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Gestão Moderna

da Cacauicultura
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Ministro: Wagner Gonçalves Rossi

COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA


Diretor: Jay Wallace da Silva e Mota
Diretor Adjunto: Edmir Celestino de Almeida Ferraz
Coordenador Geral de Apoio Operacional: Manfred Willy Müller
Coordenador Geral de Gestão Estratégia: Elieser Barros Correia

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO ESTADO DA BAHIA


Superintendente: Antonio Zózimo de Matos Costa

CENTRO DE EXTENSÃO
Chefe: Sérgio Murilo Correia Menezes

CENTRO DE PESQUISA DO CACAU


Chefe: Adonias de Castro Virgens Filho

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DE RODÔNIA


Superintendente: Francisco das Chagas Rodrigues Sobrinho

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DO PARÁ


Superintendente: Raymundo da Silva Mello Júnior

GERÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


Gerente: Paulo Roberto Siqueira

GERÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DO AMAZONAS


Gerente: Gláucio Cesar Vieira da Silva

GERÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DE MATO GROSSO


Gerente: Fernando César de Oliveira da Silva
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
Centro de Extensão

Gestão Moderna
da Cacauicult?ura

Ednaldo Ribeiro Bispo

Colaboradores:

Almir Martins dos Santos


Antonio Fernando Ribeiro Silva
Ivan Costa e Sousa
Sérgio Murilo Correia Menezes

2011
CENTRO DE EXTENSÃO - Cenex
Chefe: Sérgio Murilo Correia Menezes
Serviço de Assistência Técnica
Chefe: Milton José da Conceição
Serviço de Programação e Acompanhamento
Chefe: João Henrique Silva Almeida

Coordenação: Eduardo Otoniel Lima Paixão e José Ronaldo Monteiro Lopes


Editoração eletrônica: Marilia Leniuza Soares Ribeiro
Capa: Marília Leniuza Soares Ribeiro
Normalização de referências bibliográfica: Maria Cristina de Campos Faria
Apoio financeiro: Ceplac

Endereço para correspondência:


CEPLAC/CENEX
Km 22 Rodovia Ilhéus/Itabuna
Caixa Postal 07, 45600-970, Itabuna, Bahia, Brasil

Telefone: (73) 3214-3301 / 3315


Fax: (73) 3214-3325
E-mail: cenex1@ceplac.gov.br
Tiragem: 5.000 exemplares

F
633.74
B 622

BISPO, E. R., et al. 2011. Gestão moderna da


cacauicultura. Ilhéus, CEPLAC/CENEX. 26p.

1. Theobroma cacao - Administração rural - Região cacaueira.


I. Título.
1. APRESENTAÇÃO

A administração rural, na região cacaueira, nunca concorreu quanto


à relevância com o uso eficaz de novas tecnologias. Ela sempre esteve num
segundo plano. É que, até meados dos anos oitenta, as condições favoráveis no
que dizem respeito ao clima, aos subsídios agrícolas oferecidos pelo governo
federal e o alto preço do cacau, proporcionavam ao final de cada ano, um
resultado financeiro expressivo, com o produtor sendo capaz de pagar todas as
despesas operacionais realizadas, saldar juros e empréstimos bancários, e
ainda gerar lucros, que permitiam arcar com as despesas familiares e efetuar
novos investimentos nas propriedades.
A partir de 1986, os planos de estabilização colocados em prática no
Brasil, interferiram diretamente, em pelo menos, dois setores: na política
cambial, dando início a um processo de queda nos preços internos do cacau, e
na retirada progressiva dos subsídios aos insumos agrícolas, bem como às
linhas de créditos existentes, gerando um baixo índice na adoção da tecnologia
e um aumento nos custos de produção, com a conseqüente diminuição nas
margens de lucro das empresas.
Com o surgimento da doença Vassoura-de-bruxa em 1989, a
situação se agravou ainda mais, porque outros custos foram incorporados aos
existentes, em decorrência das novas recomendações técnicas preconizadas
para serem utilizadas nas plantações, na tentativa de conter o avanço da
enfermidade. Aliado a isso, ainda no decorrer dos anos noventa, a má
distribuição de chuvas provocou sucessivas quedas nas produtividades da
lavoura, levando a grande maioria dos produtores a uma situação de
insolvência.

Hoje, em função das dificuldades financeiras que atravessam, e com


carência na obtenção de crédito, sem sombra de dúvidas, quem desejar
permanecer no negócio cacau, por questão de sobrevivência, tem que adotar
uma gestão eficiente, vai ter que se profissionalizar. A maneira tradicional de
administrar (empirismo) e de fazer as coisas como elas foram feitas no passado
(improvisação), não vão proporcionar resultados satisfatórios. É fundamental
que os produtores modifiquem seus hábitos e comportamentos
administrativos, desenvolvam habilidades e, principalmente, exerçam com
eficiência as funções de planejamento, organização, direção e controle.
2. MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO DA CACAUICULTURA

Define-se como modernização o processo de


transformação, com mudança de atitude e adoção de novas
tecnologias, com a finalidade de aumentar a produtividade da
lavoura e o lucro das empresas rurais, além de atender as
demandas sociais e ambientais.

Para que aconteça o processo de modernização da


gestão da cacauicultura, algumas condições serão
necessárias:

2.1 Predisposição do produtor em se modernizar

É necessário mudar. Para se modernizar, o


cacauicultor deverá mudar hábitos, atitude, comportamentos
administrativos e, principalmente, está predisposto a exercer
com eficiência as funções de planejamento, organização,
direção e controle.

2.2 Conhecimento gerencial

O gerente tem, pela frente, uma série de desafios:


sofisticação da tecnologia, escassez de recursos e mão de
obra, imprevisibilidade, instabilidade, etc. Torna-se, portanto,
necessário que ele aprimore seus conhecimentos em vários
campos da ciência, busque informações e desenvolva
habilidades de relacionamento e liderança.

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2.3 Tecnologia disponível baseada em resultados de
pesquisas

No imóvel rural, somente devem ser usadas técnicas


aprovadas pelas pesquisas e realizadas de maneira correta por
trabalhadores qualificados, e, na época certa.

2.4 Re c u rs o s f i n a n c e i ro s - P ró p r i o s e /o u d e
financiamentos

Deve-se valorizar cada real destinado ao custeio e ao


investimento da atividade. Lembre-se que os recursos obtidos
através do crédito agrícola devem atender a três condições:

- Ser suficiente, na medida em que cubra todos os


itens a serem financiados;

- Ser adequado, com encargos financeiros possíveis


de serem pagos através de receitas futuras;

- Ser oportuno, devendo estar disponível quando


da execução da tecnologia a ser utilizada.

2.5 Áreas agronomicamente adequadas e


economicamente viáveis

Os produtores devem priorizar áreas com solos de


boa qualidade e plantações que, ao serem aplicadas as novas
técnicas, possam responder com alta produtividade,
equilibrando a relação custo/benefício.

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2.6 Adequar a sua propriedade rural a legislação
ambiental vigente

Para isso, é necessário conhecer os princípios, regras


e leis ambientais que deverão constar no novo Código
Florestal, com o objetivo de gerenciar os recursos naturais
renováveis existentes, melhorando e conservando a
biodiversidade, os recursos hídricos, as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo e protegendo o fluxo gênico da
fauna e flora, de forma a manter o equilíbrio ambiental.

2.7 Fazer cumprir a função social da empresa

Observar o cumprimento da legislação vigente


referente aos encargos sociais e normas de segurança no
trabalho. É fundamental também, motivar seus empregados
garantindo o fornecimento de benefícios para atender as
necessidades básicas de suas famílias nas áreas de saúde,
educação, lazer e moradia.

3. PLANEJAMENTO

No exercício de administrar uma propriedade rural é


de fundamental importância examinar informações, escolher
alternativas e formular decisões eficazes e apropriadas. Por
isso, é necessário planejar antecipadamente o que deve se
fazer, a partir da realidade atual, com o diagnóstico bem
elaborado, identificando e dimensionando as áreas para
produção, conservação e preservação, objetivando atingir as
metas a serem alcançadas.

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3.1 Informações necessárias para planejar
- Identificar e dimensionar as áreas para produção,
conservação e preservação.
- Tamanho das áreas, bem como o número de
plantas existentes.
- Rendimentos médios das culturas e preço dos
produtos.
- Preço de insumos, materiais e equipamentos a
serem utilizados.
- Quantidades recomendadas tecnicamente de
insumos por unidade de área.
- Rendimentos da mão de obra por prática.
- Condições de mercado em relação ao produto,
inclusive melhor época de venda e compras de insumos.
- Levantamento técnico de necessidades.
- Do solo – Fertilidade e acidez.
• Das benfeitorias – Estado de conservação e
funcionalidade;
• Das máquinas e equipamentos – Quantidade e
estado de conservação;
• Dos animais de serviço – Utilização,
quantidade e características;
• Da mão de obra – Disponibilidade e níveis de
capacitação;

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• Das plantações – Tecnologia apropriada;
• Quando se utilizar financiamentos, tornam-se
necessárias informações do montante, dos juros, dos prazos,
etc.
3.2 Fases do Planejamento

3.2.1 Diagnóstico
Nessa fase, executa-se o levantamento de diversas
informações que permitirão decisões futuras:

ü Conhecimento da propriedade - Para melhorar


sua gestão, faz-se necessário que o gerente conheça a
propriedade em sua totalidade. É fundamental fazer o
levantamento no seu imóvel determinando a localização e
tamanho das áreas de produção (ocupadas com cacau),
conservação e preservação.

ü Divisão da área de cacau – Sugere-se que as áreas


de cacau do imóvel rural devem ser divididas em quadras, com
dimensão máxima de até 05 (cinco) hectares, visando melhor
planejamento da atividade.

ü Contagem do número de cacaueiros e árvores


de sombra – A contagem do número de cacaueiros e das
árvores de sombra, por quadra, permitirá conhecer a
densidade de plantio das roças de cacau e a condição de
sombreamento, o que contribuirá para um melhor
planejamento quanto à necessidade de recomposição e
conhecimento mais apurado dos custos.

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Tecnicamente, recomenda-se que, no mínimo,
devamos ter uma densidade de 1.000 plantas por hectare para
que se estabeleça uma melhor relação da produtividade.

ü Avaliação técnica das quadras de cacau - Todas


as quadras deverão ser avaliadas agronomicamente, de forma
minuciosa, para definição futura da viabilidade econômica,
verificando as que podem responder com melhor
produtividade, em menor espaço de tempo, objetivando
priorizar o investimento a ser realizado.

ü Coleta de Amostra de Solo – Deverá ser efetuada


a coleta de amostra de solo de todas as quadras de cacau,
conforme recomendações técnicas. O resultado da análise
permitirá avaliar a situação atual dos solos, a necessidade de
correção, gessagem e fertilização e seus respectivos custos.

ü Identificação de Cacaueiros – Nessa fase, é


muito importante diagnosticar o potencial produtivo dos
cacaueiros existentes por quadra, inclusive definindo a
substituição daqueles que se mostram pouco produtivos,
para ampliação da densidade útil.

Isso quer dizer que temos que identificar pés de


cacau improdutivos ou de baixa produtividade, de baixo
rendimento, de baixa resistência à vassoura-de-bruxa, plantas
velhas, plantas de ½ copa e/ou de ¼ de copa para que sejam
substituídas. A quantificação dessa informação adicionada
com o número de falhas nos possibilitará precisarmos o total

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de replanta das áreas de clonagem ou reclonagem. Identificar
ainda a necessidade de manejo do sombreamento (número
de plantas, de replanta e a necessidade de árvores a serem
podadas).
3.2.2 Análise

O cacauicultor, de posse das informações levantadas


na fase de diagnóstico, fará uma análise minuciosa,
observando, especialmente, os aspectos financeiros para
chegar a uma decisão qualificada (orçamentação).
• Qual o custo destas práticas e quais devem ser as
formas de pagamento?
• Qual a quantidade de recursos disponíveis?
• Quais as práticas que podem ser realizadas e
quanto fazer de cada uma delas?

Para calcular os custos das práticas que serão


realizadas na propriedade, é necessário conhecer o
rendimento de mão de obra de seus trabalhadores e analisar
as diversas relações do trabalho além do assalariamento
(arista, empreitada, parceria, etc.) e sua adequação a cada
serviço a ser executado. Por exemplo: Quantos cacaueiros são
adubados em um dia por um de seus trabalhadores? Ou
quantos dias são gastos para fazer a roçagem de uma
determinada quadra de cacau? E de que forma esses serviços
devem ser pagos? Na diária ou empreitada?

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O anexo 1 apresenta uma tabela de rendimentos
médios das práticas agrícolas do sistema de produção de
cacau para uma densidade de 700 plantas por hectare. Ela
deve ser usada apenas como referência, pois esse rendimento
se diferencia entre as diversas regiões, considerando
situações específicas como: qualificação da mão de obra,
relevo e outras particularidades de cada plantio.
Para estabelecer metas de produtividade para as
diversas quadras, é de fundamental importância aumentar a
densidade de plantio, ou seja, fazer a recomposição do
número de plantas de cacau de todas as roças.

Imaginando que um produtor deseja atingir uma


média de 80 (oitenta) arrobas por hectare, ele deverá fazer a
seguinte base de cálculo:

• Consideremos existir 40 (quarenta) amêndoas


por fruto;

• Cada amêndoa seca com o peso médio de 1,1


grama;

• Para 01 (uma) arroba, serão necessários 340


(trezentos e quarenta) frutos;

• Para 80 (oitenta) arrobas, serão necessários


27.200 (vinte e sete mil e duzentos) frutos;

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• Observe, no quadro abaixo, a relação entre o
número de plantas produtivas por hectare (densidade útil)
com a quantidade de frutos que cada planta deverá produzir
para se alcançar essa produtividade.

DENSIDADE UTIL NUMERO DE FRUTOS POR PLANTA


400 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 68 frutos
500 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 54 frutos
600 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 46 frutos
700 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 39 frutos
800 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 34 frutos
900 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 30 frutos
1.000 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 27 frutos
1.100 plantas/hectare Cada planta deverá produzir 25 frutos

Se possível, estimar a produção de cacau esperada


distribuindo mês a mês ao longo do ano, para fazer
comparações com os custos projetados.

3.2.3 Decisão

Após a elaboração dos orçamentos e concluídas as


avaliações comparativas de previsão de custos e receitas,
chega-se o momento das decisões, que, doravante, deverão
estar acompanhadas de mudanças de comportamento sob o
ponto de vista gerencial:

a. Visitar, no mínimo, semanalmente, e em dias


alternados, as quadras de cacau, sempre na companhia do
gerente, administrador ou parceiro, vistoriando os serviços

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que estão sendo executados e orientando os procedimentos a
serem adotados;

b. Elaborar um calendário das práticas (distribuídas


mês a mês) que serão realizadas por quadra, com base no
calendário agrícola do cacau (anexos 2 e 3), revisando,
ajustando e consultando-o mensalmente;

c. Priorizar a adubação de cacaueiros para as


quadras que tenham alta densidade, com sombreamento
adequado, preferencialmente, com baixa incidência de
vassoura-de-bruxa e com plantas que possam responder
melhor à adubação;

d. No caso da prática de aumento de densidade do


plantio, as mudas a serem utilizadas deverão ser enxertadas,
utilizando-se, preferencialmente, clones autocompatíveis de
procedência conhecida que apresentem alta produtividade e
resistência a pragas e doenças.

Ressalta-se que a técnica da enxertia é a mais


recomendada para a modernização da cacauicultura, por
apresentar vantagens como a rápida substituição de copas,
redução do porte da planta, uniformização do cultivo,
precocidade na produção e ampliação da perspectiva da
elevação da produtividade.

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4. ORGANIZAÇÃO

A primeira providência na execução desta função


administrativa é definir o papel de cada pessoa na estrutura da
empresa, ou seja, definir que indivíduos e que trabalho estão
subordinados a que superiores. No caso da utilização do
sistema de parceria, além de ser necessário a elaboração de
um contrato que atenda a legislação trabalhista, é de
fundamental importância definir o papel do parceiro na
estrutura da empresa.

É no processo de organização que se define a


localização das pessoas na execução de um determinado
trabalho dentro da estrutura da empresa. É a distribuição de
toda a mão de obra.

Por conseguinte, sendo a mão de obra responsável


por fazer funcionar uma empresa agrícola, no seu estudo,
devem-se levar em conta os seguintes aspectos:

QUANTIDADE - Avaliar se o número de operários é


compatível com a área a ser explorada. Deve-se observar as
épocas de maior ou menor demanda.

QUALIDADE - Refere-se ao nível de conhecimento


prático que possuem os operários para desenvolverem as
tarefas rotineiras ou que exigem especialização. Operários
treinados melhoram seu desempenho e reduz o custo de
produção.

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EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO - Verificar se existe
distribuição ordenada de pessoas visando racionalizar a
execução das tarefas, inclusive observando prioridades de
trabalho.

RENDIMENTO NO TRABALHO - Procurar obter os


índices de rendimentos de seus próprios empregados,
inclusive comparando serviços executados na diária e na
empreitada.

LEG ISLAÇ ÃO T R A BA LHISTA - O bs er va r o


cumprimento das obrigações, evitando gastos adicionais.

Ainda no que diz respeito à organização, utilizar os


recursos disponíveis corretamente, evitando o desgaste
excessivo e o desperdício. Saber quais as ferramentas e
equipamentos necessários nas áreas de trabalho e descartar
as que forem consideradas inúteis.

Definir locais específicos para guardar documentos


fiscais, ferramentas, utensílios, máquinas e equipamentos, e
armazenar em locais adequados, inseticidas, sementes e
combustíveis.

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5. DIREÇÃO

É a gerência da organização à medida que esta,


ativamente, executa os planos traçados. É importante
estabelecer canais eficientes de comunicação pelos quais as
informações serão transferidas. No caso da interlocução entre
proprietário e administrador, por exemplo, recomenda-se o
uso de ordens escritas para evitar problemas futuros. No ato
de conduzir todo processo de direção, o gerente deve exercer
sua liderança mantendo um relacionamento de autoridade,
mas respeitoso em relação a trabalhadores e/ou
subordinados.

6. CONTROLE

É a função que avalia os resultados da ação


empresarial obtida a partir do planejamento, da organização e
da direção.

Nesta fase, são registrados os custos de produção, de


pessoal, inclusive o rendimento da mão de obra, das finanças,
da comercialização, etc..

Para melhor eficiência desta atividade, o gerente


deve estabelecer quais serão seus instrumentos de controle e
padrões de desempenho, medir e comparar resultados atuais
com os desejados e tomar as decisões necessárias para
promoção dos ajustes.

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Um bom exemplo para necessidade de controle é a
questão da qualidade do cacau. O produtor deve controlar
todas as etapas do processo de beneficiamento, desde a
colheita até o armazenamento, objetivando produzir um
cacau de qualidade superior, pois além de aumentar o
rendimento do produto final, pode- se constituir em aumento
de receita.

7. A GESTÃO AMBIENTAL

Gerenciar e proteger os recursos ambientais


existentes em sua propriedade, consiste em um dos maiores
desafios dos produtores quer seja ele grande, médio ou
pequeno.

Para desempenhar esta tarefa, é necessário obter


conhecimentos relacionados aos princípios, regras e leis
ambientais, com a finalidade de produzir, de forma correta,
sob o ponto de vista ambiental inclusive, definindo as áreas
que vão assegurar a proteção destes recursos:

Reserva Legal (RL) é uma área de, no mínimo, 20 %


(vinte por cento) da área total da propriedade rural, excetuada
a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável
dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao
abrigo e proteção da fauna e flora nativas.

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A legislação em vigor determina que a vegetação das
áreas de RL não pode ser desmatada. Pode ser utilizado
somente sob o regime de manejo florestal sustentável,
mediante autorização do órgão ambiental competente, de
acordo com princípios e critérios técnicos científicos, em
conformidade com a Instrução Normativa nº 4, de
08/09/2009, do MMA – Ministério do Meio Ambiente.

Área de Preservação Permanente (APP) é uma área


protegida por lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, as
paisagens, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem
estar das populações humanas.

Como exemplos de APP são as áreas marginais dos


corpos d'água – matas ciliares (rios, córregos, lagos,
reservatórios) e nascentes; áreas de topo de morros e
montanhas, áreas em encostas acentuadas, restingas e
mangues, várzeas ou brejos entre outras.

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é


um instrumento legal voluntário que permite a proteção de
propriedades particulares ou parte delas, em caráter de
perpetuidade, para a conservação de valores naturais
relevantes contidos na área proposta, ou seja, fauna, flora,
grutas e cachoeiras, paisagens, enfim, todos os recursos
naturais de importância para preservação da natureza.

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Ainda sobre a questão ambiental, o gerente deve
ficar atento ao programa que, atualmente, está sendo
operacionalizado pela (Adab) Agência de Defesa Agropecuária
do Estado da Bahia, denominado de Campo Limpo, que visa
reduzir o impacto ambiental no processo de utilização de
agrotóxicos, por meio da aplicação correta no uso de
defensivos e o recolhimento de embalagens vazias
determinando, inclusive, responsabilidades para o fabricante,
o revendedor e o produtor.

Além deste, existe também o Programa “Mais


Ambiente” do Governo Federal, que objetiva apoiar o
proprietário ou detentor de posse rural no processo de
regularização ambiental do seu imóvel.

Os agricultores assistidos pela CEPLAC, poderão


contar com apoio técnico da CTGA – Comissão Técnica de
Garantia Ambiental da CEPLAC, que tem por objetivo orientar
os agricultores a regularizarem os seus imóveis do ponto de
vista ambiental, ou seja, definir as áreas de APP – Áreas de
Preservação Permanente e Reserva Legal.

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ANEXO 1
RENDIMENTOS DAS PRÁTICAS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE CACAU PARA 700 PLANTAS /HA.

PRÁTICAS CULTURAIS UNID/DIA QUANTIDADE ÉPOCA IDEAL DA


OU HA VARIAÇÃO REALIZAÇÃO
DIÁRIA EMPREITADA
01.Abertura cova bananeira cova/dia 100,00 * 200,00 Agosto/dez
02. Abertura cova cacau cova/dia 60,00 * 120,00 Abril/agos.
03. Abertura de Valetas metro/dia 30,00 * 60,00 Set/out
04. Aceiramento metro/dia 45,00 * 60,00 Jan/abril
05. Adubação cacaueiro e bananeira planta/dia * 150,00 300,00 Agosto/março
06. Aplicação de calcário ha/dia * 0,50 1,00 Set/maio
07. Aplicação de fungicida dia/ha * 2,00 1,00 Maio/Agosto
08. Aplicação de herbicida dia/ha * 2,00 1,00 Set/Abril
09. Aplicação de inseticida ha/dia * 4,00 6,00 Fev/mar/set/out
10. Arranquio mudas de bananeira muda/dia 100,00 * 200,00 Agosto/dezembro
11. Balizamento baliza/dia 160,00 * 300,00 Agosto/dezembro
12. Cabruca dia/ha 16,00 *11,00 Dezembro/maio
13. C apina com enxada dia/ha 20,00 * 12,00 Out/fev
14. Coivaramento dia/ha 17,00 * 12,00 Dez/maio
15. Coroamento planta/dia 80,00 * 140,00 Agosto/março
16. Colheita,band. E quebra- cx 100% cx/dia 1,20 * 2,40 Todo o ano
17. Colheita, band e quebra – cx 100% cx/semana 6,50 * 13,00 Todo o ano
18. Desbaste bananeira dia/ha 8,00 * 6,00 Março/abril
19. Desbrota cacau dia/ha * 3,00 2,00 Dez/março/jun/set.
20. Derruba dia/ha 20,00 * 11,00 Dezembro/maio
2l. Decapitação do porta-enxerto Planta/dia * 70,00 100,00 Nov/maio
22. Enxertia no broto basal Planta/dia * 70,00 100,00 Set/março
23. Enxertia na muda Planta/dia * 100,00 120,00 Set/março
24. Enchimento saquinho saco/dia 200,00 * 400,00 Dez/maio
25. Limpeza de Valetas Metro/dia 50,00 * 100,00 Set/outubro
26. Poda de limpeza dia/ha * 10,00 7,00 Out/fev
27. Plantio de bananeira muda/dia * 100,00 180,00 Agosto/dezembro
28. Plantio de cacau muda/dia 100,00 *180,00 Maio/setembro
29. Roçagem capoeira dia/ha 15,00 * 10,00 Fev/março
30. Roçagem de cacau novo dia/ha 12,00 * 8,00 Agos/out/fev/abril
31. Roçagem de cacau velho dia/ha 10,00 * 7,00 Fev/março
32. Roçagem de Pasto dia/ha 8,00 * 5,00 Agos/out/fev/abril
33. Remoção de V. B. Nível I planta/dia * 400,00 500,00 Fev/mai/Agos/nov.
34. Remoção de V.B. Nível II planta/dia * 150,00 300,00 Fev/mai/Agos/nov.
35. Remoção de V. B. Nível III planta/dia * 25,00 50,00 Fev/mai/Agos/nov.
36. Recorte de mat. Decapitado planta/dia 50,00 *70,00 Set/maio
37. Secagem - caixa 100% cx/dia 11,00 * 24,00 Todo ano
38. Tratamento de mudas de bananeiras Muda/dia *300,00 500,00 Agosto/Dezembro
39. Tiragem de lenha p/secador m3/dia 4,00 *7,00 Dezembro/março
40. Transp.Cacau caixa 100% cx/dia 18,00 *36,00 Todo o ano
OBS: (*) Preferência na Realização

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ANEXO 2

CALENDÁRIO AGRÍCOLA PARA A CACAUICULTURA MODERNA - SUL DA BAHIA


PLANTIO, ENXERTIA, MANUTENÇÃO E COLHEITA
(1º, 2º e 3º ANO)

OPER AÇÕE S JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AG O SET O UT NO V DEZ O BS.
PREPARO DA
ÁRE A
Roç agem /Lim peza x x x x x x x
Balizamento x x x x x x x Após preparo da área
30 dias antes do
Calagem x x x x x x x x x x x x plan tio
Somb. Provisório x x x x x x x Após balizam ento

Dren agem x x x x x Após balizam ento


PLAN TIO
Preparo de Mu das x x x x x
Um m ês antes do
Ab ertura de covas x x x x plan tio

Plantio x x x x
Enxertia x x x x x x x x x
Recep a x x x x x x x x x x x x
Am ontoa x x x x x x x x x x x x
Três meses apó s
Poda de fo rm ação x x x x x x x x x x x x enx etia
Reco mpo siç ão stand x x x x
MANUTENÇ ÃO
Roç agem /Lim peza x x x x x x x x x
Desbrota x x x x x x x x x x x x
Ad ubação básica x x x x x
Com b. Pragas x x x x
Poda de fo rm ação x x x x x x x x x x x x
Ap lic aç ão Herb ic ida x x x x x x x x x
Con t. Pod ridão/ VB x x x x x
Corr. So mbreamento x x x x x x x x x Mehores m eses

Colheita Saf. Principal x x x x x x x


Colheita
Saf.Tempo rã x x x x x
Rem oção de
Vasso ura x x x x x x x x Repasse em o ut/dez

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ANEXO 3

CALENDÁRIO AGRÍCOLA PARA MANUTENÇÃO DO CACAUEIRO SAFREIRO

(4º ANO EM DIANTE)

OPERAÇÕES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ OBS.
MANUTENÇÃO
Corr. Melhores
Sombreamento x x x x x x x x x x x x meses
Roçagem manual x x x x x x x x x x x x
Aplicação herbicida x x x x x x x x x
Controle de pragas x x x x
Cont. Podridão/VB x x x x x
Colheita
Saf.Temporã x x x x x
Colheita Saf.
Principal x x x x x x x
60 dias antes
Calagem x x x x x x x x x x x x da adubação
Fracionada
Adubação básica x x x x x em 2 vezes
Poda de
Manutenção x x x
Desbrota x x x x x x x x x x x x
Remoção de Repasse em
Vassoura x x x x x x x x out/dez
Enxertia/Reenxertia x x x x x x x x x

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CNA / SIAGRO. Gestão da Qualidade e Produtividade no


Campo. Brasília. 5 p.

COLEÇÃO SENAR-2004 – Trabalhador na Administração de


Propriedades em Regime de Economia Familiar – 2a.Edição -
Coleção SENAR n. 32,33.

COSTA, A. da S.1989. Administração da Empresa Rural.


Ilhéus. Ceplac/Cenex.52P.

COSTA, A. da S. 1994. Introdução à Administração Rural.


Salvador, SENAR. 60 p.

SANTOS, A. M. 1982. Administração da Empresa Rural e sua


Produtividade. Dissertação de Mestrado. Lavras. ESAL. 76p.

SEMANA DO FAZENDEIRO, 23ª Uruçuca, 1998. Agenda.


CEPLAC / CENEX / EMARC. 76 p.

SEMANA DO FAZENDEIRO, 24º Uruçuca, 1999. Agenda.


CEPLAC / CENEX / EMARC. 124 p.

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