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O Defunto Caguete

Por Guilherme Stadler de Freitas

Cena 1
EXT. Rua da funerária

RODOLFO chega em cena,


andando de um lado pro outro,
até que chega no seu amigo, e
parceiro de gangue, BATISTA,
que está encostado numa
parede

Rodolfo
Compadre! Qual é o roubo de
hoje chefia?

Batista da um tapa na cabeça de


Rodolfo
Batista
Não vem gritando, palerma, vai
que tem xerife por aqui?

Rodolfo
Ai, ai, tá bom chefe, desculpa...

Rodolfo se aproxima, e fala sem


abaixar a voz

Rodolfo
Chefe, SE a gente fosse roubar
alguém, O QUE NAO É O QUE A
GENTE VAI FAZER, qual seria o
alvo da vez?

Batista
Cê é burro que dói, home, mas
vamo lá...

Batista se desencosta da parede

Batista
Um dos nosso morreu, que Deus
o tenha, mas tem um problema,
depois que a gente morreu, a
gente descobriu que toda a
grana do estoque sumiu, 300
dólares... E pela nossas fontes, o
dinheiro tá com o
home, e se não pegamos, o
maldito vai ser enterrado com
tudo isso!

Rodolfo
Ô, ô, calma chefia, nós damo
conta do problema, mas onde é
que tá os 300 paus?

Batista aponta pra funerária em


frente

Rodolfo
Chefe, pô, não é querendo
entregar, mas SE a gente tivesse
que entrar, eu ficaria meio
abalado senhor, não gosto
dessas coisas de morte
Batista
Deixa de ser fresco home! Cê
não é pistoleiro? Então como
que tu mata se não gosta da
morte?

Rodolfo
Eu mato, mas dou tiro de aviso
antes

Batista
Não me lembro desse tal tiro da
última vez que travamos juntos,
mas tá bem, seja homem rapá!
Nos vamos entrar, cê distrai o
engravatado e eu procuro o
dinheiro!

Rodolfo suspira e se benze

Rodolfo
Sim senhor... Mas quero um
aumento!

Os dois vão para a funerária,


Rodolfo entrando primeiro, e
Batista ficando pra fora, Rodolfo
chega fingindo choro, bem
fingido. O dono da funerária,
Lúcio, entra em cena e está
atrás do balcão

Rodolfo
Miséria! Miséria! Pobre homem!
Não
merecia isso!

Lúcio
Boa tarde, senhor

Rodolfo
NÃO! Não há boa tarde, bom dia
ou boa noite com um homem tão
justo morto...

Lúcio sai do balcão e vai até


Rodolfo

Lúcio
Calma senhor, é triste, morrer
ninguém quer, mas acontece, eu
só faço os complementar, que é
cavar buraco, enterrar, bem cê
sabe
Rodolfo
Eu sei senhor... Mas não consigo
ficar em paz sabendo que um
amigo de longa data morreu,
ainda mais ele! O grande! O
magnífico! O... cê sabe o nome
dele, nen preciso falar

Lúcio
Bem, o último defunto que
chegou aqui é o de Jaiminho, é
esse infeliz que cê fala?

Rodolfo
Infeliz não! Pensa num home
forte, que não deixa a peteca
cair, que jogava no poker como
ninguém, que roubava de
criança, grávida e idoso, esse
homem não era qualquer um não

Lúcio durante essa frase vai


guiando Rodolfo até uma
cadeira, onde Lúcio fica virado
de costas para a porta

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