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Introdução À Qualidade Das Águas e Ao Tratamento de Esgotos
Introdução À Qualidade Das Águas e Ao Tratamento de Esgotos
DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
VOLUME I
2- Edição Revisad.i
Introdução à 5
MARCOS V O N SPERLING
Í C E F E T E S . BIBLIOTECA
I registro n . ® —
| DATA: i—j
Belo Horizonte
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - DESA_
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Copyright© 1995,1996, by Marcos von Sperling
Este livro não pode ser reproduzido por qualquer meio
sem autorização escrita do autor.
Capa, Editoração Eletrônica e Impressão: SEGRAC (031) 411-7077
Impresso no Brasil
Ia edição (1995) - 1000 exemplares
T edição (1996) - 1000 exemplares
2" reimpressão (1998) - 1500 exemplares
Ficha catalográfica
CDU: 628.35.
Apoio:
• DESA-UFMG (Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da
• Universidade Federal de Minas Gerais)
• Projeto DESA/GTZ (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica)
• CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
ETFES-Biblioteca
CAPÍTULO 1
Noções de qualidade das águas
1. INTRODUÇÃO 11
2. A ÁGUA NA NATUREZA 12
2.1. Distribuição da água na terra .' 12
2.2. Ciclo hidrológico 13
3. A ÁGUA E O HOMEM 15
3.1. Usos da água , 15
Ciclo do uso da água 16
CAPITULO
Impacto do lançamento de illmiilrs nos rm pos receptores
CAPÍTULO 4
Níveis, processos e sistemas tle trutiimciilo
CAPÍTULO 5
Estudos preliminares para projetos
ETFES-Biblioteca
1. INTRODUÇÃO
F Í R . 1.1. E x e m p l o s dc inlciTclu^iiocntn.' uso o orupm,.»> <lu .< iln > n ruir-. iillci ailorcs da qualidade da água
2. A AGUA NA NATUREZA
-TOTAL: 100,0%
Pode-se ver claramente que, da água disponível, apenas 0,K' í pode ser utilizada
mais facilmente para abastecimento público. Desta pequena fração de 0,8%, apenas
3% apresentam-se na forma de água superficial, de extração mais fácil. Esses valores
ressaltam a grande importância de sc preservar os recursos hídricos na Terra, c
de se evitar a contaminação da pequena fração mais facilmente disponível.
Uma vez visto como a água se distribui em nosso planeta, é importante também
o conhecimento de como a água se movimenta de um meio para outro na Terra. A
essa circulação da água se dá o nome de ciclo hidrológico.
A Figura 2.1 apresenta o ciclo hidrológico de uma forma simplificada. Nesse ciclo,
dislinguem-se os seguintes mecanismos de transferência da água:
• precipitação
• escoamento superficial
a) Precipitação
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da
ferra. As principais formas são: chuva, neve, granizo e orvalho. A precipitação é
formada a partir dos seguintes estágios:
• resfriamento do ar à proximidade da saturação
• condensação do vapor d'agua na forma de gotículas
• aumento do tamanho das gotículas porcoalisão e aderência até que este jam grandes
o suficiente para formar a precipitação
b) Escoamento superficial
A precipitação que atinge a superfície da Terra tem dois caminhos por onde seguir:
escoar na superfície ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável pelo
deslocamento da água sobre o solo, formando córregos, lagos e rios e eventualmente
O
ter
(^PRECIPITAÇÃO
EVAPORAÇÃO
INFILTRAÇÃO TRANSPIRAÇÃO
"'«WC;:,
AGUA SUBTESIÍMM
atingindo o mar. A quantidade de água tpu- escoa depende dos seguintes fatores
principais:
• intensidade da chuva
• capacidade de infiltração do solo
c) Infiltração
A infiltração corresponde à água que atinge o solo, formando os lençóis d'água.
A água subterrânea é grandemente responsável peia alimentação dos corpos d'água
superficiais, principalmente nos períodos secos. Um solo coberto com vegetação (ou
seja, com menor impermeabilização advinda, por exemplo, da urbanização) é capaz
de desempenhar melhor as seguintes importantes funções:
• menos escoamento superficial (menos enchentes nos períodos chuvosos)
• mais infiltração (maior alimentação dos rios nos períodos secos)
• menos carreamento de partículas do solo para os cursos d'água
d) Evapotranspiração
A transferência da água para o meio atmosférico se dá através dos seguintes
principais mecanismos, conjuntamente denominados de evapotranspiração:
• Evaporação', transferência da água superficial do estado líquido para o gasoso. A
evaporação depende da temperatura e da umidade relativa do ar.
• Transpiração: as plantas retiram a água do solo pelas raízes. A água é transferida
para as folhas e então evapora. Esle mecanismo é importante, considerando-se que
3. A ÁGUA E O HOMEM
Além do ciclo da água no globo terrestre, existem ciclos internos, em que a água
permanece na sua forma líquida, mas tem as suas características alteradas em virtude
da sua utilização. A Figura 3.1 mostra um exemplo de um ciclo típico do uso da água.
Neste ciclo, a qualidade da água c alterada em cada etapa do seu percurso.
REDE DE DISTRIBUIÇÃO
Fifi. 3.1. C i c l o do uso da água
()s diversos componentes presentes na água, e que alteram o seu grau de pureza,
podem ser retratados, de uma maneira ampla e simplificada, em termos das suas
11iracterísticas físicas, químicas e biológicas. Estas características podem ser tradu-
zidas na forma de parâmetros de qualidade da água, os quais são abordados no Item
^ As principais características da água podem ser expressas como:
• í 'aracterísticas físicas. As impurezas enfocadas do ponto de vista físico estão
associadas, em sua maior parte, aos sólidos presentes na água. Estes sólidos podem
.ser em suspensão, coloidais ou dissolvidos, dependendo do seu tamanho.
• í 'aracterísticas químicas. As características químicas de uma água podem ser
interpretadas através de uma das duas classificações: matéria orgânica ou inorgâ-
nica.
• < 'aracterísticas biológicas. Os seres presentes na água podem ser vivos ou mortos.
I lentre os seres vivos, tem-se os pertencentes aos reinos animai e vegetal, além dos
protistas.
A Figura 4.1 apresenta de forma diagramática estas interrelações. Os principais
hípicos são explicados em maior detalhe nos itens seguintes. Antes de se proceder à
análise dos diversos parâmetros de qualidade da água, apresenta-se uma introdução
a dois tópicos de fundamental importância: (a) sólidos presentes na água e (b)
iHC.anismos presentes na água.
As características específicas das águas residuárias encontram-se abordadas no
('iipftulo 2.
ALGÁS, PROlbZ. !
1 1 !
; 1 i 1
BACTÉRIAS i
1 1
;
D SSOLVIl >OS c OLOIDA IS j _ SUSPENSOS
Microrganismo DftSCMçrln
- O r g a n i s m o s m o n e r a unicelulares.
- A p r e s e n t a m - s e e m várias l o r m a s e tamanho!;
Bactérias
- S â o os p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s p e t i e s t a b i l i z a ç ã o d a matéria o r g â n i c a .
- A l g u m a s b a c t é r i a s s ã o p,ikn|éni. ; i-.. r . nj:,an<In |»ini:i| mlmente d o e n ç a s intestinais.
• O r g a n i s m o s unicelulares s e m p a r e d e c e l u l a i
- A m a i o r i a è a e r ó b i a o u facultativa.
- A l i m e n t a m - s e d e bactérias, a l g a s e outros m i c r o r u i i n i s n u r .
Protozoários
• São e s s e n c i a i s no tratamento b i o l ó g i c o p a r a a uianntnii., . i " d ri equilíbrio entre
os diversos grupos.
- Alguns são patogênicos.
- A n i m a i s superiores.
Helmintos
O v o s d e helmintos p r e s e n t e s nos e s g o t o s p o d e m <.. nr.:ii < frwttiças.
Fonls: Silva «• Mara (1979), Tchabanoglous e Schroeder (1985). Molcall & Eddy (1091)
Monera Protista
Característica
Bactérias Afqas Cianoficeas Algas Piotozoários Fungos
Cor
Sabor e odor
Temperatura \
PH
Alcalinidade
Conceito: Quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os íons hidrogê-
nio. E uma medição da capacidade da água de neutralizar os ácidos (capacidade de
resistir às mudanças de pH: capacidade tampão). Os principais constituintes da
alcalinidade são os bicarbonatos (HCOi ), carbonatos (CO*2") e os hidróxidos (OH").
A distribuição entre as três formas na água é função do pi I.
Forma do constituinte responsável: Sólidos dissolvidos
Origem natural:
• Dissolução de rochas
- Reação do C O j com a água (CO2 resultante da atmosfera ou da decomposição da
matéria orgânica)
Origem antropogênica:
- Despejos industriais
Importância:
- Não tem significado sanitário para a água potável, mas em elevadas concentrações
confere um gosto amargo para a água
- E uma determinação importante no controle do tratamento de água, estando
relacionada com a coagulação, redução de dureza e prevenção da corrosão em
tubulações
- É uma determinação importante no tratamento de esgotos, quando há evidências
de que a redução do pH pode afetar os microrganismos responsáveis pela depuração
Acidez
I >u reza
Conceito: O ferro e o manganês estão presentes nas formas insolúveis (Fe14" e M n < f )
numa grande quantidade de tipos de solos. Na ausência de oxigênio dissolvido (ex:
água subterrânea ou fundo de lagos), eles se apresentam na forma solúvel (Fe2+ e
Mn 2+ ). Caso a água contendo as formas reduzidas seja exposta ao ar atmosférico (ex:
na torneira do consumidor), o ferro e o manganês voltam a se oxidar às suas formas
insolúveis (Fe 3+ e Mn 4+ ), o que pode causar cor na água, além de manchar roupas
durante a lavagem.
Forma do constituinte responsável: Sólidos em suspensão ou dissolvidos
Origem natural:
- Dissolução de compostos do solo
Origem antropogênica:
- Despejos industriais
Importância:
- Tem pouco significado sauilario nas concentrações usualmente encontradas nas
águas naturais
- Em pequenas concentrações causam problemas de cor na água
- Em certas concentrações, podem causar sabor e odor (mas, nessas concentrações,
o consumidor já rejeitou a água, devido à cor)
Utilização mais frequente do parâmetro:
- Caracterização de águas de abastecimento brutas e tratadas
Unidade: mg/l
Interpretação dos resultados:
- Em termos de tratamento e abastecimento público de água
• ver Padrão de Potabilidade
- Em termos do tratamento de águas residuárias:
• ver Padrão de Lançamento
- Em termos dos corpos d'água
• ver Padrão de Corpos d'Água
Cloretos
Conceito: Todas as águas naturais, em maior ou menor escala, contêm íons resultantes
da dissolução de minerais. Os cloretos (Cl") são advindos da dissolução de sais (ex:
cloreto de sódio).
Forma do constituinte responsável: Sólidos dissolvidos
Origem natural;
- Dissolução de minerais
- Intrusão de águas salinas
Nitrogênio
• unceito: Dentro do ciclo do nitrogênio na biosfera, este alterna se entre várias formas
f CKtados dc oxidação. No meio aquático, o nitrogênio pode ser encontrado nas seguintes
luiinas: (a) nitrogênio molecular (N2), escapando para a atmosfera, (b) nitrogênio
tirânico (dissolvido e em suspensão), (c) amónia, (d) niti ito (NO > ) c (c) nitrato (NO.O-
l (irmã do constituinte responsável: Sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos
< >1 Igem natural:
t Constituinte de proteínas, clorofila e vários outros compostos biológicos
' igem antropogênica:
I )cspejos domésticos
Despejos industriais
I !xcrementos de animais
fertilizantes
importância:
1» nitrogênio na forma dc nitrato está associado a doenças como a metahemoglo-
Imit-mia (síndrome do bebê azul)
1> nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando
ri» elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento
exagerado desses organismos (processo denominado eutrofização)
< > nitrogênio, nos processos bioquímicos de conversão da amónia a nitrito e deste
•1 nitrato, implica no consumo de oxigênio dissolvido do meio (o que pode afetar a
vidn aquática)
II nitrogênio na forma de amónia livre é diretamente tóxico aos peixes
() nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento dos microrganismos
1.".pousáveis pelo tratamento de esgotos
I ósforo
Oxigênio dissolvido
Matéria orgânica
Conceito: A matéria orgânica presente nos corpos d'água e nos esgotos é uma
característica de primordial importância, sendo a causadora do principal problema de
poluição das águas: o consumo do oxigênio dissolvido pelos microrganismos nos
seus processos metabólicos de utilização e estabilização da matéria orgânica. Os
principais componentes orgânicos são os compostos de proteína, os carboidratos, a
gordura e os óleos, além da uréia, surfactantes, fenóis, pesticidas e outros em menor
quantidade. A matéria carbonácea divide-se nas seguintes frações: (a) não biodegra-
dável (em suspensão e dissolvida) e (b) biodegradável (em suspensão e dissolvida).
Em termos práticos, usualmente não há necessidade de se caracterizar a matéria
orgânica em termos de proteínas, gorduras, carboidratos etc. Ademais, hã uma grande
dificuldade na determinação laboratorial dos diversos componentes da matéria orgâ-
nica nas águas residuárias, face à multiplicidade de formas e compostos em que a
mesma pode se apresentar. Em assim sendo, utilizam-se normalmente métodos
indiretos para a quantificação da matéria orgânica, ou do seu potencial poluidor. Nesta
linha, existem duas principais categorias: (a) Medição do consumo de oxigênio
(Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO; Demanda Química de Oxigênio (DQO)
e (b) Medição do carbono orgânico (Carbono Orgânico Total - COT). A DBO é o
Micropoluentes inorgânicos
t 'nnceito: Uma grande partedos micropoluentes inorgânicos são tóxicos. Entre estes,
leni especial destaque os metais pesados. Entre os metais pesados que se dissolvem
n.i água incluem-se o arsénio, cádmio, cromo', chumbo, mercúrio e prata. Vários
«testes metais se concentram na cadeia alimentar, resultando num grande perigo para
os organismos situados nos degraus superiores. Felizmente as concentrações dos
melais tóxicos nos ambientes aquáticos naturais são bem pequenas. Além dos metais
pesados, há outros micropoluentes inorgânicos de importância em termos de saúde
I níblica, como os cianetos, o flúor e outros.
• orma do constituinte responsável: sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos
Micropoluentes orgânicos
Diarréia e x t r e m a m e n t e forte,
CAIara Bactéria ( V i b r i o cholerae)
d e s i d r a t a ç ã o , alta taxa de m o r t a l i d a d e
Febre e l e v a d a , diarréia, u l c e r a ç ã o d o
I obro lifóide Bactéria ( S a l m o n e l l a typhi)
intestino d e l g a d o
Protozoário ( E n t a m o e b a Diarréia p r o l o n g a d a , c o m s a n g r a m e n t o ,
I ilMinleiia amebiana
histolytica) a b s c e s s o s no f í g a d o e intestino fino
I n f l a m a ç ã o d o s olhos, c e g u e i r a
Fracoma C l a m í d e a (Chlamydia tracomatis)
c o m p l e t a o u parcial
Diarréia, a u m e n t o d o b a ç o e d o fígado,
I ••> i m M o s s o m o s e Helminto (Schistosoma)
hemorragias
Febre, forte d o r d e c a b e ç a , d o r e s n a s
I )engue Virus (flavivírus)
juntas e m ú s c u l o s , e r u p ç õ e s
O b s t r u ç ã o d e vasos, d e f o r m a ç ã o d e
Filariose Helminto ( W u c h e r e r i a bancrofti)
tecidos
Cor X
fuiAmelros físicos Turbidez X
Sabor e odor X X X
pH X X
Alcalinidade X
Acidez X X
Dureza X
Ferro e manganês X X
Cloretos X
fnr/lmelros químicos
Nitrogênio X X
Fósforo X X
Oxigênio dissolvido X
Matéria orgânica X X
Metais pesados X X
Micíopoluentes orgânicos X
Organismos indicadores X
1 'tiiAmetros biológicos Algas X
Bactérias X
Águas Corpos
Aguas para abastecimento
residuárias receptores
qlÉiflr, Parâmetro Água Água
Nul Ii HS superficial subterrânea Bruta Tratada Rio Lago
Cor . X(D
I-HT IIIIMIIM'. Turbicfez X
Sabor e odor X
Temperatura X
PH
Alcalinidade
Acidez
Dureza
Ferro e m a n g a n ê s
C i o retos
I'. ii .In ietros N itrogênio
químicos Fósforo
Oxigênio dissolvido ,(2>
Matéria o r g â n i c a
Mícropol.inorg.
(diversos)'3'
Micropol.orgân.
(diversosp}
Organismos
indicadores X
I 'unlmetros
A l g a s (diversas) y (2>
bloligloos
Bactérias d e c a m p ,
(diversas) J2>
Nolnn
( t ) f ,iu ..ida por Fee Mn
C ) [ )iimri|o o tratamento, para controle do processo
í Jiivíim r.or analisados aqueles que possuírem alguma justiticaliva. devido ao uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica
< 'orno comentado, os requisitos de qualidade de uma água são função de seus
usos previstos. O Quadro 6.1 apresenta, de forma simplificada, a associação entre os
principais requisitos de qualidade e os correspondentes usos da água. Nos casos de
corpos d'água com usos múltiplos, a qualidade da água deve atender aos requisitos
dos diversos usos previstos.
1 'icservaçSo
- Variável c o m os requisitos ambientais da flora e d a
da Hora e d a -
fauna que se deseja preservar
Inuna
Diluição d e
rínspejos
39
Noções dc qualidade das agitas
6.2. Padrões de qualidade
6.2.1, Introdução
Além dos requisitos de qualidade, que traduzem de uma forma generalizada e
conceituai a qualidade desejada para a água, há a necessidade de se estabelecer
também padrões de qualidade, embasados por um suporte legal. Os padrões devem
ser cumpridos, por força da legislação, pelas entidades envolvidas com a água a ser
utilizada. Da mesma forma que os requisitos, também os padrões são função do uso
previsto para a água.
Em termos práticos, há três tipos de padrão de interesse direto dentro da Enge-
nharia Ambiental no que tange à qualidade da água:
• Padrões de lançamento no corpo receptor
• Padrões de qualidade do corpo receptor
• Padrões de qualidade para determinado uso imediato (ex: padrões de potabilidade)
Quadro 6.2 Classificação das águas doces em função dos usos preponderantes
(Resolução C O N A M A n° 20, 18/06/86)
Classe
Uso
Especial 1 2 3 4
X X X
Abastecimento doméstico X
(a) <b) íb)
P r e s e r v a ç ã o d o equilíbrio natural
X
das comunidades aquáticas
R e c r e a ç ã o d e c o n t a t o primário X X
X X X
Irrigação
(o) (d) (e)
Dessedenfaçâo de animais X
Navegação X
Harmonia paisagística X
Notas:
(a) após Tratamento simples; (b) após tratamento convencional; (c) hortaliças e trutas rentes ao solo; (d) hortaliças e plantas
trutíferas; (e) culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras
LANÇAMENTO
CORPO DÁGUA
Cor uH 30 75 75
Turbidez uT 40 100 100 -
Sabor o odor - VA VA VA
Temperatura "C - - - 40
Matéria! flutuante VA VA VA VA ausente
Óleos e graxas VA VA VA (1) (2)
Corantes artificiais VA VA VA - -
Pesticidas e outros - -
Notas
< Consultar a legislação para a lista completa dos parâmetros e para a redação oficial dos padrões
l lo Classe Especial não são permitidos lançamentos de qualquer natureza, mesmo que tratados
I m principio, um elluenle deve satisfazer, tanto ao padrão de lançamento, quanto ao padrão de qualidade do corpo receptor
(negundo a sua classe). O padrão de lançamento pode ser excedido, com permissão do órgão ambiental, caso os padrões
de qualidade do corpo receptor sejam resguardados, como demonstrado por estudos de impacto ambiental, e desde que
lixados o tipo de tratamento e as condições para o lançamento.
VA: virtualmente ausente
1) Toleram-se eleitos íridescentes, isto é, que geram efeitos das cores do arco-íris
1'): Minerais: 20 mg/l; vegetais e gorduras animais; 50 mg/l
(>i): Pode ser ultrapassado caso estudos de autodepuração indiquem que o OD deverá estar dentro dos padrões, nas
condições criticas de vazão (média das mínimas de 7 dias consecutivos em 10 anos de recorrência)
(•1): Consultar a legislação estadual pertinente (não estão incluídas na Resolução CONAMA n a 20)
(S). Várias substâncias: consultar a resolução
(!'•).' Regime de lançamento: a vazão máxima deverá ser de até 1,5 vezes a vazão média do período de atividade do agente
poluidor
43
Noções dc qualidade das agitas
Q u a d r o 6.4 Padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano
(Portaria n° 36. 19/01/90, Ministério da Saúde)
Cor aparente uH 5
Odor - Não objetâvel
Sabor - Não ob|etável
Turbidez uT 1
Bacteriológicas
Fonte
Drenagem Possível
Principais Esgotos
1 'oluente Superficial efeito
Parâmetros
poluidor
Domés- Indus- Reuti- Agricultura
Urbana ir .
ticos Iriais lizados e Pastagens
- P r o b l e m a s estéticos
Sólidos Sólidos e m
- Depósitos de lodo
em suspensão XXX XX X
- Adsorção de poluentes
mispensão totais
Proteção d e p a t o g ê n i c o s
M.ttória Demanda
Consumo de oxigênio
iiiilânica Bioquímica
XXX <-> XX X Mortandade de peixes
hiode- de
Condições sépticas
•ji.idável Oxigênio
Crescimento excessivo
de algas
Toxicidade aos p e i x e s
Nitrogênio (timôgia)
Nutrientes
Fósforo - Doença e m
r e c é m - n a s c i d o s (nitrato)
- Poluição d a á g u a
subterrânea
Toxicidade (vários)
Khilória Pesticidas • Espumas (detergentes)
• 'ii//lnica Alguns R e d u ç ã o d a transferência
Mo biode- detergentes d e oxigênio (detergentes)
tinidàvel Outros Não biodegradabilidade
M a u s o d o r e s (ex: fenóis)
• Toxicidade
Elementos Inibição d o tratamento
específicos biológico dos esgotos
Mohlis
(As. C d , Cr, • P r o b l e m a s na d i s p o s i ç ã o
i»>'-idos
Cu, H g , Ni. d o l o d o na a g r i c u l t u r a
Pb, Z n e t c ) Contaminação da água
subterrânea
- Salinidade excessiva -
Sólidos prejuízo às p l a n t a ç õ e s
dissolvidos (irrigação)
Mihlas
totais - loxicidade a plantas
lf\t 'it únicos
Conduti- ( a l g u n s íons)
Ê$$olvidos
vidade - Problemas de
elétrica p e r m e a b i l i d a d e d o solo
(sódio)
P O L U I Ç Ã O PONTUAL
fl DESCARGA
| CONCENTRADA
P O L U I Ç Ã O DIFUSA
DESCARGA
DISTRIBUÍDA
==ÀMMÁJJ=============
CURSO D Á G U A *
F i g . 7.1. P o l u i ç ã o p o n t u a l i; p o l u i ç ã o d i f u s a
Esgotos domésticos:
Esgotos industriais:
Drenagem superficial:
1.1. Preliminares
1.2.1. Preliminares
O conceito de vazão doméstica engloba usualmente os esgotos oriundos dos domi-
• ilios, bem como de atividades comerciais e institucionais normalmente componentes
de uma localidade. Valores mais expressivos originados de fontes pontuais significa-
tivas devem ser computados em separado, e acrescentados aos valores globais.
Normalmente a vazão doméstica de esgotos é calculada com base na vazão de
agua da respectiva localidade. Tal, por sua vez, é usualmente calculada em função da
população de projeto e de um valor atribuído para o consumo médio diário de água
• le um indivíduo, denominado Quota Per Capita (QPC).
Antes de se apresentar as fórmulas e os parâmetros de cálculo, é importante
observar que para o projeto dc uma estação de tratamento de esgotos não basta
considerar apenas a vazão média. É necessária também a quantificação dos valores
mínimos e máximos de vazão, por razões hidráulicas e de processo.
SISTEMA COMBINADO
F i g . 1 . 1 . Sistemas de e s g o t a m e n t o separador e c o m b i n a d o
Fönte: Adaptado de CETESB (1977; 1978), Barnes et al (1981), Dahlhaus & Damrath (1982). Hosang & Bischof (1984)
1 •"I • las no sistema Perdas implicam na necessidade de uma maior produção de água
Renda
! ' / ( «™<i = (1.1)
A
0,021 + 0,003 X Renda
Olide:
t ij'(' = quota per capita de água (1/hab.d)
Fenda = renda familiar mensal média (número de salários mínimos) (salário
mínimo em 1995: US$ 100 por mês)
(>s Quadros 1.3 e 1.4 apresentam faixas de valores médios de consumo de ãgua
ils diversos estabelecimentos comerciais e institucionais. Tais informações, que
devem ser usadas apenas na ausência de dados mais específicos, são particularmente
iHr is ao se dimensionar estações de tratamento dos esgotos de pequenas comunidades,
• IH que a contribuição de algum estabelecimento principal possa ter importância no
1 fimputo geral das vazões.
300
TJ
250
I
í
E
<E 200
o
a.
UJ
150
Q.
0 100
1O 50
o
o
0 4 8 12 16 20
NÚMERO DE SALÁRIOS MÍNIMOS
Aeroporto Passageiro 0 - 15
Alojamento Residente 8 0 - 150
Banheiro p ú b l i c o Usuário 10-25
Bar Freguês S - 15
Cinema/teatro Assento 2 - 10
Escritório Empregado 30-70
Hotel Hóspede 100 - 2 0 0
Empregado 30-50
Indústria ( e s g o t o s s a n í l . a p e n a s ) Empregado 50-80
Lanchonete Freguês 4-20
Lavanderia - comercial Máquina 2.000 - 4 . 0 0 0
Lavanderia - automática Máquina 1.500 - 2.SOO
Loja Banheiro 1,000 - 2 . 0 0 0
Empregado 30-50
Loja d e d e p a r t a m e n t o Banheiro 1.600-2.400
Empregado 30-50
m z d e área 5 - 12
Posto de gasolina Veiculo s e r v i d o 25-50
Restaurante Refeição 15-30
S h o p p i n g center Empregado 30-50
m 2 d e área 4 - 10
Fonte:EPA (1977). Hosang s Bischof (1984). Tchobanogloiis <i Mnironrlm (10H5) (Jar.im (1985). Metcalf & Erfdy (1991)
NBR-7329/93
(1.2)
IUI
onde:
(>dm(;ci = vazão doméstica média de esgotos (mVd ou l/s)
(>I'C = quota per capita de água - ver Quadro I. I (1/hab.d)
l\ - coeficiente de retorno esgoto/água
horas d o dia
Fig. 1.3. I lidrograma típico da vazão afluente a uma estação dc tratamento dc esgotos
Tem sido prática corrente a adoção dos seguintes coeficientes de variação da vazão
média de á g u a (CETESB, 1978; Azevedo Neto e Alvarez, 1977):
Assim, as vazões máxima e mínima de água podem ser dadas pelas fórmulas:
Notas:
P = população. em milhares
A lórmuta de Gitfl è indicada para P í 200 (população < 200.000 hab)
_ , , OmAx/Orréd ~
População Om„/OrrÉd
Harmon Gitft
De acordo com esta abordagem, observa-se que mesmo o produto dos coeficientes
K| e K.2, utilizado para o abastecimento de água, e frequentemente adotado como 1
pode induzir a uma relação QmWQméd subestimada, para uma ampla faixa dc
populações.
I
Características das águas residuárias 57
depende de diversos fatores, como extensão da rede coletora, área servida, tipo de
solo, profundidade do lençol freático, topografia e densidade populacional (número
de conexões por unidade de área) (Metcalf & Eddy, 1991).
A laxa de infiltração é normalmente expressa em termos de vazão por extensão
de rede coletora ou área servida, isto quando não se dispõe de dados específicos locais.
Valores médios usualmente utilizados têm sido da ordem de 0,3 a 0,5 l/s.km, o que
por vezes pode significar valores elevados da vazão de infiltração, no caso de baixas
densidades populacionais.
No cálculo da vazão total afluente à ETE, pode-se considerar, para condições de
vazão média e máxima, o valor médio da infiltração. Para condições de vazão mínima,
pode-se excluir a infiltração, caso se deseje ficar a favor da segurança (no caso da
vazão mínima, a segurança se posiciona no sentido dc se estabelecer a menor vazão).
Ramo Tipo
! Unidade
Consumo d e á g u a por
u n i d a d e ( m 3 1 unid) ( ' )
Frutas e l e g u m e s e m c o n s e r v a s 1 ton c o n s e r v a 4-50
Doces 1 ton p r o d u t o 5-25
Açúcar de cana 1 ton a ç ú c a r 0 , 5 - 10,0
Matadouros 1 boi o u 2,5 p o r c a s 0,3-0,4
Laticínios (leite) 1 0 0 0 1 leite 1-10
Altmenlicid Laticínios (queijo o u m a n t e i g a ) 1000 I leile 2-10
Margarina 1 ton m a r g a r i n a 20
Cervejaria 1000 I c e r v e j a 5-20
Padaria 1 ton p ã o 2-4
Refriqerantes 1000 I refrigerante 2-5
Algodão 1 ton p r o d u t o 120-750
Lã 1 ton p r o d u t o 500-600
Rayon 1 Ion p r o d u t o 25-60
Têxtil Nylon 1 ton p r o d u t o 100-150
Polyester 1 ton p r o d u t o 60-130
L a v a n d e r i a d a 13 1 ton lâ 20-70
Tinturaria 1 Ion p r o d u t o 20-60
Curtume 1 ton p e l e 20-40
Couro e curtume
Sapalq 1000 p a r e s s a p a t o 5
Fabricação d e fiolpn 1 ton b i o d u t o 15-200
E m b r a n q u o n i r r i n n l o rl i p n t | M 1 ton produto 80-200
Pn/nD a naníí/
1 LJIfJCI C f-lcif-lcl Fabricação de papel 1 ton p r o d u t o 30-250
Polpa e papel integrados 1 ton produto 200-250
Tinta 1 empregado 110 l/d
Vidro 1 ton vidro 3-30
Sabão 1 ton s a b ã o 25-200
Á c i d o , b a s e , sal 1 ton cloro 50
Borracha 5 ton p r o d u t o 100-150
B o r r a c h a sintética 1 Ion p r o d u t o 500
Indústrias Refinaria d e petróleo 1 barril (117 I) 0,2-0,4
químicas Detergente 1 ton p r o d u t o 13
Amónia 1 ton produto 100-130
Dióxido de carbono 1 ton p r o d u t o 60-90
gasolina 1 ton p r o d u t o 7-30
Lactose 1 ton p r o d u t o 600-800
Enxofre 1 ton p r o d u t o 8-10
Produtos f a r m a c ê u t i c o s (vitaminas) 1 ton p r o d u t o 10-30
M e c â n i c a fina, ótica, eletrônica 1 empregado 2 0 - 4 0 l/d
Prnrít/tnç
Cerâmica fina 1 empregado 40 l/d
manufaturados
Indústria d e m á q u i n a s 1 empreaado 4 0 l/d
Fundição 1 ton g u s a 3-8
Laminação 1 ton produto 8-50
Metalúrgicas Forja 1 ton produto 80
D e p o s i ç ã o eletrolítíca d e metais 1 m 3 d e solução (-25
indústria de c h a p a s , ferro e a c o 1 empregado 60 l/d
Ferro 1 m minério l a v a d o 16
Minerações
Carvão 1 ton c a r v ã o 2-10
(•) consumo em m3 par unidade produzida ou l/d por empregado FonleCETESB (1976). Downing (1978). Arcetvala (1981).
Hosang e Bischo) (1984). Imholt e Imhotl (1985). Melcalf & Eddy (1991), Dsrisio(1992)
^ ÁGUA
SÓLIDOS POLUIÇÃO
TRATAMENTO
I i^. 2 . 1 . S ó l i d o s n o s e s g o t o s
Parâmetro Descrição
• L i g e i r a m e n t e superior à d a á g u a d e a b a s t e c i m e n t o
Variação c o n f o r m e as e s t a ç õ e s d o ano ( m a i s estável q u e a t e m p e r a t u r a d o ar)
Temperatura Influência na a t i v i d a d e m i c r o b i a n a
Influência na s o l u b i l i d a d e d o s g a s e s
Inlluência na v i s c o s i d a d e d o líquido
E s g o t o fresco: ligeiramente c i n z a
Cor
E s g o t o s é p t i c o : c i n z a e s c u r o ou preto
C a u s a d a por u m a g r a n d e v a r i e d a d e d e sólidos e m s u s p e n s ã o
Turbidez
E s g o t o s m a i s f r e s c o s ou mais c o n c e n t r a d o s : g e r a l m e n t e maior t u r b i d e z
Parâmetro Descrição
NITROGÉNIO TOTAL 0 nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amónia, nitrito e nitrato. É um
nutriente indispensável para o desenvolvimento dos mictorganismos no
tratamento biológico. O nitrogênio orgânico e a amónia compreendem o
denominado Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK).
• Nitrogênio orgânico - Nitrogênio ria l o i m a d e proteínas, a m i n o á c i d o s e uréia
• Amónia P r o d u z i d a c o m o primeiro e s t á g i o d a d e c o m p o s i ç ã o d o nitrogênio o r g â n i c o .
• Nitrito - Estágio i n t e r m e d i á r i o d a o x i d a ç ã o d a amónia. Praticamente a u s e n t e no
e s g o t o bruto.
• Nitrato - Produto final da o x i d a ç ã o d a a m ó n i a . P i a t i n a m e n t e a i r . c n t e no e s q o t o b r u t o
ÓLEOS E GRAXAS Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos esgotos domésticos, as
fontes são óleos e gorduras utilizados nas comidas.
Microrganismo Descrição
- O r g a n i s m o s protistas unicelulares.
- A p r e s e n t a m - s e e m várias f o r m a s e t a m a n h o s .
Dactérias
- S ã o os p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s p e l a e s t a b i l i z a ç ã o d a matéria o r g â n i c a
- A l g u m a s bactérias sao p a t o g ê n i c a s , c a u s a n d o p r i n c i p a l m e n t e d o e n ç a s intestinais.
- O r g a n i s m o s unicelulares s e m p a r e d e celular.
- A m a i o r i a é a e r ó b i a o u facultativa.
• A l i m e n t a m - s e d e b a c t é r i a s , a l g a s e outros m i c r o r g a n i s m o s .
Protozoários
- São e s s e n c i a i s no tratamento b i o l ó g i c o p a r a a m a n u t e n ç ã o d e u m equilíbrio entre
os d i v e r s o s g r u p o s ,
- Alguns são patogênicos. _
- A n i m a i s superiores,
Helmintos
- O v o s d e helmintos p r e s e n t e s nos e s g o t o s p o d e m causar doença:;.
I < me: Silva e Mara (1979), Tchobarioglous e Schroeder {1985), Metcall 4 Eddy (1991)
2.3.1. Preliminares
Os principais parâmetros relativos a esgotos predominantemente domésticos a
merecerem destaque especial face à sua importância são:
• sólidos
• indicadores de matéria orgânica
• nitrogênio
• fósforo
• indicadores de contaminação fecal
2.3.2. Sólidos
Todos os contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos, contribuem
para a carga de sólidos. Os sólidos podem ser classificados de acordo com (a) o seu
tamanho e estado, (b) as suas características químicas e (c) a sua decantabilídade:
Sólidos totais
DIA = 0 DIA = 5
No caso dos esgotos, alguns aspectos de ordem prática fazem com que o teste
•,ofra algumas adaptações. Os esgotos, possuindo uma grande concentração de
matéria orgânica, consomem rapidamente (bem antes de 5 dias) todo o oxigênio
dissolvido no meio líquido. Assim, é necessário efetuar-se diluições para reduzir a
concentração de matéria orgânica, possibilitando a que o consumo de oxigênio a 5
dias seja numericamente inferior no oxigênio disponível na amostra. Os esgotos
domésticos possuem uma DBO da ordem de 300 mg/l, ou seja, 1 litro de esgoto
t onsome aproximadamente 300 mg de oxigênio, em 5 dias, no processo de estabili-
zação da matéria orgânica carbonãcea.
As principais vantagens do teste da DBO, e ainda não igualadas por nenhum
outro teste de determinação de matéria orgânica, são relacionadas ao falo de que o
Origem DBO„/DBOs
11 mie: Calculado a partir do coeficientes apresentados por Fair et al (1973). Arceivala (1981)
Vários autores adotam, de maneira geral, a relação DBO»,/DBO.s igual a 1,46. Isto
quer dizer que, caso se tenha uma DBO.s de 300 mg/l, a DBOu será igual a 1,46x300
* 438 mg/l.
c) Demanda Química de Oxigênio (DQO)
O teste da DQO mede o consumo de oxigênio ocorrido durante a oxidação
tmímica da matéria orgânica. O valor obtido é, portanto, uma indicação indireta do
leor de matéria orgânica presente.
A principal diferença com relação ao teste da DBO encontra-se claramente
presente na nomenclatura de ambos os testes. A DBO relaciona-se a uma oxidação
bioquímica da matéria orgânica, realizada inteiramente por microrganismos. Já a
DQO corresponde a uma oxidação química da matéria orgânica, obtida através de
um forte oxidante (dicromato de potássio) em meio ácido.
As principais vantagens do teste da DQO são:
o teste gasta apenas de 2 a 3 horas para ser realizado;
o resultado do teste dá uma indicação do oxigênio requerido para a estabilização
da matéria orgânica;
o teste não é afetado pela nitrificação, dando uma indicação da oxidação apenas da
matéria orgânica carbonácea (e não da nitrogenada).
As principais limitações do teste da DQO são:
110 teste da DQO são oxidadas, tanto a fração biodegradável, quanto a fração inerte
do despejo. O teste superestima, portanto, o oxigênio a ser consumido no tratamento
biológico dos despejos;
o teste não fornece informações sobre a taxa de consumo da matéria orgânica ao
longo do tempo;
certos constituintes inorgânicos podem ser oxidados e interferir no resultado.
A relação DQO/DBOs varia também à medida que o esgoto passa pelas diversas
unidades da estação de tratamento. A tendência para a relação é de aumentar, devido
à redução paulatina da fração biodegradável, ao passo que a fração inerte permanece
aproximadamente inalterada. Assim, o efluente final do tratamento biológico possui
valores da relação DQO/DBO5 usualmente superiores a 3,0.
2.3.4. Nitrogênio
Dentro do ciclo do nitrogênio na biosfera, este alterna-se entre várias formas e
estados de oxidação, como resultado de diversos processos bioquímicos. No meio
aquático o nitrogênio pode ser encontrado nas seguintes formas:
- nitrogênio molecular (N2) (escapando para a atmosfera)
- nitrogênio orgânico (dissolvido e em suspensão)
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
R E L A Ç Ã O E N T R E OS P A R Â M E T R O S DE C O N S U M O DE OXIGÊNIO
ZOO
NOTAS:
- DB05 = DBO exercida a 5 dias
- DBÕu = DBO úilima, exercida ao final de vários dias (usualmente > 20 dias)
- caso o substrato seja totalmente biodegradável (ex: glicose). DBOu = DQO = d e m a n d a teórica
l í r , 2 . 4 . R e l a ç ã o a p r o x i m a d a e n t r e o s p a r â m e t r o s d e c o n s u m o de o x i g ê n i o e m e s g o t o s d o m é s t i c o s
Quadro 2.6 Distribuição relativa das formas de nitrogênio segundo distintas condições
Condição F o r m a p r e d o m i n a n t e d o nitrogênio
- Nitrogênio o r g â n i c o
E s g o t o bruto
• Amónia
- Nitrogênio orgânico 1
Poluição recente em um c u r s o d'água
Amónia
- Nitrogflnio o r g â n i c o
Estágio intermediário da poluição em um curso - Amónia
d'água - Nitrito ( e m m e n o r e s c o n c e n t r a ç õ e s )
• Nitrato
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
• NTK = amónia + nitrogênio orgânico..., .... (forma predominante nos esgotos
domésticos)
A amónia existe em solução tanto na forma de íon (NH4+) como na forma livre,
não ionizada (NH.i). A distribuição relativa assume a seguinte forma em função dos
valores de pH:
Assim, pode-se ver que na faixa usual dc piI, próxima à neutralidade, a amónia
apresenta-se praticamente na forma ionizada. Isto tem importantes consequências
ambientais, pois a amónia livre é tóxica aos peixes em baixas concentrações.
Em cursos d'ágUa ou em estações de tratamento de esgotos a amónia pode sofrer
transformações posteriores. No processo de nitrificação a amónia é oxidada a iiitrito
e este a nitrato. No processo de desnitrificaçâo os nitratos são reduzidos a nitrogênio
gasoso.
2.3.5. Fósforo
O fósforo na água apresenta-se principalmente nas seguintes três formas:
• ortofos fatos
• polifosfatos
• fósforo orgânico
Os ortofosfatos são diretamente disponíveis para o metabolismo biológico sem
necessidade de conversões a formas mais simples. As principais fontes deortofosfatos
na água são o solo, detergentes, fertilizantes, despejos industriais e esgotos domésti-
cos (degradação da matéria orgânica). A forma cm que os ortofosfatos se apresentam
na água depende do pH. Tais incluem PO4", HPO42", H2PO4", H3PO4. Em esgotos
domésticos típicos a forma predominante é o HPO4"2.
Os polifosfatos são moléculas mais complexas com dois ou mais átomos de
fósforo. Os polifosfatos se transformam em ortofosfatos pelo mecanismo de hidrólise,
mas tal transformação é usualmente lenta.
O fósforo orgânico é normalmente de menor importância nos esgotos domésticos
típicos, mas pode ser importante em águas residuárias industriais e lodos oriundos do
tratamento de esgotos. No tratamento de esgotos e nos corpos d'água receptores, o
fósforo orgânico é convertido a ortofosfatos.
A importância do fósforo associa-se principalmente aos seguintes aspectos:
- o fósforo é um nutriente essencial para o crescimento dos microrganismos respon-
BACTÉRIAS
Fig. 2.S. Situação esquemática d o grupo c o l i f o r m e com relação às demais bactérias (adaptado de La
Riviére, i 980)
No entanto, diversos cuidados devem ser tomados, tanto nas condições corretas
para a obtenção dos dados de C F e lil- quanto na interpretação da relação CF/EF. De
maneira geral, pode-se dizer que esla relação seja útil apenas como um indicador
amplo da provável origem principal da contaminação.
Solução:
ò
180 l/hab.d
Exemplo 2.2
Solução
A carga de nitrogênio é:
45 g/n?. 4320 w V d ,
carga = — = 194 kgN/d
ò looo g/kg
b) Nesta mesma estação, calcular a concentração de fósforo total afluente,
sabendo-se cjue a carga afluente é de 60 kgP/cl.
Matéria Orgânica
• Determinação indireta
-DBOs 40-60 50 mg/l 200-500 350
-DOO 80-130 100 mg/l 400-800 700
- DBO última 60-90 75 mg/l 350-600 500
• Determinação direta
-COT 30-60 45 mo/i 170-350 250
pH ^ . 6,7-7,5 7,0
Fontes: Arceivala {1381), Pessoas Jordão (1982), Qasim (1985). Metcalf & Eddy (1991) e experiência do autor
4 3 12 18
Fig. 2.7. Concentração de DBO (mg/l) e carga per capita de DUO (g/hab.d) em função cia renda familiar
(esgotos domiciliares)
onde:
Renda = renda familiar mensal média (número de salários mínimos) (salário
mínimo em 1995: US$ 100 por mês)
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
Quadro 2.8 Microrganismos presentes nos esgotos domésticos brutos
Hactérias totais
Coliformes totais
Coliformes fecais
Estreptococos fecais
Cistos d e p r o t o z o á r i o s
O v o s de helmintos
Vírus
Exemplo 2.3
Calcular o Equivalente Populacional (EP) de uma indústria que possui os
seguintes dados:
• vazão = 120 nr/d
• concentração de DBO = 2000 mg/l
Solução:
A carga de DBO é:
1 l O r r f / d . 2000g/m 3
carga = vazão . concentração = —— = 240 kg DBO/d
1 Q00g/kg
O Equivalente Populacional é:
DBO ou Óleos
Ramo Atividade SS Fenóis PH CN" Metais
DQO Graxas
Refrigerantes X X x X
Bebidas
Cervejaria X X X X
Algodão X X
Lã X X X
Têxtil
Sintéticos X X
"Fingimento X X X X
Curtimento vegetal X X X X X
Couros e peles
Curtimento ao cromo X X X X X
Vidros e espalhos X X X X
Produtos minerais Fibra d e vidro X X X X
não metálicos Cimento X X X
Cerâmica X X X
Artefatos d e borracha X X X X
Borrachas
Pneus e câmaras X X X X
Madeira Serrarias, c o m p e n s a d o s X
Fontes CETESB (1976), Braile e Cavalcanti (1977), Arceivala (1981), Hcsang e Bischof (1984). Salvador< 1991). Weltzenfeld (1984)
Noia dados nâo preenchidos (-) podem significar dados não significativos ou dados n i o obtidos
Exemplo 2.4
Solução:
. . 7 kgDBO 30 bois . . . . n D / 1 / ,
- bois: —j—— • ——— = 210 kgDBO/d
c) Vazão de esgotos
Pelo Quadro 2.10. adotando-se o valor médio de 0,35 my/boi abatido (ou por
2,5 porcos abatidos):
- 20.000 mg/l
0 40.000
5 47.000
10 53.000
15 58,000
20 62.000
Dada a falta de tempo e condições, não foi possível obter-se dados amostrais
das características atuais dos esgotos. Estabelecer hipóteses adequadas para
os diversos parâmetros de cálculo.
a) Vazão doméstica
• Vazão média
Assumir:
- quota per capita de água: QPC= 160 1/hab.d (ver Quadro 1.1)
- coeficiente de retorno esgoto/água: R=0,8 (ver Item 1.2.3)
A vazão média para o ano 0 é (segundo a Equação 1.2):
Pop.QPC.R 40.000 x 1 6 0 x 0 , 8 ,
= 1000 ÍÕÕÕ = 5 . 1 2 0 « / r f (=59,3 l/s)
As vazões dos demais anos são calculadas de forma similar, alterando-se apenas
a população.
- 1 + - V =2,36
Qméd 4+Vp 4 + V40
Os valores de Qm;-ix são obtidos multiplicando -se Qméd pela relação Qmáx/Qméd.
Assim, para o ano 0, tem-se:
• Vazão mínima
Adotar Qmín/Qméd igual a 0,5. Os valores de Q,„fn são obtidos multiplicando-se
Qméd pela relação Qmín/Qméd. Assim, para o ano 0, lem se
b) Vazão de infiltração
Adotar Qini = 0,3 l/s.km de rede coletora. Considerar o valor resultante de cada
ano, como incidindo apenas nas vazões média c máxima.
Para o ano 0, tem-se:
c) Vazão industrial
Adotar o valor de 7 nr1 de esgoto por 1000 1 de leite processado (admitindo o
consumo de água igual à produção de esgoto) (ver Quadro 1.6).
Considerar, para os anos 0 e 5, o processamento de 5.000 I de leite por dia e, para
os anos de 10, 15 e 20, o processamento de 10.000 l/d (dado do problema).
Admitir que a vazão máxima é 1,5 vezes a vazão média, e que a vazão mínima é
0,5 vezes a vazão média,
Para o ano 0, tem-se:
- Qmcd = 5 nr leite x 7 nr' esgoto/nr leite = 35 nrVcl (= 0,4 l/s)
- Qmáx = 1,5 X Qmcd = 1,5 X 0,4 = 0,6 l/s
- vazão média total =59,3 + 15,0 + 0,4 = 74,7 l/s (= 6.451 m3/d)
- vazão máxima total =139,6 + 15,0 + 0,6 = 155,2 l/s (= 13.409 té/d)
- vazão mínima total =29,6 + 0,0 + 0,2 = 29,8 l/s (= 2.575 m3/d)
As vazões para os demais anos são calculadas de maneira similar.
a) DBO doméstica
Adotar a produção per capita de 50 gDBOj/hab.d (ver Quadro 2.7)
Para a população do ano 0, tem-se:
c) DBO industrial
Adotar o valor de 25 kg de DBO por 10001 dc leite processado (ver Quadro 2.10).
Considerar, para os anos 0 e 5, o processamento de 5.000 I de leite por dia e, para
os anos de 10, 15 e 20, o processamento de 10.000 l/d (dado do problema),
Para o ano 0, tem-se:
Dados da Comunidade VazSoEsgolosfl/s) Carga Je DBO Média Wd) Equival Concenlraçâo de DBO (mo/0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
:
0 40000 50 5000 29.6 59.3 139.6 15.0 02 0,4 0,6 29â 74? 155.2 645: 2000 0 126 : 2725 : 2500 391 0 3571 529
5 47000 55 5000 34,8 69.6 159.4 16.5 02 0.4 0,6 35.0 35,5 176,5 7477 2350 0 125 2475 2500 391 0 3571 331
10 53000 60 10000 39,3 78.5 176,0 18,0 0,4 0.8 1.2 39.7 97,3 195.2 8409: 2550 0 250 2900 : 50D0 391 0 3571 346:
IS 58000 65 loooo 43.0 65.9 169.5 19.5 0.4 0.8 1,2 43,4 106 2 210,2 9179. 2900 0 250 3150 5000 391 0 3571 343
20 62000 70 loooo 45,9 91,9 200,1 21,0 0,4 0.8 1,2 46.3 222.4 9820 3100 0 250 3350 5000 391 0 3571 341
Impacto do lançamento de
efluentes nos corpos receptores
1 4 . Introdução
Diversidade
de espécies
ETFES-Biblioteca
Poluição
Característica Descrição
Esta zona t e m início logo após o lançamento cias águas residuárias no curso
Característica
d'água. A principal característica quimica é a alta concentração de matéria
geral
orgânica, ainda e m seu estágio complexo, m a s potencialmente decomponível.
Característica Descrição
Característica Descrição
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
ZONA DE Á G U A S LIMPAS ^
Característica Descrição
ETFES -Biblioteca
ESGOTOS
CURSO DÁGUA
MATERIA O R G Â N I C A
Matéria
orgânica
distância
BACTÉRIAS
Bactérias
distância
O X I G Ê N I O DISSOLVIDO
Oxigênio
dissolvido
distância
ZONAS
Decomposição ativa
r i u , | , 2 , IViíil e s q u e m á t i c o d a c o n c e n t r a ç ã o cia m a t é r i a o r g â n i c a , b a c t é r i a s d c c o m p o s i t o r a s e o x i g ê n i o
dissolvido nu liinj;i) do [lurciirso no c u r s o d'Agua. D e l i m i t a ç ã o d a s z o n a s de a u t o d e p u r a ç ã o .
reaeraçõo
atmosférica
OD
demanda bentônica
DBO suspensa QQQ qd
(sedimentação)
DBO ^ J revolvimento
c) Nitrificação
Um outro processo de oxidação é o referente às formas nitrogenadas, responsável
pela transformação da amónia em nitritos e estes em nitratos, no fenômeno denomi-
nado nitrificação.
Os microrganismos envolvidos neste processo são autótrofos quimiossintetizan-
tes, para os quais o dióxido de carbono é a principal fonte de carbono, e a energia é
obtida através da oxidação de um substrato inorgânico, como a amónia.
A transformação da amónia em nitritos se dá segundo a seguinte reação simplifi-
cada:
a) Reaeração atmosférica
A reaeração atmosférica é frequentemente o principal fator responsável pela
introdução de oxigênio no meio líquido.
A transferência dc gases é um fenômeno físico, através do qual moléculas de gases
• >ão intercambiadas entre o líquido e o gás pela sua interface, liste intercâmbio resulta
num aumento da concentração do gás na fase líquida, caso esta fase não esteja saturada
com o gás.
Isto é o que ocorre em um curso d'água, cu ja concentração de oxigênio dissolvido
reduziu-se devido aos processos de estabilização da matéria orgânica. Assim, os
Icores de OD são inferiores aos de saturação, que são ditados pela solubilidade do
ms a dadas condições de temperatura e pressão. Nesta situação, diz-se haver um
déficit de oxigênio. Desta forma, desde que haja 11111 déiicit, há uma busca para uma
t=0
^ . 4 . Cinética da desoxigenação
1.4.1. F o r m u l a ç ã o m a t e m á t i c a
Como já visto, o principal efeito ecológico da poluição orgânica em um curso
d'água é o decréscimo dos teores de oxigênio dissolvido. Este decréscimo está
associado à Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), descrita 110 Capitulo "Carac-
terísticas das Águas Residuárias". Por uma questão de padronização, utiliza-se
frequentemente o conceito da DBO p a d r ã o , expressa por DBO520 c . No entanto, o
consumo de oxigênio na amostra varia ao longo do tempo, ou seja, o valor da DBO,
em dias distintos, é diferente. O objetivo do presente item é analisar matematicamente
como o consumo de oxigênio progride ao longo do tempo.
O conceito da DBO, representando tanto a matéria orgânica quanto o consumo
de oxigênio, pode ser entendido por estes dois ângulos distintos:
• DBO remanescente: concentração de matéria orgânica remanescente na massa
líquida em um dado instante
• DBO exercida: oxigênio consumido para estabilizar a matéria orgânica até este
instante
A progressão da DBO ao longo do tempo, segundo estes dois conceitos, pode ser
vista na Figura 1.6.
/ consumo acumulado
de oxigênio
(DBO exercida)
\ /
\ /
/ S
/ / ^
' matéria orgânica
$ / (DBO remanescente)
Tempo (dias)
Fig. 1.6. DBO exercida (oxigênio consumido) c D130 remanescente (matéria orgânica remanescente) ao
longo do tempo
~ =-*i.L (1.5)
onde:
L = concentração de DBO remanescente (mg/l)
t = tempo (dia)
Kj = coeficiente de desoxigenação (dia"')
A interpretação da Equação 1.5 se faz no sentido de que a taxa de oxidação da
matéria orgânica (dL/dt) é proporcional à matéria orgânica ainda remanescente (L),
em um tempo t qualquer. Assim, quanto maior a concentração de DBO, mais
rapidamente se processará a desoxigenação. Após um certo tempo, em que a DBO
estiver reduzida pela estabilização, a taxa de reação será menor, em virtude da menor
concentração da matéria orgânica.
O coeficiente de desoxigenação Ki é um parâmetro de grande importância na
modelagem do oxigênio dissolvido, sendo discutido 110 item seguinte.
A integração da Equação 1.5, entre os limites de L=Lt, e L=Lt, e t=0 e t=t. conduz a:
L = Lo.e~ K (1-6)
onde:
L = DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l)
Lo = DBO remanescente em t=0 (mg/l)
Deve-se atentar para o fato de que, várias vezes, esta equação é escrita na forma
decimal (base 10), ao invés da base e. Ambas as formas são equivalentes, desde que
o coeficiente Ki seja expresso na forma correta (Ki „ - 2,3. Ki hvxe to)- No presente
texto, os valores dos coeficientes são apresentados na base e.
y= U.{\-e'Ki') (1.7)
onde:
y = DBO exercida em um tempo t (mg/l). Notar que y=L 0 -L.
Lo • DBO remanescente, em t=0 (como definido acima), ou DBO exercida (em
l=oo). Também denominada demanda última, pelo fato de representar a DBO total
ao final da estabilização (mg/l).
Exemplo 1.1.
DeO(mg^ 50
/
5 10 15 20
TCMPO{ilta«|
Observa-se que a 20 dias a DBO já está praticamente toda exercida (_V20
praticamente igual a L,).
A relação entre a DBO-, e a demanda última L,, é: 71/100 = 0,71. Assim, ao
quinto dia, aproximadamente 71% do consumo de oxigênio já foi exercido ou, em
outras palavras, 71% da ma teria orgânica total (expressa em termos de DBO)
já foi estabilizada. Inversamente, a relação L,/DBOs é igual a 100/71 = 1,41.
"plrft/rdLc".
I líi Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
1.4.2. O coeficiente de desoxigenação Ki - {j b í I O f Q O
O coeficiente K i depende das características da matéria orgânica, além da temperatura
e da presença de substâncias inibidoras. Efluentes tratados, por exemplo, possuem
uma taxa de degradação mais lenta, pelo fato da maior parte da matéria orgânica mais
facilmente assimilável já ter sido removida, restando apenas a parcela de estabilização
mais vagarosa. Valores médios dc Ki encontram-se apresentados no Quadro 1.2.
Origem K, (dia1)
TEMPO (dias)
TEMPO (dias)
Fig. 1.9. Trocas gasosas era um sistema em equilíbrio e e m um liquido c o m deficiência do gás dissolvido
A cinética da reaeração pode ser também caracterizada por uma reação de primeira
ordem (da mesma forma que a desoxigenação), segundo a seguinte equação:
§ = (1.9)
dt Ce s -V ,
onde:
D = déficit de oxigênio dissolvido, ou seja, a diferença entre a concentração de
saturação (C s ) e a concentração existente em um tempo t (C) (= C s - C) (mg/l)
t = tempo (dia)
K2 = coeficiente de reaeração (base e) (dia"1)
Através da Equação 1.9, observa-se que a taxa de absorção de oxigênio é direta-
mente proporcional ao déficit existente. Quanto maior o déficit, maior a "avidez" da
massa líquida pelo oxigênio, implicando em que a taxa de transferência seja maior.
A integração da Equação 1.9, com D„ em t=0, fornece:
D= D0.e~Kl-' (1.10)
onde:
Do = déficit de oxigênio inicial (mg/l)
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
ETFES - Biblioteca
concentração são simétricas e em imagem de espelho. À medida em que a concen-
tração de OD se eleva devido à reaeração, o déficit diminui.
<
Cs
\ concentração de OD
\
\
/ \
/
/ déficit d e O D
/
Tempo (dias)
. F i y . 1 . 1 0 . P r o g r e s s ã o temporal d a c o n c e n t r a ç ã o e d o d é f i c i t d e o x i g ê n i o d i s s o l v i d o
Kg {dia )
C o r p o cTágua
Prolundo Raso
Corpos d'agua mais rasos e mais velozes tendem a possuir um maior coeficiente
tlc reaeração, devido, respectivamente, à maior facilidade de mistura ao longo da
profundidade e à criação de maiores turbulências na superfície (ver Figura 1.11). Os
valores do Quadro 1.3 podem ser usados na ausência de dados específicos acerca do
liirpo d'água. Deve-se levarem consideração, no entanto, que os valores constantes
desta tabela são usualmente menores do que os obtidos pelos outros métodos,
expostos a seguir.
INFLUÊNCIA DA V E L O C I D A D E .
Quadro 1.4 Valores do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos (base
e, 20°C)
53v0,67h-1.85
0,1m < H < 0.6m
O w e n s et al ( a p u d Branco, 1976)
0 , 0 5 m / s S v < 1,5 m / s
Noias:
v: velocidade do curso d água (m/s)
H: altura da lâmina d'água (m)
Faixas de aplicabilidade adaptadas e ligeiramente modificadas de Covar (apud EPA, 1985). para efeito de simplicidade
As faixas de aplicação das fórmulas são complementares, como pode ser visto na
Figura 1.12.
Caso haja cascatas naturais com quedas d'agua livre, deve-se adotar outras
formulações de cálculo para a reaeração atmosférica no trecho específico da cascata.
Von Sperling (1987), em estudos efetuados em algumas cascatas da Região Metro-
politana de Belo Horizonte, obteve a seguinte fórmula empírica:
Ce = G, + K.(CrC„) (1.1!)
K= 1 -1,343.IT0,128.(C,rC„)~°'"9í (1.12)
onde:
C e = concentração de OD efluente da cascata (mg/l)
Co = concentração de OD afluente à cascata (mg/l)
K = coeficiente de eficiência (-)
Cs = concentração de saturação de OD (mg/l)
H = altura da queda livre (m)
4.0
PROFUNDIDADE
(m)
0.6
0.1
L 5
0.05 0.8
VELOCIDADE ( m / s )
K2r=K220.Q(T-20) (1.13)
onde:
K 2 T = K2 a uma temperatura.T qualquer (dia"1)
K220 = K2 a uma temperatura T=20°C (dia"1)
T = temperatura do líquido (°C)
9 = coeficiente de temperatura (-)
^ = .L-Ki.D (1.15)
ESGOTOS
CURSO DÁGUA
OD
(mg/l)
tempo (d)
ou
distância (km)
Fig. 1.13. Pontos característicos da curva de depleção de OD
onde:
Co = concentração inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)
Do = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)
Cs = concentração dc saturação de oxigênio (mg/l)
Q r = vazão do rio a montante do lançamento dos despejos (m 7s)
Qc = vazão de esgotos (nv/s)
OD r = concentração de oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento dos
despejos (mg/l)
OD e = concentração de oxigênio dissolvido no esgoto (mg/l)
Observa-se que o valor de C 0 é obtido através de média ponderada entre as vazões
e teores de OD do rio e dos esgotos.
(1.21)
DB05o =— ' DB0 ' + Q"' DD °()
Qr+Qe
onde:
D B 0 5 0 = concentração de DBO5, logo após a mistura (mg/l)
Lo = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)
DBO R = concentração de DBO5 do rio (mg/l)
DBOc = concentração de DBO5 do esgoto (mg/l)
KT = constante para transformação da DBOS a D B O última (DBO U ) (-)
(1.23)
(1.24)
Ct = Cs-
K2 - K\
OO
(mg/l) Lo/Do < K2/K1 OD
(mg/O K2/K1 =1
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
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• Lo/Do > K2/K1
O tempo crítico épositivo. A partir do ponto de lançamento haverá uma queda no
oxigênio dissolvido, originando um déficit crítico superior ao inicial.
• LO/DO = K2/K\
O tempo crítico é igual a zero, ou seja, ocorre no exato local do lançamento. O
déficit inicial é igual ao déficit crítico. O curso d'água apresenta uma boa capacidade
regenadora face aos despejos afluentes, não vindo a sofrer queda nos teores de OD.
• Lo/Do < K2/K1
O tempo crítico é negativo. Tal indica que, desde o lançamento, a concentração
de oxigênio dissolvido tende a se elevar. O déficit inicial é o maior déficit observado.
O curso d'água apresenta uma capacidade de autodepuração superior à capacidade
de degeneração dos esgotos. Em termos práticos, o tempo crítico pode ser considerado
igual a zero, com os menores valores de OD ocorrendo no ponto de mistura.
K2/K\ = 1
A aplicação da fórmula do tempo crítico fornece uma indeterminação matemática.
A condição limite em que K2/K1 tende para 1 conduz a um tempo crítico igual a I /Ki.
e) Cálculo do déficit crítico e da concentração crítica de oxigênio
Dc = • Lo • e
A2
Ce = C.v - De (1-27)
DBOr Kl, K2
v, t
Cs, ODmíri
F i g . 1.15. D a d o s de entrada necessários para o m o d e l o de Streeler-Phelpx
Quadro 1.5 Valores de DBOfi era função das características do curso d'água
Bastante t i m p o 1
Limpo 2
Razoavelmente limpo 3
Duvidoso 5
Ruim > 10
I líi
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos
1
usualmente adotada como 54 gDBOs/hab.d) pela produção per capita de esgotos (em
torno de 120 a 220 1/hab.d) (ver Capítulo 2).
Caso haja despejos industriais significativos, estes devem ser incluídos no cálculo,
principalmente aqueles oriundos de indústrias com elevada carga orgânica no efluen-
te, como as do ramo alimentício. Tais valores podem ser obtidos por meio de
amostragem ou através de dados de literatura (ver também o Capítulo 2).
Na situação em que se estiver investigando o lançamento de um efluente tratado,
deve-se considerar a redução da DBO proporcionada pela eficiência do tratamento.
Em tais condições, a DBOs efluente será:
(1.28)
flB^íl-jljJ.DBft
onde:
DBOcfi = DBOs do esgoto efluente do tratamento (mg/l)
DBOe = DBOs do esgoto afluente (mg/l)
E = eficiência do tratamento na remoção da DBOs (%)
O Quadro 1.6 apresenta faixas típicas de remoção da DBO de diversos sistemas
de tratamento de esgotos predominantemente domésticos. A descrição dos diversos
sistemas de tratamento encontra-se no Capítulo 4. Outros volumes da série dedicam-
se ao total detalhamento dos sistemas de tratamento.
(1.31)
onde:
fn = fator de correção da concentração de saturação de OD pela altitude (-)
Cs' = concentração de saturação na altitude H (mg/1)
H = altitude (m)
A salinidade afeta também a solubilidade do oxigênio. A influência de sais
dissolvidos pode ser computada pela seguinte fórmula empírica (Popel, 1979):
Altitude (m)
Temperatura (°C)
0 500 1000 1500
L
1,9. Exemplo de cálculo
1.9.1 Descrição do problema
Qr = Qresr . A = 2,0 l/s . km2 x 355 km2 = 710 l/s = 0,710 rn/s
b) Vazão de esgotos(Qt)
Qc = 0,114 mVs (enunciado do probiema)
c) Oxigênio dissolvido no rio (OD,)
Considerando-se que o curso d'água não apresenta descargas poluidoras a mon-
tante, adotar o oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento, como 90% do
valor de saturação.
Concentração de saturação: C s =7,5 mg/l (25°C, 1.000 m de altitude) (ver item./
adiante)
OD r = 0,9 x C s = 0,9 x 7,5 mg/l = 6,8 mg/l
d) Oxigênio dissolvido no esgoto (O D,.)
OD e = 0,0 mg/l (adotado)
i) Tempo de percurso
Velocidade do curso d'água: v = 0,35 m/s
Distância de percurso: d = 50.000 m
O tempo de percurso para se chegar à confluência com o rio principal é (Equação
1.29):
_ d 50.000 m _
' ~~ v.86400 ~ 0,35 m/s . 86400 s/d '
Resumo:
DADOS DE ENTRADA
Ge = 0,114 m3/s
ODe = 0.0 mg/l
DBOe = 341 mg/l
v = 0,35 m/s
H = 1.0 m
d = 50,000 m
t = 1,65 d
Qr = 0.710 m3/s
ODr = 6,8 mg/l
DBOr = 2,0 mg/l Kl = 0,48 d-1
K2 = 2.49 d-1
Cs = 7.5 mg/l
ODmín - 5,0 mg/l
1 Do (Ki- K,)
h= 1 -
Kj — K ] Lo Ki
K\ • Lo
O = Cs - (e~K['' - e~K-'') + Do • é,-Ki. t
Ki-K i
0,48 x 54 . ( e - 0 . 4 8 x , _ e - 2 . 4 9 x í ) + 1 ) 6 . e - 2 , 4 9 x ,
= 7,5-
2,49 - 0,48
0 10 20 30 40 50
distância (km)
2.1. Introdução
Um dos mais importantes aspectos de poluição das águas é aquele relacionado
com o fator higiênico, associado às doenças de veiculação hídrica. O Item 5.3 do
Capítulo 1 lista as principais doenças associadas à água.
Um corpo d'água receptor do lançamento de esgotos pode incorporar a si toda
uma ampla gama de agentes transmissores de doenças. Este fato não gera um impacto
à biota do coipo d'água em si, mas afeta alguns dos usos preponderantes a ele
destinados, tais como abastecimento dc água potável e balneabilidade.
E, portanto, de fundamental importância o conhecimento do comportamento dos
agentes transmissores de doenças em um corpo d'água, a partir do seu lançamento
até os locais de utilização (captação de água ou balneabilidade). Sabe-se que a maioria
destes agentes têm no trato intestinal humano as condições ótimas para o seu
crescimento e reprodução. Uma vez submetidos às adversas condições prevalecentes
no corpo d'água, êles tendem a decrescer em número, caracterizando o assim
chamado decaimcnto.
Foi visto que as bactérias do grupo coliforme são utilizadas como indicadores
de contaminação fecal, ou seja, indicam se uma água foi contaminada por fezes e,
cm decorrência, se apresenta uma potencialidade para transmitir doenças. O presente
item aborda as relações qualitativas e quantitativas associadas ao decaimento de
coliformes em coipos d'água, entendendo-se que este decaimento represente um
indicativo do comportamento dos eventuais patogênicos lançados neste corpo d'água.
Padrão (organismos/300
Classe do corpo d'água —
Coliformes fecais Coliformes lolais ; 1
Obs:
(a) Padrão a ser cumprido em B0% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer més.
(b) O padrão para coliformes totais deve ser utilizado quando não houver na região meios disponíveis para o exame de
coliformes fecais.
(c) Nos corpos d água de Classe Especial não sâo permitidos quaisquer lançamentos, mesmo que tratados.
(dj Para uso do corpo d'âgua para recreação de contato primário, deve ser analisado artigo especifico da legislação
(e) As águas utilizadas para irrigação de hortaliças ou plantas trutiteras que se desenvolvem rente ao solo e que são consumidas
cruas, sem remoção de casca ou película, não devem ser poluídas por excrementos humanos, ressaltando-se a necessidade
de inspeções sanitárias periódicas.
(!) Não há padrão para colilormes, já que as águas de Classe 4 não são Indicadas para abastecimento, irrigação ou
balneabllidade.
2.3. CinéticajjojecaimcntoJ>aeteriano
2,3.1. Fatores intervenientes
Os coliformes e outros organismos de origem intestinal apresentam uma mortalidade
natural quando expostos a condições ambientais que diferem das anteriormente prepon-
derantes dentro do sistema humano, e que eram as ideais para o seu desenvolvimento e
reprodução. Entre os vários fatores que contribuem para a mortalidade bacteriana, citam-se
os seguintes (Almeida, 1979; Arceivala, 1981; EPA, 1985; Thomann e Mueller, 1987): -
^Fatores físicos:
• luz solar (radiação ultra-violeta)
• temperatura (os valores usuais nas águas são bem inferiores à média no corpo
humano, em torno de 36°C)
• adsorção
• floculação
• sedimentação
Fatores físico-químicos:
• efeitos osmóticos (salinidade)
• pH
• toxicidade química
• potencial redox
Fatores biológicos e bioquínúcos:
• falta de nutrientes
• predação
• competição
Tais fenômenos podem atuar simultaneamente, e com diferentes graus de impor-
tância.
onde:
N = número de coliformes (coli/100 ml)
Kb = coeficiente de decaimento bacteriano (d 1 )
t = tempo (d)
Fórmula da contagem de
Regime H dráulico Esquema
coliformes efluentes (N)
Fluxo em pistão
(ex: rios) =C5 [ £M>
N= N0 • er*f
Mistura completa
(ex: lagos)
Marais (apud Arceivala, 1981) comenta não haver diferenças significativas entre
as taxas de decaimento de coliformes totais, coliformes fecais e estreptococos fecais.
As taxas de mortalidade de vírus são menores que as das bactérias coliformes.
O efeito da temperatura na taxa de decaimento dos microrganismos pode ser
formulado através de:
onde:
9 = coeficiente de temperatura (-)
Um valor médio para 9 pode ser 1,07 (Castagnino, 1977: Thomann e Mueller,
1987), embora haja uma grande variação dos dados apresentados na literatura.
Processo Comentário
São lagoas de menores profundidades, onde a penetração da radiação
solar ultra-violeta e as condições ambientais desfavoráveis causam uma
Lagoa de elevada mortandade dos patogênicos. As lagoas de maturação não
malufaçâo necessitam de produtos químicos ou energia, mas requerem grandes •
áreas. Devido à sua grande simplicidade e baixos custos, são os
Natural sistemas mais recomendáveis (desde que haja área disponível).
As condições ambientais desfavoráveis no solo favorecem a
Disposição mortandade de patogênicos. Deve-se atentai para a possível
no solo contaminação de vegetais, os quais não devem ser ingeridos. Não
necessita de produtos químicos. Requer grandes áreas.
O cloro mata os microrganismos patogênicos. São necessárias elevadas
dosagens, o que encarece o processo. Há certa preocupação com
Cloraçào relação à geração de subprodutos tóxicos, mas deve-se levar em
consideração o grande benefício da remoção de patogênicos. Há
bastante experiência com cloraçào na área de tratamento de água.
Artificial 0 ozônio é um agente bastante eticaz para a remoção de patogênicos.
Ozonização
No entanto, a ozonização é bastante cara.
A radiação ultra-violeta. gerada por lâmpadas especiais, mata os
Radiação agentes patogênicos. Não há geração de subprodutos tóxicos. Este
ultra-violeta processo tem se desenvolvido bastante recentemente, e parece ser
competitivo com a cloraçào, dentro de determinadas condições.
Solução:
a) Concentração de coliformes fecais no esgoto bruto.
Assumir uma concentração de coliformes fecais Atebruio = lxl O1 org/100ml no
esgoto bruto (ver Capítulo 2).
O 10 20 30 40 50
distância (km)
Exemplo 2.2
Solução:
. v • 5.000.000 m s ,
t =—= : = 70,2 d
Q (0,824 nr/s) x (86.400 s/d)
d) Concentração de coliformes na represa
Assumindo-se um modelo de mistura completa, e um valor de Kb igual a 1,0
d'[ (igual ao Exemplo 2.1), a concentração de coliformes na represa e no
efluente da represa é dado por (ver Quadro 2.2):
1 +Kh.t 1 + 1,0x70,2
O valor encontra-se acima do padrão de 1.000 org/100 ml, para Classe 2.
e) Concentração máxima permissível no esgoto para atendimento ao padrão
Utilizando-se a mesma equação de mistura completa, tem-se:
N
N=- ^ — = 1.000 = - °
\+Ki,.t 1 + 1,0 X 70,2
N„ = 71.200 org/100 ml
No ponto de mistura esgoto-rio, a concentração deverá ser de 71.200 org/100
ml. Utilizando-se a equação da concentração na mistura, obtém-se a concen-
tração máxima desejável no esgoto bruto.
Ar Qr.Nr+Qe.Ne _.„nn :
0,710 x 0 + 0,114 X Ne
yVo = — t i ,2UU
Qr+Qe 0,710 + 0,114
Nc = 515.000 org/100 ml
f ) Eficiência requerida para a remoção de coliformes fecais no tratamento de
esgotos
A eficiência requerida é:
1,0X10?-515.000
1,0x IO7
c) Ocupação urbana
Caso se substitua a área agricultável da bacia hidrográfica por ocupação urbana,
uma série de consequências irá ocorrer, desta vez em taxa bem mais rápida.
• Assoreamento. A implantação de loteamentos implica em movimentos de terra para
as construções. A urbanização reduz também a capacidade de infiltração das águas
no terreno. As partículas de solo tendem, em consequência, a seguir pelos fundos
de vale, até atingir o lago ou represa. Aí, tendem a sedimentar, devido às baixíssimas
velocidades de escoamento horizontal. A sedimentação das partículas de solo causa
o assoreamento, reduzindo o volume útil do corpo d'água, e servindo de meio
suporte para o crescimento de vegetais fixos de maiores dimensões (macrófitas)
próximos às margens. Estes vegetais causam uma evidente deterioração no aspecto
visual do corpo d'água.
Q u a d r o 3 . 1 C a r a c t e r i z a ç ã o t r ó f i c a de lagos e reservatórios
Classe de trofia
Item
Ultraoligolrófico Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Hipereutrófico
Biomassa Bastante baixa Reduzida Média Alta Bastante alta
Fração de algas
verdes e/ou Baixa Baixa Variável Alta Bastante alta
cianotlceas
Baixa ou
Macró fitas Baixa Variável Aita ou baixa Baixa
ausente
Dinâmica de
Bastante baixa Baixa Média Alta Alta, instável
produção
Bastante *
Dinâmica de Variável em
Normalmente Normalmente Frequentemente instável, de
oxigênio na torno da
saturado saturado supersaturado supersaturaçâo
camada superior supersaturaçâo
à ausência
Bastante
Dinâmica de Abaixo da
Normalmente Normalmente Variável abaixo instável, de
oxigênio na saturação à
saturado saturado da saturação supersaturaçâo
camada inferior completa ausência
á ausência
Prejuízo aos
Baixo Baixo Variável Alto • Bastante alto
usos múüipfos
Adaptado da Volienwelder {apud Salas ü Martírio, 1991)
Quadro 3.2 Faixas aproximadas de valores de fósforo total para os principais graus de trofia
Classe de trofia
UStraoligotrôfico
Oligotrófico
Mesotröfioo
Eutrófico
Hipereutrófica
Concentração de fósforo total na represa (mg/m 3 )
Fonte: tabela construída coni base nos dados apresentados por von Sperling (1994a)
< 5
<10-20
10-50
25-100
> 100
Nota: a superposição dos valores entre duas faixas indica a dificuldade no estabelecimento de faixas rígidas
Quadro 3.3 Vinculação entre os usos da água e os graus de trofia em um corpo d'água
Classe de trofia
Uso Ultra- Olígo- Meso- • Meso- ^ ^ Hiper-
oliçiotiófico Irófico trófico eutrófico eutrófico
Abastecimento de água potável Desejável Tolerável
Abastecimento de água de processo Desejável Tolerável
Abastecimento de água de resfriamento Tolerável
Recreação de contato primário Desejável Tolerável
Recreação de contato secundário Desejável Tolerável
Paisagismo Tolerável
Criação de peixes (espécies sensíveis) Desejável Tolerável
Criação de peixes (espécies tolerantes) Tolerável
Irrigação Tolerável
Produção de energia Tolerável
Ponte: adaptado da Thornton e Rast (1994)
^Lg^Nutrientc limitante
Nutriente limitante é aquele que, sendo essencial para uma determinada popu-
lação, limita seu crescimento. Em baixas concentrações do nutriente limitante, o
crescimento populacional é baixo. Com a elevação da concentração do nutriente
limitante, o crescimento populacional também aumenta. Essa situação persiste até o
ponto em que a concentração desse nutriente passa a ser tão elevada no meio, que um
outro nutriente passa a ser o fator limitante, por não se apresentar em concentrações
suficientes para suprir os elevados requisitos da grande população. Esse novo
nutriente passa a ser o novo nutriente limitante, pois nada adianta aumentar a
TEMPERATURA OD
termoclino
temperoturo OD
TEMPERATURA OD
altura altura
u
temperatura OD
concentração do primeiro nutriente, que a população não crescerá, pois estará limitada
pela insuficiência do novo nutriente limitante.
Thomann e Mueller (1987) sugerem o seguinte critério, com base na relação entre
.is concentrações de nitrogênio e fósforo (N/P), para se estimar preliminarmente se o
crescimento de algas em um lago está sendo controlado pelo fósforo ou nitrogênio:
• grandes lagos, com predominância de fontes não pontuais: N/P> 10: limitação por
fósforo
• pequenos lagos, com predominância de fontes pontuais: N/P< 10: limitação por
nitrogênio
De acordo com Salas e Martino (1991), a maioria dos lagos tropicais da América
I .itina são limitados por fósforo. Um outro aspecto é o de que, mesmo que se controle
t» aporte externo de nitrogênio, há algas com capacidade de fixar o nitrogênio
itlinosférico, que não teriam a sua concentração reduzida com a diminuição da carga
ilhiente de nitrogênio. Por estas razões, prefere-se dar uma maior prioridade ao
controle das fontes de fósforo quando se pretende controlar a eutrofização em um
corpo d'água. O presente texto segue esta abordagem.
LZ
Impacto do lançamento de efluentes nos corpos receptores 159
3.6. Estjinativajda^carga de fósforo afluciitejijjmJagoou represa
As principais fontes de fósforo a um lago ou represa são, em ordem crescente de
importância:
• drenagem pluvial
- áreas com matas e florestas
- áreas agrícolas
- áreas urbanas
• esgotos
A drenagem pluvial de áreas com ampla cobertura vegetal, como matas e florestas,
transporta a menor quantidade de fósforo. Nestas áreas, o fósforo não está supera-
bundando no meio, já que o ecossistema se encontra próximo ao equilíbrio, não
havendo nem grandes excessos, nem grandes faltas dos principais elementos.
A drenagem de áreas agrícolas apresenta valores mais elevados e, também, uma
ampla variabilidade, dependendo da capacidade de retenção do solo, irrigação, tipo
de fertilização da cultura e condições climáticas (CETESB, 1976).
A drenagem urbana apresenta valores mais elevados e com menor variabilidade.
Os esgotos domésticos veiculados por sistemas de esgotamento dinâmico são, na
realidade, a maior fonte de contribuição de fósforo. Este encontra-se presente nas
fezes humanas, nos detergentes para limpeza doméstica e em outros subprodutos das
atividades humanas. Com relação aos esgotos industriais, é difícil a generalização da
sua contribuição, em virtude da grande variabilidade apresentada entre distintas
tipologias industriais, e mesmo de indústria para indústria em uma mesma tipologia.
O Quadro 3.4 apresenta valores típicos da contribuição unitária de fósforo,
compilados de diversas referências nacionais e estrangeiras (von Sperling, 1985b). A
unidade de tempo adotada é "ano", conveniente para modelagem matemática.
(3.1)
L/onde:
P = concentração de fósforo no corpo d'água (gP/m 3 )
L = carga afluente de fósforo (kgP/ano)
V = volume da represa (m 3 )
t = tempo de detenção hidráulica (ano)
K., = coeficiente de perda de fósforo por sedimentação (l/ano)
Vollenweider obteve o valor de Ks por meio de análise da regressão em função
do tempo de detenção na represa. O valor obtido foi:
K, = 1/VT (3.2)
K, = 2Wí~ (3.4)
(3.5)
AEquação 3.5 pode ser rearranjada, para se determinar a carga máxima admissível
de fósforo a um lago, para que não seja suplantado um valor máximo para a
concentração de fósforo no lago:
Carga de fósforo máxima admissível:
(3.6)
IO1
Para a utilização da Equação 3.6, deve-se estimar L para que P situe-se abaixo do
limite da eutrofia. Segundo o Quadro 3.2, a faixa de concentração de fósforo em um
corpo d'águaeutróficoéde 25 a 100mgP/m\ou seja, 0,025 a0,100 gP/m\ Afixação
de um valor ideal de P, mais relaxado ou mais restritivo, deve ser feita caso a caso,
analisando-se os usos múltiplos da represa e o seu grau de importância.
Devido ao fato de ter sido desenvolvido com base em dados regionais (inclusive
brasileiros), acredita-se que o modelo empírico proposto por Salas e Martino (1991)
deva ser o modelo utilizado para o planejamento e gerenciamento de lagos e represas
em nossas condições. Naturalmente que deve estar sempre presente o espírito crítico
e a experiência do pesquisador, para evitar distorções, dada a especificidade de cada
represa ou lago em estudo
Fig. 3.3. Estratégias para o controle dos esgotos visando n prevenção do aporte dc nutrientes na represa
Com relação ao tratamento dos esgotos com remoção de fósforo, esta pode ser
efetuada por meio de processos biológicos e/ou físico-químicos.
A remoção avançada de fósforo no tratamento de esgotos por meio de processos
biológicos foi desenvolvida há cerca de duas décadas, estando hoje bastante conso-
lidada. O processo baseia-se na alternância entre condições aeróbias e anaeróbias,
situação que faz com que um determinado grupo de bactérias assimile uma quantidade
de fósforo superior à requerida para os processos metabólicos usuais. Ao se retirar
estas bactérias do sistema, está-se retirando, em decorrência, o fósforo absorvido
pelas mesmas. Com a remoção biológica de fósforo pode-se atingir efluentes com
concentrações em torno de 0,5 mgP/1, embora seja mais apropriado considerar-se um
valor mais conservador de 1,0 mgP/1.
A remoção de fósforo por processos físico-químicos baseia-se na precipitação do
fósforo, após adição de sulfato de alumínio, cloreto férrico ou cal. O consumo de
produtos químicos e a geração de lodo são elevados. O tratamento físico-químico
após a remoção biológica de fósforo pode gerar efluentes com concentrações da
ordem de 0,1 mgP/1.
b) Medidas corretivas
As medidas corretivas a serem adotadas podem incluir uma ou mais das estratégias
apresentadas no Quadro 3.5 (von Sperling, 1995a; Barros et al, 1995).
Dados:
Solução:
V 10 x 10fi m3
t =— — 2—; = 0,20 anos
Q 50 x 10 m /ano
L l0
P= ,: \ , =• 9.900 x 10a =0,105 gP/m' = 105 mgP/nv1
11 2
V.
" • 10xl0r' 7 ^ + - 2
t + VT 0,20
V /
1 2 \
+ 6 +
p.v.\t VF 0,050 x 10 x 10 .1 0,20 VÕ2Õ
1
L= —^ = = 4.736 kgP/ano
3 1
IO IO"
A carga afluente terá de ser reduzida de 9.900 kgP/ano para 4.736 kgP/ano.
A atuação integrada entre controle dos esgotos e controle do escoamento
superficial pode alcançar esta redução facilmente.
1.1. Preliminares
Hm estudos ou projetos, antes de se iniciar a concepção e o dimensionamento do
tratamento, deve-se definir com clareza qual o objetivo do tratamento dos esgotos, e
.1 que nível deve ser o mesmo processado. Tal questionamento assume frequentemente
uma importância secundária em projetos apressados ou excessivamente padroniza-
do'., e não raro se vê concepções superestimadas, subestimadas, ou desvinculadas de
outros importantes aspectos que não apenas a remoção da DBO com uma eficiência
de, por exemplo, 90%. Porque a DBO? Porque apenas a DBO? Porque 90%? Estas
devem ser perguntas que devem ser efetuadas e esclarecidas na etapa preliminar da
formulação da concepção do sistema.
Para tanto, devem ser bem caracterizados os seguintes aspectos:
• objetivos do tratamento
• nível do tratamento
• estudos de impacto ambiental no corpo receptor
< )s requisitos a serem atingidos para o efluente são função de legislação específica, que
1 >i i • vc padrões de qualidadeparao efluente e pai a o corpo receptor. A legislação foi abrangida
nu Capítulo "Noções de qualidade das águas". Os estudos de impacto ambiental,
necessários para a avaliação do atendimento aos pedrões do corpo receptor, foram
• II I,ilhados no Capítulo 3.
Nível Remoção
Preliminar - Sólidos em suspensão grosseiros (materiais de maiores dimensões e areia)
- Sólidos em suspensão sedimentáveis
Primário - DBO em suspensão (matéria orgânica componente dos sólidos em suspensão
sedimentáveis)
- DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão fina, não removida no
Secundário tratamento primário)
- DBO solúvel (matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos)
- Nutrientes
• Patogênicos
• Compostos não biodegradáveis
Terciário
• Metais pesados
• Sólidos inorgânicos dissolvidos
• Sólidos em suspensão remanescentes
Nota: a remoção de nutrientes (por processos biológicos) e de patogênicos pode ser considerada como inlegrante do
tratamento secundário, dependendo da concepção de tratamento local
Nível de tratamento'''
Itsm
Preliminar Primário Secundário
• Sólidos não sedimentáveis
- DBO em suspensão fina
Poluentes - Sólidos sedimentáveis
- Sólidos grosseiros - DBO solúvel
mmovidos - DBO em suspensão
- Nutrientes (parcialmente)
- Patogênicos (parcialmente)
- SS: 60-70% - DBO: 60 a 99%
1 llcllncias de
- - DBO; 30-40% - Coliformes: 60 a 99% ( 3 )
wrnnçâo
- Coliformes; 30-40% - Nutrientes: 10 a 50% ( 3 )
Mocanismo
ilti itatamento Rsico Fisico Biológico
1 iiíidominante
Cumpre o
1 Mtlrâo de Não ' Não Usualmente sim
i.iiiçomento?'2'
- Tratamento mais completo
para matéria orgânica e
- Montante de elevatória - Tratamento parcial sólidos errt suspensão
Aplicação - Etapa inicial de - Etapa intermediária de (para nutrientes e
tratamento tratamento mais completo coliformes, com adaptações
ou inclusão de etapas
específicas)
Niitns
(I) t Ima ETE a nível secundário usualmente tem tratamento preliminar, mas pode ou nâo ter tratamento primário (depende do
|iroí;«aoo).
1'íidrâo de lançamento tal como expresso na legsiaçào O árgào ambiental poderá autorizar outros valores para o
lançamento, caso estüdos ambientais demonstrem que o corpo receptor continuará enquadrado dentro da sua classe.
(3) A eficiência de remoção poderá ser superior, caso ha|a alguma etapa de remoção específica
(1.1)
onde
I'. eficiência de remoção (%)
('„ = concentração afluente do poluente (mg/l)
C V = concentração efluente do poluente (mg/l)
2.2.1. Introdução
< > Quadro 2.2 lista os principais processos, operações e sistemas de tratamento
lii-quentemente utilizados no tratamento de esgotos domésticos, em função do
poluente a ser removido. Tais métodos são empregados para a fase líquida, que
. iitTcsponde ao fluxo principal cb líquido na estação de tratamento de esgotos. Por
i miro lado, a fase sólida (abordada no Item 2.3) diz respeito aos subprodutos sólidos
|fn ados no tratamento, notadamente o lodo. O presente texto concentra-se no trata-
iiu Hto biológico das águas residuárias, razão pela qual não são abordados os sistemas
u liidonados ao tratamento físico-químico (dependente da adição de produtos quími-
i n1., i' mais utilizado para o tratamento de despejos industriais).
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
A DBO solúvel e finamente particulada é estabilizada aerobiamerite por bactérias
lagoa dispersas no meio liquido, ao passo que a DBO suspensa tende a sedimentar, sendo
titi.ultaliva estabilizada anaerobiamente por bactérias no fundo da lagoa. 0 oxigênio requerido
pelas bactérias aeróbias é fornecido pelas algas, através da fotossíntese.
t.ngoa A DBO é em torno de 50% estabilizada na lagoa anaeróbia {mais profunda e com menor
iinuoróbia - volume}, enquanto a DBO remanescente é removida na lagoa facultativa, 0 sistema
ijt|/f.iíl lacull. ocupa uma área inferior ao de uma lagoa facultativa única.
Os mecanismos de remoção da DBO são similares aos de uma lagoa facultativa. No
1 ngoa
entanto, o oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos, ao invés de através da
nnroda
fotossíntese, Como a lagoa é também facultativa, uma grande parte dos sólidos do
hic.ultativa
esgoto e da biomassa sedimenta, sendo decomposta anaerobiamente no fundo.
A energia introduzida por unidade de volume da lagoa è elevada, o que íaz com que os
sólidos (principalmente a biomassa) permaneçam dispersos no meio liquido, ou ern
Lagoa
mistura completa A decorrente maior concentração de bactérias no meio liquido
cintada de
aumenta a eficiência do sistema na remoção da DBO, o que permite que a lagoa tenha
m/slura
um volume inferior ao de uma lagoa aerada facultativa. No entanto, o efluente contém
completa •
elevados teores ce sólidos (bactérias), que necessitam ser removidos antes do.
lagoa de
lançamento no corpo receptor. A lagoa de decantação a jusante proporciona condições
ilncnnlaçâo
para esta remoção. 0 lodo da lagoa de decantação deve ser removido em períodos de
poucos anos
LODOS ATIVADOS
A concentração de biomassa no reator é bastante elevada, devido à recirculaçâo dos
sólidos (bactérias) sedimentadas no tundo do decantador secundário. A biomassa
permanece mais tempo no sistema do que o líquido, o que garante uma elevada
Lodos eficiência na remoção da DBO. Há a necessidade da remoção de uma quantidade de
ativados
lodo (bactérias) equivalente à que é produzida. Este lodo removido necessita uma
ri ii ivoncional
estabilização na etapa de tratamento do lodo. 0 fornecimento de oxigênio é feito por
aeradores mecânicos ou por ar difuso. A montante do reator há uma unidade de
decantação primária, de forma a remover os sólidos sedimentáveis do esgoto bruto.
Similar ao sistema anterior, com a diferença de que a biomassa permanece mais tempo
Lodos no sistema (os tanques de aeração são maiores}. Com isto, há menos DBO disponível
ativados por para as bactérias, o que faz com que elas se utilizem da matéria orgânica do próprio
neraçSo material celular para a sua manutenção. Em decorrência, o lodo excedente retirado
piolongada {bactérias} já sai estabilizado. Não se incluem usualmente unidades de decantação
primária.
A operação do sistema ê intermitente, Assim, no mesmo tanque ocorrem, em fases
diferentes, as etapas de reação (aeradores ligados) e sedimentação (aeradores
Lodos
desligados), Quando os aeradores estão desligados, os sólidos sedimentam, ocasião
ativados de
em que se retira o efluente (sobrenadante). Ao se religar os aeradores, os sólidos
tluxo
sedimentados retornam à massa líquida, o que dispensa as elevatórias de recirculaçâo.
intermitente
Não há decantadores secundários. Pode ser na modalidade convencionai ou aeração
prolongada.
L A G O A FACULTATIVA
SISTEMA: L A G O A A N A E R Ó B I A - L A G O A FACULTATIVA
MEDnon
VAZAO
L A G O A A E R A D A FACULTATIVA
SISTEMA: L A G O A A E R A D A DE MISTURA C O M P L E T A - L A G O A DE D E C A N T A Ç Ã O
L A G O A AEISADADÉ
GBADE DESAnSNAOor! MEDIDOI!
MEDIDOB MB1U,,A COUPiftA L K C A H B E A m ^ t o
VAZÃO
LODOS ATIVADOS C O N V E N C I O N A L
(FLUXO C O N T I N U O )
LODOS ATIVADOS - A E R A Ç Ã O P R O L O N G A D A
(FLUXO C O N T Í N U O )
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toisa séptica)
E S C O A M E N T O SUPERFICIAL
TRATAMENTO PRELIMINAR
i •
fase ta.5®
sólida sollda
A remoção dos sólidos grosseiros é feita frequentemente por meio de grades, mas
pode-se usar também peneiras rotativas ou trituradores. No gradeamento, o material
de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras é retido (ver Figura 2.3).
Há grades grossas, médias e finas, dependendo do espaço livre entre as barras. A
remoção do material retido pode ser manual ou mecanizada.
As principais finalidades da remoção dos sólidos grosseiros são:
- proteção dos dispositivos de transporte dos esgotos (bombas e tubulações);
- proteção das unidades de tratamento subsequentes;
- proteção dos corpos receptores.
A remoção da areia contida nos esgotos é feita através de unidades especiais
denominadas desarcnadores. O mecanismo de remoção da areia é simplesmente o
de sedimentação: os grão de areia, devido às suas maiores dimensões e densidade,
vfio para o fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, sendo de sedimentação bem
mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para as unidades de jusante.
CAIXA DE AREIA
(DESARENADOR)
AREIA SEDIMENTADA
TRATAMENTO PRIMÁRIO
DECANTADOR PRIMÁRIO
LODO
EM DIGESTÃO
__ 2 ^ ^ j j [ ^ t a m e n t o secundário _
O principal objetivo do tratamento secundário é a remoção da matéria orgânica.
r.sia se apresenta nas seguintes formas:
• matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel), a qual não é removida por processos
meramente físicos, como o cie sedimentação, que ocorre no tratamento primário;
• matéria orgânica em suspensão (DBO suspensa ou particulada), a qual é em
grande parte removida no tratamento primário, mas cujos sólidos de decantabili-
ilnde mais lenta persistem na massa líquida.
Os processos de tratamento secundário são concebidos de forma a acelerar os
mecanismos de degradação que ocorrem naturalmente nos corpos receptores. Assim,
decomposição dos poluentes orgânicos degradáveis é alcançada, em condições
i ontroladas, em intervalos de tempo menores do que nos sistemas naturais.
A essência do tratamento secundário de esgotos domésticos é a inclusão de uma
t tapa biológica. Enquanto nos tratamentos preliminar e primário predominam me-
i miismos de ordem física, no tratamento secundário a remoção da matéria orgânica
i eletuada por reações bioquímicas, realizadas por microrganismos.
Uma grande variedade de microrganismos toma parte no processo: bactérias,
inotozoários, fungos etc. A base de todo o processo biológico é o contato efetivo entre
r-.ses organismos e o material orgânico contido nos esgotos, de tal forma que esse
possa ser utilizado como alimento pelos microrganismos. Os microrganismos con-
vciiein a matéria orgânica em gás carbônico, água e material celular (crescimento e
irprodução dos microrganismos) (ver Figura 2.7). Essa decomposição biológica do
miilerial orgânico requer a presença de oxigênio como componente fundamental dos
(nm-essos aeróbios, além da manutenção de outras condições ambientais favoráveis,
i nino temperatura, pH, tempo de contato etc.
BACTÉRIAS
BACTÉRIAS + MATERIA O R G A N I C A
ÁGUA + GAS C A R B Ô N I C O
Fig. 2.7. Esquema simplificado do metabolismo bacteriano
a) Lagoas facultativas
As lagoas de estabilização são unidades especialmente construídas com a finali-
dade de tratar os esgotos. No entanto, a construção é simples, baseando-se principal-
mente em movimento de terra de escavação e preparação dos taludes.
Dentre os sistemas de lagoas de estabilização, o processo de lagoas facultativas é
o mais simples, dependendo unicamente de fenômenos puramente naturais. O esgoto
afluente entra em uma extremidade da lagoa e sai na extremidade oposta. Ao longo
desse percurso, que demora vários dias, uma série de eventos contribui para a
purificação dos esgotos.
A matéria orgânica etn suspensão (DBO particulada) tende a-sedimentar, vindo
a constituir o lodo de fundo. Este lodo sofre o processo de decomposição por
microrganismos anaeróbios, sendo convertido em gás carbônico, água, metano e
outros. Apenas a fração inerte (não biodegradável) permanece na camada de fundo.
A matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel), conjuntamente com a matéria
orgânica em suspensão de pequenas dimensões (DBO finamente particulada) não
LAGOA FACULTATIVA
Energia luminosa
I Ij) 2. ttl. Fluxograma típico de um sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas
L A G O A A E R A D A FACULTATIVA
(In luem, além da matéria orgânica do esgoto bruto, também as bactérias (biomassa).
III. cm decorrência, uma maior concentração de bactérias no meio líquido, além de
mu maior contato matéria orgânica-bactérias. Com isto, a eficiência do sistema
gllmcnta bastante, permitindo a que o volume da lagoa aerada seja bastante reduzido.
1» ItímpQ de detenção típico na lagoa aerada é da ordem de 2 a 4 dias.
No entanto, apesar da elevada eficiência desta lagoa na remoção da matéria
i ii(jrtnica originalmente presente nos esgotos, um novo problema passou a ser criado.
\ biomassa permanece em suspensão em todo o volume da lagoa, vindo, portanto, a
IH com o efluente da lagoa, Esta biomassa é, em última análise, também matéria
iMi'.niica, ainda que de uma natureza diferente da DBO do esgoto bruto. Esta nova
iHiiteria orgânica, caso fosse lançada no coipo receptor, iria exercer também uma
• li manda de oxigênio, causando a deterioração da qualidade das águas.
I' importante, portanto, que haja uma unidade a jusante, na qual os sólidos em
ii'.|icnsão (predominantemente a biomassa) possam vir a sedimentar. Esta unidade
I " le ser uma Lagoa de decantação, com a finalidade precípua de permitir a sedimen-
i i, io e acúmulo dos sólidos.
A lagoa de decantação é dimensionada com um tempo de detenção bem reduzido,
i m lotno de 2 dias. Nela, os sólidos vão para o fundo, onde são armazenados por um
jn i iodo de alguns anos, após o qual são removidos. Há também lagoas de decantação
• mil remoção contínua do lodo de fundo, através de bombas acopladas em balsas.
A área requerida por este sistema de lagoas á a menor dentre os sistemas de lagoas,
t K requisitos de energia são similares aos demais sistemas de lagoas aeradas. No
PMtimto, os aspectos relativos ao manuseio do lodo podem ser mais complicados,
. I.jvido ao fato de se ter um menor período de armazenagem na lagoa, comparado com
IM outros sistemas. Caso a remoção de iodo seja periódica, tal ocorrerá numa
hrquência aproximada em torno de 2 a 5 anos. A remoção do lodo é uma tarefa
Inboriosa e cara.
1ISTEMA: L A G O A A E R A D A DE M I S T U R A C O M P L E T A - L A G O A DE D E C A N T A Ç Ã O
CORPO
I11|| L12. Fluxograma típico de um sistema de lagoas aeradas de mistura completa - lagoas de decantação
REATOR DECANTADOR
SECUNDÁRIO
Fig. 2.13. Esquema das unidades da etapa biológica do sistema de lodos ativados
FLOCO BACTEFIIANO
LODOS ATIVADOS C O N V E N C I O N A L
(FLUXO CONTINUO)
4
w
No tanque de aeração, devido à entrada contínua de alimento, na forma de ! >!U >
dos esgotos, as bactérias crescem e se reproduzem continuamente. Caso fosw;
permitido que a população de bactérias crescesse indefinidamente, elas tenderiam a
atingir concentrações excessivas no tanque de aeraçâo, dificultando a transferem 1.1
de oxigênio a todas as células. Ademais, o decantador secundário ficaria sobrecarre-
gado, e os sólidos não teriam mais condições de sedimentar satisfatoriamente, vindo
a sair com o efluente final, deteriorando a sua qualidade. Para manter o sistema em
equilíbrio, é necessário que se retire aproximadamente a mesma quantidade de
biomassa que é aumentada por reprodução. Este é, portanto, o lodo biológico
excedente, que pode ser extraído diretamente do reator ou da linha de recirculação.
O lodo excedente deve sofrer tratamento adicional, na linha de tratamento do lodo.
O sistema de lodos ativados convencional ocupa áreas bastante inferiores às do
sistema de lagoas. No entanto, o fluxograma do sistema é complicado, requerendo
uma elevada capacitação para a sua operação. Os gastos com energia elétrica para
aeração são um pouco superiores aos das lagoas aeradas.
Existem algumas variantes do processo de Iodos ativados, sendo que duas das
principais (aeração prolongada e fluxo intermitente) são descritas brevemente a
seguir.
b) Aeração prolongada
No sistema de Iodos ativados convencional, o lodo permanece no sistema de 4 a
10 dias. Com este período, a biomassa retirada no lodo excedente requer ainda uma
etapa de estabilização no tratamento do lodo, por conter ainda um elevado teor de
matéria orgânica na composição de suas células.
No entanto, caso a biomassa permaneça no sistema por um período mais longo,
da ordem de 20 a 30 dias (daí o nome aeração prolongada), recebendo a mesma carga
de DBO do esgoto bruto que o sistema convencional, haverá uma menor disponibi-
lidade de alimento para as bactérias. Para que a biomassa permaneça mais tempo no
sistema, é necessário que o reator seja maior (o tempo de detenção do líquido é em
torno de 16 a 24 horas). Portanto, há menos matéria orgânica por unidade de volume
do tanque de aeração. Em decorrência, as bactérias, para sobreviver, passam a utilizar
nos seus processos metabólicos a própria matéria orgânica componente das .suas
células, Esta matéria orgânica celular é convertida em gás carbónico e água através
da respiração. Isto corresponde a uma estabilização da biomassa, ocorrendo no
próprio tanque de aeração. Enquanto no sistema convencional a estabilização do lodo
é feita em separado (na etapa de tratamento de lodo), na aeração prolongada ela é
feita conjuntamente, no próprio reator.
Já que não há a necessidade de se estabilizar o lodo biológico excedente,
procura-se evitar no sistema de aeração prolongada também a geração de alguma
outra forma de lodo, que venha a requerer posterior estabilização. Deste modo, os
sistemas de aeração prolongada usualmente não possuem decantadores primários,
para evitar a necessidade de se estabilizar o lodo primário. Com isto, obtém-se uma
fasa sólida
(já estabilizado)
O preço desta simplificação do sistema é o gasto com energia para aeração, já que
o lodo é estabilizado aerobiamente no reator. Por outro lado, a reduzida disponibili-
dade de alimento e a sua praticamente total assimilação fazem com que a aeração
prolongada seja o processo de tratamento dos esgotos mais eficiente na remoção de
DBO.
lostí SÍJiOJ
t j à ustotail/odo I k j
aoração piolangado)
Fig. 2.17. Esquema de um sistema de Iodos ativados com operação intermitente
FILLRO BIOLÓGICO
j^Biodiscos_
O processo de biodiscos é fisicamente diferente dos processos de tratamento
anteriormente descritos. No entanto, devido ao fato da biomassa crescer aderida a um
meio suporte (o biodisco), este processo é descrito aqui, conjuntamente com os
sistemas de filtros biológicos.
O processo consiste de uma série de discos ligeiramente espaçados, montados
num eixo horizontal. Os discos giram vagarosamente, e mantêm, em cada instante,
cerca de metade da área superficial imersa no esgoto, e o restante exposta ao ar.
BIODISCO
SUPERFÍCIE
EXPOSTA A O A R
SUPERFÍCIE
IMERSA
Tratamento anaeróbio
FOSSA FILTRO
SÉPTICA A NIAERÔB
AERÓBIO
GDAOE DESARENADOR MÇDLÇOR
f
sâlda
Y
fase s ó l i d a Y
(jô estoblIKacto) tose s ó l i d a
0 6 estabilizado)
fase sólida
(lã estobílteacio)
As formas mais comuns para a disposição final de efluentes líquidos tratados são
os cursos d'água e o mar. No entanto, a disposição no solo é também um processo
viável e aplicado em diversos locais do mundo.
A aplicação de esgotos no solo pode ser considerada uma forma de disposição final,
de tratamento (nível primário, secundário ou terciário), ou ambos. Os esgotos aplicados
no solo conduzem à recarga do lençol subterrâneo e/ou à evapotranspiração. O esgoto
supre as necessidades das plantas, tanto em termos de água, quanto de nutrientes.
INFILTRAÇAO LENTA
INFIL(A
TR
SA
PEÇU
ÃSO
AOIf):MIA
tew osósdo
o06 wi
onttpobHi
docfossa dOTcíseja
o coso
séptica) iiir/i
I' In. 2.25. Fluxograma típico de um sistema de infiltração lenta (por aspersão)
J
Vii cu, processos e sistemas de tratamento 205
rasas e sem revestimento. O líquido passa através do fundo poroso e percola
direção à água subterrânea.
A aplicação é feita de maneira intermitente, de forma a permitir um período de
descanso para o solo. Neste período, o solo seca e restabelece as condições aeróbias.
Devido às taxas de aplicação serem mais elevadas, as perdas por evaporação são
pequenas, e a maior parte do líquido percola pelo solo, sofrendo assim o tratamento.
Os tipos de infiltração rápida dos esgotos são:
- percolação para a água subterrânea
- recuperação por sistema cle drenagem subsuperficial
- recuperação por poços freáticos
INFILTRAÇÃO RÁPIDA
INFILTRAÇÃO RAPIDA
(cise s ó M a T
Qà «Mlabfcado c a s o
o decantador seja u m a
fossa séptica)
c) Infiltração subsuperficial
Nos sistemas de infiltração subsuperficial, o esgoto pré-tratado é aplicado abaixo
do nível do solo. Os locais de infiltração são preparados em escavações enterradas,
preenchidas com um meio poroso. O meio de enchimento mantém a estrutura da
escavação, permite o livre fluxo dos esgotos e proporciona o armazenamento dos
mesmos durante vazões de pico. O esgoto penetra no solo, onde ocorre o tratamento
complementar. Ao final, os esgotos tratados juntam-se à água subterrânea local,
fluindo com a mesma.
Os tipos de infiltração subsuperficial variam conforme o nível da superfície de
aplicação:
- superfície de infiltração abaixo do nível do terreno natural (sistema convencional)
- superfície de infiltração no nível ou acima do nível do terreno natural, encobertas
por uma elevação (sistema no greide e sistema de elevações artificiais)
Com relação à geometria, os sistemas de infiltração subsuperficial podem ser
classificados como:
- valas de infiltração (sem efluente final)
- valas de filtração (com efluente final)
- sumidouros (poços absorventes)
INFILTRAÇÃO SUBSUPERFICIAL
06 estabilizado caso
o decantador se|a urna
fossa sâpllca)
ESCOAMENTO SUPERFICIAL
Infiltração lenia -
Infiltração rápida •
Infiltração subsuperficiai
Escoamento superficial -
(u) Remoção algumas vezes por dia em decantadores primários convencionais e uma vez a cada 6-12 meses em fossas
Réplicas
ETFE5 -Biblioíeca
® ADENSADO?
POR GRAVIDADE APLICAÇÃO NO SOLO
LODO BIOLOGICO TRANSPORTE
(já estabilizado)
ATERRO SANITÁRIO
LEITO DE
LODO BIOLOGICO SECAGEM TRANSPORTE
(já estabilizado)
DIGESTOR
ATERRO SANITÁRIO
ANAEROBIO
LODO PRIMÁRIO GR/ LEITO DE
SECAGEM
TRANSPORTE
LODO BIOLÓGICO F
- -»N
, _ DIGESTOR
ADENSADOR ANAERÓBIO ATERRO SANÍTARIO
DE
LODO PRIMÁRIO GRAVIDADE m D 0 OB TOANSP0RTE
LODO BIOLÓGICO ^ ^ 1 1
DIGESTOR
ADENSADOF! ANAEROBIO
GRAVIDADE
DIGESTOR
FLOTADOR AERÓBIO
LODO BIOLÓGICO
ETEs DESCENTRALIZADAS
X BACIA 1
ETE CENTRALIZADA
BACIA 1
LEGENDA
interceptor
margem esquerda
corrego ou
fundo de vale
interceptor
margem direita
M(j;. 3.2. Soluções de esgotamento sanitário cm uma mancha urbana (hachurada). Parte superior: sistema
decentralizado dc tratamento. Parle inferior: sistema centralizado de tratamento (ETE única)
Condição Fator
A aplicabilidade do processo é avaliada com base na experiência passada,
Aplicabilidade dados publicados, dados de estações operando e dados de estações piloto.
do processo Caso condições novas ou não usuais sejam encontradas, são necessários
estudos em escala piloto.
Vazão aplicável O processo deve ser adequado à faixa de vazão esperada,
A maioria das operações e processos deve ser projetada para operar numa
Variação de ampla faixa de vazões. A maior eficiência é usualmente obtida com vazão
vazão aceitável constante, embora alguma variação possa ser tolerada. Caso a variação de
vazão seja muito grande, pode ser necessária uma equalização da vazão.
Características As características do afluente ateiam os tipas de processo a serem usados (ex:
do afluente químicos ou biológicos) e os requisitos para a sua adequada operação.
Constituintes Quais dos constituintes presentes nos esgotos podem ser inibidores ou tóxicos,
inibores ou retratários e em que condições? Quais constituintes não são afetados durante o tratamento?
A temperatura afeta a taxa de reação da maioria dos processos químicos e
Aspectos
biológicos. A temperatura pode também afetar a operação fisica das unidades
climáticos
Temperaturas elevadas podem acelerar a geração de odor.
Cinética do processo 0 dimensionamento do reator é baseado na cinética das reações. Os dados de
e hidráulica do reator cinética são normalmente obtidos da experiência, literatura ou estudos piloto.
O desempenho é normalmente medido em termos da qualidade do efluente, a
Desempenho
qual deve ser consistente com os requisitos e/ou padrões de lançamento.
Subprodutos Os tipos e qualidade dos subprodutos sólidos, líquidos e gasosos devem ser
do tratamento conhecidos ou estimados. Caso necessário, realizar estudos piloto.
Há limitações que poderiam tornar o tratamento do lodo caro ou inexequível?
Limitações no
Oual a influência, na fase liquida, das cargas recirculadas do tratamento do
tratamento
lodo? A seleção da forma de processamento do lodo deve ser feita em paralelo
do lodo
com a seleção dos processos de tratamento da fase liquida.
Fatores ambientais, como os ventos prevalecentes e suas direções, e
Limitações proximidade a áreas residenciais podem restringir o uso de certos processos,
ambientais especialmente quando houver liberação de odores. Ruídos e tráfego podem
afetar a seleção do local da estação.
Requisitos de Que recursos e quantidades devem ser garantidos para a satisfatória operação
produtos químicos da unidade por um longo período de tempo?
Requisitos Os requisitos energéticos, bem como os prováveis custos tuturos, devem ser
energéticos estimados, caso se deseje projetar sistemas economicamente viáveis.
Requisitos de Oue recursos adicionais são necessários para se garantir uma satisfatória
outros recursos implantação e operação do sistema?
Quantas pessoas e a que nível de capacitação são necessárias para se operar o
Requisitos de
sistema? Os elementos na capacitação desejada são facilmente encontrados?
pessoal
Qual o nível de treinamento que será necessário?
Requisitos de Quais os requisitos especiais de operação que necessitarão ser satisfeitos?
operação e Quantas peças e equipamentos reserva serão necessários, e qual a sua
manutenção disponibilidade e custo?
Condição Fator
Processos auxiliares Que processos auxiliares de suporte são necessários? Como eles afetam a
requeridos qualidade do efluente, especialmente quando se tornam inoperantes?
Qual é a confiabilidade da operação e processo em consideração? A unidade
Confiabilidade pode apresentar problemas frequentes? O processo resiste a cargas de choque
periódicas? Caso afirmativo, como é afetada a qualidade do efluente?
Qual a complexidade do processo em operação rotineira e emergencial com
Complexidade cargas de choque? Qual o nível de treinamento deve ter o operador para operar
o processo?
A operação ou processo unitário pode ser usada satisfatoriamente com as
Compatibilidade
unidades existentes? A expansão da estação pode ser feita com facilidade?
Há espaço disponível para acomodar, não apenas as unidades previstas no
Disponibilidade
momento, mas também possíveis expansões futuras? Foi alocada uma área de
de área
transição suficiente para minimizar impactos ambientais estéticos na vizinhança?
Ponte: Adaptado de Metcalf & Eddy (1991)
ETFES-Bibliotfcca
Nota; a gradação é relativa em cada coluna apenas, e não generalizada para todos dos Itens. As gradações podem variar extremamente com as condições [ocais
mais favorável + menos favorável ++•»•+.#++,++: inlermedjários, em classificação decrescente
0: efeito nUíõ H7++++V: variável com o tipo de processo, equipamento. modalidade ou projeto
Sí
Q u a d r o 3.5. Avaliação relativa dos sistemas de tratamento de lodo (fase sólida)
Eficiência na Redução Economia nos Requisitos Economia nos Custos Capacidade de Resistência Simpli- Menoi
Indepen-
Operação/ Confia- cidade PossibíL
Unidade Matéria „ . , Variações dência do
Processo Volume de Operação/ Variações bilidade de Oper Maus
orgânica Área Energia Implant. qualidade Tóxicos Clima
Iodo marnl de vazão e Manul Odores
do lodo afluente
OISP. SOLO
TRAT. ANAER.
FILTRO BK)L
LOPOS AT IV.
LAGOAS
SUBPRODUTOS E
Dl SP. SOLO
FILTRO BIOL
LODOS ATIV.
LAGOAS
l'lj>iim 3 . 3 C o m p a r a ç ã o e s q u e m á t i c a e n t r e os principais s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o
L. 4
Quadro 3.6. Continuação
Sistemas Anaeróbios
Sistema Vantagens Desvantagens
- Satisfatória eficiência na remoção de DBO
- Baixos requisitos de área
- Baixos custos de implantarão e - Dificuldade em satisfazer padrões de
operação lançamento bem restritivos
- Reduzido consumo de energia - Possibilidade de efluentes com aspeclo
- Não necessita de meio suporte desagradável
Reator - Construção, operação e manutenção - Remoção de N e P insatisfatória
anaeróbio de sirpples - Possibilidade de maus odores (embora
mania de lodo - Baixíssima produção de lodo possam ser controladas)
- Estabilização do lodo no próprio reator - A partida do processo é geralmente lenta
- Boa desidratabilidade do lodo - Relativamente sensível a variações de
- Necessidade apenas da secagem e carga
disposição final do lodo - Usualmente necessita pós-tratamento
- Rápido reinicio após períodos de
paralisação
• Dificuldade em satisfazer padrões de
lançamento bem restritivos
- Idem reator anaeróbio de fluxo ascendente
- Possibilidade de efluentes com aspecto
Fossa séptica - (exceção - necessidade de meio suporte
desagradável
filtro - Boa adaptação a diferentes tipos e
- Remoção de N e P insatisfatória
anaeróbio concentrações de esgotos
- Possibilidade de maus odores (embora
- Boa resistência a variações de carga
possam ser controlados)
- Riscos de entupimento
CAPÍTULO 5
Estudos preliminares para projetos
X. ESTUDOS PRELIMINARES
A fase inicial de um projeto corresponde aos estudos preliminares. Tais compreen-
dem a caracterização global do sistema a ser projetado, incluindo a avaliação
quantitativa e qualitativa dos esgotos a contribuírem à futura estação, bem como a
análise técnico-econômica dos diversos processos e sistemas de tratamento passíveis
de aplicação. Tal etapa é de grande importância, visto que a opção a ser adotada será
fruto de todas as considerações e estudos efetuados nessa fase. Portanto, devem ser
concentrados esforços no sentido de se obterem os dados e de se extraírem as
conclusões buscando sempre a maior precisão e confiabilidade possíveis, visto que
o sucesso técnico e a viabilidade econômica da alternativa eleita dependem em grande
parte desta análise inicial.
Elementos fundamentais que devem compor os estudos preliminares são:
• Caracterização quantitativa dos esgotos afluentes à ETE
• estimativa da vazão doméstica
- estimativa da vazão de infiltração
- estimativa da vazão industrial
• Caracterização qualitativa dos esgotos afluentes à ETE
- esgotos domésticos
- despejos industriais
• Requisitos de qualidade do efluente e nível de tratamento desejado
• Estudos populacionais
• Determinação do período de projeto e das etapas de implantação
• Estudo técnico das diversas alternativas de tratamento passíveis de aplicação na
situação em análise
• Pré-dimensionamento das alternativas mais promissoras do ponto de vista técnico
• Avaliação econômica das alternativas pré-dimensionadas
• Seleção da alternativa et ser adotada com base em análise técnica e econômica
A caracterização quantitativa e qualitativa dos esgotos afluentes encontra-se
abordada no Capítulo 2, ao passo que os requisitos para o efluente e o nível de
iratamento estão enfocados no Capítulo 1. Os critérios para seleção das alternativas
foram descritos no Capítulo 4. Os demais tópicos são comentados individualmente
no presente capítulo. Não é objetivo do mesmo a análise aprofundada destes itens,
Coeticientes
Método Descrição Forma da Curva Taxa de Crescimento Fórmula (se não for efetuada análise da
regressão]
k rpgr^^ãn
„ 2 Po Pi • P 2-P? ( í í j t - ^ i
0 crescimento populacional segue uma relação ^
Crescimento matemática. que estabelece uma curva em forma de
loaistico S A P°P ufai ? âo tende assintoticamente a um valor de
Método Descrição
O método envolve a projeção gráfica dos dados passados da população em estudo.
Os dados populacionais de outras cidades similares, porém maiores, são piotados
Comparação
de tal maneira que as curvas sejam coincidentes no valor atual da população da
gráfica
cidade em estudo. Estas curvas são utilizadas como referências na projeção futura
da cidade em estudo.
Assume-se que a população da cidade em estudo possui a mesma tendência da
região (região física ou politica) na qual se encontra. Com base nos registros
Razãoe censitários a razão "população da cidade/população da região"é calculada, e
correlação projetada para os anos futuros. A população da cidade é obtida a partir da projeção
populacional da região (efetuada a nível de planejamento por algum outro Órgão) e
da razão projetada.
A população é estimada utilizando-se a previsão de empregos (efetuada por algum
outro órgão). Com base nos dados passados da população e pessoas empregadas,
Previsão de calcula-se a relação "emprego/população", a qual é projetada para os anos futuros.
empregos e A população da cidade é obtida a partir da projeção do número de empregos da
serviços de cidade. 0 procecimento é similar ao método da razão. Pode-se adotar a mesma
utilidades metodologia a partir da previsão de serviços de utilidade, como eletricidade, água,
telefone etc. As companhias de serviços de utilidade normalmente efetuam estudos
e projeções da expansão de seus serviços com relativa confiabilidade.
Ano População (hab) Vazão média (m3/d) Carga de DBO média (kg/d)
0 40.000 6.451 2.125
S 47.000 7.477 2.475
10 53.000 8.409 2.900
15 58.000 9.179 3.150
20 62,000 9.820 3.350
Solução:
Com base em tais dados, pode-se compor a seguinte tabela de valores
percentuais de população, vazão e carga, com relação aos valores de final de
plano (admitidos como 100%).
P= (5.1)
n-1 n
(1+0"
onde:
P = valor presente
F = valor futuro
i = taxa de juros anual
n = número de anos
A A A A A A A A A
íi
1
1 2 3 n-1 n
(5.2)
1 . ( 1 + 0"
onde:
A = gasto anual
Solução:
b
3x10
6
0,5x10
. n n i n i n i H n n n i
0 5 10 15 20
a u n u u . . U U H 1 U *
D S 10 15 20
F 3x1Q
1q= 1,2X10*
(1 + 0" (1+0,11)'
(1 + a i l )
P - a V + V ^ - W x 10«. ' ° l = l,8x^
1.(1+0 0,11 x (1 + 0,ll) 1 0
Transportar o valor concentrado do ano 10 para o valor presente (Equação
5.1):
1,8 x I0ft
P=- = 0,6 x IO5
10
(I + O" (1+0,ll)
P=A« i.+(1ty'-+l=0,2*10*.
0* 0,11 x (1+0,11) = 2x10«
A ÜS$ 7,0x106
B US$ 8,0x106
L Jltftit'ticias bibliográficas