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Curso: Filosofia

Disciplina: Metafísica Moderna


Professora: Manuele Porto Cruz

ATIVIDADE AVALIATIVA 1 – METAFÍSICA CARTESIANA

Orientações:
1. A atividade deve ser feita em grupo. Grupos de no máximo 3
estudantes.
2. Basta que um integrante do grupo envie a atividade (é importante
que preencham corretamente o nome dos integrantes do grupo no
arquivo do trabalho).
3. A atividade deve ser enviada, via Gennera, até o dia 7/10.

GRUPO:
Integrante 1: Antonino de Medeiros Gusmão
Integrante 2: Ir. Millene Furlan de Oliveira
Integrante 3: Luigi Marcel Pereira de Souza
ATIVIDADE

1º - Os alunos deverão assistir o filme “Cópias – De volta à vida”, disponível na


plataforma streaming Netflix.
2º - Em grupos de até 3 alunos, devem discutir e responder as seguintes perguntas:

1. No filme “Cópias – De volta à vida”, a vida humana parece ser reduzida à


sua condição biológica (dando ênfase ao funcionamento cerebral).
Logo no início do filme uma cena chama a atenção: as memórias de um ser
humano, que havia acabado de falecer, são transportadas para um corpo
robótico. Contudo, ao realizar tal “transferência”, esse novo indivíduo
parece rejeitar ou não reconhecer o novo corpo. Por que vocês acham que
isso aconteceu? Que explicação dariam para essa condição de rejeição?
Como que a metafísica cartesiana reforça essa questão ao distinguir
pensamento e extensão? (mínimo 1000 caracteres com espaço)

Descartes realiza a distinção real entre o corpo e mente, mesmo estando juntos,
em um mesmo indivíduo, ambos são propriedades distintas, cabendo tanto ao corpo
quanto à mente atributos e atividades também distintas.
Com isso, no filme retrata a tentativa de criar um algoritmo para passar os dados
de uma pessoa morta para um “androide”. Ao início da ficção, os questionamentos
levantados pela esposa de Foster, são bastante pertinentes ao se perguntar sobre a
“alma”. Surge assim o questionamento: corpo e alma são separáveis ou não? Porque a
consciência rejeitaria estar em uma máquina, se ela apenas é um upload da mente para
um computador?
Descartes trata da existência das coisas materiais, esclarecendo detalhadamente
acerca da distinção entre mente e corpo, que corresponde ao famoso dualismo
cartesiano. Portanto, ele diria diante da situação apresentada: Porque o pensamento não
é uma abstração, mas uma existência concreta. No processo da dúvida como se deu o
novo corpo do andróide, mostra que existe uma prioridade do conhecimento da alma
sobre o corpo.
A transferência da consciência humana para uma máquina foi rejeitada, pois ao
que parece, a mente não se reconhece em uma máquina. Para Descartes, o homem teria
um corpo, o que indica que algumas sensações estão intimamente ligadas ao que se
julga ser o corpo.

Contudo, ele próprio constata a substância pensante e a substância extensa,


embora separadas, na realidade se encontram unidas no homem, em uma interação
corpo-mente. Assim, como apresenta Franklin Leopoldo e Silva, “o corpo reage à mente
e a mente reage ao corpo”. Assim, ao separar esse composto, como proposto no filme,
aquela máquina provoca reações na alma, pois ela não se identifica. E isso conduz à
reação de incompreensibilidade.

Aristóteles afirma que alma e corpo não são entidades separadas, sendo o
homem uma unidade substancial. A alma seria a forma de um corpo orgânico,
porquanto, ao se perceber em uma máquina há uma rejeição por parte do princípio
formal.

É sabido que, a metafísica Cartesiana, apresenta essência do corpo como sendo a


extensão, pois é o que permanece no que é corpóreo quando há mudança, como no
exemplo apresentado por Descartes da cera derretida. Já a essência da mente viria a ser
o pensamento, pois é o que permanece, como a dedução do "cogito, ergo sum". Tanto o
pensamento, como o corpo são concebidos na mente do homem, mencionado por ele
como alma. Assim, a relação entre pensamento e extensão seria de certa forma “dupla”,
pois de um lado, ele faz a separação absoluta entre a substância pensante e a substância
extensa sendo necessária no caso da física. Porém, por outro lado, se tem uma
comunicação entre essas substâncias na constituição do homem, em que ele, a partir da
coisa extensa, é capaz de pensar na ideia de corpo.

2. Descartes propõe em suas obras uma condição de dualismo entre corpo e


mente. Ele acreditava que o corpo faz parte das coisas extensas (res
cogitans), ou seja, possui dimensões espaciais, podendo assim ser
quantificado e dividido em inúmeras partes para compreensão. Já a mente
comporia a coisa pensante (res cogitans), parte indivisível e garantia da
existência do indivíduo no mundo.
“Considera-se que a influência do paradigma cartesiano sobre o
pensamento médico foi um fator determinante na construção do modelo
biomédico, alicerce consensual da moderna medicina científica. Descartes
propõe, por meio de suas concepções, uma separação absoluta entre
fenômenos da natureza e fenômenos do espírito, e, por consequência, uma
separação radical entre mente e corpo” (DE MARCO, M. A face humana da
medicina: do modelo biomédico ao modelo biopsicossocial. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2003).
A partir do texto acima e do que vocês viram no filme, identifiquem duas
possíveis vantagens e duas desvantagens de se ter uma perspectiva dual a
respeito do corpo e mente, ou seja, de compreender corpo e mente como
elementos separados (mínimo 1000 caracteres com espaço)

A visão dualista de Descartes auxiliou o desenvolvimento da visão


biomédica que consiste em analisar ou observar o corpo humano sob a ótica da
físico-química e também associada à questão da fisiologia. Desse modo, o corpo
humano, realidade complexa, pode ser subdividido em aspectos menores, como
são os sistemas.
De um ponto de vista de eficiência, analisar o corpo humano a partir de
um ponto de vista “mecanicista” não apresenta um grande problema, até porque
favorece a pronta resolução do problema apresentado. Por exemplo, um caso de
um ser humano que tem diabetes devido a um problema nas suas células
beta-pancreáticas e por isso não consegue produzir a quantidade suficiente de
insulina. O tratamento que lhe é devido está diretamente direcionado para suprir
a falta que aquele conjunto de células presentes na ilhota de Langerhans, ou seja,
dá-se um suplemento de insulina para essa pessoa. Ora isso só é possível graças
à possibilidade de se pensar o corpo humano a partir de uma concepção
“mecanicista” ou fisiológica. Outra vantagem que é apresentada pelo filme é a
possibilidade de se estender a vida do ser humano aqui na terra a partir de
procedimentos como clonagem ou até mesmo “transferência” de consciência.
As desvantagens se dão quando se confronta a teoria com a realidade
concreta dos fatos. A separação, ainda que metodológica, da unidade holística
que é o ser humano é apenas paliativa. Por exemplo, o tratamento de uma pessoa
depressiva é realizado em duas etapas: suplementação artificial de hormônios
dopaminérgicos que estabilizam as oscilações hormonais causadas por um
quadro depressivo e quase que concomitantemente, aplica-se uma psicoterapia
que favorece a mudança de hábitos e percepção do sujeito acometido por tal
enfermidade. Optar apenas pelo tratamento medicamentoso neste caso não
resolveria o problema, apenas a mascararia. Outra desvantagem que se
apresenta, já no âmbito da moral, graças à incapacidade de se ter uma visão total
do ser humano, da sua unidade substancial que o caracteriza como ser único e
irrepetível. Assim, qualquer tipo de discurso objetificador do ser humano é
justificado. A prostituição, o mercado clandestino de orgãos, os casos de
extermínio, o aborto, a eugenia e outras monstruosidades morais são justificadas
pelo simples fato de não se ter uma visão una daquilo que de fato é o ser
humano.

3. No filme, após o neurocientista William Foster (Keanu Reeves) decidir


reviver seus familiares (fazendo uma espécie de clonagem), ele começa a
enfrentar alguns dilemas éticos e alguns problemas a partir de suas
escolhas.
Imaginem que fosse possível que os seres humanos pudessem criar clones de
si mesmos, que consequências morais/éticas vocês acham que
enfrentaríamos? (mínimo 1000 caracteres com espaço)

A possibilidade de se clonar um ser humano existe atualmente, mas usa-se o


argumento que não se deve fazer nada, quando não se pode prever o que vai acontecer,
aplicando assim o princípio da prudência, embora a prudência possa ser considerada
prima de uma virtude moral, às vezes é preciso desrespeitá-la e tomar uma decisão e
para tomá-la, é preciso ter claro a justificativa ética para essa ação (ou omissão).
Assim, sob um ponto de vista utilitarista biológico, se temos a possibilidade de
mudar a nossa biologia em prol de uma melhor qualidade de vida e de saúde e não o
fazemos, podemos ser declarados responsáveis, pelas gerações futuras, por não termos
tomado essa decisão fundamentalmente quando poderíamos tê-la tomado. Isso implica
que, do ponto de vista ético, somos responsáveis não só pelo mal que fazemos, mas
também, por omissão, pelo bem que poderíamos ter feito e não fizemos. Assim sendo,
pode-se afirmar que, do ponto de vista bioético, o ser humano não só tem o direito de
interferir nos processos naturais, como também tem essa necessidade vital que pode ser
eticamente defendida.
Contudo, tendo em conta o princípio de moralidade cristã no qual o respeito à
dignidade da pessoa humana compreendida em toda a sua integralidade é o ponto de
análise central da análise de toda e qualquer ação humana, a clonagem não é
considerada moralmente correta. A clonagem humana reduz a característica de
essencialidade única e irrepetível de cada pessoa. A perda dessa característica
fundamental da pessoa é uma agressão à humanidade de dimensões que beiram a
monstruosidade. Além da questão da individualidade, a clonagem diminui as relações
humanas a um critério de superficialidade na qual conhecer o outro deixa de ser um
compartilhar da própria vida e passa a ser apenas uma relação de trocas. Com isso, seria
possível observar um esvaziamento das relações familiares, das relações religiosas, um
esvaziamento do próprio sentido da vida, etc.
Concluímos que apesar da clonagem puder favorecer o ser humano quanto à
realidade corpórea, no sentido de poder auxiliar na cura de algumas enfermidades ou
coisas do tipo, não deve ser buscada, pois é a sua busca está fundamentada numa visão
reduzida daquilo que é o ser humano.

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