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MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO OA 9A REGIÃO -a

ExcELENTÍsstue sENHoRA lvize. PRESIDENTE DA MM. vARÀ


DO TRÂBÂLHO DE CORNELIO PROCOPIO _l?

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O MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO, por meio

dc seu represcntante no final assinado, vern nos autos de Reclamatória Trabalhista


n" 22ll /1989 em que são partes o Sindicato dos Emprcgados em Estabelecimentos
Ilancários clc Londrina, na qualidade de substituto processual e Banco do Brasil
S/A, c<.,nsidcrando a dcnúncia encaminhada à Procuradoria Regional do Trabalho
da 9. l{cgião-Plt, protocolada nos auros de ptocedimento invcstigatório no

225 /2003, assirncomo a designação paÍa aruar no pÍeseÍrte feito confcrida pela
l.ixma. Sra. P rocuradota-(lhefe dcsta PILI' c considerando ainda as funções
institucionais quc lhe são incumbidas, quer pela Constinrição da itepública (artigos
127,12(), II ), quer pela I-ci Complementar n" 75/1993 (artigos 83, II, 84, IV),
intervir no pÍoccsso para dizer e representar pelo cluanto scgue:

1. BREVE REI-ATO

I-m 28 de feverciro de 1989 o Sinclicato dos Empregados em I]stabelecimentos


Bancários de Londrina aiuizou ação dc curnprimcnto (IL[ 220/1989), como
substituto processual, cm Favor de 1(r8 substituídos (empregados sindicalizados e

não-sindicalizados do llanco dg Brasil das açncias de Assaí-Pll, UraiPll, Santa


Gl

MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO


%
PROCURADORIA REGIONAL OO TRABALHO OA 9A REGIAO

Cccília clo Pavão-PR), cuja relação anexou à inicial. O pedido cingru-se em síntese
ao pagamento a todos os empregados dos valores correspondentes à parcela
<lcnominada Adicional dc Caríter Pcssoal (ÂCl']), conccdida pclo llanco Ccntral do
IJrasil a seus funcionári<>s cm outubro dc 1987, cm patcclas vcncidas e vincendas
com integração em FG'I'S, férias, 13" salário, horas extras, repousos, feriados,
anuênios, vantagens pessoais, tudo com iuros e correção monetáÍia'

o Banco do Brasil S/Â recebeu citação por intermédio de algum emPÍe8ado na


agencia localizada na Âv. Rio de Janeiro, 600, na cidade de uraí e compareceu na
audiência inicial representado por scu PÍeposto o Gerente da Agência de Uraí Sr.
cllzAlt coRlo DI BURIASCO e pelo advogado Dr. oSWAI.DO TREVISÂN,
aprescntando a procuração de fl. 108. Nesta oportunidade, o Banco ofertou
Iixceção de lncompetência Ratione Materiae e Contestação'

Em prosseguimento à audiência, no dia 06.04.1989 compaÍeceram novamente o


mesmo pÍeposro e advogado, tendo sido designado o üa 14.04.7989 às 16:00 para

publicação da sentença.

No clia 14.04.1989 às 1ó:00 efetivamcntc a r. sentença dc primciro grau foi


.._lv- prolatada, tcnclo sitlo juntada aos autos cm 18.04.1989, às 12:30. r\ sua partc

dispositiva foiassim rcdigicla:


,,3. CONCLUSÃO.ISTO POSTO, resolve

O JUNTÁ DE CONCILI AçÃO E JULGÁAAENTO DE C. PP'OCóPT'O'


sem divergêncio, julgor PROCEDENTE El PÁRTE o presente
reclomoção, Poro condenor o reclomodo o Pogar oos emPregados
processuolmente substituídos, cqjo rol se encontro nos outos. os
diferenços soloriois decorrentes do cômputo do porcelo Ádicionol
de caráter Pessool ?ecebido pelos emP?egodos do Bonco centrol
do Brosil s/A, poro eÍeito de equiporoção solorial prevista em
Ácordo coletivo. o contor de t"/03/88 e seus reflexos, tudo em

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MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO
PRoCURADoRIA REGIONAL OO TRABALHO OA 9" REGIÃO

volores a serem apurodos em execução- Juros e correçao


monetário no formo da lei. Custas processuais o corgo do
reclomodo no importe de NCz$205,97, colculodos sobre o
condenoção estímoda em NCz$10.000,00. Nodo moís".

Em 09.05.1989 o mesmo advogado Dr. OS!íALDO llfEVISÂN âPresentou


Itccurso Ordinário, declarado pcla Ir' 1" 'I'urma do C. 'l'ribunal Rcgional do
Trabalho I N 1' E MP E S'l' I V O.

Após a interposição do Recurso Ordinário o Dr. OSWALDO TREVISAN não


praticou mais nenhum ato em nome do Banco do Brasí, havendo substabelecido
para a oposição de Embargos de Declaração.

Nenhum dos recursos ordinários e extraordinário que se seguiram interpostos pelo


Banco do Brasil tiveram êxito, nem mesmo a Àção Rescisória aiulzada, com
fundamenro no artigo 485, inciso IV (ofcndcr coisa iulgacla) e v (violar literal
disposição <je lei), por violação ao artigo 5o, II, XXXVI da Constituição Federal e
t*igo 471do Có<Iigo dc I)roccsso Civil.

Âtualmcnte, os autos encontram-se em fasc de execução, cuio débito importa em


mais de dez milhões de reais. com cálculos ainda Parciais.

2. TNEXTSTÊNCh DE CITAÇÃO

a) Recebimento da citação pelo Banco do Brasil através


de À.R. por empregado interessado na câusat
substituído processualmente.

J
1 í67
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Consoante denunciado a esta Procuradoria ltegional do Trabalho pelos próprios


advoga«los Drs. Sonny stefani e carmen Francisca woitowicz do Banco do Brasil
crn 14.03.2003, com informações e documentos formando os autos de

Procedimento Investigatório n" 225/2003, peÍcebe-se que as Partes coÍlstantes dos


auros de ll'L' 220/1989 simularam uma lide, com o fim de fraudar a lei e galgt
beneplácido financeiro ao arrepio do Erário Púbüco, principal mantenedor do
Banco do llrasil (socie«lade de economia mista federal) c dos demais acionistas
minoritários, igualmentc prciudicados'

os fatos ocorridos nal.{l 220 /1989 são extremamente 8Íaves meÍecendo por Parte

do poder Judiciário Trabalhista a devida atenção e repulsa. questão esta iá ocorida


anteriormente PeÍânte a MM. 1" Vara do Trabalho de Ponta Grossa, nos autos
de

RT 416/89, cuia decisão anulou o pÍocesso ^ PaÍtir da petição inicial diante da


nulidade de citação. o fuciy n acolheu manifestação e recurso produzidos poÍ
este
do
Ministório Público do 'lrabalho, da lavra do Exmo. sr. Procurador Regional
Tmbalho Dr. Leonar<lo Abagge Filho e Exmo. Sr. Procurador do Trabalho
Dr'
Lús carlos c. Burigo, aos cluais pedimos vênia para utilizar nesta manifestação
parte tlos fundamentos lá cxtemados, que pelo seu brilhantismo merece
seÍ

reproduzido naquilo que couber fleste caso'

lsto porquc inrlepe ndcntcmcntc clc não sc podcr ler pcla assinatura do All rccebido
em 06.03.1989, o nome clo seu autor (a pcssoa que recebeu a citação inicial), uma
conclusão sc impõe:
quem recebeu a citação inicial, na agência do Banco do
Brasil em lJraí, era' um seu emPregado e, por isso'
substituído processualmente, conforme rol de

substituidos da Cidade de Urai constantes dos autos


indicados pelo Sindicato autor' sindicalizados ou não'
Portanto, alguém que era parte material ativa no feito'
com interesse, na hipótese, completamente antagônico
ao do Banco na relação Processual, que deveria' ante o
ingresso da ação, se formar, Pelo que NÃO HÁ
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CITAçÃo INICIAL Do REU mas, sim, mero
recebimento de aviso Por emPregado quer' como parte
ativa, se confunde com o âutor.

'I'al conclusão, glze-se, não vemos, pelo que contém os autos' como Possa ser
no local indicado'
dcsmerccida em dettimento de qualqucr outÍa, mormeÍrte Porque
embasadora
como costuma acontecer, só empregados atuam, sendo esta suposição
da jurisprudência que admite para o resPectivo efeito citatório' a eÍltÍega no
endereço do reclamado/réu, pois de regra só empregados ali existem e só

empregados recebem correspondência'

em pessoa que tenha


Portanto, não se pode admitir como válida a cítaçáo efetivada
vínculo rle interesse ou subordinação com o autor e réu ao
mesmo temPo'

devendo-se considcrar que, objetivamente, a rnesÍna


não ocorreu' não estando

formacla a relação iurídica de direito processual'

a hipótese cerebrina de que


Mas, admitida, por exemplo e por mcra argumcntação'
tal assinatura não é de emprega<lo da agência e' poÍtaflto' de
substituído
do Banco das
processualmcnte (pois, como antes visto, toclos os empregados
se evidencia a irregularidade,
cidades elencadas são substituídos), então mais ainda
no processo do
o vício, pois certamente não vale, não se perfcctibiliza' mesmo
trabalho, citação entregue a qualquer um que não tenha
vínculo de subordinação

para com o citado e clue não tenha obrigção funcional de fazer o repasse da

corrcspon«lência a quem de «liteito' llste "quem


de «lireito"' ademais' no local da

eÍrtÍcga da "citação", e rnesmo em todo o resto da


írca de representação do
do Banco' dentre os de menor
Sinclicato autor, sequer existia, pois todos serviclores
interessados'
e maior hierarquia, inclusive chefes c gcÍentcs' cram substituídos'
Sindicato'
indistintamente no sucesso do pleito formulado pelo

que não há citação inicial v:ílida


Iimergcm, ainda, outros fatos para mais evidenciar
do réu.

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a6)
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rurrutsrÉRlo PUBLtco Do TRABALHo
pRocuRADoRtA REGIoNAL Do TRABALHo DA 9" REGIÃo

b) Comparecimento do réu Banco do Brasil às

audiências por meio de preposto, ocuPante do cargo de


gerente, o qual também figura como substituído
processualmente pelo Sindicato autor.

Em continui«lade à fraude perpetrada pelas Partes, compareceu nas audiências que


se seguiram após a "citação", como iá relatado anteÍiormente, o
pÍepe§lo do Banco

do Brasil, gereflte da agencia de U fâ1 o Sr. CE ZAR CORIO DI BURIASCO


ocorre que este pÍeposto também figuta como substituído na telação apresentada
pelo próprio Sindicato autor (fl.11), na condição de não-sindicalizado'

PoÍtanto, não se pode afirmar tenha havido comparecimento espontâneo do


reu

(ar. 274, §1', do Código de Processo Civi) por PÍePosto' como causa de
suprimento da falta de citação inicial, eis que como visto, este comparecente
às

aucliências nacla mais eÍa que antagônico do l]anco, beneficiário


da açío 2;iuizada
pelo Sindicato.

c) Ausência de poderes ao advogado Dr' OSWALDO


TREVISAN para agir em nome do Banco do Brasil

em rnals
A fraude quanto à citação e atuação das partes em conluio se evidencia
este asPccto

oadvogacloDr.oSWALDoT'RE,VISANquecomPafeceuàsaudiênciascomo
gerente da agencia de Uraí, Sr. CEZAR CORIO DI BURIÂSCO
e que apÍesentou

a exceção de incompetência, clefesa e Íecurso i n t e m P


e s t i v o' NÃO recebeu
Pereira dos santos,
poderes do vice-Presidente do Banco do Brasil Sr. Irrancelino
íI n t t his

fls. 123 e seguintes dos


observando-se atentamente o instrumento procuratório de
Vice-Presidente em
autos, nota-se que a pÍocuÍação outorgada pelo teferido
05.11.87,incluíaapenasonornedosadvogadosDrs'AntonioCiroBómia'José
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Almeida I-eão, osvaldo Gimenes, José Sabino da Silveira e Àparecido Ferrerra,


ten<Jo si<lo o Írome do advogado Dr. oSWALDO TREVISAN inclúdo
posteriormentc, como se vê do documento de í1. 123, datado de 18.11.88, tanto que
para este causídico não havia sequeÍ espaço para colocar seu nome neste
instÍumento procuratório, além de ter sido utiizada uma outra máqüna de
clatilogafia como se depreende da distinção tipos de letras'

Para rcforçar esta conclusão, r> <Jcnunciante Dr' Sonny Stcfani, advog'a<lo do Banco

do llrasil, ao ser ouvido nr> l)roccdirncnto lnvestigatório no 225 /21')03, na sede tia

PlLt' da 9" llegião, declarou sobre cste Ponto que: "(" ') com reloção à

procuroção de fl.53, ocredita gue o nome do odvogado Oswqldo


Trevison foi inserido sem o conhecimento do outorgonte constonte
à fl. 57 , o gue signif ico dizer que o advogodo não tinho
copacidode postulotória nos outos de Reclamotório Trabolhisto -
RT n" 220/89: todos os Procuraçôes sempre erom outorgodas
pelo vice-Presidente do Banco do Brosil diretomente de Brosílio-
DF, exemPlo do
o de fl-57, sendo gue esto
Procuroção
incumbência nõo ero repassada aos administradores dos ogêncios:
com o odulteroçõo do procuraçdo de fl.
53, com o inclusão do
nome do odvogodo Oswoldo Trevison, conforme se vê'
Dr.
nitidomente, conclui-se não tivesse este odvogodo poderes poro
otuor em juízo em nome do Banco, no Processo n"22O/89:" çaoc'
ancxo).

Sobrclcva ettlrtizzLt quc estc a<ivoga<Io, Dr' OSWALDO TREVIAN, foi quem
deu

causa à in t e mp c s ti v i d ad e do recurso ordinário. E


sacramentada a

impossibiliclaclc dc sc moclificar a Í' sentença de primeiro gÍau'


que ao fmal

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MrNrsrÉRro PUBLtco Do TRABALHo
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culminou poÍ scÍ a única de mérito, substabeleceu o prefala<lo "instrumento


procuratório" supostamente lhe outorgado.

A simulação da lide se completa conformc mencionado nas dcclarações acúna


transcritas, por tcr o próprio gerente da agencia de Uraí, prcPosto do Banco do
Brasil nas aucliências, incluí{o na procuração origmal outorgada à época pelo Vice-
presidente do lJanco do Brasil, o nome do refeddo advogado Dr' OSWAIDO
TIIIIVISAN. Este fato é fácil de se constataf, bastando obsewar que a assinatura
com reconhecimento pelo cartório na procuração de fl. 123, é a mesma aPosta nos
tcrmos <Ie au«liências de fls. 97 (canto esquerdo) e 136 (canto direito). Isto signifrca
o próprio gcrenre e pfeposto, na qualidade também de substituído foi
r.lizer que
quem deliberada e sem autorização, incluiu o nome de outro advogado que não
figurava originariamentc na procuração.

L)isto se extrai, também, que o Banco do llrasil S/A someÍrte pôde supnr a
ausência de citação inicial, com o substabelecimento (se ainda considerássemos
válido este aro paÍa efeito de argumentação) do Dr. OSWALDO
'fltE\rISÂN aos
atlvogailos que oposeÍam Embargos de Declaração (fts' 172/117), para efeito do
clisposto no § 2o <1o artigo 214, do Código de Processo Civil, ou seia, quando não
poderia mais modificar ordinariamente o resultado danoso ao Banco'

Se o Dr. OSWALDO',fREVISAN não tivesse cometido a gritante falha processual


que deu causa à inte mpestividade do lLecurso Ordinário c de conseqüência ao
trânsito em iulga<to <Ia scntcnça, no mérito, nos 2o e 3o graus de jurisdição, o
resulta<Jo teria se invcrtido,com a improcedência dos pedidos formulados na
pctição inicial, por força da iurisprudência dominante, inclusive à época, do C'
't'ribunal Superior «lo'frabalho, que dizia ser indevido o adicional de caráter pessoal
aos cmpregados do llanco do Brasil (E-RR 46.161 /1992, Ac' 2211/96, Mrl
lrrancisco lrausto, AGERR 23.399/L991, Ac. 1286/96, Min. Vanruil Abdala, E-RR
74.6g0/L993, Ac. 0266/96, Min. Luciano (lastilho, E-RR 28'388/1991, Ac'
0413/95, Min. Armando cle Brito), clue resulrou na orientação J urisprudencial da
sDI no 16: ..Banco do Brasil. ACP. Adicional de caráter Pessoal. Indevido."
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Dcssc modo, concluímos quc:

o Banco do Brasil não foi citado;


não houvc suprimcnto da falta dc citação inicial, pois ^té a r. senteoça de
primeiro gÍau que passou em julgado e por isso exeqüenda, e mesmo até o
..intempestivo", só atuaram e tiveram conhecimento do
recuÍso ordinário
processo pessoas (empregados, geÍentes e advogado) comprometidos, como
partes mateÍiais com o Sindicato autoÍ e flo caso do advogado Dr. oSWALDO
TIIEVISAN, sequer arnPârado por mandato (tácito ou expresso) válido, pois o
instrumento procuratóÍio foi "outorgado" pelo gerente Sr' CEZAR CORIO DI
BUIUASCO - - interessado no sucesso da reclamatória;
qualificável como autor
verdadeiramente, o Banco do llrasil s/A não foi defendido, estando, PoÍ
enquanto, execução «te iulgado que, ante o nanado, inexiste, pois
a sofrer
calcado em pÍocesso que não se constituiu validamentc'

d) Doutrina e Jurisprudências Aplicáveis

Expostas cstas constatações e com ceme nos axiomas provindos dos direitos
<lispostos no arrigo 5o, incisos XXV (função iurisdicional do Listado), LIV (devido
pÍocesso legal) e LV ( direito ao contraditório c à ampla e iusta defesa), da

constituição F'ecleral e no clisposto no artigo 214 do código <le Processo civil, no


..paro a volidade do processo é indispensável o citação do
sentido de que

féU,,, associado ao fato 4e quc na reclamatória sob análise há um único


pronunciairlento judicial que tÍansitou em lulgado (a r' sentença de fls' 131 /143) e
<1ue se [ez, agora, exeqüenda, há que se considerar, com esPeque na doutrina e

iurisprudência que:

"(...)7. SENTENÇAS VICIÂDÂS E A ÂÇÀo RESCISoRIA


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prolatada por qucm não é Juiz ou proterida sem o Pressuposto do


Plo§sssoJudrgul, ou a que nunca fbi publicada oticielmente
sentença é nula ipto l)rrr quando a relação processu'a.l em que se apóia
^se acha contaminada de igual vício. Para reconhecê-lo não se reclama a
ação rescisória, posto que dita ação pressupõe coisa iulgada, que Por
sua vez reclirma, para sua contiguração, a formação e existência de uma
relação processu;rl válida.
Se a sentença foi d'.ttla à revelia da parte- Por exemplo- sem sua citação

ou mediante citação nul4 processo válido inexistiu e'

tempo que se pretender t:âzer cumprir o iulgado- lícito será à Parte


preiudicada opor a exceção dc nuliclade da sentença (artrgo 741, I' do
Código de Processo Civil).
D» dizer PONTES DE IvÍIRAN DA que a sentença existente ou é

inatacável, ou nula ipso iwe, ou rescindível.


Para fazer cair a relação processual nula e com ela a sentença nula
b'astará ao preiudicado maneiar os embargos à execução (se fbr o caso),
ou então alguma ação ou medida semelhante à querela de nulidade (op'
cit., pp. 65-ó6).
Prevê, outrossim, a lei, em tmerus claant' as hipóteses de
admissibilidade da ação rescisóna de sentença (Código de Processo
Civil, art. 485), marcando à parte prazo fatal para seu exercício' Por
isso, observa ainda o douto PONTES DE MIRÁNDÂ que '2 ação
rescisória é remédio lurídico processual extraordinário, razão Por que'
se a sentcnça não existe- ou é nula, cabe ao Juiz declarar-lhe a
inexistência. ou decretar-lhe a nulidade em vez de rescindi-la"' Se por

não se há tle exercer a pretensão rescisórin- que é contra iulEado' (op'


cit..p.84).

9. CÂSOS DE, NULIDADE'IPSO IURE' E DE INEXISTÊNCIÂ


DÀSENTENÇÂ
Rescindíveis são as sentenças enquadáveis nas situaçôes previstas no
art. 485 do Código de Processo Civil.
inexistentes não é fácil
Quânto às sentençàs absolutâmente nulas e às
traçar um quadro quc contenha nítidos raços di[erenciadores'

10
1 "P

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O certo é que, pzra haver ação rescisória. imprescindível é a ocorrência

nulàs #Jl) ut /v e com zls inexistentes'


No traçar as linhas divisónas da inexistência e da nulidade, em m2téria
de sentenç'x, os autores não chegam à indicações precisas e
unifbrmes, scndo comum o mesmo vício scr invocado ora como
exemplo de nulidade, ora de inexstênci4 e até mesmo se chega a usar
indistint:imente :s expressões nulidade e inexistência como se

equivalcntcs [ossem.
A contusão é- no entanto. de menor significado, Porquanto- do ponto
de vista prático. os vicios se equivalem em conseqüências obietivas'
Inexistcnte. a meu ver- é o iulg'ado que não reúne as mínimas condições
matcriiris sequer para aparentar o ato processual que Pretende ser'
Àssim, inexistentes são, como Iembra PON-I'ES DE MIRÂNDA, as
'sentcnças proteridas pela pessoa que não é Juiz, ou que não foi escnta"
nem publicada' (ob. cit., p. 115).
Tanto as sentenças inexistentes como a-s nulas lPro lirz nlo têm aptidão
pard gcr a rcs iudicata GONTES DE NÍIILC'NDA ' apad SU'Y A

PACHECO, ob, cit., no 1'658, p.429). M'as, â sentença nula existe


como tal e até pode produzir algum eteito enquanto não declarada nula'
'O suporte tático é sut-iciente, mas deficiente', no dizer de PONTES
DE MlltANDÂ. 'Â nulidade supõe existência do ato iurídico, mas
invalid:rde...' de sorte que'a nulidade acontece no plano de vaiidade;
não no plano cla eficácia; nem, com mars forte razão, no plano da
existência' (ob. crt.,p. 632).
Sobre o tema, lembra LOPES DA COST,{ que i» nulidades da
sentença 'podem nascer dela mesma', ou podem advir de nulidade do
processo na sua integridade, 'por vício da relação processual' (ob'cit',
III, n'470, p. 452).
Urge, pois, tlistinguir nulidades parciais tlo Processo e nulidade total do
próprio processo. As nulidades de atos avulsos do processo, mesmo
não sanadas 30 tempo de sua prátic4 se não argüidas na oportunidade
atlequacla, tomirm-se preclusas e são def-rnitivamente s'anadas pelo
eteito maior ns iudicata. Assrm, não podem servir de fundamento
Ll:-

p;ra rescindir â sentençâ, nem muito menos p'àra inquinarJhe o vício


d:r nulidadc.

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É, por isso mesmo, conclui PONTES DE MIRÁNDÂ que ' o citado


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(Comentários ao Código de Processo Civil, ed. 1949, v' VI, pp' 431-

432, PÂCHECO, op. cit', II, p. 429)'


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(op. cit., lIl, n' 170, p. '+52).


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(Cóclgo de Processo Civil, 'art. 214)'..". ( Â COISÂ JULGADA E A


RESCINDIBILIDADE DÂ SEN'I'ENÇÁ5 publicada na RJ no 219 -
JAN/96, p. 05, Humberto Theodoro Júnior - Protiessor e Doutor na
Faculdade de Direito da UF'N{G, Desembargdor aposentado do
TMG).

Eis alguns iulgados sobre o tema:

"crTÂÇÃO INICIÂL - INEXISTÊNCh - DECLÂRÁÇÃO NÀ


FÂSE DE EXECUÇÃO - Se não operada a citação inicizl tem-se
como inexistente a própria relação processual e, em conseqüênci4 a
sentença profenda não gera qua.lquer eteito lurídico, cabendo ao iuiz
declarar desde logo e até mesmo de oficio a ineficácia dos ztos
pradcados sem que tenha sido formada a relação processual' Não se
trata aqui da aplicação do art 884, da Consolidação das Iris do
Trabalho ou art.741, I, do Código de Processo Civil, até porque a
inexistência de citação, a nosso ver, pode e deve ser reconhecida e
devedor
declarada independentemente da apresentação de embargos do
ou qualquer outro recurco, afinal seria insensato prosseguir na execução
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a\)
I
de uma sentença protenda em processo inexistente por simples amor à
técnica processual, quando a própria inexistência da citação tornou
ineficaz qu';üquer técnicâ em processo que luridicamente iamars
existiu." (tl{l' 24" R. Ac. 01494/98 -AP 0268/97 - Rel' Juiz Amaury
-
Rotlrigues Pinto Júnior - DJMS 14.08.1998, p. 061 e verbete Síntese
Trabalhista Eletrônica n' 10000473).

" O exrme da anom'alia na citação independe de provocação da Parte,


vmz yez que ao Judiciário incumbe apreciar de oficio os pressuPostos
267'
processuais e as conriições da ação (Código de Processo Civil, arts'
22-481-5-MG Rel' Min' Sávio
§3', e 301, §a')." (SllJ-a' Turma, Resp. '
tle Figueireclo, i. 2.6-92, DJU 29.6.92, p' 10'239 e Código de Processo

Civil de Theotônio Negrão, 26" ed., p. 202)'

e) O Caso Ocorrido perante a MM. f Yara do Trabalho


de Ponta Grossa

1" Vara do Trabalho


A exemplo do ocorrido nestes autos, tÍamitou PeÍante a MM'
de Ponta Grossa os autos de reclamação tÍabalhista n" 416/89' em
que também
Bancátios de Ponta
eÍam partes o sindicato dos Empregados em Estabelecimentos
autos' a MM'
Grossa, como substituto Processual, e BaÍrco do Brasil S/A' Naqueles

JuízadoTrabalhoDra.SuelyFilippetto,iáemfasedeexecução'cu,ovaloÍchegava
do
perto de ll$ 65.000.000,00 encaminhou cópias dos autos PaÍa manifestação
Ministério Público do 'l'rabalho, esclarecendo o que lá havia acontecido de
que
,,
ngistmndo a cluaüdade de ente da abninktraçao ptiblica do Banco do
Brail, aimaliia feimento
dt nonna cottitihtciotul llue asregara at@k deJesa pois 0 i teftiJe de tluem í
parte un procuso á

ittconciüáael, inconpatíuel o?o§/0 a0 du,er dt adr,,ogado da


pule adaersa de exercer 0 tnandato no
itknsse do (Ili 8-906, art. )), Cúligo fu Etica e Discipüru da OAB' artl 5) e dt
crn?ftgar fodor 0s esíorçont clcfesa da c(1ttra aio palrucínio lltc loi
nnfado'"

Naqueles autos, o Procurador ltegional do Trabalho Dr' lronardo


Abagge F-ilho e

o procurador <jo liabaiho Dr. l.uis (,arl«,s C. Buig<, (,ficiatam ícqucícnd1 cÍn

l3
/Àj
1\2
Vp
MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9" REGIAO

'|'rabaho, iúeruindo no pmcesso pelos


coflclusão o seguintc: " í/en o Ministiio Piblico tkt
Proorarlons qu ttbsmaern, ftpftse turpc//] leclaração, por es:v LaM. Jat'io, da itexistêacia de

todos os atos e pruatnciamentls prdíicadlr e examdos a panir da pctição inicial, an deconência


rla aão constitaição de procetso judiàal aálitlo, asirt nconltecendo-v inchdac, e de modo

rlutacatlo, a ittstb:istêacia da r. sniença de Jts. 201 /207 e, por coroürio, de qaaltluer execuçào

deb decomnte, ert fftr oa t1u se pnlenda nali'çar."

Diga-se, por opofiuno, clue aqueles autos são rigososamente iguais à presente
R'f
?20/Sg, com cluas Pequenas diferenças: a) os advogados que atuaÍam naqueles
autos também eram substituídos, ao contrário de nesta reclamatória o advogado
da
que clcra causa deliberada à intempestividade do recuÍso e ao trânsito em iulgado
sentença de primciro grau favorávcl ao sindicato c substituídos, ter sido
inclúdo
fraudulcntamcntc em instrumento PÍocuÍatóÍio não outorgado pelo Vice-
Pre siclente clo Banco do Brasil' mas sim, pelo gerente CEZAR
CORIO DI
Bulu^sco, substituído, consoante acima Íelatamos; b) naqueles autos a fraude
o
consumou-se igualmente, pclo prática dc se recorrer ordinariamente sem efetuar
do
devido preparo corretamente; nestes autos, a fraude adveio da intencional perda
Prazo P ÍL fecoÍreÍ.

Destacam-se trechos da r. sentença de primeiro grau prolatada nos autos de RT


'l'rabalho, Dra' Suely Filippetto, aplicáveis
416/89, pela Exma. Sra. Juíza do
integÍalmeflte ao presente caso, que embora não tcnham acolhido integralmente a
-I'rabalho, extinguiu o processo
manifcstação do ir{inistório Público do Pela
simulação da lide. Ei-la:

\...) Perceb*se le tais fatos qre agiram o§ litiga"kr de fonna a


tt\tuvttldr exislinda de pfthrtsão nistida, qzando na uerdade
bucavatn, coritnlancttle o acolhinento do pedido. A pane passiua fel'
Je Íy?ftse tí)r Por st/eiÍos iatmssados iuidica e economicatneúe no

ixito ld pnntlwo. O dqri:ito nanttlJ^oi t/tttudo u tdlor it/trior uo

deuirlo na irtterposição do notrso onliuiio' Howe deficiência na

de agratto de iuÍntmettlo'
J'onnação do rucurso
t4
1\
,^i
2
MINISTÉRIO PUBLIGO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9A REGIAO

T'ai.r pruiticas nuelan-.çe coatniias à lei, à moral, lenm o detido


?mcerro legal, o princípio do contraditório e a pnipia finaüdade do
?rlccs$. Alastun-se fu ordun jurídica e não são sanadat pelos efeitos
da coisa julgada. Vã0 de e c0 tm aos pincípios runsÍituciomis tQra
nfeidos e à bqdos rluais thaan ser i tetprctdda e apücada a legitlação

ittfratonstihrcional, no caso o diEotto nos artigos 129 e 598 do Código


de Pmcesso Ciuil, de iaciüncia nphtiaa ao ?mcessl do trabaho
(Couolidoção tks bis do'fraballto, an. 769 e 889).
Cotqmnto bem fttndanentado o enlendimetto perflbado pelo

Ministáio Público do'l'rahallto, àsfLs.7285/7297, enhndemos que o

t,ício rltte naa a o tílub execatiao e, por conseguinle, a pftse te

exccltfãl, considerando-sc qae sistetttaticamente a liquidação de senimça


inkgra a exeruçã0, não eÍá a cila{ãl, nas ent todos os atos que te

xgtiratz à propositam da açã0.

Agimn os litigtn*s en cllttiãl, ittulando a rclação procusual para a


oblenção dc tuntagutt un queslão sobn a tlnal tão haúa enlendirzeúo
pacífco. Incommm en Jiaude à lei e ao Pitcípio constitucional do
deaido proasso lcgal (Contituição Fcfural, art. 5", §XV e IJV).

(...)
Não úsbmbm otdra nltçiio a não ser u pmlação de seúença que obste
o fn uisado ltelos litigtnns, c»tl escoPt no art.129 do Codigo de

Procesn Ciuil, aplicárc| stb:idiaiatnenle ao ?rlces§l de exeatção


(Código de Proasso Ciil' art.598).
(...)
No títuk exeaiiao ,tão se nr)estc desta conüçã0, pois frzto de
caso, o

nltção pmcestnl aiciala, onde f79ram as Ye<;es de réu os propios


intenssados no rcstrltado Jat,oniuel da dunanda, dawinrundo pincípios

couslittrcionais e pmeessuais báticos, euidetiando a utili7ação indeuida


do pmnssa
No qae tatge à pwsibilidadc de o juilpronunciar de oJício a nulidade

da exeatçã0, ARAKEN DE ASSIS cita o seguinle preudente da 3'


'l\rwa do SupeiorTibunat de Juaiça: 7tão se naesthdo o tíí lo de
t5
íL) 7)

rutusrÉnro PUBllco Do TRABALHo


PROCURAOORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9A REGIAO
2r
%
lirlnide'4 certeg e exi§bilidade, condições basilarvs exi§dat no processo

de exeaqã0, constitui-se eru nulidade, totno úcio fundanental; pofundo

a parte aryiiida, irdrpeudentnmtte de ettbargos do deuedor, assirt,


torto pode aotpft do Jú'4 detlarar, de ofíio, inexistência desses

pressttposlos Jbnnais conleruplados na lei processtnl ciuil' (/\4anual do


Pronsso de E xecaçã0, 5" ediçã0, Editora l\cvista dos Tibanais, SP,
1ee9, pág. 2'te).

Perfilhando a lQ'ao de,4It4KEN DE ASSIS ua obra citada, pág-


248, a qum peço uênia nais ttnla at<?ara traumuê-lc Em úrtude
da colocação istenáticu da tzatiia, se te fa qxu ?ron ncie a nttlidade
íulo extittgirá 0 Prlce$o sem julganenlo do
rla execnção por uhio do
náito (art.267, IV)'. IuEo EXTIITITO o Processo, nos
termos da fundamentação suPra."

Desta decisão, tanto o Sindicato como o Ministério Público recorÍeraÍn (o MPT em


função do oão acolhimento da tese da nulidade do processo a partir da petição
inicial).

Por meio «lo v. acórdão n" 2877 /2001, a 1" 'l'urma do E. 'lltT por maioria de
votos, vencido parcialmcnte o cntão Juiz Classista Wiison Pereira, reieitou as
preliminares dc impropriedade do (ecuÍso, lalta de recolhimento de custas,
ilegitimidaclc do sindicato autor, lcva'ntadas pelo executado e no mérito, deu
provimento ao Agravo de Petição Adesivo do Ministério Púbüco, analisado
preferencialmente, para, acolhendo a preliminar de nulidade de citação,
determinar a baíxa dos autos à Yara de origem paÍa que providencie a
regular citação do réu, dando prosseguimento ao feito como entender de
direito. li por igual votação, julgou prejudicado o Agravo de Iretição do Exeqüente
(Í1s.7612/7624 - dos autos dc llf 416189).

Pclo brilhantismo do voto, vale a pena destacá-lo

"'Pois bert.
l6
,rpÜ
.1q 4

MTNISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO


PROCURAOORIA REGIONAL OO TRABALHO OA 9A REGIÃO

zl notifcação itticial é ato jilicial th naior itnport,ôncia, porqae d

atraút dela, tlue rü ciêruia à pane pasiaa tla existêuia da açã0, a

fin de qm apftse te ma ngular defev, qaentdo.


No do trabaü0, a notificação ten sido endençada à patte
processo

pasiua atrauu tla Enpnsa Brasileim de Comios, contra ncibo,


pntttniado-st uálirk a tolifcação enlng e ,t0 etdenço e pam
erupngado da n.
No taso rlos a ot existe o aviso de rvcebinento, qtu se ercontrajuntado

àfl 1ü, uerco.


A partir da notiJicação foran praticados lodos os alos processaais, Ete
arbninaram cun te (a cotdetahiia, qae nndeu efire.io a ftc rÍo
v
ordintiio, que tão foi ncebido lor deserto. Dessa dexrção szrgiu

Agrat,o de Instnorutto, qm não loi clnl)ecidl por ná fontação' E, por


isso,loi interpoila Ação l\tstisriia, que cbegott atá o E- STF, mas não

obteue êxito por(lae ã0 alacdaa se te ça de ttíito trd'$itadt e'//

jilgtdo.
Ào qu pance à naioia ia 'funna, tem ra7õo a innrgância do

Miili.ítéio Ptiblico do Trabalho. Se a mtifcação loi endençada à


agincia lc Pottta Gmsv, inegiuel tlto teia sido rcnbida por enpngado
do barco e, portartlo, sttbstituído pruessuabnente. Isto ignifca di'ryr

Eft era parte atim, Yb o enJoryrc ttateial


Se a notifcaçãoloi nctpcionada por er@ngado do edtfício onde firciom
o setorjnidico tlo barrco, ten-se que duüauada a sua desÍinação'
Alhn disso, a nolifcação Joi *fciente para todas as dghtciar, q e

kian tornpanritlo espontamartente'.


.f

.wb ídos au notÍltatullt adlogado5 que tambint eratn

eúrtit ílos.
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17
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1\

MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO


PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO OA 9A REGIAO

(...)

jú79s e lllcrttt de uduogudu


O fato tle tar hauitlo a atrução de ariiw
não aJasla esÍa conclusã0, pois cortformados à ípua, pek idáia de
exi$ênciu irrcoatonút'el fu nisaittlgada." (íls. 16't8/1620 - autos

dc RT 41(,/89)

Assim, requer-se desde iá a nulidade de todos os atos praticados, declarando-se a


inexistência de todos os atos e pronunciamentos a Partir da petição inicial, em
dccorrência da não constituição de processo judicial válido, assim reconhecendo-se
inclusive e de moclo destacaclo, a insubsistência da r' sentença dc pdmeiro grau de
í\s. 137/143 e por corolário, rje qualquer execução dela decorrente, em curso ou
que se pretenda rcalizat

sc por remota possibiliclade não [or admitida a inexistência da citação ou a sua


nulidade, sob o entenclimento de se tcf coÍrsolidado a coisa iulgada, temos ainda a
considerar o quc seguc.

J SIMULAÇÃO DA LIDE. COLUSAO.


EXTrNÇÃO DO PROCESSO

Sc não acatada a tese da nulidade do proccsso, dcsde a petição inicial por vício de
citação, tcm-sc também não se podcr fugir da simulação da lide, nos termos do
dc _Processo Civil , aplicável subsidiariamcntc ao ptocesso do
trabalho, pois cabe zo iúz prolatar sentença obstando este fim visado pelos
litigantes.

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,aê
1
7n»
MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURAOORIA REGIONAL OO TRABALHO DA 9A REGIÃO

No caso cm exame, a simulação está cristalinamente comprovada pelas provas iâ


cxistentes nos autos. Os litigantes incorreram em fraude à lei e ao princípio
constitucional do devido processo legal com a seguintc prática:
1) o Sindicato aiuiza açío trabalhista, na condição de substiruto processual de
emprcgados substituídos quc pÍcstam serviços nas agências de Uraí, Assaí e
Santa Cecíia do Pavão, em face do Banco do Brasil S/4.
2) A citação inicial é endeÍeçada à agôncia do Banco na Cidadc de Uraí, localizarda
na Âvenida Iüo de J aneiro, 600, e recebida por algum empregado do Banco, que
tambóm é substituído, ou scia, pa4g.atl"yâ_{qâIçsl.
3) Em seguida, o geÍente da agência de Uraí Sr. CEZAIT CORIO DI IIURIASCO,
substituído e portanto p fie úiva, material e interessado no resultado positivo da
Dr. OSWÂIDO TREVISAN, fazendo
causa, outorga procuração ao advog'aclo
incluir seu nome cÍn instrumento pÍocuÍatóÍio pâssado exclusivamente pelo
Vice-Presidente do Banco do Brasil Sr. Francelino Pereira dos Santos, do qual
o Banco do Brasil conseqücÍrtementc desconhece.
4) Estas duas pessoas, o Sr. CEZAR CORIO DI BURIASCO bem como o
advogado Dr. OSWALDO 'I'IIEVISAN comparecem às audiências designadas,
oferecendo aparentes defesas em nome do lJanco ao qual dizem representar.
5) Após a prolação da scntença, oDr. OSWAIDO 'I'REVISAN pratica esquisita
falha proccssual dcixando escoaÍ o pÍazo p^Ía. interposição de Recurso
Ordinário, o qual foi protocolado somente após 15 dias do útimo dia imposto
por lci, ocorrendo o trânsito em julgado da r. scntença de primeiro grau,
favorável ao geÍente Sr. ClrZAll CORIO DI BUILIASCO c a todos os demais
substituídos.
6) Em segurda, estranhamente, o DÍ. OSWAI,DO TIiEVISAN substabelece seus
nunca obtidos podeÍes para outros advogados do banco, os quais não mais
conscguiram reverter o resultado do julgamento de primeiro gÍau, em função da
intempestividadc a que dera causa e ao conseqüentc trânsito cm julgado.

Pela exposição destes fatos, pcrcebe-se trâtar-se de uma lide simulada, sendo o
decisório desfavorável ao Banco do Brasil, o reflcxo dcsta colusão entÍe as partes,

l9
rf ,ry
MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
pRocuRAooRtA REGIoNAL Do TRABALHo oa g" nectÃo

cujos intcrcssbs sc confundem, com o 6m de fraudar a lei e galgar o bencplácido


financeiro ao arrepio do erário público.

O tínrlo executivo, citando novamentc a eminente Juíza do Trabalho Dra. Suely


l"'ilippetto, nos autos de ItT 416/t]9,"ttão.re nt'eÍe desla coiliçãtt, poisJnÍo de nlação
]troassnl úciatla, orde figratn as turys do ru os fn$ios inhnssados
m nsaltado faaoníul da
rlettaula, desairtaailo pirtcípios constitaciouis e proces:aais básicot, eaideuciando a atiliiação

ituleúda do pmnssd', merecendo pois a r. sentença de fls. 137 /743 ser declarada
inexistente, com a extinçào do processo sem julgamento de mérito'

Se o processo não for anulado pelo vício da citaçío inicial, requer-se

sucessivamentc a vossa Excelência, a extinção do processo, em face da evidente


simulação da lide, fruto de colusã«> praticada pclas partes, com basc no artigo 267
do Código de Processo Civil.

4. COISA JULGADA NATUREZA


RELATTVA

Em magnífica petição inicial de Ação ltescisória afortda pelo Ministério Público


do Trabalho da 11" Região-ÂM, tendo como réus o Sindicato dos Emprcgados em
Estabelecimentos Bancários no llstado do Amazonas e Banco do Brasil S/Â,
Exmo. Sr. Procurador do Trabalho, Dr. Marcus Vinícius
apresentada pelo
Gonçalves, cm caso muito semelhante ao dos presentes autos (vício de
citação/colusão), tratou-se do tema re[erente à relatividade da coisa iulgada, ao qual
pedimos vênia para transcrever ttechos da inicial, pertinente em tudo sobre a

questão oÍa posta â exame tleste N{M. Juízo do Tmbalho:

"Muito se tcm «liscutido accÍca da nccessidade de mitigar o rigor da coisa julgada.


O valor da segurança das relações jurídicas não é absoluto no sistema, nem o é,
portanto, a gaÍantia da coisa iulgada, por<1ue ambos devem conviveÍ com outÍo

20
'7ü /Qd-

MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO


PROCURADORIA REGIONAL OO TRABALHO OA 9A REGIAO

valor dc primciríssirna grrndcza, que é o da iustiça das decisões iudiciárias,


consdrucionalmcnte promctido mcdiantc a gartnúa do accss<.r àJusuça.

I-Iá de se tcr por nortc, como conscqüôncia, a neccssidade de equilibrar

adequadamcntc, no sistema do processo, as exigências conflitantes da ccleridade,


que ravoÍccc ceÍteza" das rclaçôes iurídicas, e da ponderação, destinada à produção
^
resultados justos. O processo deve ser realizado Íro menoÍ temPo Possível, Para
<Je

deírrir logo as relações existentes entÍe os litigantes e assim cumPÍir sua missão
pacificadoÍa. Mas, em sua realização, clc também deve oferecer às partes meios
adcquados c eFrcientes para a busca dc rcsultados favoráveis, segundo o direito e
a justiça, além de exigir do iüz o intcgral e empenhado conhecimento dos
elcmentos «.la causa, sem o que não poderá fazer iustiça, nem julgará bem. A síntese

desse indispcnsável equilíbrio cntÍe as exigências conflitantes é'. o proces.ro rhu ser

rcaüiado c pmduir resaltados eskit,eis lão logo qruúo positel, sern q e Ntt isr'o se ir ?eça o

pnjtdiqtu u jtuliça dot nnltalos qte eh prodt$ni-

Não podc transformar o processo em um fim em si mcsmo, mas deve-se sempre


se

ter por ideal que sua existência só se iustifica como meio para a rcalização do
direito material. A situação, pois, está a cxigir um Judiciário participativo, zeloso
,nenhum intetesse de classe ou
que PaÍticulaÍ Prevaleça sobÍe o interesse
público', na cstcira do quc sabiamentc disPõc o 80 t,

'l'rabtlho. A ordem constitucional não lolera qae st eÍeni'4nt iQaÍiçus a


das I tis do
pfttexto rle rúo eleni3tr litígios, defeÁÍrdo-se supostos direitos a quem não os possü'
em iletrimento de terceiros e do Erário Público' em especial'

 verda«lcira finalidade do processo, como instrumento destinado à composição da


licle, é fazer justiça, pcla aruação dâ vontâdc da lei ao caso concÍeto. Deve-se
abanclonar a iclóia do proccsso como frio método dc compor litígios, para se
tÍansformar cm veículo dc satisfação do dircito cívico e fundamental de todos à
tutela iurisdicional. Visto como garantiÀ dc acesso à J ustiça, no mais amplo e
irrestrito sentido, o devido Processo legal apresenta-se como o Processo iusto,
isto é, o instrumento que não apenas serve à composição de litígios, mas que
2t
1)

MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO ü


PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO OA 9A REGIAO

assegura a melhor e mais justa solução do conflito, segundo os padrões éticos e os

anseios gerais da justiça do mcio social.

Deve-se afastar a crença dc que a coisa iulgada é algo absoluto, capaz de. fazer,
como cra hábito dizcr, o branco em PÍeto c o quadrado redondo. A ciência do
direito é esscncia.lmentc nonnativa. I-Iá, portanto, de ser vinculada à realidade do
mundo que rccebe a sua aplicação e ao estado das coisas. A sua concretizaçío rrão
pode ser feita de modo quc sejam transformados fatos não verdadeiros em reais,
provocando, assim, choque com o racional e com a orgarização natural e matedal
dos casos vivcnciados pelo scr humano c pela sociedade.

se outro rumo for da<io à ciência jurídica, que não o de buscar o iusto, ela assumirá
características {e uma ciência triste, a ser desacreditada pela socicdade. Um dos
patamares a ser explorado, a frm de quc essa situação apÍesente-se consolidada, é a
vinculação absoluta que deve ter aos princípios da legaüdade e da
moraüdade. Ambos com destinações diversas, porém, interligados de modo
absoluto.

A clccisão iudicial, exprcssão maior da atuação do Poder Judiciário, devc expressar


compatibilidadc com a realidade das coisas c dos fatos naturais, harmonizando-se
com os ditames constitucionais e seÍ escÍava obediente da moralidade e da
legalidade.

cândido llangel Dinamarco (em alvissarciro artigo publicado com o título


Relativizar a Coisa J ulgada Material) adverte que não se deve levar longe demais a
autoridade da coisa iulgada, desconsiderando algumas premissas, eÍrtÍe as quais, 'a
ttoralitlade administratiua como aalor constilt/cilflalmente pmclanado e czja efetiaação á óbice a
essa a toido(lr em nlação a jalgatlos abnrdanente biaos ao Ettado', ' a garantia constihrcional

do acesso à orulen jurítlica jusÍa, que @ele a penniTação de julgados abenanlnnente disnupantes

rlos ditarrus da jastiça e út eqiiidade' e ' o catíter excepcional da diEosição a lexibiüryr a

aatoitlatle da coisajttlgada, *u o qnul o isler uPronss alpedeia uliüdade e conJiabiüdade,

uerrê da i ttgtra {a tl e isso gerai(t.'


))
/1
;
"n
MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL OO TRABALHO DA 9A REGIAO

Âfirmanclo que'exigir pagattento aütt tlo mlor nal inpüca dano ao Estado e nÜraje à
noralitlatlc atÜnitúslrafiaa, consfitrcionabnente exigida', o ilustÍe processualista e
<.lcsembargador paulista discorte pausadamcnte sobrc a observância da moralidade
administrativa nas condenaçôes cnvolvendo entes públicos, prelecionando, i1ú
lmi.ç

,Essa
cotnulatiuitlatle, sen a qaal túo hti jtutiça, é rvforçada, na ordun constitttcional
brasihira, pela sobne af nnação tla noralitlade adniústratiaa cotno t'alor a ser ohjeÍo
dc mtita aknção pclo Estado, por !'eus SoDenM tes, por 5e s cidaüos e por Y s
jttíps (Cour., art.5", inc. L.)(Xlll).
Lte! I_.opes Meirvlbs, que hri rruito uiilta expondo idéias sobn a n1mlidade
utluittislraliua, rtor'lm q e ela úo coincide corn a moral comttm ma§ wsolae-Y na

ftletirlarle às aomtas irnnntu à Adni»istral'ão Púbüca. Inuocatdo Haaioa, dii quc

o atlttiai rador ,ao


ahnr, não teri dc decidir sotneth enhv o legal e o ilegal, ojtsltt
c o irljasto, o conueniente e o inrunuetiente, o nPortu o e o inoportuno, r as tanbé'n

erttru o honesto e o desonesto.' Ele 'não podeni desniar o ehnenlo itico fu ma


coatuta'.(...)
Iü:-tlfa qae o conceito de toralidade adninistratit,a coinàde cott a idéia de rylo J>eln
palinônio noml e naÍerial do Estado e dos demais uths ptibücos; não só os pnipios
adtnittistratloru são o.ç instiÍtrcionai-ç gmrdiões d/,sse aalor, cotno tambhn 0s furtais

órgãos eilatais e tambátn o poto. A Conttitttição Federal naniJesta essa intençã0, an

utz prineiro plano, ao dar aos irttcgrantcs do poao, que são os cidaüos, lcgilinidade

pura buscar da Jus@a a obteruârria dos padrõu extgíueis de noralidade


administratiaa (art. 5", irrc. LXXI\I) e, c\rnqo de tenenÍe, ao oatorgar aos jttí'(es

o potler Jaryr e controle da noraülude e da inpmbidade.


de Tanbht ao coagnsso
Nadonal á tofirtido o poder-det'er de controlar as co la§ do Chefe do Podff
Exectttit,o (art.19, itc. IX) e, de tun l/todo geral, 'a Jixali4tção contribil, f nan*int,
orçuneakiia, operacional e palrinonial da ll tião e das entidades &t adninislração
dinta e intlinta' (art.70), phra 0 llae toulará con o attxílio Íécnir'o do Tibmal de

Corúas tla União (art.7l). (ortJiruu-se, porta,ttl, qtte 0 e (utgo de i9ltr pela

23
r\) rí
MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO OA 9â REGIAO

ruoralidddc adnitistraliau é difm e tft os organivttos estaÍa* e uunbms do

útqngd do p o/íti('o de t otni aado p ouo.

Nelrie qrudm, tão é jtnla una indeúigção En rá exlraorditarianeníe alirn do


talor tb nenado do be»t, porEe, ao co radar a ngra da noraüdade administratba,
cla estani ut choqae con 0r pi)pios objeliros do Elado, Íraçadot m Constiíuiçã0.

Jutiça i, na lição senpn nsptitada de Norberto Bobbio, a comsponüncia da nonna

cott os aalons titimos e


frnis qtu irupiran un detentinado ordenanento juidieo, É
licito di'49n parafmuailo o grande petsador, qte Pet& ntdr se utza indtni1ação é
jrcta oa itituta signfica perg lar v cb é ott não apta a dtuar eqtilibradamente o

ualor da garantia da propiedade e o da moralidade adruiniilrativa, plaúados na


Conlitaição Federal'

À pcssoa juídica <1uc figura no pólo passivo da rclação jurídica processual é


n()lnla integrante da administração pública inditeta,
submctcndo-sc ao rcgÍamcnt() constitucional constaÍrtc do artigo 37, em especial,
no que tange aos ptincípios lá insetidos, em seu ,Ertt, " hga/idade, inpesoaldade,
uoralitlade, pililicidate e eJiciêtcid'. O llanco do Brasil, como é cediço, possui
administração, patrimônio e capital formados pela participação maioritátia do
Pocler Público, complemcntado pelos acionistas particulares, sócios minodtários.

 todas as luzes, os fatos narrados demtinstram claÍamente que a demandada, por


seus ÍcPÍcsentantes, Praticou uma sórie de atos cm total dissonância com os

dogmas constitucionais, em especial os da moralidade administrativa e da


legalidade.

Seus representantes agiram de forma a aparentâÍ a existência de pretensão resistida,


quando almejavam, na realidade, o acolhimento do pedido. Tal como ocorreu no
feito que tramitou no Paraná, atrás comentado, a parte passiva fez-se representar
por suieitos interessados iurídica e economicamente no êxito da pretensão. Não
obstantc o oferecimento dc algwtta tv$lrta, tais fatos foram praticados por quem
detinha interesse na vitória da pretensão formulada e estavatn scmPÍe fadados, a
pioi, ao insucesso, como visto.
24
4,
ü,ry
MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9' REGIÃO

Como müto bem o disse Sua Excelência a Juiza do Trabalho Suely Fillipetto,
aliando notável conhecimento e sensibilidade ,'Tais práÍicas npelam-se tontúias à hi, à
noral, fenn o deaido processo bgal, o pirtclpio do couraditóio e a pnípia f nalidtde do pmntso.
Alastan-se da orden jttidica e aão são sa»adas pebs eleitos da coisa jilgda'.

O culto Ministro do Superior Tribunal de Justiça José Augusto Delgado (em


festejado artigo publicado com o título dc Efeitos da Coisa Julgada e os
princípios constitucionais) é incisivo <luanto à vinculação das decisões
udiciais aos preceitos constirucionais da legalidade e da moralidade
f

administrativa, propondo, mesrno, o reestudo da coisa iulgada c dos seus efeitos,


afirmando que a busca da Fr-ração de nov6s princípios a regêJa s<i tcm sentido se
for voltada a nas

A tanto devem se curvar a douttina e a iurisprudência, em uma


«lecisões iudiciais.
homenagem maior à cidadania. Âfirma que 'autca bá de ser aànitido, cono ntho
co stalle à denocracia c aos t,alons qu ela apngoa, ser a coisajulgila utiliryda pam a pnilica
de esteliorutos pelas uias prunsmais, dtsconltecetdo-se os pincípios éticos pnsenles em qualquer

ripo de nlação (fiaanaira, etonÜtica, política, social, educaciorul, nügiosa, comercial, inútstial e,

etpeciahneate, jarílica - nahial ou fomtal).'

Apregoa o ilustre magistrado que não se pode 'conceber o ntonhecitnento de força absolula
julyda qtundo eb ale ta co Íra a n\raüdade, cütlm a legaüdade, contra os Pittcípios
da nisa
maions da Constitttição Fedeml e clrúra a nalidade irilplsta pela ahov'<t. Não posso aceitar,
efi Íã0 co sciêlcia, t1tte, e7 1rte da segtrança jridica, dtsmomm itegahrtett* paiimôtiot,
obigae o Esktdo a pagar ideaiiaçõu iudeaida.r, faahnmle, qae desconhcça que o branco é

branco c Erc a uida rão pode ser coniderada rtolíc, nem uice-uersa'.

O pensamento do iurista José Augusto Delgado vem alicerçado em Íobustas

premissas, algumas das quais abaixo reproduz-se, à guisa de ilustração, ipis litteir

'a) o princípio força da coisa iulgada é de natureza relativa;


b) a coisa iulgada não pode sobrepor-se aos princípios da
moraüdade e da legalidade;
25
4. í\'
2
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROCURAOORIA REGIONAL OO TRABALHO OA 9A REGIÃO

c) O Poder Judiciário, ao decidir a lide pelos juízes que o


integram, cumpre missão estatal de natureza absoluta, com
função destinada a aplicar, de modo imperativo, as
estruturas que sustentâm o regime democrático;
d) a sentença judicial, mesmo coberta com o manto da coisa
iulgada, não pode ser veículo de iniustiças;
e) o decisum ludicial não pode produzir resultados que
materializem situações além ou aquém das garantidâs pela
Constituição Federal;
f) a carga imperativa da coisa lulgada é impositiva da
seguÍança iurídica, esta não se sobrepõe â outros valores
que digrrificam a cidadania e o Estado Democrático;
(...)
l) a sentença transitada em iulgado pode ser reüsta, além do
plazs+aljl.te§§i§óIla, quando a iniustiça nela contida for de
alcance que afronte â estrutura do regime democrático por
contar apologia de quebra da moralidade, da legalidade, do
respeito à Constituição Federal e às regras da naturezal
m) a segurança iurídica imposta pela coisa iulgada está
ünculada aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade que devem seguir todo ato iudicial.'

Extremamcnte válidos, também, os cnsinamcntos do Ministro !íagner Pimcnta, do


Augusto 'lribunal Superior do Trabalho, cm acórdão dc sua lavra, ntulalis tnúandis,
aplicáveis âo caso em liça, ao analisar argumentação de preclusão em coteio com
o constitucional princípio da moralidade administrativa, ex vi do artigo 37,
cuptrt, da Carta Magna, cm que preccitua:

'ruicl-{MÂÇÃo conRErcroN,{L. AGRÂvo REGIMENTÂL


CONTRÂ DECISÀO DO MINISTRO CORREGEDOR-GE,RAI.
PIU]CATORIO. MUI,TA. PRF-CUBÃO. PREVAIÊNCIA DO
PRINCÍPIO DÂ MORALIDADE PÚBLICA. o Juiz da execução não
está subordinado aos cirlculos das partes, competindo-lhe verit'icar se as
26
aI
,t ) t)

MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO


PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9A REGIAO

contâs oteÍecidâs guardam contbrmidade com os limites obietivos da


coisa julgada exeqüend4 principalmente quando uma das p'artes é ente
público. Por essa razão, clcsde que o va.lor executado ultrapasse o limite
da razoabilidade, autorizanclo que se Presumâ a ocorrência de graves
equívocos na sua elabomçâo, não há falar em preclusão, devendo
preva.lecer o princípio constitucional da moralidade administrativa, que
visa a proteção, entre outras coisas, da res public4 ainda que esteja
àmeuçàda por incúria dos Procuradores do Estado. Determinação pelo
Orgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho da tealbaçío de
novos cálculos.
(...)
Primeiramente, cabe s'alientar que este Processo é daqueles que exigem
máxima aplicação do iulgador, não apenas em conseqüência das altas
quantiâs que ele envolve como também, e princiPâlmente,

considerando o princípio da moralidade administratrva.


(...)
Toclavia, oTribunrrl Superior do Trabzrlho tem uma elevada
responsabilidade para com a nâção, Para com a sociedade, que não
pode pagar pela mazel^ de funcionários pouco aplicados e pela inércia
dos órgãos administrativos da União.
Com eieito, o valor a que se ret'ere â ordem de seqüestro refoge ao
limite da razoabilidade, autorizando que se Presuma a ocorrência de
sérios equívocos na sua aPuração
n r( tnc n

n () l-T 1

aoontldl.
Pondere-se que a despeito da atuação Pouco competente dos senhores
procuradores aÉ então designados para acompanharem alguns dos
processos movidos côntrà o lnstitr:to Nacional do Seguro Social e do
fato de as sentenças exeqüendas iá se encontrarem liquidadas e os seus
valores inclusive iá previstos em orçarlento, ao iítzo cabe velar para
quc o llstado pague, como qualquer devcdor, 6o somente o que deve,
não se podendo admitir, a despeito de eventual incúri4 que a res

publica seia dilapidada.


(...)

Âgon4 absolutamente convicto quanto à melhor posição, entendo que


o princípio da preclusão deve ser avaliado em consonância com o
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MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURAOORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9" REGIÃO
.\.

/ I
princípio constitucion'.rl tla moraldade pública e, caso há conflito entre
ambos, deve prevalecer este último, a fim de que se preservem o
patrimônio público e sobretudo, os direitos da sociedade.' (^G RC

239.611/96-5,4c. OE 8/96, publicado no DJU de 12/4/95).

'fem-se como claro, Portanto, que não se pode converter o processo em modo de
obter-sc enriquecimento ilícito, desconsiderando que o rnesmo é um mero
instrumento cle paciÍicação social e se olvidando que toda exegese legal e qualquer
decisão iu<ticial, com esteio no que sabiamente dispõe o artigo 50 da ki de
Introdução ao código civil, deve teÍ poÍ f1m o bem comum, satisfazendo os
interesses da sociedade <1ue editou a floffna, e não o intcrcsse Particular de um ou
outÍo, eÍn dctrimento clo erário público, cm espccial. Não menos previdente foi a
legislação laboral, ao disciplinar, textualmente, no artigo 8o, cEttt, da Consolidação
das I-eis do 'Irabalho, Í1 nh de Ític reval

sobre o intcrcssc público; aqui tão arrostad<>, como foi visto.

'frilhan{o por esta senda, soa inadmissívcl a obtenção em Juízo, às custas dos

contÍibuintes - considerando tÍatar-se de sociedade de economia mista federal - e

dos demais acionistas minoritários, de vantagem ilegal e inconstitucional, consoaÍlte


-l'ribunal Superior do 'frabalho. Esta não é a
entendimento consagrado pelo Ínclito
Frnalidade do processo. Procedimento dessa natureza é deveras preiudicial à

sociedade, scndo extÍemamcnte temerário, também, ao próprio Estado de Direito,


que se vê ameaçado na medida em que sc assiste calado ao uso de um instrumento
criado para servir à socicdade que, todavia, volta-se contÍa essa mesma sociedade,
esbulhando-a de valores a que, efetivamente, rráo fazert ius os litigantes-
substituídos.

'Iese jurídica alguma dcve ser abrigo a pretensão dessa narureza, poÍ 1r corltÍa a
própria finalidade do processo. Não se deve olvidar que o Processo não constitui
um frm cm si mesmo, e sim mera forma de concÍetização da atividade jurisdicional,
cuia missão é dizer o dircito no caso concreto, Para quc Possa alcançar seu Frm
social. ()u scia, scu d sidcrato é ar o d'ircito matcrial dicado a qu cmo

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MINISTÉRIO PUBLICO OO TRABALHO
.\

»g
PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 9" REGIÃO

efetivamcnte clctém. Jamais cleverá ser utilizado PaÍa sc fraudar a lei e preiudicar a
sociedadc, vaten<lo a precisa advertência fcita por Dinamarco (op.cit.), no trecho a
seguiÍ tÍanscÍito, it f ne
'NÍais de uma vez Eduardo Couture escreveu sobre a admissibilidade e
meios de revisão ju<licial das sentenças coberlx pela coisa iulgad4
particularmente em relação a ordenaÍnentos iurídicos, como o do
Uruguai àquele tempo, cuia lei não consagre de modo expresso essa
possibilidade. Preocupavam o
príncipe dos processualistas latino-
americanos as repercussões que a fraude pudesse proietar sobre a
situação jurídrca <Jas pessoas (partes ou terceiros), ainda mais quando os
resultados da conduta t-raudulenta estiverem reForçados pela autondade
da coisa julgada. Disse, a propósito desse elegante tema' que a
consagração tla fiade á o deqnttigio náximo e a tq$o do dinito, Joau

incesuttte rle derLú le tar?rerúl do pon e buda à hi'."

De todo o exPosto, vemos com absolutzr clareza que a coisa iulgada formada em
decorrência da r. sentença rle mérito de primeiro gÍau, não Pode PÍevalecer em face
do princípio da moralidacle administrativa e legalidade , devendo ser Portanto
desfeita para o flrn de sc anular o Processo desde a citação, inclusive'

sucessivamente, se não acolhicla esta tese, importante se atentar para o disposto


no

polêmico art. 884, § 50, da consolidação das Leis do Trabalho, wrbit "consideta-
u I lei ou ato normativo declarados
lnconstltuclonals pelo Supremo Tribunal Federal ou em aPlicação ou
rnco IS ão ral". No caso
'I'ribunal Federal
o tínrlo juclicial está fundaclo em interPÍetação {ada Pelo SuPremo
de que o Adicional de catáter Pessoal confcÍido aos funcionários do Bacen, não se
estende aos empregados clo Banco do llrasil s/4, por ferir o art.5o, inciso XXXVI,
cia Constituição Fcderal, rclativo à coisa iulgda.

São várias as decisões do C. Supremo


'l'ribunal liedenl Íreste diaPasão, consoante

abalxo transcrevemos, a tínrlo de cxemplo:

29
§\

MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO


PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO OA 9A REGIAO

"EMENTÂ: RECURSO
EXTRÂORDINARIO.
CONSTIf'UCIONÂL. TILTBALHISTA. ÂDICIONAL DE
CA]L4.TER PI]SSOAL. VANTÂGEM DEFERIDA AOS
SERVIDORES DO BANCO CENTITÁI. EX'IENSÃO ÂOS
FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL. INEXISTÊNCIA DE
PREVISÃO EM CI-ÁUSULÂ DE SENTENÇA NORMÂTIVÂ.
INÍPOSSIBILIDADE.
1. Sentença normadva em dissídio coledvo. Equrpatação salarial entre
os servidores do Banco Central e os do Banco do Brasil tão-
somente quârto ao vencimento-padrão. Direito à percepção do
.Âdicional tle Caráter Pesso'al. Inexistência." @-.E' rt" 243'423-0'

MG, Min. Marco Aurélio, DJ. 07.i2.2000).

No corpo destc v. acórclão, no voto do eminente Min. Marco Àutélio, extrai-se o


seguinte texto, conrlrmando a interpretação dada pelo c. sTF sobre o tema, que
Íevela a causa da inexigibilidade do tínilo executivo:

"Ora, diante destes parâmetros, forçoso é assentar que a Cone de

origem acabou esvaziando a equiparação acordada e obieto de

homologação no dissídio coletivo. Por isso, tenho como infringido o


nstl F

li também:

"EMENTÂ: CONSTITUCIONAL. TRABALHO. ÂDICIONAL DE


CÂRÁTE,R PESSOAL. BÂNCO CENTRAL DO BRÂSIL E BÂNCO
DO BRÂSIL.
I - A equiparação de vencimentos entre os servidores do Banco

Central do Brasil e do Banco do Brasil é restrita ao vencimento-padrão,


que não inclui o adicional de caráter pessoal.
II - R.E. conhecido e provido". G.E. to 196.437-5-PR" Min'

Carlos Velloso , DJ. 26.02.99, recorrente Banco do Brasil

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r'IIruISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO ü
PROCURADORIA REGIONAL OO TRABALHO DA 9A REGIÃO

S/A e recorrido Sindicato dos Empregados em


Estabclccimentos Bancátios de Paranavaf .

Assim, comprovada pclas cópias iuntadas com csta intervenção ministerial que a r.
sentcnça exeqüenda funda-se em interPÍetação dada pelo C. STF tida por
incompatívcl com a Carta Magna, requer-se seja declarada a sua inexigibilidade,
extinguindo-se o processo sem julgamento de mérito.

6. REQUERIMENTOS FINAIS

De todo o exposto vem o Ministério Público do Trabalho, intervindo no pÍocesso


com base nos artigos 127,129,II, da Constituição Federal bem como nos artigos
83, lI e 84, IV da tri Orgânica do Ministério Público da União n" 75/7993
ITF,OU F,III]II:

1) a declal:Lçio da inexistência de todos os atos e pronunciamentos Praticados e


exarados a partir da pctição inicial, em decorrência da não constituição de
processo judicial válido, assim rcconhecendo-se, inclusive e de modo destacado,
a insubsistência cla r. sentença de fls. 137 /143 e, por corolário, de qualquer
execução dela decoÍÍente;
2) succssivamente, a extinção do processo, em face da evidcnte simulação da lide,
fruto de colusão praticada pelas partes, com base no artigo 267 do Código de
Processo Civil;
3) ainda, sucessivamcntc, anulação do processo desde a citação, inclusive, por
afronta aos princípios da moralidade administrativa e legalidade;
4) por fim, sucessivamente, a dcclaração da inexlgibilidade da r. sentença exeqüenda
por teÍ o c. supremo Tribunal Federal dado interpretação à matéria iurídica lá
decidida incompatível com a Carta Magna, nos termos do §5', do artigo 884, da
Consolidação das kis do Trabalho, extinguindo-se o PÍocesso sem iulgamento
de mérito.

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MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA REGIONAL OO TRABALHO DA 9A REGIÃO

llcquer-se outrossim seja recebida esta pctição com os documentos que a

acompanham, bem como a produção, se necessário, de todas as pÍovas admissíveis,


inclusive via documentos, depoimcntos, periciais etc; a notificação pessoal do
Ministério Público do 'Irabalho (art. 18, II, h, da Lei Complementar no 75/93), no
endcreço da Procuradoria Rc$onal d<> Trabalho da g"ltegião, sito na Rua J aime
Rcis, 331, Alto São Francisco, CEl'] 80.510.010, Curitiba-PR, de todos os atos e
clecisões havidas no processo a partir e/ou decorrentes da ptesente intervenção,
solicitando da mesma forma, e P()rque necessário, dela, intewenção, sejam
cientificadas as partes; o atendimento dcsta intervenção.

Curitiba, 04 de julho de 2003.

o GO LLI
Procurador d<r al

t!

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