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GUIA BÁSICO DE

ORIENTAÇÃO
BÚSSOLA

CURSO
Pixel Books
SANDRO FONTANA EDITORA
CURSO BÁSICO DE

ORIENTAÇÃO
BÚSSOLA

SANDRO FONTANA
OSOK ™
© OSOK ™

Todos os direitos reservados ao OSOK Simulação e


Treinamento Militar - Airsoft Team.

Produção editorial Pixel Books®


pixelbooksbrasil@gmail.com

Escrito por Sandro Fontana


Porto Alegre | RS | Brasil
cmte.fontana@gmail.com

Desenhos by Verani Tattoo


Porto Alegre | RS | Brasil
Duque de Caxias 1743/Loja 1

Imagens diversas by PNGFLOW


www.pngflow.com

Pixel Books
EDITORA

Porto Alegre
Ano 2020
PRÓLOGO

Este manual foi concebido com o objetivo de introduzir


o leitor a navegação terrestre com uso de bússola. Embora
projetado para praticantes de Airsoft, este livro serve de
guia básico para pessoas que possuam interesse e desejam
aprimorar conceitos e conhecimentos em orientação
bússola.
Capítulo 1

O QUE É NAVEGAR?

ntes de mais nada é importante entender alguns

A princípios básicos sobre navegação e estes geralmente


surgem de perguntas simples, por exemplo: Como eu
vou até determinado lugar? Quanto tempo irei levar
até o local?

Inicialmente é fundamental compreender que para


haver algum tipo de navegação algumas perguntas
precisam ser respondidas:

ONDE ESTOU?

PARA ONDE VOU?

COMO VOU?
Essas perguntas são essenciais e, se o operador não
souber responde-las, na devida ordem, podemos afirmar
que não há como navegar.

O primeiro passo, e o mais importante, é saber qual a


sua verdadeira posição. Se o operador não souber onde
está, não há como navegar de um local para outro.

No entanto há momentos em que podemos estar


perdidos, mas nesse caso não existe uma navegação em si,
mas uma orientação suposta ou provável, onde se pode
seguir alguns passos para se localizar (saber onde está) ou
até buscar ajuda, principalmente nos casos de emergência
e/ou sobrevivência.

Depois de sabermos onde estamos, precisamos


responder a segunda pergunta: Para onde vamos?

O leitor deve concordar comigo que, se não se sabe para


onde vai, então não há como navegar, uma vez que apenas
está se deslocando (sem rumo certo).

A terceira pergunta é a mais complexa e difícil de


responder, isto é, precisamos de alguma técnica para saber
como iremos de um ponto A para um ponto B; claro que
isso também dependerá da região onde estamos operando.

É muito comum ouvirmos falar que a forma correta de


navegar é do jeito X ou Y, mas a verdade é que não há uma
única forma de navegação ou orientação. Existem unidades
que optam por utilizar homem passo e homem bússola,
por exemplo, mas isso pode ser ineficaz quando se está
sozinho ou quando não se dominam completamente as
técnicas.
Eu estudei vários modelos teóricos que são muito
bonitos no papel ou em campos preparados, mas no
momento real e prático, deixam muito a desejar.

Como não é objetivo deste guia aprofundar ou debater


métodos, irei expor nos próximos capítulos meus
conhecimentos somados ao longo dos anos e postos em
prática, tentando ajudar assim os operadores a navegar em
selva e outros locais mais rápido e facilmente.
Capítulo 2

ORIENTAÇÃO BÚSSOLA

rimeiramente vamos rever alguns fundamentos

P básicos. Esses pontos são alicerces para uma


melhor compreensão e orientação.

Começamos pela rosa dos ventos. Ela situa e


referencia qualquer tipo de deslocamento.

Infelizmente no Brasil não possuímos uma boa cultura


escolar no que se refere a orientação e navegação, diferente
de outros países (como Estados Unidos) que possui sentido
de orientação até nas ruas. Talvez a única cidade brasileira
a adotar isso seja Brasilia.

Nesses locais as ruas recebem nomes como via norte-sul


(cruza nesse sentido), ou Palm Park Way SW ou NE (onde
indica em que sentindo o motorista ou pedestre irá se
deslocar na avenida, com relação a
sua posição atual). No último
exemplo, se o motorista
pegar à esquerda (exemplo
apenas) ele irá se deslocar
para sudoeste via avenida,
se for pela direita, irá se
deslocar para nordeste.
Isso pode parecer insignificante mas é fundamental essa
noção de orientação, chamamos isso de noção espacial ou
radar mental. Em outras palavras, é como se o operador
mantivesse uma imagem mental de onde ele está, e isso é
muito importante para ter uma noção da exata posição.

Nossas escolas geralmente ensinam somente os pontos


cardeais e algumas noções básicas, mas longe de abordar o
fundamental, por esse motivo o operador precisa ter em
mente que a rosa dos ventos é essencial e deve sempre se
imaginar como o centro da mesma.

Além da rosa dos ventos, se elaborou uma forma mais


matemática (geométrica) de sentido de orientação, o uso
de graduação, ou seja, uso de medida por graus.

Foi convencionado que o círculo completo limita-se a


360 graus, sendo as frações do mesmo os graus
proporcionais, isto é:

360º = Norte (N)

90º = Leste (E)

180º = Sul (S)

270º = Oeste (W)

Mas afinal, por que


dividir em graus?

Essencialmente isso
eleva o ganho na
precisão e sentido no
deslocamento, senão
ficaria difícil de se
referenciar (ou transmitir uma informação à uma equipe)
tendo que usar termos norte/nordeste (que seria 22,5º).

É importante frisar que as melhores e mais indicadas


bússolas possuem referenciais numéricos, facilitando o uso
para o navegador.

Lembre-se que é necessário, sempre, se imaginar no


centro da rosa dos ventos.

Outro detalhe que todos sabem é que a


bússola aponta para o norte/sul, certo?

Sim, mais ou menos.

Como assim?

Sim porque ela realmente aponta para o


norte/sul mas o que parece não terem
ensinado nas escolas é que esse norte/sul é um norte sul
magnético, ou seja, ele não aponta para o topo do globo
exatamente.

O topo do globo é o que chamamos de Norte Verdadeiro,


e a bússola aponta para o Norte Magnético, posição essa que
é deslocada do eixo central de rotação do planeta. Esse
Norte Magnético influencia muito na navegação e
dependendo da região onde estamos, a declinação pode ser
bem acentuada.

Para resolver esse problema se elaborou uma carta com


essas declinações magnéticas, estando o Brasil sul
(atualmente) com cerca de 16ºW, ou seja, a bússola aponta
16º a esquerda (oeste) do Norte Verdadeiro. Nordeste, por
exemplo, é cerca de 20ºW.
Por esse motivo, quando desejamos navegar para o
norte de uma carta ou mapa (verdadeiro), teremos que
somar 16º ao valor calculado do rumo bússola. Em outras
palavras, se pretendemos navegar no rumo Leste (90º),
então teremos que considerar o rumo bússola de 106º (90 +
16).

Isso tudo pode parecer complicado mas não é. No


capítulo 5 vamos aprender de forma prática como fazer
esses ajustes.

Atente que a declinação magnética muda 6,5’(6


minutos e 30 segundos) a cada ano, portanto se o
Operador estiver usando uma carta antiga, ele
deve calcular a atualização da declinação,
conforme a data de elaboração da carta e a
declinação informada na mesma.

Para a realidade do operador airsoft, existem formas


mais simples hoje de fazer isso, basta acessar a internet e
verificar esse valor conforme sua região. Uma boa opção é
o site do Observatório Nacional:

http://www.on.br/index.php/pt-br/component/content/article/60-
geofisica/606-rede-magnetica-no-observatorio-nacional.html?Itemid=0
Foi disponibilizado também no site do NOAA (National
Oceanic and Atmospheric Administration) uma calculadora
para encontrar a declinação magnética.

Link da versão para computadores:

https://www.ngdc.noaa.gov/geomag-web/?useFullSite=true

Link da versão compacta para celulares:

https://www.ngdc.noaa.gov/geomag-web/calculators/mobileDeclination

Esta calculadora também está disponível como aplicativo


para o Android com o nome CrowdMag e está disponível na
Google Play Store no endereço abaixo:

https://play.google.com/store/apps/details?id=gov.noaa.ngdc.wmm2

Para ilustrar, a imagem abaixo exibe uma carta de


declinação magnética atualizada. Perceba que a diferença
entre o sul do brasil (16ºW) e a região nordeste (22º) mostra
uma variação considerável.
Capítulo 3

BÚSSOLAS
amos entender agora quais são os tipos de bússolas

V mais comuns e mais adequadas para a operação


terrestre.

Tenham em mente que uma boa bússola faz toda a


diferença para uma navegação em que deseja melhor
precisão, por outro lado pode-se utilizar algo mais simples
desde que não haja a necessidade específica.

Lembrem-se que o uso da posição solar é uma boa


opção como referência, mas assim como as bússolas
simples, ele é muito impreciso, variando também conforme
as estações do ano, obrigando o operador a conhecer suas
nuances. Em outras palavras, o sol é uma boa opção em
caso de emergência ou quando iremos nos deslocar por
curtas distâncias.

É importante enfatizar também que, quanto maior for a


distância a ser percorrida, maior a chance de erro; neste
caso será necessário um melhor planejamento de rota ou
percurso.

Se pensarmos em um círculo, como uma roda de


bicicleta por exemplo, sabemos que quanto mais longe do
eixo, maiores são as distâncias dos raios (radiais), por esse
motivo uma imprecisão de 10º a 2Km implica em certo erro
ao ponto objetivo (destino ou referencial intermediário),
agora imagine 10º a 10 ou 20Km. Com certeza o operador
poderá se desorientar ou levar mais tempo até achar a
posição correta, necessitando se deslocar lateralmente para
encontrar o local.

Basicamente existem dois tipos de bússola: a de limbo


fixo e a de limbo móvel.

A bússola de limbo fixo é a mais rudimentar e se


caracteriza por um fundo fixo e um ponteiro que se
equilibra sobre um pinto (algumas mergulhadas em solução
liquida estabilizadora). Pode parecer entranho mas a
maioria das pessoas não sabe usar esse tipo de bússola,
acreditando apenas que ao apontar para o norte é para
onde elas “tem que seguir”. Não caiam nessa!

O emprego correto desse tipo de bússola se caracteriza


pelo operador ter que girar o fundo da bússola (parte fixa)
até alinha-lo com o ponteiro no sentido NORTE/SUL.
Quando esse ajuste for feito o operador poderá saber que
azimute* tem a sua frente, veja a ilustração:

Essa bússola está com o ponteiro alinhado


com o norte do fundo fixo. Esse é o
procedimento correto.
Baseando-se na imagem,
o azimute* do operador
é de aproximadamente
290º.

*Azimute é o ângulo de nossa proa ou rumo com relação ao norte da bússola.


Como foi possível observar esse tipo de equipamento
não é dos mais precisos, principalmente quando
precisamos determinar uma referência a longa distância,
mas se adequa bem para alguns tipos de navegação..

A bússola de limbo móvel, geralmente, é mais sofisticada


e cara, mas não há comparação quando falamos em
eficiência. Enquanto as bússolas de limbo fixo necessitam
de ajustes um pouco mais demorados, as de limbo móvel o
fazem quase que instantaneamente, uma vez que o
operador terá os graus lidos diretamente.

Em geral, algumas bússolas de limbo fixo e todas de


bússolas de limbo móvel possuem seu núcleo submerso em
água, óleo ou outro produto líquido, essa construção faz
com que o sistema sofra menos interferência com o
balanço ou tremores.

O limbo possui uma imantação N/S (norte/sul) fazendo


com que o indicador do norte gráfico aponte para o norte
magnético, facilitando assim ao operador a leitura do
azimute.

Dos modelos mais modernos e profissionais, temos


aqueles que possuem réguas escalares embutidas para
medir a distância nas cartas e uma tampa com linha de fé
(retículo), ajudando o operador a localizar referenciais com
mais precisão.
Atualmente existem muitos modelos no mercado e a
maioria cumpre bem sua finalidade. Os preços variam
muito mas é possível encontrar boas bússolas com limbo
móvel por preço acessível.

Operacionalmente falando, eu recomendaria o modelo


limbo móvel com indicadores luminescentes para jogadores
de Airsoft, uma vez que se trata de algo mais “tático”,
sendo funcionais às simulações militares.

Alguns modelos de bússolas recomendadas:

*Bússola com nivelômetro - Quanto mais estabilizada ela estiver melhor a precisão.
Capítulo 4

CARTAS E MAPAS
ntes de qualquer coisa vamos separar o que é carta

A do que é mapa.

Os mapas geralmente são representações


simplificadas da superfície terrestre, colaborando
para um determinado fim. As cartas (terrestres) por sua vez
possuem mais detalhes e normalmente se restringem a
regiões menores.

As mais comuns e úteis são as cartas topográficas, uma


vez que possuem uma escala melhor de trabalho,
apresentando caminhos secundários e elevações.

Outra opção são as fotos aéreas, facilmente encontradas


na internet e disponíveis pelo GoogleMaps® ou outros
provedores.

Quanto às cartas, é importante que o operador entenda


a importância da compreensão do tipo de projeção, isto é,
da forma como aquela imagem esférica se torna distorcida
quando planificada. Sim, toda a carta possui uma distorção
pois não há como colocar um globo (esfera) em uma
superfície plana sem distorce-la.
Existem muitos tipos de projeções, uma das mais antigas
é a Mercator. Essa projeção é uma boa ferramenta
instrutiva pois ela utiliza como meio de referencia o
equador, sendo assim ela “estica” o planeta todo num
quadrado, distorcendo proporcionalmente até se chegar
aos polos. Logicamente, quanto mais longe do equador,
maior o erro de projeção.

Como é possível observar na carta acima, a projeção


Mercator distorce completamente a Antártida, induzindo o
operador a pensar que o continente é maior do que seu
tamanho real.

É importante enfatizar que isso não possui muita


importância para operações em curtas distâncias mas é
fundamental saber que o envio de coordenadas (para
informar sua posição, é extremamente perigoso.
Sim, é perigoso pois se um operador receber do
Comando uma coordenada e ambos não estiverem
utilizando a mesma projeção ou carta, o local informado
será diferente geograficamente. Atente para isso e não
corra riscos desnecessários.

Para se atuar com segurança é importante que toda a


equipe utilize um mesmo modelo de carta ou foto aérea,
isso evita diferenças que apontem para locais errôneos.

Existem inúmeros modelos de projeções mas a mais


comum e com menor distorção é a WGS84, comumente
utilizada nos aparelhos GPS.

As cartas militares brasileiras utilizavam de projeção


diferente, logo uma coordenada capturada com GPS (em
WGS84) não será a mesma posição física apresentada no
papel.

Ano passado o EB liberou seu acervo de cartas que


podem ser uteis. Veja mais aqui: http://forest-gis.com/
2019/08/exercito-disponibiliza-todo-o-acervo-de-cartas-
topograficas-em-webmap.html/

Evitem misturar cartas topográficas com imagens


GoogleMaps®, é mais seguro que todos utilizem
o mesmo referencial.

Duas coisas são importantes ao utilizarmos uma carta ou


foto aérea: Sabermos a escala de distância e onde fica o
norte verdadeiro.

Com esses dois referenciais podemos facilmente


iniciarmos uma navegação ou planeja-la. Lembre-se que
para isso precisamos saber onde estamos. Uma boa
maneira de descobrir isso é usarmos referencias visuais,
como por exemplo um cruzamento de estrada, topo de
montanha, um rio ou lago, ou alguma casa ou fazenda.

Apenas saber nossa posição numa carta não basta,


precisamos aprender como marca-la de forma organizada.
Para se fazer isso os antigos navegadores dividiram nosso
planeta em linhas imaginárias. Haviam linhas verticais
(meridianos | longitudes) e linhas horizontais (paralelos |
latitudes).

No início das grandes navegações a humanidade não


conseguia determinar sua localização com precisão (em
termos longitudinais principalmente), e isso fazia das
navegações algo realmente perigoso. Para compensar essas
ausências de “tecnologia” os navegadores marítimos faziam
navegações costeiras e visuais, demorando mais tempo
para chegarem aos seus destinos. Navegar por portulanos
era a melhor alternativa.

Uma forma que melhor serviu foi


quando conseguiram construir
um relógio preciso, então os
navegadores comparavam o
horário solar com o horário
marc ado no equipamento.
Estou trazendo essa informação
para que o operador compreenda
que a longitude está ligada ao tempo
e isso foi convencionado da seguinte
forma:
Dividiram o planeta em Ocidente (W) e Oriente (E). Cada
“meia laranja” possui 180º (360º totais). Esses 180º
representam 12 horas, por isso a cada 15º temos uma hora
de diferença solar aproximadamente.

Horizontalmente, delineados por


paralelos, temos também “meia laranja”
dividida em Norte e Sul, mas as linhas
nunca se encontram.

Essas mesmas linhas possuem uma


variação nas coordenadas, isto é, quanto
mais ao norte e ao sul, menores são as
distâncias para cada grau. Isso não ocorre com os
meridianos e por isso podemos utilizar os graus dos
meridianos para medir distâncias.

Nunca utilize referenciais de paralelos para


medir distancias.

É importante entender que essa convenção centenária


(ou até milenar) se adequa perfeitamente ao que
precisamos para determinar nossa posição.

Até o momento abordei algo amplo, mas vamos pensar


numa condição prática. Precisamos de algo micro e com
isso entender as subdivisões dos graus.

Nossa posição sempre será determinada por referenciais


visuais (algo pessoal e local) e por coordenadas (forma
mundial). Para que possamos conseguir especificar uma
posição detalhada é necessário dividir os graus em
unidades menores, por isso convencionaram utilizar a
seguinte lógica: Graus | Minutos | Segundos

Dentro dessas subdivisões há duas formas de especificar


os minutos e segundos: Uma é a que conhecemos, como
um relógio e outra em décimos de tempo, por exemplo:
1’30" (1 minuto e 30 segundos) ou 1,50000 (1 minuto e
meio).

Esses dois formatos dependem de qual tipo de carta ou


imagem está se utilizando, assim como as simbologias W
(oeste) um sinal de menos (-) e E (leste) um sinal de mais
(+).

IMAGEM GOOGLEMAPS®

É preciso que o operador tenha em mente que as grades


de coordenadas são as melhores formas de determinar e
informar sua posição. Por outro lado, se o mesmo está
numa região onde pretende simplesmente se orientar,
basta usar do azimute e distância.

Outro meio possível é utilizar (para operações em jogos


ou região conhecida) uma “grade própria”, ou seja, uma
equipe pode criar seu próprio mapa ou carta para uma
missão em específico, dessa forma é mais fácil informar
posição ou se localizar.

Enquanto que numa carta normal o operador pode


informar (ou determinar sua posição) em coordenadas,
como S23º27’00” W45º59’30”, numa carta própria
podemos fazer o mesmo da seguinte forma: posição M06.

Num termo prático, seria mais “tático” se um Batedor


adentrasse no território do inimigo e atuasse da seguinte
forma (comunicação via rádio com a Base):
- Comando… S12 (número do operador atuando como
batedor).

- Prossiga S12…

- Minha posição, L14, aviso movimentação inimiga em


F14 e sniper posicionado em D13 em meio as árvores.
Confirma posição da equipe de assalto?

- Ciente S12. Existe uma equipe de assalto em E8


dirigindo-se para leste.

- Ciente Comando, porém da minha posição não tenho


como dar cobertura quanto ao sniper, mas posso, ao seu
comando, iniciar ataque aos inimigos em F14. Avise
quando iniciarem avanço.

Perceba o quanto simplifica toda a ação, uma vez que a


localização dos pontos é muito mais rápida e efetiva. Em
outras palavras, é melhor utilizar cartas preparadas para
determinadas missões, devendo-se usar cartas comuns
topográficas somente em missões muito grandes e que as
investidas ocorram de forma mais esporádica ou em
operações Recon, por exemplo.

Até o momento foi possível agregar mais dois


aprendizados importantes: determinar onde estou e para
onde vou. Vamos trabalhar agora em aprender e aprimorar
a arte de navegar (como vou).
Capítulo 5

COMEÇANDO A NAVEGAR
arte de navegar e se orientar é tão antiga que nem

A
visual.
sabemos exatamente quando começou. Existem
diversas formas de orientação, sendo a mais
comum aquela do dia a dia, ou seja, a orientação

Todos os dias quando acordamos e vamos trabalhar, nós


utilizamos a arte de navegar para chegarmos em nossa
empresa. Se o leitor parar para pensar irá perceber que a
todo o momento sabe-se onde está e para onde vai, então
mentaliza-se e traça um caminho(como vai). Essa rota pode
ser por uma rua em específico mas também pode ser
alterada conforme a necessidade de passar por outro local
ou evitar transito (áreas difíceis). Numa orientação assim
utilizamos de referencias visuais que são os prédios, placas,
pontes etc.

As orientações começam a ficar complicadas quando


adentramos em locais remotos, isto é, em locais onde não
existe um caminho prévio (trilhas por exemplo) e
necessitamos chegar a algum local.

Podemos dividir inicialmente a navegação em curta e


média, onde a primeira é simples e pode ser utilizada em
campos pequenos para treinamento de combate. A
segunda requer melhor conhecimento e planejamento.
Vamos abordar as duas de forma separada.

Antes de aprendermos sobre ambas, precisamos


entender algumas premissas:

TAMANHO DO PASSO

É muito comum ouvirmos falar do Homem-Passo e o


Homem-Bússola. Na verdade podemos simplificar isso a um
navegador somente e este mesmo possuir um controle
sobre o deslocamento.

É importante ter consciência da capacidade de medição


por passo e isso não tem nada a ver com aquelas coisas
estranhas que vemos (ou já ouvimos falar), como por
exemplo, a pessoa dando um passo largo achando que cada
passada equivale a 1 metro.

O que devemos fazer de fato é medir o comprimento do


nosso passo normal, então saberemos qual a medida que
ele dispõe. Uma pessoa mais alta executará uma distância
maior em cada passada, enquanto que um mais baixinho
obterá uma distância menor.

Qual a forma de sabermos?

Podemos, de forma simples, dar um passo normal e


medir essa distância. Então imagine que essa passada seja
de 90cm, logo eu precisarei estimar um número X de
passadas para uma determinada distância.

Vamos recorrer então ao ensino fundamental e a regra


de 3:
Preciso caminhar uma distância de 1000 metros, mas
cada passo que dou equivale a 90cm apenas, quantos
passos preciso dar para percorrer 1km?

Primeiramente vamos alinhar as unidades:

1km = 1000m = 100.000cm

1 passo = 90cm ou 0,9m

Vamos utilizar a unidade de metros pois nesse caso é a


mais fácil.

1 passo 0,9m

X 1000

(1 vezes 1000 dividido por 0,9 e obtemos X)

X = 1.111 passos

Sendo assim serão necessários 1.111 passos


(aproximadamente) para que eu compense e atinja a
distância de 1km.
PERNA DOMINANTE

Todos possuímos uma perna dominante, assim como


olho dominante.

Já ouviram falar daquela expressão: Estamos andando em


círculos?

Essa expressão não existe a toa, ela reflete uma verdade


de quando alguém está perdido e começa a andar em
círculos, percebendo isso por reconhecer visualmente um
local que havia passado antes. Isso ocorre porque todos
possuímos uma perna dominante, ou seja, uma perna que
“força a marcha” um pouco mais que a outra, gerando
assim uma tendência de curva para a direita ou esquerda. É
importante ter consciência deste fato e gerenciar esse
desvio e compensá-lo.

O operador pode testar isso da seguinte forma: Esteja


em um local com poucas referências e obstáculos (praia,
campo etc); Marque sua posição e posicione-se com uma
bússola para algum azimute específico (norte ou leste, por
exemplo) e inicie uma caminhada com os olhos vendados
no rumo bússola escolhido. Considere uma distância de
100m (111 passos) ou mais (até 1km); Faça uma caminhada
com alguém para protegê-lo e marque sua posição final;
depois verifique quantos graus ocorreram de desvio.
Pronto!

Se o operador necessitar se orientar em locais com


poucas referências, ele saberá quantos graus em média terá
de compensar para uma determinada distância. Faça o
controle disso por partes, ou seja, trajetos curtos para
melhor compensação de desvios.
Atenção: se você se deslocar sem usando a
bússola para referenciar ou usando uma
referencia visual, essa necessidade de
compensar desaparece.

Vamos a um exemplo prático.

Imagine que esteja com um amigo na praia e decidiram


fazer o teste. O operador decide fazer o percurso de 300m,
o que equivalem a 333 passos (considerando o exemplo
anterior).

Um local de partida é escolhido e se utilizam de um


referencial de
azimute de 20º. Ao
final do percurso o
operador efetu a
uma marcação no
local e retorna a
posição de partida.
Ao verificar o real
trajeto, observa-se
um desvio para 15º,
sendo assim o
navegador saberá
que a cada 300m
ele desvia
aproximadamente
5º para a esquerda,
indicando sua
perna direita como
dominante.
O exemplo da página anterior ilustra como ocorrem os
desvios na prática e por isso é importante que o operador
tenha em mente que usar referenciais é extremamente
relevante.

Para nossa realidade brasileira, casos de navegação


assim são raros mas dependendo da região (se não houver
referenciais) essa técnica pode ser muito útil.

Depois de compreendido como medir distância


percorrida e desvio por caminhada, vamos aprender um
básico sobre orientação a curta distância (cerca de 1 a 2km)
e média distância (até 10km).

Precisamos nortear nosso conhecimento em alguns


pontos:

É importante compreender que trabalhar com


referenciais visuais são, à priori, essenciais. Se utilizarmos
de referências visuais não temos chance de incorrer no
problema da perna-dominante, isso porque o nosso objetivo
fica em foco e nosso cérebro compensa esse erro
automaticamente.

Vamos a um exemplo bem simples, utilizando a foto


aérea com grade própria exposta anteriormente.

Neste caso o batedor informou ao Comando que daria


suporte a partir de sua posição (L14). O Comando informou
que a equipe de assalto estava se deslocando para leste a
partir da posição E8. Como todos estavam na escuta do
rádio, o líder da equipe de assalto estava se orientando
nesse sentido.

Visualmente, seria possível dispensar o uso da bússola


pois o líder sabia que havia o prédio a sua direita e a mata
fechada a sua esquerda. Eles sabiam onde deveriam chegar
e conheciam a existência de um sniper que estaria no
caminho.

Neste caso eles teriam que decidir qual caminho fazer


(como ir), navegariam próximos ao prédio ou por dentro da
mata, mas por ser uma curta distância, eles rumariam para
leste, sempre mantendo referência visual com a estrutura
construída e com a área de clareira que ficava entre a mata
fechada e a estrutura.

A distância é algo um tanto irrelevante nesses casos,


pois nosso cérebro consegue estimar o tempo e posição em
que deveremos chegar.

Embora não seja o foco aqui abordar técnicas


estratégicas, mas o líder da equipe de assalto poderia optar
em separar o pelotão, enviando alguém para “distrair” o
sniper enquanto o restante emboscaria o mesmo. Se este
fosse o caso, é importante salientar que teríamos duas
orientações/navegações e, neste caso, todos necessitariam
saber suas posições a todo o momento (até para evitar fogo-
amigo).

Algo importante a se chamar a atenção, para orientações


em curta distância, é o fato de adentrar em locais fechados
e desconhecidos. É muito fácil se desorientar em locais
a s s i m , p e rd e n d o - s e a n o ç ã o d e o n d e s e e s t á ,
principalmente se o local inclui muitas portas e corredores.
Nestes casos é importante que o operador mantenha um
elevado nível de consciência situacional (radar mental)
para que possa ter uma rota de fuga, se precisar.

Resumidamente, rotas curtas são simples e podemos


fazer sem uso de bússola, aproveitando muito das
referências visuais, dependendo do local.

As rotas médias (ou curtas em locais de mata fechada)


necessitam de algumas técnicas um pouco mais
aprimoradas, isto é, precisaremos compreender melhor
como utilizar de referências intermediárias e, como eu
comentei anteriormente, aqui será abordado uma das
diversas formas de orientação.

As imagens a seguir ilustram um dos princípios básicos


dessa navegação.
Talvez muitos tenham aprendido que navegar em selva
basta pegar o azimute do destino
e ir caminhando na floresta
naquela direção, medindo a
distância em passos até se chegar
ao destino. Isso poderia ser uma
verdade se fosse uma floresta de
árvores com certo espaçamento
entre elas e sem obstáculos no
caminho. Ocorre que na prática não é bem assim. É comum
encontramos rios para atravessar ou um matagal tão denso
que levaríamos horas para seguir num caminho reto.

Existem diversas soluções para navegações em terrenos


assim; uma das que considero mais simples e eficaz
consiste em se utilizar de caminhos mais simples (mesmo
mais longos) e dividir o destino por pontos intermediários
como objetivos.

Uma solução possível é dividir nosso raciocínio em


trilheiro e navegador (uma analogia ao homem-passo e
homem-bússola), mas que pode ser executada por uma
pessoa somente.

Seria algo como, o navegador determinar o azimute para


o destino, mas como este está muito longe e não visível
(exceção se o operador estiver no topo de uma montanha e
conseguir identificar), ele tem de encontrar uma referência
visual intermediária, podendo ser uma árvore grande (ou
diferente), um morro, um contorno de rio etc.

Com um referencial assim, o próximo passo não é


chegar ao destino mas sim a este ponto intermediário.
Somente depois de chegar a esse local o navegador irá
referenciar o azimute (normalmente o mesmo) para outro
ponto intermediário e assim por diante até o destino final.

Essa técnica requer muito do trilheiro uma vez que ele


escolherá o melhor caminho para se chegar ao ponto
intermediário.

Atentem para o fato de que esse caminho geralmente


não se trata de uma linha reta mas sim de outros caminhos
que levem ao objetivo. Esses trajetos podem ser feitos por
trilhas pré-existentes, por cruzamento de rios em locais
mais acessíveis ou até mesmo desviando de áreas
perigosas.

É muito difícil abordar todas as possibilidades mas, por


exemplo, às vezes o azimute (ou rota direta) cruzaria um
rio numa parte onde as margens estão com extensão muito
longa ou água profunda, apenas observando é possível
verificar que, em local próximo, há estreitamento ou
pedras que facilitem o cruzamento. Se existe uma opção
assim, porque cruzar uma extensa área de água?

Tudo vai depender de uma análise criteriosa do local e a


condição da equipe, assim como uma consideração
especial (ou atenção) ao tempo para se efetuar uma opção
A ou B e a necessidade de alguma furtividade.

Em poucas palavras, é importante uma subdivisão em


pequenos pontos referenciais a partir do azimute para o
destino. Esses pontos devem ser atingidos para que seja
feita uma nova orientação para o destino ou outros pontos
intermediários.
Vamos aprender agora
como traçar um azimute
e demonstrar através de
um exemplo ilustrado
como poderia ser uma
navegação em selva desse
tipo.

Imaginem que somos a


Equipe Delta e precisamos
nos deslocar em área
desabitada até uma base
inimiga e ataca-los.
Saberemos nossa posição
pois fomos posicionados
no local pela divisão de
transporte (onde
estamos).

O Comando Central
nos envia as coordenadas
do local onde está a base
inimiga (onde vamos).

Precisamos chegar até


o local e ataca-los pelo
setor sul, setor mais
desprotegido, segundo
informações do Centro de
Inteligência.

Quais são os primeiros passos a serem dados?


Primeiramente iremos calcular o azimute da presente
posição até o destino.

Vamos supor que o rumo seja 10º pela carta ou


fotografia aérea. Como sabemos que a declinação bússola
na região sul do Brasil é em torno de 16ºW, iremos somar
este valor ao azimute obtido na carta de navegação.

10 + 16 = 26

Com isso temos um rumo bússola de 26º, ou seja, se


pudéssemos nos deslocar em linha reta, bastaria manter
esse rumo e chegaríamos até destino com certa precisão.

Com as duas posições (origem e destino) marcadas na


carta, poderemos medir a distância em linha reta. Para
fazermos isso nós podemos utilizar uma régua simples (é a
pior das situações) ou uma régua com escala da carta.

Se usarmos da régua com escala da carta, basta


medirmos e teremos a leitura de distância lida diretamente
na régua escalar, caso contrário teremos que fazer a
conversão.

Afim de facilitar, vamos supor que estaremos utilizando


uma carta com escala que meça 10cm para cada 1km, ao
medirmos diretamente no papel obtemos 33cm, logo a
distância da origem ao destino é de cerca de 3,3km.

Obviamente essa é uma distância referencial para


navegações terrestres, uma vez que é impossível se
deslocar em linha reta e o terreno possui subidas e
descidas, aumentando assim a distância real de superfície.

É importante enfatizar que, mesmo que fosse possível se


deslocar em linha reta, devido as subidas e descidas, não
conseguiríamos estimar um tempo de chegada com muita
precisão, uma vez que alteraríamos a velocidade do marcha
e isso afetaria o resultado final.

Sabemos que geralmente é impossível se deslocar em


linha reta, então conseguimos prever um tempo de
chegada não inferior a um determinado valor, por
exemplo, se a velocidade média de caminhada de uma
pessoa é de 5km/h e nossa distância a ser percorrida é de
3,3km, nossa navegação não será inferior a 40 minutos.

Por outro lado poderemos estimar isso conforme formos


nos deslocando e verificando o tipo de terreno que
encontramos. A região sul do estado do Rio Grande do Sul
(pampas) é completamente diferente da região montanhosa
da serra gaúcha, por exemplo.
Abaixo a ilustração simulada do exercício:

Na figura é possível observar a linha do azimute (reta) e


a trilha executada (track). Podemos ver também os pontos
intermediários, pontos esses de referência que balizam o
eixo da rota, evitando assim que a equipe se perca do
caminho pretendido.

Mesmo sem uma capacidade precisa de medição da


trilha estimada para deslocar, é possível prever que um
caminho assim não seja o dobro do caminho original (reto),
então podemos prever que não levaremos mais que 80
minutos (1h20) até o destino, se não houverem
intercorrências. Percebam que a equipe irá encontrar um
problema e para isso terá que decidir sobre uma opção
para cruzar o rio.

Essa rota foi uma opção escolhida (exemplo ilustrado da


trilha), acreditando que o caminho mais curto para
atravessar o rio não seja problemático na corredeira, mas
poderia-se ter optado por cruzar (a nado) na parte mais
longa, onde a correnteza seria menor.

Em toda a operação há de se levar em conta se é diurna


ou noturna e se há a necessidade extrema de furtividade.
Todos esses detalhes interferem no tempo relativo, porém,
mesmo assim é possível elaborar uma estimativa.

Como complemento, vale salientar que as referências


visuais são muito importantes e ajudam o operador a ter
mais certeza da sua posição, por exemplo:

Posição A: Está a margem de um arroio a leste, com


descampado a oeste e mata fechada ao norte.
Posição B: Consiste de uma trilha em céu aberto,
cercada por árvores dos dois lados. O sentido médio da
trilha é rumo norte/sul.

Posição C: Se caracteriza por uma estrada que termina


numa área do rio, podendo ou não estar cheia.
Predominância de areia em sentido noroeste/sudeste.

Posição D: Está situada a norte da margem do rio,


próximo a uma clareira e com uma trilha a nordeste.

Tenha em mente que, quanto mais referências visuais


derem suporte para confirmar a posição, melhor.

Outra dica fundamental é sempre saber onde está.


Nunca deixe de estimar sua posição, mesmo que
aproximadamente.
Capítulo 6

EMERGÊNCIA
ESTOU PERDIDO
Todo aquele que navega, navegou ou irá navegar, se
perderá um dia. Isso não é um problema em si,
principalmente se o operador se localizar novamente o
mais breve possível.

Estar perdido, sem ser uma emergência, não é algo


assustador pois o fator tempo não está incluso em um dos
problemas.

Este capítulo aborda uma série de dicas que ajudam o


operador a fazer uma orientação segura, por isso vamos
abordar várias questões importantes.

Primeiramente se o operador se perdeu ou está em


dúvida da sua exata posição ele possui algumas alternativas
para tentar reestabelecer essa variável. Ele pode observar
tudo que está ao seu redor e comparar com a carta ou foto
aérea para estimar a nova posição.

Se mesmo assim não conseguir estimar a posição


existem duas opções: Retornar pelo caminho no qual
executou, até chegar a um ponto anterior; ou se deslocar
num azimute seguro para tentar se orientar novamente.
Tenha sempre em mente o caminho de volta,
normalmente ele reflete azimute contrário ao que
você se deslocava. Isso é importante para uma
operação segura.

Uma opção é marcar (sinalizar em árvores por exemplo)


o trajeto percorrido, isso ajuda muito em caso de
necessidade de recuar rapidamente.

A outra forma (azimute seguro) é mais indicado para


casos de emergência ou se realmente não conseguiu
determinar a posição atual. Esse procedimento consiste em
tentar determinar uma nova posição ou na tentativa para
buscar ajuda em locais remotos.

Vamos considerar a carta que foi exemplo no capítulo


anterior, em contínua simulação para sermos mais
didáticos.

Imagine que estamos entre as posições intermediárias B


e C, e a partir de um determinado momento, não sabemos
mais onde estamos. Tentamos nos orientar por outras
referências mas foi impossível pois estamos dentro de uma
mata fechada.

Nosso azimute de segurança (neste caso) pode ser no


sentido leste (pois em algum momento encontraremos o
rio) ou no sentido norte, pois nesse caso o rio também
poderá nos ajudar.

Ao encontrarmos o rio é mais fácil tentarmos


determinar nossa posição, uma vez que as características
(como curva, corredeiras etc) ajudam a estabelecer a
posição. Se conseguirmos isso, basta repetir o processo
para o destino ou para algum ponto intermediário e assim
retomar a rota.

Esse cenário colocado para exemplificar é um dos mais


fáceis, então o operador precisa ter em mente que o
azimute de segurança é qualquer um que lhe direcione
para um local mais seguro e urbano, podendo ser
montanhas, estradas etc.

Vamos usar a mesma carta (foto aérea) e supor que não


existisse aquele rio, qual seria o azimute de segurança
(estando entre B e C)?

O azimute de segurança seria qualquer rumo entre 280º


e 350º aproximadamente, uma vez que existe uma estrada
nesse setor.
Resumidamente, é como se o operador seguisse por um
caminho num sentido sem precisão (mesmo tendo que
fazer desvios), mantendo entre os azimutes seguros
calculados, consequentemente chegando na estrada (ou
lugar seguro).

Tenha em mente que podem ocorrer diversos tipos de


emergências e os locais podem ser os mais variados
possíveis, desta forma é prudente que o operador
mantenha essa condição de segurança, por exemplo: “Se
nos perdermos vamos fazer o que?”

Essa é uma pergunta que deve permanecer com


operador o tempo todo.
AUTOR
Sandro Fontana é membro OSOK, atuando na função de
suporte no time. Profissionalmente trabalha como Piloto de
Linha Aérea na função de Comandante.
Navegar faz parte da sua rotina, mesmo que atualmente
com equipamentos sofisticados, ele aprendeu o uso de
equipamentos básicos e rudimentares. Paralelamente
sempre se dedicou ao estudo da navegação aérea e
terrestre.

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