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ELETRODINÂMICA

“Geradores Elétricos”

Professor Isaac Vieira


Definição:
Gerador é um aparelho no qual a energia
química, mecânica, solar ou de outra natureza
qualquer é transformada em energia elétrica.
De forma geral, denominamos gerador elétrico
todo dispositivo capaz de transformar energia
não elétrica em energia elétrica.
Conforme o tipo de energia não elétrica a ser
transformada em elétrica, podemos classificar
os geradores em:
– mecânicos (usinas hidrelétricas)

– térmicos (usinas térmicas)

– nucleares (usinas nucleares)

– químicos (pilhas e baterias)

– foto-voltaicos (bateria solar)

– eólicos (energia dos ventos)


Dica!
As pilhas e baterias, por exemplo, convertem
energia química em energia elétrica para
“alimentar” os circuitos de brinquedos,
calculadoras, celulares, etc.
Lembrando que o potencial elétrico é definido
como quantidade de energia por carga, conclui-se
que, como o gerador fornece energia para as
cargas que o travessam, ele promove um
aumento no potencial (ddp positiva),
denominado força eletromotriz.
Força eletromotriz(f.e.m.) de um gerador (ε)
Define-se como força eletromotriz de um gerador (f.e.m.) a
relação entre a energia elétrica total (E ou E) fornecida
pelo gerador e a carga elétrica (Q) que foi transferida do
polo negativo para o polo positivo. Matematicamente,
temos:
ε = E / Q
Dica! Considerando-se o intervalo de tempo t do
deslocamento das cargas, temos:
f.e.m. = ε = PT / i (PT = potência total; i = corrente)
Lembre-se que: P = E / t  E = PT. t e
i = Q / t  Q = i. t
A unidade de f.e.m.(ε), no SI, é Volt (v) = J/C = W/A.
Observação
Note que a unidade da força eletromotriz é o
joule/coulomb, que recebe o nome de volt. Assim,
a fem é uma diferença de potencial e não uma
força, como o seu nome pode, a princípio, sugerir.
Quando dizemos que uma pilha tem fem de 1,5 V,
estamos falando que ela fornece 1,5 J de energia
elétrica para cada 1,0 C de carga que a atravessa.
A força eletromotriz é a diferença de potencial
total criada pelo gerador em um circuito.
Equação Característica do Gerador
Resistência interna de um gerador real (r)
As cargas elétricas que atravessam o gerador recebem uma
certa quantidade de energia elétrica. Este fato pode ser
comprovado pois o gerador realiza sobre estas cargas um
trabalho. Acontece que, durante essa travessia, as cargas
“chocam-se” com partículas existentes no gerador,
perdendo parte dessa energia sob a forma de calor, por
efeito Joule, como num resistor. Isto nos sugere que os
geradores possuam, internamente, alguma resistência
elétrica. A esta resistência damos o nome de Resistência
Interna (r).
Portanto, nem toda a energia elétrica que o gerador fornece
é entregue ao circuito externo, pois uma parte é consumida
no circuito interno, sendo dissipada sob forma de calor.
Dica!
Em situações do dia a dia, podemos perceber que, após algum
tempo de uso, as pilhas e baterias se aquecem, o que pode ser
explicado pelo fato de que os geradores reais possuem uma
resistência interna . Conforme a corrente elétrica i que os
atravessa, o material que os constitui oferece resistência r ao
deslocamento de cargas e, como consequência, há uma queda
de potencial, determinada pela Primeira Lei de Ohm
(Ur = i . r – elétrons se deslocam do polo positivo para o
negativo – sentido convencional).
Representação de um gerador real

Nos circuitos em que a resistência interna do gerador(r)


é levada em conta, sua representação é:
Outra representação de um gerador
Um gerador pode ser representado em um circuito da
seguinte forma:

Onde a barra maior é o seu pólo positivo e a menor, o


pólo negativo. O resistor desenhado ao lado das
barras representa a sua resistência interna. Note que
estão representados no esquema a força eletromotriz
e a diferença de potencial (V ou U) efetivamente
liberada para o circuito externo. Esta ddp(V ou U) é
menor do que a força eletromotriz pois as cargas
gastam energia dentro do gerador.
Em função da resistência interna, um gerador real não
disponibiliza ao circuito toda a ddp que poderia. A
tensão real fornecida pelo gerador (U) ao circuito é
igual à diferença entre a sua força eletromotriz (ε) e a
ddp reduzida por sua resistência interna (Ur). Assim, a
tensão útil aplicada por um gerador entre seus
terminais (A e B) é determinada por:
UAB = ε – Ur  U = ε – i . r (Equação
característica do gerador real).
Conclusão : A tensão fornecida por um gerador real é igual à força
eletromotriz aplicada menos a queda de potencial na resistência
Interna.
Dica!
Um bipolo qualquer que estivesse ligado aos terminais
A e B do gerador (pólos negativo e positivo,
respectivamente) estaria submetido à ddp U e
percorrido pela corrente elétrica i.
A potência elétrica (útil) que estaria utilizando
seria:
Na resistência interna do gerador, a potência
dissipada seria: PD = r · i 2
Como PT = PU + PD, então ε · i = U · i + r · i2
Logo U = ε – i . r (Equação característica do gerador)
Obs: Quando não há movimento de cargas pelo
gerador, isto é, i = 0, temos U = ε (circuito aberto).
EXERCITANDO...
Ex) A força eletromotriz de um gerador é igual a 50 V e a
sua resistência interna é de 2 Ω. Quando a diferença
de potencial na saída do gerador é igual a 35 V, a inten-
sidade de corrente elétrica que passa pela resistência
interna é igual a:

Resp. i = 7,5 A
Curva característica de um gerador real- Gráfico

Utilizando a equação do gerador podemos esboçar a


sua curva característica. A equação de um gerador
real pode ser analisada como uma função afim em que
a tensão U disponível depende da corrente que passa
por ele.
Da equação do gerador: U(i) = ε – r · i, temos o
gráfico U = f (i) :
A curva característica de um gerador
real permite determinar várias
informações, como: força eletromotriz,
corrente de curto-circuito, potência útil
fornecida, etc.

Desse modo:
- a força eletromotriz ε representa o coeficiente linear da
reta, isto é, a posição na qual a reta intercepta a ordenada;
- o termo –r, na equação, indica o coeficiente angular,
associado à inclinação da reta.
De acordo com o diagrama, quando o circuito está aberto,
não há passagem de corrente elétrica (i = 0) e,
consequentemente, a queda de potencial na resistência
interna é nula. Nesse caso, a tensão disponível é igual à
força eletromotriz (U = ε).
Gerador em curto-circuito

Quando o gerador está em curto-circuito , todo o potencial fornecido por


ele, enquanto força eletromotriz, é reduzido em sua própria resistência
interna. Nesses casos, a queda de potencial no circuito é zero (U = 0),
logo, por meio da equação dos geradores, pode-se determinar a corrente
de curto-circuito.
Dica! O ponto A do gráfico representa a situação de
circuito aberto para o gerador. Nesse caso:

i = 0  U = ε – r · (0) U = ε
(circuito aberto)
O ponto B representa a situação em que o gerador
foi colocado em curto-circuito (liga-se um fio de
resistência elétrica desprezível aos seus terminais).
Nesse caso:
U=00= ε – r.iCC  ε = r. iCC
(iCC é denominada corrente de curto-circuito).
Como , então e o gerador
queimará.
Potência de geradores elétricos
A potência elétrica associada à corrente que passa por um
dispositivo (que aumenta o potencial, como nos casos
dos geradores, ou reduz, como no caso dos resistores) é
determinada por Pot = i U. No caso de um gerador real, há
três potências envolvidas:
- a potência total (PT) por ele produzida e relacionada à força
eletromotriz;
- a potência dissipada (PD) devido à resistência interna;
- a potência útil (PU), que é parte efetivamente aproveitada
pelo circuito.
A potência útil é calculada pela diferença entre as duas
primeiras : PU = PT – PD (1).
Como nos dispositivos elétricos a grandeza potência pode ser
calculada por meio do produto da ddp pela intensidade de
corrente que os atravessa (P = i · U), é possível multiplicar por
i todos os elementos que fazem parte da equação do gerador
e obter suas respectivas potências. Assim, temos:

Comparando as equações 1 e 2, podemos perceber que:


PU = i . U
PT = i . ε
PD = r . i2
Rendimento de um gerador elétrico()
Devido à dissipação de energia na resistência interna, apenas parte da
potência e, consequentemente, da energia elétrica produzida pelo gerador
é efetivamente aproveitada pelo circuito. Assim, por meio de uma
grandeza física denominada rendimento ( ), pode-se calcular o
percentual da potência total que realmente é utilizado.
O rendimento elétrico ( ) de um gerador é dado pela relação entre a
Potência útil fornecida ao circuito externo e sua potência total gerada.

Como a potência útil é menor que a potência


total, o rendimento sempre será um número
compreendido entre zero e um (0   1). Em
outras palavras, de toda a energia elétrica que
o gerador produz, apenas uma parte (< 100%)
é efetivamente disponibilizada para o circuito.

Dica! O rendimento pode ser expresso em porcentagem.


Bizu! Gerador colocado em curto-circuito
(liga-se um fio de resistência elétrica desprezível
aos seus terminais).

Obs: Não se define rendimento para um gerador


em circuito aberto, pois não está havendo
transformação de energia.
No caso do gerador em curto-circuito:
Dica!
 Um gerador é chamado de ideal quando
sua resistência interna for nula. Neste
caso, a tensão (U) fornecida ao circuito
será a sua própria força eletromotriz e o
seu gráfico será uma reta paralela ao eixo
horizontal. Na prática, não existem
geradores dessa forma.
EXERCITANDO...
Ex1) O bipolo da figura desenvolve uma
potência elétrica de 45.10-3 KW, quando
fechamos a chave Ch do circuito. Sabendo
que nessa situação a ddp nos seus terminais
é 15 V, determine:

a) a corrente elétrica no gerador; i = 3 A


b) a potência dissipada em sua resistência interna;
PD = 4,5W
c) a força eletromotriz do gerador. ε =16,5 v
Ex2) O gráfico representa um gerador que,
quando ligado a um circuito, tem rendimento de
80%. Para essa situação, determine:
a) a f.e.m. do gerador. ε = 20v
b) sua resistência interna. r = 2 Ω
c) a ddp nos seus terminais. U = 16 v
d) a corrente elétrica que o atravessa. i = 2 A
Lei de Ohm-Pouillet
Considere um circuito simples constituído de um gerador e
de um resistor.

A tensão U entre os terminais do gerador vale: U = ε – r.i.


Mas esta tensão é fornecida ao circuito externo; logo, é a tensão
a que está submetido o resistor R (U = R.i).
Portanto, perceba que a ddp nos terminais do gerador será a
mesma nos terminais do resistor.
Assim, comparando as duas expressões de U, temos:
ε – r.i = R.i  ε = Ri + ri  ε = (R+r).i  i = ε / (R+r).
Obs: No caso do gerador ser considerado ideal(r = 0), temos:
i = ε / R.
EXERCITANDO...
Ex) Um resistor de 2 Ω é ligado aos terminais de uma
pilha de fem 1,5 V e resistência interna 0,5 Ω.
Determine:
a) a intensidade de corrente elétrica que se estabelece no
circuito; i = 0,6 A
b) a energia elétrica dissipada no resistor em 1 minuto.
∆ED = 43,2 J

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