1ª Prova diagnóstica – 2016 – 1ª Série
Ens.Médio SEDUCE-GO – PORTUGUÊS
ESCOLA: ________________________
Prof.:____________________________
Nome: ___________________________
D6 Questão 1 ––––––––––––––––––––––––––|
Leia o texto abaixo e, a seguir, responda.
Amor Romântico
Regina Navarro Lins
Qual é a propaganda mais difundida, mais
poderosa e mais eficaz do mundo? Coca-Cola?
Malboro? IBM? Nada disso. É a do amor
romântico. Ela existe há 800 anos, mas até o
século passado, apesar de arrebatar corações, não
podia se misturar a uma relação fixa e duradoura.
Casamento por amor, nem pensar! Impossível de
se realizar, inatingível e tormentoso, nele a
pessoa amada é sempre idealizada.
As histórias de Tristão e Isolda e de Romeu e
Julieta ilustram bem como o amor romântico é
regido pela impossibilidade. Quanto mais
obstáculos a transpor, mais apaixonado ele se
torna. Entretanto, em um determinado momento,
interesses econômicos introduziram esse tipo de
amor no casamento, transformando toda a sua
história.
Até a Revolução Industrial, no final do
século 18, as pessoas moravam mais no campo,
junto a vários outros membros da família, o que
fazia com que se sentissem afetivamente
amparadas. Os casamentos aconteciam por
razões econômicas e políticas. Por isso é que
duravam a vida toda. Não havendo romance nem
expectativa de satisfação sexual, não havia
decepções, e ninguém pensava em se separar.
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Mas as fábricas e os escritórios que surgiam
foram atraindo os homens para trabalhar nos
centros urbanos. Nasceu, então, a família nuclear
— mãe, pai, filhos —, agora sozinhos na cidade.
Para que o casal suportasse viver assim, longe
daqueles com quem tinha laços afetivos,
inaugurou-se o amor romântico no casamento.
Atualmente, existe uma campanha,
incorporada por todos os meios de comunicação,
que procura nos convencer de que só é possível
ser feliz vivendo um romance, que traz a ilusão do
amor verdadeiro. Tão grande quanto o desejo de
vivê-lo.
Por isso, poucos suportam ouvir que, apesar
de toda a magia prometida, ele não passa de uma
mentira. Sem contar que traz mais tristeza do que
alegria, além de muito sofrimento.
Desde que nascemos nos empurram o amor
romântico goela abaixo, como se fosse um pacote
econômico do governo. Não se discute, cumpre-
se. Uma criança de um ano, por exemplo, já toma
sua sopinha com a babá, assistindo à novela das
sete. Na hora de dormir, a mãe conta a história de
Branca de Neve ou Cinderela, e assim por diante.
Todas expectativas e ideias do amor romântico
são passados como uma única forma de amor, e
aprendemos a sonhar e a buscar um dia viver tal
encantamento.
Entretanto, são várias as mentiras que o
amor romântico impõe para manter a fantasia do
par amoroso idealizado, em que duas pessoas se
completam, nada mais lhes faltando. [...]
Como nenhuma delas corresponde à
realidade, em pouco tempo de relação vêm a
decepção e a frustração. No amor romântico
idealizamos a pessoa amada e projetamos nela
tudo que gostaríamos de ser ou como
gostaríamos que ela fosse. Não nos relacionamos
com a pessoa real, mas com a inventada. É claro
que, na intimidade da convivência do dia-a-dia,
para manter a idealização a consequência natural
é o desencanto. É por isso que se faz tanta música
de dor de amor. E, para completar, todo mundo
adora.
Disponível em:<http://www.casadobruxo
.com.br/poesia/r/reginan01.htm>.Acesso em: 09 dez. 2015.
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Ens.Médio SEDUCE-GO – PORTUGUÊS

Qual é o tema do texto? Leia o texto abaixo e, a seguir, responda as

(A) O sofrimento causado pelo amor romântico. questões 3 e 4.
(B) O sonho das pessoas com o amor romântico.
A estiagem castiga as lavouras
(C) A felicidade proporcionada pelo amor
romântico. A seca em pleno período de chuvas já causou
(D) A propaganda divulgada sobre o amor prejuízos no campo. A cultura mais castigada, entre
romântico. os produtos exportados pelo país, foi o café, com
(E) O desejo das pessoas em viver o amor perdas entre 15% e 20%. Segundo o Centro de
romântico. Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
o preço subiu 20% no atacado desde o início do ano.
Nas plantações de cana-de-açúcar, estima-se uma
D19 Questão 2 ––––––––––––––––––––––––––| queda de 10% na safra a ser colhida em meados de
Leia o texto abaixo e, a seguir, responda. abril. No interior de São Paulo, a estiagem fez a
produtividade cair, em algumas áreas, de 12
Soneto do amor total toneladas para apenas 3 toneladas por hectare. Os
Vinícius de Moraes prejuízos poderão chegar às safras recordes de
milho e soja. Se a seca perdurar, 4 milhões de
Amo-te tanto, meu amor... não cante toneladas de soja poderão ser perdidos, uma queda
equivalente a 5% da produção total, principalmente
O humano coração com mais verdade...
no Paraná e em Goiás. A diminuição da oferta de
Amo-te como amigo e como amante
soja e milho influencia o preço das rações de aves e
Numa sempre diversa realidade.
suínos. Assim, além de deixar mais caros os
alimentos in natura, como as hortaliças, a seca
Amo-te afim, de um calmo amor prestante poderá elevar o preço do frango e da carne de
E te amo além, presente na saudade. porco. O valor da alface, no atacado, subiu mais de
Amo-te, enfim, com grande liberdade 300% em 2014 e o tomate aumentou 140%.
Dentro da eternidade e a cada instante. Segundo Ricardo de Camargo, professor do
departamento de ciências atmosféricas da USP, a
Amo-te como um bicho, simplesmente frente fria que chegou ao Sudeste no fim da semana
De um amor sem mistério e sem virtude deve aliviar parcialmente a situação dos produtores,
Com um desejo maciço e permanente. mas ainda é insuficiente para recuperar totalmente
as plantações. “É preciso um volume maior de
E de te amar assim, muito e amiúde precipitações, para que a água se infiltre na terra e
É que um dia em teu corpo de repente chegue às raízes”, explica Camargo. [...]
ALVARENGA, Bianca. A estiagem castiga as lavouras. Revista Veja. São
Hei de morrer de amar mais do que pude. Paulo: Editora Abril, 2015.
Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/soneto_do_amor_total/>.
Acesso em: 08 dez. 2015.
D9 Questão 3 ––––––––––––––––––––––––––|
Em todo o poema há a repetição da expressão Em qual trecho se encontra a principal
“amo-te”. Esse recurso é utilizado para informação do texto?
(A) fazer uma homenagem ao amor sem (A) “[...] a seca poderá elevar o preço do frango
mistério. e da carne de porco.”
(B) relembrar o amor presente na saudade do eu (B) “Os prejuízos poderão chegar às safras
lírico. recordes de milho e soja.”
(C) demonstrar o desejo que o eu-lírico tem de (C) “O valor da alface, no atacado, subiu mais de
viver um amor. 300% em 2014 [...]”.
(D) manifestar a dor que o eu-lírico sente por (D) “No interior de São Paulo, a estiagem fez a
não ter vivido o amor. produtividade cair, [...]”.
(E) intensificar a declaração de amor total que o
(E) “A seca em pleno período de chuvas já
eu lírico faz a sua amada.
causou prejuízos no campo.”
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D12 Questão 4 ––––––––––––––––––––––––––|
Qual o objetivo deste texto?
(A) Comentar um assunto.
(B) Instruir sobre um assunto.
(C) Expor um posicionamento.
(D) Criticar um acontecimento.
(E) Apresentar uma informação.
Leia o texto abaixo e, a seguir, responda as
questões 5, 6 e 7.
O vendedor de palavras
Fábio Reynol
Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma falta
grave de palavras. Em um programa de TV, viu uma
escritora lamentando que não se liam livros nesta
terra, por isso as palavras estavam em falta na
praça. O mal tinha até nome de batismo, como
qualquer doença grande, “indigência lexical”.
Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em
ter uma ideia fantástica. Pegou dicionário, mesa e
cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os
camelôs.
Entre uma banca de relógios outra de lingerie
instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina
na qual se lia: “Histriônico – apenas R$ 0,50!”.
Demorou quase quatro horas para que o
primeiro de mais de cinquenta curiosos parasse e
perguntasse:
— O que o senhor está vendendo?
— Palavras, meu senhor. A promoção do dia é
histriônico a cinquenta centavos, como diz a placa.
— O senhor não pode vender palavras. Elas
não são suas. Palavras são de todos.
— O senhor sabe o significado de histriônico?
— Não.
— Então o senhor não a tem. Não vendo algo
que as pessoas já têm ou coisas de que elas não
precisem.
— Mas eu posso pegar essa palavra de graça
no dicionário.
— O senhor tem dicionário em casa?
— Não. Mas eu poderia muito bem ir à
biblioteca pública consultar um.
— O senhor estava indo à biblioteca?
— Não. Na verdade eu estou a caminho do
supermercado.
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— Então veio ao lugar certo. O senhor está
para comprar o feijão e a alface pode muito bem
levar para casa uma palavra por apenas cinquenta
centavos de real!
— Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar
para depois esquecê-la?
— Se o senhor não comer a alface ela acaba
apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o
feijão caruncha.
— O que pretende com isso? Vai ficar rico
vendendo palavras?
— O senhor conhece Nélida Pinõn?
— Não.
— É uma escritora. Esta manhã, ela disse na
televisão que o país sofre com a falta de palavras,
pois os livros são muito pouco lidos por aqui.
— Por que o senhor não vende livros?
— Justamente por isso. As pessoas não
compram as palavras no atacado, portanto eu as
vendo no varejo.
— E o que as pessoas vão fazer com as
palavras? Palavras são palavras, não enchem
barriga.
— A escritora também disse que cada palavra
corresponde a um pensamento. Se temos poucas
palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma
palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano,
serão duzentos novos pensamentos cem por cento
brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu
produto. São como trombadinhas que saem
correndo com os relógios do meu colega aqui do
lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira
dobrando a esquina. Com aquela carinha de dona
de casa, ela nunca me enganou. Passou por aqui
sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho
maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem
parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela
tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai
abri-lo e me roubar a carga. Suponho que, para cada
pessoa que se dispõe a comprar uma palavra, pelo
menos cinco a roubarão. Então eu provocarei mil
pensamentos novos em um ano de trabalho.
— O senhor não acha muita pretensão? Pegar
um...
— Jactânia.
— Pegar um livro velho...
— Alfarrábio.
— O senhor me interrompe!
— Profaço.
— Está me enrolando, não é?
— Tergiversando.
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— Quanta lenga- lenga... D20 Questão 8 –––––––––––––––––––––––––|

[...] Leia o texto abaixo e, a seguir, responda.
— Eu sou mesmo um banana para dar trela Texto I
para gente como você! Pessoas e urubus disputam restos
— Pusilânime.
— O senhor é engraçadinho, não é? Em Belfort Roxo, onde deveria existir a
[...] rodovia estadual RJ-040, urubus e gente disputam
— Pelas minhas contas, são oito palavras os detritos espalhados por um trator, sobre as
novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só margens de um riacho e de um mangue à beira da
histriônico estava na promoção, mas como o senhor estrada. O mau cheiro é uma constante e a
se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo miséria é compreendida no pedido de Sebastião
preço. Mangueira, o Tião, que sobrevive dos restos
— Mas oito palavras seriam quatro reais, produzidos, aos borbotões, pela sociedade de
certo? consumo. ''Queria provar um pedaço de
— É que quem leva ambages ganha uma panetone. Nesta época do ano vejo um monte
evasiva, entende? dessas caixas, mas nenhuma delas traz um
— Tem troco para cinco?
Disponível em: <http://www.releituras.com/ne_freynol_vendedor.asp>.
pedacinho que seja. Deve ser muito bom'', sonha
Acesso em: 08 dez. 2015. o trabalhador, de 63 anos [...]
Disponível em: <http://www.anbio.org.br/site/index.php?
option=com_content&view=article&id=388:melhor-opcao-e-o-aterro-
D1 Questão 5 ––––––––––––––––––––––––––| sanitario&catid=66:biodiversidade&Itemid=61>. Acesso em: 08 dez. 2015.
O narrador refere-se a um “mal” de que sofreria
o Brasil. Que mal é esse? Texto II
(A) A venda de livros. O Bicho
(B) A falta de palavras. Manuel Bandeira
(C) A banca de lingerie.
(D) O preço das palavras. Vi ontem um bicho Na imundície do pátio
(E) O comércio de relógios. Catando comida entre os detritos. Quando achava
alguma coisa, Não examinava nem cheirava:
D11 Questão 6 ––––––––––––––––––––––––––| Engolia com voracidade. O bicho não era um cão,
A primeira pessoa atraída para a “banca de Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu
palavras” fica indignada com o que estava sendo Deus, era um homem.
Disponível em:<http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm>.
vendido porque Acesso em: 08 dez. 2015.
(A) os livros são poucos lidos.
(B) as palavras pertencem a todos. Esses dois textos tratam do (s)
(A) restos de alimentos que causam mau cheiro.
(C) os comerciantes são engraçados.
(D) os preços dos dicionários estão altos. (B) consumismo exagerado pela sociedade atual.
(E) as promoções das palavras terminaram. (C) descaso com o ser humano e a poluição dos
rios
(D) sofrimento humano causado pela fome e a
D18 Questão 7 ––––––––––––––––––––––––––| miséria.
No trecho “Comerciante de tino que era, não (E) animais que se alimentam de restos dos
perdeu tempo em ter uma ideia fantástica”, a alimentos.
palavra destacada sugere que o narrador quis
(A) valorizar o talento do vendedor.
(B) descrever o trabalho do vendedor.
(C) menosprezar a atitude do vendedor.
(D) criticar o comportamento do vendedor.
(E) demonstrar o constrangimento do vendedor.

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Ens.Médio SEDUCE-GO – PORTUGUÊS

Leia o texto abaixo e, a seguir, responda as D2 Questão 9 ––––––––––––––––––––––––––|

questões 9 e 10. Nas duas últimas estrofes a palavra “Ele” se
refere a
O RETRATO DO SERTÃO
Patativa do Assaré (A) voto.
(B) nome.
Se o poeta marinheiro
(C) pobre.
Canta as belezas do mar,
Como poeta roceiro (D) sertão.
Quero o meu sertão cantar (E) purgatório.
Com respeito e com carinho.
Meu abrigo, meu cantinho,
Onde viveram meus pais. D13 Questão 10 –––––––––––––––––––––––––|
O mais puro amor dedico Nos versos: “Meu sertão das vaquejadas,”/ “Das
Ao meu sertão caro e rico festas de apartação,”/ “Das alegres luaradas”,/ “
De belezas naturais. Das debulhas de feijão...” as palavras destacadas
constituem exemplos de linguagem
Meu sertão das vaquejadas, (A) formal.
Das festas de apartação, (B) técnica.
Das alegres luaradas, (C) informal.
Das debulhas de feijão, (D) científica.
Das Danças de São Gonçalo,
(E) jornalística.
Das corridas de cavalo
Das caçadas de tatu,
Onde o caboclo desperta
Conhecendo a hora certa
Pelo canto do nambu.
[...]
Meu sertão da sariema,
Sertão queimado do sol,
que não conhece cinema,
Teatro, nem futebol,
Sertão de doença e fome
Onde o pobre asssina o nome
Com uma pena na mão,
Para, enganado e inocente
Dar um voto inconsciente
Quando é tempo de eleição.

Este sertão que persiste

Soltando os mesmos gemidos
É qual purgatório triste
Das almas dos desvalidos.
Ele não tem providência
De remédio ou de assistência
Pra sua gente roceira,
Dentro do mais pobre quarto
A mulher morre de parto
Nos braços da cachimbeira.
Disponível em: <http://opovonalutafazhistoria.blogspot.com.br/2011/06/o-
retrato-do-sertao-patativa-do-assare.html.>. Acesso em: 08 dez. 2015.