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18/10
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO
Campinas, 2010
S.P. – Brasil
i
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
ii
iii
Dedicatória
Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram de uma forma ou de outra para o
meu crescimento pessoal e profissional, em especial a Deus, aos meus pais Maximiliano e Delise
razão de minha existência, e ao meu irmão Marcelo e sua esposa Graziela.
iv
Agradecimento
Ao meu orientador Professor Dr. Auteliano Antunes dos Santos Júnior por acreditar no
meu potencial e por todo ensinamento e ajuda sem o qual não seria possível realizar este trabalho.
Aos professores Dr. Hidekasu Matsumoto, Juno Gallego e Antonio de Pádua Lima Filho
da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS) junto à Universidade Estadual Paulista
(UNESP) pelos momentos de conversa e pelo apoio na execução deste trabalho.
Aos técnicos Darci, Edvaldo, Elias, Marino, Reginaldo, Ronaldo e Carlos da Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira (FEIS) junto à Universidade Estadual Paulista (UNESP) pelo suporte
e conhecimento repassados durante o trabalho.
Aos colegas e amigos Adriana, Aldo, Cleiton, Daniel C. S., Daniel I. S., Daniel Y., Eli,
Francisco, Maíra, Naiana, Rodolfo e Thiago do Grupo de Pesquisa em Usinagem (GPU) da
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS) junto à Universidade Estadual Paulista
(UNESP) pelos bons momentos, amizade e ajuda.
v
A todos os professores da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP) pelos ensinamentos.
A CMI - Construções Metálicas ICEC pela doação de material para confecção dos corpos
de prova utilizados nos experimentos.
A todos os meus amigos em especial ao Éder, Jakerson e Jorge pelos bons momentos,
amizade, força, incentivo e apoio em inúmeros momentos.
A todos que contribuíram para a realização deste trabalho e por um descuido não foram
citados.
vi
vii
Resumo
BUENOS, Alexandre Aparecido, “Avaliação de Tensão Residual gerada pelo Processo de
Usinagem utilizando Acustoelasticidade”, Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica,
Universidade Estadual de Campinas, 2010. 179 p. Dissertação (Mestrado).
O processo de usinagem de materiais metálicos causa tensões residuais que podem alcançar
valores significativos e influenciar na vida em serviço de componentes mecânicos. Definir o
processo adequado para cada aplicação requer a previsão de quão elevada será a tensão gerada
em função das variáveis do processo utilizado. Para a usinagem de chapas planas por fresamento
de topo, as tensões e deformações criadas se encontram próximas à superfície, que é onde se
iniciam as principais falhas de componentes mecânicos. A fim de conhecer os valores das tensões
resultantes é necessário medi-las, mas os métodos destrutivos usuais são trabalhosos, requerem a
reconstrução do campo de tensões a partir do alívio das tensões e nem sempre podem ser
utilizados. Os métodos não destrutivos mais comuns requerem equipamentos especializados,
condições controladas e quase sempre são capazes de determinar as tensões apenas na superfície.
Este trabalho propõe um método alternativo para a avaliação da intensidade das tensões geradas
pelo processo de usinagem, utilizando ondas longitudinais criticamente refratadas (Lcr) e a teoria
acustoelástica. O trabalho consiste em avaliar o efeito da variação dos principais parâmetros de
usinagem: a velocidade de corte, o avanço e a profundidade de usinagem. Foram ensaiadas
amostras de aço carbono de média resistência ASTM A36, utilizado em componentes estruturais.
Tais amostras foram usinadas em diversas combinações de parâmetros, o que permitiu a criação
de um conjunto de relações entre os parâmetros e a tensão resultante, e que pode ser usada para a
definição do melhor ajuste dos parâmetros para cada aplicação.
Palavras Chave: Teste não destrutivo, Ultra-som, Ondas Lcr, Acustoelasticidade, Fresamento.
viii
Abstract
BUENOS, Alexandre Aparecido, “Evaluation of Residual Stress generated by Machining
Process using Acustoelasticity”, Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade
Estadual de Campinas, 2010. 179 p. Dissertação (Mestrado).
The process of machining of metallic materials generates residual stresses that can reach
significant values and influence the service life of mechanical components. The definition of
process for every application requires a forecast of how high the stress will be generated
according to the process variables used. For the machining of flat sheet using face milling, the
stresses and strains are created near the surface, which is where the main failures of the
mechanical components start. In order to know the magnitude of stresses it is necessary to
measure them, but the usual destructive methods are complex, require the reconstruction of the
stress field from the relief stress and can not always be used. The nondestructive methods
frequently require specialized equipment, controlled conditions and almost always are be able to
determine the stresses on the surface only. This dissertation proposes an alternative method for
assessing the intensity of the residual stresses generated by the machining process, using
critically refracted longitudinal waves (Lcr) and the acustoelastic theory. The work is to evaluate
the effect of variation of the main machining parameters: cutting speed, feed per tooth and depth
of cut in machining. We tested samples of carbon steel ASTM A36 of medium strength, used in
structural components. These samples were machined in various combinations of parameters,
which allowed the creation of a set of relationships between the parameters and the resulting
stress. These can be used to define the best fit of the parameters for each application.
ix
Sumário
Resumo ........................................................................................................................................viii
Abstract ......................................................................................................................................... ix
Lista de Tabelas........................................................................................................................... xx
Nomenclatura ............................................................................................................................xxii
Capítulo 1 ....................................................................................................................................... 1
Introdução...................................................................................................................................... 1
Capítulo 2 ....................................................................................................................................... 4
x
2.3.3 – Métodos Não Destrutivos ......................................................................................... 16
2.4 – Medição de Tensão por Ultra-som ................................................................................ 20
2.4.1 – Histórico do Ultra-som e Aplicações ....................................................................... 20
2.4.2 – Conceito de Onda e Classificação das Ondas......................................................... 30
2.4.3 – Caracterização das Ondas ....................................................................................... 30
2.4.4 – Tipos de Ondas Mecânicas....................................................................................... 31
2.4.5 – Efeitos Piezelétrico e Lippmann .............................................................................. 38
2.4.6 – Fatores que Influenciam na Propagação das Ondas ............................................. 39
2.4.7 – Incidência Normal e Acoplamento Acústico .......................................................... 41
2.4.8 – Incidência Obliqua e Ângulos Críticos ................................................................... 42
2.4.9 – Velocidade de Ondas Ultra-sônicas......................................................................... 45
2.5 – Teoria Acustoelástica...................................................................................................... 47
2.5.1 - Efeito Acustoelástico ................................................................................................. 47
2.5.2 – Medição de Tensão usando Acustoelasticidade ..................................................... 52
2.6 – Planejamento Experimental........................................................................................... 54
2.6.1 – Metodologia de Superfície de Resposta .................................................................. 55
2.7 – Controle das Propriedades Mecânicas dos Materiais.................................................. 61
2.7.1 - Tratamento Térmico de Alívio de Tensões ............................................................ 61
2.8 – Conclusões sobre o Capítulo .......................................................................................... 63
Capítulo 3 ..................................................................................................................................... 64
xi
3.5 – Programa de Aquisição de Dados.................................................................................. 80
3.6 – Procedimentos Experimentais ....................................................................................... 81
3.6.1 – Calibração dos Transdutores .................................................................................. 81
3.6.2 – Análise dos Fatores que Influenciam no Experimento.......................................... 82
3.6.3 – Pré-Usinagem dos Corpos de Prova........................................................................ 84
3.6.4 – Tratamento Térmico para Alívio das Tensões....................................................... 86
3.6.5 – Medições de Tempo de Percurso após Alívio de Tensões ..................................... 88
3.6.6 – Usinagem dos Corpos de Prova ............................................................................... 92
3.6.7 – Medições de Tempo de Percurso após Fresamento ............................................... 93
3.7 – Planejamento Seqüencial utilizando a Superfície de Resposta................................... 93
3.8 – Resumo do Capítulo........................................................................................................ 95
Capítulo 4 ..................................................................................................................................... 96
Resultados e Discussão................................................................................................................ 96
xii
4.8 – Resumo dos Resultados ................................................................................................ 136
Conclusões.................................................................................................................................. 140
xiii
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Distribuição das tensões residuais de I, II e III ordem ao longo dos grãos
(esquematicamente) com a representação das magnitudes (Macherauch, 1986).....................7
Figura 2.2 – Distribuição de tensão residual na superfície fresada do aço 4340 temperado e
revenido (Field, Kahles e Koster, 1997). .................................................................................8
Figura 2.3 – Distribuição de tensões residuais no método de remoção de camadas (Flavenot,
1996).......................................................................................................................................12
Figura 2.4 – Aplicação do método Hole-Drilling ou Furo Cego (Schajer et al., 1996). ................15
Figura 2.5 – Aplicação do método Ring Core (Schajer et al., 1996). ............................................15
Figura 2.6 – Espaçamento interplanar d 0 de um material policristalino de granulação fina livre de
tensões (François et al., 1996)................................................................................................17
Figura 2.7 – Espaçamento interplanar d1 ≠ d 2 de um material policristalino de granulação fina
sob tensão (François et al., 1996)...........................................................................................17
Figura 2.8 – Propagação de onda longitudinal (Leite, 1984). ........................................................32
Figura 2.9 – Propagação de onda transversal ou de cisalhamento (Leite, 1984). ..........................33
Figura 2.10 - Propagação de onda superficial Rayleigh (Leite, 1984)...........................................34
Figura 2.11 – Propagação de ondas Love (Cheeke, 2002).............................................................35
Figura 2.12 – Propagação de ondas Lamb simétrica (Leite, 1984)................................................35
Figura 2.13 – Propagação de ondas Lamb assimétrica (Leite, 1984). ...........................................36
Figura 2.14 – Transdutor emitindo ondas longitudinais subsuperficiais no primeiro ângulo crítico
(Rose, 1999). ..........................................................................................................................37
Figura 2.15 – Campo de pressão das ondas longitudinais subsuperficiais no primeiro ângulo
crítico (Rose, 1999). ...............................................................................................................38
xiv
Figura 2.16 – Representação da onda incidente, refletida e transmitida na interface do meio 1 e 2
(Bray e Stanley, 1997)............................................................................................................41
Figura 2.17 – Incidência, reflexão e transmissão de uma onda com incidência oblíqua na interface
plana entre dois meios (Halmshaw, 1987; Krautkramer, 1990).............................................43
Figura 2.18 – Conceitos básicos de modo de conversão com (a) Incidência longitudinal; (b)
Incidência Cisalhante; (c) Incidência primeiro ângulo crítico; (d) Incidência segundo ângulo
crítico (Rose, 1999). ...............................................................................................................44
Figura 2.19 – Velocidade de ondas planas e campo de tensão no sistema de coordenadas
ortogonais (Bray e Stanley, 1997)..........................................................................................50
Figura 2.20 - Mudanças relativas na velocidade das ondas com deformação (Thompson, 1996;
Egle e Bray, 1976 apud Bray e Stanley, 1997). .....................................................................53
Figura 2.21 – Pontos fatoriais ou cúbicos em um experimento com (a) 2 e (b) 3 fatores (Draper e
Lin, 1996). ..............................................................................................................................59
Figura 2.22 – Pontos axiais ou estrela em um experimento com (a) 2 e (b) 3 fatores (Draper e Lin,
1996).......................................................................................................................................59
Figura 2.23 – Pontos centrais cubo-estrela em um experimento com (a) 2 e (b) 3 fatores (Draper e
Lin, 1996; Barros, Scarminio e Bruns, 2007). .......................................................................60
Figura 2.24 - Gráficos de representação da metodologia RSM. (a) Superfície de resposta; (b)
Contorno (Myers, Montgomery e Anderson-Cook, 2009).....................................................60
Figura 2.25 – Ciclo de Tratamento térmico de alívio de tensões. (Silva, Mayer e Cavalcanti,
2002).......................................................................................................................................62
Figura 3.1 – Corpo de prova para análise de tratamento térmico com dimensões sem escala (mm).
................................................................................................................................................67
Figura 3.2 - Corpo de prova para análise do tempo de percurso das ondas Lcr com dimensões e
sem escala...............................................................................................................................68
Figura 3.3 – Equipamento de corte a plasma ESAB SABRE SXE................................................70
Figura 3.4 – Centro de Usinagem CNC ROMI. .............................................................................71
Figura 3.5 – Fresa de facear. ..........................................................................................................72
Figura 3.6 – Placa de base para fixação dos corpos de prova. .......................................................73
Figura 3.7 – Sistema de fixação dos corpos de prova montado sobre a mesa do centro de
usinagem.................................................................................................................................73
xv
Figura 3.8 – Forno para tratamento térmico para alívio das tensões..............................................74
Figura 3.9 – Transdutores Panametrics A403S. .............................................................................75
Figura 3.10 – Bloco Padrão Panametrics ASTM E164 IIW. .........................................................75
Figura 3.11 – Sistema de medição da temperatura com (a) Medidor IOPE, (b) termopar IOPE, e
(c) termopar IMPAC. .............................................................................................................76
Figura 3.12 – Conjunto “Probe” com os transdutores....................................................................77
Figura 3.13 – Conjunto “Probe” completo.....................................................................................78
Figura 3.14 – Gabarito de posicionamento do conjunto “Probe”. .................................................78
Figura 3.15 – Placa de aquisição de dados NI 5911. (National Instruments) ................................79
Figura 3.16 – Pulser/Receiver da Panametrics modelo 5072 PR...................................................79
Figura 3.17 – Sistema de aquisição de dados completo.................................................................80
Figura 3.18 – Tela do programa de aquisição de dados. ................................................................81
Figura 3.19 – Procedimento de calibração dos transdutores. .........................................................82
Figura 3.20 – Posição na superfície do corpo de prova para análise da influência da temperatura.
................................................................................................................................................83
Figura 3.21 – Posições na superfície do corpo de prova para análise da influência das posições. 84
Figura 3.22 – Sentido de penetração de trabalho no corpo de prova. ............................................85
Figura 3.23 – Posicionamento dos corpos de prova no interior do forno. .....................................87
Figura 3.24 – Segundo Cruzamento do trem de ondas na amplitude nula.....................................89
Figura 3.25 – Posicionamento dos corpos de prova no interior do forno. .....................................91
Figura 3.26 – Vista superior do corpo de prova com a distribuição das posições (mm). ..............91
Figura 4.1 – Curva de ciclo do TTAT com base no termostato do forno – CP “A”. .....................97
Figura 4.2 – Corpo de prova após TTAT com base no termostato – CP “A”................................98
Figura 4.3 – Curva de ciclo do TTAT com base no medidor digital – CP “B”. ............................99
Figura 4.4 - Corpo de prova após TTAT com base no medidor digital – CP “B”. ......................100
Figura 4.5 – Curva de TTAT com base no medidor IOPE – Lote 1. ...........................................101
Figura 4.6 – Influência da TOF média e temperatura média com relação às medições utilizando o
medidor digital. ....................................................................................................................103
Figura 4.7 – Tendência entre TOF média X Temperatura média com medidor digital. ..............104
Figura 4.8 – Comparação entre TOF médio e as posições para as três medições dos vinte corpos
de prova. ...............................................................................................................................106
xvi
Figura 4.9 – Comparação entre os desvios padrões e as posições para a média dos vinte corpos de
prova das três medições........................................................................................................108
Figura 4.10 – Distância de percurso da onda (dt).........................................................................110
Figura 4.11 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média geral
das posições..........................................................................................................................112
Figura 4.12 – Regressão da Superfície de Resposta – Média geral das posições. .......................113
Figura 4.13 – Resíduos da tensão residual – Média geral das posições.......................................114
Figura 4.14 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 1...............................................................................................................................115
Figura 4.15 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 1. ................................116
Figura 4.16 – Resíduos da tensão residual – Média geral da posição 1. (Minitab)......................117
Figura 4.17 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 2...............................................................................................................................118
Figura 4.18 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 2. ................................119
Figura 4.19 – Resíduos da tensão residual – Média geral da posição 2. ......................................120
Figura 4.20 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 3...............................................................................................................................121
Figura 4.21 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 3. ................................122
Figura 4.22 – Resíduos da tensão residual – Média geral da posição 3. ......................................123
Figura 4.23 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 4...............................................................................................................................124
Figura 4.24 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 4. ................................125
Figura 4.25 – Resíduos da tensão residual – Média geral da posição 4. ......................................126
Figura 4.26 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 5...............................................................................................................................127
Figura 4.27 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 5. ................................128
Figura 4.28 – Resíduos da tensão residual – Média geral da posição 5. ......................................129
Figura 4.29 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 6...............................................................................................................................130
Figura 4.30 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 6. ................................131
Figura 4.31 – Resíduos da tensão residual – Média geral da posição 6. ......................................132
xvii
Figura 4.32 – Comparação dos efeitos do vc na TR – Média geral..............................................133
Figura 4.33 – Comparação dos efeitos do ap na TR – Média geral..............................................134
Figura 4.34 – Comparação dos efeitos do fz na TR – Média geral. .............................................135
Figura 4.35 – Tendência da profundidade de usinagem (ap) com a tensão residual (TR) – Média
geral......................................................................................................................................136
Figura A.1 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 2 (CP 4,16,19). ...................153
Figura A.2 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 3 (CP 13,12,2). ...................154
Figura A.3 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 4 (CP 18,5,3). .....................154
Figura A.4 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 5 (CP 20,10,9). ...................155
Figura A.5 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 6 (CP 6,11,15). ...................155
Figura A.6 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 7 (CP 8,7). ..........................156
Figura B.1 – Comparação do Tempo de Percurso Médio X Posições com temperatura corrigida
para 22ºC – Média Geral - CP “C”.......................................................................................158
Figura B.2 – Comparação das Tensões Residuais X Posições com temperatura corrigida para
22ºC – Média Geral - CP “C”. .............................................................................................159
Figura B.3 – Comparação do Tempo de Percurso Médio X Posições com temperatura corrigida
para 22ºC – Média Geral - CP “D”. .....................................................................................160
Figura B.4 – Comparação das Tensões Residuais X Posições com temperatura corrigida para
22ºC – Média Geral - CP “D”. .............................................................................................161
Figura C.1 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média geral. ................................162
Figura C.2 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média geral. ......................163
Figura C.3 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média da posição 1. ....................164
Figura C.4 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média da posição 1. ..........165
Figura C.5 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média da posição 2. ....................166
Figura C.6 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média da posição 2. ..........167
Figura C.7 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média da posição 3. ....................168
Figura C.8 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média da posição 3. ..........169
Figura C.9 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média da posição 4. ....................170
Figura C.10 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média da posição 4. ........171
Figura C.11 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média da posição 5. ..................172
Figura C.12 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média da posição 5. ........173
xviii
Figura C.13 – Gráfico de contorno da superfície de resposta – Média da posição 6. ..................174
Figura C.14 – Gráfico de superfície de resposta da tensão residual – Média da posição 6. ........175
Figura E.1 – Conjunto “Probe” completo sem escala. .................................................................177
Figura E.2 – Peso morto sem escala (unid. mm) – Item 1. ..........................................................178
Figura E.3 – Parafuso de fixação sem escala (unid. mm) – Item 2. .............................................179
xix
Lista de Tabelas
xx
Tabela 4.8 – Tensões calculadas por posição e geral com os desvios padrões (aço ASTM A36).
..............................................................................................................................................111
Tabela D.1 – Dispersão do TOF médio em relação as posições para as três medições. ..............176
xxi
Nomenclatura
Letras latinas
A – amplitude da onda
a - coeficiente de atenuação [Neper/cm]
ae – penetração de trabalho [mm]
ap – profundidade de usinagem [mm]
c – comprimento de onda [m]
C – constante elástica [MPa]
º
C1 - velocidade de onda longitudinal em uma dada temperatura [m/s]
Cijkl - tensor da constante elástica de segunda ordem do material
Cijklmn – tensor da constante elástica de terceira ordem do material
D – diâmetro da ferramenta [mm]
d0, d1 e d2 – espaçamento interplanar
dt - distância de percurso da onda [m]
E – erros
e – espessura de amostra final [mm]
E – módulo de elasticidade de Young [MPa]
f – freqüência [Hz]
fz – avanço por dente [mm/dente]
G – módulo de cisalhamento [MPa]
H – espessura de amostra inicial [mm]
i – onda incidente
i, j, k – índices
xxii
I1, I2, I3 – invariantes do tensor de deformação Lagrangeano
K – módulo de volume ou compressão
k – número de ondas
kt - constante de mudança da velocidade [m/s.oC]
L - percurso do pulso a partir da fonte original para a localização de referência
l, m, n – constantes de terceira ordem (Murnaghan)
L11, L12, L22, L21, L23 – constantes acustoelásticas
P - nível de pressão na posição de observação
P0 - nível de pressão ou amplitude original ou uma posição de observação
Pi - amplitude de pressão da onda incidente
Pr - amplitude de pressão da onda refletida
Pt - amplitude de pressão da onda transmitida
r – onda refletida
Rr – coeficiente de reflexão
tt – onda transmitida
T – período [s]
t – tempo de percurso [ns]
t0 - tempo de percurso da onda para material livre de tensões [ns]
TA – taxa de aquecimento [ºC/h]
tA – tempo de aquecimento [hora]
Tf – temperatura de controle final [ºC]
Ti – temperatura de controle inicial [ºC]
TP – temperatura de patamar [ºC]
tP – tempo de patamar [hora]
TR – taxa de resfriamento [ºC/h]
tR – tempo de resfriamento [hora]
Tt – coeficiente de transmissão
üi – aceleração
v – velocidade de propagação da onda acústica [m/s]
V(1) - Velocidade de onda no primeiro meio [m/s]
(2)
V – Velocidade de onda no segundo meio [m/s]
xxiii
vc – velocidade de corte [m/min.]
VC – velocidade de onda de cisalhamento [m/s]
vf – velocidade de avanço da ferramenta [mm/min.]
VL – velocidade de onda longitudinal [m/s]
VLSS – velocidade de onda longitudinal subsuperficial [m/s]
VS – velocidade de onda superficial [m/s]
Y – resposta
z – número de dentes da ferramenta [unid.]
z1 - impedância acústica do meio 1
z2 - impedância acústica do meio 2
T – variação da temperatura [ºC]
t – variação do tempo de percurso das ondas [ns]
Ta – variação da temperatura no aquecimento [ºC]
Tp – variação da temperatura no patamar [ºC]
.............................................................................................................
Letras Gregas
π - pi
σ – tensão [MPa]
ω – velocidade angular [rad/s]
d – variação da deformação
d – variação de tensão [MPa]
– distancia distância de pares de pontos em um eixo de coordenadas
- estimadores dos parâmetros do modelo
– deformação
- superfície de resposta
cr - ângulo crítico [graus]
d - ângulo de transmissão [graus]
r - ângulo de reflexão [graus]
t - ângulo de incidência [graus]
- comprimento de onda [m]
, – constantes elásticas de segunda ordem ou Lamé
xxiv
- variável do sistema de superfície de resposta
– densidade [kg/m3]
() – densidade de energia de deformação
0 – densidade inicial [kg/m3]
sd – densidade do material sem deformação [kg/m3]
e(e) – distribuição de tensão residual
RS – tensão residual [MPa]
RS,I
– tensão residual de primeira ordem [MPa]
RS,II – tensão residual de segunda ordem [MPa]
RS,III – tensão residual de terceira ordem [MPa]
– coeficiente de Poisson
0 - deformação inicial
.......................................................................................................................
Abreviações e Siglas
ANOVA – Análise de variância
BBD – Experimento de Box-Behnken
CCD – Experimento Composto Central
CP – Corpo de Prova
CV – Coeficiente de variação
DET – Exposição dupla ou técnica de dois ângulos
DOE – Planejamento de experimento
ESPI – Interferometria eletrônica por padrões Speckles
Lcr – Ondas longitudinais criticamente refratadas
NDE – Avaliação não destrutiva
NDT – Teste não destrutivo
PMMA – Polimetil-Metacrilato (acrílico)
RSM – Metodologia de superfície de resposta
SET - Exposição simples ou técnica de um ângulo
TOF – Tempo de Percurso
TR – Tensão Residual
TTAT – Tratamento Térmico para Alívio de Tensões
xxv
Capítulo 1
Introdução
Com o aumento incessante da demanda por produtos que são fabricados utilizando
processos de usinagem, as empresas fabricantes buscam cada vez mais melhorar a qualidade dos
seus produtos e processos, visando manter sua posição em um mercado de alta competitividade.
A qualidade dos produtos é fortemente influenciada pelas ferramentas e pelos parâmetros de
usinagem estabelecidos para cada situação. Já os processos estão diretamente ligados com as
máquinas empregadas. Com isso surgem diversas dúvidas na hora de selecionar as ferramentas e
máquinas que melhor se adaptam para cada tipo de processo. Sabe-se que os parâmetros de
usinagem podem influenciar diretamente na qualidade do produto final, podendo acarretar em um
péssimo acabamento superficial e tensões residuais após o processo. O acabamento superficial
influência diretamente no aspecto final, precisão de montagem, fabricação e outros que variam
conforme a utilização da peça. Já as tensões residuais superficiais estão relacionadas diretamente
com a vida útil da peça. Muitas dessas peças são utilizadas em equipamentos ou máquinas que
requerem confiabilidade e segurança no funcionamento, parte dos quais é de alto custo. O
1
acúmulo de tensões residuais na superfície pode ocasionar sérias perdas financeiras ou até mesmo
físicas devido a uma fratura súbita ou imprevista da peça ou componente.
Com o intuito de aprimorar o controle sobre a real situação das peças usinadas e evitar
falhas catastróficas, é necessária a criação de novos métodos de análise. Esses têm por objetivo a
manutenção da integridade, ou seja, não danificar as peças durante a realização da avaliação,
tanto por motivos financeiros como para não perder tempo com a fabricação de novos
componentes. Uma solução é avaliar as peças através de métodos não destrutivos, dentre os quais
podemos citar difração de raios-X, difração de nêutrons, Barkhausen, ESPI e outros.
2
variáveis em separado e como combiná-las para atingir determinada condição de tensão residual
considerada satisfatória para a aplicação desejada.
1.1 - Objetivo
Esta dissertação tem como objetivo avaliar as tensões geradas pelo processo de usinagem
por fresamento de topo em chapas metálicas de aço utilizando ondas longitudinais criticamente
refratadas (Lcr). Será estudada a influência dos parâmetros principais de usinagem no estado de
tensões para os aços ASTM A36, visando definir as condições ótimas de usinagem para a
aplicação desejada.
3
Capítulo 2
4
2.1.1 – Fresamento
As fresas podem ser de diferentes tipos: fresa de topo, radial, de facear, de disco, cônica,
do tipo T e outras. As fresas podem ser de aço rápido ou com pastilhas de metal duro (insertos de
carbeto de tungstênio confeccionados pela metalurgia do pó).
5
diâmetro da ferramenta (D), o passo dos dentes na ferramenta, o tipo do inserto (ou pastilha) e os
ângulos do inserto, tais como os de saída, folga, posição e inclinação.
As tensões residuais podem ser agrupadas em três tipos principais: primeira, segunda e
terceira ordem. As tensões residuais de primeira ordem (RS,I) agem sobre vários grãos do
material e podem ser chamadas também de tensões residuais macroscópicas. As tensões residuais
de segunda ordem (RS,II) cobrem a distância de um grão ou parte de um grão e podem ser
chamadas de tensões residuais microestruturais. Essas tensões podem surgir entre diferentes fases
que têm diferentes propriedades físicas ou entre partículas precipitadas, tais como inclusões e
matrizes. As tensões residuais de terceira ordem (RS,III) surgem em distâncias no nível atômico,
dentro de um grão, e podem ser equilibradas sobre uma pequena parte do grão. Essas tensões são
conhecidas também como tensões residuais micro-localizadas (Macherauch, 1986; Field, Kahles
6
e Koster, 1997; Kandil, 2001). A Figura 2.1 apresenta a relação entre as tensões em suas diversas
magnitudes.
Figura 2.1 – Distribuição das tensões residuais de I, II e III ordem ao longo dos grãos
(esquematicamente) com a representação das magnitudes (Macherauch, 1986).
7
peça de aço 4340 temperado e revenido. Nota-se que na região mais próxima da superfície temos
tensões residuais de tração e conforme o aumento da profundidade abaixo da superfície usinada,
as tensões residuais passam a ser de compressão chegando a um equilíbrio das tensões em uma
camada próxima da superfície (na ordem de décimos de milímetros).
Figura 2.2 – Distribuição de tensão residual na superfície fresada do aço 4340 temperado e
revenido (Field, Kahles e Koster, 1997).
Nos tópicos a seguir é apresentada uma breve revisão histórica sobre a medição de
tensões, seus métodos e aplicações com relação ao processo de fresamento.
8
Assim, quando a peça está livre de qualquer carga externa, podem existir tensões residuais e
quando a peça está submetida a cargas externas, a tensão total será a soma algébrica das tensões
residuais com tensões externas.
Wohler (1860 apud Scholtes, 1997) descreveu o estado de tensão residual em barras
dobradas além do limite elástico. Provavelmente este foi um dos primeiros trabalhos relacionados
à tensão residual. De 1860 em diante, vários autores realizaram pesquisas que contribuíram para
o crescimento e desenvolvimento dos estudos relacionados a tensões residuais. Algumas dessas
pesquisas relacionadas ao tema de medição de tensão residual em processos de fresamento que se
destacaram nos últimos anos são mencionadas a seguir.
Rao e Shin (2001) realizaram experimentos para análises em amostras de liga de alumínio
7075-T6 após processo de fresamento de topo com alta velocidade, utilizando ferramentas de
corte de metal duro e diamantadas. Em seus estudos uma das condições analisadas foi a
integridade superficial e sua relação com a tensão residual. Foram apresentados perfis de tensão
residual medidos utilizando difração de raios-X com variação nos parâmetros de usinagem
(velocidade de corte, avanço e profundidade de usinagem) associados aos dois materiais
utilizados nas ferramentas de cortes citados anteriormente.
9
ferramenta. Seus achados mostram que com o aumento do avanço por dente tem-se maiores
tensões residuais de compressão. Já as tensões residuais de compressão diminuem com o
aumento da velocidade de corte e profundidade de usinagem.
Chevrier et al. (2003) realizaram estudos de integridade superficial em aços baixa liga
42CD4 usinados em operação de fresamento com alta velocidade de corte. O intuito foi avaliar os
efeitos da profundidade de usinagem na integridade superficial e tensões residuais. No
experimento foram variados os parâmetros principais de usinagem: velocidade de corte (vc),
velocidade de avanço (vf), penetração de trabalho (ae) e profundidade de usinagem (ap) . O único
parâmetro variável foi a profundidade de usinagem, definida entre 1 e 4 mm. A amostra com ap =
4 mm apresentou acabamento inferior as demais. Foram feitas medições de tensão residual
utilizando difração de raios-X com duas fontes diferentes, uma fonte de cobre e outra de ferro.
Segundo eles, foram encontrados diferentes gradientes de tensões residuais com a variação da
profundidade de corte entre 1 e 3,5 mm. Todos os resultados apresentaram tensões residuais de
tração nas regiões mais próximas à superfície fresada e tensões residuais de compressão na
subsuperfície. Segundo o autor as altas tensões residuais de tração ocorreram devido às altas
temperaturas geradas no processo de corte.
Os resultados mostram que quanto maior o raio de ponta da ferramenta maior serão as
tensões de tração na superfície. Isso ocorre devido à maior área de contato entre a ponta da
ferramenta e a peça. Outra conclusão importante é que com o aumento do avanço, tem-se maiores
tensões residuais de compressão na região subsuperficial do material. Existe similaridade entre os
perfis de tensão residual medidos experimentalmente e determinados analiticamente.
10
Denkena et al. (2008) realizaram estudos da indução de tensão residual no processo de
fresamento em peças de alumínio Al7449 T7651 forjadas. Foram utilizados parâmetros de
usinagem, tais como, velocidade de corte, velocidade de avanço, profundidade de usinagem e
penetração de trabalho, sendo que cada série de experimentos somente um parâmetro variou
enquanto os outros se mantiveram constantes. As medições de tensão residual foram realizadas
utilizando difração de raios-X.
Os métodos para medição de tensões residuais podem ser classificados como destrutivos e
não destrutivos. Algumas vezes, inclui-se a classificação de métodos semidestrutivos, cujo efeito
sobre o componente não impede que este continue em serviço. Embora métodos destrutivos
tenham sido desenvolvidos e muito utilizados em aplicações ao longo das últimas décadas, há
uma tendência sensível no emprego de métodos não destrutivos, porque permitem aliar a
capacidade de medição para estudos em laboratório às necessidades dos sistemas de manutenção
preventiva em campo.
11
intervenção normalmente consiste na remoção de material ou separação de partes do componente.
Com base na deformação medida ao longo do processo de alívio das tensões, o estado original é
reconstruído, utilizando técnicas analíticas ou numéricas. Os principais métodos atualmente
empregados são:
• Remoção de Camadas
Ao retirar as camadas, as tensões residuais (e = RS) existentes e que estão em equilíbrio
no interior do material se alteram. Com isso há mudanças na forma da amostra. Através dessas
modificações de forma, são realizados cálculos levando em consideração alguns parâmetros. Os
principais fatores levados em conta são: a variação da deflexão inicial e final, a variação da
deflexão após a retirada das camadas de material, a distancia até o ponto onde estão sendo
medidas as deflexões, a espessura da amostra inicial (H) e final (e) e as propriedades do material
em estudo. Juntamente com a relação dos parâmetros citados acima são consideradas algumas
hipóteses: material homogêneo e isotrópico, a tensão na direção da espessura é desprezada, seus
12
eixos de tensão coincidem com os eixos das tensões principais e, inicialmente, a tensão
transversal é desprezada (Flavenot, 1996).
Segundo Ruud (2006), é mais adequado que a remoção de camadas seja realizada por
polimento químico ou eletrolítico para evitar alterações na tensão residual original devido à
sobreposição de tensões ou aquecimento gerados pela remoção de material.
Segundo Kantil et al. (2001), as medições de deflexão podem ser realizadas por
microscopia ótica, perfilometria, extensometria e escaneamento a laser. Essa última técnica não é
aplicável para medições muito próximas da superfície.
• Seccionamento
No método de seccionamento o corte para relaxamento das tensões deve ser feito por um
processo de corte que não introduza deformação plástica significativa ou gere calor, de modo que
tais efeitos não influenciem nas tensões residuais originais da amostra. Da mesma forma que no
processo de remoção de camada, pode ser utilizado polimento químico ou eletrolítico. A precisão
deste método depende do número de extensômetros aplicados na amostra. Esse método possui
um custo elevado e seu procedimento é demorado.
Existem várias formas de medir as tensões residuais através da espessura pelo método de
seccionamento. Os principais métodos empregam relaxamento das tensões ou deformação
inerente, que seria a diferença na incompatibilidade entre a fonte da tensão residual e a
deformação. Quando uma amostra livre de tensões está submetida à mudança da temperatura
surgem tensões residuais térmicas que também podem ser chamadas de deformações inerentes
(Ueda, 1996).
13
2.3.2 – Métodos Semidestrutivos
Alguns métodos destrutivos são classificados como semidestrutivos, pois o dano causado
com sua aplicação nem sempre é suficiente para que o componente seja retirado de serviço. Essa
é a definição mais empregada para esses métodos, mas há controvérsias quanto à sua validade.
De fato, qualquer desses métodos influência na geometria original da peça, alterando o estado de
tensões e, na maioria das vezes, impedindo que esta seja utilizada em serviço. Tais métodos não
permitem que o engenheiro responsável pela peça estime o risco em mantê-las em serviço após a
medição. Assim, tais métodos são mais utilizados para inspeção no controle de qualidade ou para
estudos em laboratório, da mesma forma que os métodos destrutivos.
14
Extensômetro
Figura 2.4 – Aplicação do método Hole-Drilling ou Furo Cego (Schajer et al., 1996).
O método Ring Core é similar ao método Hole-Drilling. A única diferença está na forma
de remoção do material. Ao invés de realizar uma furação este método emprega corte em forma
de anel com diâmetro entre 15 e 150 mm dependendo da aplicação (Figura 2.5). A profundidade
varia entre 25 e 150% do diâmetro interno do anel. Este método também é rápido, mas causa
danos maiores do que o método Hole-Drilling. A Figura 6 representa a forma de medição pelo
método Ring Core com o corte em forma de anel e o extensômetro em forma de roseta fixado na
amostra (Schajer et al., 1996; Kantil et al., 2001; Ruud, 2006).
Da mesma forma que no método do furo cego, a montagem dos extensômetros em forma
de roseta retangular é feita para que seja possível medir as três deformações principais
necessárias para determinar as tensões nas direções principais na superfície (Holman, 1981).
Extensômetro
15
2.3.3 – Métodos Não Destrutivos
Os métodos não destrutivos, como o nome já diz, têm efeito praticamente nulo sobre a
peça em análise. Assim, esta pode ser empregada na mesma função para a qual foi projetada após
a medição das tensões. Os principais métodos não destrutivos são descritos a seguir.
• Difração de Raios-X
16
Figura 2.6 – Espaçamento interplanar d 0 de um material policristalino de granulação fina livre de
tensões (François et al., 1996).
Existem três técnicas básicas para a medição de tensões utilizando o método de difração
de raios-X: exposição dupla ou técnica de dois ângulos (DET – Double Exposure Technique),
exposição simples ou técnica de um ângulo (SET - Single Exposure Technique) e sin² ou
técnica de múltiplo ângulo (Ruud, 2006).
17
• Difração de Nêutrons
O método utiliza como fonte de nêutrons um reator nuclear, o que torna ainda mais difícil
sua aplicação em campo. No entanto, os resultados em laboratório mostram-se muito promissores
e, se for possível resolver a questão relativa à segurança de sua aplicação para os usuários e o
meio, esta é uma técnica que tem grande chance de se tornar referência para estudos sobre
tensões.
18
• ESPI
O método funciona com a aplicação de um feixe laser que permite a utilização do efeito
Speckle para formar imagens fotográficas. Essas são processadas e por sua vez geram padrões de
franja na superfície rugosa do material. No método ESPI tem-se duas técnicas diferentes:
fotografia de Speckles e Interferometria por correlação de padrões Speckles que podem ser
distinguidas devido à sensibilidade quanto à magnitude dos deslocamentos e a utilização do feixe
de referência.
A principal desvantagem desse método é que não pode ser utilizado para medições de
tensão residual que é um dos objetos de estudo neste trabalho.
• Ultra-som
A medição de tensões por ultra-som tem sua origem na teoria acustoelástica. Segundo
essa teoria, a velocidade de uma onda ultra-sônica é influenciada pela presença de tensões
internas no meio onde este se propaga. O nome acustoelasticidade é uma combinação dos termos
acusto, relacionado às ondas, e elasticidade, às propriedades elásticas e às tensões. Há vários
métodos de medição de tensões, cada um baseado no efeito dessas sobre um tipo específico de
19
onda. Cada método possui seus arranjos instrumentais particulares, bem como suas limitações. Os
métodos mais comuns utilizam ondas cisalhantes (método da birrefringência), ondas
longitudinais (método Lcr) e ondas Rayleigh. O histórico, a teoria básica de ondas e o método
empregado neste trabalho serão apresentados a seguir.
20
Laënnec (1819 apud Cheeke, 2002) criou uma invenção chamada Estetoscópio e Cagniard
de la Tour, no mesmo ano, desenvolveu diversas sirenes de alta potência que funcionavam abaixo
das freqüências ultra-sônicas. Ambos tiveram uma influência muito importante na evolução dos
estudos sobre ondas ultra-sônicas. Possivelmente, a partir de suas pesquisas foi dado início ao
ramo de tecnologia para instrumentação acústica.
Em 1830, Savart mediante a utilização de uma roda dentada, que percute seqüencialmente
uma membrana elástica (Roda Dentada de Savart), estabeleceu o valor de freqüência audível
entre 8 Hz e 24000 Hz. Esses valores ficaram próximos dos valores considerados atualmente,
entre 20 Hz e 20000 Hz. Esse pode ser considerado como o primeiro gerador ultra-sônico. A
partir deste momento estabeleceu-se também uma divisão entre som e ultra-som, definindo áreas
similares, porém distintas, de estudos. (Gestão do Ruído, 2001?)
Em 1912, ocorreu a catástrofe com o Titanic, o que levou a várias propostas sobre a
utilização de ondas acústicas para detectar icebergs. O britânico Richardson estudou a
identificação dos icebergs por meio de ultra-som e solicitou pedido de patente referente a um
sonar com variação de eco subaquático (Woo, 1995?).
21
Entre 1914 a 1918 ocorreu a I Guerra Mundial. Com ela deu-se início a utilização de
aparelhos ultra-sônicos chamados ecobatímetros que permitiam medir a profundidade do mar
durante a navegação e detectar submarinos no fundo do mar (Leite, 1984).
Em 1928, um pesquisador russo chamado Sokolov propôs que sua técnica poderia ser
utilizada para detectar irregularidades em sólidos metálicos, iniciando assim a aplicação de ultra-
som para a avaliação de metais. Após alguns anos sua técnica de transmissão foi utilizada para
detecção de falhas em metais. Sokolov descreveu também o mais importante conceito de
aplicação ultra-sônica. Ele demonstrou que ondas sonoras poderiam ser usadas como uma nova
forma de análise microscópica, baseado no princípio da reflexão. Ele reconheceu que um
microscópio utilizando ondas sonoras com uma freqüência de 3000 MHz teria uma resolução
igual a um microscópio ótico. No entanto, somente ao final do ano de 1930 a tecnologia para
esse dispositivo foi desenvolvida (Woo, 1995?).
Em 1939, deu-se início a II Guerra Mundial, onde muitos não sabiam da existência de
aparelhos ultra-sônicos para inspeção de metais (Leite, 1984).
Entre 1940 e 1951, Firestone realizou vários registros de patentes dentre os quais estão:
“Dispositivo de detecção de falhas e instrumento de medição”, “Método de Inspeção por
Ressonância: Aparatos e métodos de ondas superficiais e cisalhantes”, “Reflectoscópio
supersônico: um instrumento para inspecionar o interior das peças sólidas por meio de ondas
sonoras”, “Refinamento no reflectoscópio supersônico: som polarizado”, “Truques com
reflectoscópio supersônico” e “Método e recursos para a geração e utilização de ondas
vibracionais em chapa”. Ele foi o primeiro a utilizar a técnica da reflexão. Neste mesmo período
juntamente com Simons (1945), desenvolveram testes ultra-sônicos pulsados usando a técnica de
pulso-eco, que será explicada nos tópicos posteriores deste trabalho (Woo, 1995?).
22
hidrostática e compressão simples, permitindo a verificação da relação entre a intensidade da
solicitação e a resposta das ondas e o cálculo dos valores numéricos dessa relação.
Kino et al. (1978) realizaram imagens acustoelásticas dos campos de tensão. Para isso
foram medidos os tempo de transição de uma onda acústica longitudinal através de amostras de
aço e alumínio com furo central e entalhe nas extremidades. Nessas amostras foram aplicadas
tensões uniaxiais através de um sistema de carga e, através de sistemas eletrônicos desenvolvidos
para esse fim, foram gerados os campos de tensão e estudos dos efeitos acustoelásticos. Os
resultados foram comparados com os previstos teoricamente utilizando a teoria da elasticidade
não linear. Seus achados mostraram freqüências relativas proporcionais às tensões principais
quando utilizada a proporcionalidade entre tensões e velocidade das ondas para um modelo de
estado de tensão homogêneo. Com isso foram determinadas e comparadas as constantes de
proporcionalidade para o aço e alumínio. Segundo o autor as comparações indicaram
concordância com os resultados encontrados por outros autores. Os estudos realizados indicam
que a técnica de pulso-eco duplo de escaneamento automático poderia ser utilizada para medição
quantitativa dos perfis de tensão com grande precisão.
23
juntamente com placas de piezocerâmica (Cerâmica com características piezelétricas). O material
utilizado no estudo foi o aço. Dentre as conclusões apresentadas pelo autor, podemos citar o fato
de que as ondas longitudinais subsuperficiais são pouco sensíveis aos defeitos superficiais.
Bray e Junghans (1995) realizaram experimentos em chapas de aço soldadas para medição
das tensões nas regiões próximas e mais afastadas da solda. Para isso foi utilizado o método de
24
ondas longitudinais criticamente refratadas (Lcr) e o método de difração de nêutrons. As amostras
utilizadas nos experimentos foram dividas em dois grupos, onde uma parte delas foi submetida a
alívio de tensões e a outra não sofreu alívio de tensões. Através da aplicação do método ultra-
sônico não destrutivo pôde-se distinguir as amostras que sofreram alívio de tensões das amostras
que não tinham tido as tensões. Esse mesmo assunto foi estudado ao longo desta dissertação de
mestrado.
25
duas sondas de reflexão (sonda de referência e móvel) foram realizadas duas fases de medição
(com e sem a amostra) utilizando dois diâmetros de feixe ultra-sônico. Com o método de contato
as amostras foram submetidas a valores de carga e descarga diferentes através de uma unidade de
carga. Para ambos os casos, o tempo de percurso foi calculado utilizando método de correlação
cruzada obtendo precisão de 1 ns nas medições de tempo. Segundo o autor, os resultados
mostraram estados de tensão e gradientes de tensão coerentes com dados teóricos para ambos os
casos (chapas com furação e com concentradores de tensão). Os valores de tensão medidos
apresentaram similaridade para os dois métodos utilizados com desvio máximo de 7% em
comparação com dados teóricos.
26
5L mostraram-se coerentes com os perfis de tensões esperados. Na região do cordão de solda e
regiões mais afastadas as tensões foram diminuindo. Os resultados obtidos após o processo de
alívio de tensões aplicado aos materiais apresentaram coerência. O método é eficiente para
determinação dos perfis residuais de tensão para aços API 5L e para medir a relaxação de tensões
residuais geradas em chapas soldadas do mesmo material.
27
carregamento da chapa com dimensões finitas, foi gerada uma simulação numérica com o
software de modelagem, criando assim um modelo tridimensional de elementos finitos da chapa.
Para estudo da concentração de tensões perto da furação, foi utilizado a acustoelasticidade através
do método ultra-sônico. Segundo Nikitina e Kazachek, os resultados apresentaram-se coerentes
quando comparados aos dados experimentais. Isso permitiu confirmar que os procedimentos
acústicos podem ser utilizados para medição de tensão mecânica em chapas ou cascas.
Fraga (2007) realizou uma pesquisa para determinar a profundidade de penetração das
ondas longitudinais criticamente refratadas nos aços API 5L-X70 com diferentes freqüências de
excitação, levando em consideração os fatores que afetam a alteração do tempo de percurso das
ondas (Lcr). Os resultados do ensaio apresentaram um comportamento similar entre as medições
em diferentes pontos das amostras. Com base no fato de que o tempo de percurso das ondas
mostrou-se proporcional à temperatura da amostra, e considerando a pequena dispersão entre as
repetições das medições, foi possível obter os coeficientes de temperatura. Segundo Fraga, a
variação do tempo de percurso da onda com a temperatura da amostra é de cerca de 15 ns/oC. O
autor conclui que não ocorreram outras influências significativas nos resultados, com exceção da
freqüência do par de transdutores utilizados em cada medição.
Santos (2007) realizou a análise dos efeitos da temperatura sobre a medição de tensão por
ondas criticamente refratadas (Lcr). Para o experimento foram utilizados corpos de prova de aço
API 5L-X70, similares aos empregados por Fraga (2007). Após a realização dos ensaios
experimentais a autora chegou a diversas conclusões importantes para a melhoria contínua das
formas de inspeção por ondas (Lcr) na análise de tensões em materiais. Utilizando um método de
análise de variâncias (ANOVA), foi concluído que:
- Quanto maior a força de contato do transdutor na peça, menor é o tempo de percurso das
ondas, sendo que ao atingir o limite de 600N a variação do tempo de percurso se torna nula;
28
- O modelo que melhor se ajusta para a variação do tempo de percurso com a temperatura não
é uma reta, mas sim uma parábola;
- A temperatura não influencia nas constantes acustoelásticas, ou seja, o fator L11 utilizado no
cálculo da tensão a partir da variação da velocidade da onda não é afetado pela temperatura,
para a faixa estudada;
- Há variações do tempo de percurso das ondas quando medido em diferentes amostras e com
temperaturas iguais, provavelmente em função da textura do material das amostras que não
pode ser monitorada;
Andrino (2007) realizou estudos com o método de ondas (Lcr) e com o método da
birrefringência acústica em dutos produzidos em aço API 5L-X65, com o intuito de medir as
tensões aplicadas. Quando os dutos estão em operação no campo, essas tensões surgem devido à
movimentação do solo e em decorrência da forma de utilização. Para obter resultados muito
próximos da realidade, foi reproduzido em laboratório um modelo experimental com um
segmento de duto fechado nas extremidades, ou seja, na forma de um vaso de pressão. Um
sistema automático denominado aranha ultra-sônica também foi construído, controlado por um
sistema computacional adaptado. Foram realizadas medições nos sentidos transversais e
longitudinais do duto e os dados extraídos do experimento foram comparados com medições
realizadas simultaneamente através de extensômetros, além dos calculados analiticamente. Os
resultados mostraram excelente correlação entre as três formas de medir e permitiu a conclusão
de que está nova metodologia pode ser aplicada em campo para medições das tensões mecânicas
nos dutos petrolíferos. Este método permite realizar medições de tensão com repetibilidade e a
mesma resolução em termos de tensões encontradas no sistema utilizado em laboratório.
29
2.4.2 – Conceito de Onda e Classificação das Ondas
Uma onda pode ser caracterizada pela sua freqüência (ou período), pelo seu comprimento
de onda, pela sua velocidade e amplitude. Tais características são definidas a seguir:
• Freqüência ( f )
1
f = ( 2.1 )
T
• Período ( T )
É o tempo necessário que um movimento oscilatório leva para produzir uma onda
completa. Conforme equação (2.2), pode ser calculado como:
30
1
T= ( 2.2 )
f
• Comprimento de Onda ( c )
É o tamanho de uma onda, que pode ser medido de várias formas diferentes: de crista à
crista da onda, do início ao final de um período ou de vale a vale. Crista é a parte alta da onda, e
vale é a parte baixa.
2π
c= ( 2.3 )
k
Onde:
k – número de ondas
- pi.
• Velocidade de Onda ( v )
c
v= = c⋅ f ( 2.4 )
T
É a altura da onda com relação à distância entre o eixo e a crista da onda. Quanto maior a
amplitude, maior será a quantidade de energia transportada por uma onda de um ponto ao outro.
31
As ondas mecânicas se propagando em sólidos podem se apresentar como ondas de corpo
ou de superfície. As primeiras propagam-se no interior do material enquanto as últimas, como o
nome já diz, propagam-se na interface entre o corpo e o meio. As ondas também podem ser
classificadas de acordo com a relação entre a direção de propagação e o movimento oscilatório de
suas partículas. Os principais tipos de ondas utilizadas em medições de tensão são apresentados a
seguir.
• Ondas Longitudinais
32
• Ondas Transversais ou Cisalhantes
As ondas transversais são ondas de corpo nas quais a direção da propagação da onda é
perpendicular ao deslocamento dos átomos e moléculas do meio material que está sendo
analisado (Figura 2.9).
As ondas transversais não podem se propagar em meios líquidos e gases, pois a pequena
força de coesão entre as partículas componentes dos materiais nesses estados não permite a
transmissão da força de cisalhamento. No entanto, tais ondas podem se propagar em meios
pastosos, que são muitas vezes utilizados como fluído de acoplamento acústico no emprego de
transdutores de ondas cisalhantes. A Tabela 2.2 mostra as velocidades de propagação de ondas
cisalhantes em aço e alumínio.
Direção de
Propagação
• Ondas Rayleigh
As ondas Rayleigh são ondas que se propagam em forma de onda transversal ao longo da
superfície de um material. Assim, são ondas cisalhantes de superfície. Este tipo de onda pode ser
33
gerado a partir de uma onda longitudinal que incide sobre a superfície do material no seu segundo
ângulo crítico, conforme calculado pela Lei de Snell. As ondas Rayleigh também se propagam na
região subsuperficial provocando uma região fina de oscilação e penetram no material cerca de
um comprimento de onda (Leite, 1984). Essas ondas são conhecidas como ondas de corpo por
propagarem-se no interior de corpos elásticos. A Figura 2.10 mostra a forma das ondas Rayleigh
(Leite, 1984; Kundu, 2004).
• Ondas de Love
34
Figura 2.11 – Propagação de ondas Love (Cheeke, 2002).
Esse tipo de onda foi estudado em mais detalhes por Kundu (2004), que apresenta um
estudo do movimento da onda em uma superfície livre de tensão de um sólido homogêneo.
• Ondas Lamb
As ondas Lamb são ondas que se propagam ao longo da espessura de chapas muito finas.
A natureza vibracional de suas partículas é complexa. Para determinar as características das
ondas Lamb deve se levar em conta alguns fatores como densidade, propriedades elásticas,
estrutura do material e espessura da chapa. Essas ondas podem ser definidas de duas formas
diferentes: Ondas de Lamb Simétricas ou Dilatacionais e Ondas de Lamb Assimétricas ou
Compressionais que podem ser determinadas através do movimento da onda com relação ao eixo
central do material. As Figuras 2.12 e 2.13 mostram os dois tipos de ondas Lamb.
35
Figura 2.13 – Propagação de ondas Lamb assimétrica (Leite, 1984).
As ondas longitudinais criticamente refratadas (Lcr) são ondas longitudinais de corpo, que
se propagam próximas à superfície de um material sólido. Esse tipo de onda possui diferentes
nomes em inglês, tais como “subsurface elastic waves”, “subsurface longitudinal waves”, “head
waves”, “lateral waves”, “creeping longitudinal waves” e por fim “fast surface waves”, sendo que
todos representam o mesmo tipo de onda. Estas ondas propagam-se na profundidade aproximada
de seu comprimento de onda e não seguem o contorno de superfícies curvas ou irregulares, mas
possuem a vantagem que a rugosidade superficial do material não as afeta consideravelmente.
Outro fato muito importante é que as ondas Lcr são as mais sensíveis à existência de tensão no
interior do material.
Pode-se calcular o ângulo de incidência necessário para a geração das ondas Lcr através da
Lei de Snell. Assim, o primeiro ângulo crítico é dado pela Equação (2.5).
V (1)
θ cr = sen −1
(2 ) ( 2.5 )
V
36
Onde:
cr - ângulo crítico;
V(1) - Velocidade no primeiro meio;
V(2) - Velocidade no segundo meio.
Figura 2.14 – Transdutor emitindo ondas longitudinais subsuperficiais no primeiro ângulo crítico
(Rose, 1999).
Como na superfície livre do sólido as tensões são supostamente iguais a zero, as duas
ondas satisfazem as condições de contorno e qualquer perturbação na superfície livre move-se
com velocidade igual à velocidade das ondas longitudinais em meios sólidos (V LSS = V L ) .
37
Quanto maior a distância entre o emissor e o receptor, obviamente, menor a amplitude da onda
detectada.
Figura 2.15 – Campo de pressão das ondas longitudinais subsuperficiais no primeiro ângulo
crítico (Rose, 1999).
Alguns cristais sofrem deformação quando são expostos a uma diferença de potencial
entre suas faces ou vice-versa. Tais cristais são à base dos principais tipos de transdutores
utilizados em pesquisas com ultra-som.
38
cristais com características piezelétricas são proporcionais às cargas mecânicas aplicadas.
Existem muitos cristais que possuem características piezelétricas, dentre os quais temos o quartzo
e algumas cerâmicas. Cada um deles possui suas próprias características de aplicação (Leite,
1984).
Efeito Lippmann é o fenômeno que ocorre quando se aplicam tensões elétricas nas duas
faces opostas de uma lâmina de cristal de um material que possua características piezelétricas.
Tais tensões causam a deformação mecânica das lâminas, ou seja, é o efeito contrário ao efeito
piezelétrico.
Se à lâmina de cristal piezelétrico for aplicada uma tensão alternada, ela sofrerá
deformações sucessivas passando a vibrar. A lâmina se contrairá na primeira metade do ciclo
alternado e se expandirá na outra metade. A freqüência de vibração mecânica a qual a lâmina está
sendo submetida será a mesma da tensão alternada aplicada (Leite, 1984; Krautkramer, 1990).
Neste tópico será analisado o comportamento das ondas (Lcr) e como o estado de tensões
causado pelo processo de fabricação pode influenciar na sua velocidade de propagação. Por isso,
é necessário conhecer que fatores podem também influenciar as características das ondas ultra-
sônicas, como forma de separá-los do efeito das tensões.
A atenuação do feixe ultra-sônico pode ser definida como a perda de energia do feixe
ultra-sônico, que pode ocorrer devido a espalhamento, dispersão ou absorção durante a
propagação da onda. Isso ocorre porque o material não é totalmente homogêneo e pode estar
relacionado ao processo de fabricação do componente. A atenuação pode gerar diversos ecos de
reflexão de fundo durante a visualização em um display de sistema ultra-sônico. As amplitudes
dos ecos variam em relação ao comprimento da onda que percorre o material. Existem situações
em que a atenuação pode inviabilizar um teste, pois é impossível identificar a onda que se quer
medir, porque esta simplesmente não aparece destacada das demais.
39
De acordo com Halmshaw (1987) e Bray e Stanley (1997), a atenuação geralmente é
expressa da seguinte forma
P = P0 e − aL ( 2.6 )
Onde:
P0 - nível de pressão ou amplitude original ou uma posição de referência;
P - nível de pressão na posição de observação;
a - coeficiente de atenuação;
L - percurso do pulso a partir da fonte original para a localização de referência.
Onde:
C1º - velocidade de onda longitudinal em uma dada temperatura;
dC/dT = kT - constante de mudança da velocidade;
T - variação da temperatura.
40
Tabela 2.3 – Constantes de mudança da velocidade (Bray e Stanley, 1997).
MATERIAL k T [m/soC]
Acrílico -2,3
Aço Perlítico -0,55
i
tt
r
Para obter uma onda transmitida ao segundo meio com o mínimo de atenuação, seria
necessário transmitir a potência máxima das ondas ultra-sônicas através da interface entre os dois
meios. Para isso os dois meios deverão possuir propriedades e características idênticas. Sendo
assim, teriamos uma máxima amplitude de onda transmitida e amplitude de onda refletida igual a
zero.
41
formam uma película entre os meios. Quando mais próxima a impedância entre meio acoplante e
o material a ser medido, melhores serão os resultados.
Pr z 2 − z1
Rr = = ( 2.8 )
Pi z 2 + z1
Pt 2z2
Tt = = ( 2.9 )
Pi z1 + z 2
Onde:
z1 e z2 - impedância acústica do meio 1 e 2;
Pr, Pi, Pt - amplitude de pressão da onda refletida, incidente e transmitida.
Quando uma onda longitudinal incide de forma oblíqua com um ângulo de incidência t
sobre a interface com o segundo meio de propagação (sólido), surgem ondas refletidas e
transmitidas (Figura 2.17). As ondas transmitidas surgem com uma mudança de direção em
relação à direção da onda incidente. Os ângulos das ondas refletidas e transmitidas, r e d
respectivamente, dependem do ângulo de incidência e das velocidades acústicas nos dois
materiais, V(1) e V(2). Um fenômeno que deve ser levado em consideração é o da conversão de
modos, segundo o qual as ondas longitudinais podem se transformar em ondas transversais e
vice-versa. A Figura 2.18 apresenta a conversão de modo.
42
Figura 2.17 – Incidência, reflexão e transmissão de uma onda com incidência oblíqua na interface
plana entre dois meios (Halmshaw, 1987; Krautkramer, 1990).
As direções das ondas incidente, refletida e transmitida são determinadas pela lei de Snell,
conforme a equação (2.10).
sin θ t V (1)
= ( 2.10 )
sin θ d V ( 2 )
Onde:
V(1) e V(2) - velocidade da onda no meio 1 (incidente) e meio 2 (transmitida);
t e d - ângulo de incidência e transmissão, respectivamente.
r = t
43
Ângulos críticos são ângulos de incidência nos quais as ondas transmitidas geradas
deixam o segundo meio e passam apenas a ser refletidas. Assim, existe um ângulo crítico para a
onda longitudinal refratada, chamado de primeiro ângulo crítico, e outro para a onda cisalhante
refratada, chamado de segundo ângulo crítico. O primeiro ângulo crítico pode ser calculado de
acordo com a equação (2.5). No meio 2, teremos apenas ondas de cisalhamento.
O segundo ângulo crítico pode ser calculado através da função seno inverso da relação
V(1)/V(2), que também pode ser vista na equação (2.5). Será considerado segundo ângulo crítico
quando o ângulo de cisalhamento refratado for igual a 90°. Haverá uma energia insignificante
sendo propagada para o meio 2, e maior parte da energia da onda longitudinal será refletida ou
transformada em onda de interface quando atingir a interface do meio 1 para o meio 2.
Figura 2.18 – Conceitos básicos de modo de conversão com (a) Incidência longitudinal; (b)
Incidência Cisalhante; (c) Incidência primeiro ângulo crítico; (d) Incidência segundo ângulo
crítico (Rose, 1999).
44
2.4.9 – Velocidade de Ondas Ultra-sônicas
E 1−υ
VL = ( 2.11 )
ρ (1 + υ )(1 − 2υ )
E G
VC = = ( 2.12 )
2 ρ (1 + υ ) ρ
0,87 + 1,12υ E
VS = ( 2.13 )
1+υ 2 ρ (1 + υ )
Onde:
VL - Velocidade da onda ultra-sônica longitudinal;
E - Módulo de elasticidade de Young;
- Coeficiente de Poisson;
- Densidade;
VC - Velocidade da onda ultra-sônica de cisalhamento;
G - Módulo de cisalhamento;
VS - Velocidade da onda ultra-sônica superficial.
45
G=µ ( 2.14 )
µ (3λ + 2µ )
E= ( 2.15 )
λ+µ
2µ
K =λ+ ( 2.16 )
3
λ
υ= ( 2.17 )
2(µ + λ )
Substituindo a equação (2.14) em (2.12) e as equações (2.15, 2.16 e 2.17) em (2.11), com
isso pode-se definir a relação de velocidade de propagação das ondas elásticas longitudinais e de
cisalhamento em materiais isotrópicos em função das constantes de Lamé (λ e µ).
ρVC2 = µ ( 2.18 )
3
ρVL2 = λ + 2 µ = K + µ ( 2.19 )
4
As velocidades das ondas ultra-sônicas podem ser relacionadas entre si de acordo com as
equações abaixo:
1 − 2υ
VC = (0,49 _ a _ 0,55)V L ou VC = V L ( 2.20 )
2(1 − υ )
0,87 + 1,12υ
VS = (0,92 _ a _ 0,93)VC ou V S = VC ( 2.21 )
1+υ
46
2.5 – Teoria Acustoelástica
1 1
Φ (ε ) = Φ 0 + gCij ε ij + Cijkl ε ij ε kl + Cijklmn ε ij ε kl ε mn + ... ( 2.22 )
2 6
Onde:
0 - deformação inicial (
0 = 0, quando a energia de deformação for zero antes da
deformação);
gCijij - energia potencial (gCijij = 0, quando o nível de referência não for importante);
Cijkl e Cijklmn - tensores das constantes elásticas de segunda e terceira ordem do material.
47
deformações que ocorrem na equação (2.22). Os coeficientes do termo com as deformações
quadráticas são de segunda ordem, os do termo com as deformações cúbicas são constantes de
terceira ordem. Segundo Schneider (1997), em um material isotrópico, a densidade de energia de
deformação depende apenas dos invariantes do tensor de deformação Lagrangeano (I1, I2, I3)
desde que as constantes elásticas sejam invariantes sob rotações arbitrárias. Com isso pode-se
reescrever a equação da energia de deformação através da Equação (2.23) e, após determinar a
densidade da energia de deformação (()) em termos dos invariantes do tensor de deformação
Lagrangeano (I1, I2, I3) usando a Equação (2.24).
ρ sd
ρ (ε ) = ( 2.24 )
(1 + 2 I 1 + 4 I 2 + 8 I 3 )
Onde:
sd - densidade do material sem deformação.
Os componentes de deformação que serão considerados são ii, ij = ji, ik = ki. Isso
ocorrerá devido à propagação de onda plana ao longo do eixo principal de deformação. Com isso,
os invariantes de deformação se reduzem para
I 1 = ε ii ( 2.25 )
I 2 = − (ε ij ε ji + ε ik ε ki ) ( 2.26 )
I3 = 0 ( 2.27 )
48
uma onda longitudinal pura e duas ondas de cisalhamento puras polarizadas na direção principal
de cada deformação. Estas soluções principais podem ser generalizadas para o caso de
propagação de som em cada uma das três direções principais de um material deformado com
estrutura cúbica. As equações que descrevem melhor a velocidade de propagação das ondas em
função da deformação principal paralela ao sentido da tensão aplicada são:
1
ρ 0Vij2 = µ + (λ + m )θ + 4 µε i + 2 µε j − nε k ( 2.29 )
2
1
ρ 0Vik2 = µ + (λ + m )θ + 4 µε i + 2 µε k − nε j ( 2.30 )
2
Onde:
0 - densidade inicial;
Vii, Vij, Vik - velocidades de propagação de ondas e deslocamentos de partículas na
direção i, j, k;
, - constantes elásticas de segunda ordem ou Lamé;
l, m, n - constantes elásticas de terceira ordem Murnaghan;
i, j, k - componentes de deformações principais triaxiais homogêneas nas direções i, j e
k;
= i + j + k ;
i, j, k – índices (i, j, k = 1, 2, 3).
49
Figura 2.19 – Velocidade de ondas planas e campo de tensão no sistema de coordenadas
ortogonais (Bray e Stanley, 1997).
50
ρ 0V232 = ρ 0V322 = µ + [(λ + m )(1 − 2v ) − 6vµ − n 2]ε ( 2.35 )
dV11 V11 µ + 2m + vµ (1 + 2l λ )
L11 = = 2+ ( 2.36 )
dε λ + 2µ
dV12 V12 vn m
L12 = = 2+ + ( 2.37 )
dε 4µ 2(λ + µ )
dV22 V22 m − µl λ
L22 = = −2v
1 + ( 2.38 )
dε λ + 2 µ
dV21 V21 λ + 2µ + m vn
L21 = = + ( 2.39 )
dε 2(λ + µ ) 4µ
dV23 V23 m − 2λ n
L23 = = − ( 2.40 )
dε 2(λ + µ ) 4µ
51
4µ dV21 V210 dV23 − V230
n=
− − 1 − v ( 2.43 )
1 + v dε dε
A tensão pode ser calculada através da equação (2.36). Para isso, é feita a transformação
das deformações () em tensões (). A variação da tensão (d) é determinada multiplicando a
variação da deformação (d) com o módulo de elasticidade (E). Reescrevendo em função do
tempo de percurso relativo da onda (dt/t0) tem-se:
E (dV11 V11 ) E
dσ = = dt ( 2.44 )
L11 L11t 0
Onde:
dt = (t – t0);
t0 - tempo de percurso da onda para material livre de tensões.
52
propagação de ondas longitudinais paralelas à direção de aplicação da tensão. Os resultados
demonstraram que as ondas longitudinais são mais sensíveis à mudança de tensão do que ondas
de cisalhamento polarizadas viajando por todo o campo de tensão, perpendicular à direção de
aplicação da tensão.
A sensibilidade de uma determinada onda à variação da tensão foi obtida pela inclinação
da curva tensão-velocidade ou deformação-velocidade. Tais inclinações representam as
constantes acustoelásticas que foram determinadas anteriormente e que estão representadas na
Figura 2.20.
O experimento permitiu ainda constatar, como já se sabia pela teoria, que as mudanças na
velocidade de propagação das ondas são funções lineares da deformação. Outra conclusão
importante é que a maior mudança encontrada está associada à propagação de ondas longitudinais
paralelas ao carregamento aplicado e a menor mudança está associada à propagação de ondas de
cisalhamento perpendiculares ao carregamento aplicado na amostra analisada.
Figura 2.20 - Mudanças relativas na velocidade das ondas com deformação (Thompson, 1996;
Egle e Bray, 1976 apud Bray e Stanley, 1997).
53
2.6 – Planejamento Experimental
Esse objetivo maior pode ser dividido em outros objetivos de acordo com o propósito dos
ensaios:
54
Na etapa de otimização é definido o nível máximo e mínimo do intervalo dos parâmetros
que serão empregados no experimento. Essa etapa pode ser realizada utilizando os experimentos
fatoriais, de superfície de resposta, de mistura, Taguchi e, além desses, pode ser realizada uma
otimização da resposta.
• seleção das variáveis que influem num processo com número reduzido de ensaios;
55
Existem diversos objetivos quando se emprega a metodologia de superfície de resposta e
dentre todos, o principal é o uso da superfície de resposta como tentativa de entender melhor o
comportamento do sistema mediante a variação dos parâmetros.
De acordo com Mason, Gunst e Hess (2003) existem quatro razões importantes para
utilização da metodologia de superfície de resposta.
• Inferências estatísticas podem ser feitas sobre a sensibilidade da resposta aos fatores de
interesse,
• Níveis de fatores podem ser determinados para que a variável da resposta seja otimizada
(por exemplo, máximo ou mínimo), e
Segundo Draper e Lin (1996) e Myers et al. (2009) a relação que descreve uma resposta
(Y) em função de diversas variáveis é
Y = f (ξ 1 , ξ 2 ,..., ξ k ) + E ( 2.45 )
E (Y ) = η = f (ξ 1 , ξ 2 ,..., ξ k ) ( 2.46 )
Onde:
Y – resposta;
E(Y) = - superfície de resposta;
1,
2,
k - variáveis do sistema;
k = 1,2,3,...,n;
E – Erros.
56
A superfície de resposta pode apresentar funções de aproximação denominadas de modelo
de regressão polinomial de 1º ordem, que representa o efeito linear, ou modelo de 2º ordem, que
representa o efeito de curvatura através de uma combinação do efeito linear, quadrático e de
interação. Os efeitos de primeira ordem são descritos por:
Onde:
- estimadores dos parâmetros do modelo;
i,j = 1, 2, 3,...,n.
Segundo Box e Draper (1987 apud Draper e Lin, 1996) quando se utiliza em um
experimento uma metodologia adequada de superfície de resposta, o experimento apresentará
características que devem:
57
• Fornecer padrões de dados simples que permitam a apreciação visual evidente;
• Comportar-se bem quando ocorrem erros nas configurações das variáveis de previsão;
Os experimentos compostos centrais (CCD) são empregados para obtenção dos dados
para criação de uma superfície de um modelo de 2º ordem. Eles podem ser blocados, não-
blocados e rotacionais. Os blocados permitem que os efeitos dos termos do modelo e dos blocos
sejam estimados independentemente e minimizam a variação dos coeficientes estimados. Já os
rotacionais fornecem propriedades desejáveis de variância de previsão constante em todos os
pontos eqüidistantes dos pontos centrais, melhorando a qualidade da previsão. Os experimentos
compostos centrais apresentam três formas diferentes que são:
58
(a) (b)
Figura 2.21 – Pontos fatoriais ou cúbicos em um experimento com (a) 2 e (b) 3 fatores (Draper e
Lin, 1996).
• Pontos axiais ou estrela – também conhecido como politopo cruz. São constituídos de
pares de pontos em eixos de coordenadas a uma distância () da origem (Figura 2.22).
São utilizados para determinar os termos quadráticos individuais.
(a) (b)
Figura 2.22 – Pontos axiais ou estrela em um experimento com (a) 2 e (b) 3 fatores (Draper e Lin,
1996).
59
(a) (b)
Figura 2.23 – Pontos centrais cubo-estrela em um experimento com (a) 2 e (b) 3 fatores (Draper e
Lin, 1996; Barros, Scarminio e Bruns, 2007).
(a) (b)
Figura 2.24 - Gráficos de representação da metodologia RSM. (a) Superfície de resposta; (b)
Contorno (Myers, Montgomery e Anderson-Cook, 2009).
60
2.7 – Controle das Propriedades Mecânicas dos Materiais
Sabe-se que não é tarefa trivial obter controle sobre as propriedades mecânicas dos
materiais após a realização de um processo de fabricação. Muitas vezes as peças devem passar
por um segundo processo para se obter as propriedades mecânicas desejáveis. Dentre esses
processos estão o tratamento térmico, isotérmico, termoquímico, superficial ou até mesmo
mecânico. Para desenvolver este trabalho, foi necessário buscar tratamentos que pudessem ser
empregados em materiais metálicos para eliminar as tensões internas provenientes do processo de
fabricação.
O processo de tratamento térmico de alívio de tensões (TTAT) pode ser dividido em três
etapas: aquecimento, temperatura de patamar e resfriamento. O aquecimento é realizado até uma
temperatura abaixo da temperatura de austenitização (727ºC para o aço). A temperatura de
patamar é a temperatura máxima após aquecimento onde o material será mantido durante um
determinado período de tempo. O resfriamento é a etapa onde o material sofre um resfriamento
aparentemente uniforme em uma determinada atmosfera (Canonico, 1997) .
61
Tabela 2.4 – Comparação de parâmetros principais para tratamento térmico de alívio de tensões.
(Silva, Mayer e Cavalcanti, 2002)
Parâmetros de TTAT Unidade ASME AWS BS
Temperatura e Controle Inicial (Ti) e
ºC Max. e Min. 427 315 400
Final (Tf)
Taxa de Aquecimento (TA) ºC/ Hora Máx. 222 220 220
Taxa de Resfriamento (TR) ºC/ Hora Máx. 278 260 275
Temperatura de Patamar (TP) ºC 595 590 a 650 580 a 620
Tempo de Permanência no Patamar (tp) Hora/pol. 1 1 1
Figura 2.25 – Ciclo de Tratamento térmico de alívio de tensões. (Silva, Mayer e Cavalcanti,
2002)
62
termopares. A distância entre os termopares não pode ser superior aos valores estabelecidos pelas
normas.
Nesse capítulo foram apresentadas revisões sobre os conceitos básicos necessários para a
realização do processo de usinagem com ênfase para o fresamento. Foi apresentado também
conceitos sobre tensões geradas durante o fresamento juntamente com um histórico de medição
dessas tensões.
Foi realizada uma abordagem sobre os principais métodos de medição das tensões com
ênfase para o método ultra-sônico que será utilizado neste trabalho. Logo após, foram
apresentados os conceitos básicos e um histórico do uso deste método. Também foi descrito a
relação da teoria acustoelástica com as medições de tempo de percurso das ondas longitudinais
criticamente refratadas (Lcr).
Foi apresentada brevemente uma revisão sobre planejamento experimental, dando ênfase
para a metodologia da superfície de resposta que será aplicada no decorrer deste trabalho.
Por fim, uma explanação sobre algumas formas de controle das propriedades dos
materiais foi abordada, sendo logo após, direcionada para o tratamento térmico para alívio das
tensões. Posteriormente foram apresentados os conceitos básicos utilizados neste tratamento
térmico.
63
Capítulo 3
Materiais e Métodos
Com o intuito de obter resultados adequados e alcançar o objetivo proposto foi realizado
um planejamento do experimento baseado em experiências anteriores. Essas foram realizadas
pelo grupo de pesquisa (Andrino, 2003; Caetano, 2003; Santos, 2003; Minicucci, 2003; Fraga,
2007; Santos, 2007; Andrino, 2007). Também foram utilizados conhecimentos adquiridos no
decorrer desta pesquisa baseados em fontes que estão relacionadas nas referências bibliográficas.
O planejamento do experimento foi elaborado seguindo uma seqüência, conforme apresentado a
seguir.
64
comportamento de ambos. Os transdutores foram testados utilizando o próprio sistema de
aquisição proposto neste trabalho. Os resultados apresentaram desvios pouco
significativos entre os dois transdutores, menores que 1 ns. Por esse motivo, optou-se por
não incluir os resultados neste trabalho.
2. Análise de Influência dos Parâmetros: ao utilizar uma nova forma de medição, devemos
sempre verificar os parâmetros que influenciam o sistema em função das variáveis
possíveis de serem monitoradas, não negligenciando a possibilidade de existirem
variáveis incontroláveis dentro do ambiente experimental, porém essas não são
significativas neste trabalho. Nesta etapa, duas análises foram realizadas, a primeira com
objetivo de determinar a dispersão dos dois medidores de temperatura disponíveis, já a
segunda é para verificar a dispersão do TOF em diferentes posições de medição. Essas
foram realizadas sob as condições da metodologia proposta nesse trabalho.
4. Produção dos Corpos de Prova: O objetivo principal dessa etapa é produzir corpos de
prova (CP) de acordo a necessidade dos experimentos. Alguns cuidados devem ser
tomados na escolha do processo de fabricação, a fim de evitar alterações significativas das
propriedades do material. Portanto, faz-se necessário realizar um planejamento para a
produção dos CP.
5. Preparação dos Corpos de Prova para Alívio de Tensões: após produzir os CP com as
dimensões de referência, foi necessário prepará-los para o tratamento térmico. Como o
método de medição necessita de uma superfície plana na região de interesse para um
perfeito assentamento do conjunto “Probe”, uma operação de pré-usinagem (acabamento)
na superfície superior dos corpos de prova é necessária, já que o material possui uma
superfície bruta com imperfeições.
65
6. Análise do Tratamento Térmico de Alívio das Tensões: foi realizado um estudo do
comportamento do forno em relação ao TTAT. O objetivo é obter maior confiabilidade e
qualidade no TTAT para os CP finais.
8. Medição do Tempo de Percurso após Alívio de Tensões: Nesta etapa foram realizadas
medições de TOF após as peças serem submetidas ao TTAT.
9. Usinagem dos Corpos de Prova: após o alívio de tensões, a superfície superior dos corpos
de prova foi usinada através do processo de fresamento de topo em um centro de
usinagem. Os parâmetros de usinagem foram escolhidos a partir da determinação de uma
faixa de interesse de valores máximos e mínimos da velocidade de corte (vc), avanço por
dente (fz) e profundidade de usinagem (ap).
11. Análise do Tempo de Percurso: nesta etapa foi realizada a comparação do TOF para os
CP, após TTAT e após introdução de tensões decorrentes do processo de fresamento.
Todas as etapas acima citadas serão detalhadas no decorrer do trabalho. Nos tópicos a
seguir serão apresentados os corpos de prova, equipamentos, sistema e programa de aquisição de
dados.
66
3.2 – Corpos de Prova
Os CP para análise do TTAT e teste preliminar foram produzidos em aço SAE 1020.
Devido essa necessidade foram produzidos quatro CP, sendo denominados de “A”, “B”, “C” e
“D”. Este material apresenta bastante similaridade com o aço ASTM A36, principal objeto de
estudo neste trabalho. A composição química e propriedades mecânicas, bem como a comparação
com o aço ASTM A36, podem ser vistas na Tabela 3.1 e 3.2. As formas geométricas dos CP
podem ser vistas na Figura 3.1.
Figura 3.1 – Corpo de prova para análise de tratamento térmico com dimensões sem escala (mm).
67
Esses CP possuem dimensões de 15,875mm (5/8 pol.) X 125mm X 300mm e duas
furações nas extremidades. Isso permitiu uma rápida e fácil fixação sob a mesa do centro de
usinagem durante a produção.
3.2.2 – Corpos de Prova para Análise do Tempo de Percurso das Ondas Lcr
Os CP para análise do TOF das ondas Lcr foram produzidos em aço ASTM A36. Este aço
é considerado estrutural possuindo boas propriedades mecânicas, tais como soldabilidade,
ductilidade, alto limite de resistência mecânica e escoamento e razoável resistência a corrosão. Os
aços ASTM A36 são amplamente utilizados na produção de estruturas metálicas. Para o
experimento foram confeccionados vinte CP que foram numerados (1, 2, 3,...,20) na parte frontal.
Na lateral foi marcado o sentido de laminação com a letra (L), de acordo com especificações
fornecidas pela CMI – Construções Metálicas ICEC, fornecedora do material utilizado nos CP.
As dimensões brutas são 15,875mm (5/8 pol.) X 320mm X 320mm, sendo que após os mesmos
terem sido submetidos aos processos de fabricação, suas dimensões finais ficaram em 15,875mm
(5/8 pol.) X 310mm X 310mm (Figura 3.2).
Figura 3.2 - Corpo de prova para análise do tempo de percurso das ondas Lcr com dimensões e
sem escala.
68
A composição química e algumas propriedades mecânicas no sistema métrico podem ser
vistas na Tabela 3.1 e 3.2, bem como a comparação com um aço SAE 1020.
Tabela 3.1 – Comparação entre composição química dos aços ASTM A36 e SAE 1020
(www.matweb.com).
Componente Aço ASTM A36 Aço SAE 1020
C 0,25 a 0,29 0,17 a 0,23
Composição Química (%)
Fe 98 99,08 a 99,53
Cu (mín.) 0,2 -
Mn 1,03 0,30 a 0,60
P (máx.) 0,040 0,040
Si 0,28 -
S (máx.) 0,050 0,050
Tabela 3.2 – Comparação entre propriedades mecânicas dos aços ASTM A36 e SAE 1020
(www.matweb.com).
Propriedades Aço ASTM A36 Aço SAE 1020
Densidade (g/cm³) 7,85 7,87
Limite de Escoamento (MPa) 250 330
Limite de Resistência (MPa) 400 a 550 450
Módulo de Elasticidade (GPa) 200 200
Módulo de Cisalhamento (GPa) 79,3 80
Alongamento (%) em 50mm 23 36
3.3 – Equipamentos
Essa seção foi separada em equipamentos e acessórios para produção dos CP, para TTAT
e para medição e calibração. Posteriormente, será apresentada a função de cada equipamento
dentro dos procedimentos experimentais adotados para este trabalho.
69
3.3.1 - Equipamento e Acessórios para Produção dos Corpos de Prova
Nesta primeira fase, os CP foram produzidos e entregues pela CMI, sendo que a produção
foi acompanhada pelo autor deste trabalho. Foram realizadas as marcações do sentido de
laminação da chapa em cada CP, para uma posterior identificação no decorrer do trabalho.
70
causadas pelo processo de corte a plasma. O equipamento utilizado foi uma plaina convencional
marca SACIA, tipo L 450 E.
71
Na ferramenta foram colocados insertos (pastilhas) de metal duro com cobertura especial de
TiNAl (Nitreto de Titânio e Alumínio) própria para o uso em acabamento e desbaste de peças de
aço, marca SANDVIK, código R245-12 T3 M-PM 4230, com quatro arestas cortantes. Os
insertos podem ser vistos montados na fresa de facear (Figura 3.5).
Cone
Inserto Fresa
O tipo de fixação mais adequado foi à adaptação de uma chapa de base (Figura 3.6). Isso
ocorreu devido o fato dos CP apresentarem grandes dimensões de largura e comprimento e
pequena espessura. Outro motivo foi a necessidade de livre movimentação da ferramenta em toda
a superfície dos CP, sem que haja vibrações durante o processo de fresamento de topo. Essa
chapa de base foi fixada sobre a mesa do centro de usinagem e os CP a serem fresados foram
fixados sobre a mesma.
72
Figura 3.6 – Placa de base para fixação dos corpos de prova.
Corpo de Prova
Chapa de Base
Figura 3.7 – Sistema de fixação dos corpos de prova montado sobre a mesa do centro de
usinagem.
73
A chapa de base foi fixada por um total de nove parafusos, sendo seis parafusos Allen M8
X 35 nas extremidades e três parafusos Allen M8 X 25 com as cabeças alojadas na chapa de base
junto à região central. Foram utilizadas também, nove porcas “T” M8 encaixadas nos rasgos de
guia da mesa de movimentação do centro de usinagem. Para a fixação dos CP foram utilizados
oito parafusos Allen M8 X 15 sob a superfície do CP com as cabeças alojadas na espessura.
O TTAT foi realizado em um forno elétrico da marca ELINO, série 8000 com registro de
temperatura analógico e dimensões internas de 400mm X 400mm X 350mm (comprimento X
largura X altura) (Figura 3.8).
Figura 3.8 – Forno para tratamento térmico para alívio das tensões.
74
(0,5 X 1 pol.) (Figura 3.9). Foi definido o uso desse transdutor com base em estudos realizados
pelo grupo de pesquisa, em particular nos ensaios realizados por Fraga (2007), Santos (2007) e
Andrino (2007), onde estes transdutores apresentaram maior sensibilidade a medições de tensão.
Para a calibração do tempo de percurso das ondas nos transdutores, foi utilizado um bloco
padrão tipo 1 da marca PANAMETRICS, modelo PT NO. 1054-1, ASTM E164 IIW produzido
em aço 1018 (Figura 3.10). Este bloco padrão tem diversas funções de calibração.
75
Esse bloco padrão é utilizado para calibração do TOF de ondas ultra-sônicas em aços não
ligados e de baixa liga que é o caso em estudo neste trabalho. A velocidade sônica de ondas
longitudinais é de 5920 m/s com precisão de +- 30 m/s de acordo com normas EN-12223 e EN-
27963. Esse bloco é semelhante ao bloco V1 normalizado pela DIN 54109. (Andreucci, 2006;
Halmshaw, 1987).
(a)
(b)
(c)
Figura 3.11 – Sistema de medição da temperatura com (a) Medidor IOPE, (b) termopar IOPE, e
(c) termopar IMPAC.
Para a medição do TOF das ondas Lcr foi utilizado um conjunto denominado “Probe”.
Esse conjunto possui duas sapatas de suporte dos transdutores produzidas em acrílico (PMMA)
76
com ângulo de 28º (primeiro ângulo crítico), sendo que uma das sapatas terá a função de
recepção e a outra transmissão das ondas (Figura 3.12). Esse conjunto foi utilizado em trabalhos
anteriores realizados pelo grupo de pesquisa, nos trabalhos dos autores já citados no início dessa
seção.
Barra de ligação
Sapata
Transdutor 28º
Para o controle da pressão que as sapatas exercem sobre a superfície dos CP, foi criado
um peso morto adaptado sobre o conjunto “Probe” (Figura 3.13). Além do fator citado
anteriormente, outra função importante do peso morto é evitar o contato entre a mão do operador
e o conjunto “Probe”, o que poderia influenciar significativamente na temperatura do sistema
durante a realização dos experimentos. Esse peso morto com os pinos de fixação foi produzido
em aço SAE 1020 e possui peso de 41,5 N, sendo que o conjunto “Probe” completo (Figura 3.13)
possui um peso total de 50 N. Maiores detalhes de dimensões podem ser visto no apêndice E.
77
Peso morto
Conjunto
“Probe”
78
3.4 – Sistema de Aquisição de Dados
79
A Figura 3.17 mostra o sistema de aquisição de dados montado juntamente com o
conjunto “Probe” e os transdutores descritos na seção 3.3.3. A placa de aquisição de dados não
pode ser visualizada em virtude de estar instalada na parte interna do CPU do computador.
Pulser/Receiver
Conjunto
“Probe”
completo
80
Figura 3.18 – Tela do programa de aquisição de dados.
O programa possui algumas funções, tais como trigger, seleção de canal, taxa de
amostragem, posicionamento dos cursores com identificação dos valores, ampliação e
minimização de imagem da tela, parada e identificação de possíveis erros do sistema.
81
Figura 3.19 – Procedimento de calibração dos transdutores.
O método utilizado para calibração foi o pulso-eco, consiste em fazer com que a onda
percorra a distância da largura de 100 mm do bloco padrão (seta azul). Após a onda ser refletida
na parte inferior do bloco padrão, ela retorna para o transdutor (seta vermelha) que funciona
como emissor/receptor. O tempo de percurso da onda longitudinal é adquirido através do
programa de aquisição de dados. A leitura é feita mediante um sinal de eco que é gerado quando
a onda é refletida na parte inferior do bloco padrão. Os dados dos dois transdutores usados no
conjunto “Probe” (emissor e receptor) foram verificados e não houve variação significativa entre
eles, conforme já dito. Uma explicação mais detalhada da técnica pulso-eco pode ser vista em
Halmshaw (1987).
A análise dos fatores que influenciam no experimento tem como objetivo quantificar as
dispersões do sistema que influenciam no TOF das ondas Lcr. Para isso, duas análises foram
realizadas. Na primeira análise, o teste foi feito com dois diferentes medidores de temperatura.
Na segunda análise, o teste foi realizado em diferentes posições do CP, sendo que o medidor de
temperatura foi escolhido através dos resultados da primeira análise. Uma explicação mais
detalhada das duas análises pode ser vista a seguir.
82
• Análise da Influência da Temperatura no Tempo de Percurso
Para essa análise, foi utilizado um único CP denominado CP “C” e sua geometria foi
apresentada na seção 3.2.1. Os equipamentos utilizados na análise do TOF das ondas Lcr foram o
sistema de aquisição de dados completo com o programa, o medidor de temperatura IOPE com o
termopar tipo K IOPE, o Pirômetro e o gabarito de posicionamento. As medições do TOF foram
feitas no mesmo ambiente que foi realizado o experimento final, sob as mesmas condições e
variáveis. Nesta análise para diferentes medidores de temperatura foram realizadas cinco
repetições de medida, em quatorze ocasiões diferentes, sendo que as medições foram realizadas
em uma única posição da superfície do corpo de prova (Figura 3.20). As medições de temperatura
foram realizadas no mesmo momento e em seqüência, sendo que a primeira medição foi feita
com o pirômetro e, logo após, com o medidor de temperatura IOPE.
P1 Sentido de laminação
do material
Figura 3.20 – Posição na superfície do corpo de prova para análise da influência da temperatura.
Já para essa análise, foram utilizados dois CP, um denominado CP “C” (o mesmo
utilizado na análise anterior) e outro denominado CP “D”, sendo que suas geometrias foram
apresentadas na seção 3.2.1. Os equipamentos utilizados nessa análise foram o sistema de
83
aquisição de dados completo com o programa, o medidor de temperatura IOPE com o termopar
tipo K IOPE e o gabarito de posicionamento. As medições do TOF foram realizadas no mesmo
ambiente da análise anterior. Nessa análise, foram realizadas cinco repetições de medida na
mesma posição, em três ocasiões diferentes, sendo que foram distribuídas seis posições na
superfície do corpo de prova (Figura 3.21). A variável que foi monitorada durante essa análise é a
temperatura do corpo de prova que foi medida no início e no final das medições em cada posição.
P6
P3
P5
P2
P4
P1
Sentido de laminação
do material
Figura 3.21 – Posições na superfície do corpo de prova para análise da influência das posições.
84
Tabela 3.3 – Parâmetros determinados para pré-usinagem dos corpos de prova.
Parâmetro de Pré-Usinagem Símbolo Unidade Valor
Velocidade de corte vc m/min. 250
Rotação Rot RPM 1000
Velocidade de avanço vf mm/min. 600
Avanço por dente fz mm/dente 0,1
Profundidade de usinagem ap mm 0,2
Penetração de trabalho ae mm 62
Passes laterais - - 5
Sentido
de
laminação
do
material
85
Os vinte CP foram pré-usinados aleatoriamente e, logo após, foram submetidos ao
tratamento térmico para alívio de tensões que será descrito em maiores detalhes a seguir.
O TTAT foi divido em duas fases, sendo a primeira um estudo das condições do forno
chamado fase de pré-teste e a outra denominada fase final.
Com base nos resultados da fase de pré-teste do TTAT foi dado início à fase final para os
CP que serão utilizados nas medições do tempo de percurso (TOF) das ondas Lcr.
Vinte corpos de prova foram tratados termicamente em lotes de três peças por vez, com o
intuito de reduzir o tempo para o processo de alívio das tensões. Os CP foram posicionados no
86
interior do forno um sobre o outro, centralizados. Uma chapa de base foi utilizada para melhorar
o apoio entre a superfície inferior de contato do último CP e a base do forno (Figura 3.23).
Forno
3 corpos de
prova
Chapa de base
87
4º passo: acionamento do termostato do forno e cronômetro simultaneamente.
5º passo: registro do tempo e temperatura no início e até atingir 600ºC. Isso é necessário para
determinar a taxa de aquecimento (TA) e variação da temperatura de aquecimento (Ta) entre os
lotes de CP.
10º passo: abertura da porta do forno para o término do resfriamento ao ar até a temperatura
ambiente.
Essa operação foi padronizada para a realização do TTAT nos sete lotes de CP, com isso
evita-se possibilidade de descontrole e distorções dos resultados devido a irregularidades no
procedimento.
88
Para a determinação do TOF, foi considerado o tempo do segundo cruzamento do trem de
ondas com a amplitude nula conforme Figura 3.24.
1º passo: O CP, materiais de uso geral e equipamentos são posicionados nos seus respectivos
lugares. Isso contribui para a padronização e eficiência das medições.
5º passo: montagem do conjunto “Probe”, peso morto, transdutores e cabos de conexão. Durante
a montagem deve-se observar que ambos, os transdutores e os cabos de conexão para emissão e
89
recepção devem ser colocados sempre na mesma posição, sendo válido também para a colocação
do peso morto. Esses detalhes contribuem para uma melhor segurança, controle e confiabilidade
dos resultados. Na hora de montar o transdutor e as sapatas de acrílico deve ser aplicada uma
película de acoplante (Carbogel) entre eles. Na fixação do transdutor, o parafuso é apertado até
dar o encosto. Isso evita que seja aplicado torque excessivo ou pouco torque.
6º passo: após vinte minutos do início das medições. O emissor/receptor é acionado juntamente
com o sistema de aquisição de sinais.
7º passo: aguardar por um período de uma hora após início das medições. Tempo necessário para
a interação entre o sistema de medição e o ambiente climatizado.
10º passo: medição da temperatura inicial no ponto central da posição e registro do valor.
11º passo: aplica-se uma camada de acoplante (Carbogel) sobre a superfície do CP, na região de
contato com a sapata de acrílico do conjunto “Probe”.
12º passo: colocar o conjunto “Probe” sobre a superfície do CP para realizar a medição do TOF.
O valor do TOF é registrado através da visualização na tela do programa de aquisição de sinais.
13º passo: repete-se o passo 12 até executar as cinco repetições na mesma posição.
15º passo: medição da temperatura final no ponto central da posição e registro do valor.
16º passo: repetição do 10º até o 15º passo, porém as medições devem ser executadas nas seis
posições propostas.
90
17º passo: realizar do 9º até o 16º passo por três vezes consecutivas. Isso é necessário para
verificar as dispersões das medições e para uma melhor interação entre o conjunto “Probe”, meio
acoplante, superfície do corpo de prova e ambiente experimental.
P6 P4
P2
P5
P3 P1
Sentido de laminação
do material
P6 P4 P2
P5 P3 P1
Figura 3.26 – Vista superior do corpo de prova com a distribuição das posições (mm).
91
medições do TOF das ondas Lcr nos vinte CP. Com isso, evita-se possibilidade de descontrole e
distorções dos resultados devido a irregularidades nas medições.
A seqüência de usinagem segue o planejamento discutido na seção 3.7. Após essa etapa,
os CP foram submetidos às medições de TOF através do método ultra-sônico utilizando
propagação de ondas Lcr.
92
3.6.7 – Medições de Tempo de Percurso após Fresamento
A seqüência utilizada para o TTAT, usinagem e medições do TOF foi obtida com auxílio
da metodologia da superfície de resposta. O número de CP foi determinado pelo programa
Minitab, através da definição do número de fatores a serem considerados (vc, ap, fz) com seus
níveis e o planejamento experimental utilizado neste trabalho (Fatorial completo).
A Tabela 3.5 mostra a seqüência dos ensaios aleatorizados, bem como os níveis de cada
variável para cada um dos vinte CP. Por ser aleatória, a seqüência poderia ser qualquer uma que
não fosse definida sob qualquer motivação específica. A seqüência escolhida foi a primeira
gerada pelo programa. Extraindo-se os dados não significativos da tabela dada pelo Minitab, tem-
se:
93
Tabela 3.5 – Seqüência dos ensaios aleatorizados.
StdOrder RunOrder vc (m/min) ap (mm) fz (mm/dente)
1 1 160 0,72 0,072
17 2 250 1,20 0,120
14 3 250 1,20 0,200
4 4 340 1,68 0,072
16 5 250 1,20 0,120
19 6 250 1,20 0,120
13 7 250 1,20 0,040
12 8 250 2,00 0,120
2 9 340 0,72 0,072
18 10 250 1,20 0,120
5 11 160 0,72 0,168
3 12 160 1,68 0,072
20 13 250 1,20 0,120
10 14 400 1,20 0,120
9 15 100 1,20 0,120
6 16 340 0,72 0,168
11 17 250 0,40 0,120
15 18 250 1,20 0,120
8 19 340 1,68 0,168
7 20 160 1,68 0,168
A coluna StdOrder indica a seqüência aleatorizada dos corpos de prova dada pelo
Minitab. A coluna RunOrder contém os vinte CP determinados para a realização do experimento.
As linhas em negrito indicam os seis pontos centrais determinados para esse experimento. Nesses
pontos os parâmetros de usinagem são iguais, com isso podemos obter a repetibilidade do
experimento.
94
3.8 – Resumo do Capítulo
95
Capítulo 4
Resultados e Discussão
A análise do TTAT foi iniciada em uma fase denominada de pré-teste, conforme descrito
no capítulo 3 (seção 3.6.4), sendo realizado um primeiro procedimento de TTAT baseado na
temperatura do termostato do forno. A Figura 4.1 mostra a curva do ciclo de TTAT para o corpo
de prova “A”.
96
Figura 4.1 – Curva de ciclo do TTAT com base no termostato do forno – CP “A”.
No gráfico da Figura 4.1 podemos ver que a temperatura do termostato no forno estava a
600ºC no início da região de patamar e no decorrer do tempo foi aumentando, tendo um pico
máximo de 686ºC ao final da região de patamar. Isso compromete o TTAT, pois a temperatura
ultrapassou o limite estabelecido pelas normas ASME, AWS e BS que é 595, 650 e 620ºC,
respectivamente, descritas no capítulo 2 (seção 2.7.1). A Tabela 4.1 mostra os parâmetros de
TTAT extraídos do primeiro procedimento.
97
Através da Tabela 4.1, pode-se notar que a taxa de aquecimento de 247ºC ficou próximo
da estabelecida pelas normas ASME, AWS e BS que é de 222, 220 e 220ºC, respectivamente. A
Figura 4.2 mostra a superfície do CP “A” que foi submetida ao primeiro procedimento de TTAT.
Figura 4.2 – Corpo de prova após TTAT com base no termostato – CP “A”.
98
Figura 4.3 – Curva de ciclo do TTAT com base no medidor digital – CP “B”.
99
Na Tabela 4.2, nota-se que a taxa de aquecimento foi superior a do primeiro
procedimento, porém não influência significativamente no TTAT. A taxa e tempo de
resfriamento mantiveram-se iguais aos resultados encontrados no primeiro procedimento. O
detalhe mais importante é que a temperatura de patamar foi mantida próxima de 600ºC com
desvio padrão máximo de 4,02ºC. A Figura 4.4 mostra a superfície do CP “B” que foi submetido
ao segundo procedimento de TTAT.
Figura 4.4 - Corpo de prova após TTAT com base no medidor digital – CP “B”.
De acordo com a análise do TTAT foi definido o procedimento de TTAT a ser realizado
nos corpos de prova finais. A Figura 4.5 apresenta a região de patamar para o 1º lote de CP
contendo as peças 1, 17 e 14 após TTAT. Os gráficos dos outros lotes podem ser vistos junto ao
apêndice A.
100
Figura 4.5 – Curva de TTAT com base no medidor IOPE – Lote 1.
101
4.3 – Avaliação dos Fatores que Influenciam no Experimento
A avaliação dos fatores que influenciam no experimento foi realizada conforme descrito
no capítulo 3 (seção 3.6.2). A primeira análise consiste em verificar a influência das medições de
temperatura em relação ao TOF utilizando diferentes medidores de temperatura. A segunda
análise consiste em verificar a influência das medições do TOF com relação à posição medida. A
seguir serão apresentados em mais detalhes os resultados.
O desvio padrão do TOF médio apresentado pelo pirômetro foi 4,50 ns e para o medidor
digital foi 3,62 ns, sendo assim, elimina-se a possibilidade de uso do pirômetro para medição de
temperatura.
102
Figura 4.6 – Influência da TOF média e temperatura média com relação às medições utilizando o
medidor digital.
103
Figura 4.7 – Tendência entre TOF média X Temperatura média com medidor digital.
Na Figura 4.7, a equação y apresenta uma aproximação mais precisa do fator de correção
da TOF médio com a temperatura que é 11,12 ns/ºC. O coeficiente de correlação R² é 0,980, com
isso podemos concluir que a variável de resposta pode ser explicada pelo modelo, lembrando que,
quanto mais próximo o coeficiente de correlação R² estiver do valor 1, melhores serão os
resultados.
104
de medição da TOF adotado está descrito no capítulo 3 (seção 3.6.5), porém as medições de TOF
foram realizadas quatro ocasiões ao invés de três. A Tabela 4.4 mostra os resultados juntamente
com as médias e desvio padrão encontrados para cada condição adotada para os CP.
Tabela 4.4 – TOF médio com desvio padrão entre as posições – CP “C”.
Condições
Posição
Pré-Usinagem Alívio de Tensões Usinagem
1 38,9101 38,9082 38,8045
2 38,9026 38,8998 38,7995
3 38,8961 38,9070 38,7963
4 38,8927 38,9063 38,7858
5 38,8878 38,9033 38,7877
6 38,8872 38,9052 38,7916
Média (µs) 38,8961 38,9050 38,7942
Desvio Padrão (ns) 8,9260 3,0394 7,1820
CV (%) 0,0229 0,0078 0,0185
Tabela 4.5 – TOF médio (µs) com desvio padrão entre as posições – CP “D”.
Condições
Posição
Pré-Usinagem Alívio de Tensões Usinagem
1 38,8498 38,8741 38,8254
2 38,8543 38,8802 38,8295
3 38,8595 38,8826 38,8311
4 38,8440 38,8787 38,8197
5 38,8545 38,8881 38,8182
6 38,8493 38,8968 38,8184
Média (µs) 38,8519 38,8834 38,8237
Desvio Padrão (ns) 5,3562 7,9896 5,7546
CV (%) 0,0138 0,0205 0,0148
105
Na Tabela 4.4 e 4.5 podemos verificar que o desvio padrão máximo foi 8,9260 ns com
coeficiente de variação (CV) de 0,0229%. Esse resultado parece ser razoavelmente grande
quando comparamos medições de TOF entre as diferentes posições na superfície dos CP. Isso
pode ser explicado devido a não uniformidade da textura ou não homogeneidade do material.
Outra hipótese é a existência de imperfeições internas no material introduzido pelos processos de
fabricação ou pelo tratamento térmico.
Figura 4.8 – Comparação entre TOF médio e as posições para as três medições dos vinte corpos
de prova.
106
Nota-se uma simetria entre as três medições após a correção do TOF com a temperatura
utilizando o fator de correção proposto na seção 4.3.1. As medições foram realizadas em
seqüência (1, 2 e 3) para cada CP, entretanto os dias e horários de medição para cada CP foram
diferentes. A Tabela 4.6 mostra os dados relativos ao gráfico de comparação (Figura 4.8).
Tabela 4.6 – TOF médio dos vinte corpos de prova para as três medições com desvio padrão
geral e coeficiente de variação.
Tempo de Percurso Médio (µs) Desvio Padrão CV
Posição
Medição 1 Medição 2 Medição 3 Geral (ns) (%)
1 38,84906 38,84678 38,84787 1,1422 0,029
2 38,85338 38,85347 38,85327 0,1003 0,003
3 38,83456 38,83543 38,83661 1,0307 0,027
4 38,83851 38,83971 38,84057 1,0320 0,027
5 38,84009 38,83856 38,83986 0,8260 0,021
6 38,84585 38,84370 38,84476 1,0750 0,028
Como pode ser observado o desvio padrão entre o TOF médio dos vinte CP para as três
medições realizadas em seis posições diferentes ficou muito próxima a 1 ns. O CV máximo foi de
0,029%. Isso demonstra uma boa precisão entre as três medições. A Figura 4.9 apresenta uma
comparação entre o desvio padrão do TOF médio dos vinte CP para as três medições nas seis
posições.
107
Figura 4.9 – Comparação entre os desvios padrões e as posições para a média dos vinte corpos de
prova das três medições.
Tabela 4.7 – Desvio padrão médio dos vinte corpos de prova para as três medições com média do
desvio padrão geral e coeficiente de variação.
Desvio Padrão do Tempo de Percurso (µs) Média do Desvio CV
Posição
Medição 1 Medição 2 Medição 3 Padrão (ns) (%)
1 0,00966 0,01006 0,01120 10,3088 0,077
2 0,00979 0,01124 0,01110 10,7121 0,075
3 0,00915 0,00907 0,01067 9,6299 0,093
4 0,00829 0,00874 0,01060 9,2121 0,133
5 0,01074 0,01054 0,01280 11,3612 0,110
6 0,01261 0,01229 0,01306 12,6525 0,031
108
Neste caso, a média do desvio padrão geral determinado através do desvio padrão médio
dos vinte CP para as três medições realizadas nas seis posições diferentes foi aproximadamente
10,64 ns. O CV máximo foi de 0,133%. Isso demonstra uma precisão razoável entre as três
medições, se considerarmos que o método de medição é manual e possui fatores relativos à
matéria-prima que não foram controlados neste trabalho. O desvio padrão entre as seis posições
determinado através do TOF médio dos vinte CP para as três medições pode ser visto no
apêndice D.
Uma importante observação é que as posições 1 e 2, que apresentaram valores maiores de
tempos de percurso em todas as chapas e em todas as medições, foram exatamente as que
estavam posicionadas do lado da porta do forno. Esse pode ter sido um fator importante, que
ainda carece de maior investigação. No entanto, como os resultados apresentados a seguir se
repetem para qualquer ponto, as conclusões sobre quais fatores realmente influenciam nas tensões
ainda é válida.
O cálculo da tensão foi realizado após as medições do TOF dos CP livres de tensão
residual e com tensões residuais. Para o cálculo foi necessário utilizar a equação descrita no
capítulo 2 (seção 2.5.2), sendo necessário apenas efetuar uma integração. O resultado é a equação
(4.1) descrita a seguir.
E
σ= ∆t
L11t 0 ( 4.1 )
Para o cálculo do TOF (t0) para materiais livre de tensão, foi necessário utilizar a equação
(4.2).
dt
t0 =
V11 ( 4.2 )
109
Para a determinação das tensões, foram feitas as seguintes considerações: módulo de
elasticidade (E) de 200 GPa e velocidade de propagação das ondas no aço (V11) de 5900 m/s.
Dentre as constantes elásticas dadas por Bray e Stanley (1997), a constante elástica (L11) que
melhor se adapta a essa situação é -2,38. A distância de percurso da onda (dt) é 0,1487 m, sendo
determinada através da medição do ponto de interseção da onda com a chapa metálica na sapata
de emissão até a sapata de recepção (Figura 4.10).
110
Tabela 4.8 – Tensões calculadas por posição e geral com os desvios padrões (aço ASTM A36).
Tensão Residual (MPa) CV
CP
P1 P2 P3 P4 P5 P6 MÉDIA DESVIO (%)
1 66,35 87,03 65,69 72,02 92,36 57,35 73,35 13,52 18,43
17 191,72 193,39 139,37 136,71 176,05 162,71 166,72 24,85 14,91
14 93,36 123,04 72,69 75,02 20,34 23,01 67,69 40,10 59,24
4 138,04 141,04 154,38 143,71 150,38 143,37 145,04 6,09 4,20
16 100,03 103,36 114,70 125,04 96,03 98,03 106,36 11,34 10,66
19 67,35 118,70 85,36 71,02 83,02 84,36 84,69 18,15 21,43
13 -10,67 10,00 -23,34 -23,01 -1,00 30,68 -3,00 20,88 -
12 164,38 106,36 122,04 111,37 97,36 96,03 116,37 25,45 21,87
2 51,01 41,35 26,34 28,34 30,01 46,01 37,34 10,33 27,64
18 82,02 36,68 21,34 45,35 47,35 22,01 42,35 22,34 52,75
5 98,70 66,69 109,70 113,70 110,37 88,03 97,69 17,98 18,41
3 164,38 159,38 108,03 95,69 104,36 130,04 127,04 29,35 23,10
20 67,35 96,03 64,69 48,01 59,68 78,36 69,02 16,53 23,95
10 133,71 120,70 97,69 108,36 95,03 111,70 111,03 14,48 13,04
9 139,71 125,70 107,36 126,04 124,37 121,04 124,04 10,39 8,38
6 69,35 37,34 74,69 73,69 67,02 67,35 64,69 13,88 21,46
11 -19,01 -46,01 13,67 -20,01 32,68 17,67 -3,67 29,57 -
15 130,70 110,70 86,36 99,03 116,70 110,37 108,70 15,15 13,94
8 185,72 134,37 130,70 106,70 134,71 151,04 140,71 26,33 18,71
7 202,06 176,38 145,38 159,71 193,39 197,06 179,05 22,69 12,67
No tópico a seguir serão apresentadas as análises do TOF após fresamento para uma
média das seis posições e, também para cada posição separadamente.
Esta análise tem por objetivo verificar o TOF das ondas após os CP serem submetidos ao
processo de fresamento empregando análise de variância (ANOVA). O processo de fresamento
111
dos CP está descrito no capítulo 3 (seção 3.6.6) e o procedimento de medição pode ser visto na
(seção 3.6.7). Para está análise foi selecionada somente a terceira repetição de medida, sendo
descartada a primeira e a segunda medição. Isso foi definido em virtude dos valores de TOF da
terceira medição possuir uma melhor interação do sistema de medição com o meio e,
principalmente, porque não houve diferença significativa entre os valores das três medições. Nos
tópicos a seguir são apresentados os resultados juntamente com uma breve discussão das
medições para cada posição separadamente e também para uma média geral das posições.
Nesta análise foi realizada uma média dos TOF das ondas para as seis posições medidas
na superfície dos vinte CP. A Figura 4.11 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na
tensão residual (TR) para o TOF médio.
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Figura 4.11 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média geral
das posições.
112
De acordo com as curvas da Figura 4.11, qualitativamente a tensão residual apresenta uma
tendência de aumentar com o aumento da profundidade de usinagem (ap) e do avanço por dente
(fz) até um certo ponto. Já a velocidade de corte (vc) não influência na tensão residual. A Figura
4.12 mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a média das seis posições
estimadas pelo programa Minitab.
113
Na Figura 4.12, o único parâmetro de usinagem que possui influência significativa na
resposta é o ap (2). Isso ocorre devido o valor estar abaixo do nível de significância = 0,05
adotado, sendo assim considerado como significativo na resposta. Os valores acima de 0,05 são
considerados não significativos. O vc (1) e o (fz) (3) não apresentam influência significativa na
resposta.
Na análise de variância da tensão residual, o valor P da regressão (4) mostra que os termos
do modelo apresentam efeito sobre a resposta. Já o valor de P da análise de linearidade (5)
considera o modelo como sendo linear e suficiente para representar a superfície de resposta.
Desta forma não é necessário criar um modelo de ordem maior (modelo quadrático). Sendo
assim, não será necessário também realizar uma análise das interações. O CP 13 apresentou
valores dispersos dos demais, sendo assim considerado como não usual (Obs 7). A Figura 4.13
mostra os resíduos gerados pela análise da resposta (tensão residual) para uma média geral das
posições.
!
114
Na Figura 4.13 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. Ao analisar o gráfico de Resíduos X Valores e Resíduos X
Seqüência pode-se observar que os pontos se distribuem aleatoriamente em torno do eixo zero,
sendo assim o modelo pode ser considerado satisfatório, pois não apresenta nenhuma tendência.
Na seção 4.6.2 até 4.6.7 serão apresentados os gráficos de análise para as posições 1, 2, 3,
4, 5 e 6 separadamente, sendo que a análise pode ser realizada da mesma forma que foi
apresentada nesta seção. Os gráficos de contorno e de superfície de resposta para as posições
individuais e em uma média geral podem ser vistos no apêndice C.
A Figura 4.14 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na TR para o TOF médio da
posição 1.
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Figura 4.14 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 1.
115
No gráfico da Figura 4.14, a tensão residual apresenta uma tendência de aumentar com o
aumento do ap e do fz até um certo ponto. Já o vc não influência na tensão residual. A Figura 4.15
mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a posição 1 estimada pelo
programa Minitab.
116
Na Figura 4.15, o único parâmetro de usinagem que possui influência significativa na
resposta é o ap para a posição 1. O vc e o fz não apresentam influência significativa na resposta.
!
Na Figura 4.16 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. No gráfico de Resíduos X Valores e Resíduos X Seqüência os
pontos se distribuem aleatoriamente em torno do eixo zero, sendo assim o modelo é considerado
satisfatório para a posição 1.
117
4.6.3 – Análise para TOF Médio na Posição 2
A Figura 4.17 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na TR para o TOF médio da
posição 2.
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Figura 4.17 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 2.
No gráfico da Figura 4.17, a tensão residual apresenta uma tendência de aumentar com o
aumento do ap e do fz até um certo ponto. Já o vc não influência na tensão residual. A Figura 4.18
mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a posição 2 estimada pelo
programa Minitab.
118
Figura 4.18 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 2.
119
modelo como linear e suficiente para representar a superfície de resposta. O CP 17 apresentou
valores dispersos dos demais, sendo assim considerado como não usual (Obs 2). A Figura 4.19
mostra os resíduos gerados pela análise da resposta (tensão residual) para a posição 2.
!
Na Figura 4.19 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. No gráfico de Resíduos X Valores e Resíduos X Seqüência os
pontos se distribuem aleatoriamente em torno do eixo zero, sendo assim o modelo é considerado
satisfatório para a posição 2.
A Figura 4.20 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na TR para o TOF médio da
posição 3.
120
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Figura 4.20 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 3.
No gráfico da Figura 4.20, a tensão residual apresenta uma tendência de aumentar com o
aumento do ap e do fz até um certo ponto. Já o vc não influência na tensão residual. A Figura 4.21
mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a posição 3 estimada pelo
programa Minitab.
121
Figura 4.21 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 3.
122
modelo como linear e suficiente para representar a superfície de resposta. O CP 13 apresentou
valores dispersos dos demais, sendo assim considerado como não usual (Obs 7). A Figura 4.22
mostra os resíduos gerados pela análise da resposta (tensão residual) para a posição 3.
!
Na Figura 4.22 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. No gráfico de Resíduos X Valores e Resíduos X Seqüência os
pontos se distribuem aleatoriamente em torno do eixo zero, sendo assim o modelo é considerado
satisfatório para a posição 3.
A Figura 4.23 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na TR para o TOF médio da
posição 4.
123
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Figura 4.23 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 4.
No gráfico da Figura 4.23, a tensão residual apresenta uma tendência de aumentar com o
aumento do ap e do fz até um certo ponto. Já o vc não influência na tensão residual. A Figura 4.24
mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a posição 4 estimada pelo
programa Minitab.
124
Figura 4.24 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 4.
125
modelo como linear e suficiente para representar a superfície de resposta. O CP 13 apresentou
valores dispersos dos demais, sendo assim considerado como não usual (Obs 7). A Figura 4.25
mostra os resíduos gerados pela análise da resposta (tensão residual) para a posição 4.
!
Na Figura 4.25 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. No gráfico de Resíduos X Valores e Resíduos X Seqüência os
pontos se distribuem aleatoriamente em torno do eixo zero, sendo assim o modelo é considerado
satisfatório para a posição 4.
A Figura 4.26 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na TR para o TOF médio da
posição 5.
126
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Figura 4.26 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 5.
No gráfico da Figura 4.26, a tensão residual apresenta uma tendência de aumentar com o
aumento do ap e do fz até um certo ponto. Já o vc não influência na tensão residual. A Figura 4.27
mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a posição 5 estimada pelo
programa Minitab.
127
Figura 4.27 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 5.
128
modelo como não linear e insuficiente para representar a superfície de resposta. Isso ocorreu
devido o corpo de prova (CP 14) apresentar valores excessivamente dispersos que influenciaram
nos resultados para essa posição específica. A Figura 4.28 mostra os resíduos gerados pela
análise da resposta (tensão residual) para a posição 5.
!
Na Figura 4.28 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. No gráfico de Resíduos X Valores os pontos se distribuem
aleatoriamente em torno do eixo zero, sendo assim o modelo é considerado satisfatório para
posição 5. Já o gráfico de Resíduos X Seqüência os pontos apresentam uma leve tendência a
partir da seqüência 7, com isso podemos considerar o modelo como não satisfatório para a
posição 5.
A Figura 4.29 mostra os efeitos dos parâmetros de usinagem na TR para o TOF médio da
posição 6.
129
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Figura 4.29 – Efeitos dos Parâmetros de Usinagem em relação à tensão residual – Média da
posição 6.
No gráfico da Figura 4.29, a tensão residual apresenta uma tendência de aumentar com o
aumento do ap e do fz até um certo ponto. Já o vc não influência na tensão residual. A Figura 4.30
mostra os resultados da regressão da superfície de resposta para a posição 6 estimada pelo
programa Minitab.
130
Figura 4.30 – Regressão da Superfície de Resposta – Média da posição 6.
131
modelo como linear e suficiente para representar a superfície de resposta. O CP 14 apresentou
valores dispersos dos demais, sendo assim considerado como não usual (Obs 3). A Figura 4.31
mostra os resíduos gerados pela análise da resposta (tensão residual) para a posição 6.
!
Na Figura 4.31 pode-se observar que os resíduos seguem uma distribuição normal no
gráfico de probabilidade normal. No gráfico de Resíduos X Valores e Resíduos X Seqüência os
pontos se distribuem aleatoriamente em torno do eixo zero, sendo assim o modelo é considerado
satisfatório para a posição 6.
132
Figura 4.32 – Comparação dos efeitos do vc na TR – Média geral.
Na Figura 4.32 quando comparado as seis posições como um todo, podemos notar certa
simetria entre elas, porém os resultados mostram que o vc não apresenta influência significativa
na TR. A Figura 4.33 mostra o efeito do ap na TR.
133
Figura 4.33 – Comparação dos efeitos do ap na TR – Média geral.
Na Figura 4.33, as seis posições apresentaram comportamento bastante similar entre elas,
assim como a análise anterior, porém a posição 1 apresentou uma certa dispersão entre as demais.
Em uma média geral das posições, os efeitos do ap apresentaram influência significativa na TR.
Por fim, a Figura 4.34 mostra o efeito do fz na TR.
134
Figura 4.34 – Comparação dos efeitos do fz na TR – Média geral.
Os resultados dessa seção foram extraídos da análise discutida em mais detalhes nas
seções 4.6.2 até 4.6.7.
135
Figura 4.35 – Tendência da profundidade de usinagem (ap) com a tensão residual (TR) – Média
geral.
No gráfico acima podemos visualizar uma grande dispersão dos resultados. Por outro lado
podemos notar a tendência de aumento da tensão residual com a profundidade de usinagem. O
coeficiente de correlação R² encontrado é 0,791, porém sua variável de resposta não explica
adequadamente o modelo podendo apresentar incertezas de 20,86%.
136
• Foi realizada uma melhoria no programa computacional ULTRA_TEST desenvolvido por
Andrino (2007) utilizado para leitura do TOF. Foi acrescentado leitor de posição do TOF
e feita a conversão do programa para uma versão mais atualizada da plataforma LabView,
versão 8.2.
• De acordo com estudos anteriores realizados por Bray e Stanley (1996), Santos (2007),
Fraga (2007) e Miyaura (2008) sabe-se que a temperatura influencia significativamente no
TOF. Uma das formas encontradas para reduzir essa influência é utilizar um fator de
correção, com isso pode-se corrigir os tempos de percurso relacionando com a
temperatura do meio. Para determinar o fator de correção foi necessário medir o TOF e a
temperatura simultaneamente em uma mesma posição na superfície do corpo de prova,
com isso pode-se determinar a variação do TOF com a temperatura. O fator de correção
encontrado neste trabalho corresponde a 11,12 ns/ºC.
137
• A dispersão do TOF médio dos vinte corpos de prova livre de tensões para as três
medições apresentou um desvio padrão médio de 0,8677 ns. Esse resultado em tensão
corresponde a um desvio padrão de cerca de 2,89 MPa para a medição na mesma posição
em uma média de vinte corpos de prova. Isso corresponde a 1,16% do limite de
escoamento do material que é 250 MPa.
• A média dos desvios padrões para as três medições dos vinte corpos de prova livres de
tensões apresentou uma desvio padrão médio de 10,64 ns. Esse resultado em tensão
corresponde a um desvio padrão de cerca de 35,50 MPa para a medição na mesma
posição em uma média de vinte corpos de prova. Isso corresponde a 14,20% do limite de
escoamento do material que é 250 MPa.
• Na análise de variância da tensão residual para uma média geral, o modelo apresentou-se
como linear e suficiente pra descrever a resposta, não sendo necessário o desenvolvimento
de um modelo quadrático.
138
que a variável de resposta não explica completamente o modelo, com isso teremos
incertezas no resultado.
Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que o objetivo proposto foi atingido. Isso
permite concluirmos que os parâmetros de usinagem podem ser medidos através das ondas Lcr
utilizando a acustoelasticidade para situações semelhantes à utilizada no decorrer deste trabalho.
139
Capítulo 5
Conclusões
Este trabalho analisou as tensões geradas pelo processo de usinagem por fresamento de
topo em chapas metálicas de aço ASTM A36 recozido. Essas foram determinadas através da
medição do tempo de percurso (TOF) das ondas longitudinais criticamente refratadas (Lcr). Foi
realizado um estudo da influência dos principais parâmetros de usinagem sobre as tensões
residuais (TR). Através dos resultados apresentados neste trabalho, podemos concluir que os
objetivos propostos foram atingidos.
Os experimentos foram realizados em duas fases. A primeira fase foi de medição do tempo
de percurso das ondas para os corpos de prova (CP) livre de tensões. Para tal medição ser
possível, foi necessário realizar alguns testes adicionais. A segunda fase foi medir os corpos de
prova com tensões internas introduzidas pelo processo de fresamento com diferentes parâmetros
de usinagem. As TR foram determinadas mediante a variação entre os TOF medidos na primeira
e segunda fases.
a) O fator de correção do TOF das ondas (Lcr) em relação à temperatura foi de 11,12
ns/°C. Isso para este caso, onde as medições foram realizadas em um ambiente
específico utilizando o sistema de medição proposto. Foram medidos vinte CP
produzidos em aço ASTM A36. Este fator de correção é diferente do proposto por
outros autores, como por exemplo, Bray e Stanley (1996) obtiveram um tempo de
percurso da onda de 3,4 ns/°C. Andrino, Santos e Fraga (2007) obtiveram valores
140
entre 13 e 18 ns/ºC. Vale ressaltar que todos estes casos possuem características
peculiares diferentes da proposta neste trabalho.
e) Para este caso em estudo, as condições ótimas de usinagem são baixo ap. O fz não
apresenta influencia significativa na resposta, porém quanto menor é o fz, menor é
a TR. Já o vc que também é um parâmetro não significativo na resposta,
apresentou níveis de TR menores quando o valor se aproxima de 250 m/min.
141
II A variação do TOF em posições de medição diferentes pode estar também
relacionada ao empenamento e distorções da superfície dos CP. Isso pode ter
ocorrido devido à alta temperatura durante o tratamento térmico para alívio de
tensões. A relação entre o TOF e o paralelismo da superfície não foi objeto de
estudo neste trabalho.
V A forma de fixação das amostras sobre a mesa do centro de usinagem pode ter
introduzido tensões devido ao aperto dos parafusos. Sabe-se que o aperto dos
parafusos foi controlado manualmente pelo operador, sendo realizado através do
aperto a ¼ de volta após os parafusos serem posicionados nos seus limites. Mesmo
assim, esse efeito pode ter influenciado no TOF após os CP ser submetidos ao
processo de fresamento.
• Avaliar o estado de tensão do material utilizando ondas Lcr para outras faixas de vc,
ap e fz diferentes da utilizada neste trabalho.
142
• Avaliar o estado de tensão do material utilizando ondas Lcr variando outros
parâmetros de usinagem relacionados a integridade superficial do material, tais
como uso de fluído, penetração de trabalho e taxa de remoção de material.
• Avaliar o efeito da textura do material nas medições do TOF das ondas Lcr
utilizando acustoelasticidade.
143
Capítulo 6
Referências
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151
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152
Apêndice A
Figura A.1 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 2 (CP 4,16,19).
153
Figura A.2 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 3 (CP 13,12,2).
Figura A.3 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 4 (CP 18,5,3).
154
Figura A.4 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 5 (CP 20,10,9).
Figura A.5 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 6 (CP 6,11,15).
155
Figura A.6 – Curva de TTAT com base no medidor digital – Lote 7 (CP 8,7).
156
Apêndice B
1º passo: os dois corpos de prova (CP) foram produzidos conforme as características descritas no
capítulo 3 (seção 3.2.1).
3º passo: medição do TOF em seis posições diferentes na superfície dos CP após pré-usinagem
conforme procedimento do capítulo 3 (seção 3.6.5).
4º passo: após, os CP foram submetidos ao tratamento térmico para alívio de tensões (TTAT),
conforme procedimento descrito no capítulo 3 (seção 3.6.4).
5º passo: realiza-se uma nova medição da TOF nas seis posições da superfície dos CP após alívio
de tensões conforme procedimento do capítulo 3 (seção 3.6.5).
157
6º passo: após, os CP foram submetidos a usinagem. Os parâmetros de usinagem estão descritos
no capítulo 3 (seção 3.6.6), sendo utilizado os valores máximos dos parâmetros de usinagem da
Tabela 3.5.
7º passo: novamente mede-se a TOF nas seis posições da superfície dos CP após usinagem
conforme procedimento do capítulo 3 (seção 3.6.5).
A Figura B.1 mostra os resultados da comparação entre o TOF médio e tensão residual
(TR) para as seis posições medidas no CP “C” submetido à operação de pré-usinagem e
usinagem.
Figura B.1 – Comparação do Tempo de Percurso Médio X Posições com temperatura corrigida
para 22ºC – Média Geral - CP “C”.
Na Figura B.1, o TOF médio para o CP livre de tensão e com tensão residual (TR)
introduzida pelo processo de pré-usinagem é menor em relação ao TOF médio para o CP livre de
tensão e com TR introduzida pelo processo de usinagem. Isso significa que o CP submetido à
158
operação de usinagem apresentou uma diferença mais significativa, conseqüentemente maior TR.
A Figura B.2 mostra a comparação entre a tensão TR média e as posições para o CP “C”
submetido à operação de alívio de tensões, pré-usinagem e usinagem.
Figura B.2 – Comparação das Tensões Residuais X Posições com temperatura corrigida para
22ºC – Média Geral - CP “C”.
159
Figura B.3 – Comparação do Tempo de Percurso Médio X Posições com temperatura corrigida
para 22ºC – Média Geral - CP “D”.
Na Figura B.3, o TOF médio para o CP livre de tensão e com TR introduzida pelo
processo de pré-usinagem também apresentou uma menor diferença em relação ao TOF médio
para o CP livre de tensão e com TR introduzida pelo processo de usinagem. Essa diferença foi
menos significativa do que os resultados apresentados pelo CP “C”, porém não invalida os
resultados. A Figura B.4 mostra a comparação entre a tensão TR média e as posições para o CP
“D” submetido a operação de pré-usinagem e usinagem.
160
Figura B.4 – Comparação das Tensões Residuais X Posições com temperatura corrigida para
22ºC – Média Geral - CP “D”.
161
Apêndice C
A Figura C.1 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média geral das posições.
.
.
34
2
1
1
1
1
1
0
/)+
.
162
No gráfico C.1, pode-se visualizar o aumento da tensão residual (TR) com relação a
profundidade de usinagem (ap) através da escala de cores. Lembrando que o ap foi o único
parâmetro de usinagem significativo na resposta. A velocidade de corte (vc) e avanço por dente
(fz) são parâmetros que não podem ser levados em consideração nesta análise, pois não são
significativos na resposta. A Figura C.2 mostra a superfície de resposta da tensão residual em três
dimensões para uma média geral das posições.
/)+
%&
A Figura C.3 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média da posição 1.
163
.
.
34
2
1
1
1
1
0
/)+
.
164
/)+
%&
No gráfico C.4, a TR aumenta com o aumento do ap para uma média das medições
realizadas na posição 1.
A Figura C.5 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média da posição 2.
165
.
.
34
2
1
1
1
1
0
/)+
.
166
/)+
%&
No gráfico C.6, a TR aumenta com o aumento do ap para uma média das medições
realizadas na posição 2.
A Figura C.7 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média da posição 3.
167
.
.
34
2
1
1
1
1
1
1
0
/)+
.
168
/)+
# %&
$ $
%&
No gráfico C.8, a TR aumenta com o aumento do ap para uma média das medições
realizadas na posição 3.
A Figura C.9 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média da posição 4.
169
.
.
34
2
1
1
1
1
1
1
0
/)+
.
170
/)+
%&
No gráfico C.10, a TR aumenta com o aumento do ap para uma média das medições
realizadas na posição 4.
A Figura C.11 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média da posição 5.
171
.
.
34
2
1
1
1
1
1
1
0
/)+
.
172
/)+
%&
No gráfico C.12, a TR aumenta com o aumento do ap para uma média das medições
realizadas na posição 5.
A Figura C.13 apresenta o gráfico de contorno da superfície de resposta com relação aos
efeitos dos parâmetros de usinagem para uma média da posição 6.
173
.
.
34
2
1
1
1
1
0
/)+
.
174
/)+
%&
No gráfico C.14, a TR aumenta com o aumento do ap para uma média das medições
realizadas na posição 6.
175
Apêndice D
Foi realizada a análise da dispersão do tempo de percurso (TOF) para as seis posições de
medição em uma média dos vinte corpos de prova (CP) após alívio de tensões. A Tabela D.1
mostra os resultados dessa dispersão juntamente com os desvios padrões das três medições.
Tabela D.1 – Dispersão do TOF médio em relação as posições para as três medições.
Tempo de Percurso Médio (µs)
Posição
Medição 1 Medição 2 Medição 3
1 38,84906 38,84678 38,84787
176
Apêndice E
As Figuras E.1, E.2 e E.3 mostram o conjunto “Probe” completo, peso morto e parafuso
de fixação, respectivamente, desenhados com o auxílio do software Pro-Engineer versão 4.0.
DESENHO MONTAGEM
EXPLODIDO
177
Ø 11 Escareado
(2 furos)
170 136,5
Ø 2 ½”
16,75
178
Ø 5/8”
15 M10
68
CORTE AA
100
A A
20
12
179