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Aterramento e equipotencialização em

áreas classificadas – Parte 1


Por: Roberval Bulgarelli
 3, agosto, 2022
 Sem Comentários

Sinopse: este artigo trata da necessidade do devido aterramento ou


equipotencialização de equipamentos e instalações de instrumentação,
automação, telecomunicações, elétricas e mecânicas em áreas classificadas,
com o objetivo da proteção contra os efeitos de descargas atmosféricas e o
indevido acúmulo de cargas eletrostáticas em áreas classificadas, os quais
podem representar fontes de ignição de atmosferas explosivas formadas por
gases inflamáveis ou poeiras combustíveis que podem estar presentes nas
instalações.

Para um melhor entendimento sobre este assunto, de fundamental importância


para a segurança das instalações em áreas classificadas contra a indevida
existência de fontes de ignição, sob o ponto de vista de “definições”, o termo
“equipotencializar” significa deixar tudo no mesmo potencial. A
equipotencialização é a técnica utilizada para minimizar a diferença de
potencial entre dois objetos condutivos, de forma que fiquem no mesmo valor.
Os equipamentos e objetos equipotencializados, nestes casos, não são
necessariamente aterrados. Também sob o ponto de vista de definições, o
termo “aterramento” significa a técnica de equalizar a diferença de potencial
entre dois objetos condutivos e o terra. 

A combinação das técnicas de equipotencialização e de aterramento é utilizada


de forma a manter o potencial do sistema sob consideração no potencial zero
do sistema de terra, tanto em instalações em áreas classificadas como em
áreas não classificadas.

Podem ser citados como os principais objetivos dos circuitos de aterramento e


equipotencialização:

 Eliminar a possibilidade de choques elétricos para as pessoas;


 Proporcionar a devida operação de dispositivos de proteção contra sobrecorrente, de
forma que o tempo de duração das correntes de falta seja minimizado;
 Equalizar o potencial de tensão de partes metálicas não destinadas à condução de
corrente;
 Evitar o acúmulo de cargas eletrostáticas geradas pela movimentação de fluidos
sólidos, líquidos ou gasosos, nos equipamentos de processo.

De forma diferente do aterramento, em que os elementos condutores


obrigatoriamente precisam ter contato “direto” com o sistema de terra, a
equipotencialização não envolve a ligação “direta” com o sistema de terra. No
aterramento é feita uma ligação elétrica intencional e de baixa impedância com
o sistema de terra. Na equipotencialização de equipamentos, o principal
objetivo é fazer com que os elementos condutores, as massas e a terra
estejam o mais próximo possível de um mesmo potencial.

O conceito de aterramento envolve necessariamente algum tipo de contato


“direto” das massas e dos elementos condutores com o sistema de terra, com o
objetivo de fazer com que todos os componentes do sistema de aterramento
fiquem no potencial mais próximo possível do sistema de terra. Por exemplo,
quando é feito um aterramento em um transformador ou em um painel, o
objetivo é que as massas destes equipamentos fiquem “diretamente” no
potencial do sistema de terra.

O conceito de equipotencialização não envolve necessariamente uma ligação


“direta” com o sistema de terra. Na equipotencialização, o principal objetivo é
fazer com que todas as massas e elementos condutores de diferentes
equipamentos estejam no mesmo potencial entre si, independentemente do
valor deste potencial em relação à terra. 

Em uma aeronave, por exemplo, todas as massas e elementos condutores são


equipotencializados, ou seja, interligados entre si, mas estas massas e
elementos condutores não estão conectados ao sistema de terra. Mesmo não
existindo a aplicação do conceito do “aterramento” em uma aeronave, a
equipotencialização de todas as suas partes é fundamental para a sua
operação segura, de forma a evitar que houvesse diferenças de tensão entre
as diferentes partes de um avião, por exemplo, quando este é atingido por uma
descarga atmosférica.

As atividades de equipotencialização e de aterramento de aeronaves durante o


processo de reabastecimento evita o acúmulo de cargas eletrostáticas que são
geradas pela movimentação do querosene ou da gasolina de aviação, as quais
poderiam, em caso contrário, causar a ignição dos vapores combustíveis. 

A aplicação dos conceitos de aterramento e de equipotencialização é requerido


para assegurar, dentre outros requisitos de segurança, a proteção contra os
efeitos de descargas atmosféricas bem como contra o acúmulo indevido de
cargas eletrostáticas que poderiam gerar arcos ou centelhas capazes de
causar a ignição de atmosferas explosivas de gases inflamáveis ou poeiras
combustíveis. A equipotencialização é utilizada para a proteção contra a
geração ou o acúmulo de cargas eletrostáticas em peças metálicas que
estejam indevidamente isoladas, choques elétricos, sobretensões e
perturbações eletromagnéticas.

A ABNT IEC TS 60079-32-1 (Atmosferas explosivas – Parte 32-1: Riscos


eletrostáticos, orientações) apresenta uma série de “orientações” sobre a
segurança dos equipamentos e instalações em áreas classificadas contendo
gases inflamáveis ou poeiras combustíveis, contra o risco da presença de
fontes de ignição devido à geração ou ao acúmulo de cargas eletrostáticas, que
podem causar acidentes catastróficos em locais com a presença de atmosferas
explosivas.
A Figura apresentada a seguir mostra um exemplo de aterramento e de
equipotencialização para controle de eletricidade estática em atmosferas
explosivas, com base nos requisitos especificados na ABNT IEC TS 60079-32-

1.

Figura
1 – Exemplos de aplicação dos conceitos de aterramento e equipotencialização
de equipamentos em áreas classificadas contra o acúmulo de cargas
eletrostáticas.
Em áreas classificadas, a eliminação das fontes de ignição pode ser
considerada como um requisito fundamental, sendo que a implantação de um
sistema efetivo de aterramento e de equipotencialização representa um critério
básico de projeto. 

Além de evitar o acúmulo de eletricidade estática, o sistema de aterramento


contribui também para a devida atuação de dispositivos de proteção contra
faltas a terra, no caso da ocorrência de falhas do isolamento para a terra em
equipamentos e circuitos elétricos, os quais rapidamente desligam o circuito.
Caso contrário, poderia ocorrer a existência de pontos quentes com
temperatura excessiva (acima da classe de temperatura do local da instalação)
ou a geração de arcos elétricos devido à falha do isolamento.
Figura 2 – Exemplo de
barra de aterramento com a conexão direta com o sistema de terra.

Figura 3 – Exemplo de equipotencialização entre partes condutivas não


destinadas a condução de corrente elétrica.
É apresentado a seguir um exemplo de equipotencialização de tubulações
metálicas, de forma a assegurar que estejam no mesmo potencial, sem o risco
de apresentarem o risco de elevadas diferenças de tensão que pudessem
gerar descargas eletrostáticas capazes de atuar como fontes de ignição e
resultar na explosão de atmosferas explosivas que possam estar presentes em
áreas classificadas.

Figura 4 – Exemplo de equipotencialização entre partes condutivas de


tubulações metálicas.
É apresentado a seguir um exemplo de equipotencialização de flanges em
tubulações metálicas industriais, de forma a assegurar um mesmo potencial
eletrostático e um caminho para a condução de descargas atmosféricas em
instalações marítimas.

Figura 5 – Exemplo de equipotencialização de flanges de tubulações em


instalações marítimas, de forma a assegurar a continuidade elétrica contra
descargas atmosféricas e que as partes estejam no mesmo potencial
eletrostático.
Para instalações marítimas (offshore) em atmosferas explosivas, devem ser
também atendidos os requisitos sobre aterramento e equipotencialização
indicados na norma brasileira adotada ABNT NBR IEC 61892-7 (Unidades
marítimas fixas e móveis – Instalações elétricas – Parte 7: Áreas classificadas),
bem como devem ser observados complementarmente, os requisitos
apresentados por entidades classificadoras navais.

Este tema continua na próxima edição.

Autor:

Por Roberval Bulgarelli, engenheiro eletricista. Mestrado em Proteção de


Sistemas Elétricos de Potência pela POLI/USP. Consultor sobre equipamentos
e instalações em atmosferas explosivas. Representante do Brasil no TC-31 da
IEC e no IECEx. Coordenador do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas
explosivas) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB 003/COBEI).
Condecorado com o Prêmio Internacional de Reconhecimento IEC 1906
Award. Organizador do Livro “O ciclo total de vida das instalações em
atmosferas explosivas”.
Aterramento e equipotencialização em
áreas classificadas – Parte 2
Por: Roberval Bulgarelli
 18, outubro, 2022
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Proteção contra descargas atmosféricas em tanques de armazenamento
de gases e líquidos inflamáveis em áreas classificadas

Os requisitos contra os efeitos de descargas atmosféricas em equipamentos e


instalações em atmosferas explosivas estão especificados nas normas técnicas
brasileiras ABNT NBR IEC 60079-14 (Atmosferas explosivas – Parte 14:
Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas) e ABNT NBR 5419-
3 (Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 3: Danos físicos a
estruturas e perigos à vida).

De acordo com a ABNT NBR 5419-3, podem ser utilizadas chapas ou


tubulações metálicas para atuarem como captores de sistemas de proteção
contra descargas atmosféricas caso sua espessura seja maior que 4,0 mm,
nos casos de materiais metálicos fabricados em aço carbono ou aço inoxidável,
de forma que sejam prevenidas perfurações, pontos quentes ou ignição. A
continuidade elétrica entre as diversas partes do sistema de proteção contra os
efeitos de descargas atmosféricas deve ser feita de forma duradoura, como por
exemplo, por meio de solda, aparafusamento ou conectado com parafusos e
porcas.

Requisitos específicos para SPDA em áreas classificadas são apresentados no


Anexo D (Informação adicional para SPDA no caso de estruturas com risco de
explosão) da ABNT NBR 5419-3.

Equipamentos ou contêineres fechados, fabricados de aço, com áreas internas


definidas como Zona 0 e Zona 20, devem ter uma espessura de parede de, no
mínimo, 5,0 mm nos locais onde for possível o impacto direto de uma descarga
atmosférica. Se as paredes tiverem espessura inferior à 5,0 mm, um
subsistema de captação deve ser instalado.

Para um sistema de proteção contra os efeitos de descargas atmosféricas de


tanques de armazenamento contendo gases ou líquidos inflamáveis, deve ser
ressaltado que muitos tipos de estruturas utilizadas para armazenamento
destes produtos que geram a presença de áreas classificada são normalmente
considerados autoprotegidos, ou seja, contidos totalmente dentro de
recipientes metálicos, contínuos, com uma espessura de parede superior a 5
mm de aço ou 7 mm de alumínio, sem espaços que permitam centelhamento. 

Nestes casos de tanques autoprotegidos, não existe a necessidade de


proteção “adicional”, de acordo com os requisitos apresentados no Anexo D
(Informação adicional para SPDA no caso de estruturas com risco de explosão)
da ABNT NBR 5419-3 (Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 3:
Danos físicos a estruturas e perigos à vida). De forma similar, tanques de
armazenamento em áreas classificadas que estejam em contato direto com o
solo e linhas de encaminhamento de tubulação não necessitam da instalação
do subsistema de captação.

Tanques ou contêineres metálicos individuais instalados em áreas classificadas


devem ser ligados ao eletrodo de aterramento de acordo com os requisitos
apresentados na norma ABNT NBR 5419-3 sobre “Sistema externo de
proteção contra descargas atmosféricas” por meio de duas interligações, no
mínimo, dispostas equidistantemente no perímetro para dimensões horizontais,
diâmetro ou comprimento de até 20 m, ou duas interligações mais uma
interligação adicional a cada 10 m de perímetro, dispostas equidistantemente
para dimensões horizontais, diâmetro ou comprimento acima de 20 m.

Para tanques de armazenamento agrupados em áreas classificadas, por


exemplo, em refinarias e pátios de tanques de armazenamento de terminais de
combustíveis, o aterramento de cada tanque em um único ponto é suficiente,
independentemente da maior dimensão horizontal. Quando dispostos em
pátios, os tanques devem estar interconectados. 

Além das conexões descritas nas tabelas “Material, configuração e dimensões


mínimas de eletrodo de aterramento” e “Dimensões mínimas dos condutores
que interligam diferentes barramentos de equipotencialização ou que ligam
essas barras ao sistema de aterramento” da norma ABNT NBR 5419-3 – Anexo
D, as tubulações em áreas classificadas que estejam eletricamente
conectadas, de acordo com os requisitos de “componentes naturais”, também
podem ser consideradas como interligação contra efeitos e os riscos de ignição
de atmosferas explosivas proveniente de descargas atmosféricas.

No caso de tanques de armazenamento de produtos inflamáveis com teto


flutuante, este deve ser interligado à carcaça principal do tanque de forma
eficaz. O projeto dos selos e derivadores e suas relativas localizações
necessitam ser cuidadosamente considerados de forma que o risco de
qualquer eventual ignição da mistura explosiva por um centelhamento seja
reduzido ao menor nível possível. 

Quando uma escada móvel for instalada, condutores de equipotencialização,


flexíveis de 35 mm , devem ser conectados nas dobradiças da escada, entre a
2

escada e o topo do tanque e entre a escada e o teto flutuante. Quando uma


escada móvel não for montada no tanque de teto flutuante, um ou mais
condutores flexíveis de equipotencialização de 35 mm  devem ser conectados
2

entre a estrutura principal do tanque e o teto flutuante, dependendo das


dimensões do tanque de armazenamento de produtos inflamáveis.
As linhas de tubulações metálicas externas (ao tempo) aos processos
industriais em áreas classificadas devem estar conectadas ao eletrodo de
aterramento a cada 30 m, ou serem interligadas ao nível do solo a elementos já
aterrados, ou serem aterradas com eletrodo vertical. 

Para tubulações de longos comprimentos que transportam produtos inflamáveis


em áreas classificadas, como por exemplo em estações de bombeamento e
instalações similares, as tubulações principais devem ser interligadas por
condutores de seção transversal de pelo menos 50 mm , de forma a2

proporcionar uma devida equipotencialização contra os riscos e efeitos de


descargas atmosféricas em áreas classificadas.

Os riscos da eletricidade estática associados aos condutores “isolados”


em áreas classificadas

A eliminação das fontes de ignição com elevado potencial eletrostático em


atmosferas explosivas pode ser considerada um ponto de partida óbvio na
etapa de projeto das instalações industriais e dos equipamentos de processo.
Uma das principais áreas de preocupação é aquela que pode apresentar os
denominados “condutores isolados”. Estes condutores são objetos condutivos
que podem indevidamente permanecer eletricamente isolados de sistemas
aterrados, de forma acidental ou inadvertida.

A isolação elétrica de objetos metálicos representa o risco de evitar que cargas


eletrostáticas que tenham se acumulado no objeto possam se dissipar com
segurança para o sistema de aterramento, resultando desta forma na elevação
de seu potencial. No caso de estes condutores isolados eletrostaticamente
carregados se aproximarem de um outro objeto que esteja aterrado ou com
baixo potencial, pode haver o risco de ignição de uma atmosfera explosiva
devido à liberação de energia na forma de centelhas com energia capaz de
causar uma explosão.

São tradicionalmente reconhecidos que alguns tipos de conjuntos de


montagem (skids) interconectados no sistema de processo de uma planta,
como por exemplo os equipamentos de processamento de poeiras
combustíveis, os quais representam uma preocupação de fonte de ignição em
áreas classificadas, uma vez que pode haver partes metálicas ou
equipamentos que podem estar eletricamente isolados entre si de forma
acidental ou inadvertida. 

De forma similar, também são tradicionalmente reconhecidos como uma


preocupação que trechos isolados de tubulações para transporte de líquidos,
gases ou para transporte pneumático podem também representar condutores
isolados, resultando na geração e, subsequente, acúmulo de cargas
eletrostáticas capazes de causar centelhamentos em atmosferas explosivas. 
E
xemplo de caixas de terminais ou painéis locais de controle com tipos de
proteção combinados Ex “db eb mb”, instalados em áreas classificadas, com a
instalação de cabos de aterramento e de equipotencialização.
Nestes casos, se houver uma falha na continuidade de terra ou de
equipotencialização, as cargas eletrostáticas não serão capazes de ser
adequadamente dissipadas, permitindo a existência de uma alta tensão
potencial, a qual será descarregada em uma primeira oportunidade. Desta
forma, a geração e o acúmulo de cargas em equipamentos de processo ou de
transporte de poeiras combustíveis, gases inflamáveis ou transporte
pneumático representam um risco eletrostático em atmosferas explosivas a ser
mitigado.
Pode haver nas instalações “Ex” diversos casos de condutores que
permaneçam indevidamente ou inadvertidamente isolados, incluindo
acoplamentos metálicos, flanges, acessórios de tubulação, válvulas, vasos
transportáveis, containers portáteis, funis e até mesmo pessoas. Durante as
operações diárias em instalações industriais em áreas classificadas, como na
indústria do petróleo, petroquímica, farmacêutica, de alimentos e de
cosméticos, os condutores isolados são considerados como sendo uma fonte
possível de acidentes envolvendo ignição de atmosferas explosivas, devido ao
indevido acúmulo de eletricidade estática.

Autor:

Por Roberval Bulgarelli, engenheiro eletricista. Mestrado em Proteção de


Sistemas Elétricos de Potência pela POLI/USP. Consultor sobre equipamentos
e instalações em atmosferas explosivas. Representante do Brasil no TC-31 da
IEC e no IECEx. Coordenador do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas
explosivas) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB 003/COBEI).
Condecorado com o Prêmio Internacional de Reconhecimento IEC 1906
Award. Organizador do Livro “O ciclo total de vida das instalações em
atmosferas explosivas”.
Aterramento e equipotencialização em
áreas classificadas – Parte 3
Por: Roberval Bulgarelli
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Condutores para equipotencialização de potencial de equipamentos e
instalações em áreas classificadas

A norma ABNT NBR IEC 60079-14 apresenta requisitos específicos sobre


a equalização de potencial de equipamentos e instalações em áreas
classificadas, especificando, dentre outros requisitos, a seção nominal de
condutores de equipotencialização, ou seja, condutores que fazem com que as
partes metálicas não destinadas à condução de corrente estejam devidamente
equipotencializadas entre si e com o sistema de aterramento. 

A seção nominal mínima dos condutores de equipotencialização para a


conexão principal para uma barra de aterramento deve ser de 6 mm , e as 2

conexões suplementares devem possuir uma seção nominal mínima de 4 mm . 2

A especificação da seção nominal dos condutores de equipotencialização deve


levar em consideração a utilização de condutores com seções nominais
maiores, devido à necessidade de resistência mecânica contra impactos,
queda de objetos sobre os cabos e possibilidade de tráfego de pessoas ou de
equipamentos pesados.

Por conexão “principal” pode ser entendido, por exemplo, o cabo que interliga
diretamente (equipotencializa) uma malha de terra com uma barra de terra
“principal”. Por conexões “suplementares” pode ser entendido, por exemplo, um
cabo de equipotencialização que interliga uma barra terra “principal com uma
barra de terra “secundária”, instalada no interior de um painel de controle ou de
uma caixa de junção.
Muitas vezes este conceito é aplicado de forma “conservativa”, sob o ponto de
vista da frequente existência de uma conexão metálica dos equipamentos “Ex”
com tubulações que já estão solidamente equipotencializadas com o sistema
de terra. A possibilidade de não conexão por meio de cabos de
equipotencialização a equipamentos “Ex” que já estejam equipotencializados
por meio de conexão sólida com estruturas já equipotencializadas e aterradas é
indicada na Seção “equalização de potencial” da norma brasileira adotada
ABNT NBR IEC 60079-14. Nestes casos, a instalação eventualmente
“desnecessária” de longos cabos de equipotencialização implica em maior
custo de aquisição de material e de montagem, sem a respectiva elevação dos
níveis de segurança “Ex”, à luz dos requisitos de “equalização de potencial”
apresentados na ABNT NBR IEC 60079-14.
Figura 1 – Exemplo de botoeiras locais de controle com tipos de proteção
combinados Ex “db eb mb”, instaladas em áreas classificadas, com a
instalação de cabos de aterramento e de equipotencialização.
Sobre a necessidade da equalização de potencial, a norma adotada ABNT
NBR IEC 60079-14 indica que “prensa-cabos que incorporam dispositivos de
fixação que fixem a malha ou a armadura do cabo podem ser utilizados para
fornecer à ligação equipotencial”. Sobre este tema, a ABNT NBR IEC 60079-14
indica também que “Invólucros metálicos de equipamentos intrinsecamente
seguros ou de energia limitada não necessitam estar conectados a um sistema
de ligação equipotencial”. 

Como pode ser verificado, não são todos os equipamentos ou instrumentos


“Ex” que necessitam possuir condutores de equipotencialização. Por exemplo,
se um instrumento “Ex” estiver solidamente fixado a uma estrutura metálica,
como um suporte de fixação ou tubulação, que proporciona uma equalização
muito melhor que um condutor com seção de 4 mm , a qual que proporcione
2

uma efetiva ligação equipotencial com o sistema de terra, não existe, neste
caso, de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-14, a necessidade da instalação
de um condutor de equipotencialização específico. Este tipo de montagem
pode ser verificado em muitas instalações de campo para instrumentos “Ex”. 

Neste mesmo exemplo, caso a estrutura metálica de suportação do


equipamento “Ex” esteja fixada em material não condutor, com no concreto
(material não condutivo), existe a necessidade desta estrutura metálica ser
equipotencializada com o sistema de terra, por meio de um cabo com seção de
4 mm . Com esta “equipotencialização” da estrutura metálica, os equipamentos
2

“Ex” a serem nela fixados não necessitam possuir um condutor “específico” de


equipotencialização. Este tipo de ligação equipotencial está claramente
indicado na ABNT NBR IEC 60079-14: “Partes condutoras expostas não
necessitam estar individualmente conectadas ao sistema de ligação
equipotencial, se eles estiverem firmemente fixados e em contato metálico com
partes estruturais condutoras ou tubulações que são conectadas ao sistema de
ligação equipotencial.” 

Por este motivo, de acordo com os requisitos da ABNT NBR IEC 6009-14, os
instrumentos, as caixas de junção elétrica, as botoeiras, os instrumentos ou
equipamentos de telecomunicações somente necessitam possuir um condutor
“específico” para equipotencialização caso estejam fixados em uma
estrutura não condutora, a qual não proporcione uma efetiva ligação
equipotencial. Nestes casos “particulares”, deve haver um cabo com seção
nominal de 4 mm  que interliga uma barra de terra principal com uma barra de
2

terra secundária que esteja instalada no interior destes equipamentos que


estejam eventualmente “isolados” (não equipotencializados). Nos casos em
que não seja feita a equipotencialização da estrutura metálica engastada no
concreto, então, os equipamentos e os instrumentos “Ex” fixados nesta
estrutura “isolada” devem ser individualmente equipotencializados com cabos
com seção nominal de 4 mm . 
2

De acordo com os requisitos apresentados na Norma Regulamentadora NR 10


(Segurança em serviços e instalações elétricas), o projeto das instalações
elétricas, tanto em áreas classificadas como em áreas não classificadas, deve
definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não
da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra
das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.
Figura 2 – Exemplo de ligação equipotencial por meio de barra de
equipotencialização e centelhadores encapsulados com certificação “Ex”.
Valores de resistência de terra para fins de controle de eletricidade
estática em atmosferas explosivas

Em instalações elétricas em atmosferas explosivas é recomendado que as


partes metálicas dos equipamentos elétricos ou de processo possuam com um
bom contato à terra e apresentem uma resistência da ordem de 10 Ω. Embora
valores da ordem de até 1,0 MΩ sejam aceitáveis para as conexões metálicas
para fins da dissipação da eletricidade estática, os valores acima de 10 Ω
podem dar uma indicação inicial de surgimento de problemas (por exemplo,
corrosão ou uma conexão com mau contato), sendo recomendada uma
verificação de campo das instalações nestes casos. É importante que todas as
conexões de terra e de equipotencialidade sejam confiáveis, permanentes, não
sujeitas a deterioração e submetidas a rotinas de inspeção elétrica e mecânica.

As partes condutivas móveis requerem conexões especiais para o aterramento,


sendo recomendado que tenham uma resistência à terra não superior a
1,0 MΩ.

Em áreas de Zona 2 e Zona 22, onde o risco de geração de cargas


eletrostáticas pode ser suficientemente baixo, a ligação à terra dos
componentes metálicos, para controle exclusivo da eletricidade estática, pode
não ser necessária em todos os casos, desde que haja um adequado sistema
de equipotencialização. 
Por princípio e critério geral de projeto, materiais condutivos ou dissipativos
devem serem utilizados na fabricação dos equipamentos, de forma a evitar o
acúmulo de eletricidade estática. Sob o ponto de vista de permitir
a dissipação da eletricidade estática, o valor máximo para a resistência à terra
de todas as partes destes equipamentos é de 1,0 MΩ, embora valores de até
100,0 MΩ possam ser aceitáveis, de acordo com as especificações indicadas
na ABNT IEC TS 60079-32-1. 

Como pode ser verificado estes valores de resistência à terra ou


equipotencialização, sob o ponto de vista riscos eletrostáticos em áreas
classificadas, que são suficientes para evitar o acúmulo de eletricidade estática
capazes de gerar centelhamento, são muito mais elevados que os “tradicionais”
valores de 10 Ω (valor da resistência ôhmica da malha de terra) que muitas
vezes é indevidamente levado em consideração para a avaliação de acúmulo
ou dissipação de cargas eletrostáticas em equipamentos de processo e flanges
de tubulações áreas classificadas.

Procedimentos requeridos para a gestão do risco contra o acúmulo de


cargas eletrostáticas em áreas classificadas

São apresentados a seguir os principais procedimentos para evitar o risco de


ignição em áreas classificadas em função do indevido acúmulo de elevados
níveis de eletricidade estática:

 Verificar rotineiramente o aterramento de todas as partes condutivas dos equipamentos


e das instalações elétricas, mecânicas, de caldeiraria, tubulação e de processo;
 Realizar periodicamente medições do aterramento com instrumentos adequados para a
classificação de áreas do local da utilização. A resistência para a terra, sob o ponto de
vista da equipotencialidade para permitir a “dissipação” de cargas eletrostáticas não
deve exceder o valor de 1,0 MΩ;
 As medições de aterramento devem ser feitas com frequência adequada, sendo os
resultados devidamente documentado e registrado no prontuário das instalações, para
acompanhamento dos valores “históricos” medidos ao longo do tempo, por meio de
curvas de “tendências”;
 As conexões elétricas para aterramento e equipotencialização devem ser seguras
contra os riscos de um autoafrouxamento e devem minimizar o risco de corrosão
galvânica que possa reduzir a efetividade da conexão;
 As partes condutivas expostas não necessitam obrigatoriamente estar individualmente
conectadas por meio de cabos ao sistema de ligação equipotencial se elas estiverem
firmemente fixadas e em contato metálico com partes estruturais condutivas, como
estruturas metálicas ou tubulações de processo que estejam, por sua vez, conectadas
ao sistema de ligação equipotencial;
 O sistema de ligação equipotencial não deve incluir condutores de neutro (N) em
separado do condutor de proteção (PE). No caso de utilização de sistemas de
aterramento do tipo TN em áreas classificadas deve ser utilizado o sistema TN-C
(condutor de neutro COMUM ao condutor de proteção – PEN) e não TN-S, como
mostrado na Figura 3.
Figura 3 – Sistema de aterramento em áreas classificadas do tipo TN-C
(Condutor de neutro COMUM ao condutor de proteção – PEN).
Conclusões e considerações sobre a equipotencialização e o aterramento
em áreas classificadas

A prevenção de geração de fontes de ignição originadas pela eletricidade


estática ou pelos efeitos das descargas atmosféricas é de fundamental
importância nas instalações de instrumentação, automação, telecomunicações,
elétricas e mecânicas em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou
poeiras combustíveis.

Em alguns casos, a eletricidade estática representa uma parte integrante de


um processo, por exemplo, no revestimento por pintura eletrostática, o que
frequentemente, é um efeito colateral indesejado. 

Os elevados potenciais decorrentes do indevido acúmulo de cargas


eletrostáticos na indústria, devido à movimentação de material particulado,
gases inflamáveis ou poeiras combustíveis podem gerar uma elevada fonte de
potencial, as quais podem dar origem a centelhas elétricas capazes de causar
a ignição de uma atmosfera explosiva que possa estar presente no local da
instalação. A movimentação de fluidos em diversos tipos de indústria ocorre de
forma ininterrupta, de forma que a geração de eletricidade estática é também
contínua, requerendo a tomada das medidas preventivas necessárias.

Os riscos associados à eletricidade estática em processos e ambientes


industriais que mais comumente apresentam riscos incluem a manipulação de
sólidos, líquidos, poeiras, gases, sprays e inflamáveis ou combustíveis. Dentre
os principais objetivos da segurança em áreas classificadas contra o indevido
acúmulo de cargas eletrostáticas, estão o aterramento de partes condutoras, a
redução de carregamento eletrostático e a restrição de áreas de superfície de
materiais isolantes que possam ser carregadas eletrostaticamente. 

A execução de circuitos de aterramento ou de equipotencialização são


essenciais para evitar o acúmulo de cargas eletrostáticas bem como para evitar
que partes metálicas isoladas possam representar fontes de ignição.
Os requisitos de segurança e proteção contra o risco de ignição por cargas
eletrostáticas em áreas classificadas são apresentados na
ABNT IEC TS 60079-32-1, com orientações sobre equipamentos, produtos e
propriedades de processos necessárias para evitar os riscos de ignição e de
choques eletrostáticos que podem surgir da eletricidade estática. Naquela
Norma também são apresentados requisitos operacionais necessários para
assegurar a utilização segura dos equipamentos, produtos ou processos, de
forma a mitigar o acúmulo de cargas eletrostáticas.

Se as recomendações padronizadas apresentadas na ABNT NBR TS 60079-


32-1 forem efetivamente atendidas, pode ser considerado que o risco de
descargas eletrostáticas em atmosferas explosivas se mantenha em um nível
baixo aceitável.

Os riscos da eletrostática e dos efeitos das descargas atmosféricas em áreas


classificadas são abordados na norma técnica ABNT NBR 5419-3: Proteção
contra descargas atmosféricas – Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à
vida.

Referências bibliográficas

ABNT IEC TS 60079-32-1 – Atmosferas explosivas – Parte 32-1: Riscos


eletrostáticos, orientações

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?
Q=b21JYmFYV0Mrb0x1dkNYd29RY0F6SHBtM3pnaytvcit5cS9UMXZvVG1uW
T0=

ABNT NBR 5419-3 – Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 3: Danos


físicos a estruturas e perigos à vida

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?
Q=VXhtRlk4NzA4M0x2RlUrOWdORDhDclB6VEpKNFNRK1doTXpTeGJaaVdC
UT0=

Autor:

Por Roberval Bulgarelli, engenheiro eletricista. Mestrado em Proteção de


Sistemas Elétricos de Potência pela POLI/USP. Consultor sobre equipamentos
e instalações em atmosferas explosivas. Representante do Brasil no TC-31 da
IEC e no IECEx. Coordenador do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas
explosivas) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB 003/COBEI).
Condecorado com o Prêmio Internacional de Reconhecimento IEC 1906
Award. Organizador do Livro “O ciclo total de vida das instalações em
atmosferas explosivas”.

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