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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
“OH SORA”:
ENTRE ESPALHAÇÕES DE UMA PEDAGOGA PRETA EM UM CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ADULTO
Porto Alegre
Maio de 2022
Aline Milena Castro Matos
“OH SORA”:
ENTRE ESPALHAÇÕES DE UMA PEDAGOGA PRETA EM UM CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ADULTO
Porto Alegre
Maio 2022
[RESUMO]
As narrativas compartilhadas nesta pesquisa são a materialização da palavra oral e do
cotidiano, de uma estudante de Pedagogia preta, que trabalhou em um Centro de Atenção
Psicossocial Adulto (CAPS). As minhas intenções, de afirmação de uma produção, de ser uma
pedagoga em um espaço dito como da saúde e de teorizar sobre esse lugar, provoca que
pensemos o deslocamento da Pedagogia como categoria profissional. Em busca de uma
abordagem teórica-metodológica que esteja aberta para as poesias do cotidiano e ao não
enunciável do ensino-aprendizagem, a metodologia desta pesquisa foi desenvolvida durante o
ato de pesquisar e é denominada de Espalhações. Defendendo que não há pesquisa isenta do
olhar e ação do pesquisador, procuro espalhar-me nas páginas da pesquisa, reivindicando,
assim como Audre Lorde, a energia criativa das mulheres que culturalmente são ensinadas a
dissociar o erótico de seus afazeres.
Gratidão:
#01
CONCEITOS …………………………………………………………..……….08
#02
#03
Escuta pedagógica…………………………………………………………...…...35
#04
#05
#06
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………….…….46
#07
ANEXO……………………………….……………………………….…….49
#1
[CONCEITOS]
RAPS: Rede de Atenção Psicossocial, instituída pela portaria 3.088 de 2011 (BRASIL, 2011)
“[...]cuja finalidade é a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para
pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).” (Brasil, 2011).
Um dos serviços da rede são os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
CAPS II: O Centro de Atenção Psicossocial II, é um serviço do Sistema Único de Saúde
(SUS) que compõem a Rede de Atenção Psicossocial, especializado no tratamento de pessoas
que possuem transtornos mentais graves, cuja severidade justifique a permanência em
ambiente de cuidado intensivo, comunitário e personalizado. Tem por princípio fornecer
atendimento multidisciplinar, e sua equipe assistencial conta com profissionais da área de
Enfermagem, Psiquiatria, Educação Física, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Psicologia e
Pedagogia.
USUÁRIOS: O termo usuário (BRASIL, 2008), refere-se a um sujeito que não é passivo
(paciente) quanto ao seu tratamento. Pelo contrário, entende-se o usuário como uma pessoa de
autonomia, ativo nas tomadas de decisões de seu plano terapêutico.
PRETA/O: Utilizo ao longo deste trabalho, e da vida pessoal, como contraponto ao termo
negra/o, considerando que este último é popularmente utilizado para referir-se a algo ruim,
ofensivo, exótico.
o amor cabe na acadêmia?
[nota da escritora]
DAS MINHAS
INTENÇÕES E INQUIETAÇÕES
Essa escrita trás intenções que surgem através das vivências, leituras, diários de
campos, atendimentos individuais e em grupo com usuários de um Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) Adulto. Intencionou-se uma pesquisa em educação e saúde, a partir de
uma perspectiva pedagógica, construída com referenciais teóricos pretas e pretos.
Que conhecimento tem sido parte das agendas acadêmicas? Quais conhecimentos não
fazem parte? Que conhecimento é esse? Quem está autorizado a ter esse
conhecimento? Quem não está? Quem pode ensinar esse conhecimento? Quem não
pode? Quem habita a academia? Quem está às margens? E, finalmente: quem pode
falar? (KILOMBA, 2019, p.50).
Uma pesquisa quase nua. Quase porque não dispo-me totalmente, entendo que é
importante pequenos fragmentos, que somente esta pesquisadora sabe sobre este trabalho.
Trabalho que vai transformando o desejo de compartilhar as minhas experiências em ação
concreta. Uma ação concreta de aprendizagem (LORDE, 2019).
Poderia eu colocar
as minhas inquietações,
como lista de mercado,
nessa escrita de Trabalho de Conclusão de Curso?
Poderia eu discorrer rapidamente o que sinto quando pesquiso? Como fazer dessa
escrita uma experiência? Como espalhar nessas páginas os amores e desamores encontrados
ao longo desse processo de ser uma pedagoga em um CAPS?
Apoio-me numa escuta. Uma escuta do que agita e acalma. Para encontrar o sul
(FREIRE, 1992) e aterrar. Uma escuta do que agita e acalma para entender a importância de
afirmar a Pedagogia em espaços não-escolares.
Agita-me toda vez que escuto: “legal, tu quer ser professora!”, quando falo que curso
Licenciatura em Pedagogia. Acalma-me toda vez que encontro outros corpos que buscam um
movimento de expansão da educação para além do território da sala de aula.
Uma educação que está entre, descobrindo e sustentando um lugar outro da pedagoga
e do pedagogo, conectando com outras perspectivas pedagógicas, no caso desta pesquisa,
perspectivas pedagógicas do cuidado em saúde e educação.
Uma escuta do que agita e acalma para entender que por falta de entendimento de
gestões e de financiamentos dos órgão responsáveis, a Pedagogia deixou de ser contemplada
nos editais de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RIS-SMC/UFRGS), nos restando um pouco
menos do que já tínhamos.
Embora necessários, os estágios não são o suficiente para essa pedagoga em processo
de finalização da graduação, que sente vontade de ir mais. Por isso, a escuta do que agita: a
especialização através da RISM-SMC deixou de abrir vagas para Pedagogia, nos tirando as
poucas possibilidades de inserção nesses espaços para compor equipes multiprofissionais em
uma especialização, com o objetivo de expansão de estudos e formação em serviço. De novo.
São os amores e desamores que embalam e inspiram esta escrita que: defende,
denúncia, explica, alega, narra e diz de maneira intencionada o que pode dizer. Entendo esse
movimento como levantamento de informações, afinal “[...]o modo de contar/relatar/dizer
também é de produzir dados” (PINTO; VASCONCELOS, 2020, p.157).
O QUE É UMA
PESQUISA DE ESPALHAÇÕES?
Encontro nas espalhações um modo de investigação que requer três passos para o seu
desenvolvimento: vivência; processo; materialidades:
Essas são apenas algumas perguntas que possibilitam o pensamento daquilo que é
característico de cada uma e cada um. As vivências, e os modos como elas são construídas,
são o que de fato trazem os pesquisadores ao momento presente da investigação, o que
reverbera naquela ou naquele é o que faz ela ou ele chegar até ali.
Para esta autora, que vos escreve, reconhecer que todos aqueles que me antecederam,
em tudo aquilo que eu faço e vivo, são partes essenciais no processo de uma narrativa
presente, é preservar as memórias e vivências de um lugar sagrado e de resistência. (GOMES,
2019).
a pensar o processo de desenvolvimento deste trabalho acadêmico. Entendo que essa abertura,
de compartilhar o que passa por essa corpa (GOMES, 2019) é o que me aproxima do leitor e,
assim como Audre Lorde (2019, p. 105), afirmo que: “[...] essa é a intimidade da investigação
que é necessária para ensinar verdadeiramente, para escrever, para viver.”.
Processo, gosto de pensar esse segundo passo, para entender as espalhações como
uma metodologia de pesquisa, subdividido em dois momentos: o processo de sistematização
ou escrita e o processo de intervenção.
Encontro nos meus diários de campo, nos registros de atendimentos coletivos, nos
atendimentos individuais, nas oficinas terapêuticas e nos seminários do CAPS, uma forma de
produzir paisagens vivas, sendo uma educadora nas minhas produções, proposições e
resultados, colocando a vida como uma obra aberta, como uma obra em artesania, como
materialidades e visualidades em espalhação.
As folhas em brancos que sobraram dos diários usados, foram rasgadas e arrematadas
com barbante, formando um caderninho de vinte e cinco (25) folhas, reunindo diferentes
formas, cores e texturas.
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Todo o material foi envolto em um tecido, também arrematado com barbante. Essa
descrição detalhada do diário compartilhado é importante para que se possa sentir, mesmo que
à distância, como leitora ou leitor, o cuidado com o material produzido.
Diário, um objeto simples que é capaz de permitir que possamos pegar em nossas
mãos todas as nossas emoções que foram traduzidas em palavras, riscações (MATOS, 2022)
ou desenhos.
1 DE JULHO. Eu percebo que se este Diário for publicado vai magoar muita
gente. Tem pessoa que quando me vê passar saem da janela ou fecham as
portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar
para conversar. (...) Quando passei perto da fábrica vi vários tomates. Ia pegar
quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que pega. Quando
descarregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões
saem esmaga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar do que
deixar seus semelhantes aproveitar. Quando ele afastou-se fui pegar uns
tomates. Depois fui catar mais papéis. Encontrei o Sansão. O carteiro. Ele
ainda não cortou os cabelos. Ele estava com os olhos vermelhos. Pensei: será
que ele chorou? Ou vontade de fumar ou está com fome! Coisas tão comum
aqui no Brasil. Fitei o seu uniforme descorado. O senhor Kubstchek que
aprecia pompas devia dar outros uniformes para os carteiros. Ele olha-me com
o meu saco de papel. Percebi que ele confia em mim. As pessoas sem apoio
igual ao carteiro quando encontra alguém que condói-se deles, reanimam o
espírito. (CAROLINA DE JESUS, 2016, p. 66).
1
Mulher, negra, mineira, catadora de papel e posteriormente escritora. Carolina recolhia os cadernos que
encontrava no material que recolhia, para registrar em forma de diário o cotidiano da vida na favela do Canindé
em São Paulo. Publicou mais de três livros em vida e teve mais seis obras publicadas após a sua morte,
organizadas a partir dos escritos que deixou.
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de registro que a autora encontra a forma para traduzir as minúcias do dia-a-dia de uma
mulher, preta e pobre, que para a sociedade não vale um tomate caído no chão.
Assim como Grada Kilomba (2019, p. 68) esta pesquisa entende que “[...] a margem é
um local que nutre a nossa capacidade de resistir à opressão, de transformar e de imaginar
mundos alternativos[...]”, por isso, vai se desenvolvendo através da via da sensibilidade, que
não é sinônimo de fraqueza, impulsionada pelos diferentes modos de existir (GAI; MATOS,
2021, p.3).
Uma pesquisa de espalhações que perpassa por um tempo, cuidado e está aberta às
possibilidades de reinvenção na ação do ato de pesquisar. Uma pesquisa que é convidada a
oralidade pela terceira pesquisadora que participa da coleta de dados, para assim produzir uma
conversação entre duas mulheres pretas.
Afinal, o que pode surgir numa conversação, entre mulheres pretas, sobre o processo
de aceitação de identidade, diz de um lugar de fala singular e que requer um acolhimento em
ato.
2
Mulher, negra, poeta, carioca e “doente mental” - como ela mesmo dizia. Viveu 26 anos no manicômio Colônia
Juliano Moreira na cidade do Rio de Janeiro. Stela do Patrocínio ficou conhecida pelo seu falatório, que depois
da sua morte foi transcrito e organizado em um livro intitulado “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome”.
26
#03
“Outro saber que não posso duvidar um
momento sequer na minha
prática educativo-crítica
é o de que, como experiência especificamente
humana, a educação é uma forma de
intervenção no mundo”.
(FREIRE, 2014, p. 96).
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UMA PEDAGOGA
ENTRE TERRITÓRIOS
Entre-territórios transita por sensações e marcas dessa corpa (GOMES, 2019), que sai
da atuação em sala de aula e vai para o trabalho pedagógico-terapêutico desenvolvido com
usuários de um CAPS adulto. Entre-territórios, descobrindo e sustentando um lugar outro da
pedagoga e do pedagogo.
Ao chegar na CAPS sou chamada de sora. A sora, assim como na sala de aula onde
se desenvolve a docência com crianças. Essa palavra como forma de expressão vem carregada
de afeto, já como forma de nomeação, me faz constatar as seguintes questões:
SER PROFESSORA
É SER PEDAGOGA?
Questionado, desde sua origem, o Curso de Pedagogia passou por várias alterações em
seus programas de ensino, propostas pedagógicas e organizações curriculares, o que faz com
que a discussão em torno da identidade deste profissional tenha sofrido muitos descréditos
pessoais e sociais. Aqui temos o ponto chave para pensar uma construção em fragmentos, e
que necessitava de cŕedito frente aqueles que questionavam a oferta frente a nível superior dos
cursos de Pedagogia, já que diante desse cenário iniciaram-se investimentos organizacionais
no cenário escolar.
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Buscando fazer o deslocamento desses conceitos, esta pesquisa entende que toda
pedagoga pode ser professora, mas nem toda professora é necessariamente pedagoga. Aqui
poderia abrir mais alguns pontos, sendo eles: as demais licenciaturas e a formação em
magistério. Preocupada em chegar no direcionamento: espaço que a Pedagogia pode atuar,
não me debruçarei sobre essas reflexões, que poderão reverberar de forma mais forte em
outros momentos.
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SER PEDAGOGA
É SER PROFESSORA?
Portanto, cabe a pedagoga estar atenta aos interesses e objetivos do espaço que se está
atuando, para que assim a sua abordagem pedagógica seja efetiva e efetivada. Por isso, esta
pesquisa defende o descolamento do “ser pedagoga” e “ser professora”, uma vez que todo
espaço que possui processos educativos é um lugar de atuação da pedagoga.
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Imagem 5: Diário 01 - Trocas com uma pedagoga que é Acompanhante Terapêutica. Fonte: Arquivo
da autora.
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A PEDAGOGIA EM SAÍDA:
Quando comecei a atuar em um CAPS, uma das primeiras coisas que me chamou
atenção foi a convocação para escuta e experimentação do silêncio. Falas calmas. Tons
serenos e lentificados. Eu recém havia saído da sala de aula com crianças, habituada a usar
um tom de voz alto, a estar fazendo uma intervenção atrás da outra. Na sala de aula não
aprendemos o tempo do silêncio. Na sala de aula o silêncio indica outros fatores para a
professora e sua docência.
Diferente dos silêncios que indicam uma tentativa de docilização dos corpos.
Diferente das lógicas manicomiais que até hoje buscam atualizar-se em algumas práticas do
cotidiano do cuidado em saúde mental.
O silêncio que permite o eco e a reverberação também precisam existir, mas para isso
algumas vozes precisam se recolher para oportunizar que outras existam. Diante disso, faço
um convite para pensarmos: Quem são as pessoas que têm pautado isso?
O silêncio no qual eu proponho nessa escrita é uma forma de trazer a ruptura da ação
da professora em sala de aula e a ação da pedagoga que chega em um CAPS. Ao transitar
entre esses territórios, vou compreendendo que naquele serviço de saúde mental, eu não era a
professora.
ocupacionais, áreas voltadas para saúde ou assistenciais, fui me questionando: o que pode
uma pedagoga em um CAPS? O que da nossa categoria os outros profissionais não poderiam
exercer? Todas as atividades da Pedagogia são transversais? Porque a educação deve atuar em
um espaço de saúde? Será que a equipe do CAPS percebe os processos pedagógicos como
próprios do fazer da pedagoga?
Esse último questionamento vem pois existe uma tendência das atividades de relações
humanas serem incorporadas por qualquer profissional, o que me preocupa é que mesmo com
trabalhos transversais todas as categorias profissionais possuem o seu campo de atuação bem
marcado, enquanto as atividades executadas por um profissional de Pedagogia carregam uma
impressão de que podem ser realizadas por qualquer um.
O que observo em minha pequena trajetória na saúde mental é uma tendência dos
grupos e oficinas a diminuir o nível de aprendizagem de uma tarefa ou preocupar-se muito
com o resultado final. Embora o resultado final seja importante para que o usuário perceba
que ele é capaz de realizar uma tarefa, não cabe a nenhum profissional passar por cima da
autonomia daquele sujeito durante o processo.
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ESCUTA PEDAGÓGICA
“Quando nos dispomos a escutar, ficar em silêncio basta?”. Entendo como escuta
pedagógica uma escuta presente, uma escuta que dentro do nosso contexto de serviço de
saúde mental envolve uma devolutiva, que não necessariamente será uma resposta frente a
alguma atitude a ser tomada, mas sim uma escuta a partir de uma voz que se recolhe de
maneira intencional para que outras vozes possam ecoar. A escuta diz da necessidade do
usuário de falar e não do profissional a exercer algum tipo de “poder” sobre o escutado.
A escuta de uma pedagoga é? Intencional. Postura ética. Entende que o corpo fala.
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#04
“Celebro um ensino que permita as
UMA ESCRITA
DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
Naquele nosso pequeno território (MATOS, 2021) o estímulo precisava ser muito
ativo, para que o usuário participasse pela primeira vez de alguma atividade conosco.
Considero que essa prática só criava um fluxo, pois os usuários demonstravam engajamento
em cada proposição e o que vinha a partir eram méritos dos usuários e não do propositor.
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Promovendo o exercício da cidadania e acesso cultural, junto com Van Gogh, Mário
Quintana, Fernando Pessoa, Cora Coralina, Emicida, Gilberto Gil, Elza Soares e tantos outros,
descobrimos nossas próprias artistagens (CORAZZA, 2006).
Da nossa sala de convivência à uma feira do livro no centro da cidade, sempre tive o
cuidado de capturar, seja no gesto ou na fala, os movimentos que os usuários faziam em
contato com o território. Insiro aqui alguns registros da nossas minúcias do cotidiano:
“A minha tá ali!"
Reconhecimento de sua produção, que foi exposta em uma banca na feira do livro da cidade.
“Eu quero que a pandemia passe pra gente estar tudo aí”
Durante um dos nossos encontros online em meio a pandemia de Covid-19.
Imagem 9: Nossos pés nos quadros de Van Gogh Fonte: Arquivo da autora.
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Imagem 11: Confecção do varal de poesias que expomos na feira do livro da cidade. Fonte: Arquivo da autora.
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#05
“E nos lugares em que as palavras das
mulheres clamam para ser ouvidas, cada uma
O QUE FICA
DAS ESPALHAÇÕES?
Por isso tudo, defendo que é preciso mais pesquisas que sigam
apontando o que é próprio da área da pedagogia e da atuação da
pedagoga nos locais de atenção à saúde mental, para que assim
possamos ir abrindo mais brechas e frestas possíveis de atuação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em:
https://www.anfope.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Nota-ao-CNE-sobre-Proposta-DCNS-
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2020.
CADORE, Paula; Gai, Daniele Noal Gai et al. Artesaniando possibilidades de acolhimento
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Disponível em: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/. Acesso em 01 jun de 2021.
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Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
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JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo – diário de uma favelada. São Paulo: Ática,
2014.
LORDE, Audre. Irmã Outsider. Tradução de Stephanie Borges. São Paulo: Autêntica
Editora, 2019.
PATROCÍNIO, Stela. Reino dos Bichos e dos Animais é o meu nome. Rio de Janeiro:
Azougue editorial, 2001.
ANEXO 1
50