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Dissertação de Mestrado
JUNHO DE 2020
DANILO CESAR DE AZEVEDO MONTEIRO
Engenharia Mecânica.
DOI: http://dx.doi.org/10.22409/PGMEC.2020.m.13480627706
CDD -
Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores:
Agradeço aos meus pais, Marcio e Anete, pelo incentivo e apoio que me ofereceram desde
sempre.
Ao Dr Ítalo Tomaz e ao Mateus Campos pela realização das medições das tensões
residuais.
À Equipe do LAT pela amizade, companheirismo, apoio e todos momentos de alegria que
À minha namorada, Manoela Vieira, pela sua paciência e por me acompanhar e incentivar
na conclusão do mestrado.
natureza e magnitude dessas tensões, considerando que se estas forem trativas, serão
prejudiciais por abreviar a vida em fadiga do componente. Por esse motivo, é de grande
promovam alívio das tensões residuais. Uma delas é o método de alívio de tensão por
vibração. Esta técnica é mundialmente empregada pela indústria há mais de 30 anos, porém
não há ainda consenso sobre os parâmetros ótimos a serem empregados. Assim sendo, o
de cada método no relaxamento das tensões residuais geradas na soldagem de aço ARBL
LNE 380 pelo processo de GTAW. As tensões residuais foram medidas por difração de
raios-X pelo método sen²ψ. Os resultados mostraram uma redução média de 61% nas tensões
Palavras-Chave: Tensões residuais, aço ARBL LNE 380, soldagem GTAW, tratamento por
In the welding processes there is the generation of residual stresses that will influence the
performance of the welded structures in service. Because of it, it is important to know the
nature and magnitude of those stresses, especially the tensile stresses, which are deleterious
because they reduce componente fatigue life. For this reason, it is of great relevance for
relief. One of them is the vibration stress relief method. This technique has been used
worldwide by the industry for over 30 years, but there is no consensus on which parameters
provide the best results. Therefore, this work presents a comparative study of stress relief
efficiency of each method in relieving the residual stresses generated in HSLA steel welding
joint by the GTAW process. Residual stresses were measured by X-ray diffraction using the
sen²ψ method. The results showed an average reduction of 61% in the residual stresses
acceleration during 10 minutes of treatment in the 3rd resonance, and a maximum relief of
Keywords: Residual stresses, HSLA LNE 380 steel, GTAW process, mechanical vibration
Figura 2.1: Efeito da laminação controlada no refino dos grãos. Fonte: Gorni, 2003. .......... 5
Figura 2.4: Microestrutura de uma junta soldada de um aço baixo carbono: (a) metal de base
Figura 2.5: Equipamento básico para soldagem GTAW. Fonte: ESAB, 2014. .................. 12
Figura 2.6: Diagrama esquemático do GTAW e o arco elétrico produzido. Fonte: Ding et al.,
Figura 2.7: Parâmetros de processo para corrente contínua pulsada. Fonte: Tong, 2013. ... 18
Figura 2.8: Tensão resultante do somatório das tensões residuais (σR) e das tensões aplicadas
Figura 2.9: Visão pragmática acerca da influência das tensões residuais na: (a) propagação
Figura 2.11: Relação de tempo, tensão e microestrutura no material. Fonte: Bhadeshia, 2002,
modificado. ...................................................................................................................... 25
Figura 2.12: Distribuição de tensões residuais em uma solda de topo provocado pela
x
Figura 2.13: Analogia da barra aquecida: (a) aquecimento da barra central; (b) evolução da
tensão residual longitudinal em relação a temperatura e (c) distribuição das tensões residuais
Figura 2.15: Mudança da distribuição das tensões residuais devido ao processo metalúrgico
durante a soldagem (C) Contração, (R) Resfriamento superficial mais intenso e (T)
Figura 2.17: Análise representativa do estado plano de tensões em um ponto da junta soldada.
Figura 2.18: Sistemas de coordenadas polares. Fonte: Ahmed et al., 2018. ....................... 36
Figura 2.23: Deslocamentos produzidos para 4 modos de vibração de uma chapa de 0,01m²:
(a) f1=1,76 KHz, (b) f2=3,6 KHz, (c) f3=6,42 KHz e (d) f4=6,45 KHz. Fonte: Próprio Autor,
2020. ................................................................................................................................ 48
xi
Figura 2.24: Zona sub-ressonante. Fonte: Martins et al., 2018, modificado....................... 52
Figura 2.25: Ponto X de máxima diferença entre a energia vibracional (E) e a amplitude do
Figura 2.26: Localização dos pontos medidos e tensão residual no cordão de solda.
Figura 2.27: Perfil de tensões residual produzido para diferentes tratamentos de alívio de
Figura 2.28: Gráfico Deformação x Número de ciclos. Fonte: Rao et al., 2007, modificado.
........................................................................................................................................ 57
Figura 2.29: (a) Simulação da resposta da deformação no tempo e (b) Curva da relaxação de
Figura 2.30: Simulação da resposta de tensão x deformação durante o alívio de tensão por
Figura 2.31: Efeito simultâneo da frequência e da força de excitação no alívio das tensões
Figura 2.32: Distribuição das tensões residuais na junta soldada. Fonte: Hebel, 1998. ...... 62
Figura 2.33: Diagrama S-N traçado com base nos resultados de ensaio de fadiga axial
xii
Figura 3.3: (a) Máquina de solda Inverter AC/DC Pulse TIG/MMA; (b) Operação de
soldagem. ......................................................................................................................... 72
Figura 3.5: Locais de medição nas amostras: (a) Autógena; (b) com metal de adição. ....... 75
Figura 3.6: Esquema do instrumental envolvido no ensaio de vibração. Fonte: Inman, 2018.
........................................................................................................................................ 76
Figura 3.7: Esquema do ensaio experimental de vibração: (a) Shaker; (b) Acelerômetro do
canal 2 acoplado ao cordão de solda; (c) Acelerômetro do canal 1 acoplado a saída do shaker;
Figura 3.9: Sistema de engastamento das juntas aplicado ao 3º modo de vibração. ........... 81
Figura 3.10: Sistema de engastamento das juntas aplicado ao 1º modo de vibração. ......... 81
Figura 3.11: Curvas S-N para soldagem de topo de uma junta ARBL. Fonte: Jonsson, 2016.
........................................................................................................................................ 83
Figura 4.1: Micrografia da junta com metal de adição: (a) Metal de base (MB); (b) ZTA;
Figura 4.7: Gráfico da função de resposta em frequência nas escalas logarítmica e linear. 90
Figura 4.23: Influência dos efeitos principais na redução das tensões longitudinais. ....... 106
Figura 4.24: Efeito de interação “frequência aplicada vs. amplitude” na redução das tensões
Figura 4.25: Influência dos efeitos principais na redução das tensões transversal. ........... 108
Figura 4.28: Modelo de regressão entre redução da TR e variação da frequência natural. 111
Figura 4.31: Tensões residuais referentes a amostra 9 antes e após vibração: .................. 116
xiv
Figura 4.32: Tensões residuais referentes a amostra 10 antes e após vibração: ................ 117
Figura 4.34: Amplitude de aceleração 0,5g na entrada (canal 1) de 6g na saída (canal 2). 120
Figura 4.35: Resposta da aceleração na 1ª frequência natural obtido por MEF. ............... 120
Figura 4.36: Resposta da amplitude de tensão normal média na 1ª frequência natural. .... 121
Figura 4.37: Análise das tensões axiais à direção transversal ao cordão de solda. ........... 122
Figura 4.39: Estimativa da curva S-N da junta soldada do aço ARBL LNE 380. ............ 123
xv
Lista de Tabelas
Tabela 2.4: Principais diferenças entre o TTAT e o alívio de tensão por vibração. ............ 46
........................................................................................................................................ 67
Tabela 3.4: Composição química típica da vareta AWS ER80S-G (% em peso). .............. 72
Tabela 4.5: Teste de normalidade dos resíduos e homoscedasticidade para tensões residuais
Tabela 4.6: Teste de normalidade dos resíduos e homoscedasticidade para tensões residuais
xvi
Tabela 4.9: Variação da frequência natural vs. Variação das tensões residuais. ............... 111
...................................................................................................................................... 114
...................................................................................................................................... 114
Tabela 4.13: Tensões residuais (TR) longitudinais das amostras 9 e 10. ......................... 115
Tabela 4.14: Tensões residuais (TR) transversais das amostras 9 e 10. ........................... 115
Tabela 4.15: Propriedades mecânicas utilizadas como dados de entrada para a MEF. ..... 119
xvii
Lista de Símbolos
H Aporte térmico
I Corrente
J Momento de inércia
𝑑 Distância interplanar
E Módulo de elasticidade
𝑓𝑛 Frequência natural
k Rigidez
𝐿 Comprimento livre
m Massa
V Tensão
γ Deformação angular
𝜀 Deformação
𝜆 Comprimento de onda
xviii
𝜇 Poisson
𝜐 Velocidade de Progressão
ρ Densidade
𝜎 Tensão
𝜎𝑎 Tensão dinâmica
𝜎𝐴 Amplitude de tensão
𝜎𝑚 Tensão média
𝜎𝑟 Tensão residual
𝜑 Ângulo polar
𝜓 Ângulo azimutal
xix
Capítulo 1
Introdução
residual presente nas juntas não pode ser ignorada. Dependendo da natureza e magnitude
destas tensões, elas podem modificar as características mecânicas dos materiais expostos a
cargas dinâmicas, pois contribuem para o surgimento de trincas, reduzindo a sua vida em
estabelecido que as tensões residuais trativas provocam efeito deletério aos materiais, por
sob tensão. Já as tensões residuais compressivas aumentam a vida em fadiga da peça. Dessa
forma, o setor industrial busca técnicas capazes de minimizar a magnitude das tensões
1
residuais trativas, ou até mesmo introduzir campos de tensões compressivas, nas peças
fabricadas (VAARA et al. 2020; ROSSINI et al., 2012; HEINZE et al., 2011).
dessa dificuldade, novas técnicas para alívio de tensão surgiram como alternativa aos
métodos existentes. Desenvolvida durante a segunda guerra mundial, o alívio de tensões por
vibração é uma destas técnicas, que diferentemente dos tratamentos térmicos, tem baixo
custo, menor tempo de aplicação e não há riscos de ocorrer distorções e oxidações nas peças
experimental do alívio de tensões por vibração mecânica, em juntas soldadas pelo processo
GTAW do aço de ARBL LNE 380 muito utilizado em aplicações na indústria automotiva.
de avaliar a efetividade de cada tratamento. A correlação entre a redução das tensões residuais
do alívio de tensão. Para evitar algum dano de fadiga durante o ensaio, o tempo de interrupção
do alívio por vibração das amostras submetidas à 1ª ressonância foi estimado de acordo com
a análise numérica de fadiga. As tensões residuais foram analisadas por difração de raios-X,
2
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica
novos produtos. Os aços de Alta Resistência Baixa Liga (ABRL) foram desenvolvidos neste
contexto para atender a essa demanda (BRANCO et al., 2018; GARCIA, 2017; KRAUSS,
2015).
Os aços ARBL (ou HSLA - High Strengh Low Alloy) foram projetados para fornecer
3
carbono convencionais. Eles são desenvolvidos em categorias com a finalidade de atender a
propriedades mecânicas específicas. Por essa razão a composição química de uma mesma
categoria de aço ARBL pode variar para diferentes espessuras de produto para atender aos
requisitos de propriedades mecânicas. Os aços ARBL possuem baixo teor de carbono (0,05
de até 2,0%. Propriedades mecânicas aprimoradas são obtidas pela adição de pequenas
De acordo com a norma ASM International (2001), os aços ARBL podem ser
• Aços laminados perlíticos, que podem incluir aços carbono-manganês, mas que
também podem ter pequenas adições de outros elementos de liga para aumentar a
• Aços de ferrita acicular (bainita de baixa carbono), que são aços com baixo teor de
4
2.1.1 Fabricação dos aços ARBL
usados para aços com baixo teor de carbono. O intervalo entre as temperaturas Ar3 e a
aumentam esta temperatura TNR e são amplamente utilizados para produzir aços ARBL de
Figura 2.1: Efeito da laminação controlada no refino dos grãos. Fonte: Gorni, 2003.
com Krauss (2015): os primeiros passes de laminação são realizados quando os nitretos,
5
intervalo de panquecamento da austenita localizado entre as temperaturas T NR e Ar3 é
formará grãos encruados repletos de defeitos cristalinos. Estes defeitos possibilitam a intensa
formação de perlita e ferrita na austenita encruada, que é a responsável pela obtenção dos
grãos refinados. Abaixo de Ar3 o resfriamento é realizado com cortina d'água após o último
passe de laminação, contribuindo para uma alta taxa de nucleação da ferrita na austenita.
6
Quando desejado, o resfriamento acelerado faz com que a transformação da austenita
para a ferrita ocorra sob uma condição super-resfriada a uma temperatura superior à
A indústria automotiva está em constante busca por materiais mais leves, com
das emissões de CO2, além de promover uma melhor relação peso/potência. A partir destas
uma das classes de aços ARBL mais simples, produzidas a partir de ligas com baixos teores
carbono, estas ligas são endurecíveis por precipitação, conferindo a elas maior resistência
7
• Baixo teor de liga para melhor soldabilidade.
A Figura 2.3 mostra a aplicabilidade tanto dos aços HSLA (ou ARBL) e AHSS (Aços
integridade dos passageiros em caso de colisão é uma das prioridades. A energia produzida
pelo impacto deve ser dissipada em menos de 100 ms antes de atingir os ocupantes. Com
base em sua alta capacidade de absorção de energia e resistência à fadiga, os aços ARBL
laminados são especialmente adequados para peças estruturais com a função de proporcionar
8
2.1.3 Aço LNE 380
O aço ARBL LNE 380 é um aço estrutural laminado a quente com frequente
regulado pela norma NBR ABNT 6656:2016 relacionada a “Bobinas e Chapas Laminadas a
Conformidade e Soldabilidade”.
veiculares onde processos de dobramentos e soldagem são necessários. Este aço tem
de aço estão expostas na Tabela 2.1, que estabelece uma equivalência entre diversas normas
reguladoras.
Tabela 2.1: Tabela de Equivalência para Aços ARBL. Fonte: ARMCO (2019).
9
De acordo com a norma NBR ABNT 6656:2016, a codificação do grau atingido
pela chapa ou bobina esta relacionado ao limite de escoamento mínimo especificado, como
Esses aços de baixa liga são acalmados, ou seja, é aplicada uma desoxidação capaz
do ciclo térmico que o aço LNE 380 for exposto, é possível a obtenção de diferentes
O estudo realizado por Boumerzoug el al. (2010) analisou os efeitos que a soldagem
(Figura 2.4).
10
Figura 2.4: Microestrutura de uma junta soldada de um aço baixo carbono: (a) metal de
de liga durante a solidificação. Esse fenômeno se justifica neste estudo devido a concentração
relativamente alta de Mn (0,4 a 0,5%) nessas áreas. A Figura 2.4b mostra a microestrutura
da ZTA (Zona Termicamente Afetada). Ela contém ferrita Widmanstatten e algumas zonas
perlíticas. Essa região contém tamanho de grãos maiores em relação ao metal de base, e foi
11
2.2 PROCESSO DE SOLDAGEM GTAW (TIG)
O processo de soldagem GTAW (Gas Tungsten Arc Welding) ou TIG (Tungten Inert
Gas) é um dos processos a arco elétrico com vasta aplicabilidade na indústria por apresentar
grande versatilidade (Figura 2.5). É utilizado para soldar tubulações, chapas e peças fundidas
de quase todos os metais (ferrosos ou não ferrosos) de espessuras entre 0,2 a 8 mm, além de
produzir juntas com excelentes propriedades mecânicas e qualidade. Este processo pode ser
um eletrodo não consumível e o material a ser soldado. A solda é protegida da atmosfera por
um gás inerte que forma uma cortina em torno da poça de fusão e seu entorno
Figura 2.5: Equipamento básico para soldagem GTAW. Fonte: ESAB, 2014.
formação do arco elétrico. Por apresentar efeito termoiônico, possui capacidade de emitir
eletrodos de tungstênio mais comuns são caracterizados, com base em sua composição
12
química, em 3 tipos: Puro, Toriado (maior durabilidade para aços e ideal para corrente
alternada).
forma de arames e varetas), sendo a variante sem material de adição denominada GTAW
que determina a afinidade com o metal de base, as propriedades mecânicas e, por fim, o custo
do consumível. Em via de regra, a soldagem TIG autógena de passe único é usada para soldar
Uma alternativa é a realização do back-up, que é a proteção do lado contrário da solda contra
do cordão de solda é influenciada pela vazão deste gás. A vazão muito baixa não confere a
proteção exigida, forma porosidade e oxidação do cordão de solda. Vazão muito elevada
13
pode provocar turbulência no fluxo de gás, encarecendo o custo do processo e redundará em
Os gases inertes de proteção usados na soldagem são argônio, hélio ou a mistura dos
argônio é o gás mais utilizado no processo GTAW. Classificado pela AWS A5.32, esse gás
possui pureza mínima de 99,997% e umidade máxima de 10,5 ppm e suas principais
características são:
• Por ser mais pesado que o hélio possui maior resistência a ventos cruzados e é ideal
O hélio, apesar de ser mais caro, possui algumas vantagens em relação ao argônio
puro. Classificado pela AWS A5.32, possui pureza mínima de 99,997% e umidade máxima
• Alto custo;
• O fluxo do hélio deve ser de 2 a 3 vezes maior que a do argônio para evitar a subida
14
• O hélio requer altas tensões de soldagem, o que demanda maior quantidade de calor
ARBL DMR 249A, usado em aplicações navais, soldado pelo processo GTAW. A junta
soldada obteve maior fração volumétrica de ferrita no processo que utilizou o argônio como
grão do que as amostras que utilizaram o hélio para proteger a poça de fusão. Este estudo
também constatou que as juntas que adotaram o hélio como gás de proteção são preferíveis
pelo fenômeno do arco elétrico, mostrado na Figura 2.6, que atua como uma fonte de calor
com características de concentração adequada de energia para a fusão dos materiais de base
e de adição, quando usado. Para abrir o arco elétrico, cria-se uma atmosfera gasosa com
15
intensa movimentação de elétrons e de íons formada pelo afastamento dos dois pólos
Para uma dada corrente de soldagem e gás de proteção, a tensão do arco aumenta com o
aumento do stick-out. Normalmente, quanto maior o comprimento de arco, mais raso e largo
é o cordão de solda
16
• Corrente Contínua Polaridade Direta (CC-)
corrente é conduzida parcialmente por íons e principalmente por elétrons emitidos a partir do
de tungstênio é maior comparado a CC- devido a elevada temperatura, podendo levar até a
70% no eletrodo. O cordão de solda obtido é raso e superficial (MARQUES et al., 2017).
• Corrente Alternada
Ação combinada das soldagens de polaridade direta e inversa. Une a limpeza catódica
peça para o eletrodo e vice-versa, gerando uma distribuição de calor igual para ambos
(CIRINO et al., 2009). O cordão de solda obtido apresentará profundidade intermediária aos
17
• Corrente Contínua Pulsada
Como ilustrado na Figura 2.7, é definida pela variação cíclica da corrente do arco
entre níveis altos (peak) e baixos (background), possibilitando o controle do tempo do pulso
alto (t p ), tempo do pulso baixo (t b ), valor de corrente máximo (Ip ), e mínimo (Ib )
(CUNHA, 2013).
Figura 2.7: Parâmetros de processo para corrente contínua pulsada. Fonte: Tong, 2013.
Nos intervalos de alta corrente, um nível elevado de energia é regulado para promover
a formação da poça de fusão. Por conseguinte, nos intervalos de baixa corrente, um nível
baixo de energia é mantido para garantir que não ocorra a extinção do arco, promovendo o
resfriamento da poça de fusão. Isto possibilita que a energia produzida pelo arco elétrico seja
resultam em uma série de pontos de solda sobrepostos, sendo que a sobreposição entre esses
(CUNHA, 2013).
18
Dentre as vantagens do uso da CC pulsada é possível ressaltar: baixo aporte térmico,
menor da largura da ZTA, refinamento de grão na zona fundida, tensões residuais e distorções
necessário determinar o aporte térmico. Esta energia quantifica o aporte de calor transferido
solda. O valor de aporte térmico para um determinado processo depende do material de base,
esforços externos e gradientes térmicos. Essas tensões são produzidas quando as regiões de
Em juntas soldadas, as tensões residuais são aquelas que permanecem após a finalização da
COULES, 2013).
19
Vaara et al. (2020) define que tensões residuais são geradas após o processo de
ser suficientemente elevadas para causar escoamento local e deformação plástica, ambos em
corrosão sob tensão e reduzir a vida em fadiga, como também influencia no projeto da peça
(HEINZE et al., 2011). Estas áreas serão as primeiras a sofrer deformação plástica, que
ocorre com tensão nominal aplicada inferior ao limite de escoamento do material. Por outro
tensão resultante (Figura 2.8). Por esse motivo tem efeito benéfico, pois aumenta a resistência
20
Figura 2.8: Tensão resultante do somatório das tensões residuais (σR) e das tensões
Para uma boa compreensão ilustrativa a respeito dos efeitos das tensões residuais, a
Figura 2.9 fornece uma visão pragmática acerca do assunto. Nesta imagem são mostradas a
propagação (TR trativa) e inibição (TR compressiva) da abertura de uma trinca, assim como
cristalino, formando uma barreira para a propagação das tais trincas (KOU, 2020).
trativas, estas contribuiriam para uma altura de penetração maior em relação ao mesmo
menor.
21
Figura 2.9: Visão pragmática acerca da influência das tensões residuais na: (a) propagação
Segundo Wan et al. (2019) as tensões residuais são classificadas em três tipos
conforme a extensão característica, que é o comprimento sobre o qual elas se auto equilibram:
• Tipo I: são tensões macroscópicas que se desenvolvem nos limites do material como
desenvolvem nos limites dos contornos de um grão. Elas estão presentes em materiais
diferentes fases.
22
• Tipo III: são tensões microscópicas na escala atômica e representam as tensões
de empilhamento.
A Figura 2.10 mostra a superposição das tensões residuais do tipo I, II e III que
projetos mecânicos e estruturais. As tensões residuais do tipo II e tipo III não podem ser
microestrutural.
23
2.3.1 Origens das tensões residuais
As origens das tensões residuais são diversas e representam uma relação entre tempo,
temperatura, tensão e microestrutura (Figura 2.11). Podem ser divididas em três categorias
principais, conforme apresentado abaixo (SOUL et al., 2012; KANDIL et al., 2001):
24
Figura 2.11: Relação de tempo, tensão e microestrutura no material.
as tensões residuais.
Tabela 2.3: Processos que originam as tensões residuais. Fonte: Schajer, 2013.
Causas Processos
Compreende todos os processos de
carregamento elastoplástico (ensaios de
Deformação plástica local
tração, compressão, flexão e torção), todos
os processos de conformação e usinagem.
Soldagem, brasagem, processos de
Transferência de calor
tratamento térmico e manufatura aditiva.
Expansão térmica de diferentes fases + Recobrimento metálico, têmpera e
Transferência de calor endurecimento por precipitação.
Revestimento, galvanização, recobrimento
Gradiente de composição química +
metálico, tratamento de superfície
Transferência de calor
(cementação, nitretação) e deposição.
25
2.3.2 Fonte das tensões residuais e deformações em juntas soldadas
fase no material. Essas mudanças geram diferentes padrões de tensões residuais para a região
de solda e na zona termicamente afetada (ZTA). Cada mecanismo de geração de tensão tem
ROSSINI et al., 2012). As tensões residuais resultantes em juntas soldadas são decorrentes
da superposição das 3 fontes de tensões residuais em soldagem que serão destacadas a seguir.
• Tensão residual devido à contração do cordão de solda: o metal de solda (MS) sujeito
máximo inicial. No resfriamento, o MS tende a contrair mais do que as outras áreas para
impedida pelas regiões frias adjacentes (metal de base). Dessa maneira, o metal de solda fica
sujeito a tensões trativas na direção longitudinal (Figura 2.12), pois à medida que a
temperatura decai, serão necessárias maiores tensões de contração para escoar o material
26
Figura 2.12: Distribuição de tensões residuais em uma solda de topo provocado pela
cordão. No entanto, na direção longitudinal, a contração é impedida pelo material frio nos
de solda em contração são maiores, o que significa que elevadas tensões residuais trativas
podem surgir tanto na direção longitudinal, bem como na transversal (COULES, 2013).
A Figura 2.13 mostra a analogia da barra aquecida para elucidar melhor o efeito de
contração durante a soldagem. As três barras de metal, engastadas a dois blocos rígidos, se
27
encontram inicialmente à temperatura ambiente. A barra do meio é aquecida, porém sua
interrompido e a barra do meio é resfriada, sua contração térmica é restringida pelas barras
laterais. Assim sendo, as tensões compressivas nesta barra diminuem rapidamente, mudam
para tensões trativas e aumentam com a decaimento da temperatura até que o escoamento
seja atingido novamente. Portanto, uma tensão residual trativa na ordem do limite de
resfriamento (Figura 2.13b). As tensões residuais nas barras laterais são compressivas e de
magnitude proporcional a metade da tensão trativa resultante na barra do meio (Figura 2.13c)
(KOU, 2020).
Figura 2.13: Analogia da barra aquecida: (a) aquecimento da barra central; (b) evolução da
28
A Figura 2.14 apresenta a mudança de temperatura e as tensões residuais
solda. Na seção AA’, não há variações de temperatura e o estado de tensão residual não é
alterado. Na seção BB’, o material aquecido tende a se expandir sendo restringido pelas
regiões mais frias, gerando assim tensões de compressão em regiões próximas à zona de
fusão e tensões de tração nas regiões mais afastadas. Na seção CC’, há uma diminuição da
temperatura no cordão. Este tende a se contrair, mas é impedido pelas regiões adjacentes,
gerando assim tensões trativas no cordão e compressivas nas regiões mais afastadas.
característica de tensão residual, com tensões trativas elevadas na região da junta, que são
KOU, 2020).
29
• Tensão residual devido ao resfriamento mais rápido na superfície: a camada mais
superficial do metal de solda se resfria mais rápido do que o interior, pois está exposta
ao ambiente. O resfriamento não homogêneo faz surgir tensões térmicas que levam a
na superfície. Quanto maior a espessura da chapa soldada, maior será este efeito em
Quanto maior a taxa de resfriamento, maior será este efeito (KOU, 2020).
cordão de solda, pelo material mais frio que não sofreu transformação de fase. A área
cordão de solda. A magnitude desta fonte de tensão residual aumenta com a redução
Isto posto, a Figura 2.15 elucida a forma como as tensões residuais serão distribuídas
na superfície da solda, sendo influenciada pela sobreposição das três fontes de TR citadas
acima.
30
Figura 2.15: Mudança da distribuição das tensões residuais devido ao processo metalúrgico
durante a soldagem (C) Contração, (R) Resfriamento superficial mais intenso e (T)
O estado final de tensão residual na junta soldada será dado pela superposição das
tensões oriendas das três fontes que, somadas às tensões aplicadas em serviço, pode
fundamental importância que a tensão residual na soldagem esteja incluída nas análises de
31
2.3.3 Tensometria por difração de raios-X
tensões residuais. Dentre elas, a difração de raios-X se destaca das outras devido à alta
resolução espacial e sua capacidade de medir tensões residuais na grande maioria dos
Esta técnica de tensometria é utilizada para medir a tensão residual usando a distância
entre planos cristalográficos (espaçamento d) como parâmetro de referência, pois sempre que
nλ = 2dsenθ (2.1)
construtiva.
ângulo θ (Figura 2.16). Este ângulo gera uma interferência construtiva entre os raios
refletidos (as fases dos feixes se coincidem), onde a diferença dos caminhos ópticos (2dsenθ)
32
Considerando λ constante, a alteração da distância interplanar pela aplicação de uma
▪ Tensão:
𝜎=
∆𝐹 ()
∆𝐴
▪ Deformação:
∆𝑙 ()
𝜀=
𝑙
σ ()
𝜀=
E
33
O estado plano de tensões é definido pelas componentes de deformação 𝜀𝑥 , 𝜀𝑦 , 𝛾𝑥𝑦 e
relacionam através da lei de Hooke para o estado plano de tensões (SHARMA et al., 2016).
𝜀11 𝛾12
𝜀𝑖𝑗 = [𝛾 𝜀22 ] (2.5)
21
𝐸 𝜇𝐸
𝜎𝑖𝑖 = 𝜀𝑖𝑖 + ∆ (2.6)
1+𝜇 [(1 + 𝜇)(1 − 2𝜇)]
𝐸
𝜎𝑖𝑗 = 𝜀 (2.7)
1 + 𝜇 𝑖𝑗
2
𝑑𝑉
∆= = ∑ 𝜀𝑖𝑖 (2.8)
𝑉
𝑖=1
𝜎𝑖𝑗 , indicado na Equação 2.9. A Figura 2.17 ilustra a representação do estado plano de tensão
34
Figura 2.17: Análise representativa do estado plano de tensões em um ponto da junta
na abertura e/ou propagação de trinca, seria indispensável a obtenção das três componentes
∆𝑑 ()
= −𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃. ∆𝜃 = 𝜀
𝑑
Para efeitos de adequação ao estado real de tensões são usadas coordenadas polares
(Figura 2.18). Portanto, a deformação em termos de difração pode ser expressa por:
35
(𝑑𝜑,𝛹 − 𝑑0 ) ()
𝜀𝜑,𝛹 = = −𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃0 . (𝜃𝜑,𝛹 − 𝜃0 )
𝑑0
Combinando a lei de Bragg com a lei de Hooke para estado triaxial de tensões:
𝜀𝜑,𝛹 = (
1+𝑣
) (𝜎1 𝑐𝑜𝑠 2 𝜑 + σ2 sen2 φ). sen²Ψ − 𝑣.
(𝜎1 + 𝜎2 + 𝜎3 ) ()
𝐸 𝐸
difração será:
1+𝑣 ()
𝜀𝜑,𝛹2 − 𝜀𝜑,𝛹1 = ( ) 𝜎𝜑 (𝑠𝑒𝑛2 𝛹2 − 𝑠𝑒𝑛2 𝛹1 )
𝐸
Das equações 2.13 e 2.14 é obtido a fórmula final para componentes de tensão 𝜎𝜑 :
36
𝐸 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃0 (𝜃𝜑,𝛹2 − 𝜃𝜑,𝛹1 ) ()
𝜎𝜑 =
(1 + 𝑣) (𝑠𝑒𝑛2 𝛹2 − 𝑠𝑒𝑛 2 𝛹1 )
difração em relação ao feixe emitido em cada uma das duas direções. O ângulo 𝜃 é medido
para vários ângulos . Como resultado se obtém na Figura 2.19 a relação entre o ângulo 2𝜃
𝜃, − 𝜃,
e o sen2 . Neste método o termo 2 1
presente na Eq. 2.15 é substituído pela
(sen2 2 − sen2 1 )
𝐸
𝜎 = ( ) 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃0 𝛼 (2.16)
1+ 𝜐
2𝜃 vs. sen2 .
tensão na direção desejada. Embasado nas relações deduzidas acima, a técnica sen² é
37
Como mostrado na representação gráfica da Figura 2.19, o coeficiente angular α
conhecido como tratamento térmico de alívio de tensão (TTAT) mostrado na Figura 2.20. O
alívio das tensões é obtido através do aquecimento uniforme do componente (TA – taxa de
38
As temperaturas utilizadas no tratamento para ligas de aços ferríticos de baixa liga
estão entre 600 a 680ºC, e 900 a 1060ºC para aços alta liga. A duração do tratamento pode
redução substancial no limite de escoamento que são superadas pelas tensões térmicas
atmosfera controlada.
39
2.5 MANUFATURA SUSTENTÁVEL
este método é considerado pouco sustentável do ponto de vista econômico. Em poucas horas
como combustível para uso nos fornos de aquecimento em substituição aos combustíveis
fósseis, anteriormente empregados. Sendo o gás natural uma fonte de energia segura e
econômica, sua queima também emite poluentes, mesmo que em baixa quantidade, quando
comparado ao óleo. Com relação à atmosfera controlada por proteção gasosa, diferentes
opções são usadas para inibir a oxidação das peças tratadas termicamente. Algumas indústrias
ainda utilizam atmosferas controladas que emitem compostos nocivos ao meio ambiente,
como dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio, que pode ser agravado pela queima
esse alto consumo de energia e reduzir a emissão de poluentes. Existem outros processos de
alívio de tensões que representam novos métodos para promover maior sustentabilidade,
indústria metalmecânica:
40
• Alívio de tensão por magnetismo – Método de rara aplicação na indústria. É
41
Os resultados obtidos por Richards et al. (2008) apontam que altos níveis de
reverter o estado de tensão, de modo que tensões residuais longitudinais compressivas são
Outro tratamento mecânico que pode ser utilizado como alternativa para reduzir as
tensões residuais após os processos de fabricação é o alívio de tensão por vibração que será
detalhado a seguir.
42
2.6 ALÍVIO DE TENSÃO POR VIBRAÇÃO
O alívio de tensões por vibração (ou VSR – Vibration Stress Relief) é um método
eficiente, apesar de não ser utilizado de forma unânime na indústria metalmecânica. Segundo
Hassan (2014), este método de alívio, além de degradar menos o meio ambiente, possui uma
de tempo e consumo de energia exigido no processo. Isto gera uma relação custo/benefício
aliviado, para aplicar vibrações mecânicas de amplitude e frequência específica por intervalo
principais vertentes teóricas que elucidam o mecanismo fundamental deste método de alívio
(KUANG, 2002).
tensões residuais do Tipo III. Ela atribui o alívio de tensão às mudanças microscópicas do
a esse excesso de defeitos cristalinos. Um cristal hipotético livre de discordâncias estaria livre
de átomos instáveis para uma nova posição de equilíbrio. Por conseguinte, essa vibração
mais equilibrada e estável seja obtida após esta redistribuição (KUO et al., 2007;
HE et al., 2006).
(KUANG, 2002).
tensões residuais do Tipo I. Ela propõe que tensões vibratórias causam microdeformações
plásticas que aliviam a tensão residual, muito parecido com o mecanismo do TTAT. Durante
a aplicação da vibração, quando a soma entre a tensão cíclica (dinâmica) e tensão residual
localizadas, a tensão residual após a remoção dos esforços cíclicos externos será menor do
44
Deste modo, se um componente apresentar elevados níveis de tensões residuais, com
suficientes para promover o alívio. Entretanto, se as tensões forem bem abaixo do limite de
escoamento, amplitudes relativamente altas de tensões cíclicas deverão ser exigidas. Caso
contrário, as tensões combinadas não seriam suficientes para provocar uma microdeformação
plástica localizada, e o alívio de tensão não teria o resultado esperado (RAO et al., 2007;
Esta técnica foi desenvolvida para suprimir alguns inconvenientes produzidos pelo
Na Tabela 2.3 estão listadas as principais diferenças entre os TTAT e de alívio por
45
Tabela 2.4: Principais diferenças entre o TTAT e o alívio de tensão por vibração.
padrão em muitas indústrias em vários países, porém é fundamental verificar sua eficácia
para todos os materiais presentes no mercado. Assim sendo, é importante promover pesquisas
eficiência no alívio das tensões residuais trativas. Se a vibração aplicada na junta soldada não
for a desejada, a tensão residual na soldagem não será relaxada. Também não há na
comunidade científica consenso sobre quais parâmetros de vibração devem ser empregados
para produzir um relaxamento das tensões sem que a vida em fadiga do componente seja
46
2.6.4 Variações nos parâmetros de vibração
seja tão efetivo quanto o tratamento térmico de alívio de tensão. De acordo com
Rao et al. (2007), o alívio de tensões residuais por cargas dinâmicas é afetado principalmente
por:
exposto, duas principais teorias foram estabelecidas ao longo do tempo. A primeira teoria,
proposta por Gnirss et al. (1990), relata que o uso de frequências ressonantes fornece
resultados mais eficazes. A segunda teoria, propostas por Hebel (2004) e Skinner (1987),
47
• Método de Alívio de Tensão por Vibração Ressonante (R-VSR)
Emprega vibração da peça em sua frequência natural. Para que o alívio de tensão seja
mais uniformemente distribuído pelo material sob tratamento, é desejado o maior número
carregamentos acionarão diferentes áreas (SHAIKH, 2016). Porém, essas áreas devem
exemplo da Figura 2.23 mostra uma chapa de aço carbono estrutural de dimensões 100 x 100
x 1 mm com diferentes formas de vibração. Como pode ser observado, para maiores
frequências naturais, mais complexo será o modo de vibração e mais distribuído é o alívio.
Figura 2.23: Deslocamentos produzidos para 4 modos de vibração de uma chapa de 0,01m²:
(a) f1=1,76 KHz, (b) f2=3,6 KHz, (c) f3=6,42 KHz e (d) f4=6,45 KHz. Fonte: Próprio Autor, 2020.
48
Muitos estudos alegam que a vibração ressonante é o melhor parâmetro por
tensão.
afastadas das curvas de ressonância). Neste parâmetro, o relaxamento das tensões depende
vibração ressonante e não ressonante é que o primeiro tem o efeito de amplificação a seu
favor. Esse é o motivo pelo qual o método ressonante é utilizado em grandes estruturas para
Uso de vibrações randômicas, que possuem densidade espectral que abranja um certo
O método sub-ressonante pode ser usado durante a soldagem para reduzir as distorções e o
energia é traduzida pelo deslocamento das frequências naturais da estrutura (SHAIKH, 2016;
CLAXTON, 1998). Este método será explicado com mais detalhe no próximo subcápitulo.
49
2.6.5 Alívio de tensão por vibração sub-ressonante
onde se fiz uma analogia entre a histerese mecânica (vibração) com a histerese
repentino, e continuarão a vibrar nessa frequência até que a energia seja dissipada pelo atrito
equilíbrio termodinâmico que promoverá o alívio das tensões. Essa conversão de energia
tratamento térmico de alívio de tensão em uma rede cristalina. Dessa maneira, a energia da
50
A frequência sub-ressonante é o parâmetro-chave que induz a restauração de uma
rede cristalina deformada, fornecendo máxima energia vibracional que é absorvida pelo
quando vibrado em uma frequência específica, isso indica uma movimentação mais intensa
na rede cristalina nessa frequência do que em outras. Isto significa que a quantidade de
energia vibracional que pode ser armazenada e dissipada aumenta com a elevada
movimentação da rede. Portanto, esse parâmetro pode ser utilizado para atingir maior alívio
da ressonância).
em uma nova posição permanentemente, o alívio é efetuado. A partir deste ponto, não será
De acordo com o estudo da Lockheed Missiles and Aerospace de 1987, a teoria por
51
Figura 2.24: Zona sub-ressonante. Fonte: Martins et al., 2018, modificado.
quando o componente excitado não pode mais dissipar energia do indutor de força e responde
e a amplitude de vibração (Figura 2.25) e, dessa forma, converte essa energia em calor
52
Como é possível observar na Figura 2.25, a curva E denota o crescimento linear da
Figura 2.25: Ponto X de máxima diferença entre a energia vibracional (E) e a amplitude do
de movimento causado pela dissipação da enegia transmitida pelo indutor de força. Então, a
uma certa frequência, a energia supera a resistência e a amplitude se eleva abruptamente para
53
Os componentes metálicos que apresentam altos níveis de tensões internas possuem
na direção da frequência mais baixa até a sua estabilização, quando não há a possibilidade de
reduzir ainda mais as tensões residuais. Esse deslocamento do pico se deve a redução do
módulo de elasticidade do material durante o tratamento. É dessa forma que o VSR altera o
posicionamento das curvas harmônicas. Uma peça com elevados níveis de tensões residuais
bom método qualitativo para a comprovação de que houve, ou não, êxito no tratamento do
alívio de tensões. Em termos práticos, essa técnica tem grande aplicação na montagem
possível estabilização do pico de ressonância, pode ser classificado como um método auxiliar
determinar o melhor método apenas lendo sobre eles, pois os dois métodos são defendidos
pelos seus autores e ambos afirmam que o seu método é o mais vantajoso. Muitos trabalhos
foram realizados, mas os resultados ainda não são consistentes. A melhor forma de
54
2.6.6 Comprovação da eficácia do alívio de tensão por vibração
Aoki et al. (2007) analisaram duas chapas de aço laminado unidas por soldagem a
topo. Um método de alívio empregando vibração harmônica durante a soldagem foi proposto.
frequência natural da peça (34 Hz), foi a que obteve resultados mais pronunciados, cuja
tensões residuais tanto trativas como compressivas foram aliviadas para próximo de zero,
Figura 2.26: Localização dos pontos medidos e tensão residual no cordão de solda.
com tratamento térmico de alívio de tensão (TTAT), com alívio de tensão durante e após a
observar que o alívio de tensão por vibração durante a soldagem foi de 60% e após a
55
Figura 2.27: Perfil de tensões residual produzido para diferentes tratamentos de alívio de
A razão física que permite explicar uma maior redução da tensão residual durante o
aquecido, possui um baixo limite de escoamento (AOKI et al., 2007). Por esse motivo, esse
Muitos autores afirmam que o alívio de tensão por vibração após a soldagem não
e na dureza superficial. Sun e Wang (2004) analisaram uma barra de aço laminado a quente
levemente alterado.
56
Para avaliar quantitativamente o alívio de tensão, além dos processos de medições
convencionais, Kwofie (2012) e Rao et al. (2007) deduziram um método de avaliação para
quantificar a redução de tensão residual produzido pelas cargas vibratórias. Rao et al. (2007)
deformação em função dos ciclos de tempo (Figura 2.28). Observou que as maiores
deformações médias (alívio de tensão) ocorriam logo nos primeiros ciclos, decrescia com o
passar dos ciclos, e zerava ao chegar a um número específico de ciclos. Isso se deve ao
(residual) sob a qual se aplica um carregamento de tensão cíclica. Assim sendo, a partir de
Figura 2.28: Gráfico Deformação x Número de ciclos. Fonte: Rao et al., 2007, modificado.
57
Na Figura 2.29, as linhas pontilhadas representam um ciclo de deformação em um
alívio das tensões. Embasado neste ensaio de carregamento cíclico, foi possível obter uma
curva e, a partir dela, foi gerada por extrapolação uma relação entre o alívio de tensão em
Kwofie (2012) propôs um modelo de redução das tensões residuais baseado nas
deformação média cíclica (fluência cíclica) com o tempo foi obtida (Figura 2.30a).
Kwofie (2012) revela, através da linha vermelha, que a indução de deformação remanescente
aumenta até um dado número de ciclos. Esse modelo possui convergência com os resultados
experimentais de Rao et al. (2007). A Figura 2.30b demonstra a queda do pico de tensão.
Este pico é representado pela soma entre a tensão dinâmica constante e a tensão residual
(𝜎𝑝𝑐 = 𝜎𝑎 + 𝜎𝑟 ). Nesse caso a taxa de alívio de tensão decresce com o número de ciclos até
58
Figura 2.29: (a) Simulação da resposta da deformação no tempo e (b) Curva da relaxação
vibração.
(Figura 2.30). Esta análise possui uma importância primordial por fornecer um entendimento
59
Figura 2.30: Simulação da resposta de tensão x deformação durante o alívio de tensão por
analisada neste estudo, é possível apurar que o pico de tensão trativa diminui enquanto o pico
de tensão compressiva aumenta com o passar dos ciclos. Ademais, o ciclo de histerese se
deformação permanente.
residual for inferior à tensão limite de escoamento local do material (tensão de escoamento
60
O estudo de Ebrahimi et al. (2019) constatou que a carga dinâmica mínima que
promove resultados satisfatórios de alívio em chapas de aço carbono equivale a 14% da força
necessária para causar o escoamento deste material (F/Fesc= 0.14). Também foi provado que
𝑓
de frequência correspondente a 95% da frequência ressonante (𝑟 = = 0,95), como pode
𝑓𝑛
Figura 2.31: Efeito simultâneo da frequência e da força de excitação no alívio das tensões
frequência r = 0,95 demonstra que quanto mais próximo os valores inseridos estiverem na
61
O estudo experimental de Wu et al. (2013) demostrou o efeito do VSR em uma junta,
34,2% e 28,5% respectivamente. Esse resultado está de acordo com a teoria proposta por
Figura 2.32, demonstraram que as tensões residuais em amostras sujeitas às vibrações sub-
ressonância.
Figura 2.32: Distribuição das tensões residuais na junta soldada. Fonte: Hebel, 1998.
62
Os trabalhos que apresentam os resultados numéricos da análise transiente estrutural
que comparam a redução das tensões residuais em amostras sujeitas a cargas harmônicas de
mesma amplitude de entrada relatam que a frequência ressonante fornece a maior redução
é usado para avaliar se há diferenças mínimas significativas entre as médias de dois ou mais
método. A hipótese nula estabelece que não há diferença entre as médias, de maneira que
quaisquer desigualdades entre as médias avaliadas podem estar relacionadas a mera casualidade.
Todavia, se a hipótese nula é rejeitada, a diferença entre as médias pode ser considerada
63
Para a realização da análise de variância é necessário, primeiramente, que as
premissas sejam atendidas. A não rejeição da hipótese nula da normalidade dos resíduos e da
Este método é aplicado consultando os dados obtidos pela curva S-N (Curva de
tensão versus número de ciclos até à fratura (vida), tornando possível a quantificação da
fadiga nos metais. Esse método é aplicado quando as tensões aplicadas estão situadas dentro
do regime elástico.
Figura 2.33: Diagrama S-N traçado com base nos resultados de ensaio de fadiga axial
64
Para fins de projeto, devido à variabilidade estatística dos dados de fadiga,
especificamente em regimes de longa vida em que as curvas S-N tendem a estar próximas da
Para avaliar se um material apresentará falha por fadiga quando solicitado por um
empregado. Esse método, considerado um dos critérios mais conservadores, utiliza-se uma
linha reta conectando a resistência à fadiga com o limite de resistência à tração, chamada de
curva de Goodman (Figura 2.34). Já o método de Gerber utiliza uma parábola (curva de
Gerber) que intercepta ambos os eixos conectando os mesmos pontos que interligam a curva
para Goodman e na Equação 2.18 para Gerber, n é o coeficiente de segurança, Seq é a tensão
65
𝜎𝑎 𝜎𝑚 1 (2.17)
+ =
𝑆𝑒𝑞 𝑆𝐿𝑇 𝑛
𝜎𝑎 𝜎𝑚 2 1 (2.18)
+( ) =
𝑆𝑒𝑞 𝑆𝐿𝑇 𝑛
ser traduzidos em deslocamento, aceleração, força entre outras variáveis. Essas frequências
serão usadas como referência na seleção dos parâmetros empregados no tratamento de alívio
de tensão vibração.
ressonância.
Além da determinação destas frequências, é preciso saber a forma como elas vibram.
oscilatório do sistema em estudo através da realização de uma análise modal. A análise modal
a sua extensão. Isto é, exibe a maneira com que a estrutura vibra em função de cada uma de
suas diversas frequências naturais. Os modos de vibração variam para diferentes condições
EI EI
ωn = βn ²√ = (βn L)²√ (2.18)
ρA ρAL4
configuração livre-engastada.
na Figura 2.35 a forma de vibrar para cada modo normal (n) de vibração.
n βn L
1 1,8751
2 4,69409
3 7,8539
67
Figura 2.35: Modo de vibração correspondente aos 3 primeiros valores de βL.
68
Capítulo 3
Materiais e Métodos
3.1. MATERIAL
No presente trabalho foram estudadas amostras do aço ARBL LNE 380, na condição
laminado a quente, fabricado pela CNS, na forma de tira retangular de 2,54 mm de espessura
mecânicas do material, informadas pelo fabricante, estão apresentadas nas Tabelas 3.1 e 3.2,
respectivamente.
C Mn P S Al Si Nb
0,13 1,2 0,03 0,01 0,03 0,15 0,07
69
3.2 PROCESSO DE SOLDAGEM E PREPARAÇÃO DA AMOSTRA
O corte das amostras foi realizado a 120 mm da extremidade por meio de uma
guilhotina. Esta máquina de corte possui capacidade de realizar cortes com pouca
transferência de calor, oferecendo uma operação de corte segura e de boa precisão. O corte
Dez juntas do aço LNE 380 foram soldadas com o chanfro reto, sendo oito por meio
da soldagem autógena e duas com metal de adição (Figura 3.2). O primeiro procedimento
adotado antes da realização da soldagem foi a pré-limpeza efetuada nas chapas com o uso de
acetona. Esta preparação objetiva a não contaminação do material a ser soldado, evitando
70
Figura 3.2: Amostras soldadas: (a) juntas sem metal de adição e
O processo utilizado foi o GTAW manual, com uma tensão que variava de 11 a 12V
e corrente contínua direta de 70A para a soldagem autógena e 120A para soldagem com metal
alguns testes para determinar quais valores produziriam um cordão de solda ótimo. Foi
processo e argônio puro como proteção gasosa, com vazão de 13 L/min. A velocidade de
soldagem média foi de 131 mm/min nas dez amostras. Na soldagem com metal de adição
71
Tabela 3.3: Parâmetros de soldagem.
Figura 3.3: (a) Máquina de solda Inverter AC/DC Pulse TIG/MMA; (b) Operação de
soldagem.
A soldagem com metal de adição foi realizada com a vareta AWS ER80S-G, cuja
72
Comparando os dados da Tabela 3.1 e Tabela 3.4, é possível perceber a
experimento.
Foram preparadas duas amostras por embutimento a quente com resina para a
realização da análise metalográfica da junta soldada, que foram lixadas com a sequência de
granas: 220, 320, 400, 600 e 1200 mesh, seguido de polimento com alumina de 1 μm. Para
microestrutura foi feito com solução de Nital 2%, mantida a 25ºC por aproximadamente
20 s. Após o ataque, as amostras foram lavadas em água corrente, álcool etílico e posterior
analisador de tensões Xstress3000, produzido pela empresa Stresstech. Foi usado o método
sen2 , com radiação CrKα (λCrKα = 2,29092Å), difratando o plano (211) da ferrita. A
73
Figura 3.4: a) Analisador de tensões XStress3000, b) Análise de uma amostra.
Radiação Cr
como na raiz de todas as amostras, e na ZTA das amostras soldadas com metal de adição
(Figura 3.5).
74
Figura 3.5: Locais de medição nas amostras: (a) Autógena; (b) com metal de adição.
(longitudinal e transversal) para avaliar a redução das tensões residuais em ambas as direções.
um sinal elétrico.
75
Figura 3.6: Esquema do instrumental envolvido no ensaio de vibração. Fonte: Inman, 2018.
A extração das respostas dinâmicas relativas a cada frequência é obtida pela análise
sinal de entrada (excitação) no domínio do tempo F(t). Essa função de resposta em frequência
76
Figura 3.7: Esquema do ensaio experimental de vibração: (a) Shaker; (b) Acelerômetro do
shaker; (d) Sistema de análise Engineering Data Management System; (e) Amplificador e
condionador de sinais.
Para a obtenção das frequências ressonantes, foi realizado pelo sistema de análise o
cálculo da FRF das 10 amostras, fazendo a seleção das frequências que produziram as
77
3.6 PLANEJAMENTO DO EXPERIMENTO
que podem provocar a propragação de tricas e a fratura do material. Por esse motivo, nessa
frequência as amostras com metal de adição foram escolhidas por apresentar maior
medição das tensões residuais após a soldagem. A segunda etapa apresenta os valores de
tensão residual das amostras após a vibração mecânica, analisando a efetividade da técnica e
78
A Figura 3.8 mostra, através de um fluxograma, a combinação dos parâmetros usados
79
Tabela 3.6: Planejamento do experimento.
3ª Frequência Ressonante / 1
Baixa Amplitude de aceleração 2
3ª Frequência Ressonante / 3
Alta Amplitude de aceleração 4
3ª Frequência Sub-ressonante / 5
Baixa Amplitude de aceleração 6
3ª Frequência Sub-ressonante / 7
Alta Amplitude de aceleração 8
1ª Frequência Ressonante /
9
Alta Amplitude de aceleração
1ª Frequência Sub-ressonante /
10
Alta Amplitude de aceleração
influência dos deslocamentos nodais produzidos pelos modos de vibração nos resultados de
alívio de tensão. O 3º modo de vibração promove uma forma de vibrar que, dependendo da
inexistente), o alívio será nulo pois as tensões impostas serão nulas. A magnitude das tensões
engaste. A Figura 3.9 detalha como as amostras (autógenas) sem metal de adição foram
fixadas.
80
Figura 3.9: Sistema de engastamento das juntas aplicado ao 3º modo de vibração.
ao engaste onde as forças de reação aplicadas são máximas. A análise de tensões foi
previamente realizada para prever se as cargas aplicadas durante o ensaio excedem as tensões
81
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a comprovação da eficácia do alívio de tensões por vibração nas amostras com
2², com dois fatores (amplitude de aceleração e frequência de vibração) e dois níveis distintos
para cada fator, com quatro réplicas para cada combinação, totalizando 4 condições de teste
e 16 experimentos. Por meio da análise de variância foi possível verificar se o efeito principal
de cada fator é significativo e se por acaso há efeito de interação entre os dois fatores nos
A ISO 5817 expressa que soldas de topo, em materiais de aços carbono e aços ABRL,
(valores de resistência à fadiga) (JONSSON, 2016). As classes de solda são definidas como
a resistência à fadiga correspondente a 2x106 ciclos. Assim sendo, uma FAT de classe 90,
quando aplicado uma tensão alternada de 90 MPa, obterá uma vida útil de 2x106 ciclos. A
curva S-N de classe Fat 90 é destacada em linha sólida vermenlha na Figura 3.11.
82
Figura 3.11: Curvas S-N para soldagem de topo de uma junta ARBL. Fonte: Jonsson, 2016.
fusão, falta de penetração, microtrincas, etc), a curva S-N de classe FAT 90 relacionada às
soldas de topo de GTAW será utilizada como base de dados no cálculo de elementos finitos
(JONSSON, 2016).
83
Capítulo 4
Resultados e Discussão
de calor transferido para o metal de base. O aporte térmico líquido seria a diferença entre o
aporte térmico total e a energia dissipada para o ambiente, sendo representado pela Equação
4.1.
𝑉 × 𝐼 × 60
𝐻 = 𝜂( ) (4.1)
𝜐
Onde:
V - Tensão (V)
84
De acordo com Stenback et al. (2012), considera-se os valores de eficiência térmica
para a soldagem GTAW de polaridade direta em uma faixa entre 0,73 a 0,82, apresentando
uma média de 0,78 aplicável a diversos tipos de metais de base. Este valor médio demonstra
12 × 90 × 60 𝐽 𝑘𝐽
𝐻 = 0,78 ( ) = 385,2 ≅ 0,385
131,2 𝑚𝑚 𝑚𝑚
4.1.2 Cálculo do aporte térmico na soldagem com metal de adição AWS ER80S-G
12 × 120 × 60 𝐽 𝑘𝐽
𝐻 = 0,78 ( ) = 513,5 ≅ 0,513
131,2 𝑚𝑚 𝑚𝑚
A microestrutura da junta soldada de aço LNE 380 com metal de adição, por microscopia
85
Figura 4.1: Micrografia da junta com metal de adição: (a) Metal de base (MB); (b) ZTA;
O metal de base apresentou ferríta recristalizada (regiões com tons claros e escuros
acinzentados) em sua microestrutura, como já era previsto para esse tipo de material
(Figura 4.2). Já na ZTA é possível observar uma estrutura mais heterogênea (Figura 4.1b). A
influência do aporte de calor relativamente alto fomentou o crescimento dos grãos de ferrita.
86
As interfaces de transição entre as regiões constituintes da junta são destacadas na
Figura 4.3. É possível observar que a ZTA altera a sua proporção de constituintes em regiões
grosseiros e ferrita acicular, como demonstrado na Figura 4.4. Essa microestrutura está em
Bhadeshia et al. (2017), a ferrita acicular confere à junta soldada propriedades mecânicas de
boa tenacidade e resistência devido a sua ordenação caótica, que criam barreiras para a
propagação de trincas.
87
Figura 4.4: Metal de solda da junta com metal de adição.
soldagem (baixo aporte térmico) que fornece alta taxa de resfriamento e contribui para a não
88
4.3 ANÁLISE DA TERCEIRA FREQUÊNCIA NATURAL
software comercial (Versão Estudante) para modelagem geométrica e análise por Método de
Figura 4.6.
Como mostra a Figura 4.6, identificado por uma bola vermelha, o cordão de solda
neste ponto. Estando o cordão de solda localizado distante de um nó, ocorrerá a provável
89
A Figura 4.7 exibe os resultados da Função de Resposta em Frequência (FRF) obtidos
experimentalmente em uma varredura que abrange frequências entre 5 a 1000 Hz, e a Figura
Figura 4.7: Gráfico da função de resposta em frequência nas escalas logarítmica e linear.
90
As Figuras 4.9 e 4.10, juntamente com a Tabela 4.1 apresentam todas as frequências
91
Figura 4.10: Frequências sub-ressonantes empregadas nas amostras 5, 6, 7 e 8.
92
O ensaio de vibração foi realizado por um período de 10 minutos com a aplicação das
As tensões residuais superficiais das tiras de aço LNE 380 na condição como recebido
transversais no ponto central do cordão de solda das amostras, para avaliar o alívio de tensão
provocado pelo tratamento. Os valores das tensões residuais na direção longitudinal nas
amostras de 1 a 8 (soldadas sem metal de adição) são apresentados na Tabela 4.2 e nas
93
Figura 4.11: Tensões residuais longitudinais na face.
94
Da mesma forma, as tensões residuais na direção transversal nas amostras de 1 a 8
(soldadas sem metal de adição) são apresentadas na Tabela 4.3 e nas Figuras 4.13 e 4.14.
95
Figura 4.13: Tensões residuais transversais na face.
96
As tensões residuais na superfície da junta após a soldagem autógena demonstraram
ser bastante heterogêneas e aleatórias. Todas elas foram de natureza trativa na zona fundida,
chegando ao valor máximo de 360 MPa em um dos pontos analisados, sendo este bem
tanto na direção longitudinal como na transversal se justificam pelo efeito de contração ser
mais pronunciado em comparação aos outros efeitos geradores de tensão. Por exemplo, o
térmico gerado pelo processo GTAW autógeno não atingiu temperaturas que levem o
parâmetro específico utilizado nas amostras, é perceptível que a combinação entre frequência
tensão. Este resultado se mostra totalmente alinhado com os obtidos por Wu et al. (2013) e
Hebel (2004), que observaram um maior aproveitamento da energia vibracional exercido pela
zona sub-ressonante, e por Yang (2009) e Rao et al. (2007), que destacaram a influência da
mecânica foi a extração dos percentuais do alívio de tensão (Equação 4.2) em todos os pontos
medidos nas direções longitudinais e transversais (Tabela 4.4 e Figuras 4.15 e 4.16). Os
resultados exibem o efeito, em valores relativos, que a vibração provoca nas tensões
residuais.
97
𝑇𝑅𝑣𝑖𝑏𝑟𝑎çã𝑜 − 𝑇𝑅𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎𝑔𝑒𝑚
𝐴𝑙í𝑣𝑖𝑜 = (4.2)
𝑇𝑅𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎𝑔𝑒𝑚
98
Figura 4.16: Relaxamento de tensões residuais transversais (%).
máximo de 68% após a vibração por 10 minutos de tratamento. Ou seja, esse parâmetro
inesperado se for considerado que o ensaio de flexão cíclica aplica tensões normais na direção
transversal à solda, o que supostamente maximizaria o alívio nesta direção. Entretanto, sabe-
se pela literatura (RAO et al., 2007; KWOFIE, 2009) que o alívio é otimizado quando as
nulos de redução de tensões residuais. Isto porque a magnitude inicial da tensão residual era
baixa (abaixo de 150 MPa), o que influencia, segundo Rao et al. (2007), a efetividade do
99
4.3.2 Estimativa dos resultados através do método de reamostragem
Devido a uma certa aleatoriedade dos resultados experimentais, fez-se uso do método
bootstrap para gerar amostras aleatórias a partir de uma pequena amostragem, e dessa
sucessiva dos dados experimentais. Este método permitiu extrair informações a respeito do
valor esperado das tensões residuais após a soldagem, o valor esperado do alívio percentual
código determina o número mínimo de amostras (Na = 1000) para garantir a convergência
probabilidade de Na com as distribuições geradas por Na/40, Na/4 e Na/2 (CHUVAS, 2012
100
Figura 4.18: Estimativa da TR transversal pós-soldagem.
385 J/mm convergem para valores entre 180 a 280 MPa na direção longitudinal com valor
médio de 229 MPa e convergem para valores entre 135 a 225 MPa na direção transversal
Nas Figuras 4.19, 4.20, 4.21 e 4.22 serão demonstradas as estimativas de redução
101
Figura 4.19: Estimativa de alívio de tensão (ressonante/baixa amplitude).
102
Figura 4.21: Estimativa de alívio de tensão (sub-ressonante/baixa amplitude).
103
Visualizando a Figura 4.19 é notório que o intervalo de confiança do alívio percentual
do parâmetro de vibração ressonante de baixa amplitude se situa entre 17 a 22%, com média
de 19,6% não sendo possível obter alívios superiores a 22%. Na Figura 4.20, a vibração
ressonante de alta amplitude produziu um alívio percentual médio 38%, porém devido ao
intervalo de confiança está entre 33 a 43,5%, o que impossibilita a redução de tensão residual
produzir uma redução de tensão acima de 40%. E, por fim, na Figura 4.22 o intervalo de
amplitude, com alívio médio de 61%, e resultado máximo de 68% durante o tratamento de
experimento. Como o alívio de tensão por vibração mecânica é menos eficaz para pontos que
contêm um nível de tensão residual inicial reduzido (RAO et al., 2007), tensões residuais
abaixo de 150 MPa foram desconsideradas no cálculo. O método estatístico ANOVA de dois
fatores e dois níveis distintos para cada fator foi realizado. A variável dependente é a redução
104
As Tabelas 4.5 e 4.6 indicam se os resultados de tensão residual longitudinal e
Tabela 4.5: Teste de normalidade dos resíduos e homoscedasticidade para tensões residuais
longitudinais.
Normalidade dos
p-valor Homoscedasticidade p-valor
resíduos
Lilliefors 0,15 Cochran C, Bartlett 0,2478
Tabela 4.6: Teste de normalidade dos resíduos e homoscedasticidade para tensões residuais
transversais.
Normalidade dos
p-valor Homoscedasticidade p-valor
resíduos
Lilliefors 0,20
Cochran C, Bartlett 0,686
Shapiro-Wilk 0,5162
105
Figura 4.23: Influência dos efeitos principais na redução das tensões longitudinais.
Figura 4.24: Efeito de interação “frequência aplicada vs. amplitude” na redução das tensões
longitudinais.
106
Conforme mostrado na Tabela 4.7, os efeitos principais da “Amplitude” e
“Frequência aplicada”, bem como o efeito de interação entre ambos, foram significativos. O
frequências aplicadas. Isso está de acordo com Rao et al. (2007) e Yang (2009) que definiram
do cordão de solda.
combina a sub-ressonância e a alta amplitude. Para o alívio por vibração não ressonante, a
amplitude da carga aplicada deve ser adequada, caso contrário, a tensão residual não pode
ressonante. Isso está de acordo com os resultados de Hebel (2004). Dessa forma, uma maior
movimentação da rede cristalina para induzir a restauração de uma rede cristalina deformada
107
Tabela 4.8: ANOVA da tensão residual transversal.
Figura 4.25: Influência dos efeitos principais na redução das tensões transversal.
108
4.3.4 Translação do pico de ressonância como método de avaliação da eficácia do
frequência natural do sistema. Esta avaliação possui relevância científica porque caso o pico
curva FRF (Frequency Response Function) plotada, isso representaria uma prova de que
alívio de tensão residual foi efetivo (HEBEL, 2004; SĘDEK et al., 2016). Portanto, a medição
tratamento]. A Tabela 4.9 mostra a variação da frequência natural relacionada ao alívio médio
109
Figura 4.27: Deslocamento do pico de ressonância nas amostras 1 a 8.
110
Tabela 4.9: Variação da frequência natural vs. Variação das tensões residuais.
A Figura 4.28 exibe o modelo de regressão linear entre a redução da tensão residual
111
Essas duas variáveis possuem grande correlação entre si (R = -0,942), denotando que
quanto maior a redução da frequência natural, maior será o alívio de tensão. O que se nota
nessa curva é que, quando a frequência natural da amostra diminuir em 1Hz, provavelmente
haverá uma redução de tensão residual em torno de 100 MPa. A Equação 4.3 expressa essa
∆σ = 76-24,7(∆F) (4.3)
A Figura 4.29 e a Tabela 4.10 exibem as frequências empregadas nas amostras 9 e 10.
112
Tabela 4.10: Frequências empregadas nas duas amostras.
porém as tensões aplicadas na região onde esse está posicionado são mais elevadas ao
113
A seguir serão apresentados, na Tabela 4.11, a comparação entre o resultado numérico
é baseado na Equação 2.18. Os dados utilizados nesse cálculo são o módulo de elasticidade
𝑓1 = 16 Hz 𝑓1 =19,5 Hz 22%
elevado devido ao cálculo analítico não considerar a geometria alterada pela solda. Além
suporte vibra junto com a amostra. O erro percentual entre o valor experimental e numérico
pode ser considerado tolerável, pois erros menores que 15% são aceitáveis. A redução desta
diferença percentual se justifica pelo fato da análise numérica ser modelada incluindo a
geometria da solda. Essa convergência entre o resultado experimental e numérico dão maior
confiabilidade à análise de resposta harmônica realizada por elementos finitos que será mais
114
4.4.1 Resultados de alívio de tensão nas amostras 9 e 10
baixa frequência, decorreu durante o período de 10 minutos para cada amostra. Para avaliar
a redução das tensões nestas amostras, foram analisadas as tensões residuais na direção
longitudinal e transversal no metal de solda e na ZTA das juntas soldadas com metal de
adição. A partir destas medidas, foram obtidos os perfis das tensões antes e após a vibração
(Figuras 4.31 e 4.32). As Tabelas 4.13 e 4.14 apresentam os valores contidos nos perfis e o
Pós-Soldagem Pós-Vibração
Amostra Alívio de TR (%)
(MPa) (MPa)
Metal de Solda 200 ± 11 50 ± 9 75
9
ZTA -140 ± 4 -40 ± 6 71
Metal de Solda 153 ± 5 35 ± 3 77
10
ZTA -125 ± 9 -50 ± 1 60
Pós-Soldagem Pós-Vibração
Amostra Alívio de TR (%)
(MPa) (MPa)
Metal de Solda 125 ± 10 30 ± 6 76
9
ZTA 14 ± 7 15 ± 7 0
Metal de Solda 82 ± 8 30 ± 9 63
10
ZTA 36 ± 5 20 ± 2 44
115
Figura 4.31: Tensões residuais referentes a amostra 9 antes e após vibração:
116
Figura 4.32: Tensões residuais referentes a amostra 10 antes e após vibração:
117
A partir da análise dos resultados, é possível inferir que os dois tratamentos
forneceram efeitos semelhantes na redução percentual das tensões residuais. Isso denota que
da terceira frequência, quando o efeito produzido pela zona sub-ressonante se sobrepôs aos
ou não serem suportáveis pela estrutura. Em razão disso, é importante realizar a análise
estrutural e de fadiga da amostra a ser ensaiada antes da aplicação dos esforços do tratamento
de alívio de tensão.
Visto que a amostra 9 foi excitada na 1ª ressonância, foi realizada a análise de resposta
harmônica por Método de Elementos Finitos (MEF) com o objetivo de obter os esforços
máximos resultantes na estrutura vibrada. Esta é uma técnica usada para determinar a
resposta em regime permanente de uma estrutura linear para cargas que variam
e tensão) versus frequência. As respostas de pico são então identificadas no gráfico e nas
118
A análise depende dos dados de entrada. Os esforços externos provocados no ensaio
foram interpretados pela aceleração medida pelo acelerômetro do canal 1, que media
função senoidal com amplitude de 0,5g (4,9 m/s²). Essa amplitude de valor intermediário foi
Em função disso, foram inseridos na análise de MEF como condição de contorno uma
representar o engaste, como esquematizado na Figura 4.33. A Tabela 4.15 destaca outros
Tabela 4.15: Propriedades mecânicas utilizadas como dados de entrada para a MEF.
119
A partir dos dados de aceleração da amostra 9, aquisitados experimentalmente pelo
obtido por MEF (Figura 4.35), objetivando a validação desta análise numérica.
Figura 4.34: Amplitude de aceleração 0,5g na entrada (canal 1) de 6g na saída (canal 2).
120
A transmissibilidade de vibração provoca uma amplificação da resposta dinâmica.
Dessa forma, observa-se que o input de 0,5g de aceleração gerou, no cordão de solda, 6g no
resultado experimental e forneceu 6,1g (59,8 m/s²) no numérico. A partir deste estudo
comparativo, se torna viável a extração das outras variáveis de resposta relevantes à análise.
A malha gerada para a análise de elementos finitos foi obtida de acordo com a
ferramenta de convergência de malha contido no software comercial. Foi utilizada uma malha
aplicadas teriam uma amplitude média de 154 MPa e máxima de 214 MPa, como ilustrado
na Figura 4.37.
121
Figura 4.37: Análise das tensões axiais à direção transversal ao cordão de solda.
Nesta análise foi revelada que a tensão máxima produzida pelo fator de amplificação
Esse valor de tensão aplicada ciclicamente seria mais prejudicial ao material se estivesse
122
Figura 4.38: Análise de tensão de Von-Mises na junta soldada.
A curva S-N do material (Figura 4.39), considerando os dados da junta de topo para
aços de classe FAT 90, é introduzida no MEF por meio dos dados de entrada, bem como as
outras propriedades mecânicas (Tabela 4.15) essenciais para a realização da análise de fadiga
Figura 4.39: Estimativa da curva S-N da junta soldada do aço ARBL LNE 380.
123
De acordo com a análise de fadiga, embasado tanto no critério de Goodman e de
(Figura 4.40), o que garante uma certa confiabilidade anti-colapso durante o ensaio, e a vida
124
Levando em conta que a frequência aplicada no experimento durante o ensaio da
amostra 9 foi de 19,5 Hz, a duração de 120763 ciclos resulta em um tempo de vida de
Desta maneira é constatado que a amostra de aço LNE 380 de 2,54 mm de espessura,
risco de colapso das juntas soldadas, mas teve 10% da vida em fadiga consumida.
deveria ser aplicável a todo cenário que utiliza como parâmetros a frequência fundamental
125
Capítulo 5
Conclusões
O presente trabalho, que teve como principal objetivo avaliar o efeito das vibrações
mecânicas no alívio de tensões residuais em juntas soldadas do aço ARBL LNE 380, permite
as seguintes conclusões:
2. A junta soldada de aço LNE 380 obtida por processo autógeno apresentou
126
4. A frequência sub-ressonante foi a que alcançou os melhores resultados devido a maior
por 10 minutos.
frequência (∆f) mostrou que a redução de 1Hz indica um alívio de tensão próximo a
100 MPa. Essa curva é válida apenas para a junta soldada de aço LNE 380 com tensão
à 1ª ressonância mostrou que não há risco de fratura por fadiga durante o ensaio pois
127
Capítulo 6
o processo de soldagem.
2. Fazer ensaios de fadiga no aço LNE 380 para coletar dados de deformações cíclicas
128
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