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PARALITERATURA
by Carlos Ceia | Dez 29, 2009 | P | 0 comments
Termo com que se designam todas as formas não canónicas de literatura (auto-ajuda,
folhetins romanescos, literatura cor-de-rosa, romance ultra-light, literatura de cordel, literatura
oral e tradicional, banda desenhada, literatura marginal, pornográ ca, policial e popular, etc.)
que em regra não são aceites por certos eruditos, certas instituições académicas ou certos
meios de comunicação. A vantagem da designação paraliteratura (em vez de infraliteratura)
reside no tom não depreciativo que o pre xo para- tem, uma vez que remete para tudo aquilo
que ca na margem de e não necessariamente tudo aquilo que não entra na categoria de um
clássico, por exemplo. Também não ca garantido que um género paraliterário não se torne
numa dada época um género maior de literatura. Os géneros principais (romance, textos de
poesia e textos de teatro) não foram géneros maiores em todas as épocas. O que permanace
hoje é a ideia de que todo o texto que se refugie numa categoria não convencional é porque
pertence a um género marginal de literatura a que convém então o nome de paraliteratura. O
problema é que muitas vezes esta classi cação resulta da aplicação arbitrária de um critério de
qualidade que não corresponde inteiramente ao rigor de uma classi cação cientí ca. Um
romance policial, por exemplo, pode ter grande qualidade, pode ser uma obra-prima e pode
rivalizar com qualquer outro tipo de romance no que respeita ao domínio das mais apuradas
técnicas literárias. Ora, daqui se infere que atribuir a todos os romances policiais a categoria de
paraliteratura pode ser uma atitude redutora e ideologicamente reprovável. Esta designação
corre os mesmos riscos de todas as sub-classi cações do texto literário que estão à mercê do
juízo de comunidades de leitores. Por outro lado, pode-se argumentar que o que faz a
literatura ser maior ou menor não é o juízo do leitor, porque a obra em si mesma transporta
uma literariedade que é incompatível com juízos de valor subjectivos. Qualquer adversário da
estética da recepção defenderá esta posição. Como a realidade nos mostra que muitas vezes a
literatura existe enquanto for entendida como produto de difusão, desprezar o papel do leitor
na decisão do que deve ser literatura e o que deve ser paraliteratura pode ser inconsequente.
O caso da cção cientí ca pode ser pertinente: o género xou-se de tal forma como espaço
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