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Professor(a): PAULO HENRIQUE R. G.

GANDARA

Disciplina: EDUCAÇÃO FÍSICA

Ano/Série: ENSINO MÉDIO

4º Bimestre Tema: Corpo, literatura e mídia

Competência da Área 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e


culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus
conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir
produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e
criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas Habilidade:
(EM13LGG602) - Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar, de modo a aguçar
continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade

Unidade Temática: DANÇA

Objetos de Conhecimento: DANÇA CIRCULAR

No Brasil as danças circulares que correm pelas manifestações populares se destacam pelo
ambiente familiar que se desenvolvem. As coreografias, formações, musicalidade e
instrumentos utilizados são repassados de pai para filho com o objetivo de perpetuação da
prática cultural. Entre as mais estudadas de destacam:

    Ciranda. É um tipo de dança e música de Pernambuco, originária da região Nordeste e mais


predominante na região de Itamaracá. É praticada pelas mulheres de pescadores que cantam e
dançam esperando seus maridos regressarem do mar. Caracteriza-se pela formação de uma
grande roda conforme figura 4, geralmente nas praias ou praças, onde os integrantes dançam
ao som de ritmo lento e repetido. O ritmo, quaternário composto, lento, com o compasso bem
marcado pelos instrumentos conforme figura 5 – com um toque forte do zabumba (ou bumbo),
e acompanhado pelo tarol, o ganzá, o maracá, é coreografado pelo movimento dos cirandeiros.
São utilizados basicamente instrumentos de percussão.
Figura 4. Cirandeiros

Figura 5. Instrumentos Musicais: Zabumba, maracás, tarol e ganza

    Quadrilha. A quadrilha junina, matuta ou caipira é uma dança típica das festas juninas,
dançada, principalmente, na região Nordeste do Brasil. É originária de velhas danças populares
de áreas rurais da França (Normandia) e da Inglaterra. Os passos e a movimentação dos pares
da quadrilha são realizados em subgrupo, rodas e filas conforme figura 6. A música da
orquestra normalmente é composta conforme figura 7, por zabumba ou bumbo, sanfona e
triângulo. Os ritmos mais tocados são: forró, xote, coco, baião, xaxado e vaneirão.
Figura 6. Quadrilha

Figura 7. Instrumentos Musicais: Bumbo, Sanfona e Triângulo

    Samba de Roda. O samba de roda recebeu a influência portuguesa e no Brasil teve a
introdução da viola e do pandeiro. Acompanhado por atabaques, ganzá, reco-reco, viola e
violão conforme figuram 9, o solista entoa cantigas, seguido em coro pelo grupo a dançar.
Ligado ao culto de orixás e caboclos, à capoeira, o samba de roda é misto de música, dança,
poesia e festa que se revela em duas formas características: o samba chula e o samba corrido.

    A chula, uma forma de poesia, é declamada pelo solista, enquanto o grupo escuta atento e
se rendendo aos encantos da dança. Após o término do pronunciamento, quando um
participante por vez adentra o meio da roda ao som da batucada regida por palmas. Já no
corrido, o samba toma conta da roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral se
alternam no canto. Também conhecida como Umbigada – porque cada participante, ao sair da
roda, convida um novo para a dança dando-lhe um “encontrão de barriga” (Figura 8).
Figura 8. Umbigada

Figura 9. Instrumentos musicais: atabaque, violão, viola, reco-reco e pandeiro

    Pau-de-fita. Ou dança das fitas é uma dança folclórica coreografada originária da Europa.


A coreografia desenvolve-se como uma ciranda de participantes que orbitam ao redor de um
mastro central afixado no chão – dança de roda conforme figura 10. No topo do mastro são
presas as pontas de longas fitas coloridas, cuja extremidade pendente é sustentada por cada
dançante. Durante a dança e a movimentação dos dançarinos em translação e em zigue-zague
em torno do mastro central, as fitas vão sendo trançadas, encurtando a parte pendente até que
fique impossível prosseguir. Faz-se após o movimento contrário, destrançando as fitas. Há
variações na música e instrumentos por causa da regionalização. No Brasil tem grande
popularidade durante as festas de Reis, do Divino, do Natal, do Ano-bom. Também é
encontrada em vários pontos do país, recebendo nomes diversos: trancelim (Crato - Ceará)
e dança-do-trancelim (Cariri, Ceará), dança-das-fitas (São Paulo), dança-da-trança,
dança-do-mastro  ou trança-fita (Minas Gerais), vilão (Pernambuco e interior de Minas
Gerais).

    Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, é também conhecido como trançado,


engenho  ou moinho. Também chamada jardineira  e trança esta dança se disseminou nos
estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, dançada especialmente durante
festejos de origem açoriana, gaúcha, alemã e festas juninas. Em Santa Catarina é sempre
precedida pela jardineira; no Rio Grande do Sul é dançada juntamente com a jardineira e o
boizinho. No Rio Grande do Norte aparece no final do bumba-meu-boi, com o nome
de engenho-de-fitas. Na Amazônia é parte da dança-do-tipiti. A dança de pau-de-fita tem
como instrumentos principais a gaita gaúcha e as violas conforme ilustrado nas figuras 7 e 9.

Figura 10. Pau-de-Fita

    Carimbo. Seu nome, em língua tupi, refere-se ao tambor com o qual se marca o ritmo,
o curimbó (Figura 11). Costumam estarem presentes também os maracás. Surgida em torno
de Belém na zona do Salgado (Marapanim, Curuçá, Algodoal) e na Ilha de Marajó, passou de
uma dança tradicional para um ritmo moderno, influenciando a lambada  e o zouk.

    A dança é apresentada em pares. Começa com duas fileiras de homens e mulheres com a
frente voltada para o centro. Quando a música inicia os homens vão em direção às mulheres,
diante das quais batem palmas como uma espécie de convite para a dança. Imediatamente os
pares se formam, girando continuamente em torno de si mesmo, ao mesmo tempo formando
um grande círculo que gira em sentido contrário ao ponteiro do relógio. Nesta parte
observa-se a influência indígena, quando os dançarinos fazem alguns movimentos com o corpo
curvado para frente, sempre puxando com um pé na frente, marcando acentuadamente o ritmo
vibrante.
    A música que acompanha a dança carimbó é a preferida pelos pescadores marajoaras.
Nos anos 60 e 70, adicionaram-se ao carimbó instrumentos elétricos (como guitarras) e
influências do merengue e da cúmbia. A formação instrumental original do carimbó era
composta por dois curimbós: um alto e outro baixo, em referência aos timbres (agudo e grave)
dos instrumentos; uma flauta de madeira (geralmente de ébano ou acapú, aparentadas
ao pife do nordeste), maracás e uma viola cabocla de quatro cordas, posteriormente substituída
pelo banjo artesanal, feito com madeira, cordas de náilon e couro de veado. Hoje o
instrumental incorpora outros instrumentos de sopro, como flautas, clarinetes e saxofones
conforme ilustra figura 12.

Figura 11. Dança Carimbó

Figura 12. Instrumentos Musicais: clarinete, saxofone, guitarra, flauta de madeira, curimbó e viola cabocla

    Candomblé. As danças do candomblé oriundas da religião africana, muito encontrada na


região nordeste e sudeste do Brasil, são estruturadas em coreografias executadas no xirê,
termo este utilizado para denominar a sequência na qual os seus deuses são reverenciados ou
invocados durante os cultos a eles destinados. É também chamado de Roda dos Orixás.
Primeira entre todas é a forma do círculo, a antiga roda sagrada (Figura 13), que pode ser
encontrada em várias culturas; de fato, em todas as danças estáticas, os dançarinos rodam em
torno de um centro, ao tempo em que rodam também sobre si mesmos num duplo movimento
de rotação e translação.
A forma do círculo tem uma grande importância na África, Neumann (1981: 214), simbolizando
a Grande Mãe, que em si contém os elementos masculinos e femininos. Por isso as coreografias
referentes às divindades da Água: Oxum e Iemanjá possuem um movimento circular.

    É interessante observar que as danças estáticas rodam em sentido anti-horário, esta direção
é tomada em quase todas as danças sagradas do mundo, talvez porque abre a brecha entre
sagrado e profano, simbolizando a volta à origem. As danças começam em um grande e lento
círculo que vai diminuindo ao longo do ritual com voltas sobre si, durante as incorporações, a
simbolizar uma direção para o interno. Como o círculo, a espiral é um símbolo antiquíssimo. A
espiral aparece nas rotações que as filhas-de-santo fazem sobre si mesmas. Os instrumentos
mais utilizados na dança do candomblé são os atabaques, berimbau, xequerê e agogô (Figura
14).

Figura 13. Roda de Candomblé

 
Figura 14. Instrumentos musicais: berimbau, agogô e xequerê e os atabaques rum, rumpi e lê

    Dança da Capoeira. A Capoeira é uma luta disfarçada em dança, criada pelos escravos
trazidos da África nos navios negreiros para o Brasil. Dentro das Senzalas após a mistura das
culturas das diversas tribos africanas que aqui se encontraram foi documentada como o
resultando na primeira forma de defesa dos escravos contra as maldades que sofriam o qual
começaram a ocorrer as primeiras fugas dos negros e a fundação dos Quilombos.

    Na época da escravidão toda cultura negra era reprimida, principalmente se tivesse uma
conotação de luta, então para poder ser disfarçada a sua prática entre os negros, foi adicionado
os instrumentos musicais que deram uma imagem de dança a Capoeira (Figura 15), com
músicas que falam de Deuses africanos, Reis das tribos a qual vieram, fatos acontecidos
na roda de Capoeira, acontecimentos e sofrimentos do dia-a-dia dos escravos e etc...! Como
ninguém tinha interesse sobre a cultura negra, ninguém notava que aquela simples dança,
brincadeira e ritual era na verdade a luta marcial dos escravos, que se camuflava para poder
permanecer ativa. A orquestra dos grupos de capoeira é geralmente configurada com três
berimbaus sendo: um berimbau berra-boi ou gunga com uma cabaça maior e que reproduz o
som grave, do lado direito um berimbau gunga ou médio feito com uma cabaça média e de
som intermediário, do lado esquerdo um berimbau viola com uma cabaça menor que reproduz
um som agudo (Figura 16). Ao lado do gunga vão por ordem o atabaque, um pandeiro (Figura
9) e um agogô (Figura 14), já ao lado do viola vão: outro pandeiro e um reco-reco (Figura 9).
Figura 15. Dança da Capoeira

Figura 16. Berimbaus: Berra boi, Gunga e Viola

    Danças indígenas. As danças indígenas tem um grande significado para os seus
praticantes, são expressões culturais em forma de um ritual de agradecimento às divindades
espirituais indígenas pela farta colheita de suas plantações, pela fartura da caça e da pesca
(Figura 17), tal qual a dança tradicional Parichara de Roraima da comunidade indígena
Canauanin Kabixaku Kanau'wau. As danças indígenas também podem ser formas de expressões
sociais de paz, de guerra e me amadurecimento para o casamento tais quais as danças da tribo
dos Xavantes.
Figura 17. Dança Tradicional Parichara

     Da-ño're. Performance Xavante de dança e canto coletiva em círculo. Assim como ocorre


em outros cerimoniais, membros das principais classes de idade participam à prática do da-
nho’re. É composta de dois times que compõem cada metade ágama, que começam suas
respectivas performances em extremidades opostas do anel de casas dispostas em forma de
ferradura; a partir daí, seguem direções contrárias, parando para cantar e dançar nos pátios de
determinadas residências. Acústica e visual, a performance põe em destaque a oposição e a
rivalidade entre classes de idade de metades ágamas opostas, particularmente quando os dois
grupos cantam e dançam em frente de casas vizinhas próximas aos vértices do semicírculo de
casas (Figura 18).

    Como forma de comportamento expressivo, o da-nho’re é masculino por excelência, ainda
que as mulheres também o executem em certas ocasiões. Constitui a mais importante das
atividades públicas específicas em que os pré-iniciados moradores da casa dos solteiros,
conhecidos como wapté e os rapazes recém-iniciados chamados de ‘ritai’wa se envolvem
enquanto membros de classes de idade. Performances da-nho’re engendram laços emocionais
extraordinariamente fortes entre os que delas participam ilustrando de forma concreta a força
da dança circular entre os praticantes.
Figura 18. Dança Xavante Da-nho’re

    Os instrumentos musicais indígenas são confeccionados artesanalmente e podem ser


encontrados nos mais diversos tamanhos e formas são eles: apito, flauta, pau de chuva,
zunidor, chocalho, maraca, dentre outros (Figura 19).

Figura 19. Instrumentos musicais indígenas: apito, flauta e pau de chuva Guarani, maracá Xavante, zunidor Mehinaku e

chocalho Kayapó
    Dança Circular Sagrada. As Danças Circulares sempre estiveram presentes na história da
humanidade, nascimento, casamento, plantio, colheita, chegada das chuvas, primavera, morte
e refletiam a necessidade de comunhão, celebração e união entre as pessoas. De 1976 em
diante centenas de Danças foram incorporadas ao repertório inicial e o movimento passou a se
chamar "Danças Circulares Sagradas". E desde então este movimento se espalhou pelo mundo.

    A Dança Circular se chama e se torna Sagrada pelo fato de permitir que os participantes
entrem em contato com sua essência, com seu EU Superior, com a Centelha Divina que
existe dentro de cada um de nós. No momento deste contato, temos a união do corpo
(matéria) com o espírito (energia). A dança quando praticada em academia (Figura 20),
geralmente é realizada de mãos dadas e acredita-se que ao dar as mãos em círculo cria-se um
fluxo de energia que vai sustentar o campo que se forma com a presença das pessoas e com
todos os elementos da natureza presentes no ambiente.

Figura 20. Espaço de Dança Marta Brunelli – Rio Claro - SP

    As modalidades de danças circulares são descritas pelos estudiosos como:

    Danças dos Povos. É a dança dos povos do mundo inteiro, muitas com origem no folclore
de cada país, outras tradicionais de comemorações, colheitas retratadas em manifestações
populares e inicialmente em âmbito familiar (Figura 21).
Figura 21. Jongo da fazenda Machadinha – Quissamã - RJ

    Danças Meditativas. São dança que através do movimento repetido, pode-se entrar em


estado de meditação. Bernhard Wosien chamava de Meditação na Dança (Figura 22). Os ritmos
musicais mais usadas são de músicas clássicas, tradicionais e new age.

Figura 22. Dança Medieval

    Danças da Natureza e de Plantas Curativas. Com a evolução do movimento das Danças


Circulares, foram surgindo coreografias que reverenciam a natureza e outras que vibram a
energia das plantas curativas. Podemos citar Anastasia Geng (1922-2002) da Letônia, que
intuiu uma música e uma coreografia para cada um dos 38 florais de Bach, com base no
folclore daquela região.
Figura 23. Danças da Natureza e Curativas

    Danças Contemporâneas. São danças coreografadas por dançarinos da atualidade,


algumas para músicas tradicionais, outras para músicas contemporâneas, com base nos passos
e nos movimentos de cada tradição, tais como as danças alemãs, italianas, portuguesas
tradicionais coreografadas para shows e festas típicas, conforme figura 24.

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