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SÃO LUÍS/MA
2022
ANDREW VINICIUS NUNES BRAGA
SÃO LUÍS/MA
2022
i
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA CENTRAL – UEMA
CDU: 621.9.01-044.952
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO CIENCIAS TECNOLOGICAS
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
__________________________________________________
Prof. Dr. Jean Robert P. Rodrigues-Presidente
Universidade Estadual do Maranhão
__________________________________________________
Prof. Dr
Instituto Federal do Maranhão
__________________________________________________
Prof. Dr.
Universidade Federal do Maranhão
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno.
São Luís/MA, 30 de junho de 2022.
iii
Dedicatória
v
Agradecimentos
Aos meus pais, Sandreane Nunes Silva e Clauber Lobão Braga, por todo amor e
dedicação.
À minha namorada Ana Livia, por ser companheira de todas as horas, sempre confiando
e incentivando minha busca por mais essa conquista.
Minha gratidão aos meus orientadores, professor Dr. Jean Robert P. Rodrigues, pela
orientação nesse trabalho, e pelo companheirismo constante, apoio e grande competência em
transmitir os conhecimentos necessários à minha formação acadêmica.
Ao Professor Kayo Nogueira, pela ajuda e orientação no meu estagio.
Aos professores do curso de Engenharia Mecânica pela contribuição na minha formação.
A Universidade Estadual do Maranhão junto a coordenação do curso de Engenharia
Mecânica, pelos ensinamentos e oportunidades.
Aos meus irmãos e amigos por sempre me ajudarem e apoiarem nos momentos difíceis e
pelos momentos de descontração.
E a todos que direta ou indiretamente me ajudaram ao longo da vida.
vii
RESUMO
ix
ABSTRACT
In the machinability of a material, the life of the cutting tool is normally the most
important criterion. Tool life is the time it resists from the beginning to the end of the cut, it is
related to the end of life criterion and to wear and its mechanisms. The objective of this
dissertation is to study wear and its mechanisms in carbide tools. Hard metal is a composite that
consists of a hard phase, which has high hardness, mechanical strength and a binder phase that
gives toughness and plasticity to the material. The results showed that wear and its mechanisms
are inevitable, in addition, the tool material is one of the most important variables and that must
be analyzed before starting machining, so that wear and its mechanisms can be reduced.
Keywords: machining, carbide tool, wear and its mechanisms, tool life.
xi
Lista de Ilustrações
xii
Lista de siglas, símbolos e abreviaturas
𝑦𝑜 - Ângulo de saída
𝑦𝑟 - Ângulo de localização
λ𝑆 - Ângulo de inclinação
𝑋𝑟 - Constante de material
𝑊𝐶 - Carboneto de tungstênio
𝑉𝑐 - Velocidade de corte
𝐹𝑒 - Ferro
C- Carbono
𝐶𝑢- Cobre
Ti- Titânio
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................17
1.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 18
1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................19
2.1 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO POR USINAGEM ................................................. 19
2.2 GEOMETRIA DAS FERRAMENTAS DE CORTE .................................................... 20
2.3 MATERIAIS DAS FERRAMENTAS DE CORTE....................................................... 24
2.3.1 Metais Duros .................................................................................................................... 25
2.3.2 Cermet.............................................................................................................................. 26
2.3.3 Revestimentos .................................................................................................................. 26
2.4 FALHAS E DESGASTES DA FERRAMENTA DE CORTE ...................................... 28
2.5 TIPOS DE DESGASTES E AVARIAS DAS FERRAMENTAS ................................. 29
2.5.1 Desgaste de Cratera ......................................................................................................... 29
2.5.2 Desgaste de Flanco .......................................................................................................... 30
2.5.3 Desgaste de Entalhe ......................................................................................................... 31
2.5.4 Avarias por formações de trincas .................................................................................... 32
2.5.5 Lascamento ...................................................................................................................... 33
2.5.6 Quebra.............................................................................................................................. 34
2.6 MECANISMOS DE DESGASTES ................................................................................. 35
2.6.1 Abrasão Mecânica ........................................................................................................... 36
2.6.2 Adesão ............................................................................................................................. 37
2.6.3 Difusão ............................................................................................................................. 38
2.6.4 Oxidação .......................................................................................................................... 39
2.7 VIDA DA FERRAMENTA DE CORTE ........................................................................ 40
2.8 CRITÉRIOS DE FIM DE VIDA DA FERRAMENTA ................................................ 41
3 DESGASTE E SEUS MECANISMOS EM FERRAMENTAS DE METAL DURO....43
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.......48
5 REFERÊNCIAS..................................................................................................................49
xv
1 INTRODUÇÃO
17
microestruturais (como os carbonetos) do material usinado, os quais impõem restrições nas
condições de corte empregadas (Klocke,2008)
18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
19
Figura 2.1- Classificação dos processos de fabricação (Adaptado Machado e Silva)
• corpo: parte da ferramenta que segura as lâminas ou pastilhas de corte ou na qual são
produzidos os gumes (arestas cortantes).
• haste: parte pela qual a ferramenta é fixada no processo de maquinagem.
• base: superfície plana na haste da ferramenta que nos diz a sua fabricação, afiação e
medição. Nem todas as ferramentas têm uma base definida.
• parte ativa: parte que compreende os elementos cortantes da ferramenta: gumes, face e
flanco.
i.face de saída: superfície sobre a qual o cavaco retirado da peça escoa.
ii.flanco: superfície da cunha voltada à correspondente superfície maquinada da peça.
iii.gume ou aresta de corte: aresta formada pela face e flanco, destinada a efetuar o corte.
iv.quina ou canto: parte pequena na qual se encontram os gumes principal e secundário,
normalmente curva.
• quebra-cavaco: ranhura integral na face destinada a controlar ou quebrar o cavaco.
Figura 2.2 – Terminologia para a geometria das ferramentas de corte (Adaptado, Stemmer
2005).
Como mostra a Figura 4, Machado et al. (2011) considerou os ângulos ao criar uma nova
ferramenta. Consequentemente, esses valores devem ser considerados ao projetar ou afiar uma
21
ferramenta de corte. Os ângulos de cunha que afetam a usinagem de forma mais significativa
são os listados a seguir: 45, 90, 135 e 180 graus.
O ângulo de inclinação é medido em um plano que divide ortogonalmente os planos de
saída e referência. Este ângulo é mostrado na Figura 3a.
Machado et al (2011) relatam que o ângulo γo depende do material da ferramenta de corte,
da taxa de avanço e do efeito na quantidade de calor gerado no processo. Em geral, a usinagem
de materiais dúcteis, como ligas de alumínio e cobre, requer valores de γo muito positivos para
evitar o aumento da adesão do cavaco na face de saída, resultando na quebra do cavaco. O autor
também afirma que quanto maior o valor do ângulo de saída, menor o encruamento, o trabalho
de dobra do material do cavaco, o calor gerado na peça e o acabamento superficial.
Ângulos de saída negativos são frequentemente usados em cortes interrompidos e
materiais difíceis de usinar porque fornecem maior resistência da cunha, mas com a
desvantagem de exigir mais força de corte e mais calor gerado na ferramentaSegundo Santos e
Costa (2006), o ângulo γo pode variar de -10° a 20°. Por outro lado, Ferraresi (2018) recomenda
valores de γo entre 12° e 18° para aços típicos produzidos mecanicamente. Autores Gallardo et
al. (2007) obtiveram bons resultados na usinagem de latão e bronze com ferramentas HSS
(High-Speed Steel) e ângulo de saída de 36°.
Segundo Santos e Costa (2006), o ângulo γo pode variar de -10° a 20°. Por outro lado,
Ferraresi (2018) recomenda valores de γo entre 12° e 18° para aços típicos produzidos
mecanicamente. Autores Gallardo et al. (2007) obtiveram bons resultados na usinagem de latão
e bronze com ferramentas HSS (High-Speed Steel) e ângulo de saída de 36°.
• Ângulo de localização (χr) - medido no plano de referência (Figura 3b), é formado entre
os planos principais de corte e o plano de trabalho. Isso está diretamente relacionado à
resistência da cunha de corte; quanto maior χr, menor o Ângulo da Ponta (r) reduzindo a
resistência da cunha e a capacidade de dissipar o calor. Além disso, o ângulo χr afeta a direção
de descida do cavaco e contribui para a distribuição das tensões de corte de forma a estabilizar
as vibrações geradas no processo. 🇧🇷
Segundo Machado e cols. (2015) o ângulo χr está geralmente na faixa de 45° a 95°. Reis
(2015) recomenda um espaçamento entre 30° e 90°.
• Ângulo de inclinação (λS) - Medido no plano de corte (Figura 3c), é o ângulo formado
entre a aresta de corte maior e o plano de referência e tem como objetivo direcionar a saída do
cavaco e proteger a aresta de corte contra impactos. O ângulo de inclinação é sempre definido
de modo que seu vértice aponte para a aresta de corte.
22
Segundo Machado e cols. (2011), pode variar de -11° a 11°. Ferraresi (2018) recomenda
uma faixa de -4° a 0° para aços típicos produzidos mecanicamente. Reis (2015) relata em sua
pesquisa que um ângulo λS positivo é indicado para cortes interrompidos, enquanto λS zero é
indicado para usinagem contínua de materiais duros. Um valor λS negativo é indicado para
cortar materiais de baixa dureza.
Figura 2.3 – Ângulos da cunha de corte: a) Vista do Plano Ortogonal; b) Vista do Plano de
Referência; c) Vista do Plano de corte. (Adaptado, Damasceno 2010)
23
2.3 MATERIAIS DAS FERRAMENTAS DE CORTE
Figura 2.4 – Dureza X Tenacidade dos matérias de ferramentas de corte (Adaptado, Autor, ano)
24
A escolha do material certo para uma ferramenta de corte é importante porque afeta a
eficiência do processo de fabricação, a longevidade da ferramenta e a qualidade geral do
produto fabricado. Isso porque a escolha do material errado pode levar a um produto fabricado
abaixo do padrão e com padrões de qualidade ruins (SILVEIRA, 2017).
Klocke (2011) lista as qualidades que os materiais para cortadores precisam ter. Isso
inclui dureza e resistência ao ser flexionado ou estressado, bem como durabilidade e resistência
à oxidação e oxidação. As ferramentas precisam ter alta resistência a altas temperaturas, baixa
tendência à difusão e resistência ao desgaste, bem como adesão repetida, resistência à abrasão
e fortes ligações atômicas.
A descoberta do metal duro e dos aços rápidos foi um importante ponto de virada para a
indústria de metais. Esses materiais aumentaram significativamente a velocidade de corte das
lâminas graças à descoberta da ciência dos materiais (MACHADO et al. 2009).
O grupo de materiais de metal duro da Alemanha é um dos mais importantes para
ferramentas de corte. Foi criado através do processo de metalurgia do pó de pós de WC e Co.
As primeiras pastilhas de metal duro foram produzidas em 1923; eles foram feitos com uma
combinação de carboneto de tungstênio e cobalto WC-Co. Com o tempo, esse se tornou o tipo
de inserto mais comum (SANDVIKEN, 1994).
Carboneto de tungstênio, ou WC, é um metal duro que não se desgasta facilmente. Parece
cobalto envolto em bandas de metal. Os metais duros têm propriedades de alto desgaste e
resistência e geralmente têm grãos de carboneto de tungstênio pequenos do tamanho de um
micrômetro. Inicialmente, o metal duro se destacava no processamento de ferros fundidos
cinzentos e materiais não ferrosos. No entanto, a presença de desgaste de cratera usinagem do
aço tem limitado sua aplicação à usinagem dessa liga. Com o desenvolvimento de uma série de
estudos nesta área, foi confirmado que a resistência ao desgaste de cratera é aumentada pela
adição de carbonetos de titânio e tântalo na composição original, gerando assim uma
classificação específica dependendo do tipo de material a ser usinado (DINIZ e outros, 2010).
25
As propriedades do metal duro como ferramenta de corte são fortemente dependentes da
composição química e da microestrutura, e suas propriedades também estão relacionadas ao
tamanho do grão e à quantidade de ligante. (SANTHANAM et al., 1998).
2.3.2 Cermet
Cermets são materiais compósitos metal-cerâmicos nos quais carbonetos de certa dureza
estão contidos em uma matriz metálica que atua como aglutinante das partículas (CALLISTER,
2009).
Klocke (2011) relata que o termo "carboneto cimentado" se refere a carbonetos
convencionais à base de carboneto de tungstênio, bem como cermets à base de carbonitreto de
titânio. Essa definição é consistente com a classificação ISO 513 (1993), que organiza as
designações e aplicações de materiais para 33 ferramentas de corte em quatro grupos principais:
carbonetos, cerâmicas, nitreto de boro e diamante.
Cermets também são produtos de metalurgia do pó que consistem em partículas de
cerâmica ligadas a metal. O componente cerâmico do Cermet fornece dureza a altas
temperaturas e resistência à oxidação, enquanto a fase metálica melhora a ductilidade e a
resistência ao choque térmico. Como os cermets possuem baixa condutividade térmica e alto
coeficiente de expansão volumétrica, as altas temperaturas geradas na interface ferramenta-
cavaco, relacionadas à expansão do material nesta área, prejudicam a eficiência do processo de
usinagem (MACHADO e DA SILVA, 1999).
2.3.3 Revestimentos
28
criteriosamente a ferramenta mais adequada e as condições de usinagem mais adequadas
(SOUZA, 2004).
Segundo Machado e Silva (2005), o desgaste altera a geometria original da ferramenta de
corte, alterando a área de contato da interface cavaco-ferramenta. Consequentemente, várias
outras modificações ocorrerão, sendo as mais importantes: aumento da geração de calor,
aumento das forças de processamento e aumento da deformação plástica. Durante a usinagem,
a ação de corte altera a forma, alterando assim a geometria original da ferramenta de corte.
Há diversas formas de desgastes e avarias que podem ocorrer numa ferramenta e inutilizá-
la ou então prejudicar sua função. De acordo com Diniz et al. (1999) as formas de desgaste são:
29
Figura 2.5 – Representação esquemática do desgaste de cratera (Adaptado, AMORIM 2002)
30
Figura 2.6 – Representação esquemática do desgaste de flanco (Adaptado, AMORIM 2002)
O desgaste tipo entalhe é definido como um dano que ocorre na aresta de corte principal
na extremidade do flanco da ferramenta e pode ser caracterizado por: concentração na
ferramenta, tensão e camadas de óxido abrasivo na superfície a ser usinada (SHAW, M.C.,
1984).
O desgaste tipo entalhe pode ser considerado tanto como um tipo de desgaste quanto
como um mecanismo de desgaste, Isso ocorre principalmente em materiais que suportam
elevadas temperaturas e com elevado grau de encruamento, principalmente em áreas com
condições de deslizamento envolvendo mecanismos de desgaste, difusão e adesão. Rebarbas
geradas na lateral do cavaco podem formar um entalhe em V envolvendo o mecanismo stick-
and-pull (SANTOS; SALES, 2014).
31
Figura 2.7 – Representação esquemática do desgaste de entalhe(Adaptado, AMORIM 2002)
32
Figura 2.9 - Tricas de origem mecânica (Adaptado, Diniz 1999)
Para Diniz, Marcondes e Coppini (2003), é outro tipo de avaria da ferramenta causada
pela variação da temperatura e/ou pela variação de esforços mecânicos, tais como: corte
interrompido, acesso irregular do fluído de corte e variação da espessura de corte. O
crescimento das trincas leva a quebra da ferramenta, um procedimento muito usual para evitar
a formação de trincas é escolher uma ferramenta mais tenaz.
Condições de corte agressivas, especialmente a velocidade de corte, resultam em
temperaturas de corte mais altas. Altas temperaturas de corte produzem transições de
deslizamento para condições de contato de emperramento na interface ferramenta-cavaco
provocando altas temperaturas favorecendo mecanismos termicamente ativados (Gekonde e
Subramanian, 2002).
As trincas mecânicas surgem principalmente devido ao choque mecânico causado pela
entrada da aresta de corte na peça. Ao entrar na peça, a ferramenta passa de uma situação de
carga zero para a carga total. Em situações em que se tem altas rotações, combinadas com corte
interrompido, a ferramenta irá sofrer um grande número de impactos por minuto (Machado et
al., 2009).
2.5.5 Lascamento
Esta é uma falha causada por estresse mecânico excessivo e alta temperatura. Os
principais motivos são: a dureza da ferramenta aplicável é alta; a operação de corte intermitente
33
e a vibração da máquina-ferramenta. O lascamento é identificado devido à liberação de
partículas relativamente grandes da ferramenta, conforme mostra a Figura X (COPPINI, 2008).
2.5.6 Quebra
As fraturas podem estar associadas a todos os tipos de desgaste das ferramentas de corte.
Em alguns casos, pode ocorrer quebra inesperada da ferramenta devido à dureza e sobrecarga
da ferramenta, geometria inadequada, etc. A quebra da faca pode causar danos ao cabo ou à
própria peça, além de danificar a lâmina. Quando o material da peça de trabalho está incrustado,
pequenas rachaduras podem aparecer na aresta de corte. Essa situação geralmente ocorre na
aplicação de pastilhas feitas de materiais cerâmicos e metal duro. Por outro lado, ferramentas
tenazes com menor resistência à compressão, como as de aço rápido, são menos susceptíveis à
fratura. No entanto, essas ferramentas deformavam na superfície de saída (zona de contato da
ferramenta) quando submetidas a altas forças de corte e tinham uma vida útil mais curta do que
as ferramentas anteriores. (CARRIÇO, 2016)
34
2.6 MECANISMOS DE DESGASTES
35
Na Figura 2,12, observou-se que a baixas temperaturas predominam os mecanismos de
adesão e desgaste, tendo os primeiros maior influência. Mas à medida que a temperatura
aumenta, surgem novos mecanismos, como a difusão e a oxidação. O mecanismo de difusão é
mais dominante em altas temperaturas e cresce exponencialmente, afetando muito o desgaste
da ferramenta. No entanto, esta figura não leva em conta a deformação plástica que também
domina em altas temperaturas. (KONIG e KLOCKE, 1997).
36
Figura 2.13 - Abrasão a dois (a) e três corpos (b) (Adaptado, Bayer 2007)
2.6.2 Adesão
O desgaste adesivo ocorre quando uma superfície desliza contra outra e fragmentos de
uma superfície aderem à outra e, em seguida, são puxados para fora da superfície original. A
origem do desgaste adesivo são as fortes forças adesivas que surgem sempre que os átomos
entram em contato íntimo (Rabinowicz, 1995).
O desgaste por adesão ocorre quando uma superfície desliza sobre outra e está relacionado
ao contato e à interação entre as asperezas de duas superfícies. Nessas situações, geram-se
forças de atração nos pontos de contato das asperezas, que podem ser de caráter covalente,
iônico, metálico ou pelas forças de Van der Waals. Como a área de contato nas asperezas é
muito pequena, desenvolvem-se localmente altas pressões de contato que provocam
deformação plástica, adesão e, consequentemente, a formação de junções localizadas
(HUTCHINGS, 1992).
Segundo Trent & Wright (2000), os mecanismos de adesão (adesão e resistência) tendem
a ocorrer quando duas superfícies metálicas estão em contato e submetidas a uma pressão
normal, formando um extrato metálico (mistura de dois materiais) entre elas. levar a colagem.
O extrato tem uma resistência elétrica tão alta que, ao tentar separar a superfície aderida, um
dos materiais da superfície de contato se rompe. Assim, neste caso, as partículas da superfície
37
do material são arrancadas na ferramenta e levadas pelo fluxo de plástico e são deformadas
plasticamente na peça ou cavaco até que ocorra o cisalhamento.
2.6.3 Difusão
38
área de contato. A ferramenta experimenta as maiores temperaturas na face de saída a uma
pequena distância da aresta de corte, promovendo o desgaste por craterização, cujo mecanismo
primário geralmente é a difusão (KRAMER; SUH, 1980).
2.6.4 Oxidação
39
2.7 VIDA DA FERRAMENTA DE CORTE
A vida útil de uma ferramenta pode ser definida como o tempo durante o qual ela opera
efetivamente dentro de critérios previamente estabelecidos sem perder sua capacidade de corte.
Ou seja, uma ferramenta que trabalha em condições normais de corte é utilizada até que se
desgaste (previamente fixada) e precise ser substituída. (Ferraresi,1977)
Figura 2.14- Comportamento do desgaste de uma ferramenta ao longo de sua vida (MACHADO
2009)
40
a temperatura causada pelo atrito e as tensões envolvidas acabarão por causar a quebra da
ferramenta.
Existem diversas variáveis que afetam direta ou indiretamente a vida útil da ferramenta:
(SOUZA, 2011)
• Chapa: propriedades do material; composição química; processo de fabricação; tratamento
térmico; propriedades físicas, químicas, mecânicas; microestrutura; tamanho e forma.
• Ferramenta: tipo de material, geometria, trabalho, propriedades químicas, físicas e
mecânicas, largura das marcas de desgaste de flanco (critério de refugo). 26
• Máquina: tipo de máquina; rigidez; velocidade de corte (parâmetros mais importantes),
avanço e profundidade de corte; área e formato da seção de corte; fluido de corte (tipo,
lubricidade, forma de aplicação, etc.).
As ferramentas de corte estão sujeitas a várias forças durante o processamento, como alta
temperatura, forças que atuam em suas superfícies durante o corte, desgaste e deformação
plástica das arestas de corte, etc. Este esforço leva ao desgaste da ferramenta que afeta
negativamente a vida útil da ferramenta e é uma consideração importante em todas as operações
de usinagem (KALPAKJIAN; SCHMID, 2014).
Segundo Diniz et al., 2001, o principal problema em definir um valor limite de desgaste
específico para o fim de vida da ferramenta está relacionado ao tipo de operação:
• Em operações de desbaste (onde são permitidos altos valores de desgaste), a ferramenta
geralmente é substituída mais cedo devido ao medo de quebra da ferramenta, os valores de
desgaste estão bem abaixo dos valores que poderiam levar a tais falhas.
• Nas operações de acabamento, é relativamente simples detectar quando as dimensões
da peça estão fora das tolerâncias esperadas (desgaste da ferramenta). Normalmente, um
calibrador pass-no-go ou algum outro instrumento é usado e a medição é feita por amostragem.
Neste caso, não é necessário trocar a ferramenta imediatamente, pois ainda é possível corrigir
a posição da ferramenta e continuar usinando com a mesma aresta de corte (compensação de
desgaste em máquinas CNC).
41
A vida útil da ferramenta é "a quantidade de tempo que uma aresta de corte realmente
funciona antes de ser reafiada ou substituída". Para definir esse tempo de vida, um critério de
fim de vida deve ser determinado. Este critério será escolhido de acordo com a necessidade do
processo, que pode ser desgaste muito alto, força de avanço excessiva, acabamento ruim, etc.
(Machado, 2009)
42
3 DESGASTE E SEUS MECANISMOS EM FERRAMENTAS DE METAL DURO
Figura 3.1 - Evidência de abrasão em ferramenta de metal duro (Adaptado, Corrêa et al., 2005).
A Figura 3.2 mostra um exemplo de desgaste tipo entalhe no flanco de uma ferramenta
de metal duro K20 após a usinagem do Inconel 901 (Machado, 1990). Sinais de atrito podem
ser vistos nos entalhes. O desgaste tipo entalhe é um tipo de desgaste, não um mecanismo de
desgaste. No entanto, não há consenso na literatura sobre os mecanismos que explicam esse
desgaste (Machado e da Silva, 2004).
43
O desgaste tipo entalhe ocorre principalmente na usinagem de materiais termicamente
pobres, como ligas de níquel, titânio, cobalto e aço inoxidável, e pode se desenvolver nos
flancos e nas faces inclinadas das ferramentas de corte. Segundo Trent e Wright (2000), esse
tipo de desgaste normalmente ocorre em áreas onde as condições de deslizamento persistem e
envolvem desgaste e atrito, sendo fortemente influenciadas pela atmosfera, principalmente
devido ao teor de oxigênio.
Figura 3.2 - Desgaste tipo entalhe observado na face de flanco de uma ferramenta de corte de metal
duro ISO K20 após usinagem de Inconel 901 (Adaptado, Machado, 1990).
A Figura 3.3 mostra uma ferramenta de carboneto não revestida ISO K20 após a usinagem
da liga Ti-6Al-4V. Desgaste crescente pode ser visto na face de saída bem próximo à aresta de
corte. Segundo Machado e Wallbank (1990), esta característica é exclusiva da usinagem de
ligas de titânio. O desgaste da cratera em ferramentas de metal duro é geralmente formado por
difusão, onde os átomos são trocados entre a face de corte e a raiz do cavaco na zona oclusal, e
é amplamente dependente da temperatura, tempo e solubilidade dos elementos. envolve
(Machado, 1991)
Figura 3.3 - Visão geral do desgaste superficial de uma ferramenta de corte de metal duro ISO K20
após a usinagem de Ti-6Al-4V (Adaptado, Machado, 1990).
44
No fresamento, problemas com a entrada ou saída da ferramenta da peça de trabalho
podem levar à quebra mecânica ou lascamento da ferramenta de corte. De acordo com Machado
e da Silva (2004) e Kabaldin (1980), cavacos de alguns materiais da peça, como titânio e aço
inoxidável, tendem a aderir e descascar na face de saída da fresa pouco antes de os dentes da
fresa saírem da peça. Eles ficam presos lá durante os momentos de inatividade da fresa. Quando
os dentes da ferramenta entram novamente na peça de trabalho após retomar o ciclo de corte,
os cavacos podem fazer com que a aresta da ferramenta lasque. A Figura 3.4 mostra um
fenômeno semelhante ao tornear Ti-6Al-4V com metal duro. Pode ser observada forte adesão
de cavacos e material da peça de trabalho à aresta de corte.
Figura 3.4 - Adesão de Ti-6Al-4V na aresta de corte do metal duro após torneamento (adaptado
de Ribeiro et al., 2003).
45
Figura 3.5 - Trincas térmicas em ferramenta de metal duro (Adaptado, Melo, 2001).
Trent e Wright (2000) explicaram que essas trincas são promovidas pela expansão e
contração cíclicas da camada superficial da ferramenta de corte quando a ferramenta de corte é
aquecida e resfriada ciclicamente durante o corte e relataram que a trinca térmica ocorre em
resultado de mudanças cíclicas de temperatura na ferramenta. As tensões térmicas na aresta de
corte da ferramenta são exacerbadas quando avanços maiores são usados devido ao aumento da
temperatura (MELO 2001).
Em processos de corte interrompido como o fresamento, trincas de origem mecânica
podem aparecer e se estender paralelamente à aresta de corte, além de trincas térmicas
perpendiculares à aresta de corte (MELO,2001)
Figura 3.6 - Aresta de corte de um metal duro sem cobertura P25 ( Adaptado, MELO, 2001)
46
Ao usinar aços, a difusão do ferro no cobalto da ferramenta de corte causa desgaste na
ferramenta. Este efeito é causado pela alta solubilidade do carbono de 0,7% no metal que está
sendo cortado. O carbono se dissolve em cobalto quando as temperaturas de corte chegam a
1.000 °C. Ao enfraquecer a aresta de corte, mais carbono é adicionado ao metal. Ferro-cobalto
confere uma maior solubilidade de carbono em comparação com o tungstênio. Isso faz com que
os carbonetos de tungstênio e ferro se separem e liberem carbono quando desgastados pelo
atrito. Com isso, as ferramentas de usinagem com carboneto de tungstênio são menos duráveis
do que as de ferro-cobalto (MACHADO et al., 2015).
Figura 3.7 - Vista geral do desgaste de uma ferramenta de metal duro K20, após usinar Ti6Al4V
(Adaptado, Machado, 1990).
47
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A partir dessas informações e discussões apresentadas neste artigo, pode-se concluir que
o desgaste e seus mecanismo são inevitáveis. No entanto, na presença de trincas de origem
mecânica ou térmica, o desgaste pode ser deixado em segundo plano. Tais trincas são danos
inesperados que ocorrem mais comumente durante cortes interrompidos (por exemplo,
processos de fresamento), nos quais a ferramenta sofre constantemente choques mecânicos
muito repetitivos e variações térmicas significativas impostas pelas características do processo.
Nessas circunstâncias, o material da ferramenta é uma das variáveis mais importantes. Hoje, o
mercado oferece outros tipos de ferramentas, que combinam várias propriedades físicas e
mecânicas para ajudar a superar os problemas de desgaste e seus mecanismos em ferramentas
para usinagem.
Com o fim desse trabalho podemos ver que ficam alguns temas para trabalhos futuros,
como:
• Estudo dos desgastes e seus mecanismos em ferramentas de cermets;
• Estudo dos desgastes e seus mecanismos em ferramentas de cerâmicas;
• Estudo dos desgastes e seus mecanismos em ferramentas de diamante natural;
• Estudo dos desgastes e seus mecanismos em ferramentas de ligas fundidas;
• Estudo dos desgastes e seus mecanismos em ferramentas de aço carbono;
48
REFERÊNCIAS
BELHADI, S. et al. Experimental and numerical study of chip formation during straight
turning of hardened AISI 4340 steel. Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers,
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