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Excelentíssima Senhora Juíza de Direito da 1ª Vara Cível da

Circunscrição do Gama/DF

Processo nº: 0701982-92.2021.8.07.0004

Thomás Pereira dos Santos Ribeiro, Brasileiro, solteiro, autônomo,


portador da cédula de identidade RG n. 3.000.176 SSP-DF, inscrito no CPF n.
041.007.901-47, residente e domiciliado na Quadra 31, Chácara n.03, Casa n. 03
(primeira), Córrego Crispim, Setor Leste, Gama – DF, Cep. 72.444-149, por seus
advogados, Thaynara Gontijo Pinheiro, OAB/DF nº 50.405, Rafael Lima Freire,
OAB/DF nº 60.725 e Cristiano Caiado de Acioli, OAB/DF nº 31.497, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 336 e
seguintes do Código de Processo Civil, apresentar

Contestação

às infundadas alegações trazidas pelo Roque Ribeiro de Araújo, em sua peça inicial,
nas razões de fato e de direito abaixo descritas.
I. Dos Fatos

Trata-se do pedido de Reitegração de Posse, onde o Autor alega a turbação e


a precáriedade da posse, porém não leva em consideração os efeitos globais que tem se
apresentado em decorrencia da pandemia de Covid-19 que assola todo o planeta.
O Autor fez um negócio da China, com um financiamento de mãe, para um
comprador que sabia que não tinha condições boas o suficiente para o negócio, e mais
tarde, depois de toda a estrutura da igreja ser erguida, uma fortuna, resolveu desfazer o
negócio, com a vantagem de toda a estrutura que havia sido construída.

Desde o ano de 2014 o Requerido dedica a sua vida ao trabalho espiritual.


No ano de 2018, juntamente com a sua família, fundou a Igreja Céu Divina Comunhão,
um santuário para culto espiritual universalista, aberto a todas as religiões, e sem fins
lucrativos.

Inicialmente os trabalhos eram desenvolvidos na região da Ponte Alta Norte


do Gama, lá um espaço foi amplamente estruturado para abrigar todas as atividades e o
local já era conhecido na cidade.

Foi então quando Daniel Aires, vulgo Grizelda, que se identificava como
filho adotivo do Autor, passou a frenquentar habitualmente as atividades da Igreja.

Acreditava-se que o Grizelda, em razão de sua gratidão, teria sido tomado


por um alumbramento, e por isso havia passado a insistir rotineiramente ao Requerido,
bem como aos demais irmãos, que a Igreja fosse movida para um local maior. Ele
propagandeava que existia uma chácara que estava disponível para venda, e prometia
muitas facilidades. De acordo com ele, o seu “pai”, o Autor, era dono de muitos imóveis
e que havia um terreno que estava vazio, precisava ser ocupado.

Com o tempo, o próprio Autor passou não apenas a frequentar os trabalhos


da Igreja juntamente com o seu filho, o Grizelda, mas também a estimular a aquisição
do lote. E foi nesse contexto, que de maneira muito obstinada eles convenceram o
Requerido e demais dirigentes a realizar o evento anual e único da congregação,
chamado de “feitio”, cominado em um retiro espiritual de quatro dias, nas dependências
desse terreno que pretendiam que fosse a nova sede da Igreja.

Nesse retiro espiritual mais uma vez o Autor e o seu protegè propuseram a
mudança da sede da igreja para esse lote, e ofereceram todas as facilidades, onde a
questão financeira seria secundária. Entretanto, como sempre o Requerido explicava que
não teria condições financeiras para arcar com esse custo, e que a Igreja já estava bem
estabelecida.

Com o decorrer do tempo o Autor e seu filho enteado, tornaram-se cada vez
mais insistentes sobre a necessidade de um novo local para a igreja e na aquisição da
chácara de “propriedade" do Autor.

A oferta se firmou na veda de metade do terreno da chácara, no valor de R$


490.000,00 (DOC X). Como o Autor conhecia as condições financeiras da Igreja, mas
ao mesmo tempo queria de qualquer maneira o júbilo de uma nova sede para ela,
declarou que pretendia facilitar todas as formas possíveis de pagamento, até mesmo não
cobrança de valores de entrada e dispensa de quaisquer multas ou outras formalidades.

Diante desse contexto, o Requerido, apesar das resistências iniciais, cedeu à


pretensão de venda do Autor. Isso porque de fato, conforme se expõe, havia se tornado
uma grande oportunidade.

As facilidades prometidas neste primeiro momento foram concretizadas


imediatamente, o Autor permitiu que o Requerido efetuasse o pagamento de R$
5.000,00 a título de entrada para a aquisição de metade do terreno da chácara. Este
primeiro contrato ficou em nome da Igreja.

Transcorrido pouco tempo após a venda, o Autor procurou o Requerido para


informar que um dono vizinho ao da chácara, que promovia festas pagas em seu terreno,
Mansões Itapuã, havia se oferecido para comprar a segunda metade chácara e que caso
o negócio se concretizasse seria ruim para a Igreja, pois o barulho de muitas festas e
cultos atrapalharia os trabalhos desenvolvidos.

Diante dessa ameaça o Requerido convocou um grupo de frequentadores


mais assíduos da Igreja para debater e propor uma solução ao problema que se avistava.
E decidiram juntos, numa espécie de compra em consórcio, adquirir a outra metade do
terreno da chácara para garantir que não houvesse o distúrbio dos trabalhos ali
desenvolvidos.

O filho do Autor, nesse segundo momento do negócio, na compra da metade


do terreno, participou como comprador do consórcio e como intermediador da venda, e
sem nenhuma comprovação de registro de exigiu uma comissão de R$ 5.000,00 pela
referida venda. Portanto, o filho do Autor se tornou também co-possuidor de uma fração
do lote da Igreja.

Foi então que veio a pandemia e junto o Decreto XXX que determinou o
lockdown , desde março até junho, quando a Casa pôde abrir para os cultos e eventos
espirituais e sociais. Antes da pandemia, a igreja juntava um média de 100 pessoas por
semana, com contribuições que mantinham os custos.
Entretanto, a pandemia mudou todo o cenário, a igreja teve que fechar e
passou a ter dificuldades de manter as despesas. Além disso, a barbearia do Requerido,
que era a principal fonte de renda da família, também foi fechada. O rendimento médio
mensal bruto da barbearia arrendada era de R$ 20.000,00.

E foi nesse cenário pandêmico que as diversas dificuldades, internas e


externas, a que está exposto um negócio como esse, foram ampliadas. O que se iniciou
como uma reação positiva para salvar a Igreja, em um consórcio de compra, tomou ares
de uma saga de Macbeth.

Em razão de atraso o Autor passou a ter uma postura de desconfiança e


beligerância, parou de frequentar a Igreja passou a assediar os consorciados sobre
atrasos no pagamento, o que era um negócio fundado em amizade e facilidades foi
sendo envenenado, e se tornou um cabo de guerra, fraturas. Foi o início de um
crepúsculo.
O Requerido e sua família passaram a se tornar alvos constantes de intrigas
originadas pelo amargor do atraso dos pagamentos e pelas dificuldades que passava a
Igreja, ameaças e toda sorte de mal dizeres.

Como se infere, as dificuldades foram acentuadas. O deslocamento da sede


da igreja já havia impactado negativamente o número de frequentadores, após, veio a
pandemia, fechamento, quando reabriu, em capacidade restrita, a Igreja sofreu com a
onda negativa de boatos negativos.

iniciais foram mOs outros membros da igreja Wilam, Gabriel, Isac,


Mônica, Juliana participaram inicialmente do rateio de aquisição da segunda metade.
Entretanto, a Sra. Juliana e seu marido se divorciaram, e ela parou de pagar as
prestações por dizer que não tinha condições de arcar com as demais despesas.
Daniel Oglari entrou na negociação a partir da saída do Gabriel, que decidiu
desistir do contrato, permitindo a entrada de Daniel com duas cotas de participação.
A negociação foi concluída ao final de 2019, e a mudança veio em janeiro
de 2020.
O Roque era para ter deixado o imóvel vazio, mas deixou uma casa
mobiliada com o seu parceiro, Daniel Aires, que ficou na casa e passou a alugar a casa,
mesmo sem ter pago nenhuma parcela e ter incluído a parte dele como se houvesse sido
quitada.
Após o início da pandemia, houve o Decreto XXX que determinou o
lockdown , desde março até junho, quando a Casa pôde abrir para os cutos e eventos
espirituais e sociais. Antes da pandemia, a igreja tinha 100 pessoas por semana, com
contribuições que mantinham os custos.
Após a pandemia, a igreja fechou e teve dificuldade de manter as despesas.
Além disso, a barbearia do requerido, que era a principal fonte de renda da família,
também foi fechada em decorrência da pandemia. O rendimento médio mensal da
barbearia era de R$ 20.000,00.

Continuação: Cris

II. Do Direito

1. Da Gratuidade de Justiça (Cris)


 Os Requeridos apresentaram declaração de Hipossuficiência e comprovantes de sua
situação econômica. Eles não são capazes de arcar com os gastos judiciais sem
prejudicar o seu sustento.

 Outrora a comprovação da hipossuficiência poderia ser considerada suficiente, pois de
acordo com o art. 98 do Novo CPC, “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais
e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.”, pois
considerando o art. 99 do Novo CPC, § 3º “Presume-se verdadeira a alegação de
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.”
O debate dos autos envolve pessoas de baixo poder aquisitivo que tentam manter a sua
propriedade e o local onde celebram sem fins lucrativos atividade religiosa da qual
tiram o seu sustento. Em prol desse segmento da sociedade a Constituição Federal prevê
no art. 5º, inciso LXXIV: “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos;”.

2. Da Adequação do Valor da Dívida (Thay)

O Autor alega que até fevereiro de 2021 o Requerido haveria adimplido


apenas R$ 148.000,00 (cento e quarenta e oito mil reais). Tal alegação não corresponde
com a realidade, como demonstrado em tabela abaixo e comprovado por meio de
diversos recibos, assinados de próprio punho pelo Requerente, e comprovantes de
transferência bancária que seguem acostados nos autos.
Nos moldes do contrato, no mês de outubro de 2021 o Requerente deveria
ter pago um total de R$ 370.000,00 (trezentos e setenta mil reais), porém quitou até
então o montante de R$ 304.500,00 (trezentos e quatro mil e quinhentos reais), ou seja,
a dívida atual é de R$ 65.500,00 (sessenta e cinco mil e quinhentos reais), valor muito
aquém dos alegados pelo Requerente.
A realidade da dívida é bem diferente do que o Autor demonstra. Apresenta-
se então tabela com demonstrativo do valor total pago até a presente data, bem como a
comprovação do pagamento mediando documentação anexa.

Valores Pagos Até Outubro de 2021


Mês Valor
Setembro de 2019 R$ 5.000,00
Novembro de 2019 R$ 2.000,00
Novembro de 2019 R$ 5.000,00
(Pagamento em Espécie ao Daniel)
Dezembro de 2019 R$ 85.000,00
(Compensação do Lote do Daniel)
Dezembro de 2019 R$ 11.500,00
Dezembro de 2019 R$ 15.000,00
Dezembro de 2019 R$ 15.000,00
(Pagamento pela Mônica)
Janeiro de 2020 R$ 2.000,00
Janeiro de 2020 R$ 5.000,00
Fevereiro de 2020 R$ 13.000,00
Março de 2020 R$ 10.000,00
Março de 2020 R$ 27.000,00
Abril de 2020 R$ 15.000,00
Maio de 2020 R$ 15.000,00
Junho de 2020 R$ 22.000,00
Julho de 2020 R$ 47.000,00
(Transferência do Veículo)
Agosto de 2020 R$ 10.000,00
Total R$ 304.500,00

O Requerido passou por um processo de falência de seu negócio por conta


do impacto econômico desencadeado pela pandemia e com isso teve que arcar com
várias responsabilidades financeira, dentre elas o pagamento de salários e verbas
rescisórias de funcionários.
Mesmo que de forma incompleta, ele sempre tentou cumprir com o
acordado, motivo pelo qual os pagamentos estavam sendo realizados de forma
divergente aos valores das parcelas, as vezes com valores menores, as vezes com
valores maiores. Nunca foi interesse do Requerido se fazer inadimplente.
Conforme apresentação de tabela descritiva dos pagamentos e os referidos
comprovantes, fica demonstrado o interesse no enriquecimento ilícito por parte do
Requerente, que mesmo tendo conhecimento da situação financeira do Requerido,
mesmo sabendo que ele e sua família buscam de toda forma quitar e negociar os
débitos, alega que o valor pago é bem aquém do realmente efetivado e distorce as
informações para requerer a Reintegração da Posse sem fundamentos plausíveis.
 Recibos de pagamento

3. Do Caso Fortuito e Força Maior em Decorrência da Pandemia de Covid-19 (Cris)


 Cita autor que o Requerido deixou de adimplir várias parcelas no ano de 2020, ou seja,
ele próprio reconhece que o inadimplemento ocorreu no momento em que a
Pandemia Global em decorrência da COVID-19 estava instalada em todo o mundo e
comprometendo o sistema econômico de vários países e não antes.
 Conforme narrado nos fatos, na época da negociação do imóvel, o Requerido e sua
família retiravam a maior parte de sua renda da barbearia situada na ________.
Entretanto, o referido salão e fonte financeira teve que ser fechado em decorrência de
prejuízos, restrições sanitárias em razão da COVID-19.
 Os eventos realizados na igreja eram outra fonte de renda para a quitação dos
valores revertidos à compra do lote, bem como para manutenção das necessidades da
igreja. Os eventos e retiros realizados costumavam reunir uma quantidade mínima de
___. Em decorrência da pandemia os trabalhos foram interrompidos durante vários
meses, comprometendo assim boa parte do valor utilizado para o pagamento das
parcelas contratadas.
As atividades estão retornando, mas a passos lentos, pois ainda existem restrições
impostas pelas autoridades sanitárias e pelo governo. Ainda persiste o senso de
responsabilidade dos Dirigentes, que presa pela saúde dos participantes e amigos da
igreja, bem como o temor da população em adentrar em locais com outras pessoas. Por
conta do afastamento social e a fim de promover a não aglomeração, o local é aberto,
com a livre circulação de ar, a maior parte das pessoas ficam em área ao ar livre, o que
limita o número de participantes para ____ pessoas, apenas ___ % da capacidade de
ocupação da igreja. Por conta do afastamento social e a fim de promover a não
aglomeração a Igreja tem limitado o número de pessoas e a sua capacidade de ocupação,
pois a pandemia ainda não acabou. E essa medida tem sido uma sangria no ingresso de
receitas da atividade religiosa.

Em um escrito de meados de 1762 antes de Cristo o epílogo do Código de Hamurabi


dizia: “os poderosos não podem oprimir os fracos, a justiça deve proteger as viúvas e
os órfãos (…) para que seja feita justiça para com os oprimidos”. Em pelo menos
quatro ocasiões houve anulações gerais de dívida naquele reino, algumas dessas tiveram
necessidade não em festividades, mas em adversidades, como grandes secas ou pragas.
O rei era sábio e tinha conhecimento que uma sociedade que não tinha capacidade de
honrar as suas dívidas se tornava uma massa escrava e obstruiria a prosperidade e
segurança do reino. Essa tradição mesopotâmica inspirou outras civilizações ao longo
de eras, gregos, egípcios, romanos e mais recentemente os Estados Unidos com o New
Deal, após a queda da bolsa de valores em 1929.

Esse valor tradicional de preservação financeira da sociedade no enfrentamento de


calamidades foi recepcionado pela legislação brasileira. O artigo 393 do Código Civil
prevê: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O
caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir.” Conhecido academicamente como Caso Fortuito ou Força
Maior.
A COVID-19 é uma calamidade que se insere exatamente nessa previsão jurídica. Ela
ainda não terminou, mas a sociedade a injusta sociedade brasileira já amarga
incontáveis prejuízos. A crise foi tão séria que o Estado brasileiro decretou a lei 14.010
de Junho de 2020 em caráter excepcional para dispor “sobre o Regime Jurídico
Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período
da pandemia do Coronavírus (Covid-19) .”

Nesse passo, pode-se asseverar:


“Dessa maneira, em um primeiro momento, afirma-se que o caso fortuito e de força
maior são eventos danosos, naturais, estatais, sociais ou humanos, prováveis (ou não),
que produzem efeitos inevitáveis ou impossíveis de ser impedidos, com o fortuito e a
força maior tendo por núcleo comum a inevitabilidade das consequências, como se
deduz dos arts. 234, 393, parágrafo único, 575, caput 636, 650, 667, § 1o, 862 e 868 do
CC. Ressalva-se que nem toda inevitabilidade se configura como caso fortuito ou de
força maior, sendo necessário que ela tenha consequências contra o adimplemento de
uma obrigação negocial ou a reparação de uma obrigação extranegocial. Essa
inevitabilidade de efeitos deve ser estranha à atividade do agente, deixando-o
impossibilitado de agir para impedir tal evento” (NORONHA, 2010, p. 652-653).

Portanto, não há duvidas que essa é definitivamente uma situação de caso fortuito ou
força maior, amparada pela Teoria da Imprevisão, os efeitos desse surto não eram
possíveis de evitar ou impedir. É uma situação excepcional. A Lei que instituiu a
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, trouxe disposição expressa aos
contratos civis e empresariais, que “presumem-se paritários e simétricos até a presença
de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessapresunção” “a revisão
contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada” (inciso III, do art. 421-
A, do Código Civil Brasileiro).

A gravidade e excepcionalidade foram tão severas que o Estado brasileiro tomou


diversas medidas excepcionais para a contenção da pandemia, os impactos foram
incontestes na capacidade de locomoção, interação e no contato físico da população.
Entre as medidas adotadas destacam-se: restrições de acesso ao Brasil por via aérea e
terrestres de estrangeiros(as) não residentes7, solicitação pelo Presidente da República
de reconhecimento de calamidade pública; decretada pelo Congresso Nacional, por
meio Decreto Legislativo no 6, de 20 de março 2020 8, a edição da Medida Provisória
925/2020 com medidas emergenciais para a aviação civil brasileira;9, a criação da
Medida Provisória 921/2020 – crédito para enfrentamento do Covid-19 – pendente de
apreciação pelo Congresso Nacional;10 a entrada em vigor da Lei Federal n.o
13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde
pública de importância internacional e a recente edição da Medida Provisória 927, que
promove alterações em uma série de regras trabalhistas.”

O Requerido e a família suplicam à Justiça, em situação excepcional, que haja


ponderação e esforços para que se privilegie a revisão contratual em detrimento do fim
da relação. Eles tentaram o diálogo e a negociação o tempo todo com o Autor, de todas
as maneiras, inclusive para por fim a essa demanda judicial. Houve um acordo
negociado com o advogado dele, fora dos autos, com concordância de ambas as partes,
mas então o Autor sem mais nem menos, ignorou o acordo e pediu seguimento no feito.
O Autor celebrou o contrato com todas as facilidades, baseado na amizade e confiança,
agora resolveu se comporta como o inspetor Javert do romance de Victor Hugo.

O Requerido e a sua família dedicaram a vida deles à uma igreja, e que também
comporta as suas residências, razão pelo qual buscam alcançar a redução da
obrigação, dilação do prazo para o seu cumprimento, alteração do modo de
executá-la, ou mesmo uma suspensão temporária dos efeitos do contrato durante a
crise se socorrendo nos termos do art. 393 do Código Civil.

À luz do enunciado 175 da III Jornada de Direito Civil16: “se a pandemia de covid-19
e seus efeitos econômicos e sociais serão considerados como fatos imprevisíveis e,
consequentemente, se serão autorizadores da aplicação dos dispositivos do CC
supramencionados.”
 Jurisprudência (art.393)
 Extrato de movimentação da conta do Thomas na época da barbearia e de
atualmente
 Ficha com numero de participantes antes e depois da pandemia

4. Da Negociação do Imóvel (Cris)


 O primeiro contrato versava sobre uma parcela do lote em um valor que a diretoria da
igreja conseguiria adimplir, com seus próprios esforços financeiros. Posteriormente foi
oferecido à igreja a totalidade do lote, por mais do que o dobro do valor inicial.
 Contrato Parcial: Céu Divina Comunhão x Roque Ribeiro

 A compra da totalidade do lote foi sugerida pelo próprio Autor que, inclusive fez ótimas
condições de pagamento para que o Requerido assumisse e tivesse condições de pagar o
valor pedido do imóvel.
 Ao informar que não possuíam condições financeiras para arcar com um valor tão auto,
os dirigentes da igreja entraram em contato com o Autor e apresentaram a proposta de
compra em consócio a qual havia cogitado. Toda a negociação com os demais
participantes da igreja foi de conhecimento do Requerente, sendo seu “filho de
consideração”, Sr. Daniel Aires umas das pessoas a receber uma parcela do lote.
 Esta parcela de terra destinada ao Sr. Daniel foi negociada verbalmente entre o Autor e
o Requerido no valor de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais). Este valor integra o
total do valor do contrato devendo assim, como acordado, ser descontada na parcela de
entrada no pagamento do lote.

Covid-19 exige uma resposta afirmativa a essa questão. A respeito do dever de


negociar, argumenta Anderson Schreiber:
Mesmo no âmbito daqueles contratos cujas prestações sejam economicamente afetadas
pelas restrições a todos impostas neste momento, antes de qualquer pleito revisional
deve-se recorrer à boa-fé objetiva e ao dever de renegociar. Soluções alternativas podem
e devem ser encontradas pelos próprios contratantes para preservar o cumprimento de
seus contratos, tanto mais na situação que estamos vivendo, em que o Poder Judiciário,
em funcionamento restrito, deve ser acionado apenas para situações realmente urgentes.
Extinção de vínculos contratuais e revisão judicial de contratos são remédios extremos
que as partes têm o dever de evitar sempre que possível, diante do imperativo de mútua
cooperação e lealdade que deriva do artigo 422 do Código Civil brasileiro e do princípio
constitucional da solidariedade social (art. 3o, I).42
Os efeitos deletérios da pandemia Covid-19 não apenas permitem como tornam exigível
a revisão da relação contratual entre as partes, constituindo-se como mandamento ético,
inclusive, da preservação da atividade econômica em um contexto excepcional. Assim,
para a manutenção dos compromissos de compra e venda de imóveis
Em um cenário de emergência internacional como esse é importante levar em conta o
artigo 480 do Código Civil, uma vez que permite ao responsável da obrigação pleitear a
redução ou a alteração no modo de prestá-la, a fim de se evitar a onerosidade excessiva.

 Contrato Total: Thomas Pereira X Roque Ribeiro

5. Da Má Fé do Requerente (Cris)
 Diferente do que afirma, o Autor é possuidor de bens móveis e imóveis, em diferentes
localidades do país. É sabido na região que o Requerente promovia negociação de
imóveis a fim obter lucro com a valorização das terras. Uma das casas, Casa 1, já
existentes no lote foi disponibilizada para a ocupação pelo Autor, servindo assim como
sua moradia, até a quitação do contrato. Porém o autor, desde a realização do contrato
nunca a habitou, estando esta alugada para terceiros. Cabe ainda ressaltar que o
inquilino da Casa 1 não paga as contas de água ou energia, sendo esses valores
suportados pela igreja. E que o valor correspondente ao aluguel é recebido pelo sr.
Daniel Aires, que é filho adotivo do Autor da presente ação.
 Pesquisa com demonstrativo de bens em nome do Roque
 O valor negociado como pagamento do lote destinado ao Sr. Daniel deveria ser
descontado já na parcela de entrada. Porém o autor não diz não mais reconhecer tal
negociação, aumentando assim consideravelmente o valor do débito imposto ao
Requerido.
 Conversa do Whatsapp
- entre as partes
- entre os advogados
 O Sr. Roque e o Sr. Daniel passaram a falar mal da direção da igreja para as pessoas da
região, para os participantes dos cultos, em especial inventando narrativas criminosas
para imputar ao Requerido e sua família, divulgando aos demais consortes que o Sr.
Thomas estava realizando crime de Parcelamento Ilegal do Imóvel e Grilagem.
Como não tinham certeza da veracidade das informações sobre a ilegalidade da compra,
os Consortes suspenderam a realização dos pagamentos das parcelas, valores estes que
eram essenciais para a consolidação do pagamento das parcelas do contrato principal
que é de R$ 1.085.000,00 (um milhão e oitenta e cinco mil reais).
 Conversas do Whatsapp com acusações
 O primeiro contrato foi realizado sobre a área de _____ m2 com o valor de ______
(____mil reais). No segundo contrato, que versa sobre a área total do lote, ou seja ____
m2 o valor sobe para R$ 1.085.000,00 (um milhão e oitenta e cinco mil reais). Perceba
que a área do primeiro contrato corresponde exatamente a metade da área total do lote,
ou seja, a totalidade do valor do contrato principal deveria ser exatamente o dobro do
primeiro contrato. Existe uma diferença de ____ (____mil reais) entre as duas
negociações. Demonstrando assim que o Autor, desde o início das negociações usou de
meios ardis para se aproveitar a fé e entrega, do Requerido e sua família, à obra
espiritual a qual servem.
 Contratos – Parcial e Total do lote

6. Da Compra em Consócio e Do Chamamento ao Processo


 A compra da totalidade do lote apenas foi negociada mediante o consórcio de
compradores. Todos os compradores são participantes da Igreja. O Requerente, desde o
início, teve conhecimento de que a compra seria realizada por meio de consócio,
inclusive realizando a autorização da negociação desta forma.
Como os valores das parcelas negociadas entres os ....
 Conversas de Whatsapp – Grupo do condomínio
 A compra em consócio era de conhecimento do Autor desde a realização do contrato
principal, tanto que algumas vezes os próprios consortes realizaram o pagamento de
parcelas, conforme demonstrado pelo comprovante de transferência bancária realizada
diretamente entre a conta da Sra. Monica Macedo Guimarães para a conta do Autor
(Anexo __)
 Transferência de valores entre Mônica e Roque
 Foi realizado todo o estudo da área para apresentação para os consortes no momento da
compra conjunta. Todos estavam cientes e de acordo que não seria realizada nenhum
tipo de parcelamento ou construção antes da quitação do imóvel. Verifica-se que,
mesmo depois de passados ___ meses da compra, a única edificação nova no imóvel é o
espaço destinado a igreja.
O requerido e sua família, seus pais e sua avó paterna habitam as demais edificações
que já existiam no lote no momento da compra, inclusive constam no contrato principal.
São casas que estão velhas e com o estado de conservação ruim. A única edificação
reformada foi a que a avó do Requerente, senhora ____ mora, por se tratar de pessoa
idosa necessita de melhores condições do que os dirigentes da igreja tem enfrentado. O
Requerido e sua família abriam mão de investir no próprio conforto para investirem
todo seu patrimônio na obra que entendem estar servindo a Deus e promovendo um
serviço à sociedade.
 Reque a intimação dos consortes para integrarem o processo.
 Estudo da área
 Projeto
 Qualificação dos consortes
 O contrato de promessa de compra e venda realizado entre o Requerente, que é o
principal dirigente da igreja, e os demais Consortes foi feito de boa-fé, constando
registro em cartório a fim de passar confiança aos amigos que se uniram para
possibilitar a compra do terreno para a igreja.
 Inexistência de loteamento atualmente, o que comprova que não houve o parcelamento
ilegal, assim como declarado no laudo de vistoria da ______ (ID ... )
 Laudo de fiscalização da secretaria do meio ambiente anexo no processo
 Qualificação dos consortes

7. Do Reconhecimento do Bem de Família (Cris)
 O Requerido e sua família se dedicam desde 2014 a obra espiritual da qual fazem parte.
Abriram mão da totalidade de seus bens para investir nesta empreitada e servir a
sociedade. Detinham um imóvel situado no Jardim Botânico _______, tal bem foi
vendido e o valor investido na construção da igreja.
 A família do Requerente mora no local da igreja e em condições precárias não
possuindo nenhum bem passível de penhora para a quitação da dívida a não ser o valor a
que se propõem, em sinal de boa-fé, depositar em juízo.
 A reintegração da posse, no caso concreto colocaria na rua uma família de seis pessoas,
bem como outros três dependentes químicos que a diretoria da igreja abriga atualmente.
Todo o patrimônio da família foi investido na obra física da igreja e em sua obra
espiritual, valores estes que o Requerido perderia em sua totalidade caso seja
reconhecido o pedido do Autor, ficando assim esse patrimônio incorporado ao
patrimônio do Sr. Roque de forma injusta e irrevogável. Fora as 5 edificações, que já
existiam no lote antes do contrato, e que estão em estado precário, todas as benfeitorias
que lá existem hoje foram realizadas pelo Requerente e sua família a fim de servir ao
seu propósito de vida.

8. Das Tentativas de Acordo Extrajudicial (Thay)

Entendemos que o acordo, seja ele judicial ou extrajudicial, é a melhor


forma de dirimir qualquer tipo de litígio. Desonera a justiça, satisfaz ambas as partes e
dá celeridade ao caso.
O Requerido não nega o inadimplemento de parcelas do contrato em
questão, porém, como já apresentando anteriormente, não concorda com os termos e
valores apresentados na inicial do sr. Roque. Ao ficar inadimplente o Requerido e sua
família tentaram de diversas formas entrar em contato com o Requerente e oferecer-lhe
um acordo de negociação da dívida, em moldes que se enquadrassem a sua
possibilidade financeira, que foi bem prejudicada pela pandemia de Covid-19.
Por muitas vezes se quer conseguiram contato, e quando conseguiram tais
propostas foram rejeitadas pelo Requerente.
Após vários desentendimentos entre as partes sobre a possibilidade ou não
de realização de uma negociação dos termos do contrato, ambos constituíram advogados
para darem continuidade nas tratativas.
Em agosto foi realizada uma reunião inicial para tratarmos do entendimento
das partes sobre o contrato e os valores devidos. Em seguida iniciou-se uma série de
conversa e propostas de acordo (que seguem em anexo), conversas essas que
perduraram por aproximadamente dois meses.
Durante esse tempo o Requerido apresentou propostas de quitação da dívida
bem como um plano de pagamento para do restante do contrato. (em anexo)
O Requerente apresentou contraproposta, que foi aceita pelo Sr. Thomás,
marcando assim reunião entre os advogados para a redação do acordo e a efetivação do
pagamento da primeira parcela, que foi firmada em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
e seria paga à vista no ato da assinatura. (segue em anexo)
O Requerente está atualmente desempregado e passando por dificuldades
financeiras, mas juntou todas suas economias, solicitou empréstimo a amigos e parentes,
dentre outros esforços financeiros para conseguir cumprir com o acordo no dia
combinado.
Acontece que, próximo a data marcada o Requerente desistiu do acordo,
recomeçando assim toda a pressão psicológica e emocional sobre qual a família tem
sido exposta pela possibilidade de perderem a moradia e a sede de seu projeto de vida.
Atualmente o imóvel em questão abriga não só a família do Requerido,
como também serve de asilo para dependentes químicos que estão em tratamento, bem
como para as atividades exercidas pela igreja Céu Divina Comunhão, a qual toda a
família se dedica. Ou seja, a reintegração da posse ao Requerente e o consequente
despejo do Requerido nessa situação implicará em grande prejuízo, não só financeiro,
mas principalmente moral e psicológico para toda a família.
A família do Requerido dispôs de todos os seus bens para conseguirem
comprar o imóvel em questão e sendo assim não possuem nenhum outro lugar para se
abrigarem, tampouco para dar continuidade as atividades espirituais e sociais da igreja.

 Conversas de Whasapp
- entre as partes
- entre os advogados
 Demonstrativo de proposta escrita enviado ao advogado.

9. Da Inaplicabilidade das Multas (Thay)


A Cláusula 10ª do contrato corresponde a uma cláusula penal moratória e a
Cláusula 11ª institui uma cláusula penal compensatória.
No caso concreto observa-se que o Requerente solicita a aplicação de ambas
penalidades diante do mesmo fato gerador, qual seja o inadimplemento parcial das
prestações do contrato.
Ocorre que a execução nesses moldes incorre em bis in idem das
penalidades, prejudica diretamente o Requerido e promove o enriquecimento ilícito do
Requerente. Além disso, há jurisprudência pacifica sobre o tema que afirma a
impossibilidade de cumulação destes valores quando não há diversidade no fato gerador
da penalidade.
Sobre o reconhecimento do bis in idem o TJDF apresenta o seguinte
entendimento:
APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE
IMÓVEL. QUITAÇÃO. BAIXA DA HIPOTECA. PRAZO DE 180 DIAS
DA ENTREGA. DESCUMPRIMENTO. CLÁUSULA PENAL.
CUMULAÇÃO DAS MULTAS COMPENSATÓRIA E MORATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. BIS IN IDEM. INCIDÊNCIA SOBRE O MESMO
FATO. TERMO FINAL DA MULTA MORATÓRIA. EFETIVO
CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. 1. Constitui flagrante inovação
recursal a tese defensiva agitada apenas após a sentença, no sentido de que
ocorrera novação por força da assinatura de escritura pública de compra e
venda. 2. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é
inviável a cumulação da multa compensatória com o cumprimento da
obrigação principal, uma vez que se trata de uma faculdade disjuntiva.
Ademais, o Superior Tribunal de Justiça orienta a impossibilidade de
cumulação das multas moratória e compensatória quando derivadas do
mesmo evento. Por fim, ainda se considerado, para afastar a inviabilidade
de cumulação, que na realidade a multa intitulada de compensatória tem
natureza moratória, não pode ser cobrada a outra multa, também
moratória, por non bis in idem. 3. No caso concreto, são fatos
incontroversos o descumprimento da obrigação pelo promitente vendedor
e a quitação do imóvel pelo promissário comprador, condições para a
incidência de multa. Mas, se a cláusula penal compensatória não pode ser
exigida juntamente com o adimplemento da obrigação principal deferida,
ou seja, os atos para extinção da hipoteca gravada no imóvel vendido, não
há cogitar do deferimento da multa compensatória. Isso com mais razão
porque a cumulação de duas cláusulas penais ensejaria bis in idem,
considerando que ambas derivam do mesmo evento, repise-se, a baixa da
hipoteca no prazo avençado. Logo, reforma-se a r. sentença para exclusão
da multa compensatória. 4. Não se conhece em sede de apelação de
documento que não é novo ou que podia ser trazido aos autos em momento
oportuno, antes da sentença, quanto ao termo final para incidência da
multa moratória, haja vista a inobservância ao art. 434 e, sobretudo, ao art.
435, parágrafo único, ambos do CPC. 5. Não há falar em cumprimento
parcial em razão da entrega do imóvel, porquanto não satisfeita a
obrigação principal discutida nos presentes autos, qual seja, de exoneração
da hipoteca junto ao credor fiduciário no prazo avençado. Ao contrário, a
controvérsia sequer demanda análise em relação à ocorrência ou não de
atraso na conclusão da obra e na entrega das chaves. 6. Apelação
conhecida em parte e, nessa parcela, parcialmente provida.

(TJ-DF 07076197220178070001 DF 0707619-72.2017.8.07.0001, Relator:


FÁBIO EDUARDO MARQUES, Data de Julgamento: 30/01/2019, 7ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 18/02/2019 . Pág.:
Sem Página Cadastrada.)

Ainda sobre a impossibilidade de cumulação das cláusulas penais do


contrato, o STJ se manifesta:

DIREITO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. COBRANÇA


CUMULADA DE MULTA MORATÓRIA E COMPENSATÓRIA
SOBRE O MESMO FATO GERADOR. IMPOSSIBILIDADE. 1.
Conquanto seja possível a cumulação das multas moratória e
compensatória, é indispensável para tanto que ambas estejam previstas no
contrato e tenham fatos geradores distintos. Precedentes. 2. Agravo
regimental não provido.

(STJ - AgRg no REsp: 1280274 MG 2011/0173469-5, Relator: Ministro


LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 23/06/2015, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/06/2015)

Como já relatado anteriormente, o Requerido e sua família investiram todo


o seu patrimônio na compra do imóvel e na construção das dependências da igreja. A
superveniência da Pandemia de Covid-19 alterou a realidade financeira de boa parte da
população mundial impactando assim diretamente a capacidade de pagamento dos
valores acordados anteriormente a essa situação, a qual não tinham como prever.
O Requerido não se esquiva do pagamento dos valores contratados. Tem
buscado várias formas de adimplir as prestações, mesmo que com pagamentos inferiores
a parcela contratada. Porém o reconhecimento e aplicabilidade das multas impacta
diretamente a sua capacidade de pagamento do valor principal do contrato, tornado
assim impossível seu cumprimento.
Pelo inadimplemento decorrer de caso fortuito e força maior, por conta a
Pandemia, bem como pela impossibilidade jurídica de cumulação das cláusulas penais
citadas acima, requer que não seja conhecido o pedido do Autor no que tange a
incidência das multas.

10. Da Precariedade da Posse


11. Da Inexistência de Turbação da Posse


 Configura-se como turbação da posse o ato violento ou clandestino para a emissão na
posse, o que não acontece no caso concreto. Em nenhum momento o Requerido se
esquivou da responsabilidade sobre o pagamento, tentando por diversas vezes a
realizar acordo para quitar as parcelas em atraso.
 Desde o momento da assinatura do contrato o Requerido e sua família habitam e
trabalham no imóvel em questão, de forma livre e pacifica, sendo assim de
conhecimento público seu domicílio e residência. É tanta a boa-fé do Requerido que,
mesmo sendo ameaçado pelo Requerente e seu considerado filho, Sr. Daniel, ainda
assim nunca se ausentou do imóvel e segue com a realização dos trabalhos religiosos e
sociais nas dependências da chácara.
 Outro ponto que invalida a tese de turbação da pose é o fato de constar registro do
Requerente perante os órgãos públicos como responsável possuidor do imóvel.
 Conta de água e energia em nome do Thomas
 Cópia do registro na secretaria de urbanismo
 Mesmo sem receber qualquer repasse de valores referentes ao obtido com o aluguel da
Casa 1, e ainda assim tendo que arcar com as dívidas de água e energia do inquilino,
nunca solicitou ao terceiro, morador da referida casa, que a liberasse.

12. Da Boa-Fé do Requerido e Do Depósito em Juízo (Thay)

 O primeiro contrato foi realizado em valor muito a baixo do valor principal, pois o
Requerido não dispunha sozinho de recursos para comprar a totalidade da área. O
contrato apenas foi alterado a partir da possibilidade de compra em consócio com os
demais participantes da igreja e com a devida autorização pela parte Autora nos termos
contratados.
 Os valores negociados com os consortes correspondem exclusivamente a parcelas para a
quitação do valor total da dívida. Todos os lotes foram disponibilizados pelo valor de
R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais). A somas de tais importâncias não dão margem
alguma de lucro financeiros para os dirigentes da igreja.
 Contrato entre os consortes
 Tentou por diversas vezes negociar a dívida de forma extrajudicial.
 Conversas de Whasapp
- entre as partes
- entre os advogados
 Demonstrativo de proposta escrita enviado ao advogado.
 A fim de demonstrar a boa-fé, solicita autorização para o depósito em juízo do valor de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Valor este é o que o Requerido dispõe de
patrimônio no momento. Este valor corresponde exatamente a entrada para a quitação
da dívida proposta anteriormente ao Autor a título de acordo extrajudicial.
 O Requerido quer realizar o pagamento, adimplindo assim a dívida, porém não dispões
de recursos financeiros atualmente par arcar com o acordado na época da assinatura do
contrato. Sem emprego e com os valores obtidos pela igreja reduzidos requer a revisão
contratual para que tenha condições de quitar a dívida e dar continuidade ao pagamento
do imóvel.

13. Testemunhas
 Participantes da empresa que conhecem que podem afirmar que o Roque, o Grizelda e
os compradores do lote faziam parte da igreja
 Vizinho que perdeu o lote para o Grizelda no inventário.
 Cid ou Cláudio

III. Dos Pedidos (Thay)

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