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PEÇA TEATRAL – TRAVESSURA DE UM CORPO

Autor: Joacy Alves

Cenário único. (Durante toda a peça não se muda o cenário), sala de uma mansão com cadeiras, centro, carrinho de
bebida.
Entra um homem que começa a mexer nas coisas, em seguida entra outro com uma capa escondendo o rosto.

CENA I

HOMEM I – Há! Aqui tem muita coisa interessante, espero que ele não apareça.

( Entra o segundo homem, homem II )

HOMEM II – (disfarçando a voz). Que? Você por aqui? Eu avisei para que você não viesse. Vá embora, aproveite
que ninguém está vendo.

HOMEM I – Não vou!

HOMEM II – Há, vai sim!

HOMEM I – Há, não vou não!

HOMEM II – Há, vai sim! To dizendo que você vai e vai mesmo! ( Aperta o pescoço do homem I, este cai e o
homem II sai correndo).

CENA II

Entra Marta, vê o corpo caído no chão, se assusta e começa a gritar por socorro.

MARTA – Socorro! Um cadáver de um defunto morto! Belo! Belo! Socorro!


(entra Belo correndo assustado )

BELO – O que está acontecendo aq... de quem é este corpo??? O que ele está fazendo aqui???

MARTA – Não é meu, não tenho nada haver com ele, quando cheguei já estava aí.

BELO – Será que está morto?? Vamos ver. (Mexe no corpo, balança de um lado para o outro ).

MARTA – Poxa vida como você é burro.

Olha o coração dele e vê se esta batendo.

(Belo coloca o ouvido na bunda do corpo).

BELO – Acho que estava vivo, mas acabou de morrer agorinha mesmo, pois deu o último suspiro.
MARTA – Como será que este corpo veio parar aqui?? Chame os criados, vamos perguntar se eles ouviram algo.
(Belo toca um sininho, entra Jarbas o mordomo, ajeitando o paletó e com ele a empregada Judite
nervosa).

JARBAS – O que houve senhor? Porque nos chamou? Meu Deus, o que é isso aí no chão?

BELO – É um corpo, seu idiota, não está vendo?

JUDITE – Oh, Jarbas, me segura acho que vou desmaiar. (cai)

MARTA – Jarbas, ajude Belo a levar Judite para o quarto dela e depois vá até o escritório do detetive GOMES e
traga-o até aqui, pois só ele pode resolver este problema, digo, este caso.

JARBAS – Já estou indo senhora. ( Sai com Belo, ajudando a levar Judite).

MARTA – Eu é que não fico aqui sozinha com isto aí. (Cobre o corpo com um lençol e sai).

CENA III

Entra o homem II, leva o corpo e deixa no lugar dele almofadas cobertas.

Entra Belo e Marta, em seguida Jarbas trazendo o detetive e seu ajudante.

JARBAS – Pronto senhores, aqui está o senhor GOMES.

GOMES – Boa noite senhores.

MARTA – Mas porque demoraram tanto?

GOMES – Isto não importa agora.

BELO – Importa sim, queremos saber.

JARBAS – Eu contarei: Após deixar Judite no quarto aos cuidados de Belo, fui ao escritório do senhor GOMES,
mas, não o encontrando voltei para casa e o vi saindo pela porta da garagem, então o trouxe até
aqui.

MARTA – Sr. Gomes, como se explica o senhor está saindo escondido de nossa casa?

GOMES – Muito simples, eu estava seguindo a pista de um bandido e por acaso vim parar aqui, e por falar em
bandido, porque me chamaram??

BELO – O motivo é este corpo que...

Cadê o corpo? Ele estava aqui em baixo agora mesmo, mas sumiu.

Vamos pessoal, procurar o corpo, vamos, vamos.

GOMES – Vão vocês, ficaremos aqui procurando pistas. (Todos saem. Fica Gomes e o assistente. Entra homem II
arrastando um saco).
GOMES – Alto lá! O que há dentro deste saco??

HOMEM II – É feijão, que estou levando para a dispensa. (Sai)

GOMES – Acho que vi algo suspeito naquela direção. Vamos investigar. (SAEM PELO LADO OPOSTO).

CENA IV

Volta o homem II e coloca o corpo na sala como estátua e cobre com o lençol. Escuta um barulho e sai.

Volta Gomes, o assistente, Belo e Marta. Gomes senta perto do corpo.

MARTA – E esta agora, sumiu o Jarbas e a Judite se trancou no quarto.

GOMES – Isto sem falar no corpo, se é que ele existe mesmo, pois até agora não vi nada.

BELO – Sr. Gomes, acha que estamos mentindo? Todos nós vimos. E estava bem aqui.

GOMES – Eu só acreditaria se ele caísse do céu bem aqui na minha frente. (Gomes entende os braços mostrando
o local e o corpo cai sobre ele, Gomes joga o corpo para Belo, que joga para o assistente que joga
para cima, entra Jarbas e pega o corpo).

GOMES – Você! É com voe mesmo que queria falar.

JARBAS – Mas, o que o Sr. quer comigo??

GOMES – Calado, quem faz as perguntas aqui sou eu.

BELO – Calma Sr. Gomes, Jarbas já está trabalhando conosco a muito tempo.

GOMES – Todos calados, a autoridade aqui sou eu, e ninguém fala a menos que eu mande.

Jarbas, onde você estava na noite de 10 de julho de 1986?

JARBAS – Eu não me lembro, faz muito tempo, mas, o que isso tem haver com o corpo? Ele apareceu aqui hoje.

GOMES – Ah, é mesmo, então diga! Onde estava a meia hora atrás??

JARBAS – Eu estava procurando o corpo, quando alguém me trancou no quarto da empregada.

BELO – Mas eu deixei Judite no quarto e ela se trancou lá.

MARTA – Então, se Judite não estava no quarto, onde foi que ela se meteu??

GOMES – Isto é muito suspeito. Vamos procurá-la. (Saem todos menos o assistente que fica brincando com o
corpo).
CENA V

Todos voltaram a sala e encontraram o assistente, mas não o corpo.

BELO – Procuramos a casa toda e não encontramos a Judite.

MARTA – E ainda por cima também sumiu o Jarbas.

GOMES – Isso é muito suspeito. Onde terá se metido aqueles dois? (Entra os dois por lados opostos e Gomes
começa a falar sobre o crime).

MARTA – Até que enfim apareceram, onde vocês estavam?

GOMES – Isso não importa diante do que vou falar.

A partir de minhas investigações, deduções e análises já posso dizer que o assassino se encontra nesta
sala, o mesmo tentou de todas as formas me atrapalhar, mas, não teve êxito diante de minha brilhante
inteligência, poder de observação, capacidade analítica e.....

(Começa a se exaltar quando é acordado pelo assistente). Desculpem-me as vezes não consigo me
controlar. Mas voltemos ao assunto, como dizia já sei quem é o assassino. O assassino é....

JARBAS – Desculpe-me Sr. Gomes, mas tenho que terminar um serviço lá fora (Sai)

JUDITE – Dar licença Sr. Gomes que eu vou olhar a panela que deixei no fogo (Sai)

BELO – Acho que ouvir o telefone tocar. (Sai)

MARTA – Meu Deus! Já passa da hora de tomar meu remédio. (Sai)

GOMES – Ué foi todo mundo embora, ta bom eu resolvo o caso sozinho, mas o suspeito foi embora.

Ninguém sai dessa casa a menos que eu mande, todos aqui agora! (Todos voltam imediatamente)

Ótimo assim está melhor, agora podemos continuar. Como estava dizendo o assassino é... O mordomo.
(O mordomo desmaia) O que deu nele? Nos filmes o culpado é sempre o mordomo. (Nisso o homem II
vai entrando por trás sem ser visto e arrasta o corpo, quando o assistente percebe).

GOMES – Lá estar ele, o verdadeiro assassino. Vamos pega-lo.

HOMEM II – Me soltem eu não sou nenhum assassino este corpo não está morto. Este é meu irmão que tem
ataque de desmaio.
TODOS – Judite é você???!

BELO – Judite o que você ta fazendo desfaçada?

GOMES – Calado, idiota, quem faz as perguntas aqui sou eu; Judite o que voce ta fazendo desfaçada?

JUDITE – Estava tentando tira-lo daqui, mas vocês sempre apareciam pra atrapalhar.

BELO – Vamos ver o que seu irmão tem a dizer. Marta, vai buscar uma jarra d’agua para jogar nele, ( Marta sai e
logo volta com a jarra).

MARTA – Aqui está Belo (Belo pega a jarra e joga a agua em Jarbas e no corpo).

JARBAS – O que está havendo? ( Levanta)

HOMEM I – Socorro! Homem ao mar! Tô me afogando! Socorro!

MARTA – Calma, você está salvo, mas tem muito que explicar.

GOMES – CALADA! Quem faz as perguntas aqui sou eu, já falei. O que você está fazendo aqui??? (Apontando pra
o homem I)

HOMEM I – Meu nome é Genézio, sou imão da Judite. Vim aqui pra prevenir-les contra ela.

JUDITE – Cala essa boca Genézio.

BELO – Cale-se você! Continue Genézio.

GENESIO – Bem, o verdadeiro nome de Judite é Juvenal e ela é um travesti que fugiu da cadeia onde estava
presso por roubo e se escondeu aqui.

GOMES – Então você é que é o verdadeiro ladrão. Vamos você esta presa... quero dizer preso... há seja lá o que
for vai pra cadeia.

FIM

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