grande desgosto, Daisy sentiu os olhos arderem com as lágrimas
não derramadas. Só porque seus olhos estavam doloridos, disse a si mesma. Ela
piscou ferozmente para longe. — Sim, bem, tenho estado ocupada.
— Tentando fazer tudo sozinha, — Flynn concordou.
— E o que há de errado nisso?
— Tudo, — disse Flynn. — Você não pode esperar começar um negócio
fazendo todo o trabalho você mesma.
— Não, Sr. Sabe-tudo! Jane, Abby e Damaris ajudam tanto quanto podem, e
Lady Bea deixa duas de suas criadas costurarem um pouco nas horas vagas.
Flynn assentiu. — E ainda assim, não é o bastante. Você se superou, não?
— Eu malditamente bem, não.
Flynn sorriu. — Os palavrões estão voando esta noite. Atingi um nervo, não
foi?

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Daisy teve vontade de jogar o bule nele. Como diabos ele sabia?
— O que você estava fazendo antes de eu chegar aqui esta noite?
— Costurando, — Ela murmurou mal-humorada.
— Costurando o quê?
Ela olhou para ele. — Costuras em um vestido, mas o que isso tem a ver com
você...
— Alguém mais poderia costurar essas costuras?
— Claro. Mas não há ninguém...
— E o que é que você faz que ninguém mais pode?
Ela se irritou. — Você está dizendo que qualquer um pode fazer o que eu
estou fazendo?
— Muito pelo contrário. Pense, Daisy, o que você faz neste negócio que
ninguém mais pode fazer? Nem Jane ou Abby ou Damaris ou as servas, só você.
Ela revirou os olhos. Era óbvio o que ela fez que ninguém mais poderia. —
Eu faço os designs, é claro.
— Exatamente. — Ele esvaziou o copo e recostou-se na cadeira. — Seu
problema é que você está pensando muito pequeno.
Muito pequeno? Ela olhou para ele. — Você está falando sério, Flynn! Não há
nada de pequeno em querer se tornar a melhor modista de Londres!
— Nada de errado com a ambição, não, é o caminho que você está fazendo
isso que é muito pequeno. Você precisa de instalações adequadas para trabalhar,
não seu antigo quarto, e você precisa contratar costureiras adequadas para fazer
a maior parte do trabalho.
Ela bufou com riso amargo. — Oh, sim, tudo bem, instalações adequadas e
costureiras adequadas. E o que uso para dinheiro, hein? Oh, é claro — Ela bateu
na testa em um gesto de zombaria — por que não uso todos aqueles sacos de ouro
que mantenho debaixo da minha cama? Eles estão apenas juntando poeira.
— Você precisa de um parceiro.
— Eu não sei, — Ela relampejou. — Ninguém está metendo as mãos nos
meus negócios. — Ela tinha perdido tudo duas vezes em sua vida e não estava
prestes a fazer isso três vezes. Além disso, ela estava farta de outras pessoas lhe
dizendo o que fazer.

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— Não descarte a ideia antes de saber do que estou falando. Estou falando
sobre um parceiro silencioso.
— Eu poderia ficar com um pouco de silêncio agora.
Ele a ignorou. — Eu já te contei como Max e eu começamos nossa empresa
comercial? — Ele não esperou que ela respondesse, mas continuou. — Nós nos
encontramos a bordo do navio. Eu já estava no mar há alguns anos e tinha me
elevado a terceiro imediato. Ele era um passageiro cavalheiro, apenas começando,
com o objetivo de se tornar um comerciante. Eu tinha economizado algumas libras,
ele mal tinha um tostão. Mas tínhamos planos, nós dois, ou talvez eu devesse
chamá-los de sonhos, grandes sonhos. — Ele olhou para ela. — Como você.
Daisy esperou, apanhada, apesar de tudo.
— Decidimos formar uma parceria, Max usaria minhas economias para
adquirir mercadorias para o comércio, e então eu as venderia quando meu navio
atracasse na Inglaterra.
— Deus, você era uma alma confiante, não era? Ou talvez fosse Max quem
confiava.
— Havia confiança de ambos os lados. Eu confiei nele com minhas
economias, ele confiou em mim com o lucro. Lentamente, aumentamos nossos
lucros, mas eles eram lentos. Não foi até que a tia de Hyphen-Hyphen morreu...
— Freddy de Damaris, sua tia?
Flynn assentiu. — Pode ter sido a tia-avó dele, eu não me lembro, mas quem
quer que ela fosse, ela deixou para ele um caroço de bom tamanho de dinheiro. E
em vez de explodir tudo na vida, como a maioria dos jovens cavalheiros faria, ele
decidiu investir em nosso sonho, Max tinha escrito para ele, você vê, e ele usou o
dinheiro para se tornar nosso parceiro silencioso.
Daisy cruzou os braços, fingindo desinteresse. Ela ainda estava zangada com
Flynn, mas queria saber mais. Por que ela não ouviu sobre isso de Damaris?
Provavelmente porque Freddy nunca falava sobre negócios com mulheres. Nem
Max. Aristocratas não. — Vá em frente, — Ela disse. — Estou ouvindo.
— Usamos o pé-de-meia de Hyphen-Hyphen para nos lançarmos em grande
escala, acumulamos o máximo de carga que podíamos pagar, escolhendo o tipo de
mercadoria que sabíamos que daria um bom lucro e contratamos um navio. Eu o

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comandei e naveguei para Londres. Arriscamos tudo naquela primeira carga, mas
o risco sumiu.
— Foi o início de nosso império comercial, e caso você não saiba, porque me
disseram que é vulgar falar sobre esse tipo de coisa em companhias educadas,
Flynn & Co. é uma das maiores empresas privadas de comércio no Império
Britânico.
Ele fez uma pausa para uma mãe para deixar que isso ocorresse. — E tudo
começou porque Max e eu contratamos um parceiro silencioso, que nos confiou
seu dinheiro. — Ela não disse nada, então ele acrescentou: — E todos nós nos
beneficiamos, Max, eu, Hyphen-Hyphen e Blake Ashton, o quarto parceiro. Você
ainda não falou com ele. Ele ainda está em algum lugar a leste.
Daisy mordiscou um bolo de coalhada, revirando a história dele em sua
mente. — Então, o que a história do seu sucesso tem a ver comigo e com minha
costura? — Ela pensou ter entendido, mas não tinha certeza.
— Se você contratasse um parceiro silencioso, teria dinheiro suficiente para
alugar um local e contratar algumas costureiras. Se você tivesse gente suficiente
para fazer todo o trabalho, poderia gastar seu tempo usando seu talento para
projetar, em vez de costurar noite adentro. Você poderia encontrar senhoras da
alta sociedade e aumentar os pedidos dessa maneira, em vez de viver como um
eremita. E você estaria produzindo mais roupas. Em outras palavras, você poderia
transformá-lo em um negócio adequado, em vez de uma operação de fundo de poço.
Ele pintou um quadro atraente: suas próprias instalações, uma equipe de
costureiras trabalhando sob sua direção. Ela mesma, girando em torno da alta
sociedade, misturando-se com duquesas e recebendo pedidos. Não que ela quisesse
se misturar com duquesas. Era o dinheiro delas que ela queria, não a companhia.
Mas Daisy conhecia um conto de fadas quando o ouvia, sempre parecia bom
demais para ser verdade. E sempre havia um custo oculto. — Freddy disse a você
o que fazer com o dinheiro dele?
— Não, embora ele tenha insistido em ser capaz de inspecionar os livros. Foi
assim que ele se interessou por negócios, aliás. Acontece que ele tinha talento para
isso.
— Então, se eu tivesse um parceiro silencioso, ele não estaria me dizendo o
que fazer o tempo todo? Ele ficaria fora do meu caminho?

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Flynn franziu os lábios. — Eu não diria isso. Falando hipoteticamente, é


claro, se, digamos, o parceiro silencioso fosse um homem como eu, ele pode querer
ter certeza de que você sabe como manter os livros contábeis de maneira adequada,
pode querer oferecer um conselho ocasional...
— Não. Não interesso. — Daisy se levantou abruptamente, limpando
migalhas de seus dedos. — Obrigada pela visita, Sr. Flynn. É hora de voltar para
Lady Liz agora. Ela vai querer dançar. Obrigada pela história e pelo conselho
indesejado.
Flynn estava com uma expressão pesarosa no rosto. — Não se precipite em
descartar a ideia, Daisy. Apenas me prometa que você vai pensar sobre isso.
— Oh, eu vou, você pode ter certeza disso. — Ela pensaria sobre isso, mas
isso era tudo. Ela teve o suficiente de pessoas assumindo suas coisas. Toda a sua
vida, sempre que ela conseguia algo para si, alguém, geralmente um homem,
sempre conseguia pegar para si.
E a lei, que se danem e voltem, sempre favoreceu o maldito homem.
Duas vezes em sua vida ela perdeu tudo. Nunca mais.
Ela não era uma alma confiante como Flynn havia sido. Ou talvez fosse
Freddy quem tinha sido a alma de confiança. Seja como for, Daisy não gostava
mais de confiança.
No ano passado, depois de trabalhar duro por toda a vida, ela acabou nas
ruas, sem-teto e quase falida, de novo, com apenas um pequeno pacote de retalhos
de tecido, sobras e descartes de outras pessoas. E isso não era culpa de nenhum
homem, mas sim de Daisy... loucura. Confiar na pessoa errada, de novo.
Se não fosse por Abby e suas irmãs, e Lady Bea, ela nunca teria a
oportunidade de tentar realizar seu sonho.
Toda a sua vida ela tinha estado a disposição de outra pessoa, de todas as
outras. Ela tinha sido a mais baixa das baixas.
Agora ela tinha uma chance, uma chance real, de fazer algo por si mesma, e
ela não correria o risco de perder. De novo não.
E mais do que tudo, ela queria ser sua própria chefa. Ela teve um sabor de
liberdade na casa de Lady Beatrice e estava em seu sangue agora. Ela nunca mais
voltaria a ser mandada por outras pessoas, ouvindo o que fazer, como fazer e
quando fazer.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Não, ela queria fazer isso do seu jeito, e se falhasse, ela teria apenas a si
mesma para culpar.
Ela não se importava com a ideia de um parceiro silencioso, mas um parceiro
masculino, mesmo um como Flynn, de quem ela gostava e quase confiava, era um
risco que ela não podia correr. Para a maioria das pessoas, propriedade, e um
negócio era propriedade, era domínio do homem. Se houve uma disputa, bem, a lei
foi feita por homens para homens. Ela não tinha ilusões sobre isso.
Em qualquer caso, ela apostaria seu último centavo que, com a melhor
vontade do mundo, Flynn nunca ficaria em silêncio, nunca a deixaria decidir as
coisas por si mesma. Ele era um homem acostumado a estar no comando.
Além disso, ela gostava muito dele, e Deus ajude uma garota que abriu um
negócio com um homem que ela gostava. Frutas maduras para a colheita.
&&&&
— Estou pensando que pode ser agradável para você e para mim
caminharmos no jardim e saímos daqui, — disse Flynn, prendendo o braço de Lady
Elizabeth no dele. — Está muito quente aqui e você parece um pouco corada.
— Oh, mas...— Ela hesitou. — É uma ideia adorável, mas acho que não
deveríamos. Não é bem assim... adequado.
Ela dirigiu um olhar sutil de súplica para sua acompanhante, mas seu pai,
que estava por perto, disse em uma voz brusca: — Não seja senhorita, nada vai
acontecer com você. Vá lá fora com o Sr. Flynn.
— Sim, papai, — Ela disse, com a voz um quase... derrotada. Como se seu
pai a estivesse jogando para os lobos.
Flynn cerrou os dentes. Por um triz ele largaria toda a ideia e iria para casa.
Não estava com humor para isso. Teve problemas femininos suficientes esta noite.
A falta de tato de lady Elizabeth no início da noite, depois Daisy, jogando de
volta sua oferta de uma parceria silenciosa entre os dentes, como se a tivesse
insultado mortalmente, putinha teimosa! E agora está, uma jovem que ele estava
cortejando agindo como se um convite para passear no jardim fosse equivalente a
uma oferta de estupro!
Mas depois de traçar um curso, ele o seguia até o fim, a menos que houvesse
cardumes à frente ou algum obstáculo invisível. Ele planejou beijar Lady Elizabeth
esta noite e ele malditamente bem faria isso.
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele a conduziu para o jardim. No início, simplesmente caminharam juntos,


o braço dela dobrado no dele, aproveitando a noite amena e as luzes coloridas que
banhavam o jardim em vermelhos e amarelos e rosas e azuis, e deixavam o resto
nas sombras. Flynn tinha planos para essas sombras.
O murmuro ocasional e a risada de um canto escuro mostravam que ele não
era o único a usar o jardim para um flerte, embora, em comparação, seus planos
fossem relativamente castos. Alguns beijos, um pouco de carinho, e então ele veria
para onde eles iriam dali.
Em sua experiência as mulheres se soltaram quando o beijo começava. Não
tinha planos de seduzi-la. Não, manteria isso bastante inocente. Coisas de colegial.
Ela estava nervosa. Normalmente um pouco calada, esta noite ela tagarelava
sem parar sobre os jardins, as luzes, as fantasias, o chá no jantar, quais eram os
planos de Flynn para o dia seguinte...
Qualquer coisa, ele adivinhou, para preencher o silêncio. E para impedi-lo
de abordar qualquer assunto mais pessoal.
Eles passaram por baixo de um arco e chegaram a um pequeno pátio
milagrosamente isolado.
Ele parou. Ela parou com um solavanco e virou um rosto pálido e sério para
ele. Ele podia sentir a tensão correndo por ela. Ele sorriu. — Relaxe, Lady
Elizabeth. Eu não vou te machucar, moça.
Ela ficou rígida. Flynn puxou-a para mais perto, colocou um dedo sob seu
queixo, porque ela estava tentando desviar o olhar, e beijou-a, suavemente no
início, apenas lábios nos lábios, levemente. Quente, macio, gentil. Reunindo-a.
Ela não fez nenhum movimento para se aproximar, ou mesmo para se
afastar. Ela apenas ficou ali rígida em seu abraço. Como se estivesse pronta para
suportar... tanto faz. Ela estava tremendo, e não de um jeito bom.
Certamente, nesta sua terceira temporada, não poderia ser seu primeiro
beijo. Talvez tenha sido. Ele não estava recebendo nada dela. Nada, exceto
resistência e... nervos.
Ele a puxou para mais perto e aprofundou o beijo, gentilmente separando
seus lábios para o primeiro toque leve de sua língua...
— Splt!! Ugh! — Ela o empurrou e deu alguns passos para trás, enxugando
a boca, sentindo repulsa a cada movimento. — O que você está...? — Ela parou de

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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falar e olhou para ele ansiosamente. Houve um breve silêncio, então, — Sinto
muito. Eu não estava... preparada para...
— Seu primeiro beijo? — Flynn perguntou.
Ela hesitou, depois assentiu. Mas não encontrou seus olhos. Uma mentira
então. Não importa.
Ele avançou novamente, mas ela se encolheu. Estremeceu.
Ele baixou os braços e recuou. Ele nunca fez uma garota recuar em sua
vida. — Vou levá-la de volta para dentro.
Ele se virou para sair, mas ela agarrou sua manga. — Não, você não pode!
Ele se virou, franzindo a testa para ela. O que estava acontecendo aqui?
— Desculpe, desculpe, Sr. Flynn, é só...— Ela gesticulou ao redor do jardim
sombrio, iluminado por lanternas coloridas alegres. — Alguém pode nos ver...
Ele balançou sua cabeça. — Ninguém pode nos ver aqui. Acho que nós dois
sabemos o que está acontecendo aqui, Lady Elizabeth. Peço desculpas. Meu erro
em pensar que você estava querendo.
— Oh, mas eu estou! Eu prometo que estou! Eu devo... é só ... — Ela engoliu
em seco convulsivamente, seus olhos feridos. — Por favor, acredite em mim, Sr.
Flynn, estou disposta. Muito disposta. Quando nos casarmos, eu vou... vou
ser diferente. Vou receber a sua... atenção então.
Vou cumprir meu dever então.
— Acho que não, — Flynn disse gentilmente. — Não se preocupe, moça. Não
há nenhuma culpa.
— Oh, mas existe. Por favor. Papai vai... — Ela parou, mordendo o lábio. À
beira das lágrimas. — Por favor, você deve acreditar em mim. Aqui, provarei. — Ela
o agarrou pelos braços, ficou na ponta dos pés e apertou a boca contra a dele.
Flynn tentou transformá-lo em um beijo, mas foi um fracasso miserável,
ainda pior do que antes. Ele sentiu o gosto de desespero e repulsa em igual
medida. Ele nunca tinha experimentado nada parecido.
Ele gentilmente a afastou. Ela ficou ali, torcendo as mãos em agitação,
esperando desesperadamente pela reação dele. Ela realmente imaginava que isso
poderia convencê-lo?
Ele olhou ao redor do jardim para se certificar de que não podiam ser
ouvidos. Ele baixou a voz. — Há mais alguém?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Alguém? — Ela começou a se sentir culpada e examinou seu rosto


freneticamente. — Não? Quem você quer dizer. Você ouviu alguma coisa? Papai
disse...? Oh, por favor, não.
— Calma, moça, não há necessidade de assumir isso. Só quero saber se há
outro homem com quem você prefere se casar? Alguém que seu papai não aprova?
— Alguém sem dinheiro, em outras palavras.
Ela balançou a cabeça. — Não, não há ninguém com quem eu prefira me
casar. Ninguém, eu prometo a você. Verdadeiramente.
— Você tem certeza? Porque se você me disser que existe, eu vou te ajudar.
Ela balançou a cabeça novamente. — Não há ninguém, — Ela disse
estupidamente. — Eu só queria que houvesse. — E então ela percebeu o que tinha
dito e seu rosto se contraiu. — Oh, desculpe, eu não quis dizer...
Flynn olhou para ela. Havia algo mais acontecendo aqui, algo que ele não
entendia, e ele queria chegar ao fundo disso. — O que você quer dizer?
— Nada, absolutamente nada. — Ela praticamente tagarelou as palavras. Ela
agarrou suas mangas novamente. — Por favor, Sr. Flynn, me desculpe, eu não tive
a intenção de insultá-lo. Eu estou disposta, mais do que disposta.
— Não, você não está. — Ele sabia quando uma mulher estava interessada e
ela era exatamente o oposto. Então, por que ela estava tão ansiosa para convencê-
lo do contrário? Ele acrescentou em uma voz suave, — Eu não estou ofendido, Lady
Elizabeth. Não se preocupe, não vou pedir sua mão ao seu pai...
— Oh, mas você deve, ou então...— Ela parou e desviou o olhar, mordendo o
lábio, claramente angustiada.
— Ou então o quê?
Por alguns momentos, ele teve certeza de que ela não diria nada. Ela abriu a
boca, fechou-a, abriu-a novamente e finalmente sussurrou tão baixinho que ele
quase não entendeu: — Lorde Flensbury. — Ela estremeceu.
Flensbury? Ele nunca tinha ouvido falar do homem. — Quem é o Senhor...
Mas, naquele momento, sinos tocaram para sinalizar que era hora de
desmascarar, e o jardim de repente se encheu de gente, e gritos e risos e
exclamações e todas as chances de qualquer conversa particular se foram.
— Vou visitá-la em sua casa amanhã de manhã, — Flynn disse a ela sobre o
rebuliço. — Você pode me contar tudo sobre isso então.

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Capítulo Sete
— Receio, — respondeu Elinor, — que a simpatia de um emprego nem sempre
evidencia sua propriedade.
JANE AUSTEN, SENSE AND SENSIBILITY

Flynn, que normalmente dorme bem, passou uma noite agitada, mas
acordou com uma resolução clara: não iria se casar com Lady Elizabeth.
Aquele desastre de beijo na noite passada, e sua reação extraordinária, o
convenceram. E com aquela decisão firme em sua mente, foi como se um peso
tivesse sido tirado dele.
Enquanto se barbeava e se vestia, ele ponderou sobre sua cegueira. Ele
escolheu a garota sem saber nada sobre ela. Idiota! Como fazer compras para uma
esposa em uma daquelas lojas chiques de Londres, pensando tanto quanto
qualquer simples compra. O que diabos ele estava pensando?
Ele comeu seu café da manhã pensativo. Se ele não estivesse tão cego por
sua ambição, ele teria percebido muito antes. A garota não gostava dele. Ela não
estava simplesmente nervosa com ele, ela o via como uma espécie de bruto com o
físico de um trabalhador e mãos grandes e feias. Algum tipo de pirata.
Ela não conseguia nem suportar que ele a tocasse com aquelas mãos. Luvas,
Sr. Flynn.
Era tudo sobre seu dinheiro. E sua segurança futura.
Veja bem, ele não era melhor. Tira o nome de família dela e as conexões, seu
título e suas maneiras elegantes e ele não teria dado a ela uma segunda olhada. Ela
era bonita o suficiente, mas não havia uma centelha de atração entre eles. Ou
mesmo amizade. Vinte minutos em sua companhia e ele estava pronto para partir.
Felizmente, essa foi a coisa educada a fazer. Mas uma vida inteira disso...
Ele limpou os dentes, escovou o cabelo e deu uma olhada superficial em seu
reflexo no espelho. O que diabos ele estava pensando?
Como Daisy o havia lembrado, o casamento era para toda a vida. E agora
que ele pensava sobre isso com uma mente clara, ele percebeu que queria um
casamento como seus próprios pais tinham, próximo e amoroso. Suas memórias

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Noiva no Verão
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deles eram nebulosas, apenas lembranças de uma criança, mas ele se lembrava
deles conversando e rindo e às vezes até brigando, mas sempre juntos, nos
momentos bons e ruins. Olhando para trás, ele percebeu que eles tinham sido
amigos, além de amantes.
Ele não queria o tipo de casamento da alta sociedade em que marido e mulher
se uniam como estranhos, criam dois herdeiros e depois se voltavam para outro
lugar em busca de amor. Amor ilícito, e às vezes nem isso. Contanto que fosse
discreto, não parecia importar.
Eles não eram todos assim, ele sabia. Max e Abby estavam profundamente
apaixonados, assim como Damaris e Freddy.
Mas Jane estava, se Daisy estava certa, planejando se casar com um pequeno
senhor enfadonho e sombrio exatamente pelo mesmo motivo que Lady Elizabeth se
casaria com Flynn, se ele a pedisse. Riqueza e segurança.
O que o trouxe ao tópico de Lorde Flensbury. Quem diabos era ele?
Ele pegou o chapéu e saiu do apartamento. Ele estava de saída para fazer
algumas ligações matinais. Na própria manhã. Lady Elizabeth e seu pai primeiro.
Melhor acabar com isso.
Era uma bela manhã de primavera e Flynn decidiu caminhar. Ele escolheu
um caminho que não era o mais direto, mas o mais interessante, para ele. Ele
gostava de passar pelas lojas, olhar pelas vitrines, ver o que as pessoas estavam
comprando. Valia a pena manter-se a par do mercado.
Nada a ver com adiar a temida entrevista com Lady Elizabeth.
Uma vitrine era linda, uma mesa posta para chá, com um grande bule azul,
um par de xícaras com estampa de salgueiro e um prato com estampa de salgueiro
sobre o qual repousavam uma variedade de pequenos bolos.
Vendo isso, ele parou de repente. E de repente estava a mil milhas e mais de
distância. A mãe servindo chá, servindo-o quente e forte de sua grande chaleira
azul, sua boa toalha de mesa cobrindo a velha mesa surrada, - ela mesma a
bordara quando era uma menina, e ai da pessoa, homem ou criança, que derramou
qualquer coisa naquele pano.
Bolos eram uma raridade na casa em que ele crescera, eram muito pobres
para isso, mas pão preto e manteiga e às vezes mel, ou pão de batata ou biscoitos

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Noiva no Verão
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eram servidos no prato de mamãe com estampa de salgueiro, aquele com trincado
no canto. Foi um presente de casamento e mamãe o adorava.
Um pigarro alto deixou claro que ele estava bloqueando o caminho. Flynn
seguiu em frente, sua mente ainda no passado. Flynn fora o responsável por aquele
trincado no prato de mamãe, um acidente quando ele era apenas um garotinho, e
sempre teve a intenção de comprar um novo para ela.
Ele nunca comprou. Quando Flynn ganhou o suficiente para comprar um
prato, ela estava morta, todos eles, sua família inteira, pegaram cólera. E Flynn
estava sozinho.
Ele deixou a Irlanda pouco depois, foi para o mar e tentou nunca pensar no
que deixou para trás, no que perdeu. Ele tornou seu hábito olhar para frente, não
para trás. O passado era muito doloroso.
Ainda assim, a vitrine alegre e pequena o lembrava dos bons tempos, ele não
pensava na hora do chá em casa há anos. Por mais pobres que fossem, mamãe
sempre pegava a toalha de mesa boa e comia algo saboroso naquele prato com
estampa de salgueiro. E ela com certeza se certificou de que todas as crianças
estivessem limpas e bem-vestidas e prontas com suas melhores maneiras, mesmo
que houvesse apenas a família à mesa. Porque ninguém era mais importante
do que a família...
Ele continuou a caminhar, sorrindo para si mesmo. Foi uma boa memória.
Quando ele tivesse uma casa adequada, ele compraria para sua esposa um bule
de chá azul e um prato com padrão de salgueiro. Não significaria nada para ela, é
claro, mas ele veria e se lembraria...
Uma esposa... por que diabos ele imaginou que seria tão fácil e direto?
Ele já estava andando há algum tempo, perdido em pensamentos, quando
um garoto correndo desviou, quase trombando com ele. Assustado, Flynn olhou
em volta e percebeu que, de alguma forma, havia se trazido para Berkeley Square.
Poderia muito bem dar uma passada em Daisy e ver se ela reconsiderou sua
proposta de parceiro silencioso.
Nada a ver com adiar uma visita incômoda e incômoda a Lady Elizabeth.
Lady Beatrice ainda não estava recebendo, Featherby o informou, mas Miss
Daisy estava de pé. Flynn subiu correndo as escadas. Daisy era exatamente com
quem ele queria falar, não apenas sobre sua proposta, mas sobre Lady Elizabeth.

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Ele descobriu que precisava de um ouvido simpático, um ouvido feminino


simpático. Daisy era muito fácil de conversar.
&&&&
— Você pensou no que eu estava falando ontem à noite? Aceitando-me como
um parceiro silencioso, quero dizer.
— Sim, eu pensei e a resposta ainda é não. — Daisy tinha pensado nisso a
noite toda. Era uma boa ideia, em teoria. Mas ela não teve coragem de colocar tudo
pelo que trabalhou nas mãos de outra pessoa. Particularmente não de um homem.
De novo não.
E particularmente não o de Flynn. Flynn, com todas as suas boas intenções,
não pôde evitar interferir e mandar nela. Daisy teve gente dizendo a ela o que fazer
durante toda a sua vida, e ela não tinha nenhuma intenção de deixar ninguém ser
o chefe dela, nunca mais.
Liberdade, ser seu próprio patrão, era adorável. Mesmo que às vezes fosse
difícil. Ela não desistiria por libras.
— Isso é um pouco míope, você não acha?
— Não, eu não.
— Você está lutando.
Ela ergueu os ombros com indiferença e continuou a costurar. — Não se
preocupe comigo, Flynn. Eu estou bem.
— Não, você não está, você está se exaurindo, tentando fazer tudo sozinha.
O fato de ele estar certo era irritante, mas ela disse em uma voz calma o
suficiente: — Ouça, um ano atrás eu não era nada além de uma serva, uma criada
em um pros... um estabelecimento comercial. Eu servia a todos, esfregando e
remendando, e à disposição de todos e sendo chamada a qualquer hora do dia e da
noite! Agora olhe para mim, estou morando na parte mais chique da cidade, com a
filha de um conde que me reivindica como sua sobrinha e isso — Ela brandiu um
pedaço de tecido em seu rosto — isso vai aquecer os ombros de uma duquesa. Eu
sei que estou tendo problemas para atender aos pedidos, mas isso é melhor do que
não ter nenhum cliente, não é?
— Seria ainda melhor se você tivesse alguma ajuda, — Ele disse sem rodeios.
— E se você me contratasse como parceiro, você poderia pagá-la.

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91feita apenas para a
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Noiva no Verão
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— Agradeço a oferta, Flynn, realmente agradeço, mas... simplesmente não


consigo entregar metade dos meus negócios, qualquer um, na verdade, para outra
pessoa. — Ela não ia explicar seu raciocínio para Flynn. Ele gostaria de saber mais
e ela não estava seguindo esse caminho, muito obrigada!
— Você não estaria entregando-o, você estaria assumindo um parceiro
silencioso.
— Sim, e se eu aceitasse você como meu suposto parceiro silencioso, você
ficaria fora dos meus negócios, certo? Você me deixaria tomar todas as decisões?
Ele hesitou e ela riu. — Claro que não. Você estaria interferindo o tempo
todo, me dizendo uma maneira melhor de fazer as coisas, me dizendo que estou
fazendo errado, que estou pensando muito pequeno, tudo isso soa um sino, não é?
Ele franziu a testa, mas não respondeu.
— Vê? — Ela disse suavemente. — E você nem mesmo é meu parceiro.
Ele reconheceu a verdade do que ela disse com um gesto irônico. — Eu sei,
não posso deixar de me intrometer. Mas ainda acho que você está cometendo um
erro.
— Talvez, mas é meu erro, não é?
Ele a olhou com uma expressão preocupada e ela sentiu um prego de
remorso. — Escute, eu sei que você está tentando ajudar, Flynn, e eu não estou
dizendo que você é o mesmo, mas... já confiei em outras pessoas antes, pessoas
que achava que se preocupavam comigo, e... bem, vamos apenas dizer que foi um
erro, nas duas vezes. — Um grande erro.
Ele deu a ela um olhar astuto. — Um homem, nas duas vezes?
— O que te faz pensar isso? — Só uma vez foi homem, mas ela podia sentir-
se corando de qualquer maneira, do jeito que aqueles olhos azuis dele estavam
olhando para ela. Ela quebrou o contato visual e disse rapidamente: — Não importa
quem foi. Não muda a maneira como me sinto. — E porque ele ainda estava
olhando para ela e fazendo-a se sentir culpada, ela acrescentou: — Olha, não leve
para o lado pessoal, Flynn. Aprendi da maneira mais difícil que não é uma boa
ideia misturar negócios com amizade.
Ele considerou suas palavras, então encolheu os ombros. — Justo. Eu não
vou incomodá-lo novamente, embora se você mudar de ideia...

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— Eu não vou. — Ela terminou de costurar uma tira de renda na jaqueta de


Lady Gelbart e olhou para ele.
Ele se levantou, como se fosse sair, mas em vez disso começou a andar
inquieto ao redor, tocando isso e aquilo, distraidamente pegando coisas, tiras de
trança, um pedaço de pele, roupas em vários estados de montagem, e colocando-
as no chão. Ela tinha certeza de que ele não estava realmente percebendo o que
estava fazendo.
Ele parou, olhando pela janela segurando uma camisola recém acabada que
tinha sido jogada nas costas de uma cadeira, uma daquelas elegantes tão
populares entre as senhoras. Ele ficou parado, carrancudo, as pernas em calças
justas e botas reluzentes como se estivessem no convés de um navio. Comandando
os oficiais...
Ela engoliu em seco. Ele tinha uma bela vista, olhando para nada em
particular, passando o tecido sedoso entre os dedos, aparentemente perdido em
pensamentos. Por um minuto inteiro, Daisy se esqueceu de costurar.
Ela deveria fazer algum comentário atrevido, quebrar o silêncio, mas a
imagem que ele fez... a figura alta e forte, a delicada camisola de seda deslizando
por aquelas mãos masculinas, mãos marcadas pela vida, não amaciadas por loções
e uma vida de conforto e privilégio... sua boca secou.
— Oi...— sua voz resmungou, e ela pigarreou. — Eu penso que você tem as
mãos limpas.
— O quê? — Ele olhou para baixo e viu o que estava segurando. Ele o ergueu
contra a luz, a seda fina era praticamente transparente, a rede e a renda
artisticamente colocadas para revelar... e esconder. Uma expressão divertida se
espalhou por seu rosto. Ele se virou para encará-la, segurando-o contra o peito.
A delicada camisola feminina flutuou e então se acomodou com um suspiro
contra seu duro corpo masculino. — Você usa esse tipo de coisa, não é, Daisy? —
Ele ergueu uma sobrancelha escura. Soberbamente confiante em sua própria
masculinidade, um desafio à espreita em seus olhos azuis, seu olhar a percorreu.
Para aborrecimento de Daisy, ela se sentiu corar. O contraste entre seu corpo
grande e duro e a vestimenta de seda suave como um sussurro era bastante...
erótico. Ela disse no tom mais brusco que conseguiu, — Claro que não, é para uma
das minhas clientes.

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Noiva no Verão
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Ele olhou para a camisola frívola e escandalosa novamente e suas


sobrancelhas se ergueram. — Você quer dizer que as mulheres adequadas usam
esse tipo de coisa?
Ela assentiu. — Sim. Quanto mais escandalosas elas são, mais as mulheres
as amam. Até as velhinhas adoram. — Verdade seja dita, as velhas as amavam
acima de tudo.
— Velhinhas? — Ele olhou para o punhado frágil de seda e renda. —
Senhoras idosas usar algo como isto?
Ela sorriu, apreciando sua surpresa. — Está certo. As velhas patas não se
cansam delas. Essa é para a Honorável Sra. Hartley-Peacock. Ela vai usar para
dormir esta noite, eu acho.
Ele abaixou a camisola apressadamente.
Ela deu uma risadinha. — E está um...— Ela ergueu a que estava
terminando — é para Lady Gelbart. Ambas são tão velhas quanto Lady Beatrice,
na verdade, elas viram uma que eu fiz para ela que começou tudo. Fiz dezenas,
todas para as senhoras mais respeitáveis da alta sociedade. E você não acreditaria
no que elas estão dispostas a pagar. — Flynn era a única pessoa que ela conhecia
que entenderia aquele pequeno orgulho. É vulgar falar de dinheiro.
— Bom Deus. Velhinhas respeitáveis, hein? Eu nunca teria adivinhado.
Ela encolheu os ombros. — Você nunca pode dizer o que as moças estão
pensando.
— E essa não é a verdade de Deus? — Ele disse em um tom tão diferente que
Daisy ergueu os olhos da costura. Ele não parecia nem um pouco divertido agora.
— Tem algo em mente, Flynn? — Houve um curto silêncio. — Algo aconteceu
na noite passada depois que você saiu daqui?
— Você pode dizer isso. Ou talvez tenha sido o que não aconteceu. — Ele se
sentou pesadamente.
Daisy enfiou a linha na agulha, pegou outra tira de renda e se preparou para
ouvir.
&&&&
— Eu te digo, Daisy, eu nunca experimentei nada parecido em minha vida.
— Flynn estava de pé novamente, andando de um lado para o outro na frente de

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94feita apenas para a
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seu assento na janela como um grande gato. — Não houve faísca em tudo. Nada.
Foi assim... como beijar um peixe.
— Mm-hmm. — Daisy continuou costurando. Ele achava que ela queria ouvir
tudo sobre sua florescente vida amorosa, em detalhes? Deus, os homens eram
cegos.
— Você está ouvindo? É como beijar um peixe!
Ela encolheu os ombros. — Sim, bem, isso acontece.
— Não para mim, não acontece.
— Talvez. — Ela não queria ouvir sobre Flynn beijando outra garota, ela
realmente não queria. E sua insistência em compartilhar todos os detalhes
florescentes com ela estava começando a irritá-la.
Ele parou na frente dela, pairando sobre ela como um grande urso mal-
humorado. — O quê? O que você não está insinuando?
Ela revirou os olhos. — A maioria dos homens pensa que é um deus beijando.
Seus olhos se estreitaram. — O que isso deveria significar?
Ela alisou a costura, verificando se estava tudo certo, então amarrou a linha
e cortou cuidadosamente a ponta. — Ela pode não ser o problema.
— O quê?
Ele ficou lá, o olhar azul queimando nela, esperando por mais explicações.
Seu temperamento explodiu, então ela disse a ele. — Pode ter sido o jeito que você
a beijou. Quer dizer, o vira-lata desabrochado de Jane me lambe os dedos das mãos
e dos pés o tempo todo, e eu odeio isso.
Ele olhou para ela, indignado. — Dificilmente é a mesma coisa.
— Não, mas ainda assim... — Ela sacudiu a jaqueta acabada. Perfeito. A
velha Lady Gelbart ficaria encantada. Ela pulou da cadeira e atravessou o quarto.
Mais dois pedidos concluídos.
— Você está dizendo que eu não sei beijar uma garota? — Ele exigiu em um
tom sedoso que não enganou Daisy por um minuto. Seus olhos eram lascas azuis
de raiva.
Ela ergueu as mãos em um gesto pacífico. — Eu não estou dizendo nada. É
Lady Liz quem pode julgar, não eu. — Mas ela não pôde deixar de acrescentar: —
E parece que sim.
Ele a seguiu pelo quarto. — Eu sei muito bem como beijar.

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— Com certeza. — Ela dobrou as peças de roupa prontas e as colocou na


cesta sobre a cômoda, prontas para serem passadas a ferro e depois embaladas
para William entregar.
— Eu beijo bem, muito bem se você quiser saber. Eu nunca tive quaisquer
queixas antes.
— Tenho certeza que não.
Flynn olhou para ela com frustração. Seu tom deixou claro que ela pensava
que as mulheres de seu passado eram simplesmente educadas demais para
reclamar. O que estava tão longe da verdade que era uma piada!
Enquanto ele esperava, ela pegou outra peça de roupa meio acabada e voltou
para se sentar na janela. Era um trapo vermelho para um touro. A complacência
dela, a atitude de que sua maldita costura fosse muito mais importante para ela
do que qualquer coisa que ele pudesse ter a dizer, o deixou louco.
Ela estava tão certa que a culpa era dele. Ele cerrou os punhos, coçando para
sacudir a presunção dela. Ela o contornou, dando-lhe um meio sorriso, obviamente
com a intenção de acalmar seus sentimentos masculinos feridos. Foi a gota d'água.
Ele a agarrou, girou-a e plantou um nela.
— Oi! O que, mmmph! — Ela enrijeceu, resistindo a ele por alguns segundos,
então... com um pequeno suspiro, sua boca se suavizou sob a dele.
Ela abriu os lábios para ele e o calor, como brasas de uma fogueira, brilhante
e viva, correu por ele.
Ele se afastou, chocado, mas não o soltou. Não podia deixar ir.
A explosão instantânea de... fome... necessidade... a excitação o atordoou,
fez sua cabeça girar. O que começou com raiva e frustração, uma simples
necessidade de provar a si mesmo como homem, se transformou instantaneamente
em outra coisa.
Ele olhou para a mulher em seus braços. Daisy?
Ela piscou de volta para ele, seus grandes olhos castanhos arregalados e um
pouco atordoados, aparentemente tão surpresa quanto ele. Sua boca estava
úmida, rosada, atraente.
Ele soltou seus ombros, deslizando as mãos pela coluna delgada de sua
garganta, seus dedos grossos atravessando a maciez de seu cabelo enquanto ele

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Noiva no Verão
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segurava sua cabeça entre as mãos. Ela ficou imóvel, olhando para ele, e ele estava
se afogando, afogando-se em seus olhos.
Seus polegares emolduraram seu delicado rosto de duende, e ele ouviu a
trêmula inspiração de sua respiração enquanto acariciava a pele sedosa de sua
mandíbula, e sentiu seu pulso pular sob seu toque. Um estremecimento a
percorreu e seus olhos escureceram.
Seu sangue aumentou com a necessidade possessiva, e ele abaixou a boca
para beijá-la novamente, profundamente, apaixonadamente, saboreando-a,
explorando.
Suas mãos subiram para agarrar seus ombros, e ela o puxou para mais
perto, inclinando a cabeça para aprofundar o beijo, para aceitá-lo, seu pequeno
corpo esguio pressionado contra o dele, enroscando-se contra o dele enquanto ela
retribuía beijo por beijo, fazendo pequenos sons abafados o deixava louco de desejo.
Quando ele se afastou pela segunda vez, seu coração estava martelando no
peito. Ele a soltou e se afastou, trêmulo, seu corpo preparado para a ação, lutando
contra a excitação que pulsava por ele.
Eles se encararam, sem palavras. Chocados.
Daisy poderia fazê-lo se sentir assim? Ele sempre gostou da garota, sempre
gostou de um pouco de flerte com ela..., mas... isto?
Daisy parecia estar respirando com a mesma dificuldade. — Meu Deus,
Flynn, — Ela disse finalmente. Ela cambaleou até o assento da janela e desabou
como se seus joelhos estivessem prestes a ceder.
— Eu sei. — Isso o pegou de surpresa. Nunca em sua vida... ele lutou para
compreender a enormidade do que acabara de acontecer. Daisy?
Sua costura estava amontoada no chão, esquecida. Ele deveria ter se sentido
triunfante, seu ponto provou, mas ele ainda estava muito atordoado.
— Bem, isso resolve uma coisa, — Ela disse eventualmente.
— O quê? — Ele ainda estava tentando chegar a um acordo com isso.
— Se você beijou Lady Liz assim...
— Eu não beijei. — Ele nunca beijou ninguém assim. Em sua vida.
— Bem, se você a beijou metade assim...
— Nem mesmo a metade.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Eles se encararam por um longo momento, então ela estremeceu e fez um


esforço visível para se recompor. Recolheu a costura e dobrou-a cuidadosamente.
Ela o colocou no assento da janela, alisando-o com as mãos que ele notou que
tremiam levemente, e disse, sem olhar para ele: — Definitivamente não é você,
então. É ela.
Flynn não disse nada. Ele apenas ficou lá, olhando para ela. Daisy! Ele
dificilmente poderia chegar a um acordo com isso.
— Ela é provavelmente uma das Damas de Llangollen. — Ela pronunciou a
última palavra como se estivesse limpando a garganta.
— Ladies o quê? — Do que diabos eles estavam falando?
— Llangollen. — Mais limpeza de garganta. Ela olhou para o rosto dele e
riu. — É assim que os galeses dizem, de qualquer maneira. Eu conheci uma garota
galesa uma vez. Os ingleses dizem isso como Lan-gollen.
— Se você diz. E quem ou o que são Damas de Lan... o que é isso? — Ele mal
podia acreditar que eles estavam conversando sobre algum maldito lugar no País
de Gales. Ele só queria puxar Daisy de volta para seus braços e beijá-la até deixá-
la sem sentido.
— Llangollen. Elas são duas senhoras elegantes que não querem se casar,
não com homens, pelo menos, então elas fugiram e se estabeleceram juntas no País
de Gales, em Llangollen. Elas são famosas, você nunca ouviu falar delas? Elas são
irlandesas.
— Não. — Como se ele se importasse, oh. Finalmente Flynn viu aonde ela
queria chegar.
Ela encolheu os ombros. — Algumas mulheres têm essa inclinação.
Houve um curto silêncio. — Você quer dizer, Lady Elizabeth é...
Ela assentiu. — Como aquelas Damas de Llangollen, talvez. Tem que ser, se
você a beijou assim e ela não gostou.
— Eu disse a você, eu não a beijei assim. — Ele não queria falar sobre Lady
Elizabeth, caramba. Sua mente estava girando. Seu corpo estava vibrando com
uma consciência recém-descoberta.
Daisy era sua amiga. Ele deveria se sentir confortável com ela, a única
mulher em Londres com quem ele poderia falar de negócios, a única senhora que
ele conhecia que não se opunha aos seus palavrões ocasionais. Ele gostava dela.

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Noiva no Verão
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Esse beijo deveria demonstrar sua perícia, não o jogar de lado.


— Eu não sei se eu já beijei alguém assim, Daisy. — Sua voz soou
estranhamente rouca e. — Certamente eu nunca senti...
Ela saltou rapidamente. — Olha, desculpe interromper, Flynn, mas uma das
minhas damas virá em alguns minutos e eu tenho que me preparar. — Ela
movimentou-se ao redor do quarto, arrumando-se como um pequeno e eficiente
redemoinho, evitando seu olhar. — Tem sido bom conversar com você, Flynn. Não
sei o que você pode fazer com Lady Liz, mas você vai resolver isso. Tenho que passar
essas coisas e arrumar o quarto. Veja você mesmo, sim?
Flynn, observando-a esvoaçar pelo quarto, franziu a testa. Ela estava
balbuciando. Tentando ignorar o que acabou de acontecer. Daisy, que enfrentava
tudo e todos de frente.
Então ele não foi o único afetado. Hah!
Ele iria embora agora, ele tinha suas próprias dúvidas sobre esse suposto
compromisso dela, mas precisava resolver seus sentimentos. E resolver as coisas
com Lady Elizabeth.
Daisy poderia fingir o quanto quisesse, ele estaria de volta. Aquele beijo o
deixou atordoado e ele não iria ignorá-lo. Não sabia o que significava, não tinha
ideia do que faria a respeito, mas estava condenado se fingisse que não tinha
acontecido.
&&&&
Ele saiu do quarto de trabalho de Daisy e encontrou Lady Beatrice no
patamar. — Flynn, querido menino, é um prazer vê-lo novamente tão cedo. Você
gostou do baile de máscaras na noite passada? — Ela segurou seu braço. —
Visitando Daisy de novo, hein? Tem visto muito dela ultimamente, não é? Achei
que agora a temporada tinha começado e, com seu namoro com Lady Elizabeth,
você não apareceria tanto. — Ela inclinou a cabeça e acrescentou com uma
expressão travessa: — Não está tentando seduzir minha Daisy, está, Flynn, querido
menino?
Ele piscou. — O quê? Não, eu... — Ele engoliu em seco.
Ela riu de seu desconforto. — Não precisa ficar tão chocado, não estou
acusando você de nada. Não tenho ideia de onde vêm essas noções. Elas apenas...

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Noiva no Verão
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aparecem na minha cabeça. Mas você não sonharia em comprometer minha


querida garota, não é? — Ela sorriu para ele com uma expressão sincera.
— Não, claro que não, Lady Beatrice. — Flynn se sentiu como um menino
pego com a mão em um pote de biscoitos.
Ela deu um tapinha na mão dele. — Claro que não. Você é um homem de
honra, eu sei, e eu sou uma velha tola. Desça as escadas comigo, sim, querido
menino? Estou despedaçada, positivamente despedaçada, estou muito velha para
ir a bailes. — Ela o acompanhou, tagarelando animadamente sobre o baile,
compartilhando todos os últimos acontecimentos.
Flynn foi quem se sentiu destroçado. Primeiro o beijo, agora a velha
parecendo ler sua mente, antes mesmo que ele mesmo percebesse. Não está
tentando seduzir minha Daisy, está, querido menino?
Foi apenas um beijo, pelo amor de Deus.
— Você está bem, meu garoto? Você parece um pouco distraído. — A
pergunta da velha senhora o trouxe de volta ao presente.
— Minhas desculpas, milady, eu estava confuso.
— As coisas não estão indo muito bem com Lady Elizabeth, hein?
Flynn olhou para ela. Como ela faz isso? Ela era uma bruxa, ela deve ser. —
Não exatamente, — Ele admitiu. — Mas por falar em Lady Elizabeth, tenho uma
pergunta para você. O que você sabe sobre Lorde Flensbury?
&&&&
No minuto em que Flynn saiu, Daisy parou de se preocupar. Ela largou a
braçada de roupas que juntou e desabou em uma cadeira. Seus joelhos ainda
estavam fracos e trêmulos. Aquele beijo...
Então ela gostava dele como um homem, e daí? Ela nem sonharia em agir
sobre isso. Deus, se uma mulher agisse de acordo com todas as fantasias que
tinha, estaria arruinada num piscar de olhos, e Daisy era muito inteligente para se
permitir ser arruinada por um homem.
Ele estava flertando, só isso. O homem nasceu para flertar. Aqueles olhos
azuis eram um convite ao pecado, e aproveite. E ela tinha que admitir, ela gostava
de flertar de volta. Mas eles eram apenas amigos. Gostava de conversar com ele,
gostava de fazer coletes especiais para ele, e cobrar nas alturas por isso, e de
conversar com ele sobre negócios e outras coisas. Flynn era uma boa companhia.
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Sempre foi um pouco divertido, nada para levar a sério. E ainda era.
Um beijo. Ela teve dezenas de beijos. Centenas, talvez.
Nada parecido com aquele.
Que pena. Não significa nada. Ele apenas a beijou para provar um ponto
sobre Lady Elizabeth, isso é tudo. O fato de que quase a derrubou foi...
Foi sua própria culpa florescente. Ela não deveria ter mexido com ele sobre
isso. Provocá-lo tinha sido irresistível. Mas acabou sendo perigoso.
A maneira como ele olhou para ela depois... como se ele nunca a tivesse visto
antes. Como se ele pudesse comê-la.
Ela teria que cortar essa ideia pela raiz, rápido e inteligente. Ela não queria
que ele tivesse ideias. Ele deveria saber tão bem quanto ela que não havia futuro
nisso, apenas perigo, especialmente para ela, mas os homens nem sempre
pensavam nisso. Eles tinham uma coceira, eles coçavam. Eram as mulheres que
sofriam as consequências.
Então, se Flynn estava fazendo planos, se ela tivesse lido aquele brilho em
seus olhos, ele ficaria desapontado, porque Daisy não estava interessada em
nenhum tipo de, como os aristocratas chamam isso? Dalliance, era isso. Ela não
estava aceitando nada disso.
Ela era uma mulher respeitável. Agora. Ela tinha um negócio a proteger.
Foi só um beijo, só isso.

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Capítulo Oito
O mundo está dividido entre os fracos de espírito e os fortes, entre aqueles que
podem agir e aqueles que não podem, e é dever sagrado do capaz não permitir que
nenhuma oportunidade de ser útil escape.
JANE AUSTEN, SANDITON E OUTRAS HISTÓRIAS

Não era longe para Compton House, todos os nobres viviam bem próximos
uns dos outros, mas Flynn demorou para chegar lá. Ele não sentia nenhuma
responsabilidade por Lady Elizabeth e estava ansioso para voltar para Daisy e
explorar sua reação ao beijo, a reação mútua, se ele pudesse julgar.
Mas sua conversa com Lady Bea sobre o assunto de Lorde Flensbury o
perturbou. A velha senhora percebeu imediatamente o significado de sua pergunta.
— Então Flensbury é a escolha alternativa de Compton, não é? Pobre Lizzie.
— Por quê? O que há de errado com o homem?
— Na superfície, talvez nada. Flensbury é uma família antiga, aristocrática e
muito bem relacionada. E ele é rico. — Ela fez uma pausa. — Mas ele também é
velho, oitenta se for um dia, e passou por três esposas que eu conheço sem ter um
filho com nenhuma delas. Rumores dizem que ele está procurando por uma quarta,
uma garota jovem o suficiente para procriar. Determinado a eliminar seu primo,
seu herdeiro, que ele odeia.
Oitenta? E Lady Elizabeth tinha apenas vinte e dois anos. Sem mencionar
que é uma... senhora de Llangollen. Droga, não era melhor do que um estupro.
Ele deve ter feito algum tipo de som, pois a velha acenou com a cabeça e
disse: — Exatamente. E Flensbury não é o tipo de homem que eu gostaria que
qualquer uma das minhas amigas conhecesse, muito menos se casasse, mesmo
que fosse cinquenta anos mais jovem.
Ela curvou o lábio e acrescentou: — Práticas desagradáveis. Ninguém sabe
do que as três primeiras esposas morreram, mas ninguém duvida que elas sejam
mais felizes agora.
Ela inclinou a cabeça e olhou para Flynn astutamente. — Você
definitivamente não vai se casar com Lizzie Compton, então?

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Noiva no Verão
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— Sim. Nós não combinamos.


— E então o pai dela vai pressioná-la a tomar Flensbury. Pobre garota.
Não tinha sido o que Flynn queria ouvir. Uma coisa era a garota não querer
se casar, mas ser forçada a se casar com um senhor de oitenta anos... com práticas
desagradáveis.
Flynn praguejou e chutou uma pedra na rua. Ele desejou agora nunca ter
ouvido falar do Flensbury, nunca perguntar a Lady Bea sobre ele. Ele não queria
saber. Não tinha nada a ver com ele.
O homem parecia totalmente desagradável, até terrível, mas não era
problema de Flynn. Qualquer acordo a respeito de Lorde Flensbury era entre Lady
Elizabeth e seu pai. Lady Elizabeth era maior de idade, ninguém poderia forçá-la a
se casar.
Exceto que ela não tinha dinheiro próprio, e seu pai não tinha feito nenhuma
provisão para seu futuro, então, a menos que ela se casasse...
Flynn chutou outra pedra com força. Não era responsabilidade dele. Ela não
era responsabilidade dele. Ele tinha, talvez, criado algumas expectativas, mas ela
não o queria, também, aquele beijo na noite passada provou isso. E, além disso,
ele não fez promessas.
Seu futuro não tinha nada a ver com ele. Nada.
Ele chegou à casa dos Compton e tocou a campainha. Ele falaria com Lady
Elizabeth em particular, contaria sua decisão, acertaria as coisas com o pai dela,
então daria o fora dali.
O mordomo o conduziu à sala de estar de Lady Elizabeth no momento em
que ela servia chá para algumas visitas. Quando Flynn parou na porta, observando
como ela manuseava graciosamente o grande bule, algo clicou.
Aquela sensação que ele teve da primeira vez que a viu em sua casa, não era
um instinto misterioso dizendo que Lady Elizabeth era a garota para ele. Era o
bule, um eco da memória de sua mãe e da mesa de chá, uma lembrança da
segurança do lar, da família e da infância, antes que a cólera destruísse tudo.
O símbolo de família que ele guardava em sua mente, tudo sem saber, desde
que era um garotinho.
Se ele não tivesse passado por aquela loja esta manhã, poderia nunca ter
percebido. O último fio que o prendia a Lady Elizabeth se dissolveu.

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Ele se sentou e aceitou uma xícara de chá. Ele esperaria os outros visitantes
e falaria com ela em particular. Dada a reação dela ao beijo dele na noite anterior,
ela deveria estar aliviada.
Ele pensou em Flensbury e praguejou silenciosamente.
Não era problema dele.
&&&&
— Por favor, eu sinto muito por ter sido tão boba ontem à noite. Podemos
tentar de novo? — Eles estavam sentados no jardim, em um banco baixo ao lado
de algumas rosas abandonadas. Os olhos de Lady Elizabeth estavam úmidos de
lágrimas incipientes. Sua boca tremeu. — Eu prometo a você, vou fazer melhor. Se
você me der outra chance...
Flynn suspirou. Não faria diferença. Ele não tinha nenhum desejo de se
casar com ela agora, menos do que nenhum desejo, mas a visão dela tentando
forçar uma expressão de vontade ansiosa em seu rosto... ele se sentia um bruto.
Ele não deveria ter vindo, deveria apenas ter ficado longe, deixando Lady
Elizabeth e seu pai tirar suas próprias conclusões. Mas essa seria a saída covarde.
Ele aumentou as expectativas, e não apenas na menina e no pai dela, ele estava
bem ciente de que havia conversas e especulações entre a alta sociedade. Então ele
precisava enfrentá-la como um homem.
— Por favor, se pudéssemos apenas tentar beijar novamente, eu prometo que
não vou...
— Não, moça. — Ele colocou uma mão reconfortante em seu braço e antes
que ela pudesse se conter, ela recuou um pouco.
Percebendo o que ela tinha feito, ela se inclinou em direção a ele com um
sorriso forçado. — Desculpe, você me assustou.
Mas não foi isso. Foram suas mãos. Luvas, Sr. Flynn. Ou talvez fosse apenas
porque ele era um homem.
— Ah, moça, você não pode ver? Você não quer que eu toque em você, — Ele
disse suavemente. — Se um homem e uma mulher vão se casar, é preciso haver
uma atração entre eles. Você tem que querer ser tocada.
Ela mordeu o lábio. — Eu poderia tentar...
Ele balançou sua cabeça. — Não há sentido. Não seria certo para nenhum
de nós.
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— Mas se você não se casar comigo, deve ser... — Ela estremeceu. — Lorde
Flensbury. E isso vai ser ainda pior, oh, desculpe, eu não quis dizer...
— Por que você deve se casar com Flensbury? — Flynn perguntou sem
rodeios. — Eu não entendo.
Ela olhou para ele como se ele não tivesse juízo. — Por causa das dívidas de
papai, é claro. Ele está enfrentando a ruína.
— Eu sei disso. O que eu não entendo é por que sua felicidade deve ser
sacrificada em nome das dívidas de seu pai.
— Ele é meu pai. É o meu dever.
Flynn bufou. — É dever do seu pai como pai cuidar de você, prover para você,
não a vender pelo lance mais alto como algum tipo de novilha premiada.
Uma lágrima gorda rolou por sua bochecha. Flynn assistia impotente,
lamentando sua honestidade brutal. Ele odiava quando as mulheres choravam.
Mas era hora de ela enfrentar a verdade.
Ele tentou uma abordagem diferente. — O que seu pai está fazendo para
resolver o problema da dívida?
— Eu... eu não sei.
— Bem, eu sei, e a resposta é nada, nada! Ele não reduziu seus gastos, não
ajustou em nada seu estilo de vida pródigo, nem mesmo está investigando como
poderia ganhar dinheiro. Pior ainda, ele continua a jogar e está desperdiçando uma
fortuna em, em outras coisas, — Ele terminou sem jeito. Mas ele não podia falar
das amantes de Lorde Compton com sua filha virgem de criação gentil.
— Eu sei, — Ela disse em voz baixa. — Suas amantes.
Então ela sabia. — Então por que diabos você acha que deve a ele se casar
com alguém que você considera questionável?
Ela disse com uma voz resignada: — O que mais posso fazer? Devo me casar,
e não é como se houvesse outra pessoa com quem eu quisesse me casar...
— Não há alguém, algum amigo ou parente com quem você possa morar?
Ela pegou um lenço e enxugou os olhos com cuidado. — Minha tia me
aceitaria, a irmã de minha mãe. Ela e papai nunca se deram bem. — Ela dobrou o
lenço e olhou para ele desesperançada, como se fosse isso.
— Então, por que não ir até ela?

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— Eu não posso. Ela mora na Itália. Ela fugiu com um artista, ele era italiano
e foi contratado para pintar seu retrato de noivado, mas, em vez disso, fugiu com
ele e foi rejeitada pela família. — Conforme ela explicava, suas mãos se moviam
inquietas, dobrando e enchendo o lenço como se fosse a coisa mais importante do
mundo para obter cada dobra exata. Ele tinha certeza de que ela não tinha
consciência de que estava fazendo isso. — Ela e mamãe mantiveram contato
secretamente e, depois que mamãe morreu, ela me escreveu várias vezes,
convidando-me para uma visita. Claro que papai não quis ouvir falar nisso.
Foi a solução perfeita. Fora do país e fora de sua consciência. — Então vá
para sua tia.
— Como? Não tenho dinheiro.
— Vou te dar o dinheiro.
— Não! — Ela olhou para ele, chocada. — Eu não poderia aceitar isso.
— Por que diabos, por que não?
Ela deu a ele um olhar claro. — Por mais estranho que possa parecer, Sr.
Flynn, ainda tenho um pouco de orgulho. Já que não vou me casar com você, não
posso aceitar seu dinheiro.
— Faça um empréstimo então.
— Não. É totalmente impossível. — Ela foi bastante firme em sua resolução.
Flynn olhou para ela exasperado, e um tênue fio de admiração relutante. Seu
raciocínio complicado era bastante louco, é claro, mas ele podia ver que ela estava
operando de uma posição que ela considerava honrosa. E longe dele negar à garota
seu orgulho. Ela tinha pouco sobrando.
Ela disse com dignidade: — É muita gentileza de sua parte ficar preocupado,
Sr. Flynn, mas não é seu problema. Eu não sou seu problema.
Era exatamente o que ele vinha dizendo a si mesmo, mas foi ainda menos
convincente quando ela disse isso. Ela pode acreditar; ele podia até acreditar, mas
não podia deixá-la nessa bagunça. Não foi obra sua, mas ele contribuiu para isso.
— Eu possuo uma frota de navios. Eu poderia arranjar passagem...
— Obrigada, mas não. O assunto está encerrado. Eu não deveria ter sido tão
indiscreta a ponto de envolvê-lo em meus assuntos particulares. — Ela se levantou
e estendeu a mão. — Adeus, Sr. Flynn. Obrigada por ser tão honesto comigo. Foi
um prazer conhecê-lo.

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Flynn curvou-se sobre a mão dela. — Foi um prazer e um privilégio conhecê-


la, Lady Elizabeth. — Ele gostava muito mais dela agora, dando-lhe essa dispensa
calma e digna, do que durante qualquer um de seus relacionamentos anteriores.
Não que ele tivesse mudado de ideia no mínimo. Ele estava encantado por
estar fora do gancho.
Mas ela não estava desligada, e esse era o problema.
&&&&
— Daisy, Daisy. — Mãos gentis sacudiram o ombro de Daisy.
— O qu...? — Daisy acordou sobressaltada, com o pulso acelerado. Levou um
momento para perceber onde estava, em sua própria cama. Sozinha. No meio da
noite. Uma forma pálida curvou-se sobre ela. — Jane?
— Você não está doente, está Daisy?
Daisy piscou na escuridão. — Não. — Sua camisola estava torcida bem acima
da cintura. Ela se sentia quente e suada, e era uma noite fria.
— Oh, deve ter sido outro sonho ruim então. Suas pernas estavam se
debatendo e você estava gemendo e gemendo com tanto medo, que fiquei bastante
preocupada.
Daisy sentiu o rosto esquentar. Graças a Deus estava escuro e Jane não
podia vê-la. Debatendo? Gemendo e gemendo? Não era medo.
Ela afastou as sensações, tão reais que quase ainda podia senti-las, grandes
mãos calejadas acariciando-a, provocando, despertando-a até a distração... ela
tentou enfiar a camisola de volta nas pernas.
Ela estava dolorida, extremamente sensível. Úmida.
Jane se jogou ao lado da cama de Daisy. — O que está preocupando você,
querida Daisy? Normalmente sou eu que tenho pesadelos, não você.
— Não, não é nada, — murmurou Daisy. — Não se preocupe, provavelmente
só a sopa de cebola da noite passada. Volte para a cama, Jane.
Jane hesitou. — Você tem certeza? Porque esta é a segunda noite seguida
que você tem, então não pode ser a sopa de cebola. Se você quiser falar sobre...
— Tenho certeza. Não há nada para falar, realmente.
— É o negócio? Porque se for...
— Não é. Não é nada, apenas um sonho estúpido. Agora, volte para a cama
ou você pegará um resfriado.
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107feita apenas para a
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Noiva no Verão
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Jane foi, relutantemente. Daisy enrolou os lençóis em volta do corpo e fingiu


dormir até que Jane voltou a dormir.
Sonho estúpido estava certo. Droga, Flynn.
Ela estava dormindo pior do que nunca, e agora não eram apenas as
preocupações com os negócios que a mantinham girando e girando. Se debatendo
e gemendo.
Ele a deixou toda agitada com aquele beijo florescente. Por duas vezes ela
acordou toda com calor e incomodada, com a camisola enrolada na cintura e os
lençóis enrolados. Quente e úmida e... dominada pela luxúria.
Aquele beijo maldito tinha atingido seu limite. Deu a ela um gostinho do
proibido. Tirou seus sentimentos sobre Flynn de uma fantasia secreta e inofensiva
e os transformou em...
Não! Ela não ia lá.
Dois dias desde aquele beijo e ela não tinha visto nem pele nem cabelo dele,
exceto em seus sonhos. Se ele estivesse interessado, se aquele beijo o tivesse
afetado metade do que a afetara...
Mas pelo que os outros disseram, ele ainda estava vendo Lady Elizabeth.
Uma mulher que beijava como um peixe, mas que era uma senhora. Uma senhora
delicada e bonita, de fala doce, que sem dúvida dançava como uma fada de cardo,
não uma grande bronca londrina que jurava ser um soldado.
Não que se importasse. Não queria ninguém. Tinha um negócio a construir.
Ela verificou se Jane estava dormindo profundamente, saiu da cama e
começou a se vestir no escuro. Não era muito mais cedo do que ela normalmente
se levantava, então ela poderia ficar ocupada.
Talvez se ela agisse como se isso não a afetasse de uma forma ou de outra,
o... os sentimentos iriam embora. Isso funcionava para a maioria das coisas. Era
boa em não querer o que não podia ter, e uma coisa estava clara em sua mente:
não importava o modo como olhasse para ele, ela não poderia, e não teria, Flynn.
&&&&
— Não entendo por que você queria que eu fosse com você ao parque, — disse
Lady Elizabeth. — Claro, é muito agradável, mas... — Ela lançou-lhe um olhar
cauteloso. — Você não mudou de ideia, mudou? Sobre...

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108feita apenas para a
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— Não, — Flynn garantiu a ela. — Mas você não se importa se seu pai ainda
não souber disso, não é?
— Ah não. Na verdade, enquanto papai pensa que ainda estamos
namorando...
— Exatamente, — disse Flynn, dando um tapinha em sua mão. Ele se
lembrou de usar suas luvas hoje. Eles caminharam, curvando-se para alguns,
parando para conversar com outros. Lady Elizabeth, é claro, conhecia
praticamente todo mundo.
Flynn não deixou de notar os olhares silenciosos trocados. Eles adorariam
quando a notícia vazasse, malditos sejam os olhos deles. Não que ele desse
um estalar de dedos por sua boa opinião.
Ele assistiu a alta sociedade desfilar suas mercadorias no parque, suas
roupas, seu estilo, sua disponibilidade em alguns casos, e suas filhas solteiras.
Ele olhou para a mulher em seu braço, agora tão confortável com ele, porque
ele não tinha mais expectativas sobre ela. Ele teve uma sorte de escapar, só porque
ele quebrou as regras de comportamento educado da alta sociedade, esgueirando-
a para fora para roubar um beijo ou dois. Caso contrário, ele nunca teria sabido,
não até que ele se encontrasse acorrentado a uma esposa que não podia suportar
seu toque.
A ideia de embarcar em outra busca por uma esposa nobre o deprimiu. Eles
pararam para conversar brevemente com um conhecido de Lady Elizabeth, então
seguiram em frente.
Todas essas pessoas se conheciam praticamente desde o nascimento, eram
parentes, ou suas famílias se conheciam, se conheciam há gerações, ou os homens
haviam frequentado o internato juntos, era um pequeno grupo fechado.
E todos eles, em maior ou menor grau, cooperaram para manter os estranhos
fora. Estranhos como ele.
Oh, ele poderia comprar sua entrada e se casar com um deles. Mas ele
sempre seria um estranho. Isso não o incomodava antes, e realmente não o
incomodava agora, ele tinha sido um estranho a maior parte de sua vida.
Ele tinha amigos como Max e Ash, e agora Freddy, amigos de verdade, não
apenas parceiros de negócios. Amigos e iguais, ele era amigo de Max há anos, antes
mesmo de saber que era um lorde.

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Noiva no Verão
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Lá fora, no mundo real, não importava. Um homem era julgado pelo que
fazia, não de quem era parente.
Ele observou a multidão da moda, vestida com cores brilhantes, pavoneando-
se, curvando-se e passeando, vendo e sendo visto. A sociedade inglesa era como
uma gaiola, uma grande, confortável e elegante gaiola com fios invisíveis. Aqueles
de dentro conheciam as regras não escritas e aqueles de fora só podiam entrar com
permissão.
O problema é que agora ele estava muito mais ciente dessas regras não
escritas do que quando começou a procurar uma esposa nobre, e não gostava
muito delas.
Ele caminhou, prestando atenção à conversa amena e previsível de Lady
Elizabeth, respondendo quando necessário, a serva severa de Lady Elizabeth, Muir,
arrastando-se sombriamente atrás, lançando olhares silenciosos a Flynn por trás.
Quando ele chegou em Londres, teve essa ideia sobre as belas damas que
eram criaturas delicadas e inocentes, suaves e gentis e precisavam de proteção.
Ele precisava disso, de alguma forma. Ele estava em posição de proteger e
cuidar de uma esposa e filhos agora, não como antes ... quando ele não tinha sido
capaz de ajudar sua família em tudo.
Ele interrompeu o pensamento doloroso. O passado era passado. Nada que
ele pudesse fazer sobre isso agora. Ele tinha um futuro e cabia a ele moldar, tanto
quanto qualquer homem poderia moldar o futuro.
Não apenas seu futuro. Ele protegeria Lady Elizabeth ao não se casar.
Irônico, isso.
Ele examinou a fila de carruagens elegantes fazendo seu caminho lento ao
redor do parque. Nenhum sinal de Lady Beatrice ainda. Ele esperava que ela não
tivesse esquecido o pequeno acordo que eles fizeram no dia anterior. Se ela tivesse
feito isso, todo o objetivo desta caminhada com Lady Elizabeth e sua criada estaria
perdido e o infeliz negócio se arrastaria por mais um dia.
A carruagem de Lady Beatrice se aproximou. Finalmente. No instante em que
o avistou, a velha senhora cutucou o cocheiro com a bengala e a carruagem parou.
Ela acenou para ele com um aceno impetuoso.
Ele conduziu Lady Elizabeth através da multidão de damas e cavalheiros
elegantemente vestidos.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

A velha saudou-os com entusiasmo. — Como vão vocês, meus queridos? Não
é um dia lindo? Quase se pode acreditar que a primavera realmente deve ficar!
Flynn, meu querido menino, gosto dessas botas. Lady Elizabeth, você agarrou o
homem mais bonito aqui, então temo que devo puni-la por isso!
Lady Elizabeth enrubesceu. — P...punir-me, Lady Davenham? — Ela era
invariavelmente meticulosa ao usar a forma correta de se dirigir a Lady Beatrice.
— Acabei de colocar duas das minhas garotas para esticar as pernas...— Ela
acenou com a mão vaga e Flynn viu Jane e Abby caminhando de braços dados a
uma curta distância — E preciso de alguém para me fazer companhia. — A velha
senhora deu um tapinha no assento ao lado dela convidativamente. — Flynn, ajude
Lady Elizabeth a se levantar.
— Obrigada, é muito gentil da sua parte. — Lady Elizabeth olhou de volta
para sua criada. — E Muir?
— Não, não, sua serva pode ficar aqui e fazer companhia ao Sr. Flynn. Não
podemos deixar o pobre homem perdido e todo sozinho, como uma trepada na
pedra, podemos? Agora venha, minha querida, você está segurando o tráfego.
Flynn escondeu um sorriso ao ajudar Lady Elizabeth a subir na carruagem. A
velha era uma mestre da manipulação. A carruagem seguiu em frente e ele se virou
para Muir. — Devemos sentar aí enquanto esperamos sua senhora voltar?
Muir lançou-lhe um olhar de profunda suspeita, mas consentiu em
acompanhá-lo a um banco a uma pequena distância do circuito da moda.
— Você é muito leal à sua senhora, não é, Muir? — Ele disse enquanto eles
se sentavam.
— Eu sou. — Ela deu a ele um olhar desdenhoso. — Portanto, não espere
que eu faça fofoca sobre...
— Longe disso. Embora, — Ele adicionou em uma voz persuasiva, — Eu
gostaria de saber um pouco sobre sua tia. Aquele que mora na Itália.
A serva engoliu em seco. — Por que você gostaria de saber sobre ela?
Flynn deu a ela seu melhor sorriso encantador. — Estou tentando descobrir
se a tia de Lady Elizabeth na Itália é alguém a quem ela pode recorrer.
Seus olhos eram lascas de gelo. — E por que você quer saber disso?
— Porque, sua mulher teimosa, eu quero tentar ajudar a moça.
— E porquê...

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

— Porque, como você sem dúvida sabe, se é da confiança de sua senhora,


não vou fazer uma oferta, o que significa, ela me disse, que seu pai a forçará a se
casar com Lorde Flensbury. E antes que você pergunte por que me importo, não
sei, mas me importo. Então, essa tia na Itália a aceitaria ou não?
Houve uma longa pausa enquanto Muir pensava sobre o que disse. — Ela
iria, — Ela disse finalmente. — Num piscar de olhos. Mas não há chance de...
— Oh, olhe, Srta. Muir, — Flynn exclamou. — Você deixou cair sua bolsa.
Muir olhou para a grossa bolsa marrom que apareceu de repente a seus
pés. — Isso não é meu.
— Sim, é, — disse Flynn. — Você deixou cair agora.
— Eu não deixei. Eu nunca vi aquela bolsa antes na minha...
Flynn pegou e empurrou-o em suas mãos. — Você não gostaria de perdê-
la. Essa é a bolsa que contém o pé-de-meia que você herdou de seu primo falecido
recentemente.
Muir olhou para ele.
— Ou talvez seja a soma que você ganhou na loteria.
— Mas eu nunca joguei no lote...
— Eu não me importo como você conseguiu, você é a única que tem que
convencer sua senhora. Mas quinhentas libras levarão vocês duas para a Itália com
conforto e as apoiarão por algum tempo enquanto estiverem lá, supondo que a tia
não mude de ideia.
— Quinhentos... — Muir se atrapalhou com o fecho da bolsa e olhou para
dentro. Seus lábios se moveram silenciosamente enquanto ela contava as notas
empacotadas dentro. Ela os contou duas vezes, em seguida, olhou para ele em
descrença atordoada.
— Mas por que você...
— Já te disse, não quero o sofrimento dela na minha consciência, e ela é
muito orgulhosa para aceitar qualquer ajuda minha. Você acha que poderia
convencê-la?
Por muito tempo ela não respondeu. Ele não podia ver sua expressão, ela
estava olhando para a bolsa que agora segurava com força contra o peito.
Finalmente, ela disse em voz baixa: — Você confiaria em mim para usar este
dinheiro, para ela? O que me impediria de concordar agora e fugir com isso,

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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deixando Lady Elizabeth entregue ao seu destino? Quinhentas libras, é uma


fortuna para gente como eu.
— Eu sei. — Flynn estava bem ciente da tentação. A serva de uma dama
poderia ganhar quinze libras por ano, e ele tinha certeza absoluta de que Lorde
Compton não pagaria a Muir nem perto disso. — Estou apostando no que meu
instinto me diz.
— E o que o seu instinto diz sobre mim? — Ela perguntou em voz baixa.
— Que você ama sua senhora e faria qualquer coisa para ajudá-la.
Seus dedos apertaram a bolsa e ela fungou, mas era um tipo bem diferente
de fugada. Flynn percebeu que ela estava chorando. Ele puxou seu lenço e
entregou a ela.
— Obrigada, senhor, oh, obrigada, — Ela sussurrou.
— Não há necessidade de mencionar isso a ninguém, — Ele disse
rispidamente. Ele odiava quando as mulheres choravam. — Eu não me importo
que história você conte a sua senhora, apenas tire-a do país e longe daquela
desculpa patética de pai.
— Eu vou, senhor, oh, eu prometo, eu vou, — Muir jurou. — E obrigada! Mil
vezes, obrigada...
— Lá está a carruagem de Lady Beatrice. Agora coloque essa bolsa em algum
lugar seguro e nos deixe ir encontrar sua senhora. — Ele se levantou, aliviado por
poder acabar com aquilo.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo Nove
Raramente, muito raramente, a verdade completa pertence a qualquer revelação
humana, raramente pode acontecer que algo não esteja um pouco disfarçado ou um
pouco errado.
JANE AUSTEN, EMMA

Flynn foi a uma festa na noite seguinte, a primeira a que compareceu em que
Lady Elizabeth não estava presente. Ela chorou de dor de cabeça ou algo parecido,
e ele não podia dizer que não lamentava não ter que vê-la aqui esta noite.
Ele estava começando sua busca por uma esposa novamente.
Ele encostou-se a uma porta e examinou a multidão de lindas donzelas com
olhos amarelados. Toda a experiência de Lady Elizabeth o tornou mais do que um
toque cínico.
Uma dessas jovens pode um dia se tornar sua esposa.
O pensamento não o deliciava mais como antes.
Sociedade educada... ele bufou. A polidez era tão fina quanto uma camada
de seda. Decepção era mais provável.
Elas sorriam, flertavam, eram bem-vindas, mas era o dinheiro dele que elas
queriam, não Flynn. Elas o tolerariam ou tentariam. Por trás desses sorrisos,
muitas vezes havia uma camada de desprezo oculto por seus modos rudes, suas
mãos machucadas, sua história.
Ele sempre soube que sua fortuna era o que o tornaria aceitável, mas agora
ele estava mais ciente da arrogância sutil de superioridade aristocrática, criada em
sangue e ossos, e ele não gostava muito disso.
Lorde Compton havia perdido sua fortuna no jogo e estava pronto para
vender sua única filha como escrava para que pudesse continuar seu estilo de vida
hedonista sem controle, e ainda assim ele, e o resto da sociedade educada, se
considerava muito superior a um homem como Flynn.
Flynn costumava pensar que seria uma coisa boa conseguir uma esposa boa,
delicada, elegante e bem-nascida. Um sinal de tudo o que ele conquistou. Para um
homem astuto, ele tinha sido muito ingênuo.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Era como entrar em uma loja de doces e desejar um doce em particular que
tivesse atraído sua atenção. Você não podia pagar, mas era tudo o que você
sonhou. Você sabia que se pudesse obtê-lo, teria um gosto sublime.
E assim você trabalhava e economizava, e finalmente conseguia o dinheiro.
Você entrava na loja e, com orgulho, colocava seu dinheiro no balcão, e o doce era
seu. E quando você mordia, tinha gosto de... nada.
A aparência deliciosa era toda para exibição.
Uma vez mordido duas vezes tímido. Servi-lo bem por deixar a ambição cegá-
lo. Ele provou que podia se casar com a filha de um conde, e onde isso o levou?
Ele escolheria com mais sabedoria da próxima vez.
Ele não estava interessado em uma garota que só o queria por seu dinheiro,
ele não queria alguém que sempre se considerasse superior a ele, simplesmente
por causa de seu nascimento. E certamente não queria uma garota que se casasse
com ele por obrigação, e depois tivesse que se forçar a ir para o leito conjugal.
O que ele queria era...
Sim, essa era a questão. O que ele queria?
Pensou na doce resposta que Daisy lhe dera, a intoxicação de um simples
beijo.
Ele olhou ao redor do salão. Garotas em vestidos brancos circulavam pela
pista de dança, mulheres em vestidos decotados passavam, dando a ele um olhar
sensual e sedutor.
Não havia nada para ele aqui.
Ele se desculpou com a anfitriã da festa e voltou para seu alojamento. Não
havia nada para ele lá também. Ele se sentia inexplicavelmente só, o que era
ridículo. Ele tinha estado sozinho a maior parte de sua vida e agora aqui estava
ele, na cidade mais sofisticada do mundo, com a sociedade ao seu alcance e
amigos, bons amigos. Ele não tinha nenhuma razão para se sentir sozinho.
Talvez ele devesse arranjar uma amante.
Ele mal havia chegado em casa quando houve uma batida na porta. Era
quase meia-noite, hora estranha para um visitante. Flynn dera a Tibbins a noite
de folga, então ele abriu a porta sozinho.
Lorde Compton praticamente caiu na sala. — Ela está ferrada! A potranca
está ferrada, caramba!

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Você perdeu um cavalo? — Fingindo ignorância, Flynn lançou-lhe um


olhar de indagação moderada. — O que você acha que posso fazer sobre isso?
Lorde Compton não percebeu o sarcasmo. — Não é um cavalo, seu tolo. A
putinha fugiu! Indo para a fronteira neste exato momento com algum maldito
leiteiro de que nunca ouvi falar, um Sr. Felix alguma coisa ou outra. Nem um
centavo em seu nome, estarei vinculado.
— Você está se referindo a Lady Elizabeth? — Flynn disse friamente. Um
homem deve falar mais respeitosamente de sua própria filha.
— Claro que estou, quem mais seria? — Lorde Compton ficou olhando furioso
para Flynn, os punhos abrindo e fechando. — Bem, não fique aí parado, seu
idiota! Vá atrás deles!
— Acho que não. — Ele não acreditou por um momento que Lady Elizabeth
tinha fugido com um homem. Sua serva, sim. E ele duvidava que ela estivesse a
caminho da Escócia, mas não tinha certeza.
— Droga, você não me entendeu, cara, ela fugiu. Deixou você de pé e seco.
Fez de nós dois um completo idiota! A vadiazinha me deixou um bilhete, viu? —
Ele acenou com um pedaço de papel para Flynn.
Flynn o pegou e retirou-se para a sala de estar para lê-lo com a melhor luz
de lá. Lorde Compton o seguiu. — Vaquinha astuta me esperava em casa amanhã
à noite, mas voltei cedo. As cartas não funcionam do meu jeito.
Flynn leu a nota e escondeu um sorriso. Lady Elizabeth, de acordo com a
nota, supostamente fugiu para Gretna com um Sr. Felix Rome. Felix significa
felicidade, não era difícil adivinhar o significado de Rome.
— Conhaque, Lorde Compton? — Flynn devolveu a carta a Lorde Compton,
que a jogou de lado com impaciência. Ela flutuou até o chão.
— Não, eu não quero um maldito conhaque! Você vai deixá-la escapar?
Flynn encolheu os ombros. — Ela fez sua escolha.
— Não, caramba, ela não! De acordo com os servos, ela saiu há apenas
algumas horas, então ainda podemos pegá-la. Vou arrastá-la de volta e levá-la ao
altar como planejado.
Flynn arqueou uma sobrancelha. — Contra a vontade dela?
— A garota não sabe o que é bom para ela.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Não, ela não sabe o que é bom para você, — disse Flynn com ênfase
delicada.
Compton o ignorou. — O sujeito com quem ela fugiu deve tê-la enganado. A
quer para sua fortuna, estarei vinculado.
Flynn ergueu a sobrancelha. — Ele terá uma decepção, não é?
Lorde Compton enrubesceu. — Eu vou pegá-la, pare com esse absurdo.
Obtenha uma licença especial e você pode casar com ela imediatamente. Uma boa
cama logo irá domesticá-la. — O homem era vil.
— Eu não vou me casar com sua filha. Compreende? Não.
O queixo de Lorde Compton caiu. — Mas você tem. Eu tenho dívidas, cara!
Os oficiais de justiça só estão se segurando porquê... — Ele parou, percebendo que
não era a abordagem mais diplomática, e tentou outra abordagem. Com uma voz
persuasiva, ele disse: — Flynn, você é um bom sujeito. Você tem que me ajudar.
Não posso deixar minha garotinha se arruinar com algum maldito desconhecido.
Minha carruagem está lá embaixo, podemos chegar à Great North Road um
instante.
— Não.
— Droga, então eu mesmo vou buscá-la. — Compton se dirigiu para a porta
da frente. — Flensbury ainda a terá. Ele não se importará com mercadorias
danificadas.
Ele era pior do que vil. Flynn abriu uma porta. — Por aqui, Lorde Compton.
Compton começou a andar, depois parou. — O que...
Flynn deu um empurrão nele, bateu à porta e trancou-a.
O conde bateu na porta, gritando e xingando.
Flynn voltou para a sala de estar e terminou o conhaque. Um excelente
gole. Ele pegou o bilhete de Lady Elizabeth e sorriu ao jogá-lo no fogo. Rome,
hein? Bom para ela. Mas ele não queria que o pai dela saísse procurando por
ela. Ele poderia descobrir que ela não estava indo para a Escócia, afinal.
O mínimo que Flynn podia fazer era dar à garota uma boa vantagem.
A porta da frente se abriu e seu valete, Tibbins, entrou dizendo: — Boa noite,
senhor. Como foi o seu... — Ele parou de falar, olhando para a porta do armário de
onde vinham batidas furiosas e esporádicas e uma torrente de abusos. Ele olhou
para Flynn. — Senhor, parece haver alguém dentro... — Ele indicou o armário.

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Noiva no Verão
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— Sim, eu sei, — disse Flynn. — Faça uma mala para mim, está bem?
— Mas, senhor, o que está acontecendo?
— Vou passar a noite em um hotel.
— Mas... — Tibbins indicou a comoção vinda do armário.
— Exatamente, — disse Flynn. — Não vou conseguir dormir com esse
barulho.
— Mas quem é, senhor? Ele está rugindo como uma fera.
— Perto o suficiente. É um conde selvagem. — Ele sorriu com a expressão de
seu valete. — Um conde furioso, frustrado e desesperadamente enfurecido.
— Um conde? — Os olhos de Tibbins quase saltaram. — Mas eu não
deveria...? — Ele apontou timidamente para o armário.
Flynn estendeu o braço. — Não em sua vida! Eu irei assim que você puder
fazer minha mala. Você pode passar a noite aqui ou em outro lugar, como desejar,
mas não o libertará antes das oito da manhã de amanhã. Entendido, Tibbins?
Tibbins lançou um olhar miserável para a porta do armário e foi
recompensado por uma salva de pancadas e gritos. — Mas, senhor, ele é um conde.
— Sim, mas muito desagradável. E em dívidas até o pescoço, — acrescentou,
conhecendo as prioridades de Tibbins.
Tibbins parecia chocado. — Em dívida, você disse?
— Escriturários a sua porta, ele mesmo me disse. É para ele ficar trancado
lá a noite toda, pelo menos até as oito horas da manhã de amanhã, você me
entendeu?
Tibbins engoliu em seco. — Muito bom, senhor.
— E se eu ouvir que ele foi liberado um minuto antes...
Tibbins suspirou. — Você não vai, senhor.
Flynn deu a seu homem um soberano. — Bom homem. Agora vá e faça
minhas malas, e uma para você, se quiser. Você não vai dormir com esse barulho.
O Grillons Hotel tem fama de ser muito confortável. Você pode vir comigo.
Tibbins olhou para o armário barulhento e se decidiu. — Muito bom, senhor.
&&&&
Daisy sempre ansiava pelos dias da sociedade literária de Lady Beatrice, ela
adorava que as histórias fossem lidas em voz alta para ela. Ela podia ler bem agora,

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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graças a Abby e às meninas que a ensinavam, mas não conseguia costurar e ler ao
mesmo tempo e, quando caía na cama à noite, estava cansada demais para ler.
Na sociedade literária ela conseguia costurar e ouvir uma história. E
conversar com as pessoas também durante os intervalos. Hoje em dia, era
praticamente a única companhia externa que ela conseguia.
Hoje, porém, estava se sentindo um pouco... nervosa, imaginando se Flynn
apareceria ou não. Frequentemente comparecia e geralmente era um prazer vê-
lo.
Desde aquele beijo, no entanto, ela se sentiu estupidamente autoconsciente e
estranha com a perspectiva de vê-lo. O que era ridículo, ela disse a si mesma
irritada. Ele era apenas Flynn, o mesmo de sempre.
Não tinha nenhum problema em gostar de um homem era apenas natural,
afinal, e ela tinha que admitir que gostava de Flynn. Ela gostou desde o início.
E por que ela não deveria? Ele era um pedaço lindo de masculinidade, bonito
naquele jeito irlandês com cabelo preto espesso com um toque de cachos e olhos
azuis ousados que sabiam flertar e rir, uma combinação pela qual ela sempre
teve uma fraqueza.
Seu corpo inteiro formigou com a lembrança. Em diferentes circunstâncias,
ela poderia agir sobre isso, imaginar suas calças justas fora dele, e sua camisa e
cueca também, mas não ia acontecer.
Ele ainda estava cortejando Lady Elizabeth, e se olhasse para Daisy de
alguma forma, seria à parte. E ela não seria a segunda melhor, para ninguém.
Não que a pergunta fosse surgir. Ela era respeitável agora.
Ele provavelmente nem viria hoje. Agora que a temporada havia começado
bem e de verdade, havia muitos outros eventos para atrair um homem.
Ela juntou suas coisas. Lady Beatrice havia decretado que não convinha ser
vista costurando uma bainha ou costura ou, Deus me livre, algum tipo de roupa
de baixo, então hoje Daisy estava bordando miosótis em um par de minúsculas
mangas bufantes que iriam para o último vestido que ela estava fazendo para Jane.
Mas ela ficou remexendo, atrasando sua chegada, sem pensar em Flynn, e
quando ela chegou a sala estava mais da metade ocupada e o lugar habitual de
Daisy, ao lado de Lady Beatrice, agora estava ocupado pelo cara que estava
oficialmente noivo de Jane, Lorde Comb-it-up e sua tia.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Daisy não se importou. Ela encontrou outro assento atrás de duas senhoras
grandes com chapéus enormes. Contanto que ela pudesse ouvir as meninas lendo,
ela não precisava vê-las.
Abby, Damaris e Jane fizeram as leituras. As três garotas eram a grande
atração, elas e as boas histórias que escolheram. Abby lia melhor, Damaris era a
segunda mais próxima e, embora Jane fosse um pouco rígida quando lia, ela não
fazia as vozes emocionantes que Abby e Damaris faziam, ela era a mais bonita. E
ainda solteira.
Daisy acomodou-se com a cesta de costura aos pés e a costura no colo. Ela
sorriu e acenou com a cabeça, enquanto várias pessoas o cumprimentavam. Ela
conhecia a maioria das pessoas aqui, mas não fez nenhum movimento para
circular ou participar de qualquer conversa. Bastava que ela estivesse aqui, aceita
como pertencente. Alguns dias ela queria beliscar-se ao pensar que estava
concordando e sorrindo, para metade dos aristocratas da Inglaterra.
Então ela preferiu sentar e assistir, olhando o que as várias mulheres
estavam vestindo e imaginando como as vestiria de maneira diferente. Sempre
havia uma melhoria, em sua mente, pelo menos.
Featherby tocou uma sineta para sinalizar o início da primeira leitura e as
pessoas correram para se sentar. Daisy esperou que a leitura começasse.
Ainda sem sinal de Flynn. Ele não estava vindo, então. Bom. Isso tornaria as
coisas mais fáceis.
Um silêncio caiu sobre a sala e Abby começou a ler em voz alta: — Harriet
Smith era a filha natural de alguém. Alguém a colocou, vários anos atrás, na escola
da Sra. Goddard, e recentemente alguém a elevou da condição de estudiosa para a
de pensionista. Isso era tudo que se sabia de sua história. Ela não tinha amigos
visíveis, exceto o que tinha sido adquirido em Highbury, e agora acabava de
retornar de uma longa visita no campo a algumas jovens que haviam estudado lá
com ela.
Daisy curvou-se para o bordado. Ela estava gostando dessa história. Filha
natural queria dizer que, como Daisy, essa garota Harriet era a bastarda de
alguém. A pequena nobreza atribuía grande importância à legitimidade, e Daisy
podia ver onde essa história estava levando, Harriet iria querer o que ela não
poderia ter e isso seria sua ruína. Sempre foi.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Após alguns instantes de leitura, houve uma pequena agitação na porta e


um zumbido imediato de conversa sub-reptícia. Uma chegada tardia. As cabeças
se voltaram para a porta com expressões críticas. As pessoas em Londres falavam
durante a ópera e as peças, mas ai de quem interrompesse enquanto Abby estava
lendo.
Flynn parou na porta como um corajoso bucaneiro, bastante indiferente aos
olhares indignados que estava recebendo. Como se ele fosse bem dono do lugar.
Arrogante, mas de uma forma que fez seus dedos se curvarem deliciosamente.
Ele tinha uma bela visão, com calças justas de pele de veado moldadas em
suas coxas longas e poderosas. Botas e peles de gamo combinavam com alguns
homens e não com outros: Flynn foi feito para elas. E ele certamente sabia como
encher um casaco, aqueles ombros largos e adoráveis e braços fortes não deviam
nada ao enchimento, ela sabia.
Seu corpo lembrava muito bem da sensação deles.
Ele não fez nenhum movimento para encontrar um assento. Ele examinou a
multidão vagarosamente, procurando por alguém e Daisy tinha quase certeza de
que ela sabia quem era. Seu corpo inteiro se contraiu, alerta à sua presença.
Escondida atrás das senhoras grandes com chapéus ainda maiores, ela
parecia estar satisfeita. Ela não era a única mulher secretamente olhando para ele
também. Metade das pessoas na plateia estava murmurando e cochichando:
alguns estavam irritando os locutores e esperando que Abby retomasse a leitura, o
restante, a maioria das mulheres ali, estava olhando para Flynn com luxúria mal
disfarçada.
Não podia culpá-los. Havia algo irresistível em uma pessoa que era
ligeiramente indomável, a promessa de toda aquela masculinidade desinibida e
fervilhante desencadeada na cama... confiante, capaz e sem vergonha. Masculino
até as pontas de suas grandes mãos calejadas, e não tem vergonha de mostrar
isso. Essas mãos também conheceriam o corpo de uma mulher. Quanto há como
ele poderia beijar... ela estremeceu um pouco, só de pensar nisso.
O zumbido continuou, baixo e furtivo, ondulando pela sala. Daisy franziu a
testa. Flynn sempre chamava a atenção das pessoas, mas isso era diferente.
Uma troca murmurada entre duas senhoras atrás dela chamou sua
atenção. — A bochecha dele, mostrando seu rosto aqui hoje.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Desavergonhado! Muito sem vergonha!


O que havia de vergonhoso nisso? Daisy se perguntou. Flynn frequentemente
frequentava a sociedade literária. Ela tentou se lembrar de quem estava sentado
atrás dela, mas as fofocas foram severamente abafadas e Abby continuou lendo: —
Ela levou Harriet a falar mais sobre o Sr. Martin, e evidentemente não houve
aversão a isso. Harriet estava pronta para falar sobre a participação que ele tivera
nas caminhadas ao luar e nos alegres jogos noturnos, e pensava muito em ser tão
bem-humorado e prestativo. Ele um dia andou cinco quilômetros para lhe trazer
algumas nozes, porque ela disse que gostava muito delas, e em tudo o mais ele era
muito prestativo.
Um romance. Daisy tentou esquecer a estranha reação à entrada de Flynn e
se concentrar na história. Ela adorava um bom romance. Ela esperava que este
terminasse feliz, mas aquela Emma, ela era um problema...
Sua mente vagou. O que aquelas mulheres sabiam sobre Flynn que era tão
ruim?
Aparentemente imperturbado pela atenção que sua chegada havia recebido,
Flynn se sentou e recostou-se para ouvir. Daisy soube o momento em que ele a
viu, ela sentiu seu olhar como um toque em seu rosto, quente e inconfundível.
Suas bochechas esquentaram, mas ela se curvou sobre o bordado e não
ergueu os olhos.
No primeiro intervalo, foram entregues chá, vinho e bolinhos. As pessoas
estavam livres para falar e as duas senhoras atrás dela retomaram a troca.
— Dizem que Lorde Compton está furioso...
Lorde Compton? Daisy ergueu as orelhas e recostou-se para escutar.
—... Lizzie Compton... fugindo na calada da noite... ninguém sabe, minha
querida. Com algum ninguém... a fronteira escocesa...
Lady Liz Fugiu? O que significava que Flynn estava... Daisy quase jogou a
cadeira para trás ao ouvir a última parte.
— Publicamente rejeitado, — a senhora atrás dela disse, um traço de alegria
maliciosa em sua voz. — Ou tão bom quanto. O mundo inteiro sabia que ele estava
prestes a fazer uma declaração.
— Lorde Compton culpa o irlandês... companheiro bruto... não tenho ideia
de como lidar com uma senhora...

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Noiva no Verão
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— Mais adequado para o estábulo do que a sala de estar, no entanto... —


Elas riram, conscientemente.
Daisy não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Flynn, rejeitado
publicamente? Lady Liz havia fugido? Nesse caso, ela estava furiosa em nome de
Flynn. Se Lady Liz tinha fugido, era ela quem estava errada, não Flynn. Ele tinha
todo o direito de mostrar o rosto onde quisesse.
Daisy estava prestes a se virar para defendê-lo quando uma das senhoras
disse: — Oh, não olhe agora, Letty, ele está se aproximando! Um bruto tão
deliciosamente indomado.
Daisy ergueu os olhos para ver Flynn rondando em sua direção,
aparentemente imperturbável pelas fofocas que o cercavam. Ele tinha que saber
sobre isso, com certeza.
Antes que ele pudesse alcançá-la, Lady Gelbart apareceu, dizendo: — Daisy,
minha querida, quero que você conheça a Sra. Foster, cujo falecido marido era um
parente distante do meu falecido. Ela tem um desejo ardente de conhecê-la.
Daisy piscou e se levantou educadamente. — Eu? Você queria me conhecer?
Por quê? — E então lembrou-se de seu afazer.
A companheira de Lady Gelbart era jovem, cerca de trinta e cinco, Daisy
adivinhou, e muito elegante, vestida com o que parecia ser a última moda francesa,
de corte simples, mas soberbamente, em tons de lilás com bordas brilhantes em
preto. De luto? Ou ela apenas sabia que lilás combinava perfeitamente com sua
pele clara e cabelo escuro?
Lady Gelbart riu. — Minha culpa, receio, minha querida. Ela estava me
visitando quando suas lindas roupas... — E olhou ao redor e baixou a voz
discretamente — foram entregues, e eu mal podia esperar para abrir o pacote.
Então agora ela está louca por algo para si mesma.
Flynn chegou ao ponto e a conversa foi interrompida abruptamente.
— Daisy, — Ele começou.
— Ah, Sr. Flynn. — A velha senhora voltou. — Lamento muito saber de seus
problemas.
Daisy engoliu em seco. Ela queria dizer algo também, mas não confiava em
sua língua. Era bom que Lady Gelbart fosse tão aberta e direta. Daisy esperava que
as fofocas desagradáveis por trás dela estivessem afetando os modos.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele inclinou a cabeça. — Por favor, não se preocupe comigo, Lady Gelbart.
Lady Elizabeth fez a escolha certa para ela, e desejo a ela toda a felicidade do
mundo.
A velha deu um tapinha em seu braço. — Tão gracioso, querido menino,
tanta generosidade de espírito. Posso ver perfeitamente por que Bea gosta tanto de
você. — Ela olhou pela sala e acrescentou: — Gostaria de falar mais, mas acho que
Bea está tentando chamar sua atenção.
Ele seguiu seu olhar para onde Lady Beatrice estava realmente acenando
imperiosamente, uma ordem silenciosa para ele se juntar a ela. Ele lançou um
olhar pesaroso para Daisy. — Senhoras. — Seu arco envolveu todas as três, então
ele saiu.
A velha Lady Gelbart o observou partir e suspirou. — Lizzie Compton é uma
idiota. Um jovem tão charmoso, e ele usa aquelas peles de gamo, então nós
o vestimos. A maioria dos homens não parece tão bem, especialmente por trás.
Ele tinha um traseiro adorável, reconheceu Daisy. Firme, masculino e bem
formado. Não que ela estivesse interessada, ela se lembrou com firmeza.
Ela se voltou para a Sra. Foster, que, curiosamente, não tinha olhado para
Flynn. — Então, Sra. Foster, gostou do que fiz para Lady Gelbart?
A Sra. Foster acenou com a cabeça e disse em voz baixa e musical: — De
fato, eu gostei. Eles são muito requintados e lindos... danadinho. Gostaria de
encomendar um conjunto para mim, se for possível. Lady Gelbart me disse que
você não tinha um estabelecimento comercial e ainda não estou de acordo com
Lady Beatrice. Eu deixei um cartão outro dia, mas...
— Então, eu a trouxe comigo para a sociedade literária, — disse Lady
Gelbart. — Sabia que você estaria aqui.
— Estou achando muito charmoso, — disse a Sra. Foster. — Que divertido
ter livros lidos em voz alta para você e como é inteligente transformar a ocasião em
uma festa.
Lady Gelbart avistou outro amigo e deu um tapinha no braço da Sra. Foster,
dizendo: — Vou deixá-la resolver as coisas com Daisy, minha querida.
O que deixou Daisy em posição de citar a Sra. Foster um preço ainda mais
alto do que Lady Gelbart pagará. Ela realmente não deveria aceitar mais nenhum
trabalho, mas se fosse um pagamento em dinheiro...

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Isso foi. A Sra. Foster concordou com o preço dela sem pestanejar e elas
marcaram uma reunião para ela vir e ser medida e discutir o design e o tecido no
dia seguinte. E ela traria dinheiro. Ela preferia pagar adiantado, ela disse, e Daisy
não ia discutir.
Daisy ficou maravilhada com sua nova cliente. Ela estava feliz por fazer
coisas para as senhoras idosas, é claro, uma liquidação era uma liquidação, mas
não faria nenhum bem ao seu negócio se ela tivesse uma reputação de servir
apenas para senhoras idosas e meninas, mulheres casadas eram aqueles com
dinheiro. A Sra. Foster podia ser viúva, mas ainda era muito jovem, bonita, muito
na moda e, o melhor de tudo, era obviamente rica.
Com os arranjos feitos, a Sra. Foster confessou que era nova em Londres,
que havia vivido no exterior nos últimos dez anos com seu marido, que morrera há
pouco mais de um ano. Ela agora estava saindo da reclusão da viuvez e não
conhecia quase ninguém, então acabou passando o resto da sociedade literária se
reunindo com Daisy.
Nos intervalos, falavam de moda, apesar de sua viuvez, a sra. Foster era
muito atualizada. Daisy estava morrendo de vontade de saber tudo sobre a fuga de
Lady Liz, mas acabaria descobrindo e, nesse ínterim, gostava muito da discussão.
E por alguma razão, porque ele pensava que ela estava tendo uma conversa
feminina particular? Ou porque ele não queria falar sobre ser rejeitado? Flynn não
chegou perto de Daisy pelo resto da tarde.
O que era bom, ela disse a si mesma. Talvez eles pudessem voltar ao normal
agora. Embora sempre que ela olhasse para Flynn, ele a estivesse observando. Com
um olhar em seus olhos que ela não confiava.
Ele não parecia em nada um homem abandonado recentemente. Ele não se
mostrou nem um pouco humilhado. Foi uma grande decepção para os mexericos.

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Noiva no Verão
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Capítulo Dez
Surpresas são coisas tolas. O prazer não é intensificado e a inconveniência
costuma ser considerável.
JANE AUSTEN, EMMA

A reunião da sociedade literária acabou. As últimas despedidas vieram do


corredor da frente. Daisy sentou-se na sala de estar deserta, terminando a última
peça da segunda manga.
Flynn havia partido mais cedo, Lady Beatrice havia pedido sua ajuda com as
escadas. Daisy não tinha falado com ele. Ele não tinha se aproximado dela desde
aquela primeira breve troca. Ela não tinha certeza se estava satisfeita ou irritada.
Satisfeita, ela disse a si mesma. Embora gostaria de saber mais sobre a fuga
de Lady Liz. Oh, ela ouvira muito sobre isso esta tarde, mas não confiava nas
fofocas. Ela queria isso da boca do cavalo.
Embora ele possa ter sido o último a saber.
Ela terminou bordando o último minúsculo aglomerado de não-me-esqueça2
na manga, a finalização seria feita após a manga ser anexada ao vestir, enfiou a
agulha no tecido e enrolou o fio de seda à volta da agulha para mantê-lo no lugar.
Um som vindo da porta a distraiu. Ergueu os olhos. Flynn ficou encostado
no batente da porta, observando-a.
Seu coração começou a bater forte. Há quanto tempo ele está lá?
Ele sorriu para ela, caloroso e conhecedor, descaradamente perverso, e foi
como se o grande e espaçoso quarto de repente tivesse ficado sem ar.
Ela tentou parecer desinteressada, balançar a cabeça calmamente e voltar
ao bordado, toda fria e digna, mas sua boca lutava contra a ideia, querendo
retribuir o sorriso dele.
Obtenha o controle de si mesma, garota, disse a si mesma. Este não é para
você.
Ela havia pensado sobre isso durante as leituras, mal tinha absorvido a
história por ter pensado nele e no que descobriu. Ele poderia não se casar com

2 Flor azul e também tem branca.


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Noiva no Verão
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Lady Liz, mas logo estaria correndo atrás de alguma outra boa dama para se casar,
uma que não fosse tão fria.
Daisy ainda seria sua parte secundária, e não estava interessada nisso. Além
disso, ela não podia arriscar. Construir seu negócio era sua prioridade número um,
e se ela ia lidar com isso, ela tinha que viver de acordo com suas regras. Eles
podiam fazer vista grossa a uma ligação discreta entre uma senhora e um senhor,
mas uma lojista não tinha a mesma liberdade.
Ninguém permitiria que sua esposa e filhas comprassem roupas de uma
costureira que não fosse respeitável e irrepreensível. Portanto, o que quer que
aquele brilho nos olhos de Flynn significasse, no que dizia respeito a Daisy, não ia
acontecer.
Fingindo indiferença, ela pegou sua cesta e se levantou como se fosse sair. —
Achei que você já tivesse ido embora.
Ele rondou em sua direção. — Esqueci algo.
— O quê? — Ela olhou em volta, mas não viu nada.
— Isto. — Ele deu dois longos passos e a puxou para seus braços. Um braço
musculoso envolveu sua cintura, levantando-a do chão de uma maneira possessiva
que a emocionou profundamente.
Ela tentou resistir. — Oi, o que...
Mas sua boca possuía a dela, sem hesitação, sem busca cuidadosa de
aprovação, sem tentativa de seduzir, ele apenas tirou dela o que queria. E ele queria
tudo. Ele devorou, ele saqueou, ele tomou avidamente, faminto, com uma intensa
energia concentrada que simplesmente a despedaçou.
Porque ele devolveu tanto quanto recebeu. Mais.
Daisy ficou emocionada com isso. Seu corpo vibrava de prazer, ondas
quentes de prazer entorpecente, de dissolução de ossos e enrolando os dedos dos
pés que se acumulavam e se acumulavam na boca do estômago, criando uma dor
ali, um vazio que era quase doloroso por precisar ser preenchido.
Finalmente, ele deixou seu corpo deslizar lentamente de volta à terra,
deixando-a sentir o impulso duro de sua excitação, ousada e sem vergonha
novamente em sua barriga. Ele ficou segurando-a contra ele, verdade seja dita, ela
estava encostada nele, ela mal conseguia ficar de pé sem seu apoio.

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Noiva no Verão
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Sua grande mão embalou a nuca dela, seu polegar acariciando a pele macia
ali, todo terno e cuidadoso, como se ela fosse um pássaro bebê, e isso não a
transformou em uma poça ainda maior de mingau, droga.
Ele deu um grande suspiro. — Ah, Daisy, minha garota... — Ele segurou seu
queixo e deu-lhe outro beijo rápido, uma marca forte e possessiva que a balançou
até os ossos, então a soltou e deu um passo para trás.
Daisy cambaleou para trás, ofegante. Ela mal conseguia ficar de pé, seus
joelhos como macarrão macio, seus sentidos atordoados. Seus olhos eram escuros
como uma tempestade, como ela imaginou que o mar seria, embora nunca tivesse
visto o mar. Eles deslizaram levemente sobre seu corpo, observando seu rosto
corado, considerando o quão quente ela se sentia, ela deve estar vermelha
brilhante, os pontos duros de seus mamilos doloridos e o arfar em seu peito.
Seu olhar voltou para sua boca. Ela sentiu quase como um toque. Passou a
língua pelos lábios, que estavam inchados e sensíveis, e ele ficou tenso, então
balançou a cabeça, murmurando: — Não, ainda não.
Ainda? Como se fosse questão de tempo. Sua escolha, sempre que lhe
convinha.
Isso a trouxe de volta aos seus sentidos. Lutou para conseguir algum nível
de compostura, conseguiu encontrar sua voz. — O que você quer dizer com 'ainda
não'?
Ela enxugou a boca com a manga, deliberadamente, como se pudesse de
alguma forma limpar os últimos minutos, limpar afastando a marca de seus beijos,
fazendo o possível para não parecer afetada. — Não haverá mais nada, eu não me
importo se você foi rejeitado, não haverá mais disso, desse beijo e ... e qualquer
coisa, você está me ouvindo?
Uma sobrancelha escura e sedosa se ergueu, um desafio preguiçoso,
confiante e sábio. — Tentando me dizer que você não quer?
Ela ergueu o queixo. — Isso mesmo, eu não quero.
Ele deu uma risada suave e profunda. — Mentirosa.
— Eu não conto mentiras. — Daisy pegou a cesta que deixara cair quando
ele a agarrou.
— Mentirosa. Você gosta, não tente negar.

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Noiva no Verão
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Doída, ela retrucou, porque ela não contava mentiras — Eu nunca disse
que não gostava disso. Eu disse que não queria. E eu não quero.
Ele deu um sorriso lento e masculino, um que desconsiderou completamente
o que ela disse a ele. — Querida, você não pode me dizer que gosta e espera que eu
vá embora. Você quer, você está apenas agitado.
— Eu não estou! Eu estou...
— E eu não a culpo. Eu também sinto. Mas se você quiser ser difícil de
conseguir, por mim tudo bem. Eu gosto de uma boa perseguição.
Daisy cerrou os punhos. — Você não está me ouvindo, seu grande...
— Isso mesmo, não estou. — Ele sorriu e passou um dedo preguiçoso pela
bochecha dela. Ela queria bater para longe, mas de alguma forma não conseguia
se mover. Ele acrescentou: — A primeira vez que nos beijamos nos pegou de
surpresa, eu sei. Então, eu queria verificar.
— Você queria...?
— Verificar, sim. — Ele parecia alheio à indignação crescente dela. Parecia,
na verdade, muito satisfeito consigo mesmo. — Teste as águas. Veja se foi um
acidente, a... uma colisão de raiva e surpresa e... sensação. Então decidi beijar
você de novo, é o único motivo pelo qual vim para a sociedade literária, e ver como
isso se compara à primeira vez. Descobrir se era o mesmo.
Ela não pôde evitar. — E foi isso? — Ela silenciosamente se amaldiçoou por
encorajá-lo, mas sua boca secou enquanto esperava por sua resposta.
— Não. — Seus olhos azuis queimaram dentro dela. Ele fez uma pausa,
deliberadamente, o porco, sabendo que ela estava pendurada em suas palavras,
então disse: — Foi ainda melhor.
Ela lutou contra a onda de prazer que suas palavras causaram, sabendo que
ele sentia o mesmo. Mas tinha que parar. Ela disse isso a ele.
Novamente ele a ignorou. — Não é necessário ficar nervosa com isso, moça. É
perfeitamente natural que um homem e uma mulher se sintam assim.
— Eu não estou nervosa, você é ótimo em...
— Claro que não. — Estava claro que ele não acreditava nela. — Mas você
vai se acostumar. Agora, eu não posso ficar por aqui e conversar. Eu tenho um
compromisso.

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Noiva no Verão
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Ela o viu partir, raiva, frustração e os remanescentes de intensa excitação


guerreando em seu cérebro e corpo. Um compromisso? Com quem? Ela o observou
na sociedade literária, conversando com aquelas senhoras e outras.
Encantando-as.
Assisti-las flertar, corar e sorrir afetadamente.
Como se não o incomodasse nem um pouco o fato de ter sido rejeitado.
Também não parecia incomodar as senhoras.
Se ele pensasse que ficaria atrás dela ao mesmo tempo que perseguia
outra bela dama... pegá-la no colo e colocá-la no chão por capricho, sempre que ele
quisesse... embaralhar seus cérebros sempre que ele quisesse...
Ela correu atrás dele e o alcançou no topo da escada.
— Oi! Escute, seu grande idiota irlandês, falo sério quando digo que não vai
acontecer de novo, certo? De agora em diante, você não me toca. Você não me beija,
não me levanta ou acaricia minha bochecha, eu disse para parar! — Ela retrucou,
esquivando-se para trás e dando um tapa na mão dele enquanto ele acariciava sua
bochecha com um grosso dedo irlandês. — Nada daquelas coisas de pombo
amoroso, você sabe o que quero dizer.
Ele sorriu, um lampejo de dentes brancos. — Que 'coisa de pombo amoroso',
você terá que ser mais específica. Dê-me um exemplo, uma demonstração talvez.
— O grande rato estava gostando disso.
— Você sabe exatamente o que quero dizer. — Ela o cutucou no peito. —
Apenas se comporte, tudo bem.
Ele ergueu uma sobrancelha para ela. — Ou?
— Ou... — Ela procurou por inspiração. — Ou eu empurro você escada
abaixo.
Ele abriu os braços em um convite. — Você pode fazer o que quiser comigo,
querida Daisy. Eu sou todo seu.
Olhou para ele, furiosa. Por dois alfinetes ela o empurraria escada abaixo.
Mas ela não era do tipo violento. Ela estava mais elegante atualmente. As lições de
Lady Beatrice haviam passado para ela.
Seu sorriso era triunfante. — Veja, você não poderia me machucar se
tentasse.
Ela deu um soco no estômago dele. Forte.

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— Ufa! — Ele se dobrou e praguejou baixinho.


— Isso vai te ensinar a me levar a sério! — Ela pegou sua cesta e saiu
disparada.
Uma risada baixa a seguiu. Ela cerrou os punhos. E estremeceu.
&&&&
— E você faz todas essas roupas maravilhosas neste pequeno quarto, Srta.
Chance? — A Sra. Foster vagou pela sala de trabalho de Daisy, examinando tudo
com aparente fascínio.
Daisy não tinha muita certeza sobre ela chamar o quarto de pequeno, era
maior do que qualquer outro quarto que Daisy já tivera, mas aceitou o elogio como
era pretendido.
A Sra. Foster se abaixou para examinar as contas no corpete de um vestido.
— Excelente! E você faz tudo por si mesma? Não posso acreditar.
— Algumas das criadas de Lady Beatrice ajudam de vez em quando, e minhas
irmãs fazem tudo o que podem para ajudar também.
— Mas duas delas estão casadas, não são? E a terceira acaba de começar
sua primeira temporada, então elas devem estar muito ocupadas. — Foi uma
observação astuta. Ela inclinou a cabeça e olhou para um vestido meio acabado
preso a uma forma de boneco. — A cortina aqui é simplesmente maravilhosa.
Daisy ficou radiante com o elogio. Trabalhou duro para conseguir esse efeito.
Ela havia tomado as medidas da Sra. Foster, e elas decidiram sobre o tecido,
seda vermelha com renda preta, e o corte, baixo e extremamente travesso. — Já
sou viúva há um ano, — disse a Sra. Foster com uma piscadela, — mas meu marido
ficou doente por um longo tempo antes disso. Eu não tenho certeza de que eu vou
atualmente fazer qualquer coisa, mas eu quero sentir como uma mulher desejável
novamente, e estas peças de vestuário deliciosamente perversas irá fazer o truque,
eu sei disso.
&&&&
Normalmente, depois de avaliar uma cliente e anotar o pedido, Daisy pedia
chá e bolos, e pronto, ela não tinha tempo nem inclinação para sentar conversando.
Mas era diferente com a Sra. Foster e muito depois de servido o chá e comidos os
bolinhos gelados, as duas mulheres continuaram conversando.

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A Sra. Foster parecia genuinamente fascinada por todo o processo,


especialmente com o plano de Daisy de um dia abrir sua própria loja.
— Como é maravilhoso ter uma direção tão clara para sua vida, — Ela
comentou. — Depois que meu marido morreu, percebi que construí minha vida
inteira em torno dele e da expectativa de que teríamos filhos. Mas nunca fomos
abençoados dessa forma, e assim... — Ela abriu as mãos em um gesto impotente.
Aqui estou eu, sem marido ou filhos, e sem ideia do que fazer comigo mesma.
Daisy hesitou. Não era realmente fácil fazer perguntas pessoais, mas a Sra.
Foster já havia compartilhado muitas coisas. — Você não pretende se casar de
novo, então? — Ela presumiu que essa era a razão da senhora para vir a Londres.
— Eu não sei. Possivelmente. Se eu encontrar o homem certo. Mas ele teria
que ser excepcional, descobri que gosto de ser uma viúva independente e rica, só
eu para agradar. O casamento mudaria tudo isso. — Ela fez um gesto pesaroso. —
Em qualquer caso, a maioria dos homens não está interessado em uma mulher da
minha idade, pelo menos não para casamento. Além disso, não tenho certeza se
quero devotar o resto da minha vida a um homem, excepcional ou não.
Ela se levantou. — Agora, eu devo partir. Tomei muito do seu tempo, tenho
certeza, mas foi tão delicioso conversar com você, Srta. Chance.
— Eu também gostei, Sra. Foster, — Daisy a assegurou, e era verdade. —
Terei suas coisas prontas na próxima semana, espero. Para onde devo enviá-las?
— Vou ficar no Clarendon. — Claro. O hotel mais elegante de Londres.
Daisy normalmente deixava Featherby mostrar a saída dos clientes, mas hoje
ela pessoalmente levou a Sra. Foster até a porta da frente e deu-lhe um caloroso
adeus. Não era porque ela era uma cliente rica, ela tinha a estranha sensação de
que, apesar de suas diferenças óbvias, a Sra. Foster poderia se tornar uma amiga.
&&&&
Flynn chegou no dia seguinte e foi levado direto para sua sala de trabalho.
Isso teria que parar, decidiu Daisy. Ela não podia permitir que ele aparecesse
quando quisesse. Ele era muito perturbador. Muito grande. Muito charmoso.
E muito arrogante.
Aquele soco que ela deu a ele não parecia fazer nenhuma diferença. Ele ainda
entrava aqui, ousado como latão com aquele sorriso, e o brilho em seus olhos que
ela não confiava um centímetro.
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E teve que lutar para resistir.


— Então, você nunca me contou sobre Lady Liz fugindo com alguém — Ela
começou.
— Eu trouxe um presente para você. — Ele estendeu um pacote para ela.
— Um presente? — Ela olhou para o embrulho de papel marrom embrulhado
desajeitadamente pelo homem. — Você me deu um presente? — Sua xícara de chá
começou a chacoalhar no pires. Ela a largou.
— Pegue.
Ela olhou incerta e então balançou a cabeça. — Eu não quero presentes
seus, Flynn. — Os presentes transformariam sua amizade em algo... diferente.
— Você não sabe o que é, ainda. — Ele o colocou nas mãos dela e se
recostou. — Abra e veja. — Havia um meio sorriso ansioso em seu rosto. Seus olhos
azuis brilharam com antecipação.
Explodir o homem. Ninguém nunca deu presentes a ela. Por que ele teve que
fazer algo assim? Um gesto romântico... e ele mesmo embrulhou.
Com dedos que de repente ficaram desajeitados, ela desfez o cordão e abriu
o pacote. E olhou para o conteúdo, carrancudo. — Sapatos? — Pareciam um pouco
com os sapatos que haviam desaparecido misteriosamente, seus favoritos
vermelhos com rosetas. Estes eram vermelhos também e tinham rosetas,
apenas...
Ela pegou o certo e examinou-o cuidadosamente. E se senti levemente
enjoada.
Flynn disse: — Muito bem-feitos, não são? Eu pensei nisso depois que
dançamos daquela vez. Vá em frente, experimente, acho que você descobrirá que
faz diferença. Conheci um homem uma vez que, ah, apenas experimente, Daisy,
você verá.
Com ele de pé sobre ela, incitando-a, sorrindo como um tolo, não havia mais
nada a fazer. Ela se sentou e, com as mãos trêmulas, tirou os sapatos velhos e
calçou os sapatos que ele trouxera. Encaixavam perfeitamente, escorregando em
seus pés como se tivessem sido feitos para ela.
Como eles fizeram de forma mais óbvia e humilhante.
— Levante-se.
Daisy se levantou.

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— Agora ande um pouco pelo quarto.


Daisy deu alguns passos pelo quarto.
— Veja a diferença? — Flynn estava visivelmente encantado.
Ela se forçou a assentir. Ela não teve coragem de dizer uma palavra.
— Bem, o que você acha? — O grande irlandês estúpido recuou sorrindo.
Muito satisfeito consigo mesmo. Sr. Óbvio.
Ela queria bater nele. Seu primeiro, e provavelmente seu único presente
dele, e foi... isto. Ela se segurou o mais forte que pôde.
Ele viu sua expressão e franziu a testa. — Daisy... — Ele começou incerto.
— Obrigada, Flynn, — Ela conseguiu dizer. — Você tem que sair agora. Eu...
eu tenho um compromisso em alguns minutos. — Ela caminhou suavemente até a
porta com os novos sapatos de couro vermelho habilmente feitos com pequenas
rosetas vistosas nos dedos dos pés e abriu-a. Floco de Neve, o gato, entrou
sorrateiramente, soltando pelo branco por toda parte, sem dúvida, e ela nem se
importou.
— Você não gosta deles?
— Trabalho muito inteligente, obrigada, — Ela disse e, tentando um tom
alegre e descuidado, acrescentou: — Adeus. — Ela segurou a porta aberta para
ele. E esperou.
Com uma expressão confusa, ele caminhou em direção à porta. — Pode
demorar um pouco para se acostumar com eles. Continue usando. Você vai
começar a amá-los, eu prometo.
&&&&
Flynn desceu lentamente as escadas, perplexo com a reação de Daisy. Isso
não tinha acontecido da maneira que ele esperava, e ele não tinha certeza do
porquê. Os sapatos em si eram perfeitos, couro vermelho macio com rosetas,
exatamente como os que ela havia perdido, ela não sabia sobre o cachorro, é claro.
E muito bem-feito.
Você dificilmente poderia dizer que eles eram diferentes.
E quando ela andou neles, você não poderia dizer que ela tinha uma perna
ruim, quase não. Era exatamente como ele esperava.

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134feita apenas para a
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Mas ela ficou estranhamente quieta. Ele não sabia dizer se ela gostou ou
não. Isso não era típico de Daisy, ela geralmente deixava você saber exatamente o
que pensava, e em termos inequívocos.
Talvez ela não estivesse acostumada a receber presentes. Ela ainda estava
irritada com ele dizendo que ela estava administrando seus negócios da maneira
errada, ela agora fazia questão de não discutir negócios com ele. Ele sorriu para si
mesmo. Isso iria continuar.
E ela estava zangada com ele a beijando, mas Deus, dois beijos e ele estava
duro e dolorido e era tudo que ele podia fazer para manter o domínio sobre si
mesmo quando estava com ela.
Ela o advertiu, mas ele não se deixaria enganar por aquele pequeno pedaço
de bravata feminina. Ele bufou. Ela gostou, mas ela não quis? Que tipo de lógica
feminina era essa?
Ele chegou ao fim da escada. Talvez ele a tenha empurrado longe demais,
rápido. Ele tinha a tendência de fazer isso quando queria muito alguma coisa e
queria muito Daisy. Ele estava pegando fogo por ela.
Ele planejou falar com ela sobre isso hoje, mas ela se calou depois que ele
deu a ela os sapatos. E o expulsou com uma desculpa esfarrapada.
Ele acenou para Featherby quando o mordomo o deixou sair. A vida era
muito mais simples em um navio, sem ninguém além de homens para lidar, e
qualquer tempestade no horizonte era apenas trovão e relâmpago, vento e ondas
gigantes. Ler mulheres era muito mais difícil.
&&&&
Com as mãos trêmulas, Daisy fechou a porta com cuidado atrás dele,
esperou até ter certeza de que ele tinha ido embora, então tirou os odiosos sapatos
e atirou-os o mais forte e longe que pôde na parede. O sapato certo fez um barulho
alto ao bater. Como seria, sendo mais pesado que o outro.
Eu pensei nisso depois que dançamos daquela vez.
Para ela, aquela dança, por alguns minutos, pelo menos, foi a única vez em
que ela sentiu como se estivesse realmente dançando, flutuando nos braços de
Flynn como nunca em sua vida havia flutuado. Alguns momentos de magia.

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135feita apenas para a
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Noiva no Verão
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Apesar de seu melhor julgamento, sabendo que era estúpido e sem sentido,
sabendo que nada iria acontecer de qualquer maneira, ela se permitiu sonhar, só
um pouco. Porque nunca houve romance em sua vida solitária.
Sexo, sim. Romance, não.
Então, mesmo sabendo que não adiantava, ela se permitiu sonhar com
aqueles poucos momentos preciosos, revivendo-os repetidamente. Construindo
castelos estúpidos no ar. Apenas para ter e lembrar.
Enquanto ele estava traçando um plano para fazê-la parecer menos aleijada,
comprou para ela um sapato com sola reforçada.
Uma única lágrima escorreu por sua bochecha. Daisy o esfregou com
força. Isso, isso era o que ela estava se permitindo para se enfraquecer em relação
a Flynn, realidade tola, impossível e dolorosa.
O gato se enroscou em seus tornozelos. Ela o pegou e embalou contra o peito,
afundando os dedos em seu pelo macio. — Eu nem vou pensar mais nele, Floco de
Neve. Meu negócio é a coisa mais importante da minha vida, não um irlandês
grande e estúpido.
Floco de neve ronronou e deu uma cabeçada em Daisy sob o queixo. Ela se
sentou no assento da janela, o gato em seus braços.
O negócio poderia deixá-la sem dinheiro, mas não iria quebrar seu coração.
Somente pessoas poderiam fazer isso.
&&&&
Flynn visitou Daisy no dia seguinte. Ele estivera pensando sobre a estranha
reação dela às sacanagens. As damas não deviam aceitar itens pessoais como
presentes de cavalheiros não relacionados a elas. Ele a havia ofendido por presumir
demais?
Daisy não parecia, mas ela estava recebendo uma bronca de Lady
Beatrice sobre o que constituía um comportamento feminino adequado, ele sabia.
Ele estava prestes a subir as escadas para a sala de trabalho dela quando —
— Sr. Flynn, onde você pensa que está indo? — Lady Beatrice, apoiando-se
pesadamente em sua bengala de ébano, olhou para ele com olhos redondos da
porta da sala de estar do térreo.
— Vou ver Daisy. — Ele apontou.

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Noiva no Verão
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— Você pode vê-la aqui, — a velha senhora declarou majestosamente. —


Featherby, chá! E traga Daisy aqui. Já era hora daquela garota sair daquele quarto,
para variar! E diga a Jane para vir também.
— Ela está passeando com o cachorro, minha senhora, — Featherby disse.
— Maldito animal. Mas pelo menos uma das minhas garotas está tomando
um pouco de ar fresco e fazendo exercícios. Bem, venha, Sr. Flynn, — Ela
comandou. — Eu não fico esperando por homens o dia todo, você sabe.
Flynn escondeu um sorriso e deu-lhe o braço. A velha senhora estava
claramente em um estado de espírito. Ele a acompanhou até a sala de estar da
frente, sentou-se com ela e começou a persuadi-la a se enquadrar melhor a
mente. Quando Daisy se juntou a eles, a velha estava rindo e dizendo que ele era
um sujeito perverso.
Ele se levantou quando Daisy entrou. Ela não estava usando os sapatos. Mas
ele disse a si mesmo que ela dificilmente os usaria em sua sala de costura ou
mesmo em casa.
— Você não se importou que eu lhe desse aquele presentinho, não é? — Ele
perguntou depois que eles passaram pela polidez usual.
Daisy deu de ombros com indiferença.
Ele olhou para Lady Beatrice, que estreitou os olhos com curiosidade, mas
não disse nada. Aparentemente, Daisy não contou a Lady Beatrice sobre os
sapatos.
— Você já os usou lá fora?
— Não.
Ele franziu a testa. — Eles não são confortáveis? Você pode precisar usá-los
em...
— Eles servem.
— É claro que servem, — disse Flynn. — Eu dei ao sapateiro o seu velho...
Seus olhos se estreitaram. — Então foi para lá que meus sapatos vermelhos
foram, meus sapatos favoritos, você os roubou!
Ele não respondeu, ele tinha um cachorro inocente para proteger, bem, nem
um pouco inocente, mas prometeu à Srta. Jane que se livraria das provas.
Ela interpretou o silêncio dele como culpa. — Suponho que não tenha
ocorrido a você devolvê-los para mim depois, não é? Meus sapatos favoritos.

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Noiva no Verão
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— Receio que não. Eles não estavam em um estado adequado...


— Não, — Ela disse amargamente. — Imagino que o sapateiro teve que
separá-los para fazer isso... outras coisas.
Ele franziu a testa. Outras coisas? — Você não gosta deles? — Ele olhou para
os pés dela. — Você tem... você já os usou?
— Não. — Ela levantou.
— Mas...
— Oh, não se preocupe, vou me certificar de usá-los se alguma vez sair em
público com você, Sr. Flynn. Eu não gostaria que você se envergonhasse sendo
visto andando com uma aleijada.
Flynn levantou-se de um salto. — Daisy, não! Eu não quis dizer...
Mas ela se foi. Flynn foi segui-la, mas encontrou seu caminho barrado pelo
bastão de ébano de Lady Beatrice. —Deixe-a ir, querido menino. Ela está chateada.
— Eu posso ver isso. Mas eu não quis dizer, eu não achei que ela entenderia
dessa forma... — Ele tentou contorná-la, mas dessa vez o bastão ébano não apenas
bloqueou seu caminho, como também o acertou com força nas canelas. Felizmente,
ele estava usando botas.
— Pare aí mesmo! Não sei do que se trata, mas se ela não quiser falar com
você, não precisa. A garota tem o direito de ficar sozinha se ela quiser, — disse a
velha senhora com magnífica indiferença ao modo como ela havia arrastado Daisy
para fora de sua oficina antes. — Agora vá embora e descubra uma maneira de
consertar isso. Vejo você na próxima reunião da sociedade literária. — Ela tocou
um pequeno sino.
Flynn a olhou fixamente e praguejou baixinho. Como se ele se importasse
com a maldita sociedade literária. Daisy achou que ele estava envergonhado por
ela mancar. Ele a machucou. Além disso, nada mais importava.
Mas Featherby chegou com seu chapéu e casaco e, um momento depois,
Flynn se viu na rua, se perguntando como diabos ele errou tanto. E como diabos
ele iria fazer as pazes com ela.
Ele deu alguns passos e ouviu o som de uma janela se abrindo acima
dele. Por hábito, ele ergueu os olhos, ele tinha vivido em lugares onde todos os tipos
de coisas revoltantes eram rotineiramente atiradas de janelas altas.

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Alguns mísseis saíram voando. Ele se abaixou e, um após o outro, dois


sapatos saltaram na calçada. Sapatos vermelhos com rosetas pequenas no dedo do
pé. Um deles saltou para a sarjeta.
Flynn olhou para eles por um segundo. Maldição, ele não estava indo a lugar
nenhum. Ele iria resolver isso aqui e agora! Ele pegou os sapatos miseráveis,
enfiou-os no bolso e marchou de volta para a casa.
— Saia do meu caminho, Featherby! — Ele rosnou, bastante preparado para
derrubar o mordomo se necessário.
Featherby deu uma olhada em seu rosto e deu um passo para o lado.
Flynn subiu as escadas de dois em dois degraus. Ele alcançou a porta de
Daisy e a abriu sem bater. — Daisy.
Ela se virou para encará-lo, seu rostinho picante manchado de lágrimas e
abatido. Isso rasgou seu coração.
— O quê? — Ela rosnou. Ah, essa era a garota dele. Para baixo, mas não se
chafurda, nunca.
Ele fechou a porta atrás de si e, pensando melhor, trancou-a.
— Oi! O que você acha que está fazendo?
— Eu vou resolver isso com você, caramba! De uma vez por todas.
Ela bufou e colocou as mãos nos quadris de uma forma militante, vamos
lá. — Você vai ouvir agora?
Ele puxou os sapatos, brandiu-os, jogou-os de lado e caminhou em sua
direção. — Sua idiota. Você acha que eu comprei esses malditos sapatos porque
fiquei com vergonha do jeito que você anda?
Ela olhou para ele. — Bem, o que mais...
— Eu os comprei por causa da maneira como você estava dançando.
— Então? Qual é a diferença...
— Não porque você estava mancando, mas porque você estava envergonhada
e constrangida.
— Eu não estava!
— Você estava muito bem. Eu soube no minuto em que você se esqueceu de
sua maldita manqueira, você flutuou, garota, flutuou em meus braços, e foi... —
Ele engoliu em seco. — Éramos apenas nós dois, você e eu, e a música flutuando.

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Ela deu uma risada que soou desdenhosa, mas foi tudo um blefe, sua
pequena lutadora tentando resistir. Seus olhos brilhavam de lágrimas.
— E então eu disse algo estúpido sobre não pensar na sua perna, e você
imediatamente ficou toda rígida, dura e desajeitada nos meus braços, mas fui eu o
desajeitado idiota então, Daisy, eu o idiota.
Ela curvou um ombro indiferente como se ele estivesse afirmando o óbvio.
— Eu apenas pensei... eu conheci um homem que tinha uma perna mais
curta do que a outra, e este sapateiro chinês fez para ele um par de botas com o
salto levantado. E quando ele os colocou, maldito seja se ele não andasse como
todo mundo. E era mais fácil para a perna dele, ele disse, não tantas dores e
sofrimento.
Ela deu um suspiro de impaciência e olhou para a janela com uma expressão
de tédio. O júri ainda estava decidido. Mas pelo menos ela estava ouvindo e não o
expulsou ainda. Ou deu um soco nele.
— Então eu pensei, se você mancar a preocupasse tanto, eu compraria um
par de sapatos para você dançar e não se preocupar. — Sua voz baixou. — Porque
você foi feita para dançar, você sabe disso, não é, garota? Como uma fada nos meus
braços, você foi naquele dia.
Sua boca estremeceu e ela se virou abruptamente como se fosse olhar
pela janela. Ele pensou ter visto uma lágrima rolando por uma bochecha sedosa,
mas ela fez um pequeno movimento rápido com a mão e ela sumiu.
Ele a agarrou pelos ombros e a virou de costas para encará-lo. — Ouça-me,
Senhorita Daisy Malditamente-Teimosa Chance, não me importo se você nunca
usar esses malditos sapatos. Não poderia me importar menos que você manque!
Ela olhou para ele e engoliu em seco, com os olhos arregalados, bonitos.
Ele continuou, sua voz baixa e intensa. — Eu não me importaria se você
tivesse uma perna de madeira, ou duas pernas de madeira e um grande e maldito
gancho em vez de uma mão! É você que eu quero, você. — Ele embalou
o rosto dela entre as mãos. — Eu quero você de qualquer maneira que eu possa te
pegar, Daisy, mancando, dançando, socando, até mesmo mordendo e arranhando.
Ele podia sentir que ela se suavizava e arriscou, baixando a voz para um
murmúrio profundo e sedutor. — E agora que penso nisso, não me importaria em
morder e arranhar, pensando bem. Se você estiver com vontade.

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Houve um longo silêncio. Ele se preparou para um soco ou chute.


Ela bufou, meio risada, meio chorando, e ele a puxou para si. — Lamento ter
ferido seus sentimentos, menina Daisy, — Ele disse em voz baixa. — Eu sou um
grande idiota estúpido e desajeitado. Você vai me perdoar?
Ela olhou para ele por um longo momento, em seguida, deu um pequeno
suspiro trêmulo. — Bastardo, — Ela sussurrou. Ela balançou a cabeça como se
estivesse de luto por sua desesperança e deu um soco no peito dele com um
pequeno punho.
Mas foi um baque indiferente, na melhor das hipóteses, ele mal sentiu.
— Bastardo, — Ela sussurrou novamente. Ela estendeu a mão, puxou sua
cabeça para baixo e o beijou.

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Capítulo Onze
Ela estava sentindo, pensando, tremendo sobre tudo; agitado, feliz,
miserável, infinitamente obrigado, absolutamente zangado.
JANE AUSTEN, MANSFIELD PARK

Ele sentiu o gosto de lágrimas salgadas, raiva e o sabor doce e quente de mel
que era Daisy. Mel silvestre, com um toque de especiarias.
Com um pequeno gemido, ela se abriu para ele. O som disparou seu
sangue. O calor correu por ele, rum quente e canela em uma noite tropical.
Ela o beijou de boca aberta, seduzindo, provocando, dando-lhe o tipo de
generosidade que caracterizava seu espírito, era tudo ou nada, sua Daisy. Amando
ou lutando, ela se jogava de todo o coração.
Ele a abraçou, aprofundando os beijos, suas mãos vagando sobre ela,
aprendendo, acariciando suas curvas através das camadas de roupas. Seu corpo
se suavizou contra o dele, flexível e acolhedor.
Ela cedeu contra ele e agarrou seus braços e Flynn sentiu um choque de
satisfação masculina, sabendo que foram seus beijos que fizeram seus joelhos
fraquejarem.
— Venha aqui, querida, — Ele murmurou. Ele a agarrou pela cintura e a
ergueu, com a intenção de sentá-la na mesa próxima.
Em vez disso, as pernas dela subiram e envolveram seus quadris, agarrando-
o com força, puxando-o para a curva de seu corpo, e o tempo todo beijando-o, sua
boca, sua língua, suas mãos ansiosas. Com fome. Fazendo pequenos sons
abafados que simplesmente o deixavam selvagem.
Sua cabeça estava girando, seu corpo todo tenso, latejando, doendo com a
força de seu desejo. Convocando todos os seus poderes de controle, ele cambaleou
até a mesa, as pernas dela travadas ao redor dele, a língua dela enroscada
ferozmente, faminta com a dele.
Com uma das mãos, ele afastou os tecidos delicados da mesa e a sentou na
beirada. Ele fez menção de se afastar, para aliviar o latejar urgente de sua virilha,
mas ela o agarrou pelos cabelos e puxou-o de volta para ela. Suas pernas se

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apertaram ao redor de seus quadris, puxando-o ainda mais contra o sedutor berço
de suas coxas.
Ele gemeu. Duro era a palavra. Ela não tinha notado seu pênis ereto, duro e
dolorido, lutando contra a queda de suas calças?
Todos os seus instintos gritavam para que ele a deitasse sobre a mesa,
levantasse a saia e mergulhasse em sua doçura, profunda e fortemente. Montando-
a por muito tempo. Possuindo. Reivindicando.
Mas essa era Daisy. Uma garota solteira. Ele tinha que ir devagar. Mesmo
que isso o matasse. Ela obviamente não tinha ideia de que o estava deixando louco
com seus beijos.
Ele acariciou seus seios através das camadas de sua roupa, sentindo os
pequenos pontos duros empurrando contra o tecido, assim como seu pênis
empurrou contra sua calça. Ele esfregou as pontas dos mamilos com os polegares
e ela gemeu e se mexeu contra ele, plantando beijos úmidos ao longo de sua
mandíbula.
E o beliscão ocasional, que o enviou quase ao ponto de explosão.
Ele estendeu uma mão atrás dela e encontrou os laços em suas costas. Ele
puxou, esperando que a sorte estivesse com ele. Estava. O decote dela afrouxou,
apenas o suficiente para ele aliviar e deslizar a mão. Seus dedos roçaram os seios
pequenos e quentes de pele sedosa, e se maravilhou com a suavidade dela
enquanto brincava com os pequenos e duros pico de desejo e ouviu seu gemido
quando ela se empurrou contra ele, esfregando-se contra sua mão como uma
gatinha.
Ele afrouxou mais os laços e puxou o decote para baixo. Sua boca secou
quando ele lançou seus pequenos seios empinados, os mamilos escuros como baga
fazendo beicinho por sua atenção. — Deus, você é linda, — Ele murmurou
densamente e se curvou para tomar um mamilo rosado em sua boca.
Ela arqueou e se contorceu e agarrou sua camisa.
Ele deslizou a palma da mão até o tornozelo dela, então acariciou firmemente
para cima. Ele meio que esperava que ela o parasse naquele ponto, isso o mataria,
mas ele estava quase no ponto sem volta, e ele não tinha nenhuma intenção de ir
tão longe em primeiro lugar.
Ainda não.

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A pele interna de suas coxas era tão macia e sedosa quanto o resto dela, e
ele alisou, acariciou e afagou, movendo-se cada vez mais alto em direção a seu
objetivo, esperando que a qualquer momento ela puxasse para trás e prendesse os
joelhos juntos.
Em vez disso, ela se contorceu um pouco e quase ronronou de aprovação.
Sua palma encontrou um ninho de cachos macios. — Eu gosto de uma garota
antiquada, — Ele murmurou, seus dedos acariciando os cachos. O doce cheiro
almiscarado dela encheu suas narinas. Ele inalou profundamente.
Ela se afastou e franziu a testa para ele. — O que você quer dizer com
antiquada? — Saiu áspero, ofegante e indignada.
Seus dedos a acariciaram com conhecimento de causa. — Sem calças.
— Oh. — Ela estremeceu com seu toque. — Ninguém adquiriu o hábito. Só
os aristocratas usam. Muito caro para pessoas oo-comuns, ohhh. — Sua
respiração engatou e ela agarrou seus ombros. — Faça isso de novo.
Ela estava lisa e escorregadia e ele acariciou profundamente entre as dobras
macias e quentes de sua carne, deleitando-se com a forma como ela estremeceu
sob seu toque, seus olhos fechados, balançando e ofegando, e empurrando-se
contra ele.
Ele se inclinou sobre os seios dela, chupando as pequenas e duras bagas,
primeiro uma, depois a outra, e ela agarrou seu cabelo com as duas mãos
segurando-o contra ela. Entre suas coxas os dedos dele movido, acariciando e
afagando. Seu polegar roçou a pequena protuberância sensível e ele sentiu os
espasmos começarem profundamente dentro dela. Ela se jogou para trás, cedendo
às ondas de prazer com um grito agudo e fraco.
Ele estava pronto para se explodir. Ele não tinha planejado ir tão longe. Ele
não tinha planejado nada. Flynn lutou contra sua consciência. Sem mencionar seu
corpo desesperadamente tenso. Mas ela estava aberta, ansiosa e pronta para ele.
Com uma das mãos, ele alcançou a queda de suas calças e começou a desabotoar.
Naquele momento, alguém começou a bater com urgência na porta. —
Daisy! Daisy, está tudo bem?
— Oh, Deus, é Jane! — Daisy piscou, o olhar confuso e desfocado
desaparecendo de seus olhos. Ela se sentou e começou a puxar apressadamente a

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saia, que ainda estava em volta da cintura. Ela pulou da mesa. Seus joelhos
dobraram e ela o agarrou para se apoiar.
— Estou bem, Jane, — Ela chamou. — Apenas... derrubei algo.
— Mas eu ouvi você gritar. Você está machucada? — Jane sacudiu a
maçaneta da porta. — Esta porta está trancada?
— Não, você sabe que eu nunca tranco. Provavelmente está presa. — Ela
ajeitou o cabelo e as roupas no lugar e verificou a aparência de Flynn. Ele terminou
de abotoar o colete e tentou endireitar a gravata. E fez o que pôde para afastar seu
pénis.
Ela estendeu a mão e penteou o cabelo dele no lugar, o que não ajudou. —
Pronto?
Ele assentiu. — Não se preocupe, se houver algum perigo de escândalo, eu
ca... — Ele mordeu o resto da frase, chocado com o que estava prestes a sair de
sua boca.
Ela fez uma pausa, deu-lhe um olhar estranho e marchou para a porta. —
Não seja idiota, Flynn. Não vai haver nenhum escândalo.
Flynn a observou, surpreso com o que ele quase se comprometeu. Casar com
Daisy? O pensamento nem havia passado por sua mente antes disso. Ele só disse
isso por causa do que Lady Bea havia dito antes, e porque Jane estava batendo
freneticamente na porta e ainda poderia ser um escândalo.
E quando você foi pego seduzindo, ou tão bom quanto seduzindo, uma garota
respeitável, era o que aconteceu. Casamento.
— Aqui vamos nós... — Daisy sacudiu a porta para encobrir o som da chave
girando e a abriu.
Jane praticamente caiu na sala. Daisy a segurou e firmou. Featherby ficou
na porta olhando com cautela para dentro. Seu olhar observou o leve desalinho de
Flynn, sua posição atrás da mesa, o pênis estava quase sob controle agora, e o
cabelo despenteado de Daisy, rosto corado e boca avermelhada por beijos. Ele deu
a Flynn um olhar severo, sua expressão um pouco como a de uma coruja
empalhada.
Flynn balançou levemente a cabeça. Ele era um bom cão, Featherby. Ele não
iria entregá-los. Mas, Senhor, no que ele estava pensando para deixar as coisas
irem tão longe? Na casa da velha.

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Nem pensar.
— Oh! Sr. Flynn! — Jane exclamou. — Eu não sabia que você estava...
— Ele estava fazendo um ajuste em seu último colete, — disse Daisy. Ela
pegou um pedaço de tecido, dobrou-o e começou a arrumar a mesa com afinco.
— Mas eu ouvi você fazer um barulho tão alto...
— Tropecei em Floco de Neve. Derrubei algo e me deu uma topada no dedão
do pé. Machucou como você não iria acreditar.
— O que você derrubou? — Jane perguntou, olhando ao redor.
— Não sei, Flynn deve ter pegado. Eu não percebi. Estou bem, Jane, não se
preocupe. — Ela se virou para Featherby. — Acompanhe ao Sr. Flynn, sim,
Featherby? Terminamos aqui. — Ela nem mesmo olhou para Flynn desde que disse
a ele para não ser idiota.
— Claro, venha comigo, Sr. Flynn, — Featherby disse suavemente.
— Ainda não terminei com você, Daisy — Ele rosnou.
Finalmente ela encontrou seu olhar. — Oh, sim, você terminou. Adeus, Sr.
Flynn.
&&&&
Featherby desceu a escada antes dele, com as pernas rígidas como um gato
ofendido. Flynn não deu atenção. Ele ainda estava pensando sobre o que quase
deixou escapar. Uma oferta de casamento.
Ele engoliu em seco, pensando sobre isso. Ela estava certa, não havia se
tornado um escândalo, felizmente apenas Jane e Featherby estavam na porta. Mas
se fosse outra pessoa, Lady Beatrice, ou uma das clientes de Daisy...
Ele teria feito a coisa honrosa e se casado com a garota. Claro que sim. Um
escândalo pode arruinar a reputação de Daisy, e seu negócio. Ele era um homem
de honra e Daisy era sua amiga. Ele não faria isso com ela.
Felizmente, ele não teria que fazer.
No final da escada, Featherby se virou. — Estou desapontado com você, Sr.
Flynn. Você foi um convidado de honra nesta casa. Lady Beatrice confiava em você.
— Nada aconteceu. — Saiu como um rosnado.
O mordomo o encarou com um olhar penetrante. — A senhorita Jane em sua
inocência pode não ter entendido o significado daqueles sons, mas eu certamente

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entendi. Eu me culpo por confiar em você em primeiro lugar. Eu nunca deveria ter
dado a você a oportunidade.
— Isso não vai acontecer de novo, — Flynn disse a ele secamente. Também
não iria. Ele deixou as coisas saírem do controle. Ele só queria beijá-la. Para se
desculpar, compensar por ferir seus sentimentos.
Algumas desculpas. Ele quase arruinou a garota. Em sua própria casa.
— Certamente não vai. — Featherby passou o casaco de Flynn. — Não haverá
mais provas privadas ou conversas com Srta. Daisy em sua sala de trabalho. Vou
mandar uma empregada para se sentar com ela em todos os momentos em que
você estiver em casa. Melhor ainda, você pode falar com ela na presença de Lady
Beatrice, na sala de estar.
Flynn cerrou os dentes enquanto vestia o casaco. A implicação de que Daisy
não era confiável para ele, de que precisava ser vigiada, era irritante. E para
um mordomo de todas as pessoas estar varrendo-o sobre as brasas era, droga,
era ... totalmente justificado, caramba.
— Bom dia, Sr. Flynn. — Featherby entregou a Flynn seu chapéu.
Flynn o enfiou na cabeça e, sem palavras, se afastou.
&&&&
Daisy empurrou Jane para fora da sala também, suplicando à pressão do
trabalho, o que era verdade, mas no minuto em que a porta foi fechada, e ela
resistiu à tentação de trancá-la novamente, ela desabou no assento da janela.
Seu corpo ainda estava reverberando por dentro desde as atenções...
Flynn. A pequena morte, como os franceses a chamavam. Nunca tinha realmente
acreditado nisso, até agora, as garotas do bordel costumavam fingir, diziam que
fazia os homens se sentirem bem.
Mas ela nunca experimentou isso, mesmo que Flynn fosse o terceiro amante
que ela teve, se você pudesse chamá-lo de amante quando eles não tinham
realmente feito isso.
Ele nem mesmo tinha vindo. Ela deveria se sentir um pouco culpada por
isso, mas era difícil se sentir culpada quando, na verdade, ela se sentia... ela
sentia... maravilhosa.
Ela se aninhou no assento da janela, seu próprio ninho particular, mas
embora tentasse recuperar aqueles deliciosos sentimentos soltos e flutuantes, as
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palavras cortadas de Flynn a incomodaram. Não se preocupe, se houver algum


perigo de escândalo, eu ca...
Ca... o quê? Ela só conseguia pensar em se casar com você. Ela tinha certeza
de que era isso que pairava na ponta da língua dele, antes que ele pensasse melhor.
Flynn, o homem que queria se casar com a melhor dama de Londres? Casar
com ela?
Não, isso não poderia estar certo. Ele ainda não tinha entrado em suas saias
não corretamente. Mas e se ele imaginasse que ela era algum tipo de inocente
protegida, como Lady Liz ou Jane? O tipo de mulher que esperava uma proposta
de casamento depois de um beijo? Uma virgem respeitável com uma reputação
pura? Ele poderia pensar que tinha que se casar com ela então.
Era assim que os aristocratas viam as coisas, especialmente se você fosse
pego. Ela sorriu, pensando em como se barbearam.
Se Jane não tivesse entrado em ação, eles teriam ido até o fim. E se tivessem,
Flynn teria percebido que ela não era virgem, e o casamento nem teria passado por
sua cabeça.
Os sapatos vermelhos estavam caídos de lado no chão. Ela pegou-os.
Ela nunca iria usá-los. Ela deveria jogá-los fora. Se não fosse por esses sapatos,
ela nunca teria...
Nunca o teria ouvido dizer: É você que eu quero, você... de qualquer maneira
eu posso te pegar.
E ela nunca saberia o que seria a felicidade nos braços de Flynn.
Eu não me importo se você nunca usar esses malditos sapatos. Eu não poderia
me importar menos que você mancasse! Ela sentiu seu rosto se contrair.
Olhou para os sapatos e descobriu que os estava abraçando contra o peito.
Ela tentou engolir a onda de... de sentimentos que brotaram em sua garganta. Foi
uma briga que saiu do controle, só isso.
Enfiou os sapatos na parte de trás do guarda-roupa e fechou a porta. Não
iria usá-los, mas não conseguia jogá-los fora. Eles sempre a lembrariam de Flynn.
Quem teria pensado que apenas beijando e tocando você poderia
experimentar... isso? O que o homem poderia fazer com sua boca e língua... seus
mamilos estavam sensíveis e tensos e o resto dela era suave como uma geleia e
parecia tão doce. Ela sabia agora por que isso era chamado de fazer amor.

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Aquelas mãos grandes, hábeis e experientes, tocando-a como um violino


florescendo. Só de pensar em seu toque enviou uma enxurrada de pequenos ecos,
ondas quentes que se agruparam em sua barriga, um aperto dentro dela.
O que seria de ir até o fim com ele? Tinha que ser ainda melhor.
Mas isso não aconteceria nunca mais. Ela não podia deixar isso acontecer.
De qualquer maneira, tudo foi apenas um engano. Uma briga idiota que saiu
do controle.
&&&&
Flynn ainda estava de péssimo humor naquela noite. Ele lutou com a gravata
enquanto Tibbins pairava, observando os esforços de Flynn com uma expressão de
dor. Mas Flynn era um homem adulto, sabia se vestir, caramba, então o dispensou.
Ele tinha sido convidado para um baile esta noite, e dançar e fazer a festa
bonita para um bando de aristocratas era a última coisa que ele queria fazer.
Mas o que ele queria fazer, era levar Daisy para a cama, não era bem possível.
Lady Elizabeth estava perfeitamente fora de cena, até mesmo seu pai havia
deixado a cidade, sem dúvida fugindo de seus credores, e Flynn precisava voltar a
concentrar sua atenção no processo de encontrar uma esposa.
Mas ele não conseguia tirar Daisy da cabeça.
Era luxúria, esse era o problema, desejo não satisfeito, nublando seu
julgamento. O que ele precisava era de uma mulher, qualquer mulher, em sua
cama. E isso por si só já era uma razão boa o suficiente para comparecer a este
maldito baile.
Desde que ele veio para Londres, ele foi notavelmente contido no que diz
respeito às mulheres. Não parecia certo para ele estar cortejando uma mulher e
beijando outra ao mesmo tempo, então ele permaneceu mais ou menos celibatário,
e aí estava seu problema.
A frustração interferia na habilidade de um homem de pensar com clareza,
razão pela qual ele estava indo para o maldito baile.
Desde o início da temporada, e antes, ele recebeu mais convites do que
poderia, alguns sutis, alguns flagrantes. Mulheres casadas, viúvas, todas as
idades, todas as formas. Ele preferia viúvas, ele não era nenhum santo, mas não
desejava se colocar entre um homem e sua esposa. E ele não era o tipo de homem
que seduzia inocentes.
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Além de Daisy.
Ele jogou para o lado sua quarta gravata mutilada. — Droga, Tibbins, você
amarra essa maldita coisa!
Com uma expressão de presunção insuportável, Tibbins entrou suavemente
na brecha com uma nova gravata engomada.
Flynn teve vontade de estrangulá-lo com aquilo. Ele não teria que tolerar esse
tipo de comportamento em um navio! Valetes e mordomos dizendo a ele o que fazer!
Mas ele conhecia a verdadeira fonte de sua fúria. E a solução.
Ele iria ao baile, encontraria alguma mulher disposta e a cavalgaria até que
ambos estivessem perdidos. E então ele colocaria sua vida de volta nos trilhos.
&&&&
Três horas depois, ele se viu encostado em uma coluna de gesso canelado,
olhando carrancudo para a multidão colorida de senhoras e senhores, dançando,
rindo, flertando, conversando, tudo tão alegre, maldito seja.
Ele dançou com uma dúzia de mulheres diferentes até agora, todas bonitas,
algumas muito bonitas. Alguns eram conversadeiras animadas, várias eram
perfeitamente charmosas. Discretas, e não tão discretos, convites fluíram como
vinho.
Nenhuma delas o interessou.
Havia apenas uma mulher em que ele queria dormir, e ela não estava
aqui. Provavelmente estava sozinha em casa, trabalhando até os ossos, costurando
uma camisola de seda safada para alguma velha. Ficando esgotado e exausto, mas
recusando qualquer ajuda, idiota teimosa.
Ele olhou para onde Freddy e Damaris estavam dançando, tão fora de moda
para um marido e uma esposa viverem no bolso um do outro, mas eles se
importavam? Abby e Max também. Eles estavam sentados juntos, quietos e
amigáveis, o braço de Max descansando protetoramente ao longo das costas da
cadeira de Abby. Abby parecia um pouco cansada, mas quando virou a cabeça e
olhou para o marido, ela brilhava.
Por algum motivo, isso o fez pensar em sua mãe, quando ela estava cansada
ou desanimada. Seu pai colocava o braço em volta dela, e ela olhava para ele
e sorria, e era como se uma vela tivesse se acendido dentro dela.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Assistir Abby sorrir para Max, ver o quão orgulhoso e protetor seu amigo era
de sua esposa, foi como uma dor em seu peito.
Será que algum dia ele encontraria uma mulher que olhasse para ele assim,
uma mulher que era tudo para ele, como sua mãe tinha sido para seu pai, como
Abby era para Max, e Damaris para Freddy?
Ele olhou para as senhoras mais jovens, as solteiras.
Um garçom passou por ele carregando uma bandeja cheia de taças de
vinho. Agarrou um, drenou-o, e quase engasgou. Ratafia3. Coisas doentiamente
doces.
Várias senhoras passaram, tentando chamar sua atenção, enviando sorrisos
convidativos. Ele fingiu não ver.
Ele pediu a outro garçom algo mais forte. Champanhe era tudo o que havia
para oferecer. Ele jogou no chão. Só bolhas. Fraco.
Ele não estava com disposição para isso, não estava preparado para ser o
entretenimento de uma senhora entediada durante a noite, não tinha nenhum
desejo de ser um peão na partida de esgrima de algum casal.
A alta sociedade fez um grande trabalho ao casar seus filhos por dinheiro,
posição e terras. E enquanto alguns se casaram por amor e alguns casamentos
arranjados prosperaram, a maioria deixou para trás um rastro de mulheres
entediadas, infelizes, superficiais e às vezes desesperadas.
Os homens estavam bem, a maioria dos homens eram superficiais. Mas as
mulheres... a maioria das mulheres, como ele entendia, queria amor. E presos em
um casamento sem amor, elas se voltaram para distrações e casos. Titilação.
Perigo. A emoção do proibido.
E foi isso que foi oferecido a Flynn esta noite.
Ele suspirou e se endireitou. Um bom humor sombrio em que ele estava esta
noite, com certeza. Ele não era adequado para homem ou animal, e certamente não
para uma mulher.
Ele precisava de uma bebida, uma bebida adequada, nem um pouco de
espuma e bolha.
Ou Daisy.

3 Um licor aromatizado com amêndoas ou grãos de pêssegos, damascos ou cerejas.


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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele voltou para casa, bebeu um conhaque e se jogou na cama. Ele fechou os
olhos e tentou dormir. Mas, apesar do conhaque, ele estava bem acordado. Ele só
conseguia pensar em Daisy.
Só o pensamento dela o deixava excitado e dolorido.
Ele se forçou a ignorar as demandas de seu corpo e tentou se distrair listando
as qualidades que procuraria em uma esposa, uma lista mais pessoal desta
vez. Ele aprendeu com seus erros. Ele precisava conhecer a garota com quem se
casasse, precisava gostar dela, com sorte, ele até mesmo passaria a amá-la. E ela,
ele. Porque os filhos precisam ser educados em um lar com amor.
Agora, enquanto ele estava deitado em sua cama, resquícios de infância
voltaram para ele, pequenas coisas que ele não pensava em anos. Por tantos anos
ele tentou bloquear as memórias. Ele sempre sentiu que deveria ter feito mais, que
de alguma forma, ele deveria ter sido capaz de salvá-los.
Mas ele era um menino, apenas um menino.
Ele se lembrou do dia em que derrubou o prato com padrão de salgueiro de
mamãe e como ela o repreendeu por seu descuido em lascá-lo, jogando bola dentro
de casa. E como, depois da repreensão, ela o abraçou, dizendo: — Você é igual ao
seu pai, meninos são meninos. E ela riu quando papai a agarrou pela cintura para
um beijo rápido e um abraço antes de levar os meninos e a bola para fora.
Eles estavam sempre se beijando e acariciando, seus pais.
Depois do acidente, nunca mais foi o mesmo. Seu pai, sempre um homem
forte e vigoroso, odiava a criatura indefesa em que se tornara, dependente de sua
esposa e filhos para tudo. Mas o amor de mamãe nunca havia vacilado e, olhando
para trás, Flynn podia ver agora, isso mantivera papai são.
Uma de suas últimas lembranças foi alguns dias antes de sair de casa para
tentar encontrar trabalho. Ele ainda não tinha contado a eles seus planos para
salvar todos eles, que ele estava indo para Dublin para encontrar um emprego e
fazer fortuna. Doze anos, Deus o ajude.
Sua irmãzinha Mary-Kate trouxera sua bonequinha para papai para ser
consertada. E papai, que não podia fazer muito mais do que ficar deitado ali,
consertou-o e depois fez todos rirem enquanto fazia a boneca falar e dar um tapinha
na mãe e em Mary-Kate.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Quase partiu o coração de mamãe ao ver papai tão indefeso, mas ela nunca
o deixou ver, apenas riu junto com a pequena Mary-Kate. Depois, Flynn a viu se
virar para enxugar uma lágrima. Também partiu seu coração ver papai assim.
O amor de seus pais foi o alicerce de sua infância. Então, muitas vezes ele
acordava durante a noite, talvez um pesadelo, ou alguma preocupação mais real,
eram tempos de desespero. Ele ficava deitado na cama que dividia com seus irmãos
mais novos, ouvindo o murmúrio suave de vozes enquanto seus pais falavam
durante o dia, faziam planos para o dia seguinte. Ele não conseguia entender as
palavras, mas a troca suave na escuridão o acalmou e ele voltava a dormir. Eles
podem falar sobre coisas do dia a dia, mas ele pode sentir o amor entre eles.
Esse era o tipo de casamento que ele queria, companheirismo e amor e apoio
mútuo. Parceiros na vida, não importa o que a vida os trouxe.
Uma amiga que também era amante...
Amante... seu corpo ansiava por satisfação.
Ele abriu os olhos e se sentou, olhando para a escuridão. Uma amiga que
também era amante?
Ele era um grande idiota cego!
Ele estava cuidando de todo esse negócio.
Por que diabos ele estava procurando por uma senhora nobre, quando a
mulher de seu coração estava bem debaixo de seu nariz, dando-lhe soco e
mantendo-o acordado com luxúria durante metade da noite?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo Doze
Conheça sua própria felicidade. Não precisa de nada além de paciência, ou dê a
ela um nome mais fascinante: chame de esperança.
JANE AUSTEN, SENSE AND SENSIBILITY

As flores começaram a chegar na casa da Berkeley Square no dia seguinte. O


primeiro ramo era pequeno, um pequeno ramalhete de violetas perfumadas
amarradas com fitas e uma única margarida branca no centro.
— Quem poderia tê-las enviado? — Jane se perguntou em voz alta. Havia um
cartão com elas, branco liso, embora de boa qualidade, e claramente endereçado a
Srta. Daisy Chance, mas não havia outro nome associado, nenhum sinal de um
remetente.
Daisy encolheu os ombros. — Uma cliente feliz, talvez? — Ela tinha uma
suspeita, mas certamente ele não faria algo assim... tão estúpido.
No dia seguinte, rosas cor-de-rosa chegaram, novamente com uma única
margarida branca no centro.
— Elas não são adoráveis? — Jane se entusiasmou ao levá-las para a sala
de trabalho de Daisy. — Você não pode alegar que são de uma cliente, não com
aquela margarida no coração. Tão romântico.
Daisy fungou. — O que há de romântico em uma margarida? Uma flor muito
comum, se você me perguntar.
— É simbólico, ele está dizendo que só há uma Daisy. Que você é única.
— Como você sabe que é ele?
— Bem, é claro que é um homem, quem mais mandaria flores para você?
— E aqui está outra, — Featherby disse da porta. Ele carregava um monte
de prímulas amarelo claro. Daisy nem precisou olhar para ver se havia uma
margarida no meio, ela sabia que estaria lá.
— Então quem é, Daisy?
— Nenhuma ideia.
Jane riu. — Você tem se encontrado com algum cavalheiro em segredo?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Não, seria você, não seria, Jane? — Daisy sabia tudo sobre Jane e seus
encontros casuais com um certo cigano no parque.
Jane corou e lançou um olhar culpado para Featherby, que se ocupou
arrumando as flores e fingiu não ouvir.
E, como ela pretendia, a pergunta cortou as especulações abertas de Jane
pela raiz e ela deixou Daisy em paz.
Mas quem diabos estava mandando flores para ela? Ela não conseguia
pensar em ninguém, exceto Flynn. Ela sabia que Featherby havia repreendido
Flynn de maneira adequada, ele repreendeu Daisy também, e a fez se sentir como
um verme. Ela sabia que um pequeno escândalo seria prejudicial para seu negócio,
mas não tinha pensado em como a velha senhora se sentiria. Especialmente depois
de todas aquelas lições de senhora adequada.
Mas se um ramo de flores era um pedido de desculpas, dois eram... bem, ela
não podia imaginar, e ela nem mesmo queria saber o que três poderia significar. E
quanto à única margarida branca no meio de cada cacho...
Parecia... não poderia ser, mas parecia que ele a estava cortejando. Depois
de contar ao mundo que ia se casar com a melhor dama de Londres.
E isso era ridículo. Como se ele fosse deixar de cortejar uma fina dama
aristocrática como Lady Liz para alguém como Daisy Chance. Em um olho de porco
ele faria!
&&&&
— Sra. Foster para vê-la, Srta. Daisy, — Foster disse mais tarde naquela
tarde e deu um passo para trás para deixar a Sra. Foster entrar.
Daisy olhou para ela consternada. — Oh, mas eu não terminei...
— Eu sei que é muito cedo para minha roupa de noite ficar pronta, mas eu
não vim para isso. Eu espero que você me perdoe por barganhar assim, — a Sra.
Foster disse, tirando as luvas. — Mas eu estive pensando. — Seus olhos brilhavam
de excitação.
— Oh? — Daisy não conseguia imaginar o quê.
A Sra. Foster esperou até que Featherby tivesse saído, então se sentou e
disse: — Acho que lhe disse que meu marido morreu há pouco mais de um ano.
Daisy assentiu.
— E que tenho tentado pensar no que fazer do resto da minha vida.
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Noiva no Verão
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Mais uma vez, Daisy assentiu.


— Ele me deixou muito bem, você sabe, — a Sra. Foster disse timidamente. —
E, para acrescentar a isso, uma tia idosa morreu recentemente e me deixou um
bom dinheiro.
Algumas pessoas têm muita sorte, pensou Daisy. E imediatamente se sentiu
culpada. A Sra. Foster estava agora sem família, isso importava mais do que
dinheiro.
— E eu estive pensando, o ovo do ninho, bem, é como dinheiro de graça, não
é?
— Mmm. — Daisy fez um barulho educado. Em sua experiência, não existia
dinheiro de graça. Mas o que ela sabia?
A Sra. Foster continuou: — E então eu pensei que deveria fazer algo especial
com ele, algo diferente e emocionante.
— Férias?
— Melhor! Pensei em investir.
— Você quer dizer como construir canais e minas e locomotivas a vapor e
coisas assim, — disse Daisy, na esperança de soar inteligente.
— Céus, não, nada tão triste. Eu quero investir em você.
Daisy piscou. — Em mim?
Sra. Foster concordou. — Em sua loja.
Daisy olhou para ela e balançou a cabeça. — Eu não sei o que você quer
dizer. Como você poderia investir na minha loja? Eu nem tenho uma ainda.
— Eu sei. Isso permitiria que você comprasse uma. Não é um pecúlio
pequeno, Daisy. Isso pode fazer toda a diferença do mundo para você e sua
empresa.
Ela nomeou uma quantia que fez Daisy piscar. Tanto, e ela estava chamando
de dinheiro grátis? Era bom demais para ser verdade. — Se você quer dizer como
um empréstimo, não, obrigado. Eu não acredito em pedir dinheiro emprestado.
Era a melhor maneira que conhecia de cortejar a condenação certa. Na
experiência de Daisy, as pessoas apanhavam, ou pior, se não conseguiam pagar
um empréstimo e longe de ajudá-las em um período ruim... bem, vamos apenas
dizer que nunca dava certo.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Não, não é um empréstimo, seria um investimento. Meu marido era


empresário e, quando adoeceu, aprendi, ah, você não tem ideia de quanto aprendi!
Eu vou te contar tudo sobre isso um dia. Mas para você, minha proposta
funcionaria assim: eu lhe dou o dinheiro, você o usa para garantir o local, a loja, e
para comprar e instalar ferragens e equipamentos, e para empregar costureiras,
esse tipo de coisa. E em troca, recebo uma parte dos lucros.
Tudo parecia tão fácil. Daisy não confiava nisso. — E se não houver lucro? E
se eu explodir?
— Então eu perco meu investimento. — Ela deu um sorriso confiante para
Daisy. — Mas você não vai falhar. Tenho uma fé tremenda em você e em seus
projetos, Srta. Chance.
Daisy não tinha certeza sobre isso. — Eu não acho...
— Você seria dono de cinquenta e um por cento do negócio e controlaria
tudo. Eu seria apenas sua parceira silenciosa.
Um parceiro silencioso? Ela se lembrou do que Flynn havia dito sobre
parceiros silenciosos. Freddy usou a herança de uma tia para se tornar um
parceiro silencioso de Max, Flynn e seu outro amigo, e isso ajudou a iniciar sua
empresa. E olhe para eles agora, eram todos ricos.
A Sra. Foster acrescentou: — É claro que teríamos tudo escrito em um acordo
legal, para sua proteção e minha.
— Não sei, — disse Daisy após uma longa pausa. — Vou ter que pensar sobre
isso. — Parecia bom demais para ser verdade. Tinha que haver um problema.
— Claro. — A Sra. Foster levantou-se, calçando as luvas. — Pense sobre isso,
peça conselhos de sua família e amigos e me avise. Tenho certeza de que você
tomará a decisão certa. — Ela sorriu para Daisy e bateu palmas como uma menina.
— Devo confessar que acho toda a ideia de entrar no negócio da moda
monstruosamente excitante.
Daisy devolveu-lhe um sorriso hesitante. Excitante? Sim, e terrivelmente
assustador.
&&&&
Flynn fez uma chamada de manhã para Lady Beatrice para a tarde seguinte,
tudo muito formal e correto. A primeira vez que Daisy soube disso foi quando
Featherby lhe disse que Lady Beatrice desejava sua presença na sala de estar. Ele
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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não quis explicar por que, apenas segurou a porta para ela, esperando de uma
maneira branda, mas implacável.
Com um suspiro, Daisy se arrumou e caminhou para a sala de estar.
Na soleira, ela parou. E piscou. Sentada em cadeiras de bordas douradas
forradas de tapeçaria, estava a coleção usual de velhinhas, e Flynn, uma delicada
xícara de chá em seu punho grande, bebericando o chá da China com limão como
se fosse o néctar dos deuses.
Ela franziu o cenho. Flynn odiava chá da China.
Ele se levantou e fez uma reverência, cumprimentando-a educadamente
como se não tivesse levantado a saia em volta das orelhas apenas alguns dias
antes. Quase uma semana. Ele esperou até que ela se sentasse antes de ele se
sentar. Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo.
Ela queria perguntar a ele sobre as flores, mas não podia, não nesta
companhia. Graças a Deus, Jane estava passeando com o cachorro e não estava
aqui para falar no assunto. As velhas adoravam qualquer indício de mistério e
acrescentavam um cheiro de romance em potencial, e flores eram românticas,
e elas estariam em cima disso, e então Lady Beatrice iria querer saber o que era o
quê, e então haveria ser um inferno para pagar.
— Chá, Daisy, minha querida? — Lady Beatrice perguntou, e sem esperar,
Featherby serviu uma xícara e entregou a ela.
Ela ergueu os olhos para agradecê-lo, mas, em vez disso, interceptou uma
troca silenciosa entre ele e Flynn. Featherby lançou um olhar significativo para
Flynn, Daisy não tinha ideia do que. Flynn, entretanto, parecia saber. Ele inclinou
a cabeça para Featherby e sorriu para Daisy.
Daisy franziu a testa. O que quer que aquele olhar significasse, ela não
confiava nisso.
O olhar de Lady Beatrice passou de Daisy para Flynn e voltou uma dúzia de
vezes. Suas amigas trocaram olhares e fizeram o mesmo.
Daisy se sentiu como uma borboleta desabrochando espetada em um
alfinete. Que diabos Flynn estava jogando?
Pelos próximos vinte minutos, Flynn conversou e encantou e fez com que as
velhas se apaixonassem de alegria. Ele não disse uma palavra a Daisy que estava
um pouco fora do lugar, mas quando ele saiu, ela estava completamente confusa.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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&&&&
Naquela noite, as quatro meninas se reuniram em torno do fogo no quarto
de Jane e Daisy. Max, Freddy e Flynn tinham saído para assistir uma luta de boxe,
e, como Lady Beatrice queria dormir cedo e se retirou para seu quarto, Abby e
Damaris aproveitaram a oportunidade para uma ceia informal de chocolate quente,
torradas e bolinhos na frente do fogo.
Foi uma lembrança dos velhos tempos, antes que Abby e Damaris se
casassem, mesmo antes de conhecerem Lady Beatrice, quando suas vidas tinham
sido tão difíceis, e elas decidiram se unir e se tornarem ‘irmãs do coração’ apenas
para sobreviver.
Daisy adorava essas reuniões, apenas as quatro, e sem maneiras ou
comportamento adequado com que se preocupar, onde elas apenas conversariam.
E comeriam. E conversariam.
Damaris e Daisy estavam sentadas na cama, costurando. Abby e Jane
torraram pão e bolinhos enquanto os três gatos supervisionavam. Pelo menos Jane
não trouxe o cachorro também.
Daisy olhou para o fogo, hipnotizada pelas chamas dançantes. Ela deveria
estar pensando na incrível oferta da Sra. Foster, mas em vez disso não foi capaz de
tirar Flynn da cabeça. O que ele estava fazendo?
— Daisy? Daisy?
Ela saltou assustada de seu devaneio. — O quê?
— E a margarida? — Perguntou Damaris.
Daisy olhou para os vasos de flores que enfeitavam o quarto. Essas
margaridas solitárias... elas a pegaram.
— Eu as tirei, por quê?
— Tirou-as? Por quê? — Damaris franziu o cenho ao ver o vestido que
acabara de prender. — Eu só me ofereci para bordar este para você, mas se você
não quiser mais...
Daisy sentiu-se enrubescer. — Desculpe, eu estava pensando em outra
coisa. Eu não quis dizer os vestidos.
Jane ergueu os olhos. — Eu pensei que você estava fazendo não-me-esqueça
nesse vestido, não margaridas.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Você não percebeu? — Damaris disse a Jane. — Daisy bordou uma


pequena margarida na gola de cada peça que faz. Só uma minúscula, em ponto de
corrente branco com um nó francês ou dois em amarelo no centro.
— Ela bordou? — Jane se levantou, deixando Abby cuidando da comida,
correu para o guarda-roupa e começou a examinar seus vestidos. — Veja! Você
está certa, — Ela exclamou. — Está neste, e neste, e neste, e...
— Está em todos eles, — disse Daisy, para impedir que Jane se exaltasse por
todas as coisas que florescem.
— Quão belo. Mas por que se preocupar em bordar algo onde ninguém possa
ver?
Ela encolheu os ombros de vergonha. — Não é nada, apenas...
— Ela está assinando o trabalho dela, não é, Daisy? — Damaris disse
suavemente. — Como um artista ou um artesão.
Daisy assentiu. A aceitação direta de Damaris deu-lhe confiança para
explicar. — Os pintores assinam suas pinturas, e os homens que fizeram aquelas
cadeiras de Lady Bea, eles colocaram sua marca em seu trabalho, e...
— E eu assino minha porcelana e minhas pinturas, — acrescentou Damaris.
Daisy assentiu. — Foi isso que me deu a ideia. Então pensei... por que não?
Leva apenas alguns minutos. Vocês provavelmente acham que é um pouco
estúpido.
— Acho que é uma ideia adorável, Daisy, — Abby a assegurou calorosamente.
— Isso torna suas roupas ainda mais pessoais e especiais.
— Oh, sim, eu também acho, — Jane concordou. — E que sorte que você é
chamada de Daisy, em vez de Annabel ou Gwendolyn4, imagine bordar isso. —
Todas elas riram.
— Alguma de vocês sabe alguma coisa sobre parceiros silenciosos? — Daisy
perguntou. — Quero dizer, nos negócios.
Damaris balançou a cabeça: — Na verdade, não. Tudo o que sei é que Freddy
era um na companhia de Max.
— A companhia de Flynn — corrigiu Daisy. Afinal, chamava-se Flynn & Co.
— Max nunca fala de negócios comigo, — disse Abby.

4
É para ser uma piada, mas só compreensível se traduzido. Daisy significa margarida, Annabel,
Hortência e Gwendolyn, Hemerocales. As duas últimas são flores com muitas pétalas.
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Jane, que ainda estava de pé ao lado do guarda-roupa, deu um pequeno


grito. — A torrada, Abby! — Ela mergulhou em direção ao garfo de torrar, onde
uma fatia de pão bem cortado fumegava muito.
Abby tirou a torrada carbonizada do fogo, examinou-a, decidiu que não era
possível aproveitar e jogou-a no monte carvão. — Venham, é hora de comermos.
Foi uma festa. Estenderam um pano sobre o tapete da lareira, coberto com
pratos contendo manteiga, mel, vários tipos de geleia, marmelada, creme de leite
fresco, queijos, patê de fígado de ganso e até pasta de anchova, embora por que
Cook enviou pasta de anchova quando nenhuma delas gostava, além dos gatos,
era um mistério.
— Max, não! Você não pode ter. — Abby empurrou Max, o gato, para longe.
Foi a terceira ou quarta vez que ela teve que impedir um gato de atacar a comida.
— Coloque esses gatos debochados lá fora, — disse Daisy, não pela primeira
vez. — Eles vão derrubar algo em um minuto.
— Pobres gatinhos, estamos tentando vocês com todos esses pratos
cheirosos, não é? — Jane sussurrou enquanto pegava a manteiga, o patê e a panela
de anchovas e os colocava em uma mesinha lateral.
Daisy revirou os olhos. Como se os gatos não pudessem pular. Ela gostava
tanto dos gatos quanto qualquer um deles, mas queria comer em paz. Ela dobrou
sua costura e antes de se sentar, no tapete da lareira, fez um pequeno desvio,
pegando três gatos meio crescidos e os depositando do lado de fora no corredor
antes que ela voltasse para o fogo e se sentasse. Ela respondeu ao olhar acusador
de Jane com: — Eles podem entrar depois e limpar as sobras, mas não vou tirar
gatos do meu jantar a noite toda. Eu quero relaxar.
Uma grande panela de chocolate espesso e doce estava na grelha, mantendo-
se quente. Usando um pedaço de pano para segurar a alça, Damaris o despejou
cuidadosamente em xícaras enquanto Jane e Abby untavam torradas e bolinhos
com manteiga e os distribuíam.
— Oooh, isso é adorável, — disse Daisy, mastigando uma fatia de torrada
com manteiga derretida e geleia de laranja picante. Damaris comia torradas com
geleia de morango com chantili espesso e Jane comia bolinhos com mel. — Não
consigo pensar em nada melhor para o jantar. Quem inventou a torrada, vocês
sabem? Eles devem ter sido um gênio.

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Ela olhou para as outras, todas ocupadas, e seus olhos se arregalaram. —


Abby, o que diabos você está comendo? Isso é pasta de anchova? Com creme?
Regado com chocolate quente?
Abby lançou um olhar pesaroso para sua fatia de torrada, untada com pasta
de anchova e coberta com creme. Ela olhou para Jane e deu de ombros. —
Suponho que não adianta mais tentar manter isso em segredo. Jane sabe, e Max,
é claro, e eu ia contar a vocês duas quando Lady Bea estivesse conosco, mas... ela
deu um sorrisinho trêmulo — Vou ter um filho.
Damaris deu um pulo e abraçou Abby. — Oh, Abby, estou tão feliz por você!
— E pelos próximos minutos foi tudo abraços e parabéns e — Quando é o
nascimento do bebê? — E — O que Max disse?
Claro, Daisy abraçou e sorriu e parabenizou Abby também. Ela sabia o
quanto Abby queria filhos. Abby seria uma mãe maravilhosa e Max um bom pai.
Mas era um pouco estranho, mesmo assim. Pela primeira vez na vida de
Daisy, ela viu alguém que estava emocionado, realmente, verdadeiramente,
honestamente emocionado com a perspectiva de ter um bebê.
Sua experiência foi oposta. Todas que ela havia conhecido, tratou a gravidez
como um desastre, um destino a ser evitado a todo custo. Algumas garotas que
engravidaram, e essa não era uma frase reveladora? Até arriscaram a vida indo
para as mulheres idosas nos becos.
Um bebê era um problema a ser resolvido, não comemorado.
Algumas das meninas amavam seus bebês, é verdade, mas mesmo assim os
descartavam. Até mesmo algumas das casadas.
E se o bebê morresse, como muitos morriam, havia tristeza em algumas das
meninas, com certeza, mas também uma medida de alívio. Vontade de Deus e tudo
mais. E o bebê logo era esquecido, ou pelo menos nunca mais falado.
Até a própria mãe de Daisy a descartou. Ou a vendeu. Ela não tinha
certeza. Mas ela não a queria.
Daisy olhou para Abby, tão radiante, feliz, orgulhosa e animada. Ela não
conseguia imaginar como seria se sentir assim.
Quanto ao bebê, como seria vir ao mundo sendo querido, amado e cuidado?
Parte de uma família pronta, amorosa e protetora.
Daisy não conseguia imaginar.

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Capítulo Treze
Não tenho o prazer de te compreender.
JANE AUSTEN, PRIDE AND PREJUDICE

As flores continuaram sendo entregues, cada ramalhete com uma margarida


no centro do arranjo. E nas três tardes seguintes, Flynn fez uma visita matinal
muito correta. Daisy foi chamada à sala de estar todas as vezes.
Na segunda visita, ela estava cheia de suspeitas. Não poderia ser o que
parecia. Ele não faria isso com ela.
Ao final da terceira visita, ela fervia de raiva impotente.
Ele estava fingindo cortejá-la. E todos, exceto Daisy, foram enganados por
seu ato.
Chegou ao ponto em que Featherby e William tiveram que trazer mais
cadeiras, à medida que mais amigos de Lady Beatrice continuavam chegando,
todos tagarelando de excitação porque algo estava acontecendo.
Eles esperavam as interações de Flynn e Daisy com a avidez dos espectadores
na quadra, ou uma peça, ora, Daisy não fazia ideia, porque com aquele público,
ela e Flynn só podiam falar das coisas mais comuns.
Sua frustração cresceu. Ela não teve oportunidade de ficar com Flynn
sozinha, para perguntar a ele que diabos ele estava jogando. Ele, no entanto,
parecia perfeitamente confortável com a atenção e entretinha a sala com anedotas
encantadoras e contos de suas aventuras. As velhas o adoravam.
Daisy teve vontade de dar um tapa nele.
Provavelmente era algum esquema para se livrar dos livros pretos de
Featherby, e também funcionou. Featherby tinha se curvado a tal ponto que estava
olhando para Flynn com uma expressão benevolente, e Lady Beatrice estava
positivamente radiante com Flynn quando ele se levantou para se despedir. Mas
por que ele teve que envolver Daisy?
Houve uma inspiração silenciosa das senhoras reunidas quando ele pegou a
mão de Daisy para se curvar sobre ela, e um longo suspiro quando ele a soltou.
Daisy poderia ter dado um soco em suas orelhas.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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No momento em que ele saiu, ela subiu as escadas furiosa. Ela nem por um
momento acreditou que ele a estava cortejando. E da próxima vez que ela o visse
sozinho, ela diria a ele.
Ela sabia o que ele queria, uma esposa amável, mansa e de fala doce, uma
senhora perfeita que seria um ornamento para sua casa, levando bebês e
brincando de Lady Bountiful para os pobres, indo a bailes e dançando até o
amanhecer nos braços dele.
Bem, não era ela, e Flynn Maldito bem sabia disso. Ele estava jogando um
jogo profundo e ela não gostou nem um pouco, então ele poderia simplesmente
parar de enviar flores e olhar para ela como se ela fosse uma... um bolo recheado
de creme que ele esperava para o chá.
Fosse o que fosse, ela não concordaria com isso.
Ela tinha outros planos para sua vida.
Era algum tipo de jogo. Ele não poderia estar falando sério.
&&&&
Finalmente, finalmente, depois de dias de bom comportamento mais
sombrio, litros de chá fraco e horas de conversa insípida com um bando de
velhinhas ouvindo cada palavra e olhar dele, Featherby permitiu que Flynn subisse
para falar com Daisy sozinha.
— Deixe a porta aberta, — Ele gritou atrás de Flynn enquanto subia as
escadas de dois em dois degraus.
Ele estava ansioso para vê-la. Desesperado, na verdade.
Ela nem mesmo o cumprimentou. — O que você está jogando, Flynn?
Nenhuma hipocrisia da sociedade educada aqui, direto com a pergunta. Ah,
mas ela era uma lufada de ar fresco, sua Daisy. — Jogando? O que você quer
dizer? Eu vim para vis...
— Pare de brincar. Você sabe o que eu quero dizer. Mandando-me flores, eu
sei que é você, então não se preocupe em negar. E todas aquelas visitas matinais
sangrentas, de que se tratam?
Ele escondeu um sorriso. Ela estava ansiosa por uma briga. Não que ele se
importasse. — Algo está incomodando, amor? Achei que você gostasse de flores.
— Não me chame assim! Eu não sou seu amor!
— Algo está incomodando você, meu pequeno ouriço?
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ela tentou encará-lo um pouco mais, mas seus lábios a denunciaram e uma
risada escapou dela. Ela largou o trabalho e deu um suspiro. — Meu Deus, Flynn,
você é o suficiente para levar uma garota à bebida. O que vou fazer com você?
Ele sorriu. — Posso pensar em algumas coisas.
Ela balançou a cabeça. — Não. — Ela ergueu as palmas das mãos como se
para segurá-lo, embora ele não estivesse perto o suficiente para tocá-la. Ainda. —
Nada desse absurdo. Eu te disse antes, tem que parar.
— O que tem que parar?
— Isso... — Ela procurou por uma palavra. — Esta farsa.
Ele franziu a testa. — Não é uma farsa.
— Estou falando sobre a impressão de que você deu a Lady Bea e suas
amigas. E Featherby. Eles acham que você está me cortejand, Flynn.
— Eu estou.
Ela piscou, então balançou a cabeça. — Pare de brincar. Estou falando sério.
— Eu também. Eu quero você, Daisy.
Ela empalideceu. Seus olhos estavam líquidos, luminosos enquanto
procurava seu rosto para ler a verdade nele. Sua boca se abriu, depois
fechou. Flynn apenas esperou.
Houve um longo silêncio. Ela mordeu o lábio e, lentamente, a cor voltou às
suas bochechas enquanto ela se controlava. Novamente, ela balançou a cabeça. —
Lisonjeada como estou...
— Lisonjeada? Ele já podia ouvir o, mas vindo. Droga!
Ela estreitou os olhos para ele. — Sim, lisonjeada, agora você me deixará
terminar?
Essa era a garota dele, derrube-a e ela apareceu balançando. — Continue.
— Certo, como eu estava dizendo, estou lisonjeada por você me querer, e eu
admito que estou atraída por você também...
— Então se...
— Oi! Você vai me ouvir?
— Continue. — Não flertando, então. Ela estava falando sério.
— Admito, eu gosto de você, e em diferentes circunstâncias, eu poderia... —
Ele se inclinou para frente, mas ela continuou: — Mas eu não estou. Eu não vou
deixar ir mais longe.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Por que não?


— Não posso pagar.
— Pagar? — Ele franziu a testa.
— Com o meu negócio apenas começando, não posso me permitir o menor
sinal de escândalo ou comportamento impróprio. Não sou como aquelas senhoras
da alta sociedade, onde todos estão preparados para fechar os olhos ao que está
acontecendo, desde que sejam discretos. Se descobrisse que eu tinha um homem
chique, seria a ruína de...
— 'Homem chique'? — Flynn disse indignado. — Eu não sou um homem
chique! Você acha que estou tentando enganá-la ou algo assim? Droga, Daisy, você
deveria me conhecer melhor do que isso! Não sou o tipo de homem que brinca com
o afeto de uma garota inocente!
Ela deu a ele um olhar penetrante. Sua boca se abriu, como se ela fosse dizer
algo, mas ela a fechou novamente.
Ele continuou: — Estou falando de casamento, garota.
— Casamento? — Seu queixo caiu.
Ele assentiu. — Você, eu e um pregador. Casamento. — Ele esperou.
Ela o encarou por um longo momento, então suspirou. — Eu pensei que era
isso que você ia dizer outro dia, quando Jane e Featherby nos pegaram nisso. Não
se preocupe, não vou cobrar isso de você.
— Cobra isso de m...
— Foi minha culpa, toda minha, então você não precisa ser todo honrado e...
— Não estou sendo honrado! Droga, Daisy, estou falando sério! Eu quero me
casar com você.
— Não, você não quer.
— Não me diga o que eu quero ou não, — Ele retrucou, irritado com sua
contradição calma. — Você não gosta quando eu discuto assim com você...
— Sim, mas comigo é verdade. Você está apenas sentindo... —
— Sentindo o quê? — Ele perguntou depois de um momento. — Vá em frente,
diga-me o que você acha que estou sentindo.
— Culpado por se enfiar em minhas nas saias dessa maneira.
Ele negou. — Não me sinto nem um pouco culpado por isso. Tudo o que sinto
é arrependimento por Jane ter voltado naquela hora e não termos terminado.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— E nunca o faremos.
Ele sorriu. — Não desisto tão fácil, Daisy. E quando quero algo o suficiente,
geralmente consigo. E eu quero você, tenha certeza disso. — Ele deu alguns passos
em sua direção, planejando beijá-la para seduzi-la, para tranquilizá-la.
Ela deslizou para fora de seu alcance, tropeçou em um gato e quase
caiu. Flynn mergulhou para frente e a segurou pelo braço, firmando-a.
— Você está toda...
Ela se desvencilhou de seu aperto e pegou o gato. — O único cômodo da casa
onde ele não tem permissão, então ele tenta entrar furtivamente o tempo todo. —
Ela o segurou contra o peito, acariciando-o. Mas foi uma defesa.
— Eu não a culpo.
Ela colocou o gato para fora, fechou a porta e encostou-se a ela, olhando-o
com uma expressão preocupada.
— Não sei por que de repente você teve essa ideia idiota de se casar comigo,
Flynn, mas é loucura. Você veio para Londres dizendo ao mundo que queria se
casar com uma senhora elegante e sofisticada, e agora está se oferecendo para
mim? Não faz sentido. É porque Lady Liz abandonou você?
— Ela não me abandonou.
— Mas todo mundo diz...
— Essa é a história em que todos acreditam. Mas, e isso é apenas para seus
ouvidos, Daisy, ela não fugiu com ninguém. Eu acho que você está certa sobre ela
ser uma senhora de Llangollen, ela foi morar com uma tia na Itália.
Ele observou o rosto dela, parando para absorvê-lo. — A história da fuga era
para manter o pai dela fora de seu rastro para que ela pudesse fazer uma fuga
limpa. Se eu não me casasse com ela, e tivesse dito a ela que não o faria, ele estava
planejando casá-la em um velho medonho por causa de suas dívidas. — Ele
bufou. — Que pai, hein?
Seus grandes olhos castanhos examinaram seu rosto seriamente. — Então
você não está chateado?
Ele balançou sua cabeça. — Eu ajudei a organizar isso.
— Oh. — Ela franziu o cenho. — Mas isso ainda não explica por que você
está pedindo a alguém como eu. Há uma abundância de belas garotas solteiras e
bem-nascidas por aí.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Eu sei. Mas mudei de ideia. Eu não quero me casar com a filha de um


aristocrata, eu quero você. E antes que você diga qualquer coisa, não estou pedindo
a alguém como você, estou pedindo a você. E não há ninguém como você. Você é
única, Daisy Chance.
Qual era a mensagem que ele estava tentando enviar a ela com aquelas
flores. Mas parecia que sua garota não entendia a linguagem das flores. Ou talvez
ela entendesse e simplesmente não gostasse. Ela ainda tinha aquele olhar teimoso
e preocupado em seu rosto.
— Então eu estou te pedindo em casamento. O que você diz?
Ele podia ver antes mesmo que ela abrisse a boca que não iria gostar de sua
resposta.
Ela torceu um pouco de tecido entre dedos nervosos. — Bem, essas foram
palavras realmente bonitas, Flynn, e estou realmente lisonjeada. E eu sinto muito,
mas ainda não acontecerá. Eu sou a última garota com quem você deveria se casar.
— Por que você diria tal coisa? Explique-me, Daisy, para que possa entender.
Por um longo momento, ele pensou que ela não iria responder. Mas ela deu
um suspiro e disse: — Tudo bem, mas você não vai gostar.
Ele encolheu os ombros. — Não gostei de nada do que você disse até agora,
então o que tenho a perder?
Daisy se sentou em seu assento junto à janela, colocando os pés sob o corpo,
e gesticulou para que ele sentasse em uma cadeira no meio do quarto. Ele pegou a
cadeira e a moveu para mais perto, perto o suficiente para estender a mão e tocá-
la. Flynn típico, nunca fazia o que ela pedia.
Por que ele não podia simplesmente aceitar seu não e deixá-la em paz? Era
bastante difícil para ela afastá-lo sem ele combatê-la.
Ela respirou fundo, ela não estava ansiosa por isso. — Há alguns momentos
você me chamou de menina inocente. Eu não sou. Eu sou uma bastarda, uma...
— Eu sei. Você me disse no primeiro dia em que nos conhecemos que nasceu
do lado errado do cobertor.
— Deixe-me terminar, Flynn, — Ela disse calmamente. Ele esperou. — Eu
sou uma bastarda, uma enjeitada, até minha própria mãe não me queria. E antes
de vir morar com Lady Bea e as meninas, eu não vivia uma vida respeitável.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Nem eu. Algumas das coisas que fiz quando era menino, tentando
sobreviver por conta própria. — Ele encolheu os ombros. — Você faz o que pode
para se manter vivo. Eu não vou te julgar, Daisy.
Tudo bem, então ela teria que arriscar aqui. — Eu não terminei ainda. Eu
não sou uma virgem.
Houve um breve silêncio, então ele encolheu os ombros. — Nem eu.
Ela cerrou os dentes. Ele não a estava levando a sério. — Sim, bem, eu
duvido que você tenha vivido em um bordel a maior parte da sua vida.
Isso o abalou. — Um bordel?
Ela assentiu. Ela ficou tentada a deixar isso aí, deixá-lo tirar suas próprias
conclusões, mas o orgulho, e algo no jeito que ele estava olhando para ela, com
compaixão ao invés de julgamento ou desgosto, a fez continuar. — Não é o que você
pensa, eu nunca vendi meu corpo. Eu era uma serva, esfregando e limpando e
fazendo o que fosse necessário. À disposição das meninas e de seus clientes. — Ela
deixou que isso caísse e acrescentou: — Mas não sou inocente. E não sou virgem.
— Mas... — Ele franziu a testa, tentando juntar as peças.
— Abby, Damaris e Jane não são realmente minhas irmãs. Eu conheci Abby
na rua. — Ela estava bastante preparada para contar a Flynn o pior de sua própria
vida, mas as histórias das outras garotas eram delas para contar, e privadas de
todos, exceto de seus maridos e Lady Bea.
— E através de Abby você conheceu Jane e Damaris, eu vejo. Que
coincidência incrível, topar com sua meia-irmã assim. Como você sabia? Você não
é parecida.
Ela ergueu os olhos e lançou-lhe um olhar penetrante. — Você vai manter
isso privado, não é?
— Claro.
— Não somos meias-irmãs em tudo. Sou uma bastarda, pelo menos presumo
que minha mãe e meu pai nunca se casaram, quem quer que tenham sido, mas
sou uma enjeitada. As meninas não têm nenhuma relação comigo.
— Nenhuma relação em tudo?
— Não.
— Então como se transformou um encontro casual na rua... tudo isso. — Ele
estendeu as mãos, indicando a grande casa em que ela estava morando agora.

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Anne Gracie
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— Eu era uma sem-teto. Eu tinha acabado de fugir do bordel. A Sra. B., a


proprietária, decidiu se aposentar e entregou-o ao filho Mort. Ele era um trabalho
desagradável, Mort, e o cara... mudou. Não era mais seguro para mim. — Ela
estremeceu ao lembrar como uma das meninas lhe contara que Mort havia
prometido Daisy a um homem que gostava de bater em meninas e que se imaginava
uma donzela aleijada.
— E Abby?
— Abby me acolheu.
— Acolheu você? Um estranho que ela acabara de conhecer na rua? Ela não
sabia sobre o bordel?
— Ela sabia. Ela tem um coração tão grande quanto o Hyde Park, Abby. —
Ela engoliu em seco. Havia mais na história, mas ela não ia contar a ele sobre Jane
e Damaris serem sequestradas e vendidas para Mort. Ela as ajudou a escapar e
por causa disso Abby a acolheu.
E a chamou de irmã, apesar de tudo.
— E então, quando viemos aqui para viver com Lady Bea, Abby me trouxe
com ela.
— E Lady Beatrice?
— Sabe tudo sobre mim. Já te disse, não conto mentiras e não ia mentir para
uma senhora indefesa.
Flynn bufou. — Nada indefesa sobre ela que eu possa ver.
— Ela estava indefesa, acredite em mim, — disse Daisy suavemente,
lembrando-se do estado em que encontraram a velha senhora. — Ela estava
doente. — E negligenciada e abusada por seus servos porcos, mas ela também não
ia falar sobre isso, a velha senhora tinha seu orgulho e aqueles dias sombrios e
desesperadores haviam passado muito tempo.
— Então é isso, meu passado escandaloso. Eu já tomei dois amantes antes
de v... — Ela se interrompeu. Chamar Flynn de amante não seria inteligente.
Ele focou nisso. — Antes de mim, o que significa que tive sorte.
— Você não é meu amante, Flynn, — Ela disse calmamente.
Ele deu um sorriso lento e sonolento. — Peço desculpa, mas não concordo.
— Seu olhar caiu para o peito, onde seus mamilos malditos estavam provavelmente
sentados implorando para ele notar.

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170feita apenas para a
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ela cruzou os braços. — Olha, fora tudo isso, não posso ser sua esposa. Não
sou qualquer tipo de senhora, não sei como administrar uma casa ou ser anfitriã
de pessoas importantes...
— Eu vi você...
— Você me viu servir xícaras de chá e conversar com elas, sim. Não dar um
baile ou planejar um jantar ou organizar um sarau ou um café da manhã
veneziano, seja o que for. Não sei nada sobre como administrar uma casa. E eu
nunca poderia me jogar de Lady Bountiful para seu pobre povo.
Ele franziu a testa. — Que pobre povo?
— Os da sua propriedade.
— Oh, esses. — Ele assentiu.
— Veja, Abby e Jane e Damaris poderiam. Elas nunca foram pobres.
— Mas...
— Oh, eu sei que elas não tinham nada e ninguém e estavam em perigo de
fome, todos nós estávamos. — Suas sobrancelhas se ergueram de surpresa, e ela
percebeu que não tinha contado isso a ele.
— E isso é apenas para seus ouvidos, então não tagarele sobre isso. A
pobreza delas foi apenas acidental, de qualquer maneira. Elas caíram nisso. Não é
o mesmo que nascer pobre, como eu, o verdadeiro pobre, quero dizer.
— Por quê? Pobreza é pobreza, não importa quem você seja.
— Não, não é. — Ela pensou em como explicar. — Para algumas pessoas, a
pobreza é.… é uma atitude. Se você pensa que é pobre, sempre será pobre e,
mesmo que fique rico, uma pequena parte de você sempre se lembra de ter sido
pobre e ainda se sente pobre por dentro. Abby, Damaris e Jane, elas tinham pais
nobres e caíram na pobreza por acidente, então elas seriam boas em brincar de
Lady Bountiful. Talvez Jane, eu acho, ainda se sente pobre dentro, às vezes...
Ela balançou a cabeça. Ela saiu da pista. — Mas eu nunca poderia brincar
de Lady Bountiful, levando cestas de comida e roupas... e coisas assim para os
pobres, os verdadeiros pobres, pessoas como eu, eu acho. Pareceria totalmente
errado. Como se eu estivesse dominando sobre eles ou algo assim. Você tem que
nascer para fazer esse tipo de coisa, eu acho.
Houve um longo silêncio. — Entendo, — Ele disse finalmente.
— Então você me entende do ponto de vista?

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171feita apenas para a
leitura dos membros do Talionis. **
Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele assentiu. — Eu entendo.


— Então você vê agora por que eu sou o tipo errado de garota para você?
— Não.
— O quê? Mas eu acabei de explicar...
— Você explicou por que não quer interpretar Lady Bountiful. E que você
nasceu na pobreza. Nisso, acho que estamos bem combinados. Eu era pobre,
realmente pobre, também, e tenho esse cantinho em mim. É uma espécie de fome,
que está sempre lá, te lembrando. Assombrando você.
Ela assentiu. Era isso, certo.
— Mas, quanto a Lady Bountiful, não tenho nenhum pobre que precise de
visita ou cestas de comida. Eu não tenho nenhum pobre. No momento, minha
'propriedade' é um conjunto de quartos alugados em St. James que já foi ocupado
por Freddy Hyphen-Hyphen, e o único outro habitante é meu criado, Tibbins.
— Mas...
— É verdade que quero uma casa grande, você deve ter me ouvido falar sobre
isso uma dúzia de vezes, mas não tenho planos para uma grande propriedade de
campo com inquilinos, pobres ou não. Posso comprar uma casa no campo, talvez
em algum lugar perto da casa de Max, com vista para o mar, mas minha casa
principal será em Londres. — Ele acrescentou: — Claro, você sempre pode levar
cestas de comida para Tibbins, embora eu não saiba como ele...
— Você está rindo de mim!
Ele sorriu. — Só um pouco. Você está inventando razões, querida. Nada do
que você me disse mudou minha opinião no mínimo. Todas essas coisas que você
mencionou podem aprender se se empenhar por isso. Administrar uma casa deve
ser muito mais fácil do que administrar um negócio, mas a perspectiva disso não
a incomoda em nada.
E esse era o ponto principal.
— Sim, provavelmente poderia, se quisesse. — Ela respirou fundo. — Mas a
questão é, Flynn, eu não quero. Eu não quero ser esposa de ninguém. Não é você.
Eu gosto de você, Flynn, gosto muito de você, na verdade...
— Na verdade? — Ele perguntou.
Ela balançou a cabeça. — A questão é que, se eu fosse me casar com alguém,
provavelmente seria você.

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172feita apenas para a
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Provavelmente? — Ele se inclinou para frente, mas ela ergueu as mãos


para afastá-lo. Seus olhos eram tão azuis, que precisou de toda a força que ela
tinha para dizer o que sabia que tinha a dizer.
— Eu te disse antes, eu não quero um marido. Eu não quero ter filhos. Tenho
planos para minha vida, planos que não incluem casamento. Então... — Ela
engoliu e forçou o resto para fora. — Agradeço a oferta. Estou muito honrada por
você ter me pedido, mas sinto muito, a resposta é não.
Houve um longo silêncio. Então ele respirou fundo e se levantou. — Acho que
é melhor eu ir embora, então.
— Desculpe, Flynn, — Ela disse novamente. Ela se sentiu péssima. Era a
pior coisa do mundo ouvir que alguém não queria você. Especialmente desde que
queria.
Ela sentia algo forte por Flynn.
Ela simplesmente não queria ser uma esposa.
Ele disse. — Posso ter perdido o primeiro assalto, mas ainda não estou
pronto para jogar a toalha. — Ele deu a ela um sorriso rápido. — Eu voltarei. Eu
não desisto tão fácil, menina Daisy.
Ele saiu silenciosamente, fechando a porta atrás dele com um clique suave.
Flynn desceu lentamente as escadas. Ele não entendeu.
Ele era um bom partido, se é que ele mesmo disse. Diabos ele era uma grande
pegada: apto, forte, rico, vigoroso, com todos os seus próprios dentes e cabelos.
As mulheres gostavam dele, as damas de Llangollen à parte, e ele recebera
muitos convites para provar isso. Mas ele não ia bagunçar o leito conjugal de
ninguém, ele não tolerava a infidelidade. Ele seria um marido bom e fiel, ele sabia.
Ele sabia em seus ossos, em seu sangue que Daisy gostava dele tanto quanto
ele gostava dela.
Então, por que era tão aparentemente impensável? Tão idiota?
Ela lhe deu uma série de razões, nenhuma das quais os impedia de se casar,
no que dizia respeito a ele. Ele não se importava com o passado dela, era com o
futuro dela que ele se importava, o futuro dela com ele.
Então, o que havia de errado com a garota?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Featherby estava esperando no corredor. Ele sabia a intenção de Flynn, foi


por isso que ele o deixou ver Daisy sozinho. Ele não disse nada, não cabia a um
mordomo perguntar, mas um leve levantar de sua sobrancelha foi o suficiente.
— Ela me recusou, — Flynn disse a ele.
As sobrancelhas de Featherby se ergueram. — Você a pediu em casamento,
não foi, senhor? Quero dizer, ela sabia o que você estava oferecendo?
Flynn assentiu. — Ela sabia. Eu fui mais do que claro. Ela chamou isso de
'noção maluca'.
Featherby olhou para ele. — Que larva entrou na cabeça dela agora? — Ele
murmurou meio para si mesmo.
— Não sei, — disse Flynn. — Mas pretendo descobrir.
&&&&
Daisy esperou até ter certeza de que Flynn havia partido.
Então ela começou a chorar.
Ele não se incomodou com sua falta de virgindade, seu trabalho no bordel,
nada. Mas ele precisava de um tipo diferente de mulher para administrar sua casa
e ter seus filhos. Ele poderia pensar que queria Daisy agora, enquanto ele estava
apaixonado pelo corpo dela, e quem foi o idiota que o beijou e começou isso? Quem
o enganou? Quem enrolou as pernas descaradamente em volta da cintura dele e o
deixou fazer o que quisesse? Ela queria isso também.
Mas, uma vez que o calor passasse, ele se perguntaria por que se casou com
ela e a compararia ao tipo de dama adequada que ele poderia ter tido.
Ela sabia que seria considerada deficiente.
Ela não era do tipo para casar. Queria ser uma costureira famosa,
patrocinada por gente rica, não uma esposa e mãe, isso era para outras mulheres,
não para ela. Ela nunca quis ter filhos, nunca sonhou em tê-los, como Abby e as
outras duas faziam.
Até Lady Bea sentiu que sua vida havia sido arruinada por não poder ter um
filho. Não Daisy.
Flynn queria uma aljava cheia de crianças.
Recusá-lo era a coisa certa para os dois, ela sabia.
Mas, oh, como doeu ter que dizer não a ele.

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174feita apenas para a
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Havia uma doçura no homem que ela nunca havia encontrado em nenhum
homem antes, especialmente em um homem que também era duro, forte e
masculino. E lindo.
E rico.
E lindo.
Se tivesse nascido diferente... não, não adiantava seguir por esse caminho.
Algumas coisas na vida você poderia ter e outras era melhor nem pensar.
Pouco tempo depois, Featherby trouxe uma bandeja de chá. Daisy, que à sua
batida pegara algumas costuras para dar a impressão de que estava trabalhando,
deixou-as de lado, esperando que ele não notasse seus olhos avermelhados. Ou se
ele notasse, que ele não perguntaria sobre isso.
Ele olhou para ela uma vez, em seguida, mexeu em silêncio, servindo
pequenos bolos, um bule e uma xícara de chá. Chá forte da Índia, do jeito que ela
gostava. Seus bolos favoritos. Não estou dizendo nada.
Ele sabia. Featherby sempre soube.
Ele se curvou para fora e fechou a porta com cuidado atrás de si. Da mesma
forma que Flynn.
Eu voltarei. Eu não desisto tão fácil, menina Daisy.
Mais lágrimas vieram então. Ela piscou para longe. Ela derramou seu chá e
enquanto ela mexia no açúcar, ela se viu olhando para os torrões de açúcar
amontoados em seu pequeno prato de prata.
Ela era como um desses torrões de açúcar, todo duro e como uma pedra... até
que você derramasse em uma xícara de chá quente. Em seguida, observe-o
amolecer, derreter e se desfazer.
Mas às vezes, havia um pequeno núcleo de dureza que se recusava a se
dissolver, não importa o quão forte você o mexesse.
Ela tinha que ser aquele pequeno caroço duro de agora em diante.
Caso contrário, ela se perderia.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

Capítulo Quatorze
Foi, talvez, um daqueles casos em que o conselho é bom ou ruim apenas conforme o
evento decidir.
Jane Austen, PERSUASION

Lady Beatrice convocou todos para jantar naquela noite, apenas um jantar
em família antes de irem para seus vários compromissos: Max e Abby e Freddy e
Damaris estavam indo para o teatro, e Lady Bea estava levando Jane a um sarau
musical, que era como um show, só que na casa de alguém.
Daisy tinha ido a algumas festas nos primeiros dias em que morava com
Lady Bea. Estariam bem se as pessoas que tocavam ou cantavam fossem
talentosas, mas às vezes não eram.
Lady Bea, que estava absolutamente emocionada com o que chamava de
situação delicada de Abby e às vezes sua condição interessante e, ocasionalmente,
o evento feliz iminente, damas aparentemente adequadas não diziam grávida,
ou enjoado ou tendo um pão no forno, estava usando como uma desculpa para
juntar suas garotas com mais frequência do que nunca.
Esta noite combinava particularmente com Daisy, ela pensou muito sobre a
oferta da Sra. Foster, e agora ela estava pronta para falar com Max e Freddy sobre
parceiros silenciosos e o que eles fizeram ou não fizeram.
Felizmente, Flynn não foi incluído no convite para jantar. Ela não sabia por
que, mas suspeitava que Featherby havia dito algo a Lady Bea.
Teria sido impossível tentar falar com ele com toda a família olhando. E ela
não queria que ele soubesse sobre qualquer possibilidade de parceiro silencioso,
ainda. Ele ficaria magoado por ela preferir aceitar a ajuda de uma estranha do que
de um amigo.
Ele não entendia: ela estava tentando protegê-lo, tentando proteger a
amizade deles. Se eles tivessem uma amizade agora.
Ela empurrou isso para fora de sua mente e tentou se concentrar no
assunto em questão: a parceria silenciosa.

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176feita apenas para a
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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ela gostava de seus dois cunhados. Freddy era divertido e fácil de conversar,
mas ela estava um pouco acanhada com Max, ele era mais sério e pensativo. Muito
chefe de família. Esta noite Freddy estava sentado ao lado dela, o que tornava
as coisas mais fáceis.
— Freddy, — Ela disse depois que o primeiro prato foi retirado e enquanto os
pratos do segundo estavam sendo trazidos. — Você pode me contar um pouco sobre
o que aconteceu quando você se tornou um parceiro silencioso na Flynn & Co.?
— Daisy, minha querida garota, — interrompeu Lady Beatrice. — Não se fala
sobre assuntos tão vulgares na mesa de jantar.
— Não estou sendo vulgar, — Explicou Daisy. — Estou perguntando sobre
negócios.
— Que é um assunto vulgar, — disse a velha. — Qualquer coisa a ver com
dinheiro é. Abby querida, conte-me mais sobre esta peça que você vai assistir esta
noite. Quem você disse que está se apresentando?
Daisy revirou os olhos. A lista de coisas que uma senhora não tinha
permissão para dizer era interminável. Ela estava muito feliz por não ser uma, ela
nunca seria capaz de abrir a boca.
Assim que Abby falou sobre a peça, Freddy se inclinou para Daisy e
murmurou: — Depois do jantar. Encontro você na sala da frente. Explico então.
Daisy sorriu. — Obrigada, Freddy.
&&&&
— Mas por que você precisa saber tudo isso? — Max perguntou. Ele viera
com Freddy, e os dois passaram os últimos quinze minutos sendo salpicados de
perguntas sobre como Freddy havia se tornado um sócio silencioso em Flynn & Co.
e como a parceria funcionou.
— Tenho pensado em aceitar um parceiro silencioso para mim mesma, —
Daisy disse a ele. — Pegar o dinheiro que preciso para abrir uma loja.
— Nós vamos financiar você, — disse Max. — Você deveria ter mencionado
isso antes.
— Sim, claro, — Freddy disse. — Ou se você não quer Max e eu, as meninas
adorariam investir no seu negócio, tenho certeza. Na verdade, pensando bem,
Damaris não lhe perguntou sobre isso há algum tempo?

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Noiva no Verão
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— Sim, ela disse, e eu recusei. — Daisy se voltou para Max. — E obrigada


por oferecer, Max. Agradeço, realmente, mas não quero envolver a família.
Ele franziu a testa. — Mas é para isso que serve a família.
— Não é para mim, — Ela disse com firmeza. Se tudo desse errado, ela não
queria que sua família se envolvesse. Ela tinha acabado de conseguir uma família
e a valorizava muito, os valorizava demais para arriscá-los de alguma forma.
Assim era só dinheiro. O dinheiro vinha e o dinheiro ia.
De si mesma e de sua habilidade de fazer roupas bonitas, ela estava
confiante. Capacidade de administrar grandes quantias de dinheiro e empregar
funcionários? E atraindo o tipo certo de clientes? E ter certeza de que eles pagaram
suas contas? Nessas áreas, ela ainda precisava ser testada.
— Peça a Flynn, então, — Freddy disse. — Ele entraria como um tiro. Está
sempre de olho em um bom investimento.
— Não, amigos também não. Não peço favores às pessoas.
Freddy bufou. — Você é obstinada demais para o seu próprio bem, jovem
Daisy. Negócios significam troca de favores.
Ela balançou a cabeça. — Eu não gosto de dever às pessoas. E eu não aceito
caridade.
Max disse secamente, — Freddy e eu já temos ampla evidência de seu orgulho
e autossuficiência. Em alguns casos, isso é admirável, mas...
— A questão é que eu tenho alguém que está interessada. Ela não é uma
amiga, é mais uma cliente e uma conhecida, e tem um pé de meia, uma herança
de uma tia, assim como você, Freddy, e ela está interessada no que chama de
'investimento'. Então pensei em pedir seu conselho.
— O que você sabe sobre essa mulher? — Max perguntou.
— Não muito. Ela é viúva, seu marido era parente do marido de Lady
Gelbart. Lady Gelbart nos apresentou, ela a trouxe para a sociedade literária. A
Sra. Foster, esse é o nome dela, disse que seu marido a deixou muito bem. Ela
chamou a herança de dinheiro de graça e quer... não sei, brincar de mulher de
negócios, suponho.
Ela gostava da Sra. Foster e faria o possível para tornar o negócio um
sucesso, mas dessa forma não era pessoal. Apenas dinheiro.

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Noiva no Verão
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Ela bufou silenciosamente. Ouça o que ela pensa apenas em dinheiro, como
se crescesse em árvores.
Max e Freddy trocaram olhares. — Quanto essa mulher quer que você
coloque?
— Nada. Ela disse que me daria o dinheiro para preparar tudo. — Ela disse
a eles o quanto Sra. Foster estava disposta a investir e eles trocaram olhares uma
segunda vez. — Ela disse que teríamos que fazer a papelada para proteger os
nossos interesses, mas que eu teria cinquenta e um por cento do negócio. — Ela
se recostou. — Então, o que eu quero saber de vocês dois é, qual é o problema?
Houve um longo silêncio, finalmente Freddy agitou sua cabeça. — Não
consigo ver um, não pelo que você nos contou.
Max concordou. — Tudo vai depender da papelada, o acordo legal que ela
mencionou. Peça a Bartlett, nosso empresário, para arranjar tudo. Ele é cem por
cento confiável e garantirá que não haja cláusulas ocultas desagradáveis para
pegá-la.
Ele acrescentou: — E não olhe assim. Você não é a única que se preocupa
com a família, sabe. Eu aceito que você não quer que nós nos envolvamos, mas não
vou deixar Abby se preocupar...
— Ou Damaris, — Freddy interveio.
— Isso mesmo, — Max continuou. — Você também é nossa irmã e nós
protegemos o que é nosso.
Ele tirou a caixa de cartões do bolso, rabiscou algo no verso de um cartão e
entregou a ela. — Dê isso a Bartlett. Isso garantirá sua total cooperação. E quando
a papelada for redigida, traga uma cópia para mim antes de assinar qualquer coisa.
— Vou olhar para isso também. — Freddy se levantou de seu assento. — E
isso não é um favor, menina Daisy, é para isso que existem os cunhados.
&&&&
As coisas mudaram muito rapidamente depois disso. Max providenciou para
que Bartlett visitasse Daisy no dia seguinte, ele não achou adequado que Daisy
fosse ao local de trabalho de Bartlett, que era a sede da Flynn & Co.
Daisy não tinha tanta certeza disso, ela gostaria de ver o interior dos
escritórios de uma operação comercial mundial, mas é claro, ela não estava
disposta a discutir. Afinal, Max estava fazendo um favor a ela.
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Noiva no Verão
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Mas lhe passou pela cabeça que Flynn ficaria aborrecido com isso.
Ela não havia falado uma palavra sobre isso para Flynn. Ela não queria
contar a ele até que tudo estivesse finalizado, e isso dependeria se a parceria
silenciosa com a Sra. Foster acontecesse ou não.
Fiel à sua palavra, ele voltou, e voltou, visitando-a com a frequência de
sempre. Não para importuná-la, o que ela não poderia ter suportado, mas porque
ele disse a ela: — Não pretendo perder minha melhor amiga por causa disso.
Melhor amiga. Ela sentiu um brilho em suas palavras.
— Mas não pense que estou desistindo, — Ele acrescentou. — Vou pedir a
você apenas uma vez, todos os dias, caso você mude de ideia.
Ela não iria, mas estava feliz em saber que seria capaz de continuar a vê-
lo. Mesmo que doesse. E embora ela o quisesse mais feroz do que nunca.
Mas não pode ser. Quando se tratava de Flynn, era só olhar, mas não tocar.
Bartlett visitou Daisy logo de manhã, Lady Beatrice nem estava acordada. Ele
conversou com ela sobre a sociedade, o que ela queria com isso, como ela queria
administrar seu negócio e a levou por todos os ângulos e permutações, salpicando-
a com perguntas até que ela ficou bastante tonta.
Ele disse a ela que ligaria para o advogado da Sra. Foster em seguida. — Mas
não fique tão preocupada, Srta. Chance, — Ele disse enquanto colocava suas
anotações meticulosas e copiosas em uma pasta com capa de couro. — Nós
protegeremos seus interesses. Tudo parece bastante simples, mas vou me certificar
de que tudo está bem amarrado. — Ele sorriu. — Devo dizer que é uma grande
mudança estar em uma empresa no início. Estou ansioso para ver seu negócio
crescer.
— Da sua boca aos ouvidos de Deus, — disse Daisy com fervor. — Obrigada,
Sr. Bartlett.
Ele parou na porta. — Você vai precisar de ajuda para encontrar um local
adequado? Porque se você fosse, eu ficaria muito feliz em ajudá-lo.
Ela hesitou, não querendo pedir muito.
Ele acrescentou: — Encontrei esta casa para Lady Beatrice e também a
propriedade que é a residência de Lorde e Lady Davenham em Londres. A
propriedade é algo de meu interesse, se você quiser...

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— É muito gentil da sua parte, Sr. Bartlett, mas não sei. — Bartlett pode ser
bom em encontrar casas chiques para os ricos, mas uma loja era uma questão
totalmente diferente.
— E se eu der uma olhada no que está em oferta atualmente e enviar uma
lista de possibilidades? Você pode verificar se algo lhe interessa.
Daisy considerou isso. Custaria a ela um extra, sem dúvida, mas se isso
economizasse seu tempo... — Isso não vai afastá-lo de seu trabalho, seu trabalho
de verdade, quero dizer? Eu não gostaria de te causar problemas ou nada.
Bartlett sorriu. — Isso não vai me causar problemas, o próprio Lorde
Davenham sugeriu. Além disso, tenho assistentes que podem lidar com o que
surgir. Acredite em mim, eu adoraria a mudança.
— Então, obrigado, Sr. Bartlett, aceito isso. Deixe-me saber o que eu preciso
fazer.
— Vou manter contato.
— E Sr. Bartlet, você se importaria de não mencionar nada disso ao Sr.
Flynn? Eu gostaria de manter isso em segredo por um tempo. — Bartlett parecia
um pouco desconfortável, Flynn era seu empregador, afinal, então ela acrescentou:
— Eu gostaria que fosse uma surpresa.
Bartlett fez um arco curto. — Confie em mim.
&&&&
Dentro de alguns dias, o acordo de parceria silenciosa entre Daisy e a Sra.
Foster foi acertado, os documentos assinados por ambas as partes e uma conta
comercial aberta no banco recomendado por Bartlett. Como era o único que lidava
com Flynn & Co., Daisy ficou feliz em concordar.
Para dizer a verdade, tudo era bastante intimidante. Ela mal havia entendido
uma palavra dos papéis legais, esboçados em papel grosso, gravados,
testemunhados e selados com cera vermelha. E as somas envolvidas eram
assustadoras, para dizer o mínimo. E a velocidade com que tudo aconteceu, a
deixou sem fôlego.
Mas Bartlett explicou tudo em palavras que ela conseguia entender, e no final
de tudo... ela possuía um negócio. Dinheiro no banco e tudo.
Bartlett tinha até providenciado para que um de seus assistentes, que
acabou se revelando seu sobrinho, abrisse a contabilidade adequada e mostrasse
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a Daisy como controlar o dinheiro que entra e sai. Era muito diferente de seu
esconderijo sob o assoalho no sótão da casa da Sra. B.. E diferente novamente da
conta bancária que ela abriu sob a orientação de Max seis meses atrás, quando ele
soube que ela mantinha seu dinheiro debaixo do colchão.
Então agora ela estava pronta para começar. Ela prefere contratar
costureiras primeira, Flynn estava certo na noite do baile de máscaras quando
disse a ela que qualquer um poderia costurar e que seu talento estava no design.
Ela teria que entrevistar mulheres e ver exemplos do que elas poderiam fazer,
mas antes disso ela precisava encontrar um local adequado. Ela poderia imaginar o
rosto de Lady Beatrice se Daisy organizasse uma fila de costureiras para fazer para
entrevistas fora da casa em Berkeley Square. Já era ruim o suficiente que os
próprios amigos de Lady Beatrice viessem pedir provas.
Ela mal podia esperar para conseguir uma loja.
Ela se sentiu um pouco culpada por esconder todos esses desenvolvimentos
empolgantes de Flynn, especialmente porque Bartlett a estava ajudando muito e
Bartlett trabalhava para Flynn. Mas ele também trabalhava para Max e Freddy, o
que a fez se sentir um pouco melhor.
E com as melhores intenções do mundo, Flynn iria querer enfiar seu
babador. Ele iria querer ajudar e aconselhar, e acabaria assumindo, apenas para
ajudá-la, não significando nada, e não queria isso. Isso era dela, da sua conta.
Daisy Chance, que nunca teve nada.
Então ela não ia contar a ele até que tivesse todos os patos em uma fileira.
&&&&
— Tenho uma carruagem esperando lá embaixo, — disse Flynn alguns dias
depois de Daisy ter assinado os papéis. — Eu vim levar você para dar um passeio.
— Desculpe, Flynn, sem tempo.
Ele fez uma resposta exasperada. — Olhe para você, você está exausta de
trabalhar longas horas, costurando seus dedos até o osso e se preocupando. — Ele
segurou sua bochecha e sua voz suavizou. — Você está ficando mais magro a cada
minuto e está pálida como papel. É um lindo dia ensolarado, o tipo de dia que
vocês, londrinos, dificilmente veem, então não vamos desperdiçá-lo. Venha dar um
passeio no parque comigo, apenas por uma hora, e colocaremos alguma rosa de
volta em suas bochechas.
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Ela balançou a cabeça. — Obrigada, mas tenho que terminar isso.


— Então case comigo e deixe-me afastá-la de tudo isso.
Ela sorriu. — Eu não quero ser afastada de tudo isso. — Deus, não, não
quando ela tinha acabado de assinar um acordo de parceria com a Sra. Foster e
seu sonho finalmente se tornaria realidade.
Sua própria loja. Ela mal podia acreditar. Não faz muito tempo, tudo o que
ela possuía neste mundo era um monte de retalhos de tecido.
— Mas eu quero cuidar de você.
Ela balançou a cabeça, encantada, apesar de si mesma. — Eu posso cuidar
de mim mesma, Flynn, — Ela disse gentilmente. — Por favor, tente colocar na sua
cabeça que eu sou totalmente errada para você. Vá embora e encontre uma garota
legal e elegante que queira ser mimada, cuidada e viver sem preocupação no
mundo. Esse tipo de vida me aborreceria. — Para não mencionar intimida.
— Não quero uma moça simpática, — disse Flynn. — Eu quero você. — Ele
franziu a testa. — Isso saiu errado.
Ela riu. — Está tudo bem, eu sei o que você quer dizer, mas sério, estou
ficando cansada de ouvir essa mesma velha canção. Já lhe dei uma resposta, e se
você vai insistir nisso, vou ter que bani-lo da minha sala de trabalho.
— Você não faria isso.
— Teste-me.
Não era ele insistir no casamento que era o problema, ela reconheceu em
particular. Era ele, vindo por aí o tempo todo, fazendo-a rir, contando suas
histórias, trazendo pequenas coisas para ela - embora ela dissesse a ele que
não. Encantando-a.
E parecendo tão viril e bonito, e não fazendo segredo do quanto ele a queria,
estava matando-a resistir.
Ele estava lentamente a desgastando.
Ela se pegou sentindo falta dele quando ele se afastava, mesmo que por
alguns dias, se viu ansioso por suas visitas, elas eram quase diárias agora.
A razão pela qual ela parecia tão cansada não era apenas por causa de suas
longas horas de trabalho, nem pelo nervosismo e excitação relacionados com a
parceria. Por mais que nada fossem sonhos. Sonhos com Flynn em sua cama.
Fazendo-a toda quente e derretida e... incomodada.

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Não era Flynn que ela não queria, era o casamento.


— Tudo bem, eu prometo que não vou tocar no assunto de novo...
— Bom.
—... hoje. Você tem que me permitir pelo menos uma proposta por dia. — E
antes que ela soubesse o que ele estava fazendo, ele se inclinou e deu-lhe um beijo
rápido, mas muito completo.
De alguma forma, ele conseguiu beijá-la em cada visita. Ela tentou ficar
alerta para isso, para vigiá-lo e impedi-lo, mas... talvez ela não estivesse tão
vigilante quanto deveria. Eles eram beijos para sonhar.
Derretia seus ossos cada vez que florescia, e ele sabia disso, o grande rato.
Parecendo bastante satisfeito consigo mesmo, ele se sentou em frente a ela,
cruzando as pernas de botas compridas. — Agora, sobre o que vamos falar hoje?
E essa era outra razão pela qual ela não teve coragem de proibi-lo de visitá-
la. Ele ficou muito feliz em sentar e conversar com ela por horas a fio. Isso não
atrasou seu trabalho em nada, e era tão bom ter a companhia. Jane estava mais
ocupada do que todos tentando fazer malabarismos com um cigano e um lorde,
isso não poderia acabar bem, isso era certo, e agora que a temporada havia
começado, a casa estava sempre cheia de companhia, o que mantinha as
empregadas ocupadas até altas horas.
Daisy sabia como as criadas trabalhavam duro, ela não queria dar mais
trabalho para elas.
— Eu sei, — Flynn continuou. — Conte-me sobre como você encontrou suas
irmãs. Ou elas te encontraram? Não percebi até outro dia que era um evento tão
recente.
Naquele momento, Featherby bateu na porta. — Nota para você, Srta. Daisy.
Entregue em mãos um momento atrás. — Ele a apresentou a ela em uma bandeja
de prata. — O, er — Ele olhou para Flynn — o remetente disse que era bastante
urgente que você abrisse imediatamente.
O bilhete estava selado com uma hóstia e endereçado a ela com uma letra
que ela reconheceu. Bartlett. Daisy abriu.
Instalações adequadas disponíveis para inspeção privada antes do meio-dia
de hoje. Peço que você não demore. Imóvel no mercado amanhã, e é de qualidade e
preço para ser abocanhado imediatamente.

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Noiva no Verão
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O endereço estava listado na parte inferior. Era uma rua de Piccadilly, uma
localização excelente. Daisy olhou para o relógio. Já eram onze.
Ela deixou a costura de lado e se levantou. — Desculpe, Flynn, teremos que
conversar outra hora. Eu tenho que sair. Featherby, você pode me pedir uma
carruagem de aluguel, por favor?
Flynn se levantou, carrancudo. — O que é isso? Você está saindo? Agora?
— Sim. — Ela agarrou sua peliça fora do gancho atrás da porta e encolheu
os ombros nela.
— E ainda assim você estava muito ocupada para sair comigo.
— Isso é diferente. — Ela enfiou um chapéu na cabeça. Sem tempo para se
preocupar com a aparência.
— É isso? — Ele esperou, mas ela não ia explicar.
— Desculpe por isso, Flynn, mas eu realmente tenho que ir. Vejo você mais
tarde. — E ela desceu correndo as escadas.
Flynn a seguiu.
— Algum sinal daquela carruagem? — Ela perguntou a Featherby.
— William está na rua se esforçando para conseguir uma.
Ela esperou. E esperou. Flynn recebeu seu chapéu e casaco de Featherby.
Daisy andava de um lado para o outro no saguão de entrada, observando
Featherby, que observava William. Seria difícil não o ver, William, mas parecia
não haver nenhuma nas proximidades. Ela olhou para o relógio do corredor. 11:15.
— É urgente, não é? — Flynn disse secamente. — Porque acontece que eu
tenho uma carruagem do lado de fora, esperando. Eu pretendia levá-la para um
passeio agradável, mas se estamos correndo para um leito de morte...
Daisy olhou para Featherby, que olhou para fora, depois balançou a cabeça.
— Tudo bem então, obrigada, Flynn. — Ela o estava tratando mal, ela sabia.
Ela deu a ele o endereço e ele a ajudou a entrar na carruagem, levantando-a, sem
aviso, com as mãos nuas ao redor de sua cintura.
Ela não se importou nem um pouco. Era lindo ser tratada como se você fosse
delicada e leve, mesmo que você não fosse. — Lady Bea iria bater em você por isso,
— disse Daisy, enquanto ele subia atrás dela.
Ele sorriu. — Eu sei, mas vale a pena.
Ela riu.

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— Então, que lugar é esse que você precisa ir com tanta pressa?
Não fazia sentido manter isso em segredo agora, então ela lhe contou tudo,
sobre a Sra. Foster e a sociedade silenciosa, sobre Max e Freddy e sobre Bartlett e
por que eles estavam indo para este endereço.
Ele ouviu em silêncio e quanto mais ela dizia a ele, mais culpada ela se sentia,
escondendo dele. Afinal, fora sua sugestão que começara tudo. Ela pensou que
estava se protegendo de sua interferência, mas agora parecia... significar.
Mas nenhuma palavra de reprovação saiu de seus lábios.
E isso a fez se sentir pior do que nunca.
A loja não era bem o que Daisy esperava, para começar, não estava à venda,
mas para aluguel, um contrato de cinco anos com opção de renovação por
mais cinco. Em todos os outros aspectos, era perfeito. Ainda tinha gás conectado,
o que significava luz para trabalhar durante a escuridão do inverno, bem como no
calor.
— Um aluguel não é uma má ideia, — Flynn murmurou em seu ouvido. —
Por que amarrar todo o seu capital em um prédio?
Porque ela queria possuir algo. Algo que pertencia a ela.
— Se você alugar o local, poderá pagar mais pessoal e materiais, produzir
mais, vender mais e, em cinco anos, se precisar expandir, você pode.
Ela podia ver seu ponto. Ela estava feliz por ter convidado Flynn para
inspecionar o prédio com ela. Ele se ofereceu para esperar do lado de fora, mas ela
se sentiu cruel o suficiente, sem aumentar. — Não, venha comigo, — Ela disse a
ele. — Eu ficaria feliz com outra opinião.
Para falar a verdade, estava mais do que um pouco nervosa. Nunca gastou
tanto dinheiro em sua vida, nunca teve tanto. As somas eram assustadoras para
uma garota que ganhava alguns guinéus por ano, mais comida e cama.
Gibbins, o agente, era um homem baixo e elegante, com um sotaque que
era bastante refinado, mas quando percebeu que estava conversando com um
irlandês e uma londrina, suas origens no East End tornaram-se mais evidentes e
sua atitude ligeiramente superior.
Quanto mais paternalista ele se tornava, menos nervosa Daisy ficava. Ela
logo percebeu que ele a descartou completamente, para Gibbins, ela poderia muito
bem ser papel de parede.

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Desde o início, ele se dirigiu inteiramente a Flynn.


Para crédito de Flynn, ele não fez nada para encorajá-lo, além de parecer
grande, impressionante e bonito, o que ela supôs que ele não poderia ajudar. Ele
quase não falou uma palavra, deixou tudo para Daisy. Como ele deveria.
As afetações do agente não incomodavam Daisy, mas quando, durante a
inspeção, ele continuou a se dirigir exclusivamente a Flynn, quando era ela
quem fazia todas as perguntas, ela finalmente viu tudo vermelho.
Ela o cutucou nas costelas. — Oi, cara! Sou eu com quem você está
negociando, não ele. E eu estou bem aqui.
Gibbins franziu a testa e olhou para Flynn em busca de confirmação, o que
deixou Daisy ainda mais furiosa.
Flynn encolheu os ombros. — Eu sou apenas o motorista.
Gibbins franziu os lábios. — Você quer dizer que a propriedade seria alugada
por uma mulher? — Ele ainda estava falando com Flynn. Daisy o teria acertado na
orelha, mas realmente gostava deste prédio. Quanto mais ela via, mais ela queria.
Os olhos de Flynn endureceram. — Uma senhora, sim.
— E ainda estou parada aqui — disse Daisy, cutucando Gibbins nas costas.
Ele se virou rigidamente. — Mas eu entendi... minha comunicação foi com
um Sr. Bartlett.
— Está correto. Meu homem de negócios — Daisy declara com altivez.
Flynn teve um ataque repentino de tosse e virou as costas. Daisy o ignorou.
Para o Sr. Gibbins, ela disse: — Agora, vamos fazer negócios ou meu homem
Bartlett tem que dizer ao proprietário que você recusou uma boa oferta porque era
muito obstinado para negociar com uma mulher?
Gibbins parecia infeliz. — Eu não sei... você não tem um marido que pode
assinar por você?
Flynn se mexeu inquieto. Daisy tinha certeza de que ele diria algo, diria a
Gibbins que se casaria com ela ou algo assim. Ela estreitou os olhos para ele em
uma silenciosa ameaça de morte se ele dissesse alguma coisa, então disse a
Gibbins: — Não, estou bem, não tenho marido. No entanto, tenho uma conta
bancária muito saudável. Agora você vai andar por aí como uma criança em uma
confeitaria ou vai me dar o aluguel?

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Gibbins ficou indignado com a franqueza dela, mas depois de um momento


assentiu. — É muito irregular, mas suponho que sim. — Ele pegou alguns papéis.
Daisy hesitou, queria assiná-los imediatamente, conseguir a loja
imediatamente, mas documentos como esses podiam conter armadilhas legais
para os incautos, e ela sabia que não entenderia a terminologia. Ela pegou os
documentos. — Vou pedir a Bartlett que dê uma olhada neles, depois vou assiná-
los e mandar de volta. Enquanto isso, pegarei as chaves. — Ela estendeu a mão
imperiosamente.
Gibbins hesitou.
— Grande erro se você não fizer isso, — murmurou Flynn.
Gibbins olhou para Flynn, olhou para o rosto de Daisy e entregou
humildemente as chaves.
O punho de Daisy fechou-se sobre elas. Ela prendeu a respiração, parecendo
desdenhosa e irritada, até que o homenzinho odioso se foi. Ela trancou a porta
atrás dele, caso ele mudasse de ideia, então soltou o ar em uma rajada de alívio. Ela
se virou para Flynn. — Entendi, Flynn. Eu comprei uma loja para mim!
— Você foi brilhante, lidou com ele perfeitamente, — Ele disse, agarrando-a
pela cintura e girando-a até que ela ficasse tonta e rindo. Ele a deixou deslizar
lentamente por seu corpo, devorando-a com os olhos.
Uma repentina tensão encheu o ar. Ele baixou a boca para a dela, mas depois
de um breve roçar de lábios ela se desvencilhou de seus braços, muito cheia de
excitação, muito nervosa e tensa, para deixá-lo ir mais longe.
— Vamos, — Ela disse, ofegando um pouco. — Vamos olhar de novo.
— Você já não superou isso com um pente fino?
— Sim, mas aquele homenzinho horrível estava me distraindo e, eu tenho
uma loja, Flynn! Quero repassar tudo de novo, agora que é meu. Decidir o que vou
fazer com isso. — Ela estava muito animada para ficar parada.
Com um sorriso triste, ele a seguiu por cada cômodo novamente.
A loja, seu próprio lugar! Pelos próximos cinco anos, pelo menos, era estreita,
mas tinha três andares de altura. O andar térreo consistia em duas seções, uma
área de loja mais formal com uma linda janela saliente e uma seção traseira que
era bem iluminada e espaçosa, mas um pouco suja e desgastada.

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— Nada que um pouco de tinta e graxa de cotovelo não consertem, — Ela


declarou. — Vou conseguir cortinas para aquela janela saliente, veludo, eu acho.
Verde. Ou talvez marfim. E o mesmo para proteger a área posterior. E um bom
tapete grosso no chão. E algumas cadeiras elegantes. E um enorme espelho com
debrum dourado. Talvez dois.
O próximo andar tinha grandes janelas nos dois lados, o prédio estava
situado em um bloco de canto, perfeito para uma área de trabalho. A luz era
fundamental para as costureiras. Claro que algumas delas levariam o trabalho
para casa, mas a maioria estaria trabalhando aqui.
A entrada dos fundos levava direto para as escadas, havia dois conjuntos,
um nos fundos, que atendia a todo o prédio, e um que levava apenas ao primeiro
andar. — Um para aristocratas e um para o resto de nós, — Daisy cantou.
O último andar seria usado para armazenamento e um local para ela
trabalhar. Ela já podia ver a grande mesa que colocaria sob a janela do meio. E
uma mesa no canto para as contas e livros de pedidos.
— Não me lembro de ter visto isso. — Parecia um armário, mas quando ela
abriu, encontrou um conjunto estreito de escadas. — Para onde você acha que vai?
A escada conduzia a um sótão comprido e baixo que ocupava toda a extensão
do edifício. Seis janelas foram colocadas no telhado inclinado. Elas estavam sujas
e não deixavam entrar muita luz, mas isso era facilmente consertado. A sala estava
empoeirada, mas seca. Água, sabão e um pouco de graxa de cotovelo o tornariam
um complemento útil para sua área de armazenamento. Ela olhou para as janelas.
Talvez até uma área de trabalho.
Em uma extremidade havia uma cama velha, sem colchão, apenas uma
cabeceira, quatro pernas e uma estrutura de cordas pendentes. No meio, havia
uma mesa comprida que poderia ser usada para desenhar e recortar. Algumas
cadeiras velhas quebradas estavam caídas em um canto.
— Oh, olhe para isso. — Uma porta no final dava para o telhado. — Você
pode ver metade de Londres daqui, — Ela respirou. — Olha, Flynn, esse é o meu
reino lá fora. Não é lindo?
— Lindo, — Ele murmurou e havia algo em seu tom que a fez olhar ao redor.
Ele não estava olhando para a vista. Ele estava olhando para Daisy.

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Noiva no Verão
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— Estou feliz que você veio comigo, Flynn, — Ela disse suavemente. —
Obrigada por estar aqui e por me defender.
— Estou feliz também, — Ele disse. — Eu precisava ver meu rival.
— Rival? — Ela franziu a testa, confusa. — O que você quer dizer?
— Isto. — Ele gesticulou para a loja, seu olhar não deixando seu rosto. —
Isso é o que nos mantém separados, não é? O que você quer em vez de mim.
Houve um longo silêncio. A brisa aumentou. Abaixo dela, ela podia ouvir o
estrondo da cidade, o arrulhar dos pombos. — Não é assim, — Ela disse finalmente.
— Não é? — Havia um fio de amargura em sua voz.
E era parcialmente verdade, não podia negar, mas apenas parcialmente.
Olhando para aqueles olhos azuis, azuis, pela primeira vez não brilhando com
maldade e riso e arrogância, todas as suas resoluções caíram.
Era o casamento que ela estava rejeitando, não Flynn. Flynn ela queria com
uma fome ardente. E agora, com a excitação correndo em suas veias, na porta de
seu sonho se tornando realidade, ela precisava ver como ele, compartilhar este
momento com ele. Amando-o.
Ela deu um passo à frente e colocou as palmas das mãos no peito dele,
sentindo a força e o calor sob seus dedos. — Eu quero você, Flynn. Eu quero algo
forte para você. — E ela puxou a cabeça dele para mostrar a ele exatamente o

quanto.

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Noiva no Verão
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Capítulo Quinze
— Venha agora, — Ele disse... — Por favor, venha, você deve vir, eu declaro que
você deve vir.
JANE AUSTEN, SENSE AND SENSIBILITY

No momento em que o provou, percebeu o quanto ansiava por seu gosto,


quente, masculino, escuro e viciante. Seus sonhos não eram nada comparados a
isso. Senhor, mas o homem sabia beijar. O deslizamento lento e deliberado de sua
língua sobre a dela derreteu seus ossos, roubou o fôlego de seu corpo.
Ela enfiou os dedos na espessura de seu cabelo preto e o segurou perto,
angulando sua boca para explorá-lo mais profundamente. Ele gemeu e seus braços
se apertaram ao redor dela.
Sem quebrar o beijo, ele a ergueu e a carregou para a mesa, colocando-a
sobre ela. Suas pernas se abriram e ela as envolveu em torno de seus quadris,
puxando-o com força contra ela.
Ela soltou sua boca e, ofegante, recostou-se por um momento apenas para
olhar para ele. Seus olhos eram escuros como a noite mais escura, azul meia-noite
e ainda de alguma forma... quente. Ela estendeu a mão para os botões de seu
colete, assim como ele estendeu a mão para os botões de seu vestido.
Suas mãos se chocaram e eles riram, e então a risada morreu e ela estava
febrilmente desfazendo seu colete, desfazendo sua gravata elegantemente atada e
deixando-o cair para um lado. Ela alcançou a abertura de sua camisa,
desesperada para senti-lo, pele com pele. Linho da melhor qualidade, mas o
pescoço era muito estreito.
Ela passou as mãos sobre ele, apreciando a sensação de sua força sob o
tecido liso. Seus dedos encontraram seus pequenos mamilos masculinos, erguidos
duros e desejosos. Ela abaixou a cabeça ruiva e chupou um através do tecido da
camisa dele.
— Deus, moça, você está me matando, — Ele gemeu. — Não pare.
Ela mudou sua atenção para o outro, mordendo-o suavemente e sorriu
quando ele gemeu novamente, jogando a cabeça para trás. Ele se afastou um pouco

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Noiva no Verão
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dela e, sem pensar, as coxas dela se apertaram ao redor dele. Ela não estava pronta
para deixá-lo ir ainda.
Ele sentiu e deu um sorriso rápido. — Não se preocupe, não vou a lugar
nenhum. — Ele tirou a camisa pela cabeça e a jogou de lado. Ele flutuou para
o chão empoeirado sem ser notado.
Daisy não conseguia tirar os olhos dele. Pele dourada com uma pitada de
cabelo escuro em seu peito largo, ele era todo um homem musculoso e duro. —
Deus, Flynn, você é lindo. — Ela traçou a linha de seu peito com um dedo.
— Os homens não são lindos, — Ele disse, mas ela podia ver que ele estava
satisfeito com o elogio.
— Você é. — Ela ergueu a bunda, se contorceu, puxando a saia.
— O que você está fazendo? — Ele gemeu, seus quadris ainda presos entre
suas coxas. — Meu Deus, mas você está me matando, garota Daisy.
— Molho para o ganso, — Ela murmurou.
— Chamando-me de gans...— Suas palavras morreram quando ela puxou o
vestido por cima da cabeça e o deixou cair na mesa ao lado dela. Seu olhar queimou
nela.
Sua camisa era fina, de cambraia fina, perfeitamente simples e sem adornos,
mas delicada o suficiente para ver através. Ela não usava nada por baixo, seus
mamilos visíveis. Ela podia senti-los duros e latejantes, ansiosos por seu toque.
— Agora, se estamos falando de beleza aqui... — Ele se curvou e, segurando
seu seio com uma das mãos, pegou um mamilo dolorido na boca, sugando-o
através do tecido, e foi a vez dela se arquear e gemer. Ela agarrou seu cabelo,
beijando qualquer parte que pudesse, suas mãos vagando sobre ele, aprendendo
como ele era.
Agora suas mãos se moveram para baixo.
— Nós deveríamos... — As palavras morreram, estranguladas em sua
garganta quando a palma de sua mão se acomodou sobre a queda de suas calças,
segurando-o. Por mais duro que fosse, ele endureceu ainda mais sob o toque
dela. Ela esfregou a mão sobre seu pênis, explorando a forma dele através da pele
de veado macia e flexível.
— Não, — Ele gemeu, se afastando. — Eu vou explodir.
Ela fez um som, meio riso, meio ofego. — Essa é a ideia, não é?

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Noiva no Verão
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Não houve nenhum suspiro de hesitação nela. Ela desamarrou a calça dele
com dedos estranhamente desajeitados. Ela o queria, agora.
Ela o soltou, ele era um menino crescido, seu Flynn. A mão dela fechou em
torno da espessura dele.
Ele fez um som áspero e ela olhou para o rosto dele.
Ela podia sentir a tensão nele, ele estava lutando para se controlar. Ela
acariciou todo o comprimento dele, leve e delicado como lombo de cardo, e ele
endureceu ainda mais sob seu toque. Ele estava duro e macio, a pele mais macia
do que a melhor pele de veado, dura e quente por baixo. Ela o acariciou novamente,
desta vez com mais firmeza, e observou enquanto seus olhos arderam mais negros
e a tensão nele aumentou.
Em ambos.
Ele estava bancando o cavalheiro, ela percebeu vagamente, deixando-a
controlar o quão longe e rápido. Seu corpo estava tremendo com a tensão disso.
— É você quem está me matando, Flynn, — Ela sussurrou contra a pele
quente de seu peito, porque como você poderia não amar um homem assim? E
ainda assim ela não podia se permitir. Só poderia ser isso. Tinha que ser.
Chega de espera. Ele estava tenso como uma corda de arco, ela estava
molhada e latejando, doendo por ele. Suas coxas tremeram de desejo. E ela estava
se afogando em seus olhos escuros como o mar.
Ela o posicionou, sentindo a ponta quente e cega cutucando sua entrada. Ele
não precisava de mais sinais. Ele se lançou para dentro dela, uma posse longa e
suave que estremeceu através dela gloriosamente e arqueou as costas, empurrando
os quadris para recebê-lo.
Ele se moveu, empurrando, puxando para trás, empurrando... mais e
mais... seu corpo o acolheu, quente e apertado, agarrando-o como uma luva,
sentindo-se tão bem, tão bem. Estremecimentos começaram dentro dela quando
ela se arqueou e apertou ao redor dele.
Seus dedos tocaram onde eles estavam unidos e ela gritou e mordeu seu
ombro. E quebrou em torno dele. Vagamente ela o sentiu gozar, enquanto flutuava
para longe em um jorro quente de êxtase... e esquecimento.
&&&&

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Noiva no Verão
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Daisy deitou-se sobre a mesa, um braço atrás da cabeça, o outro apoiado no


peito nu de Flynn. Ele estava esparramado ao lado dela.
Ela se espreguiçou e estremeceu. — Ooh, temos que parar de fazer amor nas
mesas.
Ele rolou e acariciou sua coxa nua com um dedo. — Elas têm seus encantos,
principalmente conveniência, mas você está certa. A partir de agora faremos amor
na nossa cama. Conforto e conveniência.
Ela se sentou e olhou para ele. — 'Nossa cama'? Não há nossa cama.
— Quando formos casados, quero dizer.
Ela suspirou. — Não vamos nos casar, Flynn.
Ele se sentou, carrancudo. — Nós nos damos muito bem.
— Não, não damos.
Ele deu a ela um olhar perplexo e zangado. — O que diabos foi isso então?
— Ele gesticulou para a mesa, suas roupas espalhadas.
— Não casamento, isso é certo. — Ela pulou da mesa, ajeitou a camisa e
pegou o vestido.
Ele a agarrou e a puxou para encará-lo. — Você disse que me queria, queria
'algo forte'. Então, do que diabos você está jogando, soprando quente e frio?
Ela se livrou de seu aperto e começou a colocar as roupas de volta. — Eu
quero você, seu grande idiota irlandês, não acabei de provar isso?
— Então...
— Eu só não quero me casar. Especialmente agora. — Ela pegou sua camisa
do chão, sacudiu-a e entregou a ele. — Coloque sua camisa. É perturbador.
Ele a ignorou. — Por que especialmente agora?
— Tenho ainda mais a perder. — Ela gesticulou para os arredores.
— Que diabos você está falando? O que você tem a perder? Se você se casar
comigo, você será uma mulher rica.
Ela balançou a cabeça. — Não. Se eu me casar com você, tudo que eu possuo
pertencerá a você. Essa é a lei.
— Então? Que diferença isso faria?
Daisy lançou-lhe um olhar exasperado. Ele realmente não podia ver? Uma
das meninas do bordel nascera rica. Ela se casou com um cara bonito, mas

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Noiva no Verão
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descobriu que ele só queria o dinheiro dela. Ele vendeu a casa dela, pegou o
dinheiro e a largou, deixando-a sem um tostão.
Não havia nada que ela pudesse fazer a respeito. Era a lei: no momento em
que ela se casou, o marido possuía tudo. Ela até foi a um magistrado. Ele
resmungou e foi muito simpático, mas a lei era a lei ele disse a ela, e não havia
nada que ele pudesse fazer.
Foi assim que a pobre garota acabou ganhando a vida no bordel, por meio
do casamento.
Daisy suspeitou que essa também era a razão pela qual a Sra. Foster não
estava procurando outro marido. Por que ela faria isso, quando a vida de uma viúva
rica era muito mais segura?
Ela olhou para Flynn, que finalmente vestiu a camisa e abotoou as calças e
era muito menos perturbador. — E se fosse invertido? — Ela perguntou a ele. — E
se tudo que você possui, todos os seus navios e tudo, fosse entregue a mim. Você
não teria nem mesmo uma palavra a dizer sobre o que eu faria com isso, não
legalmente. Você se casaria comigo nessas circunstâncias?
Ele hesitou.
— Veja? — Ela disse suavemente. — É assim que eu também me sinto.
— Eu ainda me casaria com você, — Ele disse.
Ela riu. — Você não casaria.
— Eu me casaria. Eu confio em você para fazer a coisa certa e me devolver
minha empresa. Não se trata de direitos legais, Daisy, amor, trata-se de confiança.
Ela mordeu o lábio. — Ah, bem então, esse é o meu problema. Não sei se
posso.
Suas mãos congelaram no meio do nó de sua gravata. Ele estava fazendo
uma bagunça certa também. — Você não confiaria em mim?
— Aqui, deixe-me. — Ela o empurrou de volta para se sentar na mesa, desfez
a gravata, sacudiu-a e esticou-a para tirar o pior das rugas, passando-a para a
frente e para trás sobre o joelho dobrado.
Ele observou em silêncio, seus olhos perfurando-a. Ela se colocou entre suas
coxas abertas e enrolou a estreita tira de musselina em seu pescoço, tentando não
estar ciente de quão perto ele estava. Ela podia sentir o cheiro de seu corpo,
atraente e masculino, sentir o calor de suas coxas poderosas. A fricção suave de

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sua mandíbula, escura com a barba raspada recentemente. A sensação daqueles


pelos em sua pele era deliciosa.
Por dois alfinetes ela o empurraria para trás e faria o que queria com ele
novamente.
Mas isso não resolveria nada. Provavelmente ia piorar. Havia uma rigidez
nele agora que não tinha nada a ver com excitação e tudo a ver com estar ofendido.
Ela já havia pisoteado seu orgulho o suficiente hoje.
Ela enfiou as pontas para dentro e deu um passo para trás.
— Pronto?
Ela assentiu. — Não é perfeito, mas vai servir.
— Obrigado. Agora você estava prestes a me explicar por que não confia em
mim.
— Bem, eu provavelmente iria confiar em você.
A rigidez diminuiu ligeiramente. Então ele viu sua expressão e franziu a
testa. — Mas?
Ela encolheu os ombros. — Eu sou uma idiota assim. Eu confio muito fácil.
Fui levada para um passeio duas vezes na minha vida e perdi tudo nas duas vezes
por pessoas em quem confiava. — Ela balançou a cabeça. — Eu não tenho nenhum
julgamento quando se trata de confiar nas pessoas, não quando se trata de
mim... não quando sentimentos estão envolvidos.
— Sentimentos, hein? — Ele se aproximou.
Ela deu um passo para trás. — Sim, sentimentos e eu não vou dizer mais
nada, então não force. Já é difícil o suficiente.
— É certamente difícil o suficiente, — Ele murmurou, baixando o olhar.
Ela seguiu seu olhar até a queda de suas calças e riu. — Você é rápido, não
é? Mas acho uma má ideia. Você só vai começar a falar sobre casamento de novo.
Ele a puxou contra ele para um beijo rápido e forte. — Conte com isso,
querida. Mas não hoje. Uma proposta por dia, lembra? E terminamos por hoje.
E porque o homem beijava como um sonho, e ela já estava meio derretida e
excitada, e porque ela era uma mulher de vontade fraca que não tinha um único
osso em seu corpo que pudesse resistir a ele, ela rolou de volta na mesa com ele, e
fizeram amor como se não houvesse amanhã.

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Porquê do jeito que as coisas estavam indo, poderia não haver, não para ela
e Flynn. Se ele continuasse assim, ela teria que parar de vê-lo completamente. Isso
a mataria, mas ela não via solução para o problema deles.
Ele queria casamento e ela não. Fim da história.
Depois disso, eles ficaram saciados e sem ossos. Flynn foi o primeiro a se
mexer. A mesa estava dura e desconfortável. Ele puxou a roupa para o lugar, pegou
Daisy em seus braços e carregou-a para o telhado que dava para a cidade. Ele a
acomodou contra seu peito e eles se sentaram em silêncio olhando para a enorme
cidade pulsante.
Abaixo deles, carruagens passavam ruidosamente, um homem vendedor de
torta grita suas mercadorias, moleques gritavam, um cachorro latia, os sons
subiam flutuando, parecendo vir de quilômetros de distância.
Parecia que eles estavam sentados no topo do mundo.
— Essas duas pessoas que traíram tanto a sua confiança, — disse Flynn
depois de um tempo. — Quem eram eles? Homens?
Daisy sacudiu a cabeça. — Só um era homem, embora eu não saiba que o
chamaria de homem. Mais como um verme, na verdade. Artie Bell era o nome dele.
— Ficou em silêncio por um tempo, refletindo, então disse: — Eu tinha dezesseis
anos e estava pronta para ser colhida. Ele quebrou meu coração e me roubou
cegamente, o porco. — Ela suspirou. — EU não tinha muito, mas ele tirou todas
as minhas economias, tudo que eu economizei desde que era criança, cada centavo
que eu já ganhei. Não apenas o dinheiro, eu também algumas peças preciosas,
algumas não valiosos, apenas coisas que eram preciosas para mim.
A brisa estava aumentando. Flynn ajustou sua posição e puxou o casaco ao
redor dela.
— Algumas joias, um broche que uma das garotas me deu quando ela saiu
para se casar, algumas delas sim, você sabe. E um botão prateado que havia
caído do casaco de um dos cavalheiros. Eu me ofereci para costurá-lo de volta para
ele, mas ele me disse para ficar com ele, que ele compraria um casaco novo. — Ela
olhou para Flynn. — Quem compraria um casaco novo em vez de pregar em um
botão? Mas isso é ótimo para você.
— Como ele encontrou suas coisas, este Artie, quero dizer?

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— Não sei. Escondi-o sob uma tábua do assoalho do quartinho do sótão que
dividia com uma das outras criadas. Não sei como ele o encontrou, eu nunca
mostrei para ninguém, nem uma alma, mas no dia em que ele se foi, também
minhas coisas. Tudo, cada coisa abençoada, até a poeira.
— Você brigou?
— Não, ele só... desapareceu. Eu fui tão idiota. Amor jovem. — Ela bufou. —
Acontece que ele tinha uma esposa ou duas e filhos com mais três meninas. Ele
era um encantador, aquele Artie. Um rato de sarjeta completo e trapaceiro.
— O que aconteceu com ele?
Ela ergueu um ombro. — Não sei. Teve um final ruim, espero.
Ele a puxou para mais perto dele. — Quem era o outro? A outra pessoa que
quebrou sua confiança. Outro amante?
Ela fez um som amargo. — Não era um cara com certeza. Mas tão baixo
quanto.
— Uma mulher? Quem?
Ela balançou a cabeça. — Não importa mais. Água de baixo da ponte.
Mas isso importava para Flynn. Se ele quisesse mudar a mente de sua
teimosa putinha e convencê-la a se casar com ele, ele tinha que entender por que
ela era tão incapaz de confiar nele.
Mas agora ela estava se mexendo em seus braços, se espreguiçando
e murmurando sobre voltar ao trabalho. Isso duraria mais um dia. Ele fez
progresso hoje.
Esta manhã, tudo o que ele queria era levá-la para um passeio. Agora eles
fizeram amor, duas vezes. Ela era uma pequena noz dura com certeza, mas doce e
limpa e decente e amorosa, e ele a queria agora mais do que nunca.
Ele era um homem que entendia o jogo longo e gostava de desafios.
&&&&
As semanas seguintes passaram em um frenesi de atividade para Daisy. Ela
havia levado as meninas e Lady Bea para inspecionar sua loja e a Sra. Foster
também, como sua parceira silenciosa. Todos se divertiram muito fazendo
sugestões, principalmente para a decoração da parte frontal.
Verde claro e creme com toques de rosa foi a escolha da cor final, papel de
parede creme com um desenho em relevo e tons de verde para as cortinas e móveis,
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198feita apenas para a
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e alguns toques de rosa, incluindo tons claros de rosa, que Daisy afirmou daria
uma luz mais lisonjeira.
A Sra. Foster estava pronta para oferecer sugestões no início. — Eu deveria
ser uma parceira silenciosa, Daisy querida — Elas usavam o primeiro nome
atualmente — Então eu não acho que deveria.
Daisy sorriu. — Eu não me importo. Eu direi se você ficar muito mandona.
— Ela se acalmou um pouco. — É o seu dinheiro que estou gastando e é a primeira
vez que faço algo assim. Tem sido o meu sonho por tanto tempo, mas sempre pensei
que minha primeira loja seria um carrinho de mão na Petticoat Lane ou um dos
mercados, não algo tão chique como este.
Louisa Foster era um pouco chique, mas também surpreendentemente
prática, e Daisy se sentiu mais confortável tendo alguém com quem compartilhar
a tomada de decisões.
Flynn também foi muito prestativo e interessado, mas Daisy teve um pouco
de cautela ao pedir seus conselhos, ele tinha uma tendência a assumir as
responsabilidades.
Embora... ela pensou naquela primeira vez no sótão, fazendo amor na
mesa. Ele não tinha assumido então. Conteve-se, deixando-a assumir a liderança,
e não foi fácil, ela sentiu o quão tenso ele estava com o esforço de segurá-la,
esperando até que ela estivesse pronta. Muitos homens não fariam isso.
Na segunda vez, ele a tomou rápido e forte e não tão cuidadoso, deixando-se
ir, um pouco áspero, um pouco selvagem, mas não totalmente fora de controle. Um
ousado bucaneiro que a levou às alturas e mais. Ela amou cada minuto disso, e
seu corpo formigou e ronronou por muito tempo depois.
Ela não sabia que poderia ser assim. Muito glorioso.
Ela tinha vinte e dois ou três anos, ou por aí, uma mulher experiente que
pensava que sabia tudo o que havia para saber sobre sexo, mas Flynn tinha
mostrado que ela não sabia tanto quanto pensava.
Ela conhecia técnicas e posições, as garotas da Sra. B eram bastante francas
sobre esse lado das coisas, mas era tudo para o prazer dos homens, não delas. As
mulheres precisam dar prazer a si mesmas, disseram, porque os homens não se
importam.
Flynn cuidava do prazer de Daisy todas as vezes. Ele era raro, certo.

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Sentindo prazer assim, na primeira vez devagar e cuidadoso, tratando-a


como algo precioso, ou na segunda vez, tomando-a vigoroso, ele poderia tomá-la
da maneira que quisesse e ela gostava. Mas despertou sentimentos nela,
sentimentos que não queria ter.
Ele iria quebrar seu coração, Flynn iria.
Quando ele finalmente entendesse que ela nunca se casaria com ele, quando
ele desse meia-volta e se casasse com uma senhora nobre e gentil que ele sempre
quis, isso iria matá-la.
Ela sobreviveria, disse a si mesma. A vida era cheia de altos e baixos e uma
coisa que ela aprendeu: ela era uma sobrevivente.
Agora ela passava quase todos os dias na loja, supervisionando operários,
Bartlett havia negociado com o agente para uma reforma completa, Deus o
abençoe, entrevistando mulheres que sabiam costurar e bordar, pegando
equipamentos e suprimentos e colocando as coisas em funcionamento.
Ela lidou com os andares superiores primeiro, tornando-os adequados
para suas mulheres para trabalhar eram sua primeira prioridade. Ela tinha as
paredes esfregadas, seladas e pintadas e as tábuas do assoalho lixadas e polidas
até uma lisura acetinada, nenhuma lasca afiada ou arranhão seria deixado para
cima para pegar seus preciosos tecidos. As mesas e bancos também, ela havia
limpado e polido novamente.
Em seguida foi o sótão. A grande mesa em que ela e Flynn fizeram amor -
duas vezes, era grande demais para ser levada para baixo. Deve ter sido colocada
na construção do local. Daisy decidiu fazer do sótão sua própria área e usar a mesa
para planos e esboços. Era claro e arejado e ela adorava a vista do telhado.
Ela o dividiu em dois ambientes, um três vezes o tamanho do outro. Ela tinha
o grande forrado com prateleiras e armários de armazenamento. A pequena sala
continha a porta para o espaço do telhado. Ela tinha todo o sótão pintado e
mobiliado e instalado um fogão esmaltado francês para aquecer no inverno.
A sugestão de Louisa Foster, aqueles fogões, eles eram claros e o fogo estava
totalmente fechado para que não houvesse perigo de faíscas voadoras, carvão
quente ou fumaça escapando. O melhor de tudo é que eram maravilhosamente
quentes, disse Louisa, ela achava as casas inglesas muito frias.

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200feita apenas para a
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Daisy acreditou em sua palavra e instalou um em cada andar. As mulheres


não podiam costurar com dedos frios. Além disso, além de úteis, eram elegantes,
incomuns e franceses, os aristocratas adoravam coisas desse tipo, especialmente
se fossem franceses.
Quando chegou o momento de decorar a área do andar térreo, o negócio
incipiente da Daisy estava instalado e funcionando. Ela tinha meia dúzia de
mulheres trabalhando para ela e os pedidos pelos quais ela estava perdendo o sono
foram todos cumpridos, e mais já estavam chegando.
Assim que o trabalho começou no andar térreo, Lady Beatrice passou
a visitá-la a intervalos de alguns dias. Após a primeira visita, ela mandou descer
sua própria cadeira e sentou-se entronizada no meio das coisas, imune a
insinuações de que ela estava no caminho, com Featherby de pé caso ela precisasse
de algo. William estava no País de Gales.
Ela assistiu aos trabalhadores como um falcão, erguendo seu lornhão e
mirando sua bengala de ébano para apontar que eles erraram um pouco. Os
grandes trabalhadores rudes de Daisy pisavam levemente em torno dela, tentando
não praguejar.
— É um pouco como trabalhar com a rainha assistindo, — um deles disse a
Daisy.
— Por que você continua voltando? — Daisy perguntou à velha. — Eu pensei
que você disse que falar de negócios era vulgar.
— Isto é. Na mesa de jantar e em todas as outras ocasiões sociais não exibe
um interesse vulgar em dinheiro e a realização do mesmo. Uma senhora nem
mesmo reconhece que tal coisa existe. Isso é assunto dos homens.
— Que se dane, — disse Daisy. — Sim, desculpe, eu sei que devo parar de
xingar, mas somos apenas você e eu aqui. Então, se é tão vulgar, como é que você
fica caindo aqui a cada dois dias? Não achei que seria o tipo de coisa em que você
estaria interessada, com toda essa poeira e barulho e grandes homens rudes
batendo forte por aí.
— Não, querida garota, mas ajuda a manter minha mente longe das bobagens
de Jane. — Jane tinha levado William e Polly e ido vagabundear para o País de
Gales. Em uma caça ao ganso selvagem, Daisy calculou.

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201feita apenas para a
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— Além disso, — a velha senhora acrescentou, — Eu gosto de ver os homens


se esforçando para agradar uma mulher. Acho que é bastante revigorante.
Bastante — Ela ergueu seu lornhão para olhar um jovem trabalhador que teve a
ousadia de tirar a camisa e estava trabalhando em um colete de cordão, seus
músculos brilhando de suor -— Estimulante.
As senhoras da sociedade literária também estavam curiosas sobre o novo
empreendimento de Daisy. Elas a questionaram e Louisa sobre isso
indefinidamente durante os intervalos. Elas nunca conheceram ninguém que fosse
dona de uma loja, embora elas comprassem o tempo todo.
Os lojistas estavam abaixo delas e nunca pensavam neles. Algumas das
senhoras eram desdenhosas, é verdade, mas nunca aprovaram que Lady Beatrice
incluísse Daisy em todas as suas atividades, algumas tinha por acaso um lojista
na família, é claro, homens, seriam homens, mas não é preciso reconhecê-los,
quanto mais incluí-los nos eventos da sociedade.
— Tudo isso é absurdo, — Lady Beatrice disse, e Daisy concordou.
A maioria das mulheres, porém, especialmente as amigas particulares de
Lady Beatrice, estavam animadas e quase maternal por Daisy. De alguma forma,
apesar de suas origens humildes e sotaque comum e os ocasionais palavrões que
ainda escapavam, Daisy havia se tornado sua mascote.
Elas também ficaram fascinadas com o envolvimento de Louisa como um
parceiro silencioso. Você podia vê-las considerando que era algo que gostariam de
fazer, senhoras elegantes nunca tinham o suficiente para fazer e estavam sempre
loucas por alguma novidade. E, por enquanto, era a loja de Daisy.
Esse nível de interesse não duraria e Daisy estava determinada a aproveitá-
lo ao máximo.
— Seria vulgar dar uma pequena festa na minha loja no dia em que a abrir?
— Perguntou ela a Lady Bea uma noite, depois do jantar.
Lady Beatrice considerou isso. — Depende do que você pretende fazer. Quão
vulgar?
— Quero dizer convidar as pessoas para a loja, dar vinho e bolinhos. E ter
Abby e as meninas se vestindo, usando roupas que eu fiz e exibindo-as.
A boca de Lady Beatrice puxou para baixo. — Minhas garotas se enfeitando?
Eu não acho...

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202feita apenas para a
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— Uma festa só para mulheres, — disse Daisy apressadamente, sabendo que


a velha não gostaria que homens olhassem para as meninas. — E apenas pessoas
que conhecemos. Como a sociedade literária, apenas com roupas em vez de livros.
— Nenhum homem?
— Não. Somente mulheres, e uma lista de convidados. — Algumas vezes um
pouco exclusivo e diferente. Se elas viessem, claro.
— Hmm. — A velha senhora balançou seu lornhão pensativamente. — Deixe-
me pensar sobre isso.
&&&&
— Como você vai nomear a loja? — Sra. Foster perguntou. Ela, Abby e
Damaris ficaram do lado de fora das instalações recém- reformadas, contemplando
a exibição na janela da frente. No momento, era elegante e discreto, Daisy achava
um pouco discreto demais, apenas uma única luva de cetim branco e um pedaço
de seda estendida sobre um elegante suporte de ferro forjado preto, mas Damaris
adorou. A loja deveria abrir na semana seguinte.
— Ainda não tenho certeza, — disse Daisy. O nome da loja tinha sido um
assunto frequente de discussão nas últimas semanas.
— Eu pensei apenas Daisy Chance, Moda Feminina. Lady Bea acha que
deveria ser Srta. Chance, fabricante de Mântua - só os fabricantes de mantua fazem
vestidos da corte e eu não, então não gosto disso. — Os mantuas eram antiquados
na opinião de Daisy.
— Que tal algo francês? — Sra. Foster sugeriu.
— Marguerite significa Daisy em francês, — disse Abby.
— Isso é bonito, — concordou Damaris. — E você poderia ter uma margarida,
assim. — Ela puxou um pequeno bloco de papel e um lápis, ela nunca ficava sem
um, desenhou algo nele e o entregou a Daisy.
Daisy admirou o esboço. Era uma margarida estilizada simples, elegante e
moderna. — Isso é lindo, Damaris. Você é tão inteligente. Como você faz algo
ganhar vida com algumas linhas rápidas..., mas não estou dando um nome
francês. Eu sei que está na moda, mas não sou francesa e não vou fingir que sou.
— Nem estão...— Sra. Foster começou.
Daisy a interrompeu. Ela já havia discutido isso com Lady Beatrice, que
também preferia um nome francês. — Eu sei que muitas costureiras fingem que
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são francesas, mas isso as faz parecer estúpidas, eu acho. Todo mundo sabe que
está fingindo, e as pessoas simplesmente olham com desprezo quando você finge
ser algo que não é.
— Não me importo em consertar minha gramática, mas vou ficar tonta, vou
me sentir mal se adotar qualquer tipo de sotaque, francês ou pretencioso falso. —
Ela olhou para Abby. — Como aquela Sra. Pillburn-Smyth, que se veste bem e age
como uma dama e elegante, e diz coisas como 'Quão ingênua, quão graciosa e
fracamente vulgar’, tentando soar como uma nobre, mas ela não é, e todos os
nobres genuínos riem dela pelas costas, eu os vi, Abby, e você também.
Abby concordou. — Eu sei.
— Eu não me importo se eles não gostam do meu sotaque ou do meu nome
— disse Daisy. — Minhas roupas são lindas! Eu faço uma mulher se sentir como
uma mulher, mesmo se ela for uma dama, e se elas quiserem, elas virão até mim,
não uma fingida francesa ou alguém que soa pretencioso, mas não é.
As outras riram. — Isso mesmo, — Abby concordou. — Mas você ainda
precisa de um nome para sua loja.
— Que tal chamá-lo de Chance com uma margarida ao lado, — sugeriu
Damaris. Ela desenhou outro esboço rápido e mostrou a elas.
— Eu gosto, — disse a Sra. Foster depois de um momento. — Elegante,
discreto e um pouco intrigante.
Abby sorriu. — Uma chance de ser bonita para todos que fazem compras
aqui. — Referindo-se à maneira como ela originalmente escolheu o sobrenome
de Chance.
Daisy pensou a respeito e assentiu. — Eu gosto disso também. É uma
chance. Com a margarida de Damaris. Em letras douradas, bem aqui. — Ela
apontou. — Perfeito.

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Capítulo Dezesseis
Seria mortificante para os sentimentos de muitas mulheres se elas
pudessem entender quão pouco o coração do homem é afetado pelo que é caro ou
novo em seu traje.

JANE AUSTEN, NORTHANGER ABBEY

Foi o dia da inauguração. Elas haviam decidido uma festa à tarde, para que
as senhoras que comparecessem pudessem então seguir à noite para seus vários
eventos sociais e falar sobre a loja de Daisy, esse era o plano de qualquer maneira.
No momento em que Lady Beatrice decidiu aprovar a festa, ela assumiu todos
os arranjos, tendo convites elegantes feitos e enviados, convidando as pessoas ela
mesma, em vez de tornar Daisy a anfitriã. — Mais difícil para elas recusarem se for
eu, além disso, elas estão morrendo de vontade de ver o lugar e isso vai lhes dar
uma desculpa.
Featherby assumiu os aspectos práticos dos arranjos e dispensou Daisy,
dizendo-lhe para deixar tudo com ele. Ele estava se divertindo, ela viu, então não
discutiu. Ela tinha o suficiente para fazer sozinha.
Abby, Damaris e Louisa Foster estavam usando roupas feitas por Daisy, e
como eram apenas mulheres, Louisa havia convencido Daisy a exibir sua linda
roupa de dormir, não para ser modelada pessoalmente, isso seria muito picante,
mas em uma tola.
Daisy ficou relutante no início, a roupa de dormir era apenas uma linha
secundária. Mas a Sra. Foster persistiu e, quando Abby e Damaris souberam,
concordaram.
— Lembra o quão feliz você deixou Lady Beatrice com aquele lindo casaco
rosa que você fez para ela? Abby solicitou. — E como os amigos dela queriam
um? Eles foram seus primeiros pedidos e ajudaram você a começar.
— E antes que você diga que eles eram para senhoras idosas, lembra como
nos conhecemos? — Louisa a lembrou.
Damaris acrescentou um pouco, dizendo: — Adorei usar a camisola que você
fez para mim na minha noite de núpcias, — E Abby concordou com a cabeça.
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Noiva no Verão
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Daisy cedeu.
Quando ela veio arrumar as roupas de dormir, ela não conseguia decidir
quais mostrar, ela tinha algumas acabadas e prontas, então ela acabou fazendo
uma bela exibição, usando uma série de manequins drapeados em seda rosa
transparente, para melhor exibir as camisolas frágeis e safadas e os suntuosos
coletes.
O único que não ficou impressionado com os arranjos da festa foi Flynn, que
se irritou porque eram só mulheres. — Por que não posso ir? — Ele perguntou pela
enésima vez.
— Porque você é um homem, — retrucou Daisy.
— Que bom que você finalmente percebeu. — Ele deu a ela um sorriso lento
que fez seu interior derreter.
— Você pode vir e dar uma olhada depois que tudo acabar, então, — disse
Daisy com um pequeno estremecimento de antecipação. Ela tinha planos para
mais tarde.
Flynn fez sua presença ser sentida de qualquer maneira, enviando vários
grandes buquês de rosas vermelhas, cada um com uma única margarida no
centro. Daisy os colocou em vasos pela loja. A doce fragrância de rosa era
maravilhosa.
Dessa vez ela deixou as margaridas no lugar, porque eram o símbolo de sua
loja. Ninguém mais sabia de quem eram ou o significado particular das
margaridas. Elas eram seu próprio deleite secreto.
Ela deu a suas funcionárias o dia de folga, e Featherby e seus ajudantes
ocuparam os aposentos do andar de cima, colocando bandejas de bolos e salgados
de aparência deliciosa, dezenas de taças e engradados de champanhe.
— Champanhe francês? — Daisy exclamou. — Eu não posso estar
desperdiçando dinheiro em...
— Você não espera que a velha senhora ofereça a seus convidados nada
menos do que o melhor, não é? — Featherby disse. — Além disso, ela está pagando.
Ela insistiu. 'Diga àquela minha garota obstinada para não discutir', ela disse.
Então, Daisy não discutiu. Ela ficou emocionada. Champanhe francês na
inauguração de uma loja à tarde, isso deve fazer as pessoas falarem bem sobre sua
loja.

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Abby e Damaris chegaram pouco depois. — É tão emocionante, Daisy! —


Abby disse. — Tudo parece maravilhoso. Eu gostaria que Jane estivesse aqui, ela
vai ficar tão triste por ter perdido isso, mas... — Ela balançou a cabeça. Jane ainda
estava no País de Gales. — Trouxemos um presentinho para você. É de Damaris e
eu, e de Jane também.
Damaris entregou a Daisy uma pequena caixa. — É apenas algo pequeno,
mas esperamos que seja útil.
Dentro da caixa havia cartões de visita, elegantemente gravados em prata em
um cartão verde-claro, com uma margarida em relevo e pintada de branco com um
centro dourado, exatamente como a margarida na vitrine da loja. As letras
diziam Daisy Chance e davam o nome e o endereço da loja abaixo.
— Eles são lindos, — disse Daisy. — Mas... eu não vou visitar.
— Não, mas se você deixar isso em um prato, ou melhor ainda, mandar
Featherby entregá-los, as senhoras vão levá-los, — disse Damaris.
— Eles são tão bonitos, — Abby acrescentou, — E pode lembrar algumas
senhoras de patrocinar sua loja.
Lady Beatrice foi a próxima a chegar. Featherby arranjou várias cadeiras
para serem trazidas para a ocasião, incluindo a cadeira favorita da velha senhora.
Ela sentou-se nela e disse a Daisy, que andava de um lado para o outro como um
gato preso: — Não fique tão ansiosa, garota, elas virão. Nunca dei uma festa que
não fosse uma paixão e não pretendo começar agora. Tome uma taça de
champanhe se seus nervos estão doendo.
As palavras mal saíram da boca da velha senhora quando as primeiras
carruagens chegaram, parando para deixar suas passageiras aristocráticas em
grupos de duas ou três, em seguida, seguindo em frente para abrir caminho para
a próximo. O andar térreo logo se encheu de senhoras, exclamando e admirando,
conversando e bebendo champanhe.
Os vestidos de Abby, Jane e Louisa Foster foram todos admirados, mas as
peças que mais chamaram a atenção foram as roupas de dormir expostas nos
fundos. Daisy foi inundada de perguntas.
— Somente dinheiro, — Ela disse sem rodeios, e então para suavizar o
golpe acrescentado, — Elas são uma linha muito exclusiva e em falta. Renda
francesa, você vê.

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Algumas senhoras escovaram a boca e se afastaram, ofendidas, mas a


palavra exclusivismo cumpriu seu papel e várias damas fizeram, prometendo
mandar suas criadas com o dinheiro no dia seguinte.
— O que você está fazendo? — Louisa sibilou quando descobriu o que Daisy
estava dizendo às pessoas.
— Começando como pretendo continuar, — disse Daisy. — Os aristocratas
são famosos por não pagarem suas contas. Então, estou avisando com
antecedência que vale a pena ou nada.
— Elas não vão tolerar isso.
Daisy sorriu. — Vinte e dois pedidos até agora, e suas criadas vão trazer o
dinheiro amanhã. Eu disse a elas dinheiro à vista ou não vou começar.
Louisa olhou para ela e começou a rir. — Você é original, tudo bem.
&&&&
A última das convidadas tinha partido, Featherby e seus ajudantes tinham
arrumado os detritos da festa, e Lady Beatrice, junto com Abby e Damaris, estava
pronta para partir.
— Você vem, Daisy?
— Não, eu tenho coisas para fazer.
A velha levantou seu lornhão. — Que coisas?
Daisy gesticulou para a sala de trabalho atrás. — Eu preciso organizar isso
e arrumar as coisas para as meninas começarem a trabalhar de novo pela manhã.
— Nós vamos ficar para trás e ajudar, — Abby ofereceu.
— Você não vai fazer nada disso, — disse Daisy. — Você está carregando, e
você está cansada, como qualquer um pode ver.
— Então eu irei... — Damaris começou.
— Não, vocês vão para casa, é mais fácil fazer isso sozinha. E você sabe, foi
um dia tão grande, não quero que acabe. Então, vou me dar um tempo e me
divertir aqui um pouco mais. Em meu pequeno império.
Lady Beatrice franziu a testa. — Mas como você vai voltar para casa? Devo
enviar uma carruagem? E deixar um dos lacaios aqui?
Daisy lançou à velha senhora um olhar seco. — Eu andei por toda Londres,
as piores partes de Londres, aliás, toda a minha vida sem um lacaio ou uma
carruagem, e agora posso me virar, obrigada mesmo assim. — Elas tiveram aquela
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discussão um milhão de vezes, Daisy não era uma donzela protegida da sociedade
e não tinha intenção de se tornar uma. É o mesmo que enfiar um pardal londrino
em uma gaiola dourada.
— Mas...
— Pare de se preocupar agora. — Ela se inclinou e beijou a velha na
bochecha. — Estarei em casa mais tarde, então não se preocupe. Você vai à ópera
esta noite, não é?
— Sim, mas...
— Então vá para casa, tire seu cochilo e vista-se e se arrume para o Covent
Garden. Estarei enfiada na cama e roncando antes que o segundo ato comece.
Lady Beatrice fungou, mas consentiu em partir, murmurando algo sobre
garotas teimosas.
Daisy trancou a porta da frente atrás dela e correu, arrumando tudo. Ela
tinha acabado de começar a desmontar a vitrine de pijamas quando ouviu a batida
que esperava na porta dos fundos. Ela correu para abri-lo.
— Como foi? — Flynn perguntou.
Ela deu a ele um sorriso triunfante. — Vinte e oito pedidos! E quase todos os
pequenos cartões que Damaris e Abby me deram se foram, e havia uma centena lá
quando começamos. Isso é tudo o que resta, eles não são bonitos? — Ela mostrou-
lhe os cartões.
— Muito bem então. — Ele observou enquanto ela desmontava a vitrine de
pijamas. — Sabe, acho que foi um erro restringir o evento apenas às mulheres.
— Por quê?
Ele acenou com a cabeça em direção ao último manequim, envolto em um
sedutor vestido preto de seda e renda. — Se os homens vissem isso, se tornariam
seus melhores clientes. Só talvez não se estivessem com suas esposas.
Daisy deu-lhe um olhar pensativo. — Você pode ter algo aí. — Talvez outra
loja, em uma parte diferente da cidade. Com um nome diferente...
— Agora, para que você me queria? — Flynn disse. — Para me deixar todo
quente e incomodado em olhar para isso?
Ela escondeu um sorriso. Ele não estava tão longe. — Suba, há algo que
quero mostrar a você. — Ela quase riu alto ao se ouvir dizer isso. Deus, ela parecia
uma das garotas da Sra. B. Ela estava ridiculamente nervosa.

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Ele a seguiu até o sótão, admirando as mudanças que ela fizera. — Mas por
que dividir essa extremidade? Não é lá que fica a porta do telhado?
Ela abriu a porta do menor dos cômodos e entrou.
Ele parou na porta. — Uma cama?
Ela assentiu. Ela mandou reformar a velha cama, amarrar e apertar a
estrutura de corda, e comprou dois colchões novos, um de lã e o de cima de penas.
Estava tudo terminado agora, pronto para eles, um cobertor carmesim macio
estendido sobre lençóis brancos imaculados e travesseiros fofos.
Era uma tarde fria e nublada, então fechou a porta para o telhado e,
pensando bem, colocou velas acesas por todo o ambiente. O quarto estava banhado
por uma luz quente e suave de velas.
Ela engoliu em seco, a boca repentinamente seca. — Eu sei que disse que
não seria sua amante, Flynn, mas... eu mudei de ideia.
— Sobre casar comigo?
Ela balançou a cabeça. — Sobre ser sua amante. Sei que é arriscado, mas é
o mais privado possível, portanto, se tivermos cuidado...
Ele deu a ela um olhar duro. — Eu quero mais de você do que apenas a cama,
Daisy.
— Eu sei. Mas eu não sou qualquer tipo de esposa, então isso é tudo que
posso oferecer a você. — Ela puxou a roupa de cama e ficou irritada ao perceber
que suas mãos tremiam.
Ele não se mexeu. Seus olhos estavam duros e ilegíveis. Os ângulos e planos
de seu rosto estavam sombrios à luz das velas. Sua boca, sua boca bonita e
inteligente estava definida em uma linha firme e imóvel, seus lábios pressionados
com força.
Oh senhor, ele iria rejeitá-la. Ela se sentiu murchar por dentro com a
mortificação daquilo, e se obrigou a olhar o tapete e dizer com uma voz descuidada,
não importa: — Claro, se você não está interessado...
— Estou interessado, caramba. — Ele a puxou com força contra ele, segurou
seu queixo com uma grande mão e beijou-a intensamente.
Ela achava que sabia o que esperar, mas cada vez com Flynn era diferente.
Seu beijo foi quase selvagem no início, sua boca a possuindo, sua língua

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saqueando, duro, quase zangado. Seu sangue subiu em resposta à violência mal
controlada nele e seu corpo estremeceu com a febril carícia.
E então, de repente, ele parou e simplesmente a envolveu em seus braços,
segurando-a, respirando pesadamente, como um homem que correu uma milha.
— Deus me ajude, — Ele murmurou, e então começou a beijá-la novamente,
desta vez esbanjando sua pele, mandíbula, suas pálpebras com carícias suaves,
como se ela fosse uma delicada peça de porcelana ou jade de uma de suas coleções.
Ela derreteu.
Era a coisa mais difícil de todas, resistir a Flynn, a maneira como ele podia
ir de um desejo quase fora de controle por ela, para isso, tratá-la tão delicada e
doce, fazendo-a se sentir tão especial... estimada.
Ninguém nunca a amou.
Ela abriu o casaco e começou a desabotoar o colete, mas ele a impediu com
um gesto áspero, prendendo suas mãos atrás dela. — Não, não desta vez. — Seus
olhos azuis queimaram para ela. — Primeiro vou descascar você como um ovo,
Daisy Chance. E então terei o meu caminho com você. E então, talvez, vou deixar
você chegar perto dos meus botões.
Fiel à sua palavra, ele tirou cada peça de roupa dela, uma a uma, com uma
lentidão agonizante, sua spencer, seu vestido, ajoelhando-se para tirar os chinelos,
deslizando as mãos sob a camisa para desfazer os laços que prendiam suas meias,
depois enrolando. Elas desceram uma por uma, suas mãos grandes e quentes
alisando suas pernas. Depois de cada meia, ele plantou um beijo lento e deliberado
no arco de seu pé, fazendo os dedos dos pés dela se curvarem e enviando arrepios
para cima e para baixo em sua espinha.
Quando ela estava só de camisa, ele se ajoelhou, a dela já havia cedido e
ela estava sentada na cama, e apenas olhou para ela. Ele se inclinou para frente e
pegou um mamilo dolorido delicadamente entre os dentes, rolando sua língua
contra ele, e então mordendo levemente, delicadamente. Ela engasgou quando um
raio de fogo passou por ela.
Ele sorriu e moveu suas atenções para o outro seio. Com cada carícia, sua
respiração engatou em uma série de suspiros. Ela se inclinou para trás, agarrando
os lençóis em seus punhos enquanto ele a lambia, chupava e mordiscava através
da fina cambraia da camisa.

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Ele se levantou e com uma única varredura a camisa dela sumiu e ela estava
nua como um ovo enquanto ele estava totalmente vestido.
Ele sentou-se sobre os calcanhares e simplesmente olhou para ela, e ela
sentiu-se corar, porque mulher experiente ou não, ela nunca esteve completamente
nua diante de um homem, não assim. Ela ficou tensa. Não sabia muito o que olhar,
por menor que fosse, sem curvas dignas de nota e seios finos e pequenos, exceto
pelo jeito como ele a olhava... como se ele pudesse comê-la. Como se ela fosse...
— Linda, — Ele murmurou e se curvou e a beijou. Oh, esses beijos...
Onde quer que sua boca tocasse, o calor seguia. A necessidade cresceu
dentro dela e estendeu a mão para tirar o casaco, mas foi firmemente contida. Ele
a beijou novamente, então mudou-se para generoso atenção em seus seios,
provocando os mamilos com uma dureza quase dolorosa, raspando-os levemente
com os dentes e sua mandíbula áspera.
Sua boca se fechou sobre um e ele o acalmou com a língua e depois chupou,
e ela quase gritou e caiu da cama quando um relâmpago disparou direto de seu seio
para o fundo de sua barriga.
E então ele estava beijando sua boca novamente, sua língua se enredando
na dela, movendo-se em um ritmo que era uma promessa do que estava por
vir. Droga. Viciante. E o tempo todas suas mãos se moviam sobre ela, acariciando,
excitando, lento, seguro e possessivo.
Ela deve ter dito algo, porque ele murmurou: — Gosta dos meus beijos, não
é? — E começou a beijar seu caminho descendo por seu corpo, ao longo de sua
garganta, sobre seus seios, descendo sobre a maciez de sua barriga e então ele
separou suas coxas e beijou a suave pele interna de seus joelhos.
Houve uma pausa enquanto ele simplesmente olhava para ela ali. Ela fechou
os olhos com força, tentando não se sentir constrangida. Ele se inclinou lentamente
para frente até que sua boca estivesse a apenas um fio de cabelo dela. Seu hálito
quente revolveu os cachos ali, e ela quis se mover, mas não ousou.
E então, — Flynn! — Seus olhos se arregalaram.
Ele pressionou o rosto entre as coxas dela e apenas a inspirou. Graças a
Deus ela tomou banho naquela manhã. Ela tinha ouvido falar disso, é claro, mas
nenhum homem de quem já tinha ouvido falar faria isso. Eles queriam o contrário,
a boca da garota neles.

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Ela mal conseguia respirar por esperar.


Ele começou com ela... lambendo e provando seu gosto... como uma massa
recheada de creme, golpes lentos e deliciosos de sua língua, comendo-a em
pequenos petiscos e mordidas, e ohhh...
Seu mundo se dissolveu. Houve apenas este momento, está cama, este
homem... e sua boca linda e talentosa.
&&&&
Ela tinha gosto de vinho, a mar e um toque de rosas, um sabor almiscarado
doce-salgado que o incendiava e era Daisy, essência de Daisy. Vinho, fogo e
especiarias, mulher picante.
Ele encontrou a pequena protuberância entre as dobras cremosas e circulou-
a com a língua, dando-lhe o mesmo tratamento que dera aos mamilos antes.
Sua respiração ficou presa em uma série de engates crescentes. Ela se
arqueou embaixo dele e ele sentiu suas coxas começarem a tremer. Ele deslizou
um dedo dentro dela e a levou ao clímax, então enquanto ela se deitava, solta e
suave e sonolenta e doce com a paixão bem gasta, ele tirou sua roupa.
Ela o observou com olhos apreciativos.
— Eu nunca soube que um homem poderia ser tão bonito, Flynn, — Ela
murmurou e correu a mão preguiçosamente por sua espinha quando ele se sentou
ao lado da cama para tirar as botas.
Ele se virou e olhou para ela. — Bonito? — Ele bufou. — Os homens não são
bonitos. Se você quer se ver bonita, olhe no espelho, garota.
Foi a vez de Daisy bufar.
Ele não se incomodou em tentar discutir. Ela não viu, não entendeu o quão
especial, preciosa, quão bonita ela era. Ele poderia tecer palavras com o melhor
delas, mas as palavras nunca a convenceriam. Uma vida inteira de experiência,
uma vida inteira sendo indesejada, usada e decepcionada, era mais poderosa do
que quaisquer palavras que ele pudesse dar a ela. Ele apenas teria que mostrar a
ela, repetidamente. E esperava que eventualmente ela confiasse nele, e em si
mesma, o suficiente para dizer sim.
Ele quase perdeu a paciência quando ela lhe mostrou aquele pequeno quarto,
construído com tanto cuidado para esconder um caso ilícito. Ele não queria um
caso, ilícito ou não, ele queria construir uma vida com ela, criar uma família. Ele
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queria que ela caminhasse abertamente em seu braço, para exibi-la, esta é minha
esposa! Passear no parque, sentar-se à mesa, ser anunciado ao entrarem em um
salão de baile, como Sr. e Sra. Patrick Flynn.
Quando ela lhe mostrou o quarto pela primeira vez, tão cuidadosa e
amorosamente preparado em vermelho, seus olhos brilhando com timidez e
incerteza à luz das velas, a frustração quase transbordou. Ele queria agarrá-la,
jogá-la por cima do ombro da maneira mais primitiva e arrastá-la para algum
lugar... alguma caverna onde ele faria amor com ela até que ela finalmente
entendesse a que lugar pertencia. A quem ela pertencia.
Mas ela era tão doce e corajosa, dura por fora e ao mesmo tempo tão
vulnerável e verdadeira, ela não o enganou, não lhe prometeu nada, mas estava lhe
oferecendo um presente inestimável, ele próprio, e com algum risco, e ele conseguiu
controlar o homem selvagem dentro dele.
Agora ela estava deitada olhando para ele com olhos suaves e escuros com
os resquícios da paixão gasta e uma pitada de excitação crescente. Ela estava
dando a ele tudo o que ela pensava que tinha para dar. Cabia a ele mostrar que ela
estava errada, que havia muito mais, para os dois.
Ele fez amor com ela então, atento, focado. Ela estava pronta, mais do que
pronta para ele. Ele a penetrou com um impulso suave e lento. Seus quadris se
ergueram ansiosamente para encontrá-lo. Ela o segurou firme, como uma luva
quente e escorregadia, as pernas travadas ao redor dele.
Ele fez uma pausa, enterrado profundamente dentro dela, seus sentidos
inundados com seu cheiro, seu sabor, o calor suave e sedoso dela, então soltou o
homem selvagem dentro dele, levando-a um pouco áspera e um pouco selvagem.
Ela agarrou seus ombros, empurrando seus quadris com cada movimento,
apertando seu aperto para trazê-lo mais fundo, puxando-o, segurando-o com força,
arranhando, mordendo, resistindo, beijando. Os ruídos abafados que ela fez
dispararam seu sangue enquanto o ritmo antigo atingiu os dois.
Ele a tomou rápido e forte, suado, escorregadio e glorioso.
Com seu sangue trovejando e rugindo por liberação, ele sentiu seu clímax
começar e se ouviu dar um grito triunfante enquanto se estilhaçava profundamente
dentro dela. E caiu no esquecimento.

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Ficou ali algum tempo depois. Daisy ainda dormia, pálida, doce e vulnerável,
a bochecha pressionada contra o peito dele, a palma frouxamente enrolada sobre
o coração, as pernas ainda enroscadas ao redor dele. Ele puxou as cobertas sobre
eles e a aconchegou mais perto de seu corpo.
Ele queria passar a noite inteira com ela aqui, onde o mundo exterior não se
intrometesse. Mas ela iria se mexer logo, resmungando sobre voltar ao trabalho,
ou ter que ir para casa e ver Lady Bea ou jantar ou alguma outra coisa.
Acima deles, a janela inclinada do telhado deixava entrar o resto da luz fria
e cinzenta da noite. Um respingo de pequenas gotas de chuva anunciou a mudança
de clima. Mas dentro do minúsculo quarto do sótão tudo era dourado, quente e
aconchegante. Daisy continuou a dormir, com o hálito quente e pequenos bufos
contra a pele dele, o corpo pequeno e macio enrolado em confiança contra ele.
Meio pão era melhor do que nada, sua mãe costumava dizer.
Mas às vezes tudo que fazia era fazer você perceber o quão faminto você
realmente estava.
&&&&
Nas semanas seguintes, a vida de Daisy passou como um turbilhão de
atividades. O melhor da vida ou não, nem tudo era cerveja e bolinhos. Foi mais
difícil do que ela esperava, formar um grupo de mulheres em uma equipe.
Na primeira semana, ela teve que despedir uma menina por roubar coisas, e
outra cheirava tão mal que o resto das meninas reclamaram. Acontece que ela e
sua família moravam em um cômodo em uma favela e a pobre garota tinha apenas
um vestido com o nome, e não tinha onde se lavar, muito menos dinheiro para
comprar sabão. Mas ela sabia costurar como um sonho.
Daisy imediatamente deu a ela um sabonete com aroma de rosas adorável,
água quente, privacidade e duas mudas completas de roupa e o problema foi
resolvido. Embora, claro, todas as outras meninas também quisessem sabonete
com aroma de rosas.
Ainda assim, ela agora tinha as costureiras mais cheirosas de Londres.
Em seguida, houve as contas. O sobrinho de Bartlett, Edgar, vinha três dias
por semana para fazer os livros, pagar contas e escrever faturas, ele tinha uma
mão elegante, muito mais legal do que a de Daisy, mas ainda havia muita papelada
e Daisy teve dificuldades.
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— Você gostaria que eu fizesse isso? — Louisa Foster disse um dia quando
ela visitou e encontrou Daisy xingando sobre uma conta. — Eu costumava ficar
com os livros do meu marido quando ele adoeceu. Eu gostei bastante.
— Gostou? — Daisy ficou olhando para ela. — Você quer fazer isso? Você tem
certeza?
— Tenho. Estou bastante entediada, se quer saber a verdade. A temporada é
toda muito interessante e divertida, mas o tempo pesa em minhas mãos,
confesso. Então, se você não se importa...
— Importar? Eu adoraria que você fizesse as coisas podres. — E, na mesma
semana, Louisa assumiu toda a administração da contabilidade, deixando Daisy
para cuidar da equipe, desenhar as roupas e lidar com os clientes.
Os clientes eram os mais difíceis. Daisy sentia-se perfeitamente à vontade
fazendo acessórios e discutindo projetos com os clientes, e era boa em vendas.
Mas havia momentos em que ela era ‘menos do que diplomática’, como Louisa
disse não aceitar merda de cadelas esnobes era a versão de Daisy, e depois de
algumas semanas, Daisy percebeu que precisava de uma assistente.
Ela entrevistou algumas e experimentou várias mulheres, mas
nenhuma delas combinava, ou elas assumiam uma falsa aparência e o tipo de
pseudo-gentileza que fazia Daisy querer estrangulá-las, ou rastejavam para os
clientes de uma forma que a fazia querer bater nelas.
Louisa Foster seria perfeita, ela ajudou algumas vezes, mas ela não queria
trabalhar em tempo integral. E, além disso, seria estranho atender mulheres que
ela conhecia socialmente.
No final, Daisy encontrou a solução bem debaixo do nariz.
Polly, a serva, de volta do País de Gales com Jane, estava tão interessada na
loja que ela não conseguia evitar, mesmo visitando em sua tarde de folga. Daisy
estava frenética naquele dia, havia vários clientes esperando, ficando impacientes.
Polly percebeu a situação de relance e se intrometeu, acalmando,
apaziguando e mostrando às mulheres alguns dos novos designs, como se ela
tivesse trabalhado lá para sempre. Sua maneira de lidar com as damas ricas e
difíceis não podia ser melhorada, ela passara a vida fazendo isso, afinal de contas,
e, no final da tarde, Daisy ofereceu-lhe um emprego, para desgosto de Lady
Beatrice.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

— Está caçando minhas servas agora, senhorita? Em seguida, você vai


querer Featherby e as roupas das minhas costas.
— Fiz esse vestido para você e não, não o quero de volta, — retrucou Daisy. —
E eu não poderia arrancar Featherby de você mesmo se eu tentasse. Ele já
recusou ofertas melhores de metade do pessoal de Londres!
Os olhos de Lady Beatrice quase saltaram. — Ele recebeu? Deus do céu! E
ele recusou? Bem, bem... devo aumentar seu salário.
O lançamento de seu negócio foi infinitamente empolgante e desafiador, mas
o que Daisy mais esperava em sua semana era fazer amor com Flynn em momentos
roubados depois que todos os seus funcionários tivessem ido para casa.
Ele foi completamente discreto, fazendo os preparativos à força de uma
mensagem manuscrita entregue por um criado. Luva de cavalheiro necessária da
melhor qualidade. Você tem estoque?
E ela enviaria uma resposta, dependendo de sua situação, citando um preço
que era código para a hora. Ele esperaria até que as meninas dela fossem embora
e a loja trancada, entrava pela porta dos fundos e subia silenciosamente as escadas
dos fundos.
Ela alegou que a pressão do trabalho era a desculpa para seu atraso em
retornar a Berkeley Square, e Lady Beatrice, embora claramente não estivesse feliz
com a situação, não disse nada a respeito. Felizmente, planejar o casamento de
Jane estava ocupando a maior parte da atenção da velha senhora.
As noites estavam ficando mais longas e mais quentes, e era maravilhoso
deitar na cama depois de fazer amor feliz com Flynn, olhar para os telhados de
Londres e conversar. Eles nunca ficaram sem coisas para falar.
Ela estava aprendendo mais sobre seu grande irlandês, não apenas as coisas
que ele podia fazer com as mãos, boca e língua, e o que ele gostava que ela fizesse
com ele, mas sobre sua vida antes de vir para Londres.
Ele era um contador de histórias nato e ficava feliz em contar contos
intermináveis do Extremo Oriente, ilhas exóticas, povos estranhos e fascinantes, e
às vezes horríveis, que existiam em terras distantes, embora ela não tivesse certeza
se a história de sua fuga por pouco dos canibais era real ou inventado.
Ele falou sobre como conheceu Max, eles eram companheiros de navio e não
gostavam um do outro inicialmente, e como a amizade deles se desenvolveu em

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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algo que mudou as vidas de ambos. Max o ensinou a ler, escrever e fazer contas no
papel, Flynn sempre as fizera mentalmente, e ensinou a Max os caminhos do mar
e os lugares estrangeiros onde eles visitaram. Eles eram novos para Max, mas não
para Flynn. Os dois homens tinham quase a mesma idade, mas Flynn estava no
mar desde os doze anos, enquanto Max navegou pela primeira vez aos dezoito. —
Nós ensinamos um ao outro as necessidades da vida, é realmente uma grande coisa
saber ler e escrever, e o ensinei a lutar como um pirata, não como um cavalheiro.
— Você lutou contra piratas? — Daisy estava com os olhos arregalados,
imaginando tudo.
Ele riu. — Nós lutamos com muitas pessoas, mas depende do que você
entende por piratas. Alguns dos piores piratas que conheci pareciam cavalheiros
respeitáveis.
Ela bufou. — E alguns usam brincos para provar isso. — Ela olhou seu
brinco com amargura. Ela nunca gostou que ele o usasse, o fazia parecer comum,
ela achava, mas Lady Bea gostava, assim como Flynn, então o brinco em flor
permaneceu.
— Eu sei por que você usa isso, — Ela disse. — É para levantar o nariz deles.
— Narizes de quem?
— Os aristocratas. Você se veste como um aristocrata, mas usa isso — Ela
apontou o queixo para o brinco dele — para que eles saibam que você não é um
gato malhado domesticado, para que saibam que você não se importa se eles o
aceitam ou não. Que você jogue com suas próprias regras.
Ele tocou seu brinco com carinho e sorriu para ela. — Gatinha inteligente,
não é? Pensando bem, Srta. Daisy Chance, você também é uma espécie de pirata,
o preço que me cobra por esses coletes. Não consigo nem um desconto agora que
você tem uma loja e trabalhadores?
— Ninguém está fazendo você me pagar preços, vá para outro lugar se quiser.
Mas vale a pena pela metade do preço, quero dizer, o dobro...
— Meu ponto é exatamente.
Ambos riram e isso levou a outra rodada de fazer amor, desta vez cheia de
provocações, brincadeiras e risos. Nada era rotineiro com Flynn. Ela não estava
apenas se tornando viciada em fazer amor, ela ansiava por sua companhia quase
tanto quanto por suas histórias.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele disse a ela como ele se tornou um comerciante e depois ensinou Max
sabe como negociar e como identificar itens incomuns que seriam bem vendidos
em outro lugar. — Você é uma malandra, vai entender, — Ele disse uma noite.
Ela ficou rígida. — Quem você está chamando de malandra?
Ele riu. — Acalme-se, ouriço, não foi um insulto. Eu também sou.
— Oh? — Ela esperou, não convencida.
— Quando eu fui para o mar pela primeira vez, sempre que pousávamos, os
outros marinheiros iam para os bordéis e gastavam o que tinham com mulheres,
bebida e jogo. Eu não. Eu gostava de escolher entre os mercados e lojinhas do
Oriente, colecionando tudo o que me interessava. Mais tarde, eu os venderia em
algum lugar onde as pessoas nunca tinham visto essas coisas. Descobri que eu
era bom em comprar e vender, e o resto é história. — Ele sorriu. — Veja, nós somos
malandros, você e eu, temos um olho para o incomum. Faz-nos uma boa
combinação.
Ela evitou isso. Ela geralmente mudava de assunto quando ele tocava em
casamento. Mas ela adorava ouvir suas histórias, aprender sobre sua vida,
imaginá-lo como um jovem marinheiro, vasculhando os mercados. E mostrando ao
jovem Max as cordas.
Raramente, se é que alguma vez, ele mencionou a Irlanda, ou por que a
deixou, apenas que nunca mais voltou para lá. — Não há nada para mim lá, — Ele
dizia sempre que ela pressionava para saber mais, e então ele mudava de assunto,
geralmente com alguma história engraçada.
Então, uma noite, quando o ar estava suave e quente com a promessa do
verão e eles estavam sentados no telhado, Daisy se aconchegou contra ele, com o
braço em volta dela, observando a paisagem abaixo, Flynn enrijeceu.
Ela seguiu seu olhar até uma mulher empurrando um carrinho contendo um
homem que parecia ter perdido as duas pernas. Atrás vinham cinco crianças
maltrapilhas, seguindo como uma fileira de patinhos sujos, cada um menor do que
o anterior. O menor estava sendo carregado por uma garota não muito maior.
Flynn ficou olhando por um momento, então, com um xingamento
murmurado, colocou Daisy de lado e se levantou abruptamente.
— O que foi? — Ela perguntou, mas ele saiu sem dizer uma palavra.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ela o viu poucos minutos depois, atravessando a rua e conversando com o


homem e a mulher. Ele passou algo para eles e a mulher começou a chorar.
Ele os deixou tão abruptamente quanto chegou e um momento depois voltou,
agarrou Daisy, puxou-a para a cama e fez amor com ela com uma intensidade
concentrada, tudo sem uma palavra, dando-lhe clímax após clímax antes de se
derramar nela com um gemido que soou tão cheio de dor que rasgou seu coração.
Depois ele deitou-se com a cabeça apoiada em seu seio, silencioso e retraído.
Ela estava acariciando o cabelo escuro e espesso de seu rosto, ele precisava cortar
o cabelo, ouvindo sua respiração, ouvindo os sons distantes da cidade entrando
pela porta aberta.
Isso o pegava assim às vezes, depois, o deixava sombrio, silencioso e retraído.
Perdido. Ela se sentia ao mesmo tempo mais próxima e distante dele. Ele nunca
falava sobre isso, e na maioria das vezes ela se contentava em aceitar.
Não dessa vez. — Quem eram eles? — Ela perguntou finalmente.
Por um longo tempo ela pensou que ele não iria responder, nada de novo
nisso, mas então ele suspirou. — Ninguém, apenas um dos muitos pobres
bastardos jogados no lixo, e toda a família com eles.
— Você os conhecia?
— Não. Mas de certa forma, sim... — E então ele contou a ela sobre seu pai,
que trabalhou com cavalos quando Flynn era um menino. Ele tinha um jeito real
com eles, como mágica, até o dia em que levou um chute na espinha e nunca mais
voltou a andar. Ele contou a ela como sua mãe havia trabalhado como escrava para
mantê-los todos, cinco filhos, alimentados e aquecidos, e como era sempre uma
batalha perdida.
O homem rico para quem seu pai havia trabalhado lamentou o acidente, mas
disse que era a vontade de Deus e nada que ele pudesse fazer. Ele dera algumas
libras para mamãe um dia e, no dia seguinte, seu agente veio com a notícia de que
eles deveriam deixar a cabana em que viveram por toda a vida. O chalé era para
trabalhadores saudáveis e suas famílias, não para aleijados inúteis.
— Minha mãe encontrou alguns quartos para nós em um casebre e, depois
de um tempo, saí de casa para procurar trabalho em Dublin.
— Quantos anos você tinha?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Doze. Eu era o mais velho, então dependia de mim. Nenhum emprego em


Dublin para uma criança magrinha, então me tornei um rato de cais, mandava
para casa tudo o que podia todas as semanas por meio do pároco, apenas alguns
policiais aqui e ali. Insuficiente. Nunca o suficiente.
Daisy alisou seu cabelo para trás. — Você fez o seu melhor.
Ele balançou a cabeça. — Depois de cerca de um ano, voltei para casa, algo
não estava certo, eu sentia em meus ossos, embora as mensagens de mamãe
fossem as mesmas de sempre. — Sua voz estava amarga. — Nem eu nem ela
sabíamos ler ou escrever, sabe, então era o padre que escrevia as mensagens... elas
não pareciam nem um pouco com a mamãe.
Ela esperou, segurando-o, acariciando-o, sentindo a tensão, a angústia nele.
— Acontece que todos morreram de cólera, cada um deles, mamãe, papai,
Moira, Mary-Kate, Paul, Rory e o pequenino Caitlin. Eles estavam mortos e
enterrados há meses.
A dor crua em sua voz a despedaçou. — E ninguém te contou?
Ele balançou sua cabeça. — O padre ficava pegando dinheiro de mim e
inventando as mensagens de mamãe, ele dizia que estava usando para o bem
dos outros, mas eu sentia o cheiro da bebida em seu hálito. — Ele praguejou
novamente. — Então eu bati nele. Um pecado mortal, eu acho.
Houve um longo silêncio. Ele não tinha terminado ainda, ela podia sentir
pela tensão em seu corpo.
— Não consegui nem encontrar um túmulo, todos eles foram jogados em uma
cova, enterrado com estranhos, dezenas de pessoas juntas. — Um surto de cólera
nas favelas, sabe, garota. Nada mais a fazer.
— Oh, Flynn. — Ela o abraçou com força, desejando poder aliviar sua
dor. Não é à toa que ele disse que não havia nada para ele no casamento. Apenas
amargura e tristeza. E a culpa irracional de um menino de treze anos que se
culpava por não ter conseguido salvar sua família.
— Então eu saí, caminhei de volta para Dublin, desci para as docas e
naveguei no primeiro navio que me aceitou.
— E você nunca mais voltou?
— Nunca. Não há nada para mim lá. Vou fazer para mim uma vida nova,
uma vida boa aqui, e você fará parte disso, não é, menina Daisy?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele queria dizer uma nova família. Daisy sentiu a culpa se revirar dentro
dela. Ele não obteria família dela. Ela deveria soltá-lo para encontrar uma garota
legal que lhe desse uma, mas ela não podia desistir dele. Ainda não. Não quando
ela acabou de encontrá-lo. Egoísta, ela sabia disso.
— O que você deu para aquelas pessoas na rua? — Ela gesticulou para a
janela.
— Nada muito, apenas um pouco de dinheiro para alimentar os pequeninos,
aquela garotinha carregando o pequenino nossa Mary-Kate costumava carregar a
pequenina Caitlin assim, e ela não era maior do que uma pulga. — Seus olhos
tinham uma expressão distante que dizia que ele estava vendo suas irmãzinhas em
sua mente. — E eu disse a eles para ver Bartlett. Eu dei a eles um bilhete para
ele. Ele encontrará algo para o homem fazer. Só porque suas pernas se foram, não
o torna menos homem.
— Você é um bom homem, Patrick Flynn, — Ela sussurrou, sentindo as
lágrimas pinicando em seus olhos. Ela apertou seu domínio sobre elas.
Ele se virou nos braços dela e começou a fazer amor lento, intenso e terno
com ela, e Daisy começou a chorar de novo com os sentimentos que cresciam
dentro dela, cheios demais para serem contidos.
— O que foi? — Ele disse, enxugando uma lágrima com um dedo.
— Nada, apenas... às vezes os sentimentos surgem... demais.
— Então se case comigo e teremos um monte de pequenos sentimentos
juntos.
Ela quase explodiu em uivos com a ternura como ele disse isso. No entanto,
ela se forçou a dizer: — Ah, Flynn, por que fica me pedindo? Você sabe que não
vou me casar com você. Isso é lindo, mas não vai durar. Você tem que começar a
procurar uma garota legal para se casar.
— Eu sei. Eu encontrei uma.
— O quê? — Seus olhos se arregalaram. Já não, certa? Ela não estava pronta
para perdê-lo ainda.
— Está com ciúmes? — Ele deu uma risada suave. — Não há necessidade,
minha garota está bem aqui. — Ele a beijou. E a doçura disso quase quebrou seu
coração também.

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Capítulo Dezessete
'Como é difícil, em alguns casos, acreditar!'
'E quão impossível nos outros!'
JANE AUSTEN, PRIDE AND PREJUDICE

Flynn chegou a Berkeley Square em um domingo à tarde, com a intenção de


convidar as senhoras, Daisy em particular, para um passeio, mas quando
Featherby abriu a porta, ele ergueu um dedo dizendo: — A Srta. Daisy está na sala
da frente com uma... uma pessoa. Alguém que ela conhecia de antes. — A maneira
como ele disse “pessoa” e “antes” falou muito. Ele deu a Flynn um olhar
significativo.
— Alguém do bordel, você quer dizer?
Featherby assentiu, parecendo aliviado por Flynn saber sobre o bordel. — A
própria abadessa, eu acho. Não gostei de deixar Srta. Daisy sozinha com ela, mas
ela insistiu.
— Ela precisa de mim?
— Não no momento, mas ela pode. Melhor apenas ouvir. — Os dois homens
foram na ponta dos pés até onde a porta da sala estava entreaberta. Flynn olhou
para Featherby com uma sobrancelha levantada. Não foi identificado que a porta
não estava fechada corretamente.
Featherby deu de ombros, como se dissesse: De que outra forma eu poderia
ficar de olho nas coisas?
Flynn encostou próximo a porta e ouviu.
— Sim, eu sei que devo a você, — Daisy estava dizendo. — Você me pegou e
me acolheu quando eu precisei, eu sei de tudo isso e sou grata. Mas Deus sabe que
eu já paguei por isso cem vezes, trabalhei por anos para você sem receber, apenas
uma gorjeta de vez em quando de um dos cavalheiros.
Houve uma resposta murmurada que Flynn não entendeu. Ele e Featherby
se aproximaram.

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Daisy continuou: — E eu ainda estaria trabalhando para você se você não


tivesse partido e me deixado, e todas as outras garotas, nas mãos do mal, seu filho
sangrento.
— Não pude evitar, — disse a outra mulher. — Ele era meu filho, e...
— E um bandido furioso e cruel com mulheres, e não tente me enganar
dizendo que você nunca soube disso porque você e eu sabemos que você nunca o
deixou chegar perto de suas garotas enquanto estava administrando o bordel!
Flynn gostaria de poder ver. Ele deve ter feito algum tipo de barulho
frustrado, porque Featherby silenciosamente indicou o pequeno espaço entre a
porta e a dobradiça. Flynn apertou o olho na abertura.
Ele não podia ver Daisy, mas tinha uma boa visão da abadessa. Ela era uma
dama bronzeada de sessenta anos ou mais, vestida de maneira elaborada com um
vestido decotado de cetim e renda, o rosto e os seios bem expostos empoados e
ruge. Seu cabelo era elaboradamente cacheado e tingido de um amarelo berrante,
acrescido de cachos falsos.
— Mas o que mais eu poderia fazer? Ele era meu...
— Você poderia ter nos avisado, poderia ter dito que queria se aposentar e ia
entregar tudo para Mort. Poderia nos dar uma escolha. — Flynn desejou poder ver
o rosto de Daisy.
Ela continuou: — Mas não, você subiu e desapareceu e, quando soubemos
disso, havia fechaduras em todas as portas e éramos prisioneiras. E Mort está
trazendo todos os clientes desagradáveis, aqueles que gostam de machucar
garotas, e então ele está sequestrando garotas e comprando-as dos navios porque
não consegue ninguém para trabalhar para ele.
— Eu não sabia nada sobre isso, — a mulher relinchou. — E eu sinto muito,
Daise. Mas não quero falar sobre o passado. Eu sinto sua falta terrivelmente. —
Ela deu a Daisy um olhar deplorável que afetou suas feições bem pintadas e
bastante duras.
Daisy bufou. — Em um olho de porco, você sente! — Houve um breve
silêncio, então ela continuou em uma voz mais baixa: — Você era a coisa mais
próxima que eu tinha de uma mãe, Sra. B. sabe disso? Quando eu era pequena,
costumava fingir que você era minha mãe. Pensei em viver com você toda a minha
vida e cuidar de você na sua velhice, como uma boa filha faz. — Sua voz

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224feita apenas para a
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Noiva no Verão
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endureceu. — Mas então você me deixou com Mort, e ele estava me alinhando para
um cliente que tinha o desejo de espancar uma serva aleijada, então não acho que
devo nada a você.
— Mas você é como uma filha...
— Não me venha com essa! Eu poderia ter sido uma filha para você, mas,
como minha verdadeira mãe, você me jogou fora. E eu acho que ela pode ter ficado
desesperada, mas você com certeza não estava.
O olhar desamparado sumiu do rosto da Sra. B. e lá estava o rosto de uma
velha abadessa durona que havia passado a vida inteira administrando um bordel
no bairro difícil de Londres.
— Então, você acha que pertence a este lugar, não é? — Ela zombou. — Com
sua velha senhora elegante e seus amigos pretenciosos. A velha sabe que você está
apenas fingindo ser sua sobrinha perdida? O que ela vai dizer quando descobrir
que você não é parente, uma pirralha bastarda dos ensopados, uma criada
vagabunda em um bordel que passou a vida à disposição de prostitutas? E você
nem consegue ler ou escrever.
— Lady Beatrice sabe tudo sobre mim. — A voz de Daisy parecia calma, mas
Flynn sabia melhor. Sua garota estava toda agitada, e não é de admirar. — Eu
nunca contei mentiras, você deve saber disso. E posso ler e escrever agora. Minhas
irmãs me ensinaram.
— Irmãs, meu pé! — Sra. B. bufou. — Nunca percebi que você era tão idiota,
Daisy. Não sei qual é o jogo deles, mas eles vão usar você enquanto lhes convém,
você é uma boa costureira, admito. Mas uma pitada de escândalo e eles vão deixá-
la cair como um bolo quente.
— Não, foi você quem me largou quando eu não era mais útil para você. E
agora você descobriu algo sobre mim, talvez eu tenha uma loja agora, e então você
está de volta, farejando o que pode conseguir.
A Sra. B. encolheu os ombros. — Eu mantenho meu ouvido no chão.
— Não, você mantém o nariz na sarjeta, onde sempre esteve.
A Sra. B se inclinou para a frente e fez uma performance de olhar Daisy de
cima a baixo. Ela bufou. — Então você acha que é algum tipo de dama agora, não
é, Daisy Smith, nascida na sarjeta, criada na sarjeta, aleijada e ignorante? — Sua
voz gotejava desprezo.

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Os punhos de Flynn estavam cerrados. Ele nunca tinha machucado uma


mulher, mas ele poderia estrangular está infeliz.
— Acorde para si mesma, garota! Você nunca será qualquer tipo de dama.
Volte para sua própria espécie, onde você pertence.
— Eu pertenço a este lugar.
— Mesmo! Imitar os aristocratas como um macaquinho fantasiado é mais
parecido. — Ela balançou a cabeça, deixando os falsos cachos amarelos
balançando. — Você não é nenhuma lady e nunca será. Lady Muck e seus amigos
devem estar rindo muito de você por trás de suas luvas elegantes, observando você
tentando imitar seus superiores, mancando atrás deles, sempre tentando
acompanhar. Levam você para dançar, não é? — E ela riu, uma risada cruel.
Ele não conseguia ver o rosto de Daisy, mas a conhecia bem o suficiente para
saber que o quadro que a velha harpia malvada estava pintando iria cortar muito
perto do osso. Em algumas áreas, sua Daisy era maravilhosamente confiante, mas
em questões sociais...
Ele estava prestes a entrar e mandar a velha bruxa embora, mas uma mão o
agarrou pelo braço, unhas compridas cravadas nele. Ele se virou, pronto para se
livrar do aperto de Featherby, e congelou. Ele e Featherby não eram os únicos
ouvindo atrás da porta.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas Lady Beatrice bateu nele com seu
lornhão e balançou a cabeça, então silenciosamente acenou para ele sair do
caminho para que ela pudesse ouvir melhor. Seus olhos eram frios e brilhantes.
&&&&
Daisy se irritou com as palavras da Sra. B. Lady Beatrice pode estar tentando
transformar Daisy em uma dama, contra todas as probabilidades, mas ela não
estava rindo dela. E nem era seus amigos. Com esse pensamento, algo mudou
dentro dela e os pelos levantados pelas provocações da Sra. B. se acalmaram.
— Ela não está rindo, — disse Daisy calmamente. — Ela me ama e eu a
amo. E eu amo minhas irmãs e elas também me amam.
A Sra. B. abriu a boca para zombar, mas Daisy continuou: — E eu aprendi
com Lady Beatrice que ser uma dama não significa nascer em uma casa grande e
chique com uma colher de prata na boca, ou falar como uma aristocrata, ou mesmo

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agindo elegante. É sobre como você trata as outras pessoas, sendo cuidadoso com
seus sentimentos e tendo respeito próprio. E ser gentil.
— Puxa!
Daisy ergueu o queixo. — Eu posso ter nascido e criada na sarjeta, mas a
sarjeta não vai me dizer quem eu sou. Agora sou Daisy Chance. Tive a chance de
fazer algo melhor de mim mesma - e por Deus, vou aproveitar!
— Bravo, minha querida garota! E você deve! — Lady Beatrice entrou na sala
batendo palmas. E oh, Deus, Flynn estava com ela. Quanto ele tinha ouvido?
Lady Beatrice ergueu seu lornhão e passou-o lentamente sobre a Sra. B., que
se levantou quando ela entrou. — E quem pode ser esta?
Daisy soube imediatamente que ela estava ouvindo à porta.
— Lady Beatrice, esta é a Sra. B., minha ex... empregadora.
Lady Beatrice curvou os lábios. — A guardiã do borrrrdel? — Ela ergueu o
lornhão novamente e olhou para a outra mulher da mesma maneira que ela
inspecionaria um inseto bastante desagradável.
O choque lutou contra o espanto no rosto da Sra. B. — Ela provavelmente
nunca havia conhecido uma dama com um título de verdade antes, e não
acreditava que Daisy fosse conhecida por Lady Bea. — Sim, sou, sua senhoria,
bem, eu era, mas eu...
— Você pode se sentar. — Lady Beatrice gesticulou para que Daisy se
sentasse na chaise longue. Flynn sentou-se ao lado dela. Ela lançou a Daisy um
olhar como se dissesse para sentar e não dizer uma palavra, em seguida, voltou-se
para a Sra. B. — O que você estava dizendo?
— Eu ia dizer, vossa senhoria, muito gentil de sua parte, e 'sinto
muito incomodá-la, mas a jovem Daisy está me devendo.
Uma sobrancelha finamente delineada e desenhada a lápis se ergueu com
desdém. — Ela deve? — Lady Beatrice se voltou para Daisy. — Isso é correto, minha
querida? Você deve a essa — Ela fez uma careta de desgosto -— dinheiro a essa
pessoa?
— Não, eu não devo! Ela é uma maldita sugadora de sangue, querendo o que
ela pode conseguir.
— Uma maldita sugadora de sangue, — repetiu Lady Beatrice. — Você não
quer dizer que ela está tentando chantagear você, quer, querida Daisy? Por que

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isso certamente seria um crime, não é? — Ela deu a Sra. B. um sorriso inocente
como um cordeiro recém-nascido.
— Não estou tentando chantagear ninguém, — disse a sra. B
apressadamente. — E se você pensou isso Daisy, bem, você está enganada. Meu
Deus, uma pessoa tenta falar dos velhos tempos e você a chama de maldita
sugadora de sangue. Os jovens de hoje, minha senhora, tão rápida em julgar mal.
Ela olhou para Lady Beatrice astutamente. Daisy percebeu o olhar. A velha
cadela astuta não perdeu a querida Daisy. — A questão é, vossa senhoria, por
direito, a jovem Daisy aqui pertence a mim.
— Eu não pertenço! — Daisy brilhou, pronta para pular e discutir. A mão de
Flynn encontrou a dela e apertou. Ela olhou para ele, leu a mensagem em seus
olhos e se acalmou, com relutância, porque não gostou da maneira como a Sra. B.
estava tentando envolver Lady Bea em seu dedo.
— Oh meu Deus, ela pertence realmente? — Lady Beatrice disse angustiada,
dando uma imitação de uma velha dama tão fofa como sempre pisou nas tábuas. —
Eu não gostaria de ser acusada de roubo. Tem certeza de que ela pertence a você,
Sra., Er, Bee?
Daisy se mexeu inquieta. Que diabos a velha estava brincando? Quase
parecia que ela estava pronta para entregar Daisy.
A Sra. B. também percebeu. Ela se inclinou para frente e em um tom
confiante disse, — Ela realmente pertence, sua senhoria. Eu a peguei na sarjeta
quando ela era apenas uma garotinha. Paguei um bom dinheiro por ela, eu paguei.
— Eu vejo. — Lady Beatrice assentiu pensativamente. — E você tem um
recibo?
A Sra. B. pareceu um pouco surpresa com a resposta direta. — Hum. Er...
sim, sim eu tenho. Não comigo, é claro.
— Mas você pode produzir esse documento, a saber, que você comprou uma
Daisy Smith...
—... produzir?
—... no entanto, muitos anos atrás.
— Doze anos atrás, talvez quinze, minha senhora. Não me lembro da data
exata, mas sim, posso produzir um papel dizendo que ela é minha, tudo legal e

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adequado. — A Sra. B. lançou um olhar malicioso para Daisy. Ela conseguiria um


forjado em um instante.
— Excelente. Precisamos disso como evidência.
Sra. B. franziu a testa. — Evidência?
Lady Beatrice assentiu. — Para o caso do tribunal.
— Caso no tribunal? Não sejamos tão apressados, minha senhora. Eu não
quero nenhum caso no tribunal...
— Oh, mas deve ir ao tribunal. — Lady Beatrice sorriu. — Você não pode ser
enforcada sem um julgamento, você sabe.
— Enforcada? — Saiu como um grito. — O que você quer dizer com
enforcada?
— A escravidão é contra a lei, minha boa mulher, e que nome impróprio! Eu
não posso muito bem chamá-la de megera horrível, mas pensando melhor...
— Eu não tenho escravos!
As sobrancelhas bem delineadas e traçadas a lápis se ergueram. — Você
acabou de dizer que comprou e pagou pela minha sobrinha, Daisy. E isso é
escravidão.
— Não, não, minha senhora, você não entende. É apenas uma expressão,
apenas uma...
— Você me chamou, minha senhora? — Featherby entoou da porta. Daisy
piscou. Ninguém o tinha chamado para nada.
— Ah, Featherby, apenas o homem que precisamos. Essa pessoa afirma ter
comprado minha sobrinha, Daisy.
Featherby teve um sobressalto de horror artístico. — Certamente não, minha
senhora! Por que isso seria tão cruel, isso é uma ofensa de enforcamento, eu
acredito! — Daisy apertou os lábios com firmeza, lutando contra um sorriso.
Featherby também estava ouvindo na porta.
A Sra. B. apertou a garganta. — Não, não, é tudo um mal-entendido, um
equívoco terrível...
— A menos, é claro, que tenha sido quando a Srta. Daisy era uma mera
criança, — acrescentou Featherby, como se estivesse pensando melhor. Ele fez
uma pausa e olhou para a Sra. B., que aproveitou a desculpa felizmente.
— Sim, sim, ela era uma criança, nem dez, não era Daisy, meu amor?

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— Nesse caso, — continuou Featherby suavemente, — à acusação de


escravidão seria acrescentada a obtenção de uma criança para fins imorais,
também um crime de enforcamento.
— Não! Eu nunca... Daisy, diga a ele que eu nunca..., mas Daisy enfiou o
punho na boca e, com o rosto pressionado no ombro de Flynn, não conseguiu dizer
uma palavra.
— Uma pessoa pode ser enforcada duas vezes, Featherby? — Lady Beatrice
perguntou.
— Não que eu saiba, milady, uma vez geralmente funciona. O carrasco é
muito eficiente, eu acho.
Sra. B. gemeu. — Mas eu nunca... pergunte a Daisy, ela vai te contar. Eu
nunca a fiz...
Lady Beatrice ergueu seu lornhão. — Você era proprietária de um bordel na
época, não era? Uma abadessa, creio que o chamam.
— Bem, sim, eu era, mas...
Featherby encolheu os ombros magnificamente. — Nesse caso não faria
diferença, milady. De qualquer maneira, ela vai balançar.
A Sra. B. balançou a cabeça, os cachos amarelos frenéticos. — Não, não, eu
te digo, é tudo um engano...
— Featherby, você vai buscar William, por favor, — Lady Beatrice disse.
— Estou aqui, senhora. — William entrou na sala. Todos deviam estar no
corredor, ouvindo, percebeu Daisy.
Os olhos da Sra. B. se arregalaram. William era enorme, um ex-boxeador,
com um nariz frequentemente quebrado e duas orelhas de couve-flor. Ele olhou
para a Sra. B. e flexionou suas mãos enormes, incongruentes e estranhamente
sinistras em suas luvas brancas de lacaio. — Então você acha que comprou e
pagou por nossa Daisy, não é, senhora? Então eu acho que você e eu vamos dar
um pequeno passeio juntos. — Ele deu a ela um sorriso triste. — Até a Bow Street.
— Não, não, não! — A Sra. B. levantou-se de um salto e olhou em volta
desesperadamente. — É tudo um engano. Eu nunca vi aquela garota em minha
vida, meus olhos não são mais o que costumavam ser. — Ela olhou para Daisy. —
Esse cabelo é escuro? Não, minha garota era ruiva, ruiva pura. Senhorita Chance?
Nunca ouvi falar dela. Eu estava procurando por uma Srta. Smith, mas parece que

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estava mal-informada, desculpe por ter incomodado, melady — Ela balançou uma
reverência apressada e saiu correndo da sala como uma galinha em uma
tempestade de granizo.
— Mostre a ela, Featherby, — Lady Beatrice começou, mas a porta da frente
bateu enquanto ela falava. Houve um curto silêncio.
Lady Beatrice tirou o pó das mãos. — Uma derrota, eu acredito. Featherby,
champanhe, por favor, e cinco taças. Você e William foram esplêndidos. Daisy,
querida, você pode tirar o punho da boca agora, não é nada elegante, minha
querida, mas é uma tática razoável, dadas as circunstâncias.
E então a risada começou.
&&&&
— Ela realmente comprou você quando você era criança? — Flynn perguntou
na noite seguinte. Ele e Daisy estavam deitados na cama em seu quartinho no
sótão, observando uma tempestade se aproximando no horizonte. Foi a primeira
chance que tiveram de conversar em particular. Tinham acabado de fazer amor.
Daisy assentiu. Ainda havia uma parte dela que não conseguia parar de se
perguntar por que, por que a Sra. B. a havia deixado para trás como um par de
sapatos surrados. Ela pensava que Mort havia insistido, que alguém forçou a Sra.
B. a abandonar Daisy. Ela queria ter um motivo.
O que foi estúpido. Não havia motivo. Daisy não importava nada para a Sra.
B., isso era óbvio. Daisy era quem se importava, não a Sra. B.
Era sempre igual.
— De seus pais?
— Não, eu te disse, sou uma enjeitada. Eu estava... — Ela hesitou. Melhor
contar tudo agora. — Ela me comprou de um bordel infantil.
— Um o quê? — Ele se apoiou em um cotovelo e olhou para ela.
— Está tudo bem, nunca fui tocada. — Ela fez uma careta. — Assim que me
levaram para dentro, soube que tipo de lugar era. — Ela viu a expressão dele e
acrescentou: — Quando você cresce como, você aprende sobre esses lugares, e eu
não ia aceitar nada disso. Eles me trancaram em um quarto, mas escapei pela
chaminé, sorte que era verão, e subi no telhado. Eu estava descendo quando
escorreguei e caí nos paralelepípedos, splat! Aos pés da Sra. B.. Quebrei minha
perna e tudo.
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Noiva no Verão
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— Ela era a...


— Não, ela não era a única. Para lhe dar crédito, a Sra. B. sempre foi contra
o uso de jovens em bordéis.
Flynn fez um som cético.
— Não, é verdade. Eu sei o que você pensa dela, e você não está errado. Ela
é uma mulher dura, egoísta e implacável, e dura como botas velhas, mas ela não é
de toda ruim, e ela foi boa comigo naquela época. Ela me pegou e me levou para
casa, não importa a bagunça em que eu estava...
— Bagunça?
— Quebrei a perna, lembra? A Sra. B. pagou ao dono do bordel um xelim...
— Um xelim? — Ele repetiu indignado. Ele não tinha certeza se estava
insultado com a pequena quantia ou indignado por ela ter sido vendida. Um pouco
dos dois, ele supôs.
Daisy encolheu os ombros. — Bem, eu não valia nada para ele com uma
perna quebrada, e vale a pena me manter bem com os vizinhos. Ela pediu a um
cara para ajeitar minha perna e fazer um curativo, até mesmo me deu um pouco
de láudano para a dor, coisa horrível também. E então ela me colocou em um banco
no canto da cozinha, me entregou uma agulha, linha e uma pilha de remendos e
me pôs para trabalhar. Eu sentei lá e costurei até que minha perna sarasse.
Só que não sarou, não de maneira adequada, Flynn sabia.
— Era adorável na cozinha, sempre quente e com muita companhia, e
comida! Você nunca via tal comida. Eles faziam para os cavalheiros, você vê. Nunca
mais passei fome. E foi assim que aprendi a costurar, nunca tinha tocado em
uma agulha antes disso, mas, quando consegui andar de novo, descobri que não
gostava apenas de costurar, era boa nisso. Todas as meninas começaram a trazer
suas roupas para eu consertar e reformar também, então você vê, se nada disso
tivesse acontecido, eu não estaria onde estou hoje. — Ela sorriu e acrescentou: —
Acho que tenho muita sorte.
— Sorte? — Como diabos ela poderia contar uma história como essa e
concluir que ela teve sorte?
Ela se inclinou e o beijou. — Eu acabei aqui, não foi? Acima, minha loja, com
um homem adorável em mim e a melhor vista do mundo. Tenho comida na barriga,

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Noiva no Verão
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um lar para onde ir, irmãs e uma senhora que se preocupa comigo e amigos, bons
amigos. O que mais eu poderia querer?
Ele olhou para sua expressão alegre e aberta, e não conseguiu dizer uma
palavra. Seus desejos eram tão simples. Ele queria mais. Em vez disso, ele a beijou.
As crianças nem mesmo figuravam em sua consciência. E por que fariam,
com as experiências que ela teve? Abandonada quando bebê, sem ninguém para
cuidar dela, passada por aí como um pacote indesejado até que uma velha megera
maltratada resgatou uma criança quebrada dos paralelepípedos e a explorou por
anos sem remuneração, e em sua ignorância e vulnerabilidade, Daisy confundiu
isso com cuidados de uma mãe.
Seus braços se apertaram ao redor dela. Ele gostaria que ela tivesse
conhecido sua mãe.
&&&&
— Bem, Daisy, você será a próxima! — Jane exclamou.
— Quem eu? O quê? — Daisy se endireitou de repente, assustada com um
pouco de torpor. Ou foi um cochilo? Ela estava exausta. Era a noite antes do
casamento de Jane, e as meninas estavam jantando em sua última ceia de
meninas no berçário. Nas semanas anteriores, ela trabalhou tanto para deixar tudo
perfeito que quase adormeceu.
— Próxima a quê? — Ela perguntou novamente.
— A se apaixonar e se casar, é claro, boba, — disse Jane. — Você não
estava ouvindo?
— Aqui, coma uma torrada. — Damaris passou a Daisy uma fatia de pão
quente perfeitamente torrado.
— É você que não escuta, Jane — retrucou Daisy, passando manteiga na
torrada. — Eu nunca vou me casar. Quantas vezes você me ouviu dizer isso?
Jane riu. — Sim, mas esse é a maneira das irmãs Chance.
Daisy lançou-lhe um olhar cético. — Que maneira é essa?
— Nossa maneira. Veja, primeiro havia a querida Abby, mantendo-nos
juntas, cuidando de todos, certa de que ela nunca teria a chance de se casar, muito
menos de ter um filho. Jane abraçou a irmã. — Agora olhe para ela, você poderia
ver alguém mais apaixonado do que ela e Max? E basta olhar para esse adorável
brilho feliz da futura mãe.
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Abby riu, um pouco envergonhada. — Oh, é apenas a luz do fogo, — Ela


murmurou, mas não era. Ela brilhava. Daisy nunca a tinha visto tão bonita. Abby
sempre foi elegante, ao invés de bonita, mas agora...
Jane continuou: — E então, minha querida Damaris, que foi totalmente
inflexível de que nunca iria se casar. Tudo o que ela queria era uma pequena
cabana e algumas galinhas, lembra?
— E eu tenho minha adorável cabana e galinhas. — Damaris habilmente
deslizou uma fatia de torrada quente em um prato e passou para Jane.
— Você também tem o querido Freddy, que completa e totalmente a doe por
você. — Jane riu enquanto Damaris corava rosadamente.
— E então há eu... — Jane deu um grande suspiro feliz e sorriu para as
brasas do fogo. Sua torrada permaneceu ignorada em seu colo. Abby o recuperou
e passou manteiga para ela. — Eu estava tão determinada a não me apaixonar, a
fazer um casamento prático.
Jane se voltou para Daisy. — Você me disse que eu me apaixonaria pelo
homem mais inadequado de Londres, lembra? E eu me apaixonei. Meu querido,
querido Zachary... — Ela deu um pequeno estremecimento de prazer. — Então você
vê, Daisy querida, é o seu destino. Você será a próxima. As garotas Chance sempre
conseguem o que merecem, e você merece o melhor.
— Eu tenho o melhor, — disse Daisy. — A melhor loja de Londres. Agora
coma sua torrada.
— Ohh, não estou com fome, — Jane declarou alegremente. — Não para
torradas. — Seu olhar sonhador deixou claro o que ela estava com fome, e não era
qualquer tipo de comida.
— Bem, eu estou. — Abby pegou a torrada que ela passou manteiga para
Jane. — É terrível. Estou sempre com fome e adormeço nos momentos mais
inoportunos.
— Você está aumentando, é natural, — Damaris apontou.
Daisy, que tinha aberto a boca para admitir que se sentia exatamente da
mesma forma ultimamente, fechou-a. Ela pensou de volta, fazendo um cálculo em
sua cabeça. Ela olhou para Abby, sonolenta e arredondada, fértil, brilhante e feliz.
Inferno sangrento.

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Capítulo Dezoito
Sua mente estava toda desordenada. O passado, o presente, o futuro, tudo era
terrível.
JANE AUSTEN, MANSFIELD PARK

Grávida
O jantar acabou, Abby e Damaris foram para casa para seus maridos
amorosos e Jane foi para a cama para tentar dormir, não havia como ela dormir,
ela estava muito tensa, e sonhava acordada com seu futuro marido.
Daisy também estava tensa, mas por um motivo muito diferente. Ela deu
uma desculpa e foi para sua oficina, deixando Jane na cama. Ela precisava
ficar sozinha para pensar.
Grávida.
Ela não podia estar. Ela contou os meses. Quando ela teve seus últimos
trapos?
Ela estava semanas atrasada. Ela contou duas vezes para ter certeza, mas
caramba, ela havia perdido dois meses. E seus seios estavam tão sensíveis
ultimamente. Ela achava que era por causa das atenções de Flynn para com eles.
Como diabos isso aconteceu? Ela tinha sido muito cuidadosa, usando os
métodos que as meninas usavam no bordel para não engravidar. Ela os tinha
usado todas as vezes... exceto por...
Droga! A mesa. Aquela primeira vez com Flynn, na mesa. Ela não esperava
aquilo, não tinha se preparado para isso, tinha cuidado das coisas depois, mas
deve ter sido tarde demais. Como fechar a porta do estábulo depois que o cavalo
sangrento fugiu.
Ela xingou.
Ela nem havia notado a falta de seus trapos, com a loja e tudo, as pessoas
às vezes atrasava, quando a vida estava ocupada e preocupante. Mas não era
excitação ou preocupação, era descuido, descuido estúpido e sangrento da parte
dela.
O que diabos ela vai fazer agora?

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Uma coisa estava clara. Ela não contaria a Flynn. Ele a levaria para uma
igreja antes que você pudesse piscar e ela se casaria.
Casada, grávida, Flynn seria dono de sua loja, sua adorável loja. E ela teria
que se tornar uma senhora, uma senhora adequada, com todos os enfeites, porque
isso é o que ele queria em uma esposa. Uma esposa elegante, elegante e digna.
Que era o mais longe que Daisy poderia chegar.
Ela não teria esperanças nisso, mas teria que sorrir, agir como uma dama e
fingir para si mesma e para todos que não havia arruinado a vida dele.
Não, ela não contaria a Flynn.
Havia muitas coisas a fazer com bebês indesejados. Lá estavam as mulheres
idosas nos becos com suas agulhas de tricô. Daisy estremeceu. Ela não estava indo
para lá.
Ela poderia ficar com o bebê e dá-lo, como sua mãe fez. Ela não precisava
embrulhá-lo em trapos e deixá-lo ao lado da sarjeta, como Daisy foi deixada, ou
pelo menos foi o que lhe disseram. Havia outras escolhas.
O Hospital Foundling, do Capitão Coram, eles levariam um bebê se o
motivo dela fosse respeitável, de bom caráter. Ninguém que Daisy conhecesse
conseguira que um bebê fosse aceito.
Mesmo se eles entrassem, um bebê não estava necessariamente seguro.
Coram pegava recém-nascidos, nada além de doze meses, e distribuiu os bebês
para amas de leite no interior. Alguns dos caras que rondavam o bordel deram um
passo para o lado, levando os bebês da casa de Coram, supostamente para entregá-
los à ama de leite, mas alguns deles haviam se ‘perdido’ no caminho. Bebês
morriam com facilidade, todo mundo sabia disso.
E mesmo se eles sobrevivessem a isso, ela tinha visto alguns dos Coram
enjeitados uma vez, nunca esqueceram seus rostos bem esfregados, suas roupas
sem graça, elegantes e feias, enquanto caminhavam em fila para a igreja, dois a
dois. Nem um só sorriso entre eles, coitadinhos. Uma vida sombria, obediente e
bem disciplinada, tudo planejado para eles. Nenhuma alegria nisso.
Ela colocou a mão sobre a barriga ainda lisa. — Não se preocupe, baby, —
Ela sussurrou, — Eu não vou mandar você lá. — Oh, Deus, o que ela estava
fazendo, falando com o bebê já como se fosse uma pessoa? Essa foi a pior coisa a

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fazer. As garotas que faziam isso nunca mais eram as mesmas depois de dar o
bebê. Transformadas em ruína. Ou ópio.
Ela não era como aquelas garotas, ela não era. Ela tinha uma família agora
e uma loja. Ela não era pobre, desesperada e sem amigos. Seu bebê ficaria bem.
Ela poderia ter o bebê em segredo e deixá-lo em algum lugar agradável e
seguro. Com pessoas que cuidariam bem dele. Faria com que parecesse
desejado. Como se pertencesse.
Um bebê precisava saber que era desejado. E amado.
Existia tal lugar? Como ela o encontraria?
Lady Beatrice a ajudaria. — Ela é adorável, Lady Bea — Ela disse ao
estômago. — Ela garantirá que você vá para uma boa casa em algum lugar. — Ela
se interrompeu. Ela estava fazendo isso de novo. Isso tinha que parar.
Ela iria para a cama agora, tentaria dormir, falaria com Lady Bea pela
manhã, não, era o dia do casamento de Jane. Ela teria que esperar até depois.
Havia muito tempo. Ela estava com apenas um ou dois meses. Ela deu um tapinha
no estômago. — Não é como se você estivesse indo a qualquer lugar, não é?
&&&&
O casamento de Jane foi um deleite. Jane, é claro, estava incrivelmente bela
e brilhava de felicidade. Ela, suas quatro damas e Lady Beatrice, todas usavam
roupas feitas por Daisy, desculpe-me, Loja Chance, e estavam lindas, se é que a
própria Daisy diria isso. Alguns dos convidados também usavam vestidos de Daisy.
Ela não poderia estar mais orgulhosa se fosse a mãe da noiva.
Ela colocou a mão na barriga. Pensamento infeliz.
— Está com dor de barriga? — Flynn murmurou em seu ouvido. Ele era um
padrinho de casamento, parecendo arrojado e bonito, e pela primeira vez, não
colorido, tudo em preto e branco e cinza prateado. Freddy deve ter prevalecido.
— Não, estou bem. — Ela evitou seu olhar.
— Só que é a terceira ou quarta vez hoje que vejo você fazer isso.
— Não, é apenas o perfume daquela mulher, está me deixando um pouco
tonta. — Isso era verdade. — Com licença, Flynn. Tenho que ir, preciso de... um.
— Ela saiu correndo. Não era próprio de uma dama mencionar o banheiro.
Ela vinha tentando evitar Flynn o dia todo. Foi difícil com os dois na festa de
casamento, mas ela conseguiu. Ele teria perguntado a ela mais cedo se algo fosse
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o problema e ela sussurrou: — Tenho que ser discreta, lembra? — E se afastou,


deixando-o carrancudo atrás dela.
Era como se ele soubesse que algo estava acontecendo. Mas não entendia.
Ele estava apenas sendo Flynn, cuidando dela, agindo como se ela fosse uma
frágil... senhora.
O que diabos ela faria quando todos eles descessem para a região da nova
casa de Jane? Havia algum tipo de celebração lá para o primeiro de maio. Eles
estavam todos indo, toda a família. Até mesmo Lady Beatrice consentiu em visitar o
campo, que ela odiava. Flynn também iria, aparentemente. Seria ainda mais difícil
evitá-lo em uma festa em casa.
Mas de alguma forma ela tinha que lidar com isso porque ela era uma
péssima mentirosa e se ele continuasse perguntando se algo estava errado, ela
acabaria tagarelando.
E isso arruinaria sua vida. E dela.
O casamento acabou, Jane partiu em lua de mel e a casa em Berkeley Square
estava muito quieta. Lady Beatrice, declarando-se totalmente exausta, foi cedo
para a cama. Daisy refletiu sobre seu problema. Talvez ela não fosse para o
campo. Talvez ela dissesse a todos que ela tinha que ficar na loja.
Jane ficaria muito magoada se Daisy não fosse à primeira festa de Jane como
uma nova esposa em sua nova casa.
Mas se Daisy fosse, haveria o problema de Flynn. Ela caminhou lentamente
até a cama, jogando os mesmos pensamentos infrutíferos em sua cabeça. E
parou. Havia uma luz embaixo da porta de Lady Beatrice?
Ela bateu de leve, para o caso de a velha senhora ter adormecido com a luz
acesa.
— Entra, — uma voz majestosa respondeu.
Daisy enfiou a cabeça pela porta. — Você está acordada?
— O que é, criança? — Lady Beatrice estava sentada na cama, apoiada em
um monte de travesseiros e usando uma das camisolas de Daisy, a primeiro que
ela havia feito para ela, rosa, com babados e feminina. Ela deu um tapinha na
cama em convite.
Daisy entrou no quarto e subiu na cama. — Não consegue dormir?

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— Excitação demais, — a velha senhora concordou. — Jane não estava


linda? E aquele marido dela, então mãos... — Ela parou, franzindo a testa. — O
que é, criança? — Ela disse em uma voz bem diferente.
Daisy entrelaçou os dedos. Eles estavam tremendo. Meninas foram jogadas
na rua por ficarem grávidas. Expulsas de suas próprias famílias. Lady Bea, por
mais que a reivindicasse como sobrinha, não era parente nenhuma.
— Cuspa isso, garota.
Daisy respirou fundo. — Estou aumentando.
Lady Beatrice olhou para ela e balançou a cabeça. — Absurdo. Você não está
nem um pouco gorda.
— Não, estou aumentando. Você sabe, em uma condição delicada. — Ela não
teve coragem de dizer que esperava um acontecimento feliz porque foi um desastre
sangrento. Ela também não suportava falar em família. Ela gesticulou com as
mãos, fazendo um monte sobre o estômago.
Lady Beatrice franziu a testa. — Meu Deus, você quer dizer que está grávida?
Não há necessidade de rodeios.
Daisy revirou os olhos. Ela nunca pegaria o jeito de ser uma dama. — Sim,
tudo bem então, estou até a merda!
— Não seja vulgar. E o que o Sr. Flynn tem a dizer sobre sua condição? —
Daisy engasgou. — Como você sabia que era ele?
Lady Beatrice bufou, como se fosse muito óbvio para as palavras. — Então o
que você vai fazer?
— Eu não sei.
A velha franziu a testa. — Quer dizer que ele não vai se casar com você?
— Oh sim, ele casaria, se ele soubesse sobre isto. Mas eu não vou contar.
— Por que não? Coloque-o à prova, garota, conte-lhe sobre o bebê e dê a ele
a oportunidade de fazer a coisa certa.
Daisy olhou furiosamente para ela. — Ele tem me pedido para casar com ele
todos os malditos dias por semanas.
— Sem nem saber da criança? Bom para ele. Aí está sua resposta então. Não
pode haver recriminações de que você prendeu o querido homem. Conte-lhe as
boas notícias e começaremos os preparativos do casamento imediatamente. Meu

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Deus, quatro casamentos em um ano! Eu estarei completamente exausta! — Ela


disse em completo deleite.
Daisy não se mexeu. Ela se sentou silenciosamente na cama traçando o
desenho na colcha de cetim com o dedo indicador.
Lady Beatrice ergueu seu lornhão. — Diga logo, garota, qual é o problema?
— Eu não vou casar com ele, — Ela murmurou. — Eu não posso.
A velha deu-lhe um olhar penetrante. — Você ainda não é casada, não
é? Porque se você for...
— Eu não sou casada. Eu apenas... não posso.
— Por que não? Qual é o ponto crítico?
Daisy encolheu os ombros.
— Um encolher de ombros não vai servir desta vez, minha querida, — a velha
senhora disse. — Vamos lá, explique para uma velha para que eu possa entender,
por que você não pode se casar com um homem que é bonito, rico, perdidamente
apaixonado por você, ah, e cujo bebê você está carregando?
— Porque eu não posso, é por isso.
— Oh, bem, isso esclarece maravilhosamente. — A alça de seu lornhão bateu
com impaciência.
— É a minha loja, — disse Daisy por fim. — Tem sido meu sonho por tanto
tempo, toda a minha vida desde que peguei uma agulha e linha e costurei meu
primeiro vestido.
O olhar da velha senhora se fixou nela. — É isso aí? Uma loja está impedindo
você de se casar com o melhor homem que conheci em muito tempo?
Daisy encolheu os ombros. — Foi tudo pelo que trabalhei, tudo com que
sempre sonhei. E se eu casar com ele, perco o controle. Essa é a lei.
— Tolice!
— É verdade...
— Disparate! E tolice! Uma loja é uma coisa. Pode ser comprada ou vendida,
ou mesmo queimada! — Daisy cruzou os dedos para evitar o azar. A velha senhora
continuou: — Uma loja não pode falar com você, discutir ou oferecer conforto ou
encorajamento. Uma loja não pode amar você.
Daisy mordeu o lábio. Ela não precisava de amor. Ela tinha se saído muito
bem em sua vida sem isso.

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— Você não pode escolher entre uma loja e uma pessoa.


— Sim eu posso. — O problema era que havia duas pessoas, não uma. Flynn
e o bebê.
A velha apertou os lábios e a olhou pensativamente. — E o que dizer do Sr.
Flynn? Você vai negar a ele até mesmo o conhecimento da criança?
— O que ele não sabe não pode machucá-lo, — murmurou Daisy, mas isso
não era verdade. Quantas horas ela havia passado em sua vida se perguntando
sobre sua mãe, seu pai, o que havia acontecido? E por quê? Sonhar todo tipo de
histórias para explicar por que eles tiveram que abandoná-la.
Às vezes, o que você não sabia era uma ferida não curada que infeccionava
silenciosamente.
Houve um longo silêncio. Lá fora, o vento assobiava nos beirais. Lady
Beatrice se mexeu, puxando a roupa de cama ao redor dela. — E o bebê?
A boca de Daisy tremeu. — Eu não sei, — Ela sussurrou. — Eu pensei que
poderia entregá-la, mas...
— Oh, é ela agora, não é?
Daisy assentiu. Ela não sabia como isso tinha acontecido, mas de alguma
forma o bebê se tornou uma pessoa para ela, uma garotinha com cabelo escuro
encaracolado e grandes olhos azuis como seu pai, e não podia, ela simplesmente
não podia entregá-la para ser criada por estranhos que poderiam não cuidar dela
apropriadamente, poderiam não a amar.
— Pensei que poderia haver algum... de alguma forma poderíamos mantê-la
conosco. Aqui.
— Você pensou? Criar sua pequena bastarda na minha casa? A sociedade
adoraria isso, tenho certeza. Eles se reuniram em sua loja então, não é?
Daisy estremeceu com as duras verdades lançadas sobre ela com uma voz
dura. Ela olhou para cima, ferida. Ela esperava que a velha a ajudasse, de alguma
forma consertasse tudo.
Lady Beatrice encolheu os ombros sem arrependimento. — Palavra
desagradável, não é? Mas é isso que você fará com ela se não se casar com o Sr.
Flynn, uma pequena bastarda. Você sabe o que é, não é, Daisy? Ser uma bastarda.
Não acho que seja muito bom.

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Noiva no Verão
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Daisy não tinha resposta para isso. Mesmo nas sarjetas mais baixas de
Londres, um bastardo era o mais baixo.
— Eu sei, mas o que mais posso fazer? — Seu rosto se enrugou.
— Oh, venha aqui, querido garota. — Lady Beatrice estendeu os braços e
Daisy caiu neles, soluçando.
— Eu odeio isso, eu nunca choro, — disse Daisy com um soluço algum tempo
depois.
— Eu sei. Abby é a mesma. Disseram que mulheres na sua condição estão
mais sujeitas ao choro. Eu não saberia. — A velha afastou uma mecha de cabelo
úmido da têmpora de Daisy e entregou-lhe um pedaço de renda. Daisy enxugou os
olhos com ele.
— Se sentindo melhor? Um bom choro pode lhe fazer muito bem, dizem
eles. Tão bom quanto, bem, o que eu espero que você tenha experimentado com o
Sr. Flynn, embora isso seja um absurdo, é claro. Aqueles que dizem isso
obviamente nunca tiveram um homem bom em sua cama, eu digo. Simplesmente
não se compara. E faz uma bagunça no seu rosto, quero dizer, chorar, não o outro.
Daisy deu uma risada trêmula. A velha adorava chocar.
Ela sorriu e deu um tapinha na mão de Daisy. — Agora vá lavar o rosto e
vá para a cama, mocinha, e pense no que você vai fazer.
Daisy piscou para ela. — Mas eu pensei... quer dizer, você adora dizer às
pessoas o que fazer.
— Eu adoro. Mas, neste caso, você não precisa do meu conselho.
— Sim eu preciso.
A velha abanou a cabeça. — Só você pode decidir isso, você será aquela que
terá que viver com qualquer decisão que tomar. Você, o bebê e o Sr. Flynn. Mas
primeiro você tem que descobrir do que você tem tanto medo.
— Medo?
Ela assentiu. — Sim, medo. Daisy Chance, minha corajosa e pequena garota
que enfrenta o mundo de frente, que chutou uma grande e terrivelmente
desagradável cozinheira no primeiro dia em que nos conhecemos, está com medo.
Daisy mordeu o lábio. Ela queria negar, mas não podia. Estava com medo do
futuro, com medo do bebê. Mas uma garota tinha seu orgulho, então ela conseguiu
replicar com algo de sua maneira usual: — Do que eu tenho medo, então?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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— Eu não sei, querida garota, — a velha senhora disse suavemente. —


Qualquer que seja a fonte do seu medo, ele está enterrado bem no fundo de você.
Olhe dentro do seu coração, criança, para ver o que você realmente deseja. E então
pergunte a si mesma do que você tem tanto medo. Porque até que você saiba o que
é, e o enfrente, você estará sempre correndo, e nunca sabendo por quê.
&&&&
Ela não conseguia decidir, ela não conseguia decidir, ela não conseguia
decidir. Era completamente impossível.
Daisy se virou na cama pela centésima vez e bateu no travesseiro também
pela centésima vez. Ela podia culpar a cama, eles estavam no campo, na nova casa
de Jane, e dormir em uma cama estranha sempre era complicado nas primeiras
noites. Mas não era a cama.
Nem era sua insônia culpa dos sons estranhos e enervantes que vinham da
noite. Os gritos, como uma pessoa sendo torturada, eram raposas, aparentemente.
Acasalamento. Então, as raposas também gritavam. E então havia corujas...
Ela odiava o campo. Cheio de rastejadores assustadores. Ainda bem que eles
voltariam para Londres em alguns dias. Ela mal podia esperar.
Mas o campo e as raposas não a mantinham acordada. Seus pensamentos
giravam e giravam.
Lady Bea estava errada sobre o medo dela. Ela havia pensado nisso e a única
coisa que assustava Daisy era o futuro de seu bebê. E isso não medo dela.
Era só decidir o que fazer que a mantinha acordada.
Era óbvio o que ela deveria fazer. Ela ficaria com o bebê, criaria ela mesma
e, se Lady Bea não a quisesse em casa, Daisy se mudaria. Ela iria encontrar uma
pequena casa, talvez até apenas um conjunto de quartos no início, e pagaria a
alguém para cuidar do bebê durante o dia, enquanto ela estava na loja.
Ela poderia fazer tudo discretamente. Se ela fizesse isso direito, seus clientes
nunca saberiam.
Escondendo seu bebê como se tivesse vergonha dela.
Ela se virou e mexeu no travesseiro novamente.
Bastarda. Era um termo feio. Isso pairaria sobre sua filha por toda a vida.
Daisy havia abraçado sua própria bastardia, disse a todos desde o início que
ela nasceu do ‘lado errado do cobertor’. Mas isso era porque ela não tinha escolha,
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Noiva no Verão
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ela era uma bastarda e tão diferente de suas ‘irmãs’ como giz de queijo. O lado
errado do cobertor, explicava tudo.
A maioria das famílias, a maioria das famílias da alta sociedade tinha um
bastardo ou dois escondidos. Alguns dos nobres, que não se importavam com o
que os outros pensavam, reconheceram seus bastardos, a maioria os escondia
como um segredinho sujo.
Como Harriet naquele livro, Emma, ela nunca soube quem ela realmente
era. Apenas aquele ‘alguém’ que pagou por sua manutenção e educação. Ela era
uma versão chique de Daisy. Não desejada. Despejada, apenas em uma escola de
boa classe, em vez de na sarjeta.
Daisy pressionou as palmas das mãos sobre sua barriga. Era uma escolha
simples: casar com Flynn, perder sua loja, tornar sua filha legítima, e segura para
o resto da vida, porque Flynn era rico. E porque ele amaria essa menina acima de
tudo.
Ou dar à luz um bastardo e criá-la como um segredinho sujo.
Sem escolha, realmente.
Por que então era tão difícil se decidir?
Ela teria que ter uma conversa, não, algo mais sério, uma discussão com
Flynn, mas isso não deveria ser muito difícil, certo? Ele ficaria satisfeito, ela sabia,
ele não fazia segredo de querer filhos. E ela gostava de Flynn, realmente gostava. E
ele gostava dela. Mesmo que ela não fosse o tipo de garota com quem ele sempre
sonhou em se casar. O oposto completo, na verdade.
Ele já havia pedido a ela em casamento uma dúzia de vezes ou mais, embora
ela tivesse certeza de que era apenas ele sendo incapaz. Ele ainda a achava uma
garota decente, mesmo depois de ela ter contado tudo sobre o bordel e tudo. Então
ele seria nobre agora e se casaria com ela e aceitaria o bebê. E fingir que era
exatamente o que ele queria o tempo todo. Porque aquele era Flynn.
Deve ser simples. Mas, bem não era.
Era a loja? Ela não sabia. Amava sua loja, mas Lady Bea estava certa,
quando se tratava de uma escolha entre ser sua própria patroa e ter sua loja
adorável e se tornar uma costureira famosa da moda, ou dar a esta pequena o tipo
de vida que ela merecia, era sem escolha.

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Ela poderia perder a loja. Seria difícil, depois de tudo o que ela tinha feito
para que isso acontecesse, mas ela provou a si mesma que podia ser um sucesso.
Assim que se casassem, Flynn seria o dono. Mas ele seria justo sobre isso. Ele
poderia deixá-la continuar passando lá, ela provavelmente poderia desenhar as
roupas, se não administrar a loja. Ele pode até devolver a loja para ela. Ele disse
que ela deveria confiar nele.
Mas os homens casados esperavam que suas esposas ficassem em casa,
cuidassem da casa e criassem os filhos. Fosse esposa. Fosse uma dama. Uma
anfitriã.
Não gostaria muito, não seria muito boa nisso, não no início, mas supôs que
poderia aprender. Estremeceu. Tinha que encarar. Ela precisava contar a Flynn.
Amanhã.
&&&&
O dia todo ela adiou falar com ele. Evitando ficar sozinha com ele. Temendo
a conversa que ela sabia que precisava ter. A conversa.
Ele sabia que algo estava acontecendo também. Ele estava olhando para ela
como um falcão. Como uma coruja. Como uma daquelas raposas malditas.
Ela estava pronta para gritar, só que não pelo mesmo motivo.
E agora, para piorar as coisas, todos os outros, todos os jovens, tinham saído
em casais. Porque era uma noite adorável e quente, para variar, e lua cheia.
Romântico.
Os únicos que ficaram na sala de estar eram idosos, e Flynn e Daisy.
Ele olhou para ela com uma expressão sombria e taciturna que a fez
estremecer. Se não houvesse nenhum bebê, nenhuma discussão a ser feita, ela
estaria lá fora com ele como um par, aproveitando o luar. Agindo como raposas.
Em vez disso, ela evitou seu olhar.
— Bem, — Lady Beatrice disse, — vocês dois vão ou ficam?
— Fica. — Daisy pegou um baralho de cartas e começou a embaralhá-las,
mal. Suas mãos tremiam. — O campo me dá arrepios à noite. Alguém quer cartas?
Flynn lançou um olhar longo e seco para ela e se levantou. — Eu poderia
muito bem levar o cachorro para passear, então. Venha César ou Pétala de Rosa
ou qualquer que seja seu nome, podemos latir para a lua juntos. — Ele entrou

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pelas portas francesas, com o cachorro feio de Jane fungando alegremente ao lado
dele.
Lady Beatrice o observou partir. — Desperdício de homem bom como aquele,
deixá-lo latir na lua cheia ‘sozinho’ com um cachorro! — Ela informou a sala em
geral. Ela se virou para Daisy, lornhão erguida e disse em voz baixa: — Você ainda
não falou com aquele menino?
Daisy encolheu os ombros.
A velha bufou. — Então você ainda está com medo, ainda está correndo.
Daisy olhou para ela. — Não. Eu não estou com medo. Mas já que você
mencionou, eu poderia muito bem acabar com isso. — Ela saiu pisando forte. —
Oi, Flynn, espere por mim

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Capítulo Dezenove
O que um dia significa, você sabe, um pode não significar no próximo. As
circunstâncias mudam, as opiniões mudam.
JANE AUSTEN, NORTHANGER ABBEY

O campo era um lugar horrível à noite. Completamente assustador. Os


arbustos estremeciam, as árvores rangiam, as folhas zunindo e deslizando.
Criaturas espreitavam por trás e sob tudo isso. E a lua pode estar cheia e brilhante,
uma grande e gorda bola dourada no céu, mas transformou tudo em sombras.
Movendo-se, mudando, sombras assustadoras.
Dê a ela um beco escuro em Londres qualquer dia.
Daisy ouviu um som horrível de fungada, virou-se, viu uma sombra alta se
mover e quase pulou fora de sua pele.
— Deus, Flynn, você e esse cachorro me deram um grande susto. — Ela se
apressou e agarrou seu braço. Droga. Ela não tinha a intenção de ser tão amigável,
ela planejou uma discussão calma e racional.
— Mudou de ideia sobre se juntar a mim, querida? —E antes que ela pudesse
dizer qualquer coisa, ele a estava beijando.
E caramba, ela o estava beijando de volta, como se não tivesse força de
vontade própria. Oh, como ela sentia falta disso, sentia falta dele, e isso fazia
apenas alguns dias. Pareceram semanas.
A mão dele se moveu para segurar seu seio e a pontada de sensibilidade foi
o suficiente para trazê-la de volta aos sentidos. Ela não estava aqui para um beijo
e carinho sob a lua, havia uma discussão a ser realizada.
Ela se desvencilhou de seu abraço. E imediatamente sentiu o frio da noite ao
seu redor.
— Algo errado, Daisy? — Ela não podia ver seu rosto. Estava na sombra.
Ela respirou fundo. — Você quis dizer isso sobre querer se casar comigo?
— Sim. — Nem um pingo de hesitação.
— Você ainda quer?

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— Sim. Que história é essa, Daisy? Você tem agido como um gato com as
patas molhadas desde o casamento da sua irmã.
— Você tem certeza? Sobre casar comigo, quero dizer. — Ela desejou poder
ver seu rosto, ver o que ele estava pensando, mas ele era apenas uma silhueta alta
e escura.
— Sim, tenho certeza, droga. Por quê?
Ela engoliu em seco. — Estou tendo um bebê. — Por um longo momento ele
não disse nada, ouviu-se apenas o som de coisas correndo nos arbustos, ou talvez
fosse o cachorro. Então, ela acrescentou para deixar claro: — Estamos tendo um
bebê.
— Você tem certeza?
Assentiu com a cabeça, examinando o rosto sombreado desesperadamente,
tentando ler sua expressão na escuridão.
E então ela viu um lampejo de dentes brancos. Houve um grito alto! E ela foi
agarrada por um par de braços fortes e girou e ele a estava abraçando e beijando,
tão feliz, tão excitado.
Ela se sentiu muito mal. E não do rodopio.
Por fim, ele a colocou no chão e, de alguma forma, na escuridão, encontrou
um banco para eles se sentarem. Ele se sentou e puxou-a de joelhos, colocando-a
contra seu peito. Ela estava grata por seu calor. O luar iluminava seu rosto agora
e ela estava feliz, porque significava que o dela estava na sombra, e ele não seria
capaz de ver como ela se sentia.
— Quando é o nascimento?
Ela nem tinha contado. — Não tenho certeza. Eu penso perto do Natal. —
— Natal? Isso é ótimo. Um bebê de Natal. — Ele a abraçou, balançando-a
ligeiramente, sem dizer nada por alguns minutos. Ela esperou pela próxima
pergunta.
Demorou um pouco para chegar. — Como, quero dizer, estou muito feliz com
o bebê, é claro, você não pode saber como me sinto neste momento, menina Daisy
— mas sua voz se quebrou um pouco e seus braços se apertaram ao redor dela, —
mas presumi que você estava fazendo algo para prevenir...
— Eu estava. Mas não... a primeira vez.

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— Ah, a mesa, foi? — Ele se curvou e a beijou. — Que tipo de casamento você
quer? Rápido e silencioso ou grande e chamativo?
— O que você gostaria?
— Grande e chamativo de preferência, mas talvez já que este pequenino está
chegando — Ele acariciou sua barriga de leve — é melhor que seja rápido e
chamativo. Você acha que conseguiria fazer isso? Você vai querer fazer um lindo
vestido, eu sei.
— Eu posso controlar isso. — Ela estava quase chorando. Ele era tão
generoso, tão receptivo, um homem tão bom, querido e nobre. Você pensaria, pela
maneira como ele estava reagindo, que isso era exatamente o que ele sempre
sonhou. E talvez o bebê fosse.
Mas sonhando com uma esposa como Daisy? Nunca.
— Você está bem, amor? Só você parece um pouco quieta.
— Só um pouco cansada, — Ela disse.
Ele sorriu. —Isso será pelo bebê. — Ele parecia tão satisfeito, tão feliz. Ela
sentiu uma lágrima rolar por sua bochecha e sub-repticiamente a enxugou.
— Acho que gostaria de entrar agora. Está frio. Você não saberia que o verão
está chegando, não é?
— Já estamos contando às pessoas? — Ele perguntou.
Ela balançou a cabeça. — Ainda não, não até eu começar a aparecer. Até
agora, só contei a Lady Bea... bem, precisava contar a alguém, ela acrescentou,
vendo seu rosto ficar um pouco abatido. A culpa se agitou. O pai deve ser o
primeiro a saber.
Ele a ajeitou nos braços para que pudesse ver seu rosto e em voz baixa
perguntou: — Você está bem sobre este casamento, Daisy? — Ele esperou. —
Quero dizer, você me recusou todas as outras vezes, então eu sei que você só está
se casando comigo pelo bebê. E isso é ótimo para mim, caso você esteja se
preocupando com isso. Mas você está bem sobre isso?
Ela forçou um sorriso. — Sim, estou feliz com isso, Flynn, não se preocupe.
— É a loja? Porque você sabe que eu vou devolver para você, no minuto em
que nos casarmos.
— Não é a loja. Estou apenas um pouco cansada e, você sabe — Ela tocou a
barriga — me sentindo um pouco enjoada.

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Não era exatamente uma mentira. Ela se sentia mal, só que não era o bebê
que a fazia se sentir mal. Era ela mesma.
&&&&
— Foi o que você disse a ele — observou Lady Beatrice. Ela e Daisy estavam
em sua carruagem, voltando para Londres.
— Sim, eu disse a ele.
— E? Ai! Meus malditos ossos nunca mais serão os mesmos! — Ela
acrescentou quando a carruagem bateu em outro conjunto de buracos. Era uma
carruagem muito bem suspensa, mas a estrada estava em mau estado. — Jane e
sua festa. Por que as pessoas desejam viver neste deserto esquecido por Deus está
além de mim! Então o que ele disse?
— Nós vamos nos casar.
— Excelente. Quando?
Daisy encolheu os ombros. — Logo, eu suponho. Antes de começar a
mostrar.
A velha bufou. — Contenha seu entusiasmo, sim?
Daisy suspirou.
Houve um longo silêncio. Elas sacudiram por um tempo e então chegaram a
um trecho liso da estrada. — Você não olhou para o seu coração, não é?
Daisy encolheu os ombros.
— Então por que toda a escuridão? Se eu tiver que sentar aqui, olhando para
esse rosto miserável de sexta-feira durante todo o caminho até Londres, vou querer
atirar em mim mesma antes de chegarmos lá.
Daisy suspirou. — Ele colocou um rosto adorável quando eu contei a ele. Ele
está emocionado com o bebê e está muito satisfeito e feliz com o casamento.
— E?
Ela ergueu os olhos. — Bem, ele deve ficar desapontado, não é? Quer dizer,
eu não sou nada parecida com o tipo de esposa que ele queria, mas ele está fingindo
que não poderia ser mais convincente. — Ela sentiu seu rosto se contorcer e lutou
contra o desejo de chorar.
A velha olhou para ela com olhos velhos astutos. — Existem coisas piores na
vida do que decepção.
Daisy não disse nada.
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— Eu decepcionei meu marido por ser incapaz de dar a ele, qualquer filho.
— Ela suspirou. — A decepção dele não foi nada contra a minha, é claro. Eu sofri
por anos. — Perdida em pensamentos, a velha senhora olhou sem ver o campo
passando pela janela, então acrescentou: — Ele nunca me amou, você sabe.
Daisy saiu de sua cadeira, que estava voltada para trás, para se sentar ao
lado da velha. Ela enfiou os dedos na mão velha e nodosa e apertou. — Ele era um
tolo então. — Lady Bea era cheia de amor. Veja como ela esbanjou isso com as
quatro, que não eram parentes dela.
Lady Bea sorriu para ela. — Há coisas piores do que decepção. Mas acho que
você está cometendo uma injustiça com o Sr. Flynn. Ele sempre me pareceu um
homem que sabe exatamente o que quer e, aparentemente, quer você.
— Mas eu não sou uma senhora e ele sempre disse...
— Oh, pelo amor de Deus! É tudo culpa daquela megera que te criou. Tenha
um pouco de fé em si mesma, ou, se não puder, tenha fé em Flynn. Ele é o tipo de
homem em quem você pode confiar, mas isso é metade do seu problema, você não
gosta de depender de outras pessoas, não é? Outra coisa para culpar aquela
mulher horrível. Você falou com ele sobre suas preocupações?
— Qual é o ponto? Ele só vai mentir para me preservar.
— Diz a garota que não tem medo. Você já se perguntou por que isso, por
que você acha que ele está mentindo para você e por que tem medo de dizer a ele
como se sente?
Daisy sabia por que ele estava mentindo, porque ele era tão nobre, decente,
bom e gentil, e não o tipo de homem que magoava as mulheres. Veja como ele
tratou Lady Elizabeth. Se ele tivesse acabado casado com ela, teria feito
exatamente a mesma cara, Daisy tinha certeza.
Ele nunca diria que Daisy era uma decepção. A ideia de viver com isso pelo
resto da vida era como uma faca em seu peito.
— Será que ele te ama?
Daisy sacudiu a cabeça. Ele não poderia. Ele nunca disse isso, embora
houvesse muitas oportunidades. Ele só se voltou para Daisy porque ela estava lá,
e disponível, depois que ele foi decepcionado por Lady Elizabeth. E porque ele
pensou que a tinha seduzido.
— Será que você o ama?

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Daisy mordeu o lábio. Claro que ela o amava. Como ela não poderia? E
amando-o como o amava, ela sabia que era a última pessoa com quem ele deveria
se casar.
Mas o bebê havia mudado tudo.
&&&&
O casamento foi marcado para primeiro de junho, o primeiro dia
do verão. Lady Beatrice recusou-se a aprovar um casamento apressado com
licença especial, eles teriam os proclamas convocados, como pessoas decentes.
Ninguém acusaria suas sobrinhas de precisarem se casar às pressas, mesmo que
precisassem. E quando o bebê nascesse, se as pessoas contassem os meses, bem,
seriam apenas aquelas com mentes vulgares e banais, e não havia necessidade de
dar atenção a esse tipo de pessoa. O que da conta deles, afinal?
Em qualquer caso, o primeiro de junho foi a data em que a praça de St.
George Hanover, a igreja paroquial local de Lady Beatrice, foi liberada para um
grande casamento. Lady Beatrice e Featherby se dedicaram com entusiasmo aos
arranjos. Tudo o que Daisy precisava fazer era desenhar os vestidos para ela e para
as meninas e mandá-los fazer. E aparecer no dia.
Flynn só precisava aparecer. Ela não tinha visto muito Flynn desde que eles
voltaram para Londres, apenas em companhia, companhia lotada. Ele apareceu na
casa, mas ela estava ‘fora’. Ele mandou recados, mas ela respondeu dizendo que
estava ‘ocupada com os preparativos do casamento’, o que era uma grande mentira.
Ele até enviou mensagens para a loja, perguntando sobre ‘luvas’, mas ela as
devolveu, dizendo que não havia nenhuma disponível.
Ela não queria enfrentá-lo. Ela estava se sentindo cada vez pior com esse
casamento.
Eu sei que você só vai se casar comigo pelo bebê.
Ela pensava nisso o tempo todo, aquela conversa ao luar. Era verdade que
ela estava se casando com ele por causa do bebê, mas não era toda a verdade.
Ela não conseguia escapar da ideia de que Flynn achava que ele estava em
segundos. Que ela se importava mais com sua loja do que com ele.
E isso não era verdade.
Pode ter sido, uma vez, mas ela tinha pensado muito ultimamente, olhando
em seu coração, como Lady Bea disse, e o que ela realmente queria, mais do que
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qualquer outra coisa no mundo, era que Flynn a amasse, realmente a amasse.
Como ela o amava.
E o que ela temia era decepcioná-lo, decepcioná-lo. Machucá-lo, como ela
temia que já tivesse feito.
Ela não era o tipo de esposa que ele sempre quis, mas era inteligente e
trabalhadora e podia fazer qualquer coisa que quisesse. Ela iria trabalhar,
aprender e se tornar a melhor esposa para Flynn que ela poderia ser.
Ela teve que lutar por cada coisa em sua vida, e caramba, ela iria lutar por
Flynn também.
Ela mandou uma nota para Louisa Foster. E então fez uma lista do que ela
tinha que fazer.
Demorou alguns dias, mas quando ela fez tudo o que se propôs a fazer, ela
enviou uma nota para Flynn, dizendo a ele que suas luvas haviam chegado, e
ele poderia pegá-las às oito da noite seguinte no horário e endereço normal.
E então ela esperou.
Todos os seus trabalhadores tinham partido. A chuva espirrou
intermitentemente contra a janela. Estava cinzento e triste lá fora. Nenhum sinal
do verão chegando ainda. Ela acendeu uma vela no quartinho do sótão e esperou,
ensaiando o discurso mentalmente.
Ela ajeitou a roupa de cama, arrumando nervosamente, embora não
houvesse nada fora do lugar. Finalmente ele veio. Ele estendeu a mão para ela,
mas ela deslizou para trás, segurando as mãos como se para afastá-lo.
— Sente-se, Flynn. Tenho algo que preciso dizer a você.
Ele deu a ela um olhar inquiridor, encolheu os ombros e se sentou na cama.
Ela respirou fundo. — Sinto muito, eu sei que você provavelmente acha que
arruinei sua vida, mas...
— Você não...
— Deixe-me terminar, por favor. É difícil dizer o que eu quero dizer sem você
interromper.
— Muito bem. Vá em frente então. — Ele se recostou na cama, cruzou os
braços e esperou, dando a ela toda a sua atenção de olhos azuis, vindo para a
cama. O que, claro, só tornava isso muito mais difícil. Mas Daisy estava
determinada a superar o discurso que vinha ensaiando em sua mente há dias.

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— Você disse naquela noite no campo que sabia que eu só me casaria com
você por causa do bebê, e isso é verdade, até certo ponto. Mas eu quero que
você saiba disso se... se eu fosse um tipo diferente de pessoa, alguém como Lady
Elizabeth talvez, casaria com você como uma Chance, Flynn.
Ele franziu a testa. — Se você está tentando me dizer que é uma daquelas
damas de Llangollen, não vou acreditar em você.
Ela fez um gesto impaciente. — Não, quero dizer, se eu fosse uma senhora
adequada, nascida uma dama, quero dizer, com maneiras perfeitas e uma maneira
bonita de falar em vez de soar como se eu pertencesse aos vendedores no mercado,
e sei que deveria, mas...
— Você está falando bobagem, garota.
— Apenas me deixe explicar, sim? E pare de olhar para mim assim, você está
me deixando toda enrolada. — Soava tão razoável e simples em sua cabeça. — Você
disse algo naquela noite que me fez pensar que você pensava que eu não estava
feliz com este casamento, que não queria me casar com você.
— Se eu dissesse isso...
— Silêncio! Eu estou e eu não estou. A parte de mim que é egoísta quer se
casar com você, a parte de mim que eu gostaria de pensar que é nobre, mas na
verdade é apenas covarde e temerosa, essa parte não.
— Eu prefiro a parte egoísta.
— E eu acho que você pensa que vem em segundo lugar no meu afeto para
a loja.
Ele não disse nada sobre isso. E agora não sabia se era porque ele pensava
isso ou porque finalmente não estava interrompendo.
— Então eu dei a loja.
— O quê? Deu...
Ela fez um gesto brusco e ele se acalmou, com uma expressão peculiar no
rosto. Ela continuou: — Se vou ser sua esposa, vou fazer isso direito, de todo jeito.
As esposas da sociedade não têm lojas, e não quero envergonhar você, e iria se você
tivesse convidados que também fossem meus clientes. Então acabou, a loja.
Espero que você não esteja contando com isso quando nos casarmos, porque não
é mais meu.
— Quem tem...?

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— Louisa, minha parceira silenciosa. Agora fica quieto, eu não terminei. —


Ela respirou fundo e disse, a coisa que ela temia dizer o tempo todo. — Eu te amo,
Flynn. Eu realmente acredito, não estou dizendo isso apenas para agradar a você,
você sabe que sou uma péssima mentirosa.
Seu olhar se suavizou. — Eu sei. — Ele estendeu a mão para ela.
— E eu sei que você está sendo nobre e, não, não me toque, eu não terminei.
Sei que sou totalmente errada para você, mas prometo, Flynn, você não vai se
arrepender. Eu vou fazer tudo que posso para me fazer ser o tipo de mulher que
você possa se orgulhar. Vou aprender a me comportar como uma dama adequada,
Lady Beatrice vai me ajudar. Vou parar de xingar e aprender uma boa gramática
e...
— Entregar cestas de comida para mim, pobre?
Ela estreitou os olhos para ele. — Não se atreva a fazer piada disso, Patrick
Flynn. Estou falando sério aqui.
— Você está, não é, sua vadia idiota. — Ele se inclinou para frente, puxou-a
para frente e para seus braços, e rolou com ela na cama.
— Eu não terminei, — Ela disse a ele.
— Sim você terminou. Agora é a sua vez de me ouvir.
— Mas...
Ele a beijou. — Pronta para ouvir agora?
— Eu não...
Ele a beijou novamente. — Continue falando. Cada vez que você abrir a boca,
eu vou te beijar.
Ela apertou os lábios e olhou furiosamente para ele. Ele não estava levando
nada disso a sério.
— Tenho sido um grande idiota na forma como lidei com tudo isso, — Ele
disse. — A primeira coisa que eu deveria ter dito a você, e não disse, era que eu te
amo, menina Daisy.
Ela olhou para ele com os olhos arregalados.
— Eu te amo com todo meu coração e alma. Você é a outra metade de mim,
garota, você não sabe disso? — Ele a beijou, longa e possessivamente, e foi uma
declaração e uma afirmação, e se ela não acreditou nele a princípio, se ela pensou

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que ele estava apenas dizendo isso para ser gentil, as palavras murmuradas e
palavras carinhosas entre beijos acalmaram pelo menos algumas das dúvidas.
Logo os dois estavam tremendo de necessidade e, de comum acordo, tiraram
as roupas e deitaram-se na cama.
Ele estendeu a mão para ela, então hesitou. — É seguro fazer isso? Não vai
machucar o bebê, vai?
— É seguro, — Ela disse a ele, ela checou com Abby, e o puxou para ela.
Ele fez amor com ela então com uma intensidade silenciosa que trouxe
lágrimas aos olhos dela, murmurando palavras carinhosas e repetindo sua
declaração de amor, e foi um precursor, sua própria promessa privada. Com meu
corpo te adoro.
Eles chegaram ao clímax juntos, seus corpos em perfeita harmonia, e
depois ficaram em silêncio, enrolados juntos, ouvindo o tamborilar leve da chuva
contra a janela superior, e o gotejamento de água nas tubulações. Além de seu
pequeno refúgio, a enorme metrópole de Londres agitava-se, indiferente ao cair da
noite, sempre ocupada, sempre em mudança.
Ele a segurou perto, silenciosamente, pele com pele ao longo de seus corpos,
quente e repleto, uma mão acariciando-a quase distraidamente. Ela se sentia
adorada, estimada. E amada.
Ela acreditou quando ele disse que a amava, ele tinha maneiras afetuosas,
Flynn, mas ela ainda sabia que era o tipo errado de esposa para ele.
Ele poderia brincar com isso, fingir que não se importava que ela não fosse
uma senhora adequada, mas ela se importava. Ele merecia o melhor, e ela jurou a
si mesma que ele iria conseguir.
Ela poderia fazer tudo o que quisesse. Ela se tornaria a esposa de que ele
precisava.
— É uma coisa engraçada, amor, — Ele disse depois de um tempo. — Acho
que amei você o tempo todo, quase desde o início, mas eu estava tão determinado...
— Casar com uma boa senhora.
— Exatamente, que eu não conseguia ver o que estava lá embaixo do meu
nariz o tempo todo. A garota mais doce, corajosa, amorosa, espinhosa e teimosa do
mundo.
Ela torceu o nariz. — Teimosa?

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Noiva no Verão
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Ele bufou de diversão e beijou seu nariz. — Você é, querida, mas eu até amo
isso em você.
Houve um longo silêncio. Ela não estava acostumada com as pessoas
dizendo ‘Eu te amo’ não para ela. Não quis dizer da maneira que ele fez. Isso a fez
se sentir tão humilde. Tão indigna.
— Vou me tornar uma senhora adequada, Flynn, eu prometo a você.
Ele fez uma pequena exclamação e se apoiou em um cotovelo para olhar para
ela. — Você ainda está falando nisso? Pelo amor de Deus, Daisy, eu disse que te
amo, isso não significa nada para você?
— Significa tudo para mim, — Ela disse, com os olhos cheios de lágrimas. —
E é por isso.
Ele a beijou. — Você tá falando bobagem de novo. Eu não quero uma senhora
perfeita, eu quero você!
Flynn olhou nos olhos arregalados e duvidosos dela e balançou a cabeça. Ela
realmente não acreditava nele, e quem poderia culpá-la, o jeito que ele falou sobre
a melhor dama de Londres. Tolo que ele tinha sido, tagarelando sobre mulheres
perfeitas quando ele tinha a mulher perfeita bem na frente dele o tempo todo.
Ela não era uma garota que confiava facilmente, sua Daisy, e não era
surpreendente a forma como ela foi tratada durante toda a vida. Pelo que ele podia
dizer, todas as pessoas com quem ela se importava a haviam decepcionado, exceto
por suas irmãs e Lady Bea, e ela só estava com elas há um ano.
Ele teve uma vida em que a ensinaria de forma diferente. Mas agora ele tinha
que fazê-la entender.

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Noiva no Verão
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Capítulo Vinte
Não posso fixar na hora, ou no local, ou no olhar ou nas palavras, que
estabeleceram a base. Já faz muito tempo. Eu estava no meio antes de saber que
havia começado.
JANE AUSTEN, PRIDE AND PREJUDICE

— Daisy, amor, o jeito que aquela vadia do bordel falava com você naquela
hora... não é de admirar que você não queira acreditar em mim. Toda a sua vida
ela estava te atropelando, te arrastando para baixo, dizendo que você era um lixo,
uma piada, tentando torná-la menor do que você é. Deus, querida, como você
cresceu com isso e saiu do outro lado tão forte, doce e decente...
Ela fez um pequeno som abafado de negação.
— Sim você é. Você é como... — Ele procurou em sua mente uma maneira de
fazê-la entender. — Você é como o aço de Damasco.
— Aço? — Ela fez uma careta de dúvida.
— O aço de Damasco é famoso, o aço de melhor qualidade de todos os
tempos. É bem martelado na fabricação, temperado pelo fogo e extinto no sangue
de dragão, é você, crescendo dura. Espadas feitas de aço de Damasco são as
melhores do mundo.
Ela semicerrou os olhos para ele, como se se perguntasse se ele estava
falando sério. — Meu Deus, Flynn. Acho que sei quem era o dragão, mas
realmente... você acha que eu sou como uma daquelas espadas?
— Você é, — Ele a assegurou. — Forte, bonita, flexível e maravilhosamente
afiada. E muito valorizada.
Ela bufou. — E aqui estava eu, rei magro, eu era a bainha e você era a
espada. — A mão dela se moveu para acariciar sua ‘espada’ e ele riu.
Eles fizeram amor novamente. Mas quando tudo acabou e eles ficaram
quietos, ouvindo o gotejar da chuva nos canos e o barulho das carroças sobre os
paralelepípedos, ele soube que ainda não a fizera entender. Que ela tinha
transformado isso em uma piada porque a deixava desconfortável em pensar que
ela era boa, boa e digna de amor.

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Noiva no Verão
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— Posso ver que vou ter que explicar, de onde tirei aquela noção de 'melhor
dama' ou melhor, de onde acho que a tirei, só Deus sabe como algumas ideias se
alojam em nosso cérebro.
Ele a apertou contra ele. — Eu contei a você sobre mim, mamãe e papai, na
Irlanda, e como tudo acabou.
Ela assentiu.
— Durante anos tentei não pensar sobre eles, tentei não lembrar. Foi muito
doloroso. — Ela deslizou os braços ao redor dele e o abraçou, meio envolto em seu
peito, quente e macio. Ela ainda não confiava que ele realmente a amava e a
desejava, mas ela era uma pequena alma amorosa e generosa, sua Daisy.
— Desde que estou em Londres, tenho lembrado cada vez mais. Você
acreditaria que foi um bule de chá azul que me fez começar a pensar. — Ele contou
a ela sobre o chá que vira na vitrine da loja e como isso despertou uma lembrança
e como ajudou a desvendar todos os seus pensamentos sobre Lady Elizabeth.
— Veja, a primeira vez que a vi, ela estava servindo chá para seus convidados
e, de alguma forma, isso me fez pensar que era ela.
Ela deu a ele um olhar estranho. — Você ia se casar com ela por causa de
um bule de chá?
Ele riu. — Não exatamente. Era o que o bule simbolizava, e eu nem sabia
disso na época. Até que o beijo de uma certa garota me trouxe aos sentidos.
Ela beijou seu peito e esfregou a bochecha contra ele.
— Mais tarde, percebi que havia mais do que apenas isso, coisas que eu
tinha esquecido, ideias que de alguma forma ficaram torcidas em minha mente.
Ele contou como se lembrava do pai, nos bons tempos, antes do acidente,
dizendo que se casou com a melhor jovem de três condados. — E mamãe ria e
ficava vermelha e dizia, 'Apenas três condados, não é?' E papai a puxava para o
colo e dizia: 'O país inteiro, moça, casei com a melhor moça de toda a Irlanda'. E
ele a beijaria. Eu era apenas um menino, mas eles diziam isso com frequência
suficiente para que eu me lembrasse. Mas depois do acidente, papai nunca mais
puxou mamãe para o colo dele daquele jeito.
Houve um curto silêncio. — De alguma forma, eu guardei essa memória.
Esqueci, mas segurou em alguma parte de mim. E com o tempo, a memória
endureceu e mudou, até que eu fosse, um idiota impetuoso, dizendo a todos que

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Noiva no Verão
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eu iria me casar com a melhor jovem de Londres, e acreditando nisso. E pensar


que isso significava a filha de um conde, algum tipo de símbolo do que eu havia
conquistado com a minha vida.
Ele olhou para Daisy. — Quando, em vez disso, o que eu realmente queria,
no fundo, era uma mulher como o meu pai tinha, uma mulher amorosa e calorosa,
para compartilhar a minha cama e a minha vida, e constituir uma família.
Seus olhos estavam líquidos com lágrimas não derramadas.
— Não sabia que a mulher certa estava ali, bem debaixo do meu nariz, até
beijar você, Daisy. E uma vez que eu beijei... bem... — Ele deu um sorriso triste. —
Serviu bem para mim que eu encontrei a garota para mim, mas ela não me queria
de forma alguma, apenas para usar como seu brinquedo ocasional. Fez coisas
terríveis para minha autoestima, então aconteceu. Mas gosto de desafios.
— Você nunca foi um brinquedo, — Ela murmurou, envergonhada.
— Você tinha tudo de que precisava, você disse, sua família, sua loja, comida
na barriga e um homem na cama.
— Eu não quis dizer nenhum homem, eu quis dizer você.
— E você nunca quis filhos.
Houve um curto silêncio. — Eu sei. Só quando engravidei é que pensei
nisso. E quando o fiz, fiquei apavorada. Eu ainda estou. Eu não sei nada sobre
bebês. — Ela colocou a mão protetoramente sobre a barriga. — Mas eu percebi que
a queria. Amava-a.
Flynn cobriu sua mão com a dele. — Ela?
Ela assentiu. — E eu quero que ela tenha todas as coisas que eu nunca tive,
uma mãe, um pai, um lar. Posso nunca ter desejado isso, Flynn, mas vou ser a
melhor mãe e esposa que posso ser.
— Eu sei amor. Você nunca faz nada indiferente, não é?
— Qual é o ponto de ser indiferente? Se você quer algo, você tem que ir atrás.
— Meus sentimentos exatamente. — Flynn deu um beijo em sua cabeça. —
Então você acha que é uma menina?
— Sim claro.
— Pode ser um menino.
Ela começou a olhar para ele e uma expressão levemente em pânico
apareceu em seus olhos. — Não pode ser um menino. Não sei nada sobre meninos.

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Ele sorriu. — Eu sei. Somos dois agora, não se esqueça.


Ela olhou para ele carrancuda e balançou a cabeça. — Não, ela é uma
menina. Eu sei que ela é. Com cachos pretos e grandes olhos azuis.
— Parece ótimo para mim.
— Você não vai se importar se ela não for um menino? Um herdeiro?
Ele balançou sua cabeça. — Quem quer que Deus nos envie estará bem para
mim. Eu só quero você e uma família, você é o que mais importa.
Seus olhos se encheram de lágrimas novamente. — Vou aprender a ser uma
melhor...
Ele revirou os olhos. — Oh, pelo amor de Deus, mulher, você não vai
entender? Eu não quero que você aprenda nada! Eu quero você, Daisy Chance,
exatamente como você é, espetada, difícil, teimosa como o inferno, xingando,
socando, amando, exatamente do jeito que você é.
Ele olhou para ela, frustrado por seu persistente mal-entendido sobre o que
ele queria. — Você é a mulher por quem me apaixonei. Por que diabos eu iria querer
que você se tornasse algo diferente?
Ela franziu a testa para ele, confusa. — Eu pensei que você fosse ambicioso?
— Eu sou.
— Então você precisará de uma esposa que seja ambiciosa também.
— Então? Você é ambiciosa.
— Bem, eu era com a minha loja, sim. Mas eu não tenho mais isso, lembra?
Ele fez uma careta e deu a ela um olhar cauteloso. — Na verdade não. Eu
tenho.
Ela jogou a cabeça para trás e olhou para ele. — Você tem? Como? Você
descobriu...
Ele fez uma careta, sabendo que ela não iria gostar do que ele disse. Mas ele
tinha que dizer isso. — Eu sou seu parceiro silencioso, Daisy.
Ela piscou, então balançou a cabeça. — Do que você está falando,
Flynn? Louisa...
— É a viúva de uma velha amiga minha.
Ela recuou, olhando para ele, seus olhos brilhando de raiva. — Ela é o quê?
Ele ergueu as mãos em um gesto pacífico. — Agora não se zangue comigo,
querida, você estava sendo tão teimosa em me aceitar como parceira, e quando eu

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topei com Louisa, quase por acidente, ela me disse que estava perdida e achando
a vida na sociedade um pouco enfadonha, depois da vida que ela e seu marido
levavam no Extremo Oriente. Então, eu a informei e dei a ela o dinheiro para
investir em seu negócio.
Houve um longo silêncio. Ela não estava feliz com isso, ele podia ver. Ele se
preparou para um soco. Não veio.
Seus olhos ainda brilhavam de raiva, mas também de traição. Ela ergueu o
queixo. — Você nunca confiou em mim para fazer isso sozinha, não é?
Ele se sentou e a agarrou pelos braços. — Não foi nada disso, querida. Era
porque você estava se desgastando, trabalhando todas as horas do dia e da noite,
sem se divertir e se transformando em um fragmento pálido da garota que eu
amava. — Ele deslizou as mãos para segurar seu rosto suavemente. — Eu não
suportaria ver você assim, menina Daisy, não quando a solução era tão simples.
Ela engoliu em seco e afastou as mãos dele. — Você mentiu para mim, Flynn.
— Ela tentou esconder a mágoa em sua voz, mas era profunda.
Ele assentiu. — Eu sei. E eu peço desculpas. Mas não sinto muito por ter
feito isso. Eu faria o mesmo novamente.
Ela franziu a testa e abriu a boca para dizer algo, mas ele saltou primeiro. —
Eu tive que mentir para você, era a única maneira. Porque você não conseguiu
confiar em mim.
Houve um breve silêncio e ele acrescentou: — Eu sei que magoei seus
sentimentos, querida, mas pense sobre onde você estaria agora, se eu não tivesse
mentido para você.
Ela pensou sobre isso. Ela não teria sua linda loja, ela não teria tido aquela
esplêndida abertura, e metade de Londres se aglomerando para comprar suas
coisas. Ela não teria um monte de meninas trabalhando para ela e tornando suas
próprias vidas melhores, e ela não teria uma amiga como Louisa.
Acima de tudo, ela não teria esses gloriosos e lindos momentos privados com
Flynn aqui em seu pequeno ninho de amor. Ela provavelmente não teria Flynn. Ou
o bebê.
E com esse pensamento sua raiva gotejou. — Eu fui teimosa, não fui?
— Só um pouco relutante em misturar negócios com amizade, eu acho, o que
não é tão ruim. E preocupada com a possibilidade de seu empreendimento dos

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sonhos ser controlado por meus pés grandes e desajeitados, dizendo a você o que
fazer e enfiando o nariz onde não era desejado.
Ela suspirou. — Em parte foi isso. Mas principalmente porque até você,
nunca houve um homem em quem pudesse confiar. Estou zangada, Flynn, deveria
ter pensado melhor.
— Ah, não se desculpe, querida. Isso me ajudou a entender exatamente por
que você era a esposa perfeita para mim.
Ela franziu a testa em perplexidade. — Como?
— Você e eu, querida, somos duas metades de um todo. Ambos somos
ambiciosos, nenhum de nós nos importamos muito com as aparências...
— Oi, eu me importo muito com...
— Não a aparência de como você olha, mas a aparência do que as outras
pessoas pensam de nós. Se você se importasse, você teria se esforçado mais nas
aulas de lady Bea.
Ela reconheceu isso com um aceno pesaroso.
— E se eu tivesse me casado com alguém como Lady Elizabeth, nunca seria
capaz de falar sobre as coisas que me interessam, meus últimos empreendimentos
ou novas possibilidades de negócios, durante o café da manhã ou jantar.
— Vulgar, — Ela disse em uma imitação de Lady Bea.
— Isso mesmo, ou ela seria infinitamente educada, tolerando minhas
maneiras vulgares, enquanto você e eu podemos conversar sobre essas coisas por
horas. — Ele a puxou para mais perto. — Mesmo quando estamos enrolados na
cama.
— Bem, o negócio é interessante.
— Então é. Para nós dois. E se você acha que estou falando besteira, você
vai me dizer, na minha cara, em vez de se esconder atrás de frases educadas,
acreditando que o que está na superfície é tudo o que importa. Casar-me com a
filha de um senhor teria sido a coisa mais estúpida que eu poderia fazer. Eu seria
um estranho em minha própria casa e, pior, ficaria entediado. Com você eu nunca
fico entediado. Amaremos, discutiremos e amaremos novamente.
Ele a beijou. Ela estava começando a acreditar nele agora.
— Então, quem vamos conseguir para administrar a loja? — Ela disse depois
de um tempo.

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Ele deu a ela um olhar estranho. — Você com certeza.


— O quê? — Daisy lançou-lhe um olhar de completa surpresa.
— Você não acha que vou mantê-la sozinho, não é? O que eu faria com uma
loja de vestidos femininos? Vou assinar para você agora, se quiser. Você tem caneta
e papel? — Ele olhou em volta procurando algo para escrever.
Daisy lutou para aceitar. Durante todos esses anos, ela estivera preocupada
em perder o negócio para algum homem, e ela tinha! E agora ele estava devolvendo.
— Não se preocupe, isso pode esperar até depois do casamento.
— Mas eu pensei...
— Eu confio em você, Flynn. — Ela se inclinou e o beijou. — Mas eu não
posso continuar trabalhando na loja. Eu vou me casar, lembra? Mulheres casadas
não saem para trabalhar.
Ele ergueu as sobrancelhas para ela. — Você quer desistir do negócio pelo
qual trabalhou tanto para conquistar, então?
— Não, claro que não, mas eu pensei...
— Eu não tiraria o seu sonho de você, querida. Se você quiser continuar
administrando sua loja, não vejo por que não pode. Temos dinheiro para contratar
toda a ajuda de que precisamos com o bebê. Quanto ao que todo mundo pensa, é
entre você e eu e mais ninguém.
Ele a puxou com força para um abraço longo e caloroso. — Ouça, você pode
ouvir isso?
Ela escutou. — Eu não ouço nada...
— Sim, você ouve, o som de Londres lá fora, ainda ocupada e negociando e
trapaceando e vendendo e comprando, embora esteja escuro. Esta cidade nunca
dorme.
— O mundo está mudando, querida e estamos indo bem junto com ele. Mas
os aristocratas, a maioria deles, não. Eles sabem que as coisas estão mudando,
mas não estão olhando para fora e aprendendo, eles estão resistindo, fechando
fileiras, ficando cada vez mais exclusivos, tentando manter pessoas como você e eu
fora. O que eles não entendem é que não é mais sobre o passado, quem foram seus
ancestrais, quem sabe o garfo certo para segurar ou qualquer coisa assim. Não se
trata de Londres, nem mesmo da Inglaterra ou do Reino Unido, trata-se do mundo.

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E você e eu, Daisy, somos cidadãos do mundo. Tenho um negócio de comércio


mundial e...
— Nunca saí de Londres, exceto para visitar as casas de campo das minhas
irmãs.
— Vou levá-la a Veneza em nossa lua de mel.
Ela balançou a cabeça. — Não, o lugar está afundando, eu ouvi. Damaris e
Freddy estavam lá apenas alguns meses atrás.
Ele riu.
Ela disse: — Mas estou vendo aonde você quer chegar. Os aristocratas ainda
têm muita influência, no entanto.
— Sim e nós temos muitos amigos. Não precisamos brincar de aristocratas,
seremos apenas nós mesmos e saberemos que os amigos que temos são
verdadeiros. E certifique-se de que esta pequena — Ele deu um tapinha na barriga
— tenha as oportunidades que nunca tivemos, mas não se imagine melhor do que
as outras pessoas, só porque nasceu em uma casa confortável.
Ela se virou para ele então. — Estive pensando sobre isso, onde vamos
morar.
— Onde você quiser.
Ela franziu o nariz. — Espere até eu lhe contar minha ideia, você pode não
gostar. — Ela explicou.
Ele riu. — Parece um grande plano para mim, mas não depende de mim, não
é?
&&&&
— Isso parece sinistro — observou Lady Beatrice enquanto Daisy e Flynn
eram conduzidos à sala por Featherby. — Uma delegação, não é?
Daisy engoliu em seco. — Temos algo para lhe perguntar, e antes de dizermos
o que é, quero que saiba que foi ideia minha, não de Flynn, caso você queira saber
de quem é a culpa.
— Eu vejo. E você vai continuar parado aí, pairando sobre mim, com um
rosto que pode muito bem-estar indo para a guilhotina, ou vai se sentar, como
gente civilizada?
Eles se sentaram lado a lado no sofá de frente para ela. — É assim...— Daisy
começou.
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— Mostre-me suas mãos, garota, — disse a velha senhora.


Daisy e Flynn trocaram olhares perplexos, então Daisy estendeu as mãos.
Lady Beatrice deu uma olhada rápida para elas, bufou e depois apontou seu
lornhão para Flynn. — Há quanto tempo você está noivo? Avisos nos jornais, os
proclamas sendo convocados e a garota ainda não usa anel de noivado?
Flynn piscou. Ele olhou para Daisy. — Sinto muito, — Ele disse, — Esqueci.
Eu irei, claro...
— Não escapou da cabeça dele, ele não teve chance, — disse Daisy. — Eu
não o vi ou falei com ele antes disso.
O lornhão passou por cima deles, parando por um longo momento onde
Daisy segurava a mão de Flynn sob a cobertura de suas saias. — Mas você está
vendo e falando agora?
— Sim, senhora. — Flynn sorriu e colocou o braço em volta de Daisy, o mais
ousado e descarado que poderia ser. Daisy tentou não sorrir, mas seu sorriso
irrompeu também.
A velha fungou e tentou parecer severa. — Já era hora de você resolver as
coisas. Agora, você precisará de um anel.
— Sim senhora e eu vou...
— Featherby?
— Milady. — Featherby apareceu do nada, tirou uma caixinha do bolso e,
com um arco, entregou-a à velha.
Ao lado de Flynn, Daisy engasgou.
Lady Beatrice fez uma pausa, girando a caixa entre dedos velhos e
nodosos. — Isso pode não servir, é claro. Você pode preferir algo mais chamativo,
mais moderno.
Daisy não disse uma palavra. Flynn olhou para ela. Ela estava pálida e
prendendo a respiração. — O que Daisy quiser.
A velha assentiu. — Não sei quanto da nossa história você sabe, Sr.
Flynn. Ela é muito leal, nossa gata aqui, e não é de fofocar, mas quando nos
conhecemos, eu estava em uma situação terrível. Sem entrar em detalhes, eu
estava esperando pela morte, sozinha e sem esperança, até que minhas queridas
garota entraram em minha vida. Eu fui roubada de todos os meus objetos de valor,
ou assim eu pensei. Acontece que eles eram colados, todos, todos exceto meus

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anéis, que eu nunca tirei, então meu falecido marido não conseguia colocar as
mãos neles. Achei que tivessem sido roubados, mas quando nos mudamos para
cá, e os queridos Featherby e William desmontaram minha cama, eles os
encontraram em um buraco secreto na cabeceira da cama que eu havia feito uma
vida inteira atrás. Devo ter escondido meus anéis lá e esquecido completamente
deles. Eu estive doente, você vê.
Ela suspirou reminiscentemente. — Quatro anéis, quatro pedras. Dei a Abby
a esmeralda, Damaris a safira, Jane o rubi e agora eu gostaria muito que minha
querida Daisy tivesse o diamante. — Ela estendeu a caixa para Daisy.
Ela não se mexeu.
Flynn olhou para ela e viu que ela estava piscando para conter as lágrimas.
— Todas as minhas garotas são preciosas para mim, mas está garota, como
espero que você aprecie, Sr. Flynn, é tão rara, preciosa e cheio de luz quanto
qualquer diamante.
Flynn se levantou e pegou a caixinha dela. — Oh, eu agradeço, milady. É ela
que não entende o quanto é preciosa, mas pretendo mudar isso.
— Bom rapaz.
Ele voltou, mas em vez de se sentar, ajoelhou-se, abriu a caixa, tirou um anel
de ouro contendo o diamante mais magnífico que ele já tinha visto e disse: — Daisy
Chance, você vai usar este anel de diamante, não só como um anel de noivado e
uma promessa de meu amor, mas também como uma lembrança de Lady Beatrice,
suas irmãs e todos que amam você?
Seu rosto se enrugou, mas ela estendeu a mão, que tremia como uma
folha. Ele colocou o anel e encaixou perfeitamente.
— Lindo, querido menino, simplesmente lindo, — disse Lady Beatrice,
enxugando os olhos com um pedaço de renda. Atrás dela, Featherby virou-se para
assoar o nariz discretamente e saiu para o corredor eles podiam ouvir William
assoando o nariz em uma trombeta de emoção.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Daisy se levantou, abraçou Flynn e se
apressou para abraçar e beijar Lady Beatrice. E então ela abraçou Featherby
também. E então se virou para a porta de onde veio um punhado de aplausos,
ficando mais alto enquanto a equipe de Lady Beatrice se aglomerava na porta para

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testemunhar o momento de Daisy e parabenizá-la. Mais do que qualquer uma das


outras garotas, ela era uma delas.
— Champanhe, Featherby, — Lady Beatrice resmungou quando a confusão
começou a diminuir.
— Imediatamente, milady. — Ele gesticulou e a multidão se dissipou.
Lady Beatrice assoou o nariz novamente. — Meu Deus, emoções, sempre tão
exaustivas. A casa vai ficar terrivelmente silenciosa sem você, minha querida.
Daisy pegou a mão de Flynn. — É sobre isso que viemos conversar com você.
A velha acenou com seu pedaço de renda amassado. — Vá em frente, fale
então.
— Você sabe que nunca planejei me casar, — Daisy começou, e se
apressou antes que alguém pudesse interromper, — Eu sempre pensei que viveria
aqui com você pelo resto da minha vida.
— Você quer dizer o resto da minha vida, — a velha senhora disse
sarcasticamente.
— Minha vida, — Daisy repetiu obedientemente, então viu aonde a velha
senhora queria chegar. — Oh, sim, entendo o que você quer dizer, sua vida. Eu não
ia dizer isso, estava sendo diplomática. Mas já que você disse isso, sim, planejei
fazer-lhe companhia pelo tempo que você quisesse e precisasse de mim.
— Muito digno de você, minha querida, mas eu não invejo você de forma
alguma por sua bondade.
— Bom, nem eu. Mas pensei... eu me perguntei...
— O que Daisy está tentando dizer, — Flynn interrompeu, — é que ela
gostaria muito de continuar morando aqui, com você. Nós dois gostaríamos.
— Nós ficaríamos no segundo andar, — disse Daisy. — Se você não se
importar, isso é.
A velha ficou muito quieta. — Comigo? Você quer morar aqui comigo?
— Como um casal, sim, — disse Flynn.
— Você faria isso? — Ela perguntou, claramente emocionada. — Viver com
uma senhora idosa?
Ele sorriu. — Não qualquer velha senhora. Mas uma elfa, elegante e astuta.
Daisy lançou-lhe um olhar estranho. — Ela não é uma elfa, estúpido. — Ela
se voltou para Lady Beatrice. — Se você não gostar da ideia, é claro, não vamos.

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Flynn diz que vai comprar para nós a casa mais próxima disponível, para que eu
possa aparecer com frequência e você não terá que sentir minha falta.
— Não gostar da ideia? — A velha senhora ecoou.
— Por causa do bebê, — disse Daisy. — Eles fazem muito barulho, segundo
me disseram.
— Viver com um bebê? — O rosto da velha se iluminou. Ela se virou para a
porta. — Você ouviu isso, Featherby, esta casa vai ter um bebê, finalmente. — Ela
piscou para afastar as lágrimas e quase sussurrou: — Toda a minha vida sempre
quis um filho.
Featherby sorriu. — Um bebê? — Ele se virou para William, que trazia
champanhe e taças. — Teremos um bebê, William. Ele morará conosco.
O rosto grande e feio de boxeador de William se abriu em um sorriso. —
Parabéns, Srta. Daisy. Isso fará com que esta casa pareça um lar de família
adequada, não é?
Eles fizeram brindes então, todos os cinco, incluindo Featherby e William,
que estavam com eles desde o início. Beberam pela Daisy e Flynn, pelo sucesso da
loja de Daisy, pelo bebê que se aproximava e pela Lady Beatrice, que, como Daisy
observou, se tornaria uma tia-avó.
— Uma tia-avó? Absurdo! — A velha senhora declarou. — Serei uma tia
esplêndida!
Daisy riu. — Você está certa!
Depois que Featherby e William foram embora, a velha ficou séria. — Agora
que vocês vão se casar, vou mudar meu testamento, — Ela disse. — Eu tinha
planejado deixar esta casa para Daisy.
— Para mim?
— Uma mulher deve sempre ter uma casa própria. Mas entre você e o Sr.
Flynn, não estou preocupada com sua segurança futura, Max garantirá que os
acordos de casamento sejam generosos para você.
— Ele não vai precisar, — Flynn rosnou.
— Eu sei, querido menino, mas ele gosta de fazer esse tipo de coisa e um
sobrinho deve ser útil. Mas já que o futuro de Daisy está decidido, vou redigir um
novo testamento, quando eu morrer, pretendo deixar esta casa para Featherby e
William.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

Flynn franziu a testa. Eles eram bons servos, mas...


Daisy pegou a mão dele e começou a explicar, mas a velha a interrompeu. —
Featherby e William fizeram parte desta grande aventura tanto quanto minhas
queridas garotas. Estremeço ao pensar onde todos nós ainda estaríamos se eles
não tivessem vindo com vocês naquele primeiro dia fatídico. E desde então,
Featherby não só se preocupou comigo, ele fez a alta sociedade me invejar, você
sabia, Flynn, querido menino, metade da aristocracia tem tentado roubar
Featherby de mim, e ele nem mesmo disse.
Ela deu um aceno rápido de satisfação. — Aqueles dois senhores cuidaram
de mim quando eu estava no ponto mais baixo da minha vida e nem uma vez me
zanguei com o que eles foram convidados a fazer. Eles cuidaram de mim e das
minhas garotas não apenas como servos leais, mas quase como... família. E
quando eu morrer, o que acredito que acontecerá muitos anos no futuro, eles
estarão idosos e precisarão de segurança. Portanto, além de uma pensão, vou dar-
lhes esta casa. Você não vai se importar, vai, Daisy? Todas as outras géis já têm
suas próprias casas, mas você...
— Tenho uma casa aqui com você, a única casa que já tive, e sempre terei
uma casa com Flynn e nosso bebê, onde quer que vivamos. E eu adoro essa ideia,
Lady Bea. Eu nunca tive um pai, mas Featherby e William têm sido como pais para
mim, para todas nós, e é claro que as outras meninas e eu sempre cuidaríamos
deles, mas é muito melhor assim, algo que eles ganharam o direito, e não a
caridade.
Ela abraçou a velha. — Você sabe o quanto eu te amo? O quanto todos nós
te amamos? E estou tão feliz que você estará aqui para o meu bebê crescer. Você
pode ensinar a ela todas as coisas que me ensinou, e não, não quero dizer
gramática e comportamento, embora eu suponha que a coitadinha terá que
aprender isso também.
A velha fungou. — Não sei como eu te ensinei muito.
— Oh, mas você ensinou, mais do que você imagina. — O sorriso de Daisy
foi intenso e envolveu Flynn tão bem quanto a velha senhora. — Você vai ensiná-
la a ser uma verdadeira dama, generosa, gentil, leal e amorosa, no coração, onde
realmente importa.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
Chance Sisters 4

— Assim como a mãe dela, — Flynn disse suavemente. — A melhor senhora


de Londres.
— Droga! — A velha resmungou. — Tenho algo no meu olho novamente.
Onde está um lenço miserável quando você precisa de um? — Flynn entregou-lhe
o dele.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Capítulo Vinte e Um
Não tenho noção de amar as pessoas pela metade, não é minha natureza.
JANE AUSTEN, NORTHANGER ABBEY

O primeiro dia de verão amanheceu bom e, milagrosamente, dado o tempo


que estiveram recentemente, ficou bom o dia todo.
Carruagens começaram a chegar do lado de fora de St. George na Hanover
Square, deixando cavalheiros elegantes que distribuíam mulheres elegantemente
vestidas com lindos chapéus. Uma multidão de curiosos e esperançosos se reuniu
para assistir. Um casamento da sociedade sempre proporcionava um bom
entretenimento. E possivelmente algumas moedas seriam jogadas.
Logo a igreja estava lotada. Cheirava a flores, perfume, incenso, cera de
abelha e polidor de latão. Losangos manchados de luz colorida iluminavam o chão,
a luz do sol através dos vitrais.
Dentro da igreja, Flynn andava de um lado para o outro na frente da grade
do altar.
— Por que está tão ansioso? Você já passou por isso três vezes, — Max, seu
padrinho, observou com diversão presunçosa. — Meu casamento, o casamento de
Freddy, e de Jane recentemente, você deve estar acostumado a isso agora.
— Não importava para mim então, — Flynn disparou e continuou andando. E
se ela mudou de ideia? E se ela entrar em pânico e correr?
Freddy Hyphen-Hyphen sorriu. — É bom ver alguém sofrendo, não é, Max?
A música que tocava baixinho ao fundo parou e um acorde firme e decisivo
anunciou uma mudança. Flynn se virou e lá estava ela, sua noiva, vestida com
uma suave nuvem de branco. Ela parecia requintada, tão pequena, delicada e
frágil, tão forte, dura, espinhosa e perfeita.
A música tocou e, andando no braço de Featherby, ela começou a descer o
corredor em direção a ele. Ela estava nervosa, ele podia ver pela pequena carranca
de concentração entre suas sobrancelhas, mas no minuto em que o viu, seu rosto
se iluminou e ela sorriu.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ele piscou. Seu sorriso iluminou toda a igreja. Suas irmãs a seguiram, mas
Flynn mal percebeu. Ele tinha olhos apenas para Daisy.
Ela o alcançou e estendeu a mão, e ele a pegou, a única coisa que parecia
real, sua pequena mão quente e preciosa. Sua mão em casamento.
Atordoado, ele ouviu o ministro começar, atordoado ele repetiu os votos,
atordoado ele deslizou o anel de ouro em seu dedo.
— Você pode beijar a noiva.
Eles se beijaram e Flynn começou a respirar novamente. Ele havia
conseguido, conquistado a dama de seu coração, Daisy Chance, agora Daisy Flynn,
a melhor dama de Londres.
Eles caminharam de volta pelo corredor novamente, simpatizantes encheram
a igreja, gritando, sorrindo e soluçando, os lenços úmidos estavam à mostra, a
maioria deles por Daisy.
Ela viu como era amada? Não por nenhuma razão, nenhuma razão de
nascimento ou posição, só porque ela era a menina querida e doce que era.
Daisy caminhou de volta pelo corredor em um borrão. Ela estava casada. O
braço de Flynn estava sob sua mão, forte, seguro e quente. Ela perdeu a noção dos
simpatizantes que se amontoavam ao seu redor, rostos familiares, da sociedade
literária, de sua loja, amigos de Flynn, Max e Freddy.
A carruagem esperava. Ela se despediu de cada uma das suas irmãs,
abraçando-as e soluçando, como se as estivesse deixando para sempre, não por
algumas semanas de lua de mel à beira-mar, Flynn queria que ela visse o
verdadeiro mar que ele amava, não o rio fedorento, e estava ameaçando ensiná-la
nadar. Ela veria sobre isso.
Ela se despediu de Featherby e William, abraçando os dois.
Por último, ela abraçou Lady Beatrice, a velha senhora que mudou sua vida.
— Não vejo por que você tem que chorar, — a velha senhora resmungou,
seus próprios olhos vermelhos de tanto chorar. — Tem um bom marido aí. Todos
as minhas garotas têm se saído excepcionalmente bem no departamento de marido.
Mas Daisy... — Ela se inclinou para frente e disse em uma voz que ninguém mais
podia ouvir — pelo que valeria eu trocaria cada joia, cada amante que já tive e dez
anos da minha vida, vinte, pelo que você tem. — Ela sorriu e deu um tapinha na
bochecha de Daisy. — Um homem que te ama, assim como você é, e um bebê.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Flynn jogou punhados de moedas de prata para a multidão e eles partiram


em uma chuva de pétalas de rosa e arroz e um barulho de coisas que alguém,
provavelmente Freddy, amarrou na parte de trás da carruagem.
Eles estavam passando a primeira noite em um grande hotel de Londres, o
Pulteney, que o czar da Rússia havia agraciado com sua presença. Enquanto a
carruagem avançava com agilidade pelas ruas, eles ficaram quietos.
— Feliz? — Flynn perguntou.
Ela assentiu. — Mais feliz do que eu jamais acreditei ser possível. Eu te amo
muito, Flynn. — Ela se inclinou contra ele, seu coração cheio a ponto de explodir.
— Eu sei, querida, e eu também te amo.
Depois de um momento, ela disse: — Então, você percebeu?
— Percebeu o quê?
— O que estou vestindo.
Ele sorriu. — Você está linda como sempre.
Ela revirou os olhos. — Você não percebeu, não é?
— Eu percebi. É um lindo vestido.
Ela esticou o pé e puxou a barra do vestido para que ele pudesse vê-los
claramente.
Ele olhou. Sapatos vermelhos com uma roseta vermelha e branca no dedo do
pé. — São eles...?
Ela assentiu. — Os que você me deu. Eu os usei no nosso casamento, eles
não são exatamente sapatos de casamento, você sabe, mas eu os usei.
— Por quê?
— Por você. Então, eu não iria mancar pelo corredor. — Ela bateu em seu
ombro. — É a primeira vez que os uso, e não mancava e você me observava o tempo
todo e agora nem percebeu!
Ele a puxou de joelhos. — Isso porque, meu pequeno porco-espinho, eu
estava olhando para você, a noiva mais bonita que um homem já teve, não
verificando como você andava. — E ele a beijou, forte. — Eles estão confortáveis?
Ela assentiu. — Você estava certo, eles tornam mais fácil andar.
— Bom. Então, você vai usá-los de novo?
— Talvez. Para ocasiões especiais.
Ele franziu a testa. — Em que tipo de ocasião especial você estava pensando?

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Ela brincou com os botões do colete, de repente tímida. — Como quando


valsamos... ou algo assim.
Flynn a abraçou com força, comovido demais para falar. E então ele a beijou
novamente porque ela era sua esposa e ele a amava. — Eu já te disse recentemente
o quão maravilhosa eu acho que você é? — Ele murmurou.
— Você acabou de me chamar de ouriço, isso é um elogio na Irlanda, não é?
— Isto é. O melhor dos elogios.
Sua amada noiva bufou. E então ela o beijou.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Epílogo
Na época, eu não sabia o que era amar.
JANE AUSTEN, SENSE AND SENSIBILITY

— Você a tem segura?


Daisy sorriu para o marido. — Sim, Flynn, ela está segura. Estou segurando-
a bem e forte.
— Não muito apertado, espero. — Ele lançou ao pequeno embrulho branco
nos braços de Daisy com um olhar ansioso. — Ela está quente o suficiente? — Ao
som de sua voz profunda, seu bebê abriu os olhos e gorgolejou feliz.
— Ela é quente como uma torrada. Pare de se preocupar. — Daisy adorava a
maneira como seu marido grande e durão se preocupava tanto com a filha pequena.
— Devíamos ter esperado. Fevereiro está muito frio. Não sei por que ela
precisa ser batizada de qualquer maneira.
— Oh, quieto. — O bebê olhou solenemente para o pai das profundezas de
um envoltório branco macio. Ela tinha seus olhos azuis, azuis. Sob a minúscula
touca de tricô havia uma mecha de cabelo escuro. Eles seriam cachos um dia,
Daisy sabia. Ela era o bebê mais lindo e perfeito.
Eles entraram na igreja e ocuparam seus lugares nos bancos mais próximos
da fonte.
— Aqui, deixe-me levá-la, — disse Flynn, e com um sorriso, Daisy entregou
a filha. Ele a enfiou na curva de seu braço, sorrindo para o pequeno pedaço. — Ah,
olhe para você observando todo mundo com esses lindos olhos azuis. Você sabe
tudo o que está acontecendo, não é, querida? Uma garota tão inteligente, — Ele
sussurrou.
Daisy observou o marido e a filha, o coração tão cheio que ela mal conseguia
respirar. Ela pensou no dia do casamento que não poderia estar mais feliz. Mas os
bons sentimentos continuaram crescendo.

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Noiva no Verão
Anne Gracie
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Sua família se sentou ao redor deles, Lady Bea, envolta em peles, embalando
com orgulho o herdeiro de Davenham, seu sobrinho-neto, filho de Max e Abby, o
pequeno Georgie.
Jane se sentou ao lado de Lady Beatrice, olhando de espanto para o
menininho que a observava com olhos grandes e gorgolejava feliz. Ao lado de Jane
estava sentado seu marido alto, Zachary, o conde de Wainfleet, moreno como um
cigano e bonito como o pecado. Freddy e Damaris estavam sentados do outro lado
de Lady Beatrice, de braços dados.
Todas as suas irmãs viajaram de suas propriedades rurais até Londres para
ver sua filha ser batizada. No fevereiro mais chuvoso de todos os tempos.
Ela deslizou o braço pelo de Flynn. Ela foi tão abençoada.
Apenas dezoito meses atrás, ela não conhecia ninguém aqui. Ela estava
sozinha no mundo, ninguém para amar e nunca sonhou que alguém a amaria. Ela
realmente não acreditava no amor então.
Agora ela tinha sua própria família, seu próprio marido e filha, bem como
irmãs, cunhados, uma tia querida e um sobrinho. Bem como amigos, bons
amigos. E uma loja.
Era, quase, mais do que uma garota poderia lidar.
O culto passou como um borrão até: — Os padrinhos vão dar um passo
à frente? — Disse o ministro, e Abby e Max se adiantaram. Com relutância mal
disfarçada, Flynn entregou a filha para Abby, mas o bebê não fez barulho. Ela
conhecia sua tia Abby.
Daisy estava observando Lady Beatrice e suas irmãs. Seu coração estava
muito cheio para entender muito do que o ministro estava dizendo. Ela estava
esperando a parte do nome. Ela ainda não tinha dito a eles o nome completo do
bebê.
O ministro tirou o bebê dos braços de Abby. Ela olhou para ele, calma e
confiante.
— Eu te batizo Beatrice Abigail Damaris Jane Kathleen Flynn, em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. — Ele mergulhou o bebê e pingou água em sua
cabeça.
A pequena Beattie Flynn abriu a boca e gritou para que a igreja caísse.
— Essa é minha garota, — disse Flynn orgulhosamente.

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