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TATIANE SOUZA PEREIRA

DESENVOLVIMENTO MORAL: CONFIGURAÇÃO DA


PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE PSICÓLOGOS NO BRASIL, DE
JANEIRO DE 2000 A JANEIRO DE 2010

ITATIBA
2010
i

TATIANE SOUZA PEREIRA

DESENVOLVIMENTO MORAL: CONFIGURAÇÃO DA


PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE PSICÓLOGOS NO BRASIL, DE
JANEIRO DE 2000 A JANEIRO DE 2010

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


disciplina Trabalho de Conclusão de curso de
Psicologia da Universidade São Francisco para
obtenção de média semestral.

ORIENTADORA: FERNANDA OTTATI

ITATIBA
2010
ii

Homenagem

Aos meus pais,

Amados,

Gostaria de homenageá-los nesse ato, expressando o devido reconhecimento a


representação de honestidade, idoneidade e esforço que vocês têm na minha vida.

Com infinita gratidão à você pai e à você mãe, demonstro o quanto sei que por vocês foi
possível traçar caminhos brandos num percurso de retidão.

Embora a vida siga tomando seu rumo e as escolhas que deverão ser feitas são inevitáveis e
podem nos separar, será constante a lembrança de todos os sacrifícios e suporte a todos os
momentos dedicados para tornar meus desejos possíveis.

A pronta disposição para facilitar toda a travessia realizada no ingresso da formação e


oportunidades de estágio e trabalho.

A compreensão da ausência e da renúncia de estar com vocês em momentos em que me


voltava a interesses próprios.

A sustentação financeira que foi imprescindível para ser possível fazer a graduação.

A sustentação de valores que é de inestimável valia e que possibilitou a promoção de


oportunidades únicas e de amizades grandiosas.

Ao exemplo de prudência e estabilidade,

A referência de proteção e segurança cultivada no lar,

A amizade,

Esse é o amor que eu levo para a vida toda,

Amor inigualável de reverência por me possibilitarem o dom da vida e de respeito e estima


por serem as pessoas que são!
iii

Agradecimentos

Agradeço à Deus que me faz em momentos de reflexão me dar conta de que ainda tenho
muito a agradecer por tudo que tem feito e por tudo que irá fazer na minha vida.

Deus que proporcionou o encontro dos meus pais e o projeto de vida que compartilharam
juntos e me incluíram.

Deus que nesse projeto cedeu queridos irmãos de sangue e queridos irmãos amigos.

Deus que está a frente da ciência proporcionando inteligência.

Deus que em seu projeto de inteligência insondável criou tudo que existe, inspirou os
humanos e os atribuiu dons.

Agradeço aos cheios de dons e causas nobres que estiveram em meu caminho, meus
mestres! Em especial agradecimento a querida Mirna, Makilim, Ana Vizelli, Cláudia
Archanjo, Capitão, Leza, Tozinho e Linete...
A Kely pelo apoio generoso sempre ...

A minha guia norteadora, imprescindível na elaboração desse trabalho: Fernanda Ottati,


que com grande mansidão e cuidado zelou pela condução e desfecho desse projeto ...
Aos que indiretamente contribuíram para todos os ajustes e incentivos necessários: Evelyn,
Mariana e a todos companheiros de jornada que leram com atenção meu projeto e
atribuíram relevância a minha pesquisa ...

A minha irmã Fátima, minha grande inspiração, apoio e incentivo constante ...
Ao meu irmão Marcos, pelo exemplo de integridade e luta ...

A minha querida amiga Luciana, tão continente as minhas angústias existenciais ...
A amiga Simone, ponto de equilíbrio e sensatez ...
A amiga Eveline, sempre acompanhando minhas superações ...
A amiga Mariana Cunha, inesquecível, de grande referência de determinação e conquistas!
A amiga Jaqueline, que não imagina o quanto influenciou na construção desse trabalho,
minha referência de personalidade ética ...
Ao amigo Alex, sempre disponível e acolhedor ...
A amiga Vanderléia, incomparável na sua credibilidade ao meu potencial...

Aos queridos amigos de suporte emocional na vida acadêmica e profissional: Creusa,


Eliane Canela, Richard Barros, Adelina, Karilene, Alessandra Valin e João Ribeiro...

As pessoas de grande inspiração que encontrei e reencontrei na Universidade: Eduardo e


Léia ...

A todos que passaram na minha vida e deixaram um pouco de si, contribuindo na


construção do que hoje sou ...
iv

Resumo

Pereira, T. S. (2010). Desenvolvimento Moral: Configuração da Produção Científica de


Psicólogos no Brasil, de Janeiro de 2000 a Janeiro de 2010. Trabalho de Conclusão de
Curso do curso de Psicologia da área de Ciências Humanas e Sociais da Universidade São
Francisco, Itatiba.

A psicologia se interessa por pesquisas e reflexões sobre a moral preocupada em desvendar


por meio de quais processos psíquicos se legitimam, ou não, regras, princípios e valores
morais, e se há consistência entre o juízo moral e a ação moral. Sendo a moral aqui
entendida como dimensão de deveres e sentimento de obrigatoriedade para praticar uma
ação. A presente pesquisa apresenta um levantamento de estudos no campo da psicologia
moral, realizados por psicólogos brasileiros e publicadas no período de janeiro de 2000 a
janeiro de 2010. Utilizando como palavras-chave desenvolvimento moral, julgamento
moral, valores morais e personalidade moral, na busca em duas bases de dados, Pepsic e
Scielo, verificou-se 42 artigos publicados seguindo critérios estabelecidos de pesquisa. O
objetivo da investigação era visualizar como estava a produção na área no que se referem às
áreas específicas da psicologia que se desenvolveram, principais problemáticas tratadas,
amostras utilizadas e as diferentes perspectivas adotadas de análise psicológica da
moralidade e intervenções. Observou-se que as reflexões e investigações são em suas
maiorias referenciais teóricos clássicos, fundamentados por Piaget e Kohlberg. Partindo da
análise dos dados coletados percebe-se tendência a pesquisas que tratem o tema dentro de
um enfoque que considere os aspectos socioculturais, cognitivos e afetivos, e aponta uma
nova linha de pesquisa voltada as virtudes no desenvolvimento moral. Verificou-se o
direcionamento de pesquisas para área escolar e social, campos mais utilizados para
aplicação de pesquisas. As intervenções propostas estão no sentido de adotar o meio da
educação como possível e capaz de nutrir reflexões sobre dilemas morais. Contudo,
evidencia-se diversidade teórica e falta de articulação entre correntes de pensamentos.

Palavras-Chave: Pesquisa, Ciência, Tendências de estudos.

Sumário
v

APRESENTAÇÃO.............................................................................................................01

INTRODUÇÃO...................................................................................................................03

A MORAL NA PSICOLOGIA..................................................................................07

O PROBLEMA ÉTICO-MORAL.............................................................................13

A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA.........................................................................18

OBJETIVO..........................................................................................................................21

MÉTODO............................................................................................................................22

RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................25

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................42

REFERÊNCIAS..................................................................................................................44

ANEXOS..............................................................................................................................52
1

APRESENTAÇÃO

Pela autora desse presente trabalho questionar-se frequentemente sobre qual papel

cabe ao Psicólogo como agente de formação moral, preocupou-se em realizar uma pesquisa

que colocasse a questão da moral como foco de atenção diante dos profissionais da área,

reunindo conhecimentos que Psicólogos têm produzido sobre esse objeto de estudo.

Textos de filósofos, sociólogos, políticos e de literatos de todas as épocas nos

fornecem um vasto material que demonstra inquirição a ética e aos dilemas morais, e cabe

observarmos como a Psicologia tem contribuído para tratar o assunto.

De acordo com citação de autores com referência a idéia de Blasi (1990), não é

tarefa do Psicólogo definir o que pertence genuinamente à moralidade e sim descrever as

diferentes maneiras pelas quais as pessoas compreender e percebem as obrigações morais.

Dizer o que é ou não moral é uma questão de ordem filosófica, embora a filosofia contribua

na definição desse objeto para estudo da Psicologia. Segundo esse autor, o Psicólogo deve

se interessar pelo que a pessoa pensa e sente e não sobre o que o sujeito deveria pensar,

sentir e agir.

Porém, está inerente a prática do Psicólogo discutir temas relacionados a violências

e de direitos humanos. Dilemas morais são comuns ao desenvolvimento humano, e mais

recentemente em meio aos avanços tecnológicos na área da saúde, por exemplo, existe

também uma questão bioética profissional que requer a participação do Psicólogo no que

diz respeito a temas relacionados ao aborto, a terminalidade, doação de órgãos (Dias,

Gauer, Rubin & Dias, 2007).

Essas questões justificaram a iniciativa da autora para buscar observar como os

Psicólogos abordam tema. Afinal, o Psicólogo se depara com a condição de misérias

humanas, dentre elas o sujeito fragilizado em suas relações, questionando-se em como se


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relacionar com os outros e seu meio, em como estabelecer um projeto de vida e orientar a

sua existência, decisões que podem ou não conciliar interesses coletivos e de bem estar, que

podem ou não ir ao encontro dos princípios éticos e morais vigentes (La Taille, 2006).

A presente pesquisa está configurada pela introdução que consiste em reunir

conteúdo acerca da concepção da moral, que apresenta considerações gerais de

pressupostos filosóficos que embasam o tema, e da variação dos princípios morais durante

no decorrer do tempo, seguida da problematização que a psicologia faz sobre o conceito e

importância deste tipo de investigação. Em sequência está relacionado o objetivo e o

método de estudo adotado que trará a definição do caráter da pesquisa, o instrumento de

pesquisa para coleta de dados e a categorização dos dados, dando continuidade ao desfecho

da pesquisa sendo apresentadas a discussão de resultados e as considerações finais.


3

INTRODUÇÃO

O homem uma vez inserido em uma determinada sociedade deverá ter sua conduta

pautada numa referência de princípios que o orientem para a interação e relação que irá

estabelecer com o outro e com seu meio. Sendo assim, os preceitos de deveres, embora

sofram variações que para uma determinada sociedade, compõe a moral (Pottker, 2002).

Puig (1998) vai além, e considera que o processo de formação moral no indivíduo,

não se restringe e reduz a adaptação social, sendo um processo de construção de si mesmo,

para a socialização, clarificação de valores pessoais e formação de parâmetros para adotar

hábitos para uma vida boa. Para o autor, por mais que existam variadas tentativas de

explicar “o que é” e projetar “o que deve ser” a formação moral, não compõe a moral a

presença de aspectos isolados, mas sim, se pensarmos na constituição de uma personalidade

moral, traços de caráter coesos. Os modelos morais externos não se impõem ao sujeito

submetendo-o passivamente, pois o sujeito não consegue apenas viver a partir de valores

adotados, assim como, a capacidade de raciocínio e julgamento moral não conseguem por

si só sustentarem a ação pela razão.

Remontar pensamentos de como se deve conceber a moral e prescrevê-la perpassa

inúmeros questionamentos, o que é certo e errado, o que convém ou não, que implicações

devem existir para os que não adotarem os comportamentos corretos. Com isso, observa-se

que conceber o que é a moral, e os pressupostos do que deve ser, se fundamentam a partir

de diferentes olhares, influenciado por diferentes vertentes de pensamento, sendo uma linha

tênue delimitar, definir e articular as concepções para estabelecer um único e válido sistema

moral, pois sempre haverá ideias excludentes e que se anulam (Pottker, 2002).

Diante das definições sobre o conceito do que é moral, surgem inúmeras críticas,

principalmente por contribuição da filosofia. Desde a antiguidade, as filosofias dos grandes


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pensadores e escolásticas introduziram os questionamentos acerca da ética-moral, o pensar

e o agir, os anseios e os problemas de cada época, a fim de orientar a conduta frente aos

problemas originados nas relações entre os homens (Pottker, 2002). Diante disso, serão

apresentados alguns pensadores e suas ideias referentes ao tema.

Na Grécia antiga, Heráclito definiu existir uma Razão Universal, Lei Universal para

reger o comportamento de todos, porém direitos e deveres eram divididos de forma

diferencial entre homens livres e escravos. A lei era válida para os homens livres, sendo o

tratamento desumano e cruel dado aos escravos, não considerado imoral. Protágoras dizia

ser “o homem a medida de todas as coisas”, e, portanto, a avaliação que qualificava o bem e

o mal, o certo e o errado, deveriam ser considerados a partir das necessidades dos homens.

Para os sofistas não havia normas absolutas que determinassem o certo e o errado, mesmo

porque de acordo com os sofistas, os costumes, as tradições e os governos sendo diferentes

em cada comunidade, também a moral se regulava de acordo com o que a sociedade

estabelecia como normas (Pottker, 2002).

Porém, Sócrates dimensionou o bem, o mal e o dever relacionado à norma da

justiça, que definia e validava as concepções sobre o certo e o errado pela razão. Para esse

pensador não era a sociedade que determinava esses valores, já que a capacidade de

discernimento do homem estava na razão. Platão, discípulo de Sócrates, continuava tendo

como problema fundamental da ética e o ponto crucial da conduta moral, a justiça.

Contudo, considerava que a “natureza do homem”, alimentada por seus desejos e paixões,

influenciavam no juízo e ação moral, desvirtuando a justiça em função de interesses

próprios. Já Aristóteles partia do princípio da justa medida, concebendo a virtude ética

como a administração dos impulsos e paixões, mantendo um meio termo justo, equilibrando

vícios e excessos, buscando a excelência das virtudes para o alcance do bem e da felicidade

(Pottker, 2002; Silva, 2009).


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No Estoicismo a consideração do problema moral, deve ponderar o equilíbrio e a

moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais, para que se atinja o ideal

supremo da felicidade: a imperturbabilidade, que é o ideal do sábio. Assim, há

predominância a austeridade de caráter, rigidez moral, que faz indiferença a dor e ao

infortúnio para prevalecer os costumes/tradições, etc. O bem supremo é viver de acordo

com a natureza, de acordo com a razão. Para o estoicismo Deus é a razão final para

existência de todas as coisas e tudo é determinado por ele (Silva, 2009).

No Epicurismo, caracteriza a moral, a identificação do bem soberano com o prazer,

o qual, concretamente, há de ser encontrado na prática da virtude e na cultura do espírito. O

homem é tido como protagonista de sua vida, não há determinações divinas nas suas ações,

porém o bem viver é a procura pelo prazer espiritual, pela contemplação da vida (Silva,

2009).

Na Idade Média, onde houve grande poderio religioso-moral, pautado na filosofia

cristã, o que exerceu grande controle político-econômico pela doutrinação pela ordem

moral redentora. A moral e a perfeição foram orientadas para Deus e as vertentes

filosóficas de Platão e Aristóteles foram cristianizadas. Santo Agostinho, a partir da ética

teológica, firma a ordem, que se articula a uma ideia de fim, a ordem que conduz a plena

realização. São Tomás de Aquino fundamenta a estrutura do agir ético, da vida ética e a

realização histórica da vida ética (Silva, 2009).

A predominância da religião na idade média criou exaltação a moral na vida

espiritual, pois em meio ao sistema feudal, os servos não necessitavam ser reconhecidos

como dignos em vida, só restando a esperança de salvação pela igreja, que alimentava a

idealização de igualdade e liberdade entre os homens no plano espiritual. A nobreza,

segundo a igreja, já possuía nobreza moral natural, e, no entanto, a moral cavalheiresca da

aristocracia feudal era repleta de contradições, os valores morais se confundiam entre


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valentia e crueldade, amor e promiscuidade, consideração e hipocrisia, verdades e mentiras

(Pottker, 2002).

Assim, observa-se que a moral é histórica, e as regras e normas entre grupos sociais

variam em função de sistemas econômicos, de ideologias religiosas e de produção do

capital, na medida em que há transformações na base social-econômica de uma sociedade,

há mudanças nos valores e regulamentos morais. A passagem das relações da Idade Média,

com a ruína do feudalismo pela Revolução Francesa, para as relações entre burgueses e

proletários, faz emergir relações de posse, egoísmo e individualismo, orientadas para o

trabalho, produtividade e lucratividade (Pottker, 2002).

Com isso, na Modernidade a ética se estrutura dentro de uma corrente racionalista,

doutrina que considera ser o real plenamente cognoscível pela razão ou pela inteligência,

em detrimento da intuição, da vontade e da sensibilidade. Na Contemporaneidade,

prevalece o empirismo, doutrina ou atitude que admite, quanto à origem do conhecimento,

que este provenha unicamente da experiência, de predominância do individualismo, o que

envolve a pouca prática da razão (Pottker, 2002; Silva, 2009). Em suma, sabe-se que

Platão, Aristóteles e o Estoicismo com seus sistemas de pensamento constituíram o

essencial da herança moral grega às civilizações européia e islâmica (Carvalho, 1998).


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A MORAL NA PSICOLOGIA

A psicologia do desenvolvimento, dentro das diferentes abordagens teóricas que se

apresenta: maturacionista; construtivista; comportamentalista; transcultural; ecológica;

inteligências múltiplas; dialética; afetiva; concebe o conceito do desenvolvimento do

homem ao longo da vida, as mudanças e alterações de desenvolvimento dadas pela

interação, nas relações e as variáveis influentes nesse processo dentro dos diferentes

domínios de estudo: crescimento e desenvolvimento motor, desenvolvimento cognitivo,

desenvolvimento social, desenvolvimento moral e emocional (Biaggio, s/d).

De acordo com Nunes (2009), o desenvolvimento moral tem tido um espaço e tem

sido um objeto de estudo específico na psicologia do desenvolvimento contemporânea,

embora sendo abordado e discutido ainda de forma restrita e por poucos pesquisadores.

Para o autor, contextualizar estudos em desenvolvimento moral pelas revisões na literatura,

que traçam as diferentes contribuições teóricas, sistematizando-as e constituindo referências

e discussões acerca do tema, têm demonstrado que nas várias abordagens ao tema por

pressupostos teóricos e epistemológicos diferentes, observa-se enfoques fragmentados, que

não articulam interrelações entre cognição, afeto, motivação e cultura nas considerações de

aspectos que implicam no desenvolvimento da moralidade.

Com isso, as abordagens psicológicas que se dedicam ao estudo do

desenvolvimento moral, seja na perspectiva cognitivista, na afetiva ou na

comportamentalista, não compõe considerações combinadas de natureza sistêmica e

dinâmica do desenvolvimento do indivíduo, como novas tendências de análise do

desenvolvimento humano o fazem (Biaggio, s/d), fato que levará a explicitar essas

abordagens de forma compartimentada, descritas a seguir.


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A perspectiva Comportamental e da Aprendizagem Social, considera que a vida em

comunidade impõe ao indivíduo condições de inserção em diversos grupos e instituições

sociais, a partir de aprendizagens que o adaptam para convivência coletiva, que se dão por

sanções sociais e procedimentos imitativos e de identificação com figuras de autoridade. A

dimensão motivacional da conduta do sujeito se ampara na necessidade de aprovação e no

medo de punições. A ampliação da socialização influencia o individuo a internalizar

processos de auto-regulação direcionados por padrões de conduta socialmente desejáveis,

que orientam o indivíduo a manter uma organização estável e integrada, em nível

comportamental para aprovação social, o que o motiva para a ação moral. Embora, tal

perspectiva não aborde a razão e a intencionalidade da ação moral (Nunes, 2009).

A Psicanálise não estudou de forma sistemática o desenvolvimento moral, sua

contribuição é de ressaltar a importância da afetividade para compreensão da ação moral.

Existe nessa perspectiva, uma relação conflituosa entre o indivíduo e a moral, uma vez que

para viver em sociedade e se civilizar o indivíduo tenha que restringir sua liberdade

renunciando realizar desejos. Da renúncia do sujeito à realização dos desejos infantis e a

internalização das restrições sociais por meio de uma instância de censura, denominada

superego, existe a manutenção, preservação da ordem alcançada. Embora, o controle da

ação moral não está no ser consciente e autônomo, mas depende da estabilidade de uma

dinâmica conflitiva de pulsões e sentimentos experimentados em relações objetais

passadas. A renúncia da satisfação aos desejos depende de mecanismos de repressão, sendo

o seguimento de leis também adotado pelo indivíduo por temer sanções (Nunes, 2009).

Os estudos da abordagem Construtivista iniciaram-se com os estudos de Piaget,

sobre o processo de construção de regras, em jogos. Jean Piaget, epistemólogo, estudioso

da psicogênese do conhecimento, estabelece relação de dependência entre desenvolvimento

moral e capacidade cognitiva, associando o desenvolvimento moral à flexibilidade das


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crianças em realizar operações de descentração e coordenações cognitivas entre seu ponto

de vista e o de outras pessoas. Esta linha de investigação percebe o desenvolvimento moral

como expressão de um dos aspectos da organização estrutural da cognição, adquiridos em

contextos de interações sociais, a partir de relações de coação social, relações de

cooperação, de reciprocidade e respeito (Nunes, 2009).

Na perspectiva cognitivo-desenvolvimentista destacaram-se os estudos do doutor

em psicologia Lawrence Kohlberg que influenciado pelos estudos de Piaget, ressaltou

aspectos cognitivos na formação do raciocínio e conduta moral por estágios de

desenvolvimento. Assim, os estágios em sua progressividade, alcançando níveis superiores

seriam caracterizados por uma maior autonomia do sujeito, pela adoção de princípios mais

gerais e abstratos, com referência valorativa, e por um senso de justiça mais equilibrado,

fundamentado em inter-relações mais complexas entre os elementos presentes na situação.

A teoria de Kohlberg, assim como a de Piaget, é universalista. Não afirma a universalidade

das normas, mas sim das estruturas que permitem a aplicação das normas em contextos

precisos e proporcionam critérios para o juízo moral, acreditando que por meio de um

processo maturacional e interativo, todos os seres humanos tem a capacidade de chegar à

plena competência moral, medida pelo paradigma da moralidade autônoma, ou como

prefere Kohlberg, pela da moralidade pós-convencional (Fini, 1991; Nunes, 2009).

Os estágios de desenvolvimento moral propostos por Kohlberg devem ser

progressivos dentro de níveis, os quais ele designa como nível pré-convencional, onde o

sujeito tem interesse em manter a aprovação social; o nível convencional onde está

preocupado com a lealdade às pessoas, grupos e autoridades; nível pós-convencional onde

há um projeto de vida concebendo uma ética que orienta para o bem estar de outros e da

sociedade (Vilela & Raitz, 2007).

Nunes e Branco (2007) consideram que os construtivistas da perspectiva


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sociológica, fundamentados em pressupostos Vigotskyanos, buscam exceder o curso dos

pensamentos que só consideram o indivíduo e desconsideram ou não ressalvam o papel do

contexto social e aspectos culturais como conjetura importante para a intencionalidade das

ações humanas. Os autores decorrem sobre a relação de interligação do indivíduo e a

sociedade, já que o sujeito está imerso e implicado no social. A sociedade e a cultura

constituiriam no sujeito uma base fundamental no processo do seu desenvolvimento, e o

sujeito como agente ativo nesse processo também seria causador de transformações no

meio social em que se desenvolve. O sujeito internalizaria valores pelo entendimento de

suas experiências emocionais no coletivo, antes que só apenas a nível individual. E tal

experiência emocional influenciaria e definiria significados e representações nas situações.

Portanto, um aspecto importante a considerar em relação ao desenvolvimento moral

nessa perspectiva, seria como cada sociedade percebe a relação entre o indivíduo consigo, a

responsabilidade imposta ao indivíduo a nível interpessoal, a responsabilidade que cabe a

sociedade diante o sujeito, e a separação e garantia dos direitos individuais dentro da ordem

que se estabelece. Sendo a orientação para crenças e valores específicos a cada cultura, e

cada indivíduo educado a partir do que sua comunidade eleger por certo, errado, bom ou

mal, e na ordem de importância que for estabelecido os valores, de acordo com o

funcionamento das relações em tal sociedade (Nunes & Branco, 2007).

Considerando que Piaget e Kohlberg enfatizaram em sua abordagem a gênese

cognitiva do juízo moral, pode-se observar que outros pesquisadores se preocuparam em

acrescentar novas contribuições, propondo conceber perspectivas que incorporem

representação de valores sociais, integrando interesses individuais e relacionais, assim

como, adotando novos princípios como fonte orientadora para moralidade com base na

análise de gêneros. Percebe-se que os colaboradores de Kohlberg, tentaram incluir a

influência dos componentes sociais e afetivos no desenvolvimento moral, tais quais,


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Selmam, que defendeu a tese que a adoção de perspectivas sociais seria o lugar

intermediário entre o pensamento lógico e o pensamento moral, e que, portanto, a

representação de valores sociais em seus aspectos cognitivos e afetivos influenciam no

desenvolvimento moral (Nunes & Branco, 2007).

Gilligan que teve como foco de estudo a questão da importância das distinções de

julgamento moral por gênero, considerando que o princípio de justiça seria fonte

orientadora e prevalente em homens para o julgamento moral, e que o princípio do cuidado

era predominante em mulheres, acreditando que homens são mais centrados em hierarquias

de valores e mulheres em preservação de relacionamentos. Posteriormente Sastre e

Marimon ampliaram as concepções de Gilligan (Nunes & Branco, 2007).

Turiel e Nucci ANO? propuseram a teoria dos domínios: pessoal, moral e

convencional, onde existe a condição de flexibilizar limites entre cada domínio, ao

aproximar-se de situações reais, da complexidade que envolve o juízo e a ação moral.

Também estudaram o papel das emoções e sentimentos sobre o raciocínio moral: Winkler e

Sodian (1988), que fundamentaram as teorias funcionalistas das emoções; Arsênio e

Kramer (1992), que estudaram sobre processos mentais subjacentes às representações do

sujeito, relacionando-os às emoções; Araújo (1999) estudou sobre o sentimento de

vergonha, assim como La Taille (2000), que também pesquisou sobre a gênese do

sentimento vergonha, quando relacionado a moral e Lourenço (2000), realizou estudos

sobre emoções e comportamentos pró-sociais.

Na abrangência dos estudos, sabe-se que a moralidade é conceitualmente

influenciada pela filosofia, sociologia e psicologia, e como campo observado de forma

interdisciplinar, será considerada sobre diferentes aspectos, o que faz possível outras

contribuições de possibilidades de compreensão do fenômeno, que busquem sistematizar

todo o entendimento que se alcança do fenômeno moral.


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La Taille (2006) faz considerações importantes para iniciarem-se estudos sobre o

desenvolvimento moral, e para eleger-se um curso de pensamento que considere esse

fenômeno sobre a perspectiva psicológica. A saber, a importância da psicologia estudar o

desenvolvimento moral é necessária para entender-se por meio de quais processos

psíquicos se constrói a legitimação de regras, princípios e valores, entendendo que a moral

pode ser dividida por essas três classes.

A moral é da ordem do dever, e o dever desempenha um papel contínuo dentro do

percurso do desenvolvimento humano, o que torna o tema de grande importância para

pensar o quanto o plano moral afeta a construção da representação do EU do sujeito, e o

quanto essa representação pode implicar diretamente em todos os campos relacionais do

indivíduo, afetando diretamente a forma como esse venha a se organizar e participar na

sociedade. Contudo, na perspectiva de La Taille (2006) seguir um plano ético e moral é

uma maneira de comportar-se em relação a si, aos outros, em relação ao mundo durante o

desenvolvimento de um projeto de vida.


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O PROBLEMA ÉTICO-MORAL

A partir desse breve panorama pode-se questionar como se tratar de ética e moral

nas vicissitudes da época atual? A necessidade de se buscar pensar em questões referentes a

ética e moral são impelidas por ser preciso buscar formas legitimas e inteligíveis de

preservar a vida coletiva e cultural de uma sociedade (Junqueira & Junior, 2005; La Taille,

2007).

A sociedade está se corrompendo a partir das incoerências no posicionamento sobre

a ética e moral por parte da família, de mensagens midiáticas, da política e da sexualidade

pervertida, do sistema educacional, da religiosidade adulterada, do próprio sujeito que não

encontra sentido para dar à vida, que em meio a isso produz e reproduz aflições existenciais

e falta de projetos de vida (La Taille, 2007).

Os cidadãos têm se deparado com contradições de valores, deficiência de figuras de

autoridade, descredibilidade aos princípios e práticas de justiça e divergência em discursos

e práticas que acabam colocando em evidência interesses secundários que deturpam a moral

vigente. Afirmar que o homem vive em contradição perante as suas realizações está sendo

observar que em meio ao acelerado avanço científico, tecnológico, a globalização não se

têm um simultâneo desenvolvimento de pacificação, tolerância, empatia para tornar-se mais

humano, protegendo as relações e o planeta de misérias, injustiças e violências (Pottker,

2002).

Depara-se com uma sociedade permissiva, que carece de clareza de parâmetros,

princípios de limites e alteridade, estando fadada a prevalência de ameaças, abusos,

violências e destruição (La Taille, 2007). Assim, cabe começar a fazer um resgate da

importância dos estudos e do cultivo da preservação da moral, que oriente por princípios
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que inspirem e reclamem justiça e dignidade. Pottker (2002) instiga a refletir se em meio ao

cenário de construção e destruições que se presencia quando se depara com o que promove

a vida e com o que a sucumbe, onde fica a questão ética moral na sociedade.

Para La Taille (2007) cabe a psicologia pensar em como desenvolver processos

psicológicos que possibilitem o sujeito legitimar a moral, adotar uma filosofia ética em seu

projeto de vida e assimilá-la em sua personalidade. Considerando que, segundo o autor, se a

definição de ética e moral refere-se a reflexão de princípios e regras de conduta, a

referência a ser adotada para que vida se quer viver e como se deve agir, deve ser

fundamentada em vista garantir o bem coletivo, o respeito pela dignidade alheia, tendo

como primazia a justiça.

A moral é um fenômeno cultural, conjunto de deveres provenientes da necessidade

de manutenção dos direitos, da cultura e da dignidade humana, sendo dimensionada por

senso de restrição da liberdade e pelo julgamento de como se deve agir para conciliar

interesse pessoal e coletivo. A ética aparece demonstrada como dialética e por reflexão

sobre como se deve viver e discriminar o que é bom e correto (Pottker, 2002).

Para La Taille (2007) em tudo o que se faz com referência na moral e em tudo o que

se considera para um modo de viver ético (reflexivo), há presente uma complementação

entre uma importância e um valor, há uma articulação entre a intelectualidade (saber) e a

afetividade (querer). As discussões sobre a ética devem envolver reflexões sobre ações que

promovam atos morais, que reelejam valores e estilos de vida.

Os marcos registrados dos dias atuais de violência, desrespeito e depreciação de

valores, mostra a sociedade e a crise moral na culminância do aumento progressivo de

problemas sociais, onde também se faz necessária abordar as mudanças sociais e suas

consequências tratando-as por questões éticas para restaurar a moral (Sousa, 2006).

A psicologia junto a outras ciências humanas deve se preocupar com a iminente


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crise ética-moral, que pode debilitar as expectativas de contínuo aperfeiçoamento do

homem para lidar com as transformações que estão acontecendo e que implicarão no futuro

da civilização. De acordo com Goergen (2007), a reforma moral do indivíduo depende

essencialmente de uma simultânea reforma moral da sociedade como um todo: instituições

políticas, jurídicas, midiáticas e também educacionais.

Segundo La Taille (2007), há um analfabetismo moral instalado hoje, a sociedade

não tem trabalhado a questão moral. Para o autor, a moral se aprende e se ninguém fala

claramente nela, se ninguém a ensina, sua falta se fará sentir da forma com que hoje se

apresenta, refletida em violências. Com essa flagrante ‘desresponsabilização’, onde não há

uma referência consistente de moral e ética, tem-se a sociedade que é possível observar

hoje. As pessoas estão em crise ética, e na medida em que não conseguem responder que

vida vale a pena ser vivida, essa crise tem reflexos nos comportamentos morais. Faltam às

gerações de 1980 e 1990, ideais, hierarquia de valores, onde tudo é valor e, nada é valor;

tendo essas sido grandemente influenciadas por uma exacerbação do consumo, pela

globalização, o que influencia diretamente nos sentidos atribuídos as questões éticas-

morais. Uma importante iniciativa é começar a buscar nas vozes dos sujeitos a concepção

sobre o que são valores, que valores devem servir de orientação a um projeto de vida

individual e coletivo.

A Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da campanha “Brasil Ponto a

Ponto”, realizada em 2009, na qual participaram brasileiros respondendo a pergunta: “o que

precisa mudar no Brasil para a sua vida melhorar de verdade?”, 500 mil brasileiros

puderam expressar que um dos maiores problemas a ser enfrentado no país refere-se a

importância a ser atribuída a valores.

Sabe-se que pesquisas têm demonstrado que a educação é um caminho de

transformação de um país, o que também é percebido pelos 500 mil brasileiros pesquisados
16
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O educar, a menção

ao necessário empenho em investimento em políticas públicas e o combater a violência são

temas que implicam diretamente na vida dos cidadãos, mas o que surpreendeu os

pesquisadores foi a referência aos valores morais como um elemento essencial para

melhoria de vida dos brasileiros. Segundo dados apurados, em São Paulo, os valores

ficaram em primeiro lugar entre todas as respostas. Os participantes da campanha Brasil

Ponto a Ponto acabaram definindo o tema a ser considerado no próximo relatório de

desenvolvimento humano. A ONU decidiu fazer uma pesquisa específica para identificar

que valores são esses que os brasileiros estão buscando para transformar o país. A partir dos

resultados será criado um novo parâmetro de desenvolvimento humano para as Nações

Unidas: o Índice de Valor Humano. Comin, coordenador do relatório, cita que o objetivo

geral da confecção desse documento é conseguir conscientizar as pessoas de que os valores

são importantes e que devem sobrevir da educação (G1, 2010).

Ponde, filósofo, considera que o índice não pode se reduzir a um demonstrativo

numérico, mas que deve ser demonstrado e discutido como um problema em todas as

instituições, para que não se constate a incidência da ausência de valores, que será

veiculada como impunidade (G1, 2010). No site http://www.mostreseuvalor.org.br é

possível a navegação e exploração ao conteúdo do projeto. Ressalta-se que valores de vida

associados a práticas cotidianas condizentes, transformam o país, e fortalece relações mais

justas e uma vida melhor.

Segundo a definição de valores, os valores de vida, seriam aqueles que praticados

levariam a uma convivência mais harmoniosa entre as pessoas, sendo essenciais ao

desenvolvimento humano, tais como: respeito, responsabilidade, tolerância, convivência

pacífica, entre outros. Assim, considera-se que o desenvolvimento humano mesmo em meio

às diferenças, deve ser respeitado e ter uma trajetória de dignidade, com vista à igualdade,
17
sendo que uma vez que os valores passarem a ser incorporados, por cada sujeito como

promotores de uma vida melhor, a prática dos mesmos tornarão um país mais justo.
18

A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA

Há, na significativa produção de pesquisas, uma presente preocupação no âmbito da

adequação dos critérios metodológicos aos trabalhos científicos, para assegurar rigor e

desenvolvimento de problemáticas pertinentes na discussão dos saberes associados aos

temas que estão sendo investigados e o dimensionamento dos fenômenos a eles

relacionados (Le Pair, 1995; Witter, 1992, 1997, 2006; Domingos & Oliveira, 1999 citados

por Labrunetti, 2007).

De acordo com Labrunetti (2007), pesquisadores de diferentes áreas do

conhecimento elegem pesquisas para avaliar a produção científica de suas especialidades.

Sabe-se que com essa prática promove-se aperfeiçoamento do saber construído, incitando

ainda mais o anseio pelo desenvolvimento da ciência pela evidenciação de discussões e

problemáticas a serem travadas. A autora reúne em suas considerações a importância da

avaliação da produção científica, reconhecido respaldo teórico que fundamenta a

pertinência de se adotar delineamentos de levantamento e análise bibliográfica, para

investigação continuada, abrangente e de caráter complementar às lacunas existentes.

Assim, a finalidade de fazer levantamentos para avaliação da produção científica em

si é uma prática científica que requer sistematização de dados, sínteses, num trabalho

dialético que possibilita refletir sobre a fundamentação de concepções, definições de

conceitos, incoerências relacionais de conteúdos, enfim, tudo que pode fragilizar a

sustentação e extensão de uma lógica rigorosa. Le Pair (1995), Witter (1992, 1997, 2006),

Domingos (1999) e Oliveira (1999), vêm abordando questões relacionadas a produção

científica, a análise da produção científica, a avaliação de conceitos e dados obtidos da

produção científica e a relação crítica ao que se produz (Labrunetti, 2007).


19
Assim, avaliar estudos antes postos, a partir de uma avaliação sistemática contribui

para o aperfeiçoamento constante de áreas e atividades da ciência e a aplicabilidade de

fundamentos teóricos nas práticas em instituições, organizações e direcionamento de novas

pesquisas. Os autores entendem a necessidade de revisar, avaliar e criticar a produção e a

produtividade científica tecnológica, como meios de mapear e favorecer continuidade

aperfeiçoada à atividade científica (Freitas, 1999; Labrunetti, 2007).

De acordo com Luma (citado por Freitas, 1999), uma investigação organizadora da

produção científica promove novas problematizações, revê a confiabilidade da produção e o

quanto é possível instrumentalizar a prática a partir do embasamento metodológico da

produção. Segundo Galembeck (1990, citado por Freitas, 1999) sem avaliações não há

progresso, portanto, levantar e revisar a produção científica é um trabalho científico

utilizado como instrumento para apontar o que ainda não foi considerado, reconhecer e

legitimar trabalho por consistência metodológica ou contestar hipóteses identificadas.

Segundo Gil (2009), explorar a produção científica de uma temática permite

organizar informações para que novas pesquisas sejam orientadas. Assim, as considerações

gerais sobre o panorama da área estabelecerão pontos de partida para construções de novas

problematizações e proporcionarão novas reflexões a partir das inquietações que forem

abordadas.

A atualização profissional e a sua atuação decorrem do acesso a produção científica

capaz de aperfeiçoar serviços prestados em busca de maior qualidade. Sabemos que as

tecnologias que proporcionam acesso a esse conhecimento tão relevante e imprescindível à

prática profissional se encontram hoje acessíveis pela internet, em sites especializados em

armazenar periódicos acadêmicos. Periódicos que reúnem uma vasta produção com o rigor

de critérios aplicados que fortalecem a qualidade dos materiais publicados (Santeiro, 2005).
20
Acadêmicos brasileiros têm a cada ano produzido mais e com maior qualidade.

Produção essa substancial para o pensar e o fazer científico, principalmente para o seu

desenvolvimento. Dessa forma o saber científico se acumula, se organiza e se viabiliza

entre diferentes culturas e localidades. Os artigos têm atingido a comunidade científica de

forma rápida e efetiva, uma vez que obedecem a uma sistemática que regulamenta a

publicação e a análise do método e da precisão da informação que os validam (Santeiro,

2005).

Pesquisas de levantamento bibliográfico correspondem a estudos metacientíficos

que proporcionam análises qualitativas ou quantitativas, ou os dois, em várias áreas do

conhecimento, e em instituições produtoras de conhecimentos, com objetivo de integrar

resultados e avaliar a ciência com os recursos disponibilizados por ela mesma. Também são

estudos que tangenciam o papel social da ciência, o que produz, porque produz, pra que

produz, pra quem produz (Santeiro, 2005). Embora, saiba-se que a própria atividade

científica avalia-se continuamente, pois almeja melhores resultados e soluções para os

problemas e questionamentos humanos. (Oliveira, 1999 citado por Santeiro, 2005).

A intenção de uma avaliação crítica de um panorama científico é pensar o que tem

sido feito, assim como reconhecer as diferenças existentes no desenvolvimento das várias

áreas de saber (Santeiro, 2005). Com isso, a presente investigação, se propõe a ser útil

cientificamente, na medida em que conseguir, segundo Eco (citado por Freitas, 1999),

fornecer resultados que permitam continuidade pública ao construir do conhecimento, e

conforme Santeiro (2005), manter fortalecida uma área de saber psicológico, buscando

caracterizá-la no seu potencial.


21

OBJETIVO

O objetivo da presente pesquisa foi verificar como psicólogos e acadêmicos da

psicologia têm estudado a moral na contemporaneidade.

Verificou-se o número de publicações científicas tratando o assunto, dentro de um

período pré-estabelecido e se dimensionará o direcionamento das investigações: em que

áreas da psicologia se desenvolvem, quais amostras se referem, quais principais

problemáticas levantadas.
22

MÉTODO

A pesquisa foi realizada por meio de levantamento bibliográfico e organizada de

forma sistemática para ser analisada, compondo um panorama do que foi estudado por

psicólogos brasileiros no período de Janeiro de 2000 a Janeiro de 2010 com foco temático

de desenvolvimento moral, caracterizando os estudos realizados na área.

O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de base de dados com sistema

de busca eletrônico, cito BVS-Psi. A Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia (BVS-Psi)

tem como objetivo servir como uma via de informação, que seleciona no espaço virtual

especializado, produção científica especializada disponível na Internet e destinada para a

atualização e qualificação profissional. Essa ferramenta de busca além de proporcionar a

atualização profissional do psicólogo, com as referências dos trabalhos já desenvolvidos,

impulsiona o avanço da pesquisa científica.

A BVS-Psi reúne acesso para fontes de informação de dados bibliográficos, e para a

presente investigação foram usadas duas delas, quais sejam, PePSIC - Periódicos

Eletrônicos em Psicologia e SciELO – Scientific Eletronic Library Online. A coleta de

dados nas bases foi realizada no mês de janeiro de 2010 e os procedimentos de seleção de

artigos em fevereiro de 2010.

Portanto, considera-se que adotar essas bases como de fonte de informações em

literatura científica especializada, permitiu a classificação dos artigos pelos principais

critérios de inclusão adotados para a busca no que se refere: restringir artigos de base

científica comprovada, sendo referência as produções brasileiras e de psicólogos

pesquisadores da mesma nacionalidade.


23
Para a busca nas bases de dados, foram utilizadas, como palavras-chave, as

expressões mais associadas ao foco temático: Desenvolvimento Moral, Julgamento Moral,

Valores Morais e Personalidade Moral.

Os artigos encontrados foram examinados por meio da leitura de seus resumos. Os

critérios para inclusão na amostra foram as publicações no período de Janeiro de 2000 a

Janeiro de 2010; ter sido produzido no Brasil; ser de autoria de Psicólogos ou acadêmicos

em formação.

A partir destes critérios, os artigos foram selecionados para compor a amostra. Para

cumprir com os objetivos da presente pesquisa, a leitura de cada resumo foi feita

identificando os seguintes elementos, a área de pesquisa, os tipos de populações utilizadas

como amostra, qual universidade a pesquisa foi produzida (vínculo a grupos de pesquisas) e

referência à existência de financiamento para pesquisa. A perspectiva teórica e o tipo de

pesquisa realizada também foram verificados.

Dentro desse parâmetro houve caracterização sobre como a produção científica

levantada sobre o tema se mostra no país, qual a média de publicações anuais, quais áreas

evidenciam maiores investigações, quais as Universidades e região demográfica estão mais

evidenciadas, quais os autores publicam com maior freqüência. Também foi demonstrada a

abrangência de populações e uma síntese geral de quais preocupações envolvem o assunto.

Os dados foram codificados em planilha Excel, sendo submetidos a análises

estatísticas descritivas de levantamento e demonstrados por gráficos na apresentação dos

resultados. Uma primeira análise serviu a finalidade de caracterização bibliográfica,

seguida de leituras de cada um dos resumos para a definição das populações e problemas de

pesquisas abordados.

Ressalta-se que as análises realizadas no contexto desse trabalho não têm como

objetivo atribuir valor às produções dos pesquisadores, pois não serão adotados critérios de
24
avaliação do rigor dos métodos de pesquisas e suas vias de publicações.
25

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca realizada na base BVS-Psi permitiu localizar, em duas fontes selecionadas

(Pepsic e Scielo), um total de 42 artigos que se enquadraram nos critérios de levantamento

propostos para a presente pesquisa, quais sejam, estar publicado no período de Janeiro de

2000 a Janeiro de 2010; ter sido produzido no Brasil; ser de autoria de Psicólogos ou

acadêmicos em formação.

A quantidade de artigos identificados por meio de cada uma das fontes de busca,

está ilustrada na Figura 1.

38%

S cielo
Pepsic

62%

Figura 1. Frequência de artigos nas bases Scielo e Pepsic

Pode-se verificar que 61,9% (N=26) dos artigos foram localizados no banco de

dados Scielo e 38,1% (N=16) no banco de dados Pepsic, sendo 2,4% (N=1) da relação total

localizado nas duas bases. É possível observar uma diferença no número de artigos

localizados em cada base selecionada. A hipótese inferida é que a diferença deve-se as


26
revistas que estão indexadas em cada uma das bases, uma vez que uma base não conter

indexada uma revista com maior número de publicações na área irá existir essa distinção.

Das revistas em que estão veiculados os artigos, têm-se quatro publicados na

Educação e Pesquisa; treze na Psicologia: Reflexão e Crítica; quatro na Cadernos de

Pesquisa; um na Psicologia: Teoria e Pesquisa; um na Revista de Estudos Feministas; um

na Estudos de Psicologia; um na Estudos de Psicologia (Campinas) (localizado tanto na

base Pepsic, quanto na Scielo); um na Estudos de Psicologia (Natal); quatro na Psicologia:

Ciência e Profissão; um na Psicologia da Educação; dois na Psicologia e Educação; um na

Psicologia: Pesquisa e Trânsito; dois na Revista Psicologia Escolar e Educacional; um na

Psicologia Clínica; um na Psicologia USP; um na Estudos e Pesquisas em Psicologia; um

na Revista Eletrônica de Saúde Mental Álcool e Drogas e um na Paidéia. A distribuição

está na Figura 2.

Scielo Pepsic

14
12
10
8
6
4
2
0
Paidéia
Psicologia USP
Psicologia Clínica
Psicologia: Teoria e

Psicologia: Ciência e
Psicologia: Reflexão e
Educação e Pesquisa

Estudos de Psicologia

Estudos de Psicologia
Estudos de Psicologia

Psicologia e Educação
Cadernos de Pesquisa

Psicologia: Pesquisa e
Psicologia da Educação

Estudos e Pesquisas em
Associação Brasileira de
Revista Semestral da

Revista Eletrônica de Saúde


Pesquisa

Psicologia Escolar e
Revista Estudos Feministas

Profissão
(Campinas)

Mental Álcool e Drogas


Trânsito
Crítica

(Natal)

Psicologia

Figura 2. Frequência do número de artigos publicados em revistas presentes nas bases


de dados Scielo e Pepsic
27
Observa-se que treze dos resumos de artigos analisados encontram-se na revista

Psicologia: Reflexão e Crítica, indexada na base de dados Scielo, o que no estudo em

questão pode ser tomado como responsável pela diferença na produção localizada entre as

bases Scielo e Pepsic.

A figura 3 traz os dados referentes à média de publicações de 2000 a 2009 (até o

último ano localizado), que foi de 4,2 artigos publicados por ano. Sendo que em 2000

foram publicados cinco artigos; em 2001 quatro; em 2002 três; em 2004 cinco; em 2005

quatro; em 2006 três, em 2007 sete; em 2008 cinco e em 2009 três. Vale ressaltar que os

anos da publicação dos artigos não correspondem ao ano de realização da pesquisa, e sim

da publicação.

Produção de artigos por ano

6
Quantidade de artigos

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Ano

Figura 3. Frequência da variação e média de artigos publicados nas bases de dados Scielo
e Pepsic, entre os anos de 2000 a 2009
28
A abordagem ao desenvolvimento teórico sobre o tema foi uma das áreas de

pesquisa identificada em dezessete artigos; em onze dos artigos foram verificadas pesquisas

voltadas à área escolar, em quatro dos artigos um direcionamento para área social; quatro

dos artigos voltados à avaliação psicológica, sendo um também classificado na área da

psicologia social e um na área escolar; quatro retratando questões sobre a prática e

formação do Psicólogo; considerando as demais produções identificadas temos um artigo

voltado à área da psicologia organizacional; um à área de psicologia do trânsito, que

também pode ser classificado na área de avaliação psicológica. Os dados estão

apresentados na Figura 4.

Distribuição de artigos selecionados por área

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718

Desenvolvimento teórico sobre o tema


Escolar
Social
Formação e Prática do Psicólogo
Avaliação Psicológica
Psicologia Organizacional e do Trabalho
Psicologia Escolar e Avaliação Psicológica
Psicologia Social e Avaliação Psicológica
Psicologia do Trânsito e Avaliação Psicológica

Figura 4. Distribuição de artigos por áreas da psicologia

A prevalência de desenvolvimento teórico sobre o tema justifica-se em função de

reflexão teórica – conceitual, assim como de revisão da literatura científica, a fim de

possibilitar direcionamento para estudos empíricos. Além disso, é evidenciado o

direcionamento de pesquisas para área escolar e social, campos mais utilizados para

aplicação de pesquisas. Este achado está em concordância com as colocações de diversos


29
autores, ao afirmarem que a moralidade é conceitualmente influenciada pela filosofia,

sociologia e psicologia, caracterizando assim uma área interdisciplinar, fazendo com que

diferentes aspectos sejam considerados e também, que existam diferentes possibilidades de

compreensão dos fenômenos.

No que se refere especificamente à psicologia, ressalta-se a consideração de La

Taille (2006) ao dizer da importância da psicologia estudar o desenvolvimento moral, pois

será a partir disso que se irá entender e conhecer quais os processos psíquicos que compõe a

legitimação de regras, princípios e valores.

Sobre o predomínio de pesquisas na área escolar, é possível relacionar a questão da

formação moral e educação. As questões relacionadas à moralidade são uma demanda

social para escola contemporânea, entendendo que a formação educacional deve estar

comprometida com a formação ética do sujeito, proporcionando condições para que exista

construção de competências cognitivas, afetivas e culturais para o agir moral no mundo

(Araújo, 2000). Como exemplo cita-se a pesquisa desenvolvida pela ONU, por meio do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que evidenciou que o

brasileiro atribui aos valores a possibilidade de melhora de vida. Além disso, destaca-se a

colocação de que a educação é um caminho de transformação de um país. O educar, a

menção ao necessário empenho em investimento em políticas públicas e o combater a

violência são temas que implicam diretamente na vida dos cidadãos.

Percebe-se também que mesmo que a prevalência de estudos na área seja na

perspectiva de desenvolvimento teórico e conceitual, há trabalhos voltados a outros campos

de atuação da Psicologia, como tratando questões relacionadas a moralidade em motoristas,

a ética na prática organizacional em empresas familiares, que são estudos que requerem um

delineamento que ultrapassa as considerações teóricas já fundamentadas, para discutir

questões emergentes da pesquisa em campo, com novos sujeitos submetidos a testagem.


30
No que se refere às populações mais estudadas, os dados revelam que são

adolescentes e crianças. Identifica-se uma pequena parcela de outros agentes sociais

abordados, dos quais apenas verifica-se agentes relacionados a instituição escolar

(professores, direção e funcionários), a prática educacional parental para formação moral (o

que prevalece abordagens às práticas maternas), a prática e formação do Psicólogo e

estudantes universitários. Os dados estão na Figura 5.

Tipos de amostras
8% 14%
Crianças
8%
Adolescentes

8% Estudantes
Valores de Professores
Práticas Educativas Parentais
8%
Práticas Maternas
30%
Empresários
8% Motoristas

8% Prática de Psicológos
8%

Figura 5. Distribuição das amostras utilizadas nas pesquisas

É possível observar, pela leitura dos resumos, que as problemáticas levantadas nos

estudos correspondem a questões da nossa própria cultura, como por exemplo, a

preocupação em verificar o universo de valores de adolescentes na FEBEM.

Quanto as Universidades, foi relacionado um artigo da Unicamp; um da

Universidade de Uberaba; um da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; um da

Universidade Federal de São Carlos; três da Universidade Federal de Espírito Santo; um da

Fundação Getúlio Vargas; três da Universidade de Minas Gerais; um da Universidade de

Brasília; dois da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; três da Universidade Federal
31
de Pernambuco; cinco da Universidade Federal da Paraíba; um da Universidade Católica de

Goiás; um da Universidade Federal de Rondônia; dois da Universidade Vale do Rio dos

Sinos; três da PUC São Paulo; um da PUC Campinas; um da PUC Rio Grande do Sul; dois

da Universidade Federal do Paraná, dois da Universidade Federal do Vale do São

Francisco; um da Universidade Federal do Rio de Janeiro; um da UMESP; um da

Faculdade Evangélica do Paraná; sete da USP e cinco da UNESP; em um dos artigos não

foi mencionado vínculo com instituição de ensino.

Distribuição de frequência de publicações por Universidades

10

6
Publicações

0
UNISINOS
UNICAMP

UNIUBE
UFSCAR

UFRJ

UFPR
UFMG

FCSG
UFPE

UFMS

USP

UFES

FGV

PUCRGS
UNESP
UNIR

UNIVASF

PUC

FEPAR
UFPB

UnB

PUCSP

UMESP

UFRGS
PUCCAMP

Universidades

Figura 6. Distribuição dos artigos por Universidades

Pode-se observar que há evidências na produção dos autores vinculados a USP,

UNESP, UFMG e PUCSP (na região sudeste), a produção da UFPB, UFPE e UNIVASF

(região nordeste), e a produção da UFPR e UNISINOS (na região sul).


32

Distribuição de publicações por região

Norte
Sul
2%
13% Nordeste
21%

Centro Oeste
6%

Sudeste
58%

Figura 7. Distribuição das regiões de concentração das publicações no Brasil

Observa-se que 58% das publicações advem de Universidades das regiões do Sudeste do

país, sendo que a distribuição por publicação no estado de São Paulo é de 23 artigos, em Minas

Gerais 5, no Espírito Santo 3 e no Rio de Janeiro 1. Com 21% das publicações é evidenciada a

região Nordeste, sendo 4 delas em Pernambuco e 5 em Paraíba e 2 no Vale de São Francisco. 13%

das publicações localizadas estão associadas a produção no Sul, sendo 5 artigos identificados por

Rio Grande do Sul e 2 pelo Paraná. Na região Centro Oeste identifica-se 6% dos trabalhos, um

com referência de Mato Grosso do Sul, um de Goiás e um de Brasília.

Considerou-se para demonstração da distribuição da região de publicação na categorização

a participação de diferentes Universidades, hora podendo aparecer em um mesmo artigo, até três

instituições. Portanto, o percentual estatístico diverge em relação ao número total de artigos, pois

as publicações foram consideradas mais de uma vez para serem classificadas.

Dos autores que mais publicaram enumera-se Yves de La Taille, USP; Cleonice Camino,

Universidade Federal de Pernambuco; Leôncio Camino, Universidade Federal de Paraíba; Tereza

Montenegro, PUCSP; Leonardo Sampaio, Universidade Federal Vale do São Francisco; Vera
33
Lucia Trevisan Souza e Vera Maria Nigro de Souza Placco, PUC Campinas e PUCSP; Maria

Suzana de Stefano Menin, UNESP; Luciana Karine de Souza, Universidade Federal de Minas

Gerais e Alessandra de Morais Shimizu, UNESP.

Autores que mais publicam

Shimizu - 2
artigos
Yves de La Taille -
Souza, L. K. - 2 6 artigos
artigos

Menin - 2 artigos

Souza&Placco -
2 artigos
Cleonice Camino -
Sampaio - 2 4 artigos
artigos
Montenegro - 2 Leoncio Camino -
artigos 2 artigos

Figura 8. Distribuição de publicação por autores

Com relação à autoria, os 42 estudos selecionados, foram produzidos por 57 autores.

Pode-se considerar que em comparação a autores, ou grupo de autores, há evidência do

trabalho de Yves de La Taille, com mais estudos realizados. Embora, ainda que outros autores

tenham mais que uma publicação no decorrer do período levantado, isso permite supor que há

interesse pela pesquisa nesse foco temático, e possibilidade de continuidade de pesquisas.

Nos estudos identificados há prevalência de pesquisas de única autoria, embora

houvesse classificação demonstrando que pode existir variação de composição de dois até cinco

autores nos estudos, sendo importante considerar, que isso também demonstra participação de

diferentes referências de Universidades. Nota-se, que a reunião de mais autores para

composição de estudos dá maior abertura na atividade coletiva de produção de conhecimento, o


34
que pode ser uma ação que proporcione maior articulação de saberes, maiores trocas e

mobilização para novos estudos.

Números de autorias por artigo

5% 2%

14%
1
2
3
58% 4
21%
5

Figura 9. Distribuição do número de autores por artigo publicado

Em 73% (N=31) dos artigos não foi mencionado financiamento de pesquisa, em

nove teve-se referência ao CNPQ (um em graduação, três em doutorado, quatro não se

menciona o programa); em dois artigos fez-se referência à CAPES (sendo um ProDoc); em

dois artigos houve menção à FAPESP; em um à PICDT e em um à PIBIC.

Financiamento para pesquisa

7%
10%

Universidade Pública Federal


10%
Universidade Pública Estadual
Privada
Não mencionado

73%

Figura 10. Distribuição de frequência de financiamento para as pesquisas realizadas


35
Receberam financiamento para pesquisa acadêmicos da Universidade Federal de

Pernambuco, da Universidade Federal da Paraíba, da Universidade de Brasília, da UNESP,

da USP, da PUC São Paulo, da PUC Rio Grande do Sul e da Faculdade de Ciência e Saúde

de Garça.

O recebimento de financiamento para pesquisa pode ser, muita vezes, um estímulo

para crescimento e desenvolvimento de áreas de conhecimento. Quando há pouco incentivo

à produção, áreas podem ficar aquém no desenvolvimento.

O que se observa, no conjunto total dos estudos, é uma articulação de descritores

que conduzem a tendência de:

a) Partir de uma orientação de situação do tema a partir do Desenvolvimento

Humano, de questões relacionadas a Identidade do EU, Formação de Caráter,

Socialização, Participação Social e Direitos Humanos;

b) Tratar o Desenvolvimento Moral, o processo de Julgamento Moral, a formação

da Personalidade Moral, pensando no que consiste os valores morais e o

comportamento moral;

c) Abordar a questão dos conflitos e dilemas morais, éticos e mais recentemente

bioéticos;

d) Discutir acerca de sistemas de crenças, referências de autoridade, legitimação de

valores e virtudes como: justiça, generosidade, solidariedade, honra;

e) Pensar na aprendizagem e nas condições de educação que proporcionem

formação moral;

f) Aplicar no ambiente escolar, desde a educação infantil, interações orientadas

pela ética e moral;

g) Refletir a prática e formação do psicólogo em meio ao foco temático do assunto;

h) Superar violências;
36
i) Adotar instrumentos de medida para avaliação do julgamento moral;

Para finalizar, com base nos artigos é possível observar que o foco da temática vem

mantendo continuidade de pesquisa com base na média de produção anual. Tal interesse

encontra-se fortalecido e inspirador de novas investigações no Brasil.

Em geral observou-se predomínio de trabalhos de desenvolvimento teórico sobre o

tema, cujos autores mais citados são Piaget, Kohlberg e Vigotsky, e seus seguidores dentro

de tais abordagens, diga-se dentro da psicologia da psicogênese construtivista e

sociohistórica (Desenvolvimento teórico sobre o tema, associado à educação (Araújo,

2000); Desenvolvimento teórico sobre o tema, com consideração de novas perspectivas e

contribuições teóricas (Araújo, 2000); Desenvolvimento teórico sobre o tema, associado ao

estudo de virtudes (La Taille, 2000); Desenvolvimento teórico sobre o tema, introdução do

sentimento da vergonha e sua relação com a moralidade (La Taille, 2002; La Taille, 2006;

La Taille, 2007); Desenvolvimento teórico sobre o tema, fundamentação embasada na

teoria moral de Skinner (Abib, 2001); Desenvolvimento teórico sobre o tema, numa

perspectiva construtivista sociocultural (Martins & Branco, 2001); Desenvolvimento

teórico sobre o tema, numa perspectiva piagetiana (Freitas, 2002); Desenvolvimento teórico

sobre o tema, associado a valores na escola (Menin, 2002); Desenvolvimento teórico sobre

o tema, considerando olhares sobre questões de gênero (2003); AUTOR? Desenvolvimento

teórico, revisão da literatura (Lima, 2004); Desenvolvimento teórico sobre o tema,

associado a formação de valores (Souza & Placo, 2005); Desenvolvimento teórico sobre o

tema, foco de intervenção (Sampaio, 2007); Desenvolvimento teórico sobre o tema, com

foco de intervenção (Souza, 2007).

La Taille (2010) e Souza e Vasconcelos (2009) ressaltam apenas que por existir um

esgotamento nas referências clássicas, diga-se no modelo teórico construtivista, sobressai


37
novas considerações acerca do tema. Assim, dá-se princípio a uma nova conjectura que visa

articular diferentes perspectivas de análise psicológica da moralidade, e reconhecendo que a

própria diversidade teórica afirma a complexidade envolvida no tema, a questão emergente

são as fronteiras metodológicas, que poderão se contradizer entre si (La Taille, 2006). Ou

seja, o plano moral sempre será território do embate entre a prevalência da forma

(operações de inteligência, ou razão), ou das dimensões afetivas (energética das ações). O

que corrobora os dados encontrados, que evidenciam que os autores são críticos e

reconhecem que, embora as condições de generalização dos estudos já realizados

demonstrem sistematização do conhecimento e validade dos princípios adotados, é

importante conduzir novas inferências e considerações sobre o tema.

A tendência atual na Psicologia Moral é que as investigações considerem o papel da

afetividade como influenciador da natureza do juízo e da ação moral, relacionando estados

emocionais, raciocínio e organização do pensamento para resolução de conflitos de

natureza moral, conciliando interesses pessoais e coletivos. O que traz um novo parâmetro

para compreensão da ação moral, não apenas pautada na capacidade racional da justiça

(Araújo, 2000). O desenvolvimento moral consiste num processo de desenvolvimento

cognitivo – intelectual, que estão influenciados pelas dimensões pessoal, situacional e

cultural que os sujeitos se encontram, pressuposto construído com a evolução da concepção

de moralidade e afetividade nas últimas três décadas (Sampaio, 2007).

A introdução do tema virtudes morais na educação moral traz reflexões

consideráveis perante a limitação da ética moderna baseada no direito. Uma vez que as

virtudes morais não somente participam da gênese da moralidade, como representam traços

de caráter essenciais à coesão da personalidade moral (La Taille, 2000). Em meio às teorias

construídas a partir de uma concepção da moralidade por meio de fatores cognitivos e

baseados na justiça, deve-se ressalvar que não só os princípios de justiça participam do


38
juízo e da ação moral, entre eles, as virtudes são significativas no desenvolvimento moral

(Lima, 2004). Além disso, a introdução à importância de se considerar representações

sociais acerca do conceito justiça, pela concepção poder sofrer variações em decorrência da

influência da classe social do sujeito, escolaridade e mídia (Menin, 2000).

La Taille (2006) preocupa-se com tal diversidade quando considera o que será eleito

conteúdo pedagógico para educação moral, uma vez que quando se pensar em como tratar a

moral estará conflitando uma série de pressupostos. Como se deve optar trabalhar com a

questão moral? Destacando as relações afetivas entre os filhos e os pais? Recorrendo a

reflexão? Confiando na sabedoria biológica do ser humano? Disciplinando? Transmitindo

cultura? Tais indagações estão associadas aos conceitos decorrentes das abordagens já

citadas, e que também pode ser questionada em focos de intervenção.

Souza e Vaconcelos (2009) consideram que novas perspectivas que articulem a

diversidade, superam a inadequação dos modelos tradicionais no que está preconizado

sobre o juízo e a ação moral, considerando referenciais baseados nos paradigmas da

complexidade encontra-se inferências para conhecimentos inconclusivos. Por exemplo, os

trabalhos de Angela Branco em conjunto com colaboradores (Branco & Martins, 2001) têm

como proposta demonstrar que a linguagem e a cultura são elementos indispensáveis no

funcionamento psicológico moral. Nesse sentido, sinalizam para uma integração das

construções elaboradas pelos sujeitos e os elementos socioculturais na produção de

significados sobre si e o mundo. Os achados revelam que além de partir de postulados

tradicionais realizados na área de desenvolvimento moral, citando trabalhos de referência

em bases psicogenética Piagetiana e Kolhbeguiriana, há que se abordar teoricamente o tema

considerando um enfoque que reúna os aspectos socioculturais, cognitivos e afetivos

implicados no juízo e ação moral. Faz-se necessário entender a sistêmica e integrada

dinâmica do desenvolvimento moral do indivíduo, considerando a priori, a dimensão social


39
que o sujeito se encontra, e que de forma interativa e contextual está envolvido para

considerar como resolver conflitos morais, e nesse meio desenvolve suas crenças e valores

(Martins & Branco, 2001). Possuir intelectualmente, racionalmente, a competência de

julgamento moral, não garante, por si só, um comportamento moral socialmente desejável,

uma vez que os conflitos evidenciados se encontram entre a ordem pública e privada, entre

os interesses coletivos e o bem estar pessoal. Novas contribuições teóricas surgiram

recentemente com necessidade de integrar juízos, ações e interesses pessoais e coletivos.

Somente o princípio de justiça não é suficiente para estruturação da moralidade e novos

parâmetros para educação moral devem ser considerados, uma vez que sem negar o

princípio de justiça seja considerada a necessidade de organização da dimensão afetiva das

pessoas (Araújo, 2000).

Com isso, observa-se que a lacuna que se cria para estudos é superar as discussões e

os modelos teóricos e metodológicos que tratam como opostos e excludentes os temas da

moralidade, que se destaca nas relações entre razão e afetividade (Souza & Vaconcelos,

2009).

La Taille (2006) já demonstrava que também existe uma diversidade no que se

refere aos métodos de pesquisas empíricas, uns que se utilizam de entrevistas baseadas em

dilemas, uns em observações de comportamentos, uns em experimentos em laboratório,

outros no emprego de questionários. Souza e Vaconcelos (2009) consideram importante

pensar que é uma possível lacuna para trabalhos posteriores considerarem também revisão

da metodologia tradicional, a fim de aproximar-se da realidade concreta das vivências

morais dos indivíduos, superando os testes e questionários que tratam da dimensão abstrata

do sujeito moral. Carita e Tomé (2010) reforçam que seria importante promover o

confronto dos participantes de pesquisas empíricas com dilemas morais reais, em

conjunturas concretas e variadas de conflito moral. De acordo com os autores, ir-se-ia ao


40
encontro das críticas que se referem que nem só o conhecimento da situação, nem o

conhecimento do julgamento moral isolado, são suficientes para predizer ações morais, e

que a questão crítica é obter a ação moral (juízo moral) esperada na interação do sujeito

com a situação. Para o efeito, torna-se necessária conseguir a instrumentalizar o conceito

para realidade singular do sujeito, para conseguir de forma prática, medida adequada a

avaliação do juízo moral e dos preceitos influenciadores.

Atenta-se para o fato de que os instrumentos utilizados nas pesquisas identificadas

na área de Avaliação Psicológica, antes de serem usados como meio de análise, devem ser

adaptados ao uso em realidades que não atendam os critérios das populações já submetidas

a testes, considerando as especificidades de cada contexto que as pessoas vivem: as

condições culturais, econômicas, o nível de instrução, os recursos e a exposição aos fatores

de riscos encontrados no ambiente.

É importante também considerar que em meio a uma perspectiva relativista da

moral, não tem como ficar estabelecido categoricamente como comportamentos

qualificados como morais. A autonomia que o sujeito construir e tiver para responsabilizar-

se pelos seus atos implicam em novas considerações de formação moral, não normativa e

não universalista. Os princípios éticos governariam a consecução dos objetivos de

interação, de relacionamento e participação social, equilibrando os interesses pessoais com

a dimensão de direitos humanos gerais, a fim de preservar a existência de respeito e

dignidade entre os envolvidos. A educação e sua relação com a moralidade teriam como

objetivo proporcionar através da formação ética condições para o agir moralmente no

mundo, constituindo uma personalidade composta de valores, caráter e virtudes (Araujo,

2000). O que segundo La Taille (2010), pensar a motivação moral por intermédio das

opções éticas é uma nova perspectiva na psicologia do desenvolvimento moral. A

abordagem teórica que leva o nome de ‘personalidade ética’, considera que para
41
compreenderem-se os comportamentos morais (deveres) dos indivíduos, precisa-se

conhecer a perspectiva ética (reflexão da vida boa, do projeto de vida) adotadas por eles.

Essa consideração permite uma leitura com maior flexibilidade para considerar

comportamentos morais, uma vez da variedade de condutas que se observam nos

indivíduos.
42

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Face aos resultados obtidos na presente pesquisa, pode-se concluir que este trabalho

alcançou o propósito de contribuir para orientar possíveis direcionamentos para novas

pesquisas, considerando as lacunas apresentadas.

Pode-se verificar que o desenvolvimento teórico sobre o tema desenvolvimento

moral não apresenta um corpo conceitual único. O conceito é apresentado e contemplando

por uma diversidade de abordagens, seja as de princípios construtivista,

socioconstrutivista, ou de modelos com tendências de considerações afetivas, além de ser

atribuída a perspectiva do plano ético em considerações, tal plano que mesmo não estudado

com ênfase na psicologia é relevante para o pensar e a legitimação da moral.

Portanto, no estudo de levantamento foram apresentados os conceitos e definições

comuns no meio acadêmico que trata o assunto, e nos quais se basearam as pesquisas, sem

a pretensão de esgotar esses aspectos, que podem ser repensados e redefinidos por novos

estudiosos.

Pelas pesquisas realizadas, pode-se identificar que as tendências atuais de estudo no

que se refere a psicologia do desenvolvimento moral, pretendem não só entender as

condições que formam o juízo moral, mas o que legitima a motivação para a ação moral, o

que ainda entre pesquisadores não está definido com clareza. Pois, o que propulsiona o

homem para as suas ações ainda não está em consenso, uma vez que não somente a

aprovação ou a sanção promovem ou inibem comportamentos, uma vez que não só a razão

ou as paixões compõe uma ética para um agir moral em função da cultura, da sociedade, ou

apenas de afetos, e embora em meio a todos esses influenciadores exista princípios

reguladores e reforçadores de comportamentos não consegue-se alcançar um raciocínio


43
moral uniforme e válido universalmente por esses princípios, se pensarmos que o plano

moral pressupõe, enquanto processo psicológico, forma e conteúdo próprio.

Deve-se também ser considerado que a categorização das informações se baseou

apenas em dados contidos no corpo do resumo dos artigos, sendo assim, em determinadas

classificações não ficou declarada a formação do autor e suas titulações, o campo de

pesquisa, ou a área de atuação que se aplica a pesquisa, o que acabou sendo definido a

partir da leitura dos resumos por um segundo avaliador, e o que ressalva-se para que os

pesquisadores caracterizem-se de uma forma padronizada, para evitar inferências indevidas.

A pesquisadora conclui que, assim como preconizam os autores Eirizik e Trevisan

(2006), em meio a toda crise de valores e violências em nossa sociedade, não cabe e não é

propósito distinguir-se o ‘homem mau’ do ‘homem bom’, e que comportamentos

qualificam cada um desses dois. E como pensa Blasi, citado na apresentação do artigo, não

será papel do psicólogo julgar e estabelecer o que é ou não válido enquanto a moral, mais

que isso o psicólogo deve em sua prática conceber, considerar e refletir as condições

histórico-sociais que possibilitaram a emergência desses dois tipos de homens, as

instituições que estiveram inseridos, a política e a organização social, uma vez que elas são

o ambiente influenciador da subjetividade do indivíduo e que devem ser pensadas com o

indivíduo, pois são o ambiente formador da sua identidade e caráter, e no processo

indentitário também cabe ao indivíduo questioná-las. O reconhecimento das normas morais

como legítimo e categórico só será alcançado quando a referência da autoridade moral ser

revista nas instituições como um todo, e a referência da ética for adotada pelo indivíduo

afim de refletir o valor em si da prática da moral, para que simultaneamente a identificação

com o valor atribuído as suas ações, proporcione expansão de si.


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ANEXOS

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